Dissertpoli 967
Dissertpoli 967
Dissertpoli 967
Escola Politécnica
Rio de Janeiro
2013
UFRJ
Rio de Janeiro
2013
Jorge, Gustavo Jucá Ferreira.
f. : 124 il. : 58
__________________________________________________
Presidente, Prof. Giovani Manso Ávila, D.Sc., Politécnica/UFRJ
__________________________________________________
Prof. José Luis Menegotto D.Sc., Politécnica/UFRJ
__________________________________________________
Profª. Sandra Oda, D.Sc., Politécnica/UFRJ
__________________________________________________
Prof. Ricardo Esteves, D.Sc., FAU/UFRJ
Rio de Janeiro
2013
DEDICATÓRIA
v
AGRADECIMENTOS
A todos os amigos que aguentaram pacientemente a espera desse momento e que sempre estiveram
ao meu lado me apoiando e me pressionando para finalizar esta importante etapa da minha vida.
Destaco aqui aqueles que de maneira mais intensa, participaram de boa parte dessa jornada:
Os amigos de luta no Mestrado de Engenharia Urbana, Flavio Araújo, Leticia Moniz, Rosane
Soares e em especial Marcio Wixak, que dividiu as agruras do tema transportes, e que sempre me
manteve forte com suas palavras de apoio.
Aos meus familiares ansiosos e também apoiadores dessa luta, meu pai, Cid Ferreira Jorge, meu
irmão Guilherme Jucá Ferreira Jorge, e meus sogros Marta Lucia Guimarães Gomes e Antônio
Guimarães Gomes, que em muito contribuíram para a concretização deste sonho. Todos vocês
foram responsáveis por eu ter chegado até este momento pessoal e profissional.
Aos mais que professores amigos de uma vida, que contribuíram em diversas oportunidades para o
corpo desse trabalho: Paulo Aguiar, Helga Santos, Ricardo Esteves e ao orientador Giovani
Manso, que sempre contribui com sua prestimosa experiência sobre transportes.
vi
RESUMO
JORGE, Gustavo Jucá Ferreira; Análise do centro do bairro da taquara e sua transformação da
malha urbana através da implantação do BRT TransCarioca. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação
(Mestrado) – Programa de Engenharia Urbana, Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
Grandes obras são sempre impactantes ao dia a dia da cidade contemporânea. No caso do Rio de
Janeiro, que há muito sofre com a carência de intervenções urbanas em abrangência sistêmica, tem
em seu momento atual em função dos compromissos assumidos aos grandes eventos esportivos, a
oportunidade para atender a infraestrutura que se encontra mais defasada quando comparadas a
grandes cidades de países em desenvolvimento e também a que mais afeta o cotidiano de seus
habitantes – o transporte. Mobilidade e acessibilidade se confundem em semântica, mas suas ações
na sociedade, através do acesso pleno a toda rede de transporte e o deslocamento a todos os pontos
relevantes da cidade as tornam primordiais para implantação dos corredores viários. Em especial, o
corredor viário conhecido como TransCarioca surge como a primeira ligação norte-sul da cidade e
conecta dois importante extremos econômicos da região metropolitana, a Barra da Tijuca e o
Aeroporto Internacional Tom Jobim. Em seu trajeto, diversas áreas adensadas e com intensa
atividade econômica sofrerão transformações sem igual, destacando a área central do bairro da
Taquara, em Jacarepaguá. Esta área será o objeto de trabalho por suas sucessivas intervenções que
em maior quantidade proporcionaram mudanças de tráfego, e pela transformação em curso torna-se
relevante analisar a paisagem urbana da região que será drasticamente alterada. Pretende-se aqui
apresentar os impactos dessa transformação no bairro, incluindo o uso e ocupação do solo, e a
possível criação de novos polos estratégicos para a cidade, servindo como experiência para outros
centros de bairro afetados pela TransCarioca e até outros corredores ainda em estudo.
vii
ABSTRACT
JORGE, Gustavo Jucá Ferreira; Analysis of the center of Taquara neighborhood and
transformation of its urban environment due to the implementation of BRT TransCarioca. Rio
de Janeiro, 2013. Thesis (Masters) – Urban Engineering Program, Escola Politécnica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
Great urban interventions are always impacting to the daily life of the contemporary city. In case of
Rio de Janeiro, which has long suffered from a shortage of urban interventions in a systemic scale,
has in the current situation due to commitments assumed prior major sporting events an opportunity
to improve the most outdated infrastructure compared to cities in development countries and also one
that has a major influence to its inhabitants - transportation. Mobility and accessibility are confused
semantically but its action in society, through full access to the entire network of transportation and
people travelling to all relevant points of the city became the premise to the implementation of road
corridors. In particular, the corridor known as TransCarioca emerges as the first north-south
connection of the city and links two major economic extremes inside metropolitan boundaries, Barra
da Tijuca and Tom Jobim International Airport. In its path, several densely populated areas with
intense economic activity, will per pass huge transformations, in particular the central area of the
Taquara district, in the studied area. This area is going to be this paper’s object due to successive
interventions which in larger quantities faced traffic changes, and because of these transformations in
course became relevant to analyze the urban landscape of this region that will be dramatically altered
The intention is to present the impacts of the transformation of the center of Taquara district,
including the land use and occupation, and the possible creation of new strategic hubs for the city,
serving as an experience to other district centers affected by TransCarioca and even other road
corridor under study.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Cena do filme Metropolis (1927), com a Torre de Babel ao fundo, inspirada na pintura de
Pieter Brueghel (1563) ................. ................................................................................................. 14
Figura 3 –A TransCarioca tem a proposta de redução de até 60% no tempo de trajeto entre Barra da
Tijuca e Aeroporto Internacional Tom Jobim ....................................................................... 17
Figura 5 – Mapa destacando a área de Jacarepaguá, no período em que o Rio de Janeiro foi
conhecido como Municipio Neutro, em 1864, quando o Rio de Janeiro permaneceu como capital do
país, enquanto a província passou a ter a mesma organização político-administrativa das demais
......................................................................................................................................................... 24
Figura 6 – Ponte da Rua Apiacás, na Taquara em 1918, com viajantes utilizando carroça, transporte
da época. Hoje esta é uma das principais ruas do bairro, com fluxo intenso de veículos
........................................................................................................................................................ 25
Figura 7 – Bonde que ligava o Centro da Cidade à Cascadura, na década de 1960 ............... 26
Figura 9 – Avenida Central no Rio de Janeiro, aberta pelo plano de Pereira Passos no ano de 1910
......................................................................................................................................................... 29
Figura 10 – Esquema de Transporte proposto pelo Plano Agache (1930), destacando o que seria uma
estação de transporte na área de Jacarepaguá..................................................................... .......... 30
Figura 14 – Plano Piloto da Baixada de Jacarepaguá em 1969, com seu zoneamento e sistema viário
e nomenclatura atual........................................................................................................................35
Figura 15 – Exemplos de bairros da Zona Oeste e Zona Norte contemplados pelo RioCidade.. 39
ix
Figura 17 – Abrangência do centro comercial da Taquara e sua principais vias de acesso.... 44
Figura 22 – Regiões da cidade que abrigarão as modalidades esportivas durante aos Jogos Olímpicos
de 2016 .................................................................................................................................. 57
Figura 25 – Faixas seletivas exclusivas de ônibus e nova identidade visual das linhas definem o BRS
................................................................................................................................................ 63
Figura 27 – Distribuição dos Sistemas BRTs pelo mundo, por total de passageiros e extensão .. 67
Figura 28 – Estrutura básica do sistema BRT e tipificação das vias de Curitiba ........................ 68
Figura 31 – Cidades da América Latina com propostas, obras ou sistemas BRT já implantado.. 72
Figura 34 – Evolução dos sistemas de transportes, mostrando a integração de diversas ações no BRT
implantado....................................................................................................................................... 80
x
Figura 40 – Lote 3 > 7,5km: 10 Estações.......................................................................................87
Figura 43 – Trecho a ser analisado, entre as futuras estações Merck/Estrada dos Bandeirantes e o
Largo do Tanque/Avenida Nelson Cardoso.................................................................................... 90
Figura 45 – Vistas laterais das estações: a. dupla, linha expressa; b. simples linha parador ....... 92
Figura 49 – Paisagem imediata e o território percebido, estações Merck e André Rocha .......... 100
Figura 50 – Paisagem imediata e o território percebido, estação expressa Largo da Taquara .... 101
Figura 51 – Paisagem imediata e o território percebido, estações Merck e André Rocha .......... 101
Figura 52 – Paisagem imediata e o território percebido, estação expressa Largo do Tanque...... 102
Figura 53 – Ciclo do Sistema de Transporte e a valoração do uso e ocupação do solo ............... 103
Figura 54 – Desenvolvimento do comércio no entorno das vias Estd. dos Bandeirantes e Av. Nelson
Cardoso............................................................................................................................................104
Figura 55 – Modelo de círculos de Hoyt aplicado à Taquara antes de intervenções como RioCidade
......................................................................................................................................................... 108
Figura 56 – Modelo de Múltiplos Núcleos de Harris e Ullman, com a os subcentros do bairro. 109
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2 – Número de Licenças para construção de unidades residenciais, concedidas pela SMU em
2011 ............................................................................................................................................... 47
Tabela 3 – Obras no Rio de Janeiro com financiamento obtido através do PAC Mobilidade Urbana
........................................................................................................................................................ 54
Tabela 8 – Número de unidades lançadas por tipologia entre os bairros com maior expressão
imobiliária....................................................................................................................................... 106
xii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 14
xiii
1. INTRODUÇÃO
Não há síntese mais clara do desenho de uma cidade quanto à malha criada pela
insuficiente e caótico. Em uma imagem histórica de como seria a vida em um futuro possível,
o clássico Metropolis1 de Fritz Lang (Figura 1), apresenta a visão de uma cidade de
proporções expressivas, com grandes edificações cortadas por um sistema de transporte que
utiliza tecnologia semelhante a trilhos, criando uma malha urbana impactante. A interpretação
intuito de dinamizar espaços, reduzir distâncias físicas e sociais, além de imbuir ao sistema de
Figura 1 - Cena do filme Metropolis (1927), com a Torre de Babel ao fundo, inspirada na pintura de Pieter
Brueghel (1563).
1
Filme expressionista alemão de 1927, ambientado no (então) futuro de uma grande cidade governada por um
empresário autocrata que impunha a escravidão da sociedade através de máquinas. A cena clássica,
revolucionária à época, mostra a cidade densamente edificada valorizando o sistema de transporte por passarelas
com tipologias que se assemelham a trilhos e com veículos voadores.
14
O sistema de transporte possui um papel fundamental na integração de áreas de uma
lazer adiciona a esse binômio, mais um destino e transforma a malha viária da cidade em uma
verdadeira teia de trajetos, utilizando os mais diversos modais existentes, e até propiciando
A malha urbana sofre com esse dinamismo constante através do efeito de expansão e
priorizam a análise das condições existentes, usando como foco apenas a definição de
urbana que tanto se almeja e há muito se faz necessária, em especial pela implantação de
novos modais (Figura 2). A cidade como até então conhecíamos se transforma em tempo real
e agora de maneira intensa, tem sua paisagem visual vivenciada pela percepção da alteração
drástica percebida e sentida pelo cidadão, suas edificações e sua natureza, tendo a malha de
econômico e social que o país vive, propicia a implantação de sistemas inéditos de transporte
de massa, e servirão para criar uma nova cidade, que valoriza a mobilidade e integração entre
áreas que são estratégicas para o pensamento metropolitano. Como uma importante ação
pública destaca-se a criação de novos pólos integradores em várias áreas da cidade e que
escala metropolitana, com os novos eixos viários servindo de condição fundamental para o
15
Figura 2 - Distribuição de viagens de ônibus nas macrozonas do Município do Rio de Janeiro
Por ser um bairro de grande concentração comercial, e possuir uma posição estratégia
entre as Zonas Norte e Oeste, inclusive sendo afetado diretamente pelos três novos sistemas
de ligação da cidade, chamados de BRT2 (Bus Rapid Transit), a Taquara foi escolhida como o
viário – a TransCarioca, no novo desenho da cidade e a percepção de seus usuários com este
grandes fazendas que evoluiram para áreas com intenso número de habitações, derivou-se
Madureira.
2
Sistema de transporte coletivo que utiliza faixas segregadas, e possui estações ao invés das paradas usuais,
facilitando o embarque e desembarque de passageiros. A primeira utilização deste sistema foi idealizada pelo
urbanista Jaime Lerner, e implantado na cidade de Curitiba, Paraná em 1974.
16
Possui um trânsito caótico há décadas, que mesmo com uma série de ações estruturais de
reordenação de fluxos como RioCidade3 em 2000, não logrou êxito. O que se pretende como
objeto desta dissertação, não só em seu trânsito mas em todos os deslocamentos humanos de
seus moradores e usuários. Os impactos que a criação deste corredor viário trás, é
propositalmente sem análises específicas como pesquisas de campo, com o intuito pragmático
intervenção. Sendo assim, o objetivo principal foi a análise das novas condições de uso das
ao longo do centro de bairro, observando a nova leitura da paisagem urbana por seus usários
Figura 3 – A TransCarioca tem a proposta de redução de até 60% no tempo de trajeto entre Barra da Tijuca e
Aeroporto Internacional Tom Jobim.
3
Projeto urbanístico, criado pela Prefeitura do Rio em 1993, ainda na gestão do prefeito Cesar Maia, e que tinha
como mote a reformulação de áreas principais de bairros, onde havia intensas atividade comercial e circulação de
veículos e pedestres.
17
Foram contempladas ainda, variáveis como alterações no desenho urbano de áreas
intervenções mais importantes que ali ocorreram e as condições atuais de uso e ocupação do
Capítulo 4, apresenta uma analise aprofundada das variáveis que sofrem impacto por esta
desta área frente às mudanças em curso e um panorama para novas intervenções semelhantes
que a Cidade do Rio de Janeiro irá passar, afim de mitigar as consequências danosas para o
A metodologia aplicada usou como base, conceitos de paisagem urbana teorizados por
diversos autores, para analisar os impactos visuais e funcionais nas áreas afetadas pelo trajeto
intervenções urbanas foram utilizados como forma de apresentar a evolução da área e sua
alteração morfológica ao longo do tempo. Consultas aos órgãos de gestão pública como
4
Projeto de Estruturação Urbana – conjunto de regras que a Prefeitura do Rio de Janeiro utiliza como
direcionamento de políticas e ações públicas. São definidas para orientar o desenvolvimento físico-urbanístico de
um determinado conjunto de bairros limítrofes que possuem características semelhantes.
18
relativos a obra em curso, assim como relatórios ambientais simplificados e projetos das vias
e estações.
primeiro momento, mas a escolha de cada uma delas por sua tipologia e ligação com o
natureza econômica. Por isso a escolha do trecho entre a estação Merck e Largo do Tanque,
passando pelo centro nervoso comercial do bairro se apropriou das duas tipologias propostas
expressas, que por sua natureza seletiva trará maior ganho de tempo no deslocamento entre
importantes pólos estratégicos e as Longas ou Duplas que servirão como estações de linhas
paradoras, servindo mais o deslocamento pontual entre áreas de grande atratabilidade mas
19
2. O BAIRRO TAQUARA E SUA EVOLUÇÃO
20
Muitos bairros são originários do processo de desmembramento de grandes
nome, já há algum tempo é uma área autônoma, identificada como bairro próprio. Há
também, outras regiões já identificadas por seus moradores como áreas independentes do que
a divisão política da área descreve, como Santa Maria, Boiúna, Rio Grande entre outras
aglomerações. O que restou do antigo bairro, são inúmeras localidades com nomenclaturas
próprias, em geral loteamentos ainda recentes e que não foram oficializados como bairros pela
prefeitura, como áreas chamadas pelo nome do equipamento presente como o Centro de
dos mais importantes da cidade, com alto índice de tráfego de pessoas e veículos, por sua
posição geográfica limítrofe a outros bairros importantes como Barra da Tijuca, Madureira,
Possui conexões que levam indiretamente a pólos da Zona Oeste e o Centro da Cidade, sendo
institui-se através dos Decretos nº. 3.157 e nº. 3.158 de 23 de julho de 1981, a divisão
Bairros. Pela primeira vez foram oficializados os limites dos bairros e o Decreto de nº. 5.280
de bairros nas RA. Após inúmeras alterações com acréscimos e reduções de APs e RAs,
21
A delimitação do bairro Taquara (em vermelho na Figura 4), com o código 122, consta
no o Decreto nº. 5.280 de 23 de agosto de 1985, sendo posteriormente retificada através do nº.
2.1 História
Jacarepaguá, como outras importantes áreas do que sempre se entendeu historicamente como
como é o caso dos bairros Anil, Curicica, Cidade de Deus, Freguesia, Gardênia Azul,
Pechincha, Praça Seca, Tanque e Taquara, que junto com Vila Valqueire e o próprio bairro de
restou do antigo bairro de Jacarepaguá hoje é a região mais próxima da Barra da Tijuca e
Recreio dos Bandeirantes, estendendo até a Estrada do Catonho, englobando ainda a grande
22
As primeiras informações documentadas sobre a área de Jacarepaguá remontam o ano
de 1567, logo após a fundação da cidade do Rio de Janeiro, quando Salvador Correia de Sá
assumiu o cargo de primeiro governador e concedeu o título da área a dois de seus auxiliares:
governador Correia de Sá revogou, em 1594, o ato e doou as sesmarias para seus filhos
A história da área confunde-se com a história do Brasil Colônia, uma vez que ali se
encontram grandes áreas oriundas de chácaras e fazendas produtoras de cana de açúcar, uma
das principais fontes de renda do país nos anos iniciais de sua formação. No início, esta
produção seguia pelo mar, através da área que entende-se hoje como Barra da Tijuca, até o
porto do Rio de Janeiro. Depois, o caminho passou a se dar por terra através da Estrada Real
de Santa Cruz5.
Até o início do século XX, a região hoje conhecida por Jacarepaguá era chamada de
Vale do Marangá6. Uma das hipótese da origem desse nome deve-se as intensas lutas entre
portugueses e índios que ocorreram no início da colonização, na área que hoje existe o bairro
Praça Seca. Uma segunda hipótese mais defendida por estudioso refere-se à uma invasão
francesa comandada pelo corsário Jean François Duclerc no início do século XVIII que não
logrou êxito. Em 16 de agosto de 1710, uma esquadra francesa fora enviada por Luis XIV
para atacar o Brasil. Os invasores foram rechaçados por canhões da fortaleza de Santa Cruz, o
que fez com que a esquadra francesa desistisse de entrar pela baía e tentasse um segundo
5
O trajeto que definia a Estrada Real de Santa Cruz Estrada pode hoje ser entendido como as vias: Estrada
Intendente Magalhães, Avendida Ernani Cardoso e Avenida Dom Helder Cãmara, antiga Avenida Suburbana
6
Marangá - palavra indígena que significa campo ou lugar de batalha
23
setembro. Liderados pelo corsário Duclerc, os franceses iniciaram seu périplo em direção ao
Centro do Rio de Janeiro e atravessavam a região de Jacarepaguá pelo que parece ser hoje a
Rua Cândido Benício, importante via do bairro. Encontrando resistência, fugiram através de
uma trilha que os historiados acreditam ser hoje a Avenida Menezes Cortes, comumente
Jacarepaguá (Figura 5). A etmologia deste nome deriva-se de três palavras da língua tupi-
guarani: yakaré (=jacaré), upá (=lagoa) e guá (=baixa), que por sua geografia possuía grandes
Figura 5 - Mapa destacando a área de Jacarepaguá, no período em que o Rio de Janeiro foi conhecido como
Municipio Neutro, em 1864, quando o Rio de Janeiro permaneceu como capital do país, enquanto a província
passou a ter a mesma organização político-administrativa das demais.
24
Jacarepaguá era a região da cidade com o maior número de engenhos de açúcar da
época colonial. Os principais eram o Engenho da Taquara, o Engenho Novo (atual Colônia
de Fora (atual região da Praça Seca) (RUDGE, 1983). O deslocamento entre estas áreas de
grandes dimensões, durante todo o período imperial, era realizado com carroças, carruagens e
chegou à Cascadura e em 1875, o bonde puxado a burro ligava esta estação à Freguesia e
Taquara.
Figura 6 - Ponte da Rua Apiacás, na Taquara em 1918, com viajantes utilizando carroça, transporte da época.
Hoje esta é uma das principais ruas do bairro, com fluxo intenso de veículos.
25
No século XX, a área de Jacarepaguá continuava agrícola mas já apresentava aspectos
urbanos pioneiros para época através do poderio econômico que a área ganhava pela perda do
domínio do café em outras áreas e com as atividades de abastecimento da capital com gêneros
abandonar a tração animal e passaram a ser eletrificados (Figura 7). Um caso curioso cita o
ilustre Barão da Taquara, benfeitor do bairro, como possuidor de uma, até então, rara linha de
telefone, que ligava sua fazenda na região com sua casa do centro da cidade.
populacional que caracteriza o bairro, originando problemas até hoje percebidos, em especial
o transporte. Aglomerações de baixa renda usaram de maneira intensa o ônibus (Figura 8),
ainda que com infraestrutura rodoviária defasada quando comparada a outras áreas da cidade
com maior relevância política como os bairros do Centro, Copacabana, Botafogo e Ipanema..
26
Figura 8 - Transporte rodoviário: modal preferencial da classe operária em aglomerações como Jacarepaguá.
das ações políticas, levaram ao ocaso da infraestrutura urbana em vários níveis. Em toda a
área de Jacarepaguá a natureza é intrínseca aos demais elementos urbanos, sejam eles
que as ações logrem êxito pela falta de um planejamento específico que atendessem estas
características geográficas, o que prejudicou o fluxo aos centros dos bairros da região. Em
novo corredor. Ainda que ações sucessivas emergenciais foram implementadas, por sua
natureza imediatista, estas não contemplaram os problemas até hoje encontrados na rede de
27
2.1.1 Intervenções Urbanas
Diversas ações urbanas de grande escala realizadas desde o fim século XIX
expansão da malha urbana do que um vetor de expansão propriamente dito, capaz de propor a
No caso do Rio de Janeiro, desde o fim do século XIX, intervenções urbanas foram
aplicadas em sua gênese na região Central da Cidade. O cenário político histórico da época
propiciou que isso ocorresse, ainda que outras áreas da cidade já mostrassem situações que
careciam de ações imediatas. Pode se creditar esse pensamento como fruto de importações de
conceitos estrangeiros, que possuíam métodos próprios de tratar o urbanismo sob um discurso
de embelezamento, mas que atendia mais a ações políticas elitistas do que demandas sociais.
Seguindo o pensamento presente na escola francesa, este período tornou-se conhecido como
Belle Époque7, e que durante o período de 1875 a 1906 se caracterizou por melhoramentos em
áreas do Centro e da Zona Sul. O movimento também trazia influências do então novo
paisagismo, que se tornou célebre pela criação das Cidades Jardins, teorizado por Ebenezer
Nesse período encontra-se o que Engels (CHOAY, 2003) cunhou como Urbanismo
intervenções em Paris pouco ortodoxas de demolição das edificações existentes com total
7
Período cultural onde, as manifestações artísticas pregavam um estilo de vida regado por ações de paz e
otimismo. Esse termo foi concedido após e em oposição à 1ª Grande Guerra, a fim de contrastar com horror que
a mesma trouxe a humanidade.
28
descaso em prol do que entendiam de progresso, atendendo demandas restritas as classes
então Distrito Federal e sua reforma urbana de 1903. Essa reforma mudou drasticamente a
paisagem da cidade ainda com uma leitura colonial, atacada por epidemias advindas da falta
Passos, garantiu o título de política do bota abaixo (ABREU, 1997), enxotando a população
pobre para periferia e realizando obras de grande vulto como a construção do Theatro
Figura 9 - Avenida Central no Rio de Janeiro, aberta pelo plano de Pereira Passos no ano de 1910.
29
Foi a primeira importante ação urbana na cidade, mas que tinha como principal área de
intervenção o Centro da Cidade e seus arredores imediatos e não alcançara os bairros mais
distantes, ainda incipientes de vida urbana e dependente desta região central da cidade. Para
Jacarepaguá, talvez a primeira menção de uma ação politica tenha acontecido durante o Plano
Agache8. Este importante plano urbano buscou perceber a cidade como um todo, e durante os
anos de 1928 e 1930, diversos estudos alcançaram outras regiões distantes do Centro. A
preocupação concedida à malha urbana teve o transporte como um item importante como
observado no projeto de expansão da malha ferroviária alcançando o que na época era tido
como os confins da cidade (Figura 10), e Jacarepaguá, ainda que uma área amórfica fosse
contemplada com uma estação de transportes tidos como modernos para época.
Figura 10 - Esquema de Transporte proposto pelo Plano Agache (1930), destacando o que seria uma estação de
8
Alfred Hubert Donat Agache (1875-1959), arquiteto e sociólogo francês, figura essencial da institucionalização
do urbanismo como ciência capaz a de transformar a cidade através de pensamento técnico/teórico e não
político/administrativo. Responsável pelo que ficou conhecido como Plano Agache, projeto urbanismo para o
Rio de Janeiro durante o governo de Antônio Prado Junior, em seu mandato de 1927-1930.
30
Apenas a partir da década de 1960, a região de Jacarepaguá seria um real objeto de
interesses políticos e começaria a perder a ambiência de uma região rural, com loteamentos
das grandes chácaras e fazendas da região após a cultura do café se disseminar nas encostas
pontual dos bairros carentes de infraestrutura, propiciando uma série de intervenções urbanas
coletivo para aumentar a eficiência e substituir os antigos bondes elétricos através dos ônibus
com maior mobilidade sobre pneus, porém movidos à eletricidade, o que se apelidou de
chifrudinhos cariocas (Figura 11), assim chamados devido aos cabos que os ligavam à rede
elétrica. Mas sua permanência no cenário da cidade estava já decretada por sua dimensão e
31
O transporte começa a tomar sua posição de importância nos assuntos da cidade por
deslocamento dos cidadãos na malha urbana na cidade do Rio de Janeiro era uma verdadeira
revolução que usava o transporte como base de ações. Sua proposta era criar um plano de
cidade, apontando tendências de fluxos existentes e projetados para a cidade e seus atuais e
futuros centros, como: Centro, Penha, Madureira-Cascadura, Bangu, Campo Grande e Santa
Cruz e a região de Itaguaí. Desse estudo surgiu o que veio a ser conhecida como as vias
metroviárias ligando os polos comerciais identificados até o momento, se estendendo por toda
a Cidade com cerca de 400 km de vias expressas, 500 km de vias de grande porte no âmbito
urbano e complementado por 80 km de metrô, divididas em seis cores, Amarela, Azul, Lilás,
9
O escritório grego Doxíadis Associates foi contratado em 1965, pelo primeiro governador do recém-criado
estado da Guanabara, Carlos Lacerda, e desenvolveu o Plano de Desenvolvimento Urbano para a cidade;
Tornou-se referência por ter incorporado pela primeira vez, outros aspectos que não os básicos aos planos
anteriores - estritamente físico-territoriais, tais como os aspectos econômicos e sociais. Isso por sua vez, o tornou
um projeto extenso e complexo – “quase quinhentas páginas de estudos técnicos, das quais nove – páginas 363 a
372 – são de implementation e uma única, a 375, é de recommendations.” (VILLAÇA, 1999, p. 213), o que
inviabilizou sua plena implantação.
32
Figura 12 - Representação atualizada das Vias Policromáticas, a partir do Plano Doxíadis.
dificultada pela não continuidade política, acontece a fusão dos estados da Guanabara e do
Rio de Janeiro, e o plano Doxíadis, em sua grandeza sistêmica foi sendo esquecido, voltando
a servir de base anos a frente. Porém, os ônibus entram no gosto da população que necessitava
ainda que tardiamente, as obras do metrô, iniciadas em 1970. Apenas em 1980 as primeiras
estações foram abertas, e no caso de Jacarepaguá, ainda que sempre contemplado em estudos
(Figura 13) o alcance desse sistema de transporte ainda é algo intangível e a dependência do
sistema rodoviário não pode ser acompanhada de descrédito e inércia de ações qualitativas.
33
Figura 13 - Estudo para expansão da rede de metrô, 1990.
baixada de Jacarepaguá (Figura 14), desenvolvido por Lúcio Costa em 1969, que se
debruçaria por uma área que a cidade ainda não havia maculado, e atendendo a necessidade
Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, e seus arredores ainda era um grande vazio, com ares de
buscou impedir o que já havia ocorrido com outros bairros da orla da cidade como
como eixo de integração de outras áreas da cidade a essa região até então de difícil acesso. A
34
criação desses eixos se apoiava em estudos anteriores, como o plano Doxíadis e suas linhas
cromáticas e serviria de maneira preponderante na implantação dos futuros BRTs, já que três
Figura 14 – Plano Piloto da Baixada de Jacarepaguá em 1969, com seu zoneamento e sistema viário
O Plano Piloto partiu do cenário que já existia através de dois grandes eixos e que em
suas diretrizes básicas, não poderia ser alterado. Na proposta de Lúcio Costa o eixo norte – sul
era chamado rodovia BR-101, que veio a ser a Avenida das Américas. Em sua definição
inicial, ela deveria se manter como uma via expressa, sem sinais de trânsito ou cruzamentos
(GONÇALVES, 1999). Como parte da influência modernista de seu autor, que privilegiava o
pedestres, passagens de nível, dispostas a cada cerca de um quilômetro, mas que se tornaram
35
que se vê atualmente na implantação dos eixos viários é um agravante a essa intermitência,
e pontes estaiadas, etc.) pretende viabilizar um fluxo constante durante o trajeto. Projetos
urbanos de médio e grande porte sempre sofrem deturpações e sua integridade ou até sua
viabilidade ocorrem por motivos variados como interesses públicos e privados e de maneira
entrevista após seu desligamento como responsável o desenvolvimento do projeto dizia que
não queria lembrar que tomou parte dessa intervenção. Após essa intervenção de maior escala,
um novo método, mais pontual, ainda que apoiado em ações sistêmicas surge para atender
2.1.2 RioCidade
aquelas que de fato proporcionariam mudanças locais nos bairros. Os Planos Diretores de
certas prefeituras, entre elas a do Rio de Janeiro, para reduzir sua ineficiência de ações pela a
gráficos, pesquisas, etc.) decorrente do sucateamento dos órgãos públicos no período pós-
regime militar, levou a obsolescência dos planos só sendo superado após a década de 1980,
sociedade (VILLAÇA, 1999, p. 172). Ações isoladas começam a tomar forma e através do
parcerias público-privadas, alcançou uma autonomia, e por que não dizer uma
36
insubordinação, frente ao que era o Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro10
(PIRES, 2013, en línea). De uma maneira breve, o Plano Decenal garantia a participação da
complementares como o Plano Estratégico garantiam ações pontuais com grande aporte
financeiro e outras com discurso mais participativo, mas sob o controle público, dentre eles, o
RioCidade.
Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro que visava a requalificação dos espaços públicos,
de diversos bairros da cidade (IPLANRIO, 1996, p. 18). Ocorrendo durante as três gestões
consecutivas dos prefeitos César Maia (1993-1997 e 2001-2005) e Luiz Paulo Conde (1997 a
malha urbana sem o devido aparato urbano, através do disciplinamento de áreas destinadas a
veículos – ruas, aos pedestres – calçadas e praças, e melhoramento de redes de serviço como
água, esgoto e iluminação pública. As áreas escolhidas se deram através de uma lógica de
relevância econômica, sendo definidos os centros de bairros com intensa atividade comercial.
em relação a outros bairros vizinhos e seu resgate permitiria uma maior integração na cidade e
eram estratégicos para a reversão do quadro de degradação que a cidade ficou relegada nas
décadas que se seguiram a transferência da capital para Brasília, ocorrida em 1960. Nas ações
por ações conjuntas em prol de uma determinada região – Centro ou Zona Sul (no caso do
10
Projeto de Lei Complementar nº16, promulgado pela Câmara Municipal do Rio de janeiro em 04 de junho de
1992, instituindo o Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro (PDDCRJ) que estabelecia as normas e
procedimentos para a realização da política urbana do Município.
37
Plano Agache), ou estranhas às especificidades de cada região (característica generalista do
Plano Doxíadis). Ambas, ainda que em escalas díspares, tinham como premissa subliminar o
mesmo caráter segregador e de estratificação social, pela expulsão dos habitantes locais, o que
podiam ser interpretadas como ações higienizadoras e com interesses de classes. Ambas
pertencentes à região que seriam afetadas. Nem mesmo a participação de agentes locais,
que aliavam apuro técnico nas intervenções de infraestrutura e resultados estéticos como
gestões do prefeito Cesar Maia e do prefeito Luiz Paulo Conde, destacando uma predileção
aos bairros fora do eixo Zona Sul e Centro. A particularidade de áreas com grande
aglomeração comercial e residencial dos centros de bairros da Zona Oeste e Norte (Figura
15), com intenso fluxo de pessoas e confluência de transportes e por muito tempo esquecido
foram cruciais para essas escolhas. Bairros como Méier (1ª Fase, 1994 / 2ª Fase, 2000),
Madureira (1994), Campo Grande (1994), Santa Cruz (2000), e Bangu (2001), junto com a
própria Taquara (2000) tiveram obras de infraestrutura como rede de drenagem e esgoto,
calçadas e praças, que através de projetos realizados por escritórios de arquitetura contratados
para esse fim, promoveram releituras da vocação de cada bairro, buscando um resgate da
autoestima e um apreço pelo bairro por parte de seus moradores (IPLANRIO, 1996, p. 26).
38
Figura 15 – Exemplos de bairros da Zona Oeste e Zona Norte contemplados pelo RioCidade.
intervenções que se basearam na apropriação do meio por seus usuários, e não por novas
Urban Land Institute11, descreve que a quadra de um antigo bairro com renovações que
podem incluir teatro, espaços de gastronomia, galeria de arte, lojas de diversos artigos,
espaços ecumênicos, se torna mais propícia a integração dos habitantes locais do que um alto
prédio de salas comerciais, por sua maior atividade e intensidade para a cidade (ULI, 2013, en
línea).
11
ULI – Urban Land Institute, organização de pesquisa e educação sem fins lucrativos, apoiada por seus
membros e que desde sua fundação em 1936, que atua como um fórum multidisciplinar, facilitando a troca de
idéias, informações e experiências entre os líderes da indústria e políticos dedicados à criação de melhores
condições de vida no espaço urbano.
39
2.2 Transformações Urbanas Locais
aproximadamente 605 mil habitantes13, e a previsão de sua conurbação entre seus bairros já se
na região (PORTAL VGC, 2013, en línea). O RioCidade foi um importante programa para o
toma conta do bairro a partir da segunda metade da década de 1990 e se acentua nos ultimos
histórico terá enfoque a partir de sua implantação até o período que antecede o atual, que
região central do bairro Taquara será apresentada analisando o impacto das constantes
12
Região Administrativa, ver capítulo 1, p. 18.
13
Fonte dos dados brutos: IBGE, Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaboração: Instituto Municipal de
Urbanismo Pereira Passos da Prefeitura do Rio de Janeiro – IPP
40
Figura 16 – Viagens de origem e destino - Macrozona Jacarepaguá (PDTU-200114).
14
Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, criado em 2001 em
substituição dos planos PIT (Plano Integrado de Transportes do Metrô/RJ, 1975-79) e PTM (Plano de Transporte
de Massa, 1990-95), com propostas de racionalização do Sistema de Transportes de Passageiros no âmbito
metropolitano, e priorização dos investimentos na infraestrutura de transportes, sobretudo os que visem à
integração modal e intermodal. Tornou-se o instrumento de gestão e planejamento dos transportes, em caráter
permanente do Governo do Estado.
41
2.2.1 Uso e Ocupação do Solo
urbana. Para ilustrar essa dinâmica, como exemplo, estão os domicílios particulares
período é da ordem de 15%. Há discrepâncias notáveis entre bairos como Barra da Tijuca
(+96%) e Centro (-16%). Dentre as RAs que possuem a maior variação percentual em 2000,
temos a XVI RA – Jacarepaguá com +34,6%. Ainda que outras RAs estejam na frente nesta
variação (Guaratiba +84,6%, Campo Grande +41%, Rocinha +40,6%, Santa Cruz +34,2%,
Maré +33,7%)15, Jacarepaguá não era uma área favelizada – estas áreas sofreram um
possuia uma grande área territorial desocupada e sem urbanização (SIGAUD, 2010).
Outro dado relevante que cabe salientar é a população desses mesmos bairros e sua
estimativa crescimento para os anos de 2013 e 2020, comparando os bairros descritos acima e
15
SIGAUD, Marcia Frota. Caracterização dos domicílios na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
IPP/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2007, p. 6.
42
Tabela 1 – População do Rio de Janeiro recenseada (2000/2010) e estimada (2013/2020).
CENSOS ESTIMATIVAS
Município e RA’s
2000 2010 2013 2020
anos e com densidade e ocupação predominantemente residencial, com uma malha rodoviária
interna ao bairro com várias vias de grande porte. As áreas mais afastadas do centro comercial
do bairro, com grandes lotes de terra se mostrou um investimento seguro a empresas do setor
da habitação e com projetos como Minha Casa Minha Vida e linhas de crédito do Governo
residenciais acontece na década de 1970 e se intensifica nas décadas de 1990 e os anos 2000.
de ruas e bancos.
43
O centro de bairro da Taquara é delimitado pela abrangência das seguintes vias: Rua
Apiacás, Estrada do Tindiba, Estrada dos Bandeirantes e Rua André Rocha e o principal eixo
articulador, a Avenida Nelson Cardoso que concentra o maior número de unidades comerciais
(Figura 17). A partir deste cenário, o deslocamento de pedestre e de veículos se articula para
as vias internas do bairro alcançando seus limites e ligando bairros vizinhos, sendo palco do
maior número de mudanças de trânsito ao longo dos anos e o impacto da obra em análise na
paisagem se faz notável de maneira clara. Diversas novas unidades comerciais surgem no
bairro provedor de bens e serviços ao seus moradores, o que se comparado a outras regiões da
44
A facilidade com que cada um dos elementos do bairro pode ser reconhecida e
legível, possibilitando uma experiência urbana mais intensa (LYNCH, 2010, p.2). Ainda que
as obras que decorreram pelos mais variados motivos e justificativas, sejam elas de
básicos ou até de controle e operação de trânsito, elas sempre interviram nesse importante
eixo alterando drasticamente sua ambiência, mas é indiscutível que sempre se apropriaram e
longo dessa intervenções, notadamente um centro de bairro, e sua percepção torna-se óbvia
principalmente quando busca-se relacionar com o resto da cidade. Ainda que diversas
específicas que permite diferenciá-lo do resto da malha urbana (LYNCH, 2010, p. 66)
2.2.2 Habitação
usado como ênfase, as obras de grande impacto que estão em curso em toda a cidade. É fato
Zona Oeste, e em especial as vias expressas para implantação dos BRTs, somado as politicas
de aumento de oferta de moradias populares através do Programa Minha Casa Minha Vida, e
região da cidade, e proporciona a migração para bairros com uma vocação imobiliária como a
45
Taquara, criando um mercado intenso com novos empreendimentos residenciais, e também
já se configura de forma clara há pelo menos duas décadas, mas estas ações aceleram
significativamente esse fenômeno em áreas que são transformadas por obras recentes como a
TransCarioca. Tal situação ainda não pode ser captada por projeções dos órgãos censitários,
correlatas aos movimentos demográficos. Alguns órgãos da Prefeitura do Rio de Janeiro como
o IPP – Instituto Pereira Passos, acompanham a partir de parceria com a SMU – Secretaria
licenças de habite-se concedidas (Tabela 2). Esse acompanhamento não substitui a projeção
demográfica obtida por levantamentos censitários que utilizam outras variáveis, mas é
46
et al, p. 9-10). Esses dados já faz perceber o inchaço da malha urbana com efeitos danosos ao
tráfego de veículos, quando focamos em uma região já consolidada e com uma série de
problemas oriundos dessa aglomeração urbana. Se levar em conta a relação de área construida
e área territorial, o bairro da Taquara ainda que atrás do bairro de Jacarepaguá – em primeiro
lugar, e a Freguesia – em segundo lugar, percebe-se que sua importância para a escolha do
traçado do novo corredor viário levou em conta não só questões geográficas mas atendimento
a demandas futuras.
Tabela 2 - Número de Licenças para construção de unidades residenciais, concedidas pela SMU em 2011.
Número de Licenças
Bairros da XVIª/AP-4, Jacarepaguá
Concedidas em 2011
Anil 37,00
Curicica 65,00
Freguesia (Jacarepaguá) 558,00
Gardênia Azul 132,00
Jacarepaguá 866,00
Pechincha 525,00
Praça Seca 370,00
Tanque 109,00
Taquara 520,00
Vila Valqueire 181,00
(fonte: IPP, 2013)
47
2.2.3 Transporte
dos anos, em especial as que ocorreram através do programa RioCidade. A Av. Nelson
Cardoso e seu entorno, originalmente de mão única, no sentido Taquara Madureira (Leste-
Oeste) teve seu tráfego alterado para tornar-se uma via em dois sentidos. O incremento do
número de veículos levou a uma série de tentativas de alternar as vias secundárias em sentidos
opostos, de forma a atender um ordenamento de ônibus pensado para extrair da Av. Nelson
Cardoso o maior fluxo (Figura 19). Neste momento, o transporte alternativo começa a ganhar
força e ocupar de maneira desordenada o espaço de onde os ônibus foram retirados e propicia
o pensamento em uso de diferentes modais e trajetos por parte dos moradores carentes de um
serviço eficiente.
Sua natureza de grande extensão e largura coloca esta via como vital para o fluxo do
bairro e sua ligação com outras vias que se estendem aos bairros vizinhos reforça essa função.
Dentre essas vias destacam-se aquelas que nascem no centro da Taquara e alcançam maior
importância por ligarem grandes extensões além dos limites do bairro, servindo como
coletoras do fluxo central no escoamento dos veículos oriundos do bairro para outros pólos
48
Figura 19 – Transformações do tráfego no bairro da Taquara, antes de 2000, reordenado pelo RioCidade e
49
3. BRT: HISTORIA E DESENVOLVIMENTO
50
O projeto da TransCarioca surge como desenvolvimento da proposta de ligação norte sul
da cidade do Rio de Janeiro, que teve como origem estudos propostos em 1969 durante o
Plano Doxíadis. Desde então, a ligação transversal da cidade é pensada, mas segue inexistente
até o presente momento, o que será viável em tempo e deslocamento com a criação da ligação
de áreas importantes como o Aeroporto Internacional Tom Jobim no extremo norte da cidade
e áreas mais distantes como bairros da Zona Oeste. Atualmente esse trajeto é feito de maneira
circular, usando a extensão da Avenida Brasil e o percurso Zona Sul-Centro. Sua implantação
é representativa em investimento financeiro (Figura 20) e em impacto nos arredores por onde
corta áreas diversificadas da cidade, algumas que ainda nem foram exploradas pelo mercado
populacional e intensamente edificada. Assim, aspectos ligados a esse impacto são pertinentes
e a própria existência dessa obra no momento atual deve ser analisada, passando pela relação
desse corredor com seu entorno marginal, e sua tecnologia, do modal escolhido como o
resultado proposto e alcançado, por onde irá se estender, transformar ou até mesmo segregar.
Ainda é indiscutivel seu objetivo de conexão entre os extremos quando na criação desse novo
51
Figura 20 - Números e destaques da obra de implantação da TransCarioca
O BRT surge como alternativa primária ao protagonizar este percurso dado seu
evolução deste sistema. Sua conceituação e desenvolvimento serão apresentados nos capítulos
52
3.1 Mobilidade Urbana
função das condições físicas ou econômicas, o que poderia ter como solução o provimento
quantitativo de meios de transportes. Deve-se ler este conceito de maneira mais ampla,
número médio de viagens que pessoas realizam em um dia típico, por qualquer modo e para
qualquer finalidade. Uma maior mobilidade indica maior possibilidade de apropriação da vida
urbana, refletindo a condição das pessoas terem acesso aos bens e serviços que a cidade
em três dos quatro objetivos estabelecidos no PNUD – Programa das Nações Unidas para o
diretamente proporcional ao acesso que cada indivíduo tem aos meios de transporte
disponibilizados por órgãos públicos, e variam em diversas categorias como classe, idade,
gênero e condições físicas (VASCONCELLOS, 2012, p. 55). Assim, o tipo de modal é tão ou
A relação entre usuário e meio, assim como a necessidade de seu deslocamento, se faz
16
Rede de desenvolvimento global da Organização das Nações Unidas, que estabelece parcerias com diversos
atores da sociedade sustentando e conduzindo um crescimento capaz de melhorar a qualidade de vida para todos.
53
entende como mobilidade se desenvolveu no que se conhece hoje como mobilidade urbana
sustentável, que pode ser compreendido como um interesse político17 de assegurar ações no
meio urbano que incentive a apropriação do meio urbano para o pedestre dar preferência a
Uma aplicação política do transporte pode ser exemplificado pelo PAC18 de Mobilidade
Urbana, promovido pelo Governo Federal que visa fomentar a cidadania e a inclusão social
por meio da universalização do acesso aos serviços públicos de transporte coletivo e das ações
mobilidade urbana. No Rio de Janeiro, três grandes obras estão em curso com o
Mobilidade Urbana, presente no PAC2 (Tabela 3): O corredor BRT – Transcarioca, novo eixo
de ligação entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, dotado
de sistema BRT; o corredor de Ônibus Transbrasil, que usará uma faixa de uso segregado para
ônibus ao longo de toda extensão da Avenida Brasil, e o VLT da Área Central e Portuária, que
terá 28km de extensão e mais de 40 estações e interligações com outros modais, provendo a
Tabela 3 - Obras no Rio de Janeiro com financiamento obtido através do PAC Mobilidade Urbana
17
Lei nº. 12.587, de 3 de janeiro de 2012, Ministério das Cidades, Governo Federal, Brasil, institui a Política
Nacional de Mobilidade Urbana.
18
Programa de Aceleração do Crescimento, criado em 2007, como um plano estratégico de resgate do
planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do país.
54
3.1.1 Pedestres e Veículos
que não se percebe de que o mais antigo meio de locomoção do home, e porque não assim
dizer, o mais eficiente, é o corpo, apoiado em suas próprias pernas. Todo deslocamento antes
da chegada a um meio de transporte e o percurso entre um e outro, se faz através e por conta
da nossa força corporal. A obviedade desta existência nos relega ao seu esquecimento, e pela
tecnológicas, a figura do pedestre não pode mais ser desprezada em ações de transpore
línea), a palavra “pedestre” é mencionada apenas 70 vezes, contra as 626 vezes que a palavra
“veículo” é usada, sem mencionar que no decorrer deste dispositivo legal, sua natureza é
mencionada em sua fragilidade física e a grande ênfase dada a ele se dá em sua interferência
que seria mandatório nas grandes intervenções como as que são realizadas no tráfego.
Talvez o RioCidade tenha sido a única intervenção ocorrida na cidade que não subverteu a
figura do pedestre em detrimento ao veículo, já que a lógica inversa permeia todas as outras
intervenções que não atendem as diretrizes para projetar o conforto urbano por meio de
arborização, travessias, calçadas e vias para ciclos adequadas ao local de implantação, ou seja,
todo novo investimento em transporte motorizado deve prever o mesmo valor investido em
55
A cidade do Rio de Janeiro alcançou o ápice de seu espraiamento geográfico, ganhando
novas relações de origem e destino em pontos antes díspares, como áreas extremas da Zona
resgate à relevância habitacional de outrora. Por isso, estudos ligados ao transporte urbano
tomaram nova dimensão em especial àqueles ligados a novos modais, mais eficientes em
ciclista é lembrado, na criação de extensas ciclovias e ligação a trechos existente, criando uma
verdadeira rede de caminhos para esse tipo de transporte. Porém o pedestre é sempre
projeto da TransCarioca (Figura 21), ações que contemple um tratamento específico aos
pedestres, pois o destino e uso de áreas que não dos próprios eixos não contemplam outros
56
3.1.2 Compromissos dos Grandes Eventos
cidade sede em evidência para novos aportes financeiros. A oportunidade de sediar um evento
e o mesmo evento ocorrido no Rio de Janeiro 2007 e precisam ser reinterados para que o
fluxo de dinheiro possa ser usado como um investimento forte e duradouro, o que
A expectativa gerada para o país é importante, já que o país vai sediar dois dos maiores
eventos esportivos internacionais nos próximos anos, a Copa do Mundo de Futebol, em 2014,
econômicos como hotelaria e turismo e nas diversas prestações de serviços ligado ao terceiro
setor19.
A tentadora decisão de direcionar grandes recursos para uma determinada cidade pode
19
Já há algumas décadas, o setor privado supre a carência do estado nas questões sociais, através das inúmeras
instituições que compõem o chamado terceiro setor. O primeiro setor é o próprio Governo, e o segundo, o setor
privado. Já o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem
como objetivo gerar serviços de caráter público.
57
“O mínimo que se espera é que as decisões do poder
mais grave.”
2009.
Desde outubro de 2009, quando foi anunciado como sede dos Jogos Olímpicos e
Paralímpicos de 2016, a cidade passa por uma série de transformações para receber todos as
firmados entre o Comitê Olimpico Internacional – COI e as três esferas do poder público
Figura 22 - Regiões da cidade que abrigarão as modalidades esportivas durante aos Jogos Olímpicos de 2016
58
3.2 Tipologia de Transportes Rodoviários
econômicos vigentes e previstos para sua implantação (Figura 23). A distribuição quantitativa
Assim, conceituar o modal torna-se premissa básica para escolha daquele que possa ser
mais adequado para cada tipo de situação, por sua relação custo e benefício e atendimento da
59
3.2.1 Ônibus
O veículo comumente chamado de ônibus no Brasil teve sua origem ainda não motorizada
desenvolvimento da tecnologia até encontrar o que hoje se entende sobre ônibus, passou pelo
deslocamento público se dê através de ônibus (Tabela 4), esse modal não é considerado um
transporte de massa, uma vez que individualmente transporta muito menos do que se pode
pessoas/viagem 22).
PASSAGEIROS (x1000)
20
Segundo a ANTT – Agencia Nacional de Transportes Terrestres, Res. 17 / 2002, Anexo 3, item 34, o termo
ônibus é empregado para descrever veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para mais de 20
(vinte) passageiros sentados; Anexo 1, item 21, a descrição de ônibus urbano é mais genérica: veículo automotor
destinado ao transporte coletivo de passageiros com assentos para passageiros e provisão para o transporte de
passageiros em pé, conforme normatização específica. Não define assim, número máximo.
21
Fonte: MetrôRio. < www.metrorio.com.br > Acessado em 10 de Junho de 2013.
22
Fonte: SuperVia. < www.supervia.com.br > Acessado em 10 de Junho de 2013.
60
Alternativas menos poluentes de combustível estão em desenvolvimento em diversos
locais do país, mas ainda não se tornaram uma realidade comercial e a restruturação do
poluentes, transferindo para o meio ambiente grande carga de CO2 (gás carbônico) através do
que atuam em âmbito federal, e órgãos regionais, atuando na esfera do estado e município,
que se sobrepôem nem sempre com um claro limite de poderes (Tabela 5).
O decreto nº. 1507 de 19 de janeiro de 1963 institui o ônibus como o único meio de
transporte rodoviário naquele momento e após uma série de acontecimentos, como revisões
de linhas e trajetos, buscando uma melhor leitura e deslocamento dos usuários; e até
61
Figura 24 – Divisão de concessões às empresas de transporte de ônibus no Rio de Janeiro, com os futuros
62
3.2.2 BRS
Uma proposta imediata, de baixo custo, para melhorar o fluxo do transporte coletivo no
Rio de Janeiro, foi a criação de um sistema de corredores seletivos para ônibus, batizado de
BRS - Bus Rapid System (Figura 25), ou Sistema de Ônibus Rápido. Este projeto, executado
em etapas, iniciou no bairro de Copacabana e já alcançou a região Central da cidade, por sua
relação conflituosa com os demais veículos. Nesta primeira etapa, uma faixa seletiva para o
fluxo dos coletivo foi implantada em diversas vias de maior fluxo. Segundo cálculo do
40% em seu tempo de deslocamento, e o conflito entre carros, táxis, ônibus e pedestres
Figura 25 - Faixas seletivas exclusivas de ônibus e nova identidade visual das linhas definem o BRS
23
Rio Ônibus – Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro, fundado em 10 de outubro de
1941, que congrega 47 empresas que operam o transporte por ônibus do Rio de Janeiro sob o regime de
permissão, concedida pela Secretaria Municipal de Transportes - SMTR.
63
Essa reordenação atende de maneira rápida e pontual o caos do transporte rodoviário
no meio urbano do Rio de Janeiro, com seu excesso de veículos e falta de ordenamento entre
deslocamento em diversos outros pontos da cidade e o próprio sistema como um todo. Essa
incumbência começa a se tornar objetivo dos novos eixos viários, e mais do que utilizar faixas
seletivas, dota-se de faixas segregadas, o que permite o uso de veículos de maior porte e com
3.2.3 BRT
desenvolve de maneira rápida e viável economicamente é o BRT – Bus Rapid Transit ou Bus
transporte sobre trilhos que utiliza uma faixa segregada e exclusiva para o deslocamento de
veículos com maior porte quando comparados aos ônibus convencionais, além de uma série
24
Segundo o Manual de BRT, desenvolvido pelo Ministério das Cidades, a descrição básica de BRT se traduz
como um sistema de transporte de ônibus que proporciona mobilidade urbana rápida, confortável e com custo
eficiente através da provisão de infraestrutura segregada e com prioridade de passagem, operação rápida e
frequente e excelência em marketing e serviço ao usuário (fonte: Manual de BRT – Bus Rapid Trsnsit / Guia de
Planejamento, Dezembro de 2008 p. 1).
64
Figura 26 - Esquema descritivo das características e premissas básicas de um sistema BRT
O BRT ainda pode ser considerado um sistema novo, em desenvolvimento, e ainda que
características básicas permeiem todos os sistemas em operação pelo mundo (Figura 27),
novas tecnologias são agregadas a cada novo projeto. Seu surgimento remonta a década de
1970, mas precisamente no ano de 1974, quando o então prefeito da cidade de Curitiba, o
através de ônibus articulados de maior porte, sobre faixas exclusivas. Esse sistema não logrou
êxito imediato em outras cidades do país, muito por pressões políticas que atendiam aos
interesses de empresários obtusos que não viam com bons olhos esse novo modal, mas foi
65
Cidades como Quito-Equador (1995), Bogotá-Colômbia (2000), Jacarta-Indonésia (2004),
transporte urbano coletivo, e que foram primordiais para a afirmação dessa proposta como um
modal de aceitação em ações urbanas. Isso se desenvolveu em diversas outras cidades até que
aderissem às vantagens do BRT. Apenas para citar uma em cada continente, temos Brisbane-
(2001).
Nos diversos sistemas de BRT que estão em operação no Brasil e no mundo, algumas
características que denotam sua diferenciação aos sistemas convencionais de ônibus urbanos:
Em todo mundo são 156 cidades que contam com sistema BRT em funcionamento (Figura
27), sendo que 23 estão com projetos de expansão desse transporte em curso. Outras 83
cidades já stão recebendo obras para implantação de sistemas com conceitos do BRT
66
Figura 27 – Distribuição dos Sistemas BRTs pelo mundo, por total de passageiros e extensão.
Plano Diretor de 1965, que já então entendia que o uso do solo, a circulação viária e
transporte coletivo são indissociáveis e tornou-se base para a criação do sistema de transporte
coletivo que hoje atende de maneira integrada mais de 80% da área do município e ainda
67
Figura 28 - Estrutura básica do sistema BRT e tipificação das vias de Curitiba.
Ainda que outras iniciativas de transporte coletivo urbano tenham sido propostas
desde 1930, neste momento, pela primeira vez aplicam-se de maneira integrada, os conceitos
que delineariam toda a evolução do BRT ocorrida nas décadas seguintes, através de faixas
segregadas e de uso exclusivo dos ônibus com maior capacidade e com sistema biarticulado.
Identificada por seus terminais cilíndricos, que remetem a bolhas (Figura 29), o sistema de
um correto uso e ocupação do solo. Para reforçar essa posição, cabe salientar que entre as
cidades brasileiras, é a que tem o maior índice de área verde por habitante25, saltando de 0,5
m² por habitante em 1971, e alcançando os atuais 64,5m². Esta e outras ações ocorreram
graças às intervenções empreendedoras de Jaime Lerner, urbanista que foi prefeito da cidade
25
Para efeito de comparação e compreensão, segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS o mínimo
recomendado é 12 m². Entre as capitais brasileiras com melhor e pior índices destacam-se: Goiânia (94m²),
Vitória (91m²), Reio de Janeiro (56,2m²), São Paulo (5,4m²) e Recife (0,7m²). Fonte: AGENCIA BRASIL [en
línea].
68
por três mandatos (1971–1975, 1979–1984 e 1989–1992), e ainda governador em outros dois
mandatos (1995–1999 e 1999–2003), que junto a uma equipe eficiente de técnicos soube mais
Após uma série de melhorias e expansões, o projeto Linha Verde surgiu como o mais
transporte da região metropolitana. Teve como principais objetivos a integração urbana - leste
e oeste da cidade e região metropolitana, com maior permeabilidade dentro da cidade com
novas conexões, distribuição do excesso dos Eixos Norte e Sul, dividindo e selecionando a
modais.
69
3.3.2 A Afirmação: América Latina
A América Latina tornou-se precursora nos sistemas BRT, com sua origem em Curitiba e
para Bogotá, quando surge em 2000, como ponto de afirmação desse sistema através da
atualmente com 11 linhas, contando com mais de 115 estações inteligentes com serviços de
70
Hoje, a América Latina possui mais de cinquenta cidades com sistema avançado de ônibus
com características de BRT, assim como outros corredores de ônibus e segundo o Portal
todos os dias. Ainda que o sistema se mostre funcional, as cidades latino-americanas ainda
transporte público integrado. Duas áreas precisam de um maior atendimento para esse fim, a
público ou veículos não motorizados – leia-se: bicicletas. Isso foi obtido através da criação de
espaços destinados aos pedestres e as ciclovias, controlando ainda o uso de carros por meio de
transporte público acima dos 70% do total de viagens realizadas em sua malha metropolitana.
18% para 15%, e o uso de não motorizados obteve um incremento de 8% para 13%,
Outras cidades seguiram a experiência exitosa de Bogotá, e hoje, sistemas BRT existem
(Figura 31) como León, Cidade do México, Guadalajara, Guayaquil – todas no México, Lima
Guatemala.
71
Figura 31 - Cidades da América Latina com propostas, obras ou sistemas BRT já implantado.
72
3.3.3 A Expansão: África, América do Norte, Ásia, Europa e Oceania.
impede a implantação de outros sistemas que causam maior impacto no meio urbano como
trens ou metrôs em sua execução, ou seja, mais uma inviabilidade técnica do que
finalizam obras que priorizem o sistema BRT como meio de deslocamento prioritário de suas
democratizando de uma vez por todas, o transporte público de qualidade (Figura 32).
África, destaque para três novos sistemas, na Nigéria, na África do Sul e na Tânzania.
Desses três, o da Nigéria se apresenta como o mais barato em sua implantação não só da
África, mas também do mundo, devido aos seu custo de execução por quilômetro de apenas
pouco mais de 1,6 milhão de dólares. Seus 22km de extensão atenderão cerca de 200 mil
BRT compatível com sua extensão e economia. São 26 linhas inauguradas, atendendo 335mil
passageiros por dia ao longo de 404 km de extensão. Destaca-se o sistema de Nova York,
responsável por 32% do total de passageiros que circulam através de BRT no país.
caracteristicas semelhantes aos atuais BRT, isso desde a década de 1980. Hoje, mesmo que
com extensão menor do que os Estados Unidos (cerca de 200 km) atende um número bem
superior (quase 550 mil passageiros por dia), mostrando que a cultura do transporte público
73
Ásia, com seus números populacionais singulares e grande extensão de terra, suas cidades
população ao uso do BRT como seu modal prioritário, com cerca de dois milhões de pessoas
Europa possui uma extensa rede de ferrovias e outros modais sobre trilhos, mas seus
oportunidade sem igual para que as propostas se alternassem para o sistema BRT, encontrados
Holanda, Irlanda, Inglaterra, Itália e Portugal. Cerca de 20% dos 1,65 milhão de usuários
diários do continente estão concentrados na França, desde 1998 com uma importante
Brisbane, atendendo 240 mil usuários por dia ao longo de 24 km de extensão de vias
especiais. O O-Bahn Busway é considerado o mais longo e rápido sistema com uso de outros
74
Figura 32 - Sistemas BRT pelo mundo
Hoje o BRT se apresenta mais do que uma alternativa rápida e viável, tornou-se modal
específico para melhoria do problema crônico das cidades brasileiras em franca expansão: o
trânsito. Sua importância o coloca como objeto de financiamento específico dentro do PAC de
Mobilidade Urbana, que destina quase 70% da receita total de R$ 20 bilhões para criação de
corredores exclusivos dotados com o sistema BRT. Diversas capitais do país receberão nos
pelo alto valor investido (Figura 33) para atender a previsão de funcionamento pleno até o ano
de 2016:
Belo Horizonte: seis novas linhas de transporte, ao custo total de R$ 783,3 milhões,
26
Fonte: Infra Estrutura Urbana, Editora Pini. < www.infraestruturaurbana.com.br/solucoes-
tecnicas/2/artigo212850-3.asp > Acessado em 10 de Junho de 2013.
75
Cuiabá: dois novos sistemas BRT – Aeroporto/CPA e Coxipó/Centro farão a ligação de
Curitiba: além da extensão da citada Linha Verde Sul, as obras na cidade preveem a
expansão do sistema existente e a construção de uma nova linha entre o aeroporto Afonso
Pena e a RodoFerroviária.
Fortaleza: a cidade contará com quatro linhas, todas ligando áreas importantes da cidade ao
Estádio Castelão.
Porto Alegre: o novo sistema BRT tem a extensão de 9,4 km ligando a zona sudeste ao
centro da cidade.
Recife: mais uma cidade que receberá a Copa do Mundo, e que deverá implantar o sistema
Leste-Oeste na ligação da importante via da cidade – Avenida Caxangá, com a região dos
Rio de Janeiro: cidade que mais se transformará com os novos sistemas de transportes. Serão
quatro linhas de BRT: TransOeste seguirá pela avenida das Américas, na Barra da Tijuca, até
Santa Cruz e Campo Grande por 56 km. TransCarioca seguirá da Barra da Tijuca até o
Aeroporto Tom Jobim, por 40 km. TransOlímpica seguirá pela Barra da Tijuca até Deodoro,
por 31 km, e TransBrasil pela avenida Brasil até a Av. Washington Luís (antiga Av. Dutra).
76
Figura 33 - Cidades do país com propostas, obras ou sistemas BRT já implantado.
77
4. O IMPACTO DO BRT NO BAIRRO
78
A ligação da Zona Oeste com toda a malha viária (Tabela 6) tornou-se mote de todas as
originadas em seus bairros com destino principalmente para ao Centro. Além de ser o centro
com as vias de entrada da região metropolitana, o sentido dos moradores do bairro está
direcionado ao Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, ainda que no trajeto novas
Pessoas/dia
MODAL
(x1000)
Barcas 59
Metrô 425
Trem 336
Ônibus 6350
Transporte
1500
Alternativo
(fonte: PortalGEO, 2013)
Um dos fatores de escolha para esse modal, mais do que apenas a oferta de trajetos, uma
vez que não é o melhor nem em conforto ou velocidade, se dá por diversos fatores, mas o que
natural de recursos, e o sistema BRT surge entre a miríade de novos sistemas de transportes
públicos, como a alternativa viável, dotada de um ação urbana que poucos modais possuem
em sua implantação. Porém, seu funcionamento pleno (Figura 34) depende de uma rede de
transportes que atenda, de maneira sistêmica, todos os niveis de deslocamento entre e intra
bairros, entenda-se o BRT como complemento a todos os demais sistemas rodoviários de uma
região.
79
Figura 34 - Evolução dos sistemas de transportes, mostrando a integração de diversas ações no BRT
de caos urbano, refletido no tráfego local, que é a manifestação latente que este crescimento
O deslocamento em um meio urbano é fato notório e realmente não pode ser evitado.
Sendo assim, tona-se crucial para o desempenho das funções sociais e econômicas em
sociedade de consumo, não se mostra mais como solução, e sim causa de crescimento das
envolvidos. Políticas inovadoras como a implantação do BRT, por seu discurso técnico
80
Rio de Janeiro não é diferente, e o atual momento de grande visibilidade se mostrou o
momento certo para implantar ações que possuam a qualidade de vida como objetivo, e o
Destaca-se das quatros vias com projetos e obras em curso na cidade, a TransCarioca por
sua extensão, e por ser a primeira a entrar em operação no meio urbano, ainda que de forma
incipiente, uma vez que a TransOeste já oferece sua operação de forma plena, com as estações
destaque frente aos outros três corredores viários, seja a função transformadora para os bairros
que as vias do bairro serão as primeiras de todo o trajeto a testar o sistema, ainda no segundo
drenagem, pavimentação e iluminação pública por vias que receberão o BRT e outras que
terão seu tráfego alterado. As obras alcançaram, nos primeiros meses de 2013, o Largo da
Taquara, centro do bairro com suas confluências de vias e serviços, criando uma desfiguração
81
Figura 35 - Obras em curso para implantação da TransCarioca
82
4.1 TransCarioca
Conhecida como o antigo corredor T-527, a TransCarioca tem o objetivo de ligar o Bairro
da Barra da Tijuca, com o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, e ao longo de seus
39km de extensão cortará 19 bairros da Zona Oeste e Zona Norte. Muitos bairros sofrem um
fenômeno de abandono semelhante e todos terão suas vias impactadas de forma intensa,
porém a escolha do bairro da Taquara se deu por sua história de intervenções que tiveram
relação com o tráfego, e pela condição atual do trânsito tornando-o sempre lembrado, e por
Governo Federal estimou o custo da obra em R$1.366.803.403,01, ao longo de seus toda sua
(Etapa 2 = 11km) beneficiando mais de 350 mil pessoas por dia. Sua configuração se divide
duplas28, simples29 e integração com os trens da SuperVia e do MetrôRio, tudo isso ao longo
instalação de 36 estações, sendo seis duplas e trinta simples contando ainda com dois
terminais (Alvorada, na Barra da Tijuca, e Penha). Já o segundo trecho cortará bairros da AP-
3, com previsão de oito estações – três duplas e cinco simples, e mais dois terminais (Estrada
27
Nome do corredor viário proposto por Jaime Lerner, durante a gestão do Prefeito Cesar Maia em 1996, que foi
usado como base para definição do trajeto da TransCarioca. Sua semelhança está na origem e destino do trecho 1
– Barra da Tijuca/Penha além de boa parte das vias do percurso.
28
Estações de maior porte, que receberão ônibus das linhas paradoras e expressas.
29
Estações de menor porte, que receberão ônibus apenas das linhas paradoras
83
A seguir, encontra-se a divisão dos bairros por Áreas de Planejamento – AP, com os
Carvalho, Vila Kosmos, Vila da Penha, Penha Circular e Penha. Trecho 2 – Olaria, Ramos,
84
O presente trabalho se limitará ao Trecho Barra/Penha, descrito no Relatório Ambiental
85
Lote 1: Terminal Alvorada, Avenida Ayrton Senna e Avenida Embaixador Abelardo
Lote 2: Estrada Coronel Pedro Correia e Estrada dos Bandeirantes. Extensão aproximada
Schering 6 .Comandante Guaranys 7. Gusmão Lobão 8. Merck 9. André Rocha 10. Largo da
Taquara.
86
Lote 3: Avenida Nelson Cardoso, Rua Cândido Benício, Rua Domingos Lopes, Rua
Guaxima e Viaduto Negrão de Lima. Extensão aproximada 7,5km. Um Mergulhão: Clara
Nunes e 10 Estações: 1. Marechal Bevilaqua 2. Praça Araci Cabral 3. Largo do Tanque 4.
Albano 5. Praça Seca 6. Capitão Menezes 7. Pinto Teles 8. Largo do Campinho 9. Madureira
e 10. Mercadão.
Lote 4: Avenida Ministro Edgard Romero, Avenida Vicente de Carvalho e Avenida Brás
de Pina. Extensão aproximada 8,5 km. Um Terminal: Penha e um Viaduto sobre a Linha 2 do
Metrô e 11 Estações: 1. Otaviano 2. Vila Queiroz 3. Largo de Vaz Lobo 4. Marambaia 5.
Vicente de Carvalho 6. Praça Aquidauana 7. Lafaiete 8. Pedro Taques 9. Praça do Carmo 10.
Guaporé 11. Cajá.
87
4.1.1 Itens Comparativos: Situação Atual x Situação Proposta
a ser implantado na cidade com maior impacto desse tipo de ação. Os dados atuais mostram
densa ocupação territorial restringiram as opções de definição do traçado, o que cria outro
limitador para essa redução. Além disso, privilegiou-se o respeito aos projetos de alinhamento
aprovados para as vias que sofrerão intervenção, a fim de utilizar áreas que já possuem
42), de cuja seleção resultou a opção adotada pela Estr. dos Bandeirantes/Av. Nelson Cardoso
e não mais pela Rua André Rocha, por apresentar melhores condições topográficas e por
atravessar área de maior concentração de pessoas, mostra apenas uma forma de mitigar esses
impactos.
88
bairros; fortalecer os centros de comércio e serviços existentes; e oferecer alternativas de
Reestruturação Urbana que está em curso e estuda revisões no traçado viário, que
Assim, o recorte se dará entre o que o RAS/INEA definiu como as futuras estações Merck
e Largo do Tanque. Entende-se inclusive que pelas análises do sítio realizadas por este
relatório, a definição clara de dimensão dessas estações, dado ao avanço das obras e pelo fato
desses dois pontos comportarem em sua extensão todas as atividades do bairro, que
89
compreende o trecho final da Estrada dos Bandeirantes e em toda a extensão da Avenida
Nelson Cardoso. Esta área é a parte final do Lote 2 e início do Lote 3, e as obras em curso
As seis estações deste trecho (Figura 43) servirão como pólo concentrador e incentivarão
residenciais e comerciais.
Figura 43 - Trecho a ser analisado, entre as futuras estações Merck, Estrada dos Bandeirantes e o Largo do
Tanque, na Avenida Nelson Cardoso.
Neste setor ocorre grande confluência das vias do sistema viário local, que se soma ao
intenso uso comercial e de serviços. O projeto foi mais detalhado para refinar a atenção às
condições locais no uso atual das calçadas definindo seu redimensionamento, levando em
plataforma elevada do calçamento para nivelar com o piso do ônibus, e sua arquitetura mais
90
Figura 44 – Modelo proposto para estação da TransCarioca.
Sua arquitetura precisaria ser tratada de maneira a integrá-las a paisagem de cada bairro
em questão, porém sua padronização ao longo de todo o trajeto lhe caracterizam como marcos
criando uma leitura de referência. À distância, elas serão facilmente identificadas, criando um
diferencial em seu entorno (Figura 45), servindo de elementos pontuais, singular com aspecto
único e memorável no contexto. Seus usuários precisarão se acostumar a esse novo elemento.
À medida que as pessoas utilizam mais esse marco, tomarão este mobiliário funcional como
91
Figura 45 – Vistas laterais das estações; a. dupla, linha expressa; b. simples, linha parador.
consideração a vocação de uma determinada área como um ponto nodal da região, um vértice
que funcione como ponto de convergência de pessoas por seu atrativo comercial. A
localização estratégica de uma área será intensificada com o surgimento da estação como
ponto nodal, importante foco para onde se vai e de onde se vem. Sua variação de escala
servirá como sua inerente atratividade já que sua função de parada de embarque e
estritamente comerciais. Sua dupla leitura de ponto nodal e marco torna a aceitação desse
O próprio veículo será outro elemento exótico ao contexto urbano, pois os ônibus simples
compartilharão à atenção com os BRT, ônibus articulados com uma dimensão superior aos
92
Figura 46 – Localização das estações e área de influência da intervenção.
O raio de influência direta das intervenções, a partir da implantação das estações foi
definido no presente estudo com 100m, ainda que as ações se estendem por áreas maiores, de
em rios e pontes, etc. Esse raio foi definido por sua circusncrição abrigar as transformações de
uso e ocupação do solo mais imediata e mais intensa, configurando um novo cenário e um
incremento urbano que pode ser benéfico a cidade, se os demais serviços acompanharem essa
eficiência.
93
4.1.2 Itens Comparativos: Demanda de Viagens x Oferta de Linhas
considerar todos os tipos de deslocamento espacial. A oferta, operação e uso dos sistemas de
transportes públicos são obrigações dos órgãos públicos. Em algum grau, outros atores como
outras esferas públicas que não a provedora do serviço e demais agentes privados, participam
por fatores diversos como condição social, interesse políticos, situação econômica e formação
cultural de seus usuários atuais e futuros, que variam de maneira significativa no tempo e
espaço.
26-27) devem ser analisados de maneira distinta da parte técnica, baseado em cálculo
numérico de demanda e oferta direta a esse número. Um escopo preliminar útil para esta
análise se divide em quatro objetivos: Objetivo 1: análise dos padrões de viagem, da estrutura
social e das condicionantes que afetam as decisões das pessoas; Objetivo 2: análise das
planejamento. Este último será aqui tratado para tentar perceber como a acessibilidade é
30
Disposição para se reconhecer imparcialmente o direito de cada um; equivalência ou igualdade; Segundo
Vasconcellos: conceito urbano distinto de igualdade que representa a mera equalização de oferta, ao contrário,
pressupõe a consideração de características específicas das pessoas (2003, p. 157).
94
A decisão de uso desse transporte em detrimento a outros modais existentes é de uma
subjetividade difícil de mensurar, ainda que se origine de ações racionais da percepção dessa
eficiência. Há, no entanto, fatores econômicos e culturais que podem e irão influir nessa
ações mobilizadoras em todas as camadas dos usuários do meio, sejam eles ligados ao
Diversas opções são tidas como funções de demanda e definir uma única dimensão do
processo de decisão do modal a ser utilizado pode se tornar um equívoco (NOVAES, 1986, p.
pode gerar ou coibir o deslocamento, principalmente àquele que não é ligado a função casa-
trabalho)
atuação e situações específicas que geram uma proposta viária possível para o deslocamento,
o que no momento atual culmina com a revisão dos transportes convencionais e a introdução
de um novo sistema de transportes (Figura 47). Ainda que os números mostrem um panorama
satisfatório à oferta de implantação do novo sistema, a médio prazo outros estudos apresentam
a saturação desse sistema e novos estudos deverão transcorrer ao longo de sua vida útil.
95
Figura 47 - Modelo sequencial de demandas de viagens
horário de maior concentração de fluxo, até 25.80031 passageiros por hora, em cada um de
seus sentidos (Barra da Tijuca-Penha e Penha-Barra da Tijuca). Para esse atendimento, linhas
secundárias que possuem hoje itinerários redundantes com o futuro BRT deverão ser
TransCarioca prevê, no primeiro ano de operação, a realização de 500 viagens nos dois
atual das linhas convencionais ao longo de todo o período de pico da manhã. Deste modo,
previsto no Corredor TransCarioca, pode-se prever que irão circular menos de 25% do
volume atual de ônibus (cerca de 2.000 viagens) e vans (cerca de outras 2.000 viagens) que
31
Esse número se mostra irreal quando reduzirmos o intervalo dos veículos para apenas 1min., alcançaríamos
somente 24.000 pessoas por hora, 12.000 por sentido.
96
4.2 O Impacto em Curso - Variáveis de Análise
É fato notório que a implantação de uma grande obra como a criação de um novo sistema
de transporte, que utilize faixas exclusivas segregadas da malha atual, causa impactos em
todos os níveis da cidade, seja no próprio sistema de tráfego como na relação de seus usuários
Quatro variáveis foram destacadas para hierarquizar os impactos mais relevantes que a
implantação da TransCarioca trará para o bairro da Taquara, ao longo das estações escolhidas
para esta análise. Pretende-se assim, criar comparativos que substanciem a execução em curso
e possíveis complementações próprias do sistema ou por iniciativas individuais por parte dos
impactados. As variáveis foram escolhidas por sua natureza perceptiva sob a ótica dos
de seus autores no meio urbano impactado por mudanças de grande proporção, como o caso
A análise da paisagem urbana de uma área da cidade pode se dar como uma sequência de
planos estáticos, como um quadro, pois não é apreendido de um ponto fixo e sim, vivenciada
movimento e o fluxo do transporte colaboram para sua fácil ou segmentada visualização, pois
entorno sob uma nova perspectiva. O conceito de paisagem urbana (CULLEN, 2006, pg. 14)
32
Leia-se aqui, marginal como sendo sua localização próxima às margens do corredor viário, ou seja, as
edificações próximas aos logradouros que receberão o sistema de BRT, sejam suas vias ou suas estações.
97
emaranhado de edifícios, ruas e espaços que constituem o ambiente urbano, possibilitando
elementos e jogos urbanos provocam impactos sensoriais. Grande parte do efeito de uma
cidade para seus usuários não decorre de uma cidade ideal no sentido de compreensão por
elementos de simetria absoluta ou uma malha regular. Não há imagem rápida que facilite a
mistério, frustração, choque, alegria denotam uma cidade que mais interage com seus
usuários. A idéia consiste em isolar e reconhecer em uma sequência esses planos estáticos a
partir das estações escolhidas (Figura 48) que são disposições esquemáticas e codificadas da
paisagem (DE WOLF, 1963, apud PANERAI, 2006, p. 36). Sua organização se dá por:
abertura/fechamento; convexidade/concavidade.
deferência/indiferença/competição.
Para definir mais precisamente os planos estáticos, a aplicação do desenho urbano a partir
das estações escolhidas será complementada com as descrições da visão da rua, desenvolvidas
98
Figura 48 – Sequência de planos estáticos a partir da localização de implantação das estações
99
O encadeamento desses planos proporciona as sequências para identificação de imagens
por níveis sucessivos de apropriação por parte dos usuários (Figuras 49-52). Esses níveis
podem ser divididos em Paisagem Imediata e o Território Percebido (PANERAI, 2006, p. 44).
Paisagem Imediata: constituída pela via e seus limites, analisada a partir das variações do
campo visual, dos elementos simbólicos (VENTURI, et. al, 2003, p. 31 e 100) e das
Território Percebido: limitado à própria via, com suas margens de projeto, construídas e
100
Figura 50 – Paisagem imediata e o território percebido, estação expressa Largo da Taquara.
Figura 51 – Paisagem imediata e o território percebido, estações Mal. José Bevilacqua e Praça Aracy Cabral.
101
Figura 52 – Paisagem imediata e o território percebido, estação expressa Largo do Tanque.
técnico, sua imagem é uma arte atemporal. A evolução da cidade é vivenciada em si mesmo, e
nos desdobramentos da vida de seus habitantes, que sempre irão se apropriar de seus
tem vastas associações com alguma parte de sua cidade e o cidadão faz parte desse cenário. A
cidade não é apenas um objeto percebido, ela pode ser estável por algum tempo mas está
102
4.2.2 Uso e Ocupação do Solo
uso e ocupação do solo com o transporte. Esses elementos são indissociáveis ligados
diretamente aos seus estudos individuais. Usualmente, uma série de componentes específicos
do solo e outro independente para descrever o transporte. A análise do uso do solo depende de
investimentos e são naturalmente mais impactantes em sua execução, mas com ganho real
103
A região do centro da Taquara já presenciou diversas ações em suas vias e mudança de
parâmetros edilícios que alteraram sua configuração de centro de bairro, tornando em certa
duas de suas vias principais – Estrada dos Bandeirantes e Avenida Nelson Cardoso,
Figura 54 - Desenvolvimento do comércio no entorno das vias Estd. dos Bandeirantes e Av. Nelson Cardoso
autonomia quando analisada sob a ótica de serviços e infraestrutura alocada em suas vias. Um
efeito migratório acontece de outros bairros da Zona Oeste com menor infraestrutura onde
seus moradores adquirem bens imóveis na região por ser viável e mais próximo
geograficamente aos bairros modelos como Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes que
muitos almejam.
104
4.2.3 Valorização Imobiliária
em muito os demais bairros da XVIª RA, Jacarepaguá (Tabela 7), e é consequência da força
econômica que sempre possuiu. Servindo como um polo de atração, seus inúmeros pontos
número de habitantes o coloca como segundo bairro com maior concentração absoluta de
habitantes e sua área oferece espaço para novos lançamentos (Tabela 8), uma vez que outras
Anil 1.599,00
Curicica 560,00
Freguesia (Jacarepaguá) 558,00
Gardênia Azul 237,00
Jacarepaguá 4.875,00
Pechincha 5.536,00
Praça Seca 7.224,00
Tanque 2.825,00
Taquara 8.877,00
Vila Valqueire 3.917,00
(fonte: IPP, 2013)
105
Tabela 8 - Número de Unidades Lançadas por Tipologia entre os bairros com maior expressão imobiliária.
* Não houve distinção entre os bairros da XVIª RA, Jacarepaguá, ainda sim, sabe-se que entre os que estão com maiores números de
lançamentos imobiliários residenciais e comerciais são Freguesia e Taquara.
** Total de todos os bairros do município que tiveram algum lançamento imobiliário de qualquer tipologia.
Segundo estudo do Portal VGV (2013), além dos tradicionais bairros de Ipanema e
Leblon, outros que têm maior potencial de valorização são Gávea, Jardim Botânico e Tijuca.
Barra e Jacarepaguá podem se valorizar, mas o estudo aponta que a condição para que isso se
concretize deverá ser o aumento nas opções de transporte ofertados, e isso só reforça o papel
106
4.2.4 Surgimento de Novos Polos Estratégicos
Em conceitos geoeconômicos, toda cidade é uma localidade central por suas atividades
econômicas a partir de uma perspectiva espacial. Um espaço não urbanizado possui sua
economia focada em suas bordas, em suas áreas de plantio. Já na cidade, espaços urbanizados
Para uma leitura clara do centro do bairro da Taquara foram utilizados quatro modelos,
ainda que em menor ou maior escala, eles se adequem ou não à condição do bairro em estudo.
São eles:
partir de estudos de Burgess33 que possui uma conformação de cidade diferente das
brasileiras, mas que ainda serve para avaliar as condições de moradias em áreas mais
próximas da oferta de transporte. Para ele, as áreas que possuem maior concentração de
centros de bairro. Utilizado para descrever a organização interna de uma área urbana ou
melhores condições de transportes se desenvolveriam voltadas para moradias das elites. Para
33
Ernest Watson Burgess, sociólogo americano, que na década de 1920 desenvolveu uma série de estudos para a
leitura da cidade a partir de círculos concêntricos que se afastam a partir dos centros econômicos de uma cidade.
Tal interpretação não considerava outras influencias importantes como o transporte, apenas condições básicas de
sobrevivência como a teoria evolucionista de Charles Darwin. Essa influencia alcançou o titulo de seus
postulados: Ecologia Humana.
107
O modelo é bem característico da região de outrora, antes das últimas intervenções: as
áreas residenciais se dividem em baixa renda, próximas ao centro do bairro, e a classe com
Figura 55 - Modelo de círculos de Hoyt aplicado à Taquara antes de intervenções como RioCidade.
108
O Modelo de Múltiplos Núcleos, criado por Harris e Ullman já se apropria da
necessidade (Figura 56) apresentando de maneira periférica prover aos moradores o que o
em importância, configurando a região como uma área de passagem e ligação com outros
109
Agora, pela requalificação urbana trazida pela obra em curso de implantação da
múltiplos núcleos não mais se aplicam a leitura do bairro, sendo relevante por sua nova
propensão a áreas de baixa renda e infraestrutura como favelas e comunidades tornam-se mais
útil do que esses defasados pelo tempo e por sua gênese americana.
estudo de áreas que possuía em sua natureza diferenciações econômicas e sociais, sempre com
o viés de infraestrutura como premissa (SOUZA, 2000, p.75). Esse modelo torna-se relevante
para avaliar as mudanças em curso no centro do bairro da Taquara e sua previsão após a
34
Sua etimologia advém da palavra de origem inglesa gentry que se traduz como burguês, entendido em seu
contexto como elitização da área. O uso deste termo tem origem na Inglaterra nos anos 60, evoluindo para novas
tendências urbanas, distanciando-se de seu padrão tradicional para abranger novas áreas de maior extensão,
chegando inclusive a observar-se no âmbito rural. Em síntese, descreve o processo de enobrecimento do espaço
urbano, podendo ser observado quando há intervenções urbanas que buscam a revitalização de áreas centrais de
grandes cidades e uma consequente valorização imobiliária.
110
Figura 57 - Modelo de Segregação Sócio-Espacial com a previsão da estrutura da Taquara após conclusão da
TransCarioca.
setores específicos da cidade, ainda que seguindo uma lógica radial como os modelos
anteriores. Esse modelo é mais adequado às cidades brasileiras, que proporcionam alternância
entre áreas de maneira intermitente, randomizada, e que distribui de maneira irregular a malha
urbana. Os bairros das camadas de mais alta renda tendem a se segregar numa mesma região
geral da cidade (VILLAÇA, 2001, p. 150), e o isolamento pretendido já perde força pelo
111
Figura 58 - Modelo de Segregação Metropolitana com a previsão da estrutura da Taquara após conclusão da
TransCarioca.
112
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Rio de Janeiro presencia mudanças significativas por seu compromisso com os grandes
jogos que aqui se realizarão e todo o aporte financeiro que os mesmo trazem em
a reorganização do espaço urbano que se estende por uma área de grande dimensão por toda a
cidade. Tal oportunidade só foi oferecida aos seus usuários no passado, durante intervenções
ocorridas grandes Planos ocorridos no inicio do século XX, e tentativas esparsas durante o
Plano Doxíadis. Assim como esta, outras intervenções nunca saíram do papel, ou se fizeram
atender uma parcela ínfima da população, nunca privilegiando a escala macro da cidade.
mundo, ainda que em números ínfimos, e eram desejadas pelos dependentes desse meio de
locomoção nas grandes cidades brasileiras, que economicamente já possuem há anos o status
de grande, mas possui esse item de infraestrutura com defasagem abissal frente às grandes
Sistemas alternativos que viabilizem sua implantação sempre surgiram como propostas
desde o século passado, mas só se tornaram realidade em 1974, na cidade de Curitiba com o
evolução e realizações em cidades díspares sob a ótica econômica e cultural, como México,
Bogotá, Ottawa e Inglaterra. Na esteira do cenário já citado como propício às novas propostas,
capitais brasileiras recebem esse sistema não mais como alternativo, mas como realizações de
quatro novos corredores viários dotados desse sistema estão em curso, e a TransCarioca se
mostra como a mais radical por seu trajeto em áreas consolidas e criação de uma nova ligação
transversal na cidade. Bairros com vocação para se tornarem pólos estratégicos ganham um
113
incentivo preponderante para que sua malha viária e o uso e ocupação do solo alcancem a
veículos intenso por abarcar todos os setores de uma economia capitalista. O trecho destacado
como objeto de estudo sofrerá transformações em sua paisagem que poderá descaracterizar
por completo o bairro, causando em último estágio seu esvaziamento mas a possibilidade
oposta é mais palpável, que esse sistema dotará a região de insumos qualitativos e
quantitativos para a população local. Há muito essa região foi berço das mais diferentes
configura como oportunidade sine qua non para as vias do bairro para redução do número de
linhas e melhoria no deslocamento intenso que corta a Avenida Nelson Cardoso e Estrada dos
Bandeirantes.
Na maioria dos casos, as metodologias adotadas não priorizam a análise das condições
um sistema em evolução, que serve como elemento estruturante de todos os sistemas atuais e
oriundos do atual momento. O impacto de implantação deve ser compreendido e digerido com
parcimônia, por sua originalidade e interferência no meio, para novas ações no meio urbano
inclinação diferenciada, veem o BRT como um sistema com vida útil já delimitada. O atual
expansão e aprimoramento, com avanços tecnológicos que ocupem as vias segregadas com
114
O que não se discute é que a oportunidade de implantação da TransCarioca, proporcional
a seu sucesso, não se alcançará sozinho. Ações complementares de BRS, transportes de menor
porte em vias coletoras ou secundarias, eixos temáticos e uma politica de uso do transporte
público não apenas para quem precisa do veiculo, mas de todos que precisam realizar o
Enfoques sociais e culturais aconteceram acerca dos benefícios trazidos pela introdução de
um novo sistema de transporte publico, abrindo a discussão de reformas mais amplas e mais
duradouras para todo o tipo de intervenção no meio urbano, uma vez que esse espaço é gerido
pelas esferas públicas, mas é de pleno uso e responsabilidade de valorização dos cidadãos.
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