Benedit. Normalizacao

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Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Economia e Gestão


Curso de Licenciatura Em Contabilidade e Auditoria

Normalização contabilistica Moçambicana

Benedito Mussagy

Pemba, Agosto 2022


Universidade Aberta ISCED
Faculdade de Economia e Gestão
Curso de Licenciatura Em Contabilidade e Auditoria

Normalização contabilistica Moçambicana

Trabalho de carácter avaliativo do Curso de


Licenciatura Em Contabilidade e Auditoria da
UnISCED, recomendado pela Coordenação:
Tutorres: A nselmo Rodrigues e Emilia canhaua

Benedito Mussagy

Pemba, Agosto 2022


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Índice
Introdução ................................................................................................ ……………….4

Evolução Sistemas Contabilísticos Internacionais ................................................................. 5

A relação entre a Harmonização e a Normalização ............................................................... 6

Normalização Internacional da Contabilidade ....................................................................... 6

Etapas da Normalização Internacional da Contabilidade ....................................................... 7

Normalização da Contabilidade em Moçambique ............................................................ 7

A adopção de Normas Internacionais para Relato Financeiro ........................................... 8

Classificação do Sistema Contabilístico em Moçambique. .............................................. 8

Ativos biológicos .................................................................................................................. 10

Conclusão........................................................................................................................ 12

Referências Bibliográfica................................................................................................ 13
4

Introdução

Neste trabalho, vai se falar na normalização contabilística Mocambicana. Desta forma,


investigação em harmonização de sistema contabilístico internacional tem ganhado grande
relevância nos últimos anos devido ao fenómeno da globalização dos mercados e consequente
internacionalização dos negócios. Esta crescente globalização dos mercados, a complexidade
das transações comerciais das empresas e a concentração de negócios num ambiente de
concorrência internacional levam à necessidade de captação de fundos junto de investidores
diversificados. Neste processo, os mercados de capitais desempenham um papel fundamental
satisfazendo, de alguma forma, as necessidades de obtenção desses fundos e apelando à
participação de uma multiplicidade de agentes. Este fenómeno de globalização dos mercados
financeiros impôs uma discussão profunda em torno da necessidade de harmonização
internacional.

Neste contexto, o principal objetivo deste trabalho consistirá em analisar todo o sistema
contabilístico internacional, centrando-se no caso de Moçambique:

Para atingir este objectivo foi efectuada uma análise descritiva dos normativos. Foram ainda
recolhidos dados secundários provenientes de alguns estudos/obras publicados.
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Sistemas Contabilísticos Internacionais

Desde esses primórdios tempos da contabilidade até aos nossos dias muito mudou. Hoje em
dia é comum falar em sistema contabilístico e, segundo Ângulo e Tua Pereda (1988) a
definição desse sistema contabilístico deverá ser válida para que, através de uma orientação
comparativa, possa evidenciar as diferenças existentes no âmbito contabilístico a nível
internacional.

Por outro lado, Jarne (1997) define o sistema contabilístico como “ os conceitos subjacentes,
princípios gerais e práticas específicas de um dado pais”, enquanto Benau e Miralles (1995) o
definem como o “conjunto de princípios, normas e práticas que orientam o fornecimento de
informação financeira, num âmbito especial e temporal dado”.

Da tentativa de definição do sistema contabilístico julgam-se evidentes alguns aspectos que


Jarne (1997) sistematiza da seguinte forma:

Elementos próprios do sistema contabilísticos – Definidos como factores intrínsecos ao


sistema e que podem ser entendidos como todo o corpo conceptual que estrutura o sistema;

Influência do exterior – entendidos como a envolvente do sistema que, de acordo com as


suas características próprias, acaba por influenciar a edificação do sistema;

Estruturação do todo – o próprio sistema enquanto resultado da interação dos aspectos


anteriores;

Objetivo do sistema contabilístico - que, pela sua edificação, visa, essencialmente, a


satisfação das necessidades de informação dos diferentes utentes do próprio sistema, quer
interno quer externo.

Evolução Sistemas Contabilísticos Internacionais

Origem da normalização internacional da contabilidade

A internacionalização da economia é, segundo Hoarau (1995), um fenómeno antigo, ao passo


que a harmonização contabilística é umas preocupações recentes. O movimento para a
integração das economias nacionais começou no século XVI, assumindo uma maior
preponderância no século XIX. O estádio seguinte de desenvolvimento ocorreu após a 2ª
Guerra mundial, com a criação do GATT.
6

De acordo com Tua (2000), o inicio da harmonização internacional da informação financeira


começa a gerar-se nos Congressos Mundiais de profissionais de contabilidade, tendo o
primeiro sido realizado em 1904 em San Louis, nos EUA, e celebrados regularmente, de cinco
em cinco anos, desde então. É, no entanto, em meados do século XX que se situa a origem do
processo de harmonização.

A relação entre a Harmonização e a Normalização

Tanto a harmonização como a normalização pressupõem a redução da diversidade


contabilística.

A harmonização contabilística pode definir-se como um processo de aumento de


comparabilidade das práticas contabilísticas estabelecendo-se limites ao seu grau de variação.
Contrariamente quando falamos de normalização significa que uma única norma ou regra se
aplica a todas as situações.

Normalização Internacional da Contabilidade

A origem da normalização internacional da contabilidade esta inserida no contexto da


globalização da economia mundial, principalmente, em termos da captação de recursos
internacionais como consequência da redução das barreiras comerciais entre as nações.

A informação contabilística se tornou ainda mais importante para tomada de decisões de


investidores e para gestão dos administradores. As normas internacionais de contabilidade
surgem como a necessidade das empresas multinacionais de poder compararem a informação
financeira a nível internacional, por causas de:

 Diferenças de registo e/ou tratamento de dados que dependência da origem e


causando sobremaneira impactos diferentes na avaliação dos activos pelo método
de valor ajustado ( fair value);
 Fusões, incorporação e aquisições das Multinacionais em relação às empresasdos
países investidos; e
 Transparência, confiança e relevância com as Demonstrações Financeiras junto
dos accionistas e instituições financeiras.
 De facto a vertente privada ou Professional desempenhou um papel relevante no
processo de desenvolvimento das normas internacionais de contabilidade.

De entre as instituições privadas que se destacaram foram:


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 A international Accounting Standards Board (IASB), fundado em 1973, por


dezasseis organismos contabilísticos profissionais de noves países, cuja
organização tem vindo a evidenciar-se até nos dias de hoje na elaboração de
normas das normas internacionais de contabilidade. A função deste organismo foi
de formular e publicar, no interesse público, normas de contabilidade que possam
ser utilizadas na apresentação das demonstrações financeiras, e promover a sua
observância e aceitação mundial.
 A International Federation of Accountants (IFAC) fundada em 1977 e no ano de
1982 contribuiu com a criação das normas internacionais de auditoria, onde se
encontra entre vários assuntos, a ética dos auditores.

Etapas da Normalização Internacional da Contabilidade

A normalização internacional da contabilidade foi efectuada em três etapas, seguintes:

A primeira fase durou desde 1973 até 1989 a qual foi considerada como antagónica,
“período adormecido e flexível” em virtude desta fase descritiva, em que foram emitidas 26
normas que incluíam, para quase os temas abordados, duas ou mais alternativas aceitáveis de
contabilização, razão pela qual esta fase foi caracterizada pela elevada flexibilidade, isto é,
um pais usava as normas do IASB também podia usar as suas normas internas para registo de
uma transacção quando julgasse conveniente.

A segunda fase vigorou de 1989 a 1995 que foi apelidada como o “período normativo” pelo
facto de ser neste período em que foi criada a estrutura conceptual para a preparação e
apresentação das demonstrações financeiras, isto é, foi introduzidos modelos que deviam ser
adoptados para apresentação de informação contabilística, oferecendo assim uma base para a
redução de formas diferenciadas de tratamentos contabilísticos alternativos que outrora
permitidos. Começa-se aqui, a elaboração de normas que substituem as anteriores.

A terceira fase decorreu de 1995 a 2001, que foi apontada como o ”período de
reestruturação” foi caracterizada pela reelaboração de algumas normas existentes com
objectivo de tratar aspectos insuficientes nas normas anteriores, como o caso de investimentos
financeiros, despesas de investigação e de desenvolvimento, leasing, valores imobiliários, etc.

Normalização da Contabilidade em Moçambique


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A Resolução de n.13/84 que aprovava o primeiro Plano Geral de Contabilidade de


Moçambique independente de facto foi um instrumento para elaboração das demonstrações
financeiras do sector privado nacional. Este PGC que foi herdado do anterior que vigorou no
tempo colonial e alguns anos depois da independência do nosso país era limitado, quer dizer
que o Plano Geral de Contabilidade continha a listagem de contas, nomenclaturas e a
modalidade (explicação resumida sobre a movimentação de algumas contas). Portanto, não se
tinha Princípios de Contabilidade Geralmente Aceites (GAAP) no entanto como normas
nacionais de contabilidade e leis que debruçam de forma aprofundada os assuntos das
demonstrações financeiras, nem as Normas Internacionais de Contabilidade (NICs).

A adopção de Normas Internacionais para Relato Financeiro

Moçambique tratando-se de um país com a economia em crescimento decorrente da entrada


de investimentos directos estrangeiros não estaria fora dos efeitos de globalização
contabilística. O exemplo disso, nota-se a presença a partir da metade da década noventa de
grandes empresas estrangeiras no ramo de contabilidade e Auditoria que de certo modo
contribuíram com as novas técnicas de elaboração das demonstrações financeiras como o
caso da KPMG, Ernest & Young, Deloitte e Price water house Coopers que entraram no
mercado moçambicano como culminar da presença das primeiras multinacionais Coca-cola,
Mozal, etc.

A adopção do novo Plano Geral de Contabilidade - Normas Internacionais para Relato


Financeiro (PGC-NIRF) tem por objectivo, de um lado acomodar a necessidade da
comparabilidade e transparência das demonstrações financeiras das grandes e médias
empresas nacionais com as estrangeiras, por outro permitir o relato uniformizado das
demonstrações financeiras das multinacionais em relação à informação contabilística dos
países de origem.

Classificação do Sistema Contabilístico em Moçambique.

Pelo Decreto 70/2009 de 22 de Dezembro foi aprovado o novo Sistema de Contabilidade para
o Sector Empresarial em Moçambique, abreviadamente designado por SCE.

O SCE é um modelo de normalização contabilística assente em princípios e regras baseadas


nas Normas Internacionais de Relato Financeiro (NIRF), subordinado a uma estrutura
conceptual com vista à comparação e compreensão das informações e dados recolhidos pelas
entidades que adoptem as normas quer estas entidades sejam nacionais ou estrangeiras. A
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contabilidade como processo de recolha, registo e interpretação de todas as transacções


efectuadas pelas entidades constitui a base de informação tanto para a gestão como para todos
os agentes económicos.

A normalização contabilística tem objectivos bem definidos assentes na definição de regras


de mensuração (formas de quantificar os elementos das demonstrações financeiras) e de
reconhecimento (determinação dos elementos que devem constar das demonstrações
financeiras), contribuindo para uma melhoria qualitativa e do nível de transparência da
contabilidade das empresas.

Na implementação do novo modelo de normalização o SCE distingue dois grandes grupos de


empresas com diferentes níveis de complexidade:

 As empresas de grande e média dimensão, subordinadas à aplicação do PGC -


NIRF, e
 As pequenas e demais empresas que se encontram abrangidas pelo âmbito de
aplicação do PGC aprovado pelo Decreto 36/2006 de 25 de Julho, subordinadas à
aplicação do PGC – PE.

O PGC - PE é de aplicação obrigatória para todas as entidades abrangidas pelo âmbito de


implementação do antigo PGC aprovado pelo Decreto n º 36/2006 de 25 de Julho, que
sejam sociedades comerciais de qualquer um dos tipos previstos no Código Comercial e
que se enquadrem, com base nas suas demonstrações financeiras anuais individuais, num
dos seguintes limites:

 Total de proveitos e ganhos inferior a 500 milhões de Meticais;


 Total do activo líquido inferior a 500 milhões Meticais; ou
 Número médio anual inferior a 250 trabalhadores.

O PGC - PE não é aplicável às seguintes entidades:

 As empresas públicas ou empresas de capitais maioritariamente públicos;


 As sociedades cujos títulos estejam cotados na Bolsa de Valores de
Moçambique ou aquelas cujos títulos estejam cotados em qualquer outra
bolsa de valores, desde que estas tenham a sua sede em Moçambique;
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 Instituições e empresas dos sectores bancários e de seguros sujeitas aos


Planos de Contas para as actividades bancárias e seguradora, nos termos da
respectiva legislação.

Ativos biológicos

A conta de activos biológicos cobre tudo que nasce, cresce e morre, abrangendo uma gama
diversificada de actividades como a pecuária, silvicultura, culturas anuais ou perenes, cultivo
de pomares e plantações, viveiros e aquacultura (incluindo criação de peixes).

Os activos biológicos são registados pelo valor realizável líquido deduzido da margem normal
de lucro, em vez de usar o sistema de imputação de custos de produção. Como esses bens
estão sujeitos à transformação biológica, que inclui os processos de crescimento, degeneração,
produção e procriação que causam alterações qualitativas e quantitativas no activo biológico
ao longo do tempo, deve ser constantemente avaliada. Note-se que pode haver ajustamentos
negativos devido a mudanças nos preços de mercado.

Ajustamentos para o valor realizável líquido - Destina-se a registar as diferenças relativas


ao custo de aquisição ou de produção, decorrentes da aplicação dos critérios de mensuração
dos inventários. Credita-se, por contrapartida da conta 6.4.1 – Ajustamentos do período e
Debita-se, pela sua anulação ou reposição, por contrapartida da conta 7.4.1.1 – Reversões do
período, quando tenha decorrido mais do que um exercício desde a data da sua constituição.

Activos tangíveis de investimento – é a propriedade (imóvel ou parte de um edifício ou de


ambos), detida pelo proprietário ou pelo locatário sob uma locação financeira para obter
rendas ou para valorização do capital ou ambos. Exemplos de propriedades de investimento:
edifícios locados sob a forma de locação operacional, edifícios para férias detidos para serem
locados segundo uma locação operacional ou propriedade que está sendo construída ou
desenvolvida para uso futuro como propriedade de investimento.

Ajustamentos de investimentos financeiros – Destina-se a registar a diferença entre o custo


dos investimentos financeiros e o correspondente preço de mercado, quando este for inferior
àquele. Credita-se por contrapartida da conta 6.4. 2 – Ajustamentos do período e Debita-se
por contrapartida da conta 7.4.1.2 – Reversões do período, quando ocorrer a sua redução ou
anulação.
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Ajustamentos de contas a receber – Destinam-se a registar os riscos que possam vir a


ocorrer relativamente aos créditos da empresa sobre terceiros. Credita-se por contrapartida das
contas 6.4.4 - Ajustamentos do período e Debita-se por contrapartida da conta 7.4.1.4 -
Reversões do período, se a reposição ou anulação tiver lugar em exercício diferente do da sua
constituição, ou das contas em que tiverem sido consideradas como gastos se a anulação ou
reposição ocorrer no mesmo período.
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Conclusão

Em suma, pode-se concluir que o sistema contabilístico resulta de um conjunto de fatores que
fazem com que este seja fruto da envolvente onde se enquadra. Se bem que, no que diz
respeito aos factores intrínsecos , o sistema contabilístico sofre grande influência da
normalização e harmonização, fenómeno associado à globalização, a influência que este sofre
do exterior e de todos os que dele pretendem obter informação, faz com que esse sistema
possa adaptar-se ao tipo de organização que o utiliza, influenciando-a e sendo influenciado
por ela.

Portanto observa-se que o grande desafio da profissão contábil, no século XXI, será a
harmonização das normas contábeis, em face da globalização da economia e dos negócios
internacionais, fenômeno que caminha rápido e já preocupa os contadores da atualidade. A
mundialização empresarial faz com que as empresas deixem de ser apenas nacionais, para se
tornarem transnacionais, ou globalizadas, fato que exige a harmonização de normas em todo o
mundo, para que se possa consolidar seus balanços e facilitar o entendimento. A globalização
da economia já evidencia, direciona a contabilidade como um único denominador comum
para mensurar as atividades econômicas. É a Contabilidade que irá trazer a homogeneidade
universal no tratamento, registros e divulgação de fatos contábeis de uma mesma natureza. A
harmonização das normas contábeis é, portanto, necessária e inevitável, estando já em pleno
processo de realização, em âmbitos regionais e internacionais. Por outro lado, pode-se afirmar
que as normas contábeis são regras consensuais e compulsórias, ou guias de orientação para
registros e demonstrações contábeis, e que o respeito aos Princípios Fundamentais de
Contabilidade é básico para fixar essas normas, principalmente quando se pensa em sua
harmonização. É provável que a harmonização plena não seja fácil, devido às diferenças
culturais e econômicas entre países, podendo algumas discrepâncias ser até toleradas.
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Referências Bibliográfica

Angulo, J.A.G. e Tua Pereda, J. (1988): “Introducción a la Contabilidad Internacional”,


Instituto de Planificación Contable . Madrid.

Decreto nº 36/2006, de 21 de Setembro Aprova o actual Plano Geral de Contas – Plano Geral
de Contabilidade (PGC)

Decreto nº 70/2009, de 22 de Dezembro Aprova o actual Plano Geral de Contas - Plano Geral
de Contabilidade (PGC - PE)

Deloitte. (2008). Implementation of the IAS Regulation (1606/2002) in the EU and EEA.
Disponível em«http://ec.europa.eu/internal_market/accounting/docs/ias/ias-use-of-
options_en.pdf». Acedido em 11 Junho 200

Hoarau Christian, (1995). “International accounting harmonization American hegemony or


mutual recognition with benchmarks?”. The European Accounting Review , nº4 (2), pp.217-
233

Jarne Jarne, J. (1997). “Clasificacion y Evolucion Internacional de los Sistemas Contables”.


Madrid: Monografıas AECA

Rodrigues, João – SNC– Sistema de Normalização Contabilística explicado – Porto Editora -


Porto, Outubro 2009

Rodrigues, João – SNC– Sistema de Normalização Contabilística explicado – Porto Editora -


Porto, Outubro 2009

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