Texto Sobre Trabalho
Texto Sobre Trabalho
Texto Sobre Trabalho
: Cilene Valente
O SENTIDO DO TRABALHO
Trabalho: De acordo com a definição do Dicionário do Pensamento Social do Século XX, trabalho é o esforço humano dotado de
um propósito e envolve a transformação da natureza através do dispêndio de capacidades físicas e mentais.
Emprego: É a relação, estável, e mais ou menos duradoura, que existe entre quem organiza o trabalho e quem realiza o
trabalho. É uma espécie de contrato no qual o possuidor dos meios de produção paga pelo trabalho de outros, que não são
possuidores do meio de produção.
No começo dos tempos, o trabalho era a luta constante para sobreviver (acepção bíblica). A necessidade de comer de se
abrigar, etc. era que determinava a necessidade de trabalhar. O avanço da agricultura, de seus instrumentos e ferramentas
trouxe progressos ao trabalho. O advento do arado representou uma das primeiras revoluções no mundo do trabalho. Mais
tarde, a Revolução Industrial viria a afetar também não só o valor e as formas de trabalho, como sua organização e até o
aparecimento de políticas sociais. A necessidade de organizar o trabalho, principalmente quando envolve muitas pessoas e ou
muitos instrumentos e muitos processos, criou a idéia do "emprego". Nos tempos primitivos, da Babilônia, do Egito, de Israel,
etc., havia o trabalho escravo e o trabalho livre; havia até o trabalho de artesãos e o trabalho de um rudimento de ciência, mas
não havia o emprego, tal como nós o compreendemos atualmente.
O LUGAR DO TRABALHO NA VIDA EM SOCIEDADE
O trabalho é essencial para o funcionamento das sociedades. O trabalho é responsável pela produção de alimentos e outros
produtos de consumo da sociedade. Sendo assim, sempre existirá o trabalho. O conceito, a classificação e o valor atribuído ao
trabalho são sempre questões culturais. Cada sociedade cria um conceito próprio, divide o trabalho em certas categorias e
atribui-lhe um determinado valor. Quando essas condições se alteram, o trabalho também se altera, seja pela forma como se
realiza (manual, mecânico, elétrico, eletrônico, etc.), seja pelos instrumentos-padrão que utiliza e assim por diante. Da mesma
forma, a sociedade e seus agentes também variam na forma como organizam, interpretam e valorizam o trabalho.
A forma como uma sociedade decide quem vai organizar o trabalho e quem o realizará; e a forma como o produto, a riqueza,
produzida pelo trabalho é distribuída entre os membros da sociedade, determina as divisões de classes sociais. O trabalho é,
talvez, o principal fator que determina a sociedade, suas estruturas e funcionamento; o inverso também é verdadeiro. Assim,
enquanto existir uma sociedade, existirá trabalho, pois aquela não pode existir sem esta (o mesmo pode não ser verdadeiro em
relação ao emprego).
Fica claro que compreender o trabalho e o emprego é importante em qualquer ocasião e época; mas é mais importante ainda
entender o trabalho quando a sociedade está em um processo de mudança, de revolução; pois o trabalho certamente será
influenciado e influenciará as mudanças e a sociedade. Faremos um estudo sobre o que está ocorrendo com o trabalho e os
empregos nesta revolução, que, supomos, seja inevitável, que se se vislumbra com o advento da sociedade da informação.
Os Clássicos e a concepção de Trabalho
Para Durkheim, o trabalho é um fato social presente em todos os tipos de sociedade, ou seja, o trabalho é algo que se impõe a
nós indivíduos, independente da nossa vontade. A divisão social do trabalho, para este autor, promove a coesão social e, por
isso, deve ser preservada. Para Durkheim (1858-1917) , os princípios da divisão do trabalho são mais morais do que econômicos.
São os fatores que unem os indivíduos numa sociedade, pois geram um sentimento de solidariedade entre aqueles que realizam
as mesmas funções. Outro fator importante é que este pensador analisava a sociedade como uma metáfora do corpo humano.
Nessa ideia, a divisão social do trabalho seria responsável por manter a harmonia deste sistema de órgãos que compõe o
organismo. Além disso, Émile afirmou que quanto maior e mais complexa for uma sociedade, maior será a divisão social do
trabalho presente na mesma. Para ele, é o crescimento populacional o responsável pela divisão do trabalho.
Para Karl Marx (1818-1883), a divisão do trabalho em especialidades produtivas gera uma hierarquia social na qual as classes
dominantes (burguesia) subjugam as classes dominadas, ao estabelecer as instituições legitimadoras e ao deter os meios de
produção. Essa dominação é tensa e gera um conflito chamado de "luta de classes". A classe trabalhadora, também chamada
de proletariado, perde o seu lugar de destaque e deixa de ser o objetivo final de sua própria produção. Isso se dá a partir do
momento em que há uma transição no modo de produção. Anteriormente, na manufatura e no artesanato, um trabalhador era
dono dos meios de produção e participava de todo o processo, desde a aquisição da matéria-prima até a venda do produto final.
Deste modo, tinha total consciência sobre valor agregado por seu trabalho, que corresponde ao valor do produto final
subtraindo o valor dos custos de produção. Na manufatura e no artesanato, o trabalhador utiliza a ferramenta; na fábrica, ele é
um servo da máquina. Alienação (Marx, em O Capital) A partir da revolução industrial, o trabalhador é alienado dos meios de
produção, que passam a ser propriedade de um pequeno grupo (a burguesia). O trabalhador passa a ser precificado e
compreendido como mais um custo dentro do processo produtivo, um análogo às máquinas e ferramentas. Esse pensamento, é
responsável pela desumanização do trabalhador e a origem do trabalho alienado.
Max Weber (1864-1920) defendia que a sociedade, mesmo sendo composta de partes, pode ser afetada pelas ações individuais.
Além disso, percebeu uma nítida diferença entre a divisão social do trabalho entre Católicos e Protestantes. Os protestantes
eram austeros e valorizavam o trabalho, além de possuírem uma doutrina religiosa mais alinhada ao Capitalismo. Isso culminou
na tendência ao empreendedorismo, típica nas sociedades protestantes. Outro fator primordial em Weber é sua visão da
Burocracia enquanto modo racional da divisão do trabalho. Nela, os cargos ocupados por um burocrata com funções e
atribuições específicas, são subordinadas a outro cargo mais elevado, onde se dá a distinção social no trabalho. Além disso, a
burocracia notoriamente auxilia a classe dominante ao estabelecer a divisão do trabalho entre dominantes e dominados.
Fonte: Araújo, Silvia Maria de Sociologia : volume único : ensino médio / Silvia Maria de Araújo, Maria Aparecida Bridi, Benilde Lenzi Motim. -- 2. ed. -- São Paulo : Scipione, 2016.