Isaías o Profeta Mesiânico - 24.03.28

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Rev.

André Arêa Página | 1

ESTUDO BÍBLICO
Rev. André Arêa

Data: 29/02/24
Local: IP Mutuaguaçu
*Tema:* _O julgamento divino: fardos para as nações - Etiópia_
*Texto Bíblico:* _Is 18.1-7_
LEITURA BÍBLICA
Isaías 18.1-7
1
Ai da terra onde há o roçar de muitas asas de
insetos, que está além dos rios da Etiópia;
2
que envia embaixadores por mar em navios de
papiro sobre as águas, dizendo: Ide, mensageiros
velozes, a uma nação de homens altos e de pele
brunida, a um povo terrível, de perto e de longe; a
uma nação poderosa e esmagadora, cuja terra os rios
dividem.
3
Vós, todos os habitantes do mundo, e vós, os
moradores da terra, quando se arvorar a bandeira nos
montes, olhai; e, quando se tocar a trombeta,
escutai.
4
Porque assim me disse o SENHOR: Olhando da minha
morada, estarei calmo como o ardor quieto do sol
resplandecente, como a nuvem do orvalho no calor da
sega.
5
Porque antes da vindima, caída já a flor, e quando
as uvas amadurecem, então, podará os sarmentos
com a foice e cortará os ramos que se estendem.
6
Serão deixados juntos às aves dos montes e aos
animais da terra; sobre eles veranearão as aves de
rapina, e todos os animais da terra passarão o
inverno sobre eles.
7
Naquele tempo, será levado um presente ao SENHOR
dos Exércitos por um povo de homens altos e de pele
brunida, povo terrível, de perto e de longe; por uma
nação poderosa e esmagadora, cuja terra os rios
dividem, ao lugar do nome do SENHOR dos Exércitos,
ao monte Sião.1

1
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 18.1–7.
Rev. André Arêa Página | 2

INTRODUÇÃO
O capítulo 18 de Isaías deve ser lido e estudado como sequência de
Is 17.12-14.
Nestes versos vimos que Isaías dirigiu sua profecia às nações que
“...rugem como rugem as impetuosas águas!”2 (v.12). Mas, todo o
furor das nações seria refreado e repreendido por Deus como podemos
ver no verso 13: “Rugirão as nações, como rugem as muitas águas, mas
Deus as repreenderá, e fugirão para longe; serão afugentadas como a
palha dos montes diante do vento e como pó levado pelo tufão.”3
Tudo isso era o “...quinhão...”4 (a parte que cabia) aos que
haviam despojado o povo de Deus.

I. O julgamento divino: fardos para as nações (13.1 – 14.27)


A. Etiópia, 18.1-7
De início é importante entendermos que este texto não é uma
sentença, um julgamento contra a Etiópia.
O que se vê aqui é justamente o contrário. Deus está chamando os
etíopes para serem os portadores da notícia do Seu julgamento contra
as nações que se levantaram contra Judá.
Dessa forma o capítulo 18 é a transição, a preparação para a
mensagem dos cap. 19 e 20, que falam contra o Egito. Deus não
permitiria que a maldade dessas nações fosse além das medidas. É
disso que trata este capítulo.

a. v.1
“...o roçar de muitas asas de insetos, que está além dos rios da
Etiópia”5.
O que seriam essas “...asas de insetos...”?6 Há três interpretações:
1.º. É uma referência aos insetos da terra da Etiópia;

2
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 17.12.
3
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 17.13.
4
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 17.14.
5
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 18.1.
6
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 18.1.
Rev. André Arêa Página | 3

2.º. A expressar “...roçar de muitas asas...”7, que no hebraico tem o


sentido de “sibilante”, “zumbido”, também pode ser traduzida
por “sombra”, e pelo fato da Etiópia estar na linha do Equador,
dependendo da época do ano a sombra pode pender para o norte
ou para o sul;
3.º. A LXX (tradução do Antigo Testamento para o idioma grego)
identifica a frase como sendo uma figura que aponta para os
navios da Etiópia, que por causa da forma como eram construídos
eram muito velozes. As velas desses navios esvoaçavam ao vento
como asas de insetos.

As duas primeiras interpretações não fariam nenhum sentido para


os primeiros ouvintes de Isaías.
A terceira, porém, faria todo sentido, especialmente quando
lemos o v. 2: “que envia embaixadores por mar em navios de papiro
sobre as águas, dizendo: Ide, mensageiros velozes, a uma nação de
homens altos e de pele brunida, a um povo terrível, de perto e de
longe; a uma nação poderosa e esmagadora, cuja terra os rios
dividem.”8
Constatamos que os navios dos etíopes singrariam os rios com
tamanha velocidade portando a notícia do SENHOR Deus aos povos.
Um fato histórico importante que merece consideração aqui é que
mais ou menos em 715 a.C., teve início uma nova dinastia no governo
egípcio, a saber, a 25ª dinastia a qual era nubiana (Núbia) ou cusita
(outro nome na Bíblia para a Etiópia).
Ao que tudo indica esses governantes enviaram mensageiros à
terra de Judá, Filístia e Moabe para incitá-los à revolta contra a Assíria
que gerou o ataque de Sargão II contra a Filístia em 711 a.C. Isaías
tomou esse fato como exemplo para aplicá-lo em sua profecia9.

b. v.2
“...Ide, mensageiros velozes, a uma nação de homens altos e de pele
brunida...”.10

7
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 18.1.
8
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 18.2.
9
9 Cf. OSWALT, 2011, p.441.
10
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 18.2.
Rev. André Arêa Página | 4

Neste verso vemos que Deus através de Isaías desperta os núbios


(etíopes) para levarem Sua mensagem aos poderosos assírios, que se
gabavam de sua força.
Mensageiros velozes são convocados dos confins da terra e
enviados a este povo que era tido como o mais poderoso, o qual em
toda a sua arrogância e prepotência não passava de poeira para os pés
do SENHOR Deus de Israel.
Uma nota importante aqui é que uns 50 anos antes Deus mandara
outro profeta para pregar em Nínive, a saber, o profeta Jonas.
E toda a cidade, que era a capital da Assíria converteu-se ao
SENHOR Deus. Pouco tempo depois, uma ou duas gerações, e os
assírios voltaram à sua arrogância e pecado.

c. v.3
“...quando se arvorar a bandeira nos montes, olhai; e, quando se
tocar a trombeta, escutai”.11
Todas as nações são chamadas a testemunhar o que Deus haveria
de fazer contra a Assíria. Os sinais que aqui seriam emitidos eram para
alertar o mundo para preparar-se para perceber a ação de Deus na
História. É a mão de Deus que move o universo e o coração humano12.

d. v.4-6
“...estarei calmo como o ardor quieto do sol resplandecente, como a
nuvem do orvalho no calor da sega”.13
O tom aqui é de certa decepção quanto ao agir de Deus. O que
Deus está dizendo aqui nestes versos? Para aqueles que esperavam
sinais, prodígios, maravilhas da parte de Deus contra os inimigos, a
resposta de Deus foi: “Eu não agirei conforme vocês esperam. Eu
agirei como eu julgar que devo agir”.
Lembra-nos aqui o ocorrido com Elias à porta da caverna em 1Re
19.12: “depois do terremoto, um fogo, mas o SENHOR não estava no
fogo; e, depois do fogo, um cicio tranquilo e suave.”14

11
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 18.3.
12
10 Ibid, p.441.
13
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 18.1–7.
14
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), 1Rs 19.12.
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Deus não estava no vento que fendia os montes e as rochas, não


estava no terremoto e nem no fogo que a tudo consumia. Deus estava
no “cicio tranquilo” e do meio deste Ele falou com Elias. É justamente
isso que Isaías vem nos lembrar aqui.
Deus não viria com fogo abrasador dos céus contra os ímpios, mas,
sim, como um calor calmoso e escaldante, que extenua e faz
desfalecer.
O v.4 soa estranho a todo o contexto. Deus chama mensageiros
velozes de terras distantes (v.2), convoca as nações para a batalha e a
ficarem de prontidão para a guerra (v.3), e então quando é hora Dele
agir, o que se vê é uma calmaria.
Para nós isso parece não fazer menor sentido. Mas, imaginemo-nos
no lugar dos assírios cujos exércitos metiam medo em todas as nações.
De repente o Inimigo (Deus) que vem de encontro aos nossos exércitos,
em vez de estampar medo em Seu rosto, estampa calmaria e
tranquilidade.
Nada pode ser mais desesperador para um inimigo quando este
olha para o seu adversário e o vê calmo e tranquilo. Isso é sinal de que
ele será totalmente destruído. Ainda dentro desse pensamento, vale
lembrar que o anticristo será destruído com o sopro da boca de Jesus
conforme 2Tm 2.8: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre
os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho;”15.
Todos os inimigos de Deus, por mais armados e poderosos que
sejam o simples olhar, o simples soprar de Deus os destrói. O v.6
descreve a cena de destruição dos inimigos de Deus.
e. v.7
“...será levado um presente ao SENHOR dos Exércitos por um povo
de homens altos e de pele brunida, povo terrível, de perto e de
longe...”.16
De que adiantaria toda a sua aparência amedrontadora dos
assírios? Com toda a sua força e arrogância, no final tiveram de prestar
tributos ao Único e Verdadeiro Deus.
Chegaria o dia em que este poderoso povo viria a Jerusalém para
adorar a Deus e reconhecê-Lo em Sua grandeza. John Oswalt

15
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), 2Tm 2.8.
16
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 18.7.
Rev. André Arêa Página | 6

comentando esse verso diz17: “Desde então, quão frequentemente


sucede isso ao longo dos séculos. Quantos monarcas mundiais têm
vindo ao que realmente não passado vestígio de uma grande cidade
dos abatidos nas colinas da Judéia, e ali dobram seus joelhos em
memória e honra a um Rei que não usa coroa!”

Para Pensarmos e Praticarmos


1) Memória curta resulta em apostasia que por sua vez resulta em
castigo. Nínive nos dias de Jonas converteu-se ao Senhor Deus. Em
uma ou duas gerações se esqueceu de Deus e se apostatou da fé.
Nos dias de Isaías veio o anúncio do castigo de Deus contra os
assírios, fato este que se deu uns 100 anos depois, quando em 612
a.C. a Babilônia subjulgou a Assíria.
2) O agir de Deus não depende das nossas expectativas e desejos,
mas, sim, da vontade soberana de Deus. Eles esperavam que Deus
fosse realizar prodigiosos atos de libertação destruindo os assírios.
Deus respondeu que faria tudo do jeito Dele. Em nossos dias quando
muitos têm ensinado coisas tão absurdas como “pôr Deus contra a
parede”, “pressionar Deus a agir, porque afinal, Ele prometeu”,
essa passagem do livro de Isaías vem nos mostrar que quem é o
Senhor é Ele e não nós.
3) Todos renderão tributos a Deus, até os mais ímpios dos seres
humanos e seres espirituais. Há somente um que é digno de receber
toda honra e glória, e este é o Senhor Deus. Toda a honra e toda a
glória, isto é, os tributos de todos os seres, de toda a Criação.
Todos O reconhecerão como Deus Absoluto e Eterno.

17
OSWALT, 2011, p.443.

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