Redações Nota mil-ENEM 2019
Redações Nota mil-ENEM 2019
Redações Nota mil-ENEM 2019
MIL A
!!!
ANA CLARA SOCHA
De acordo com Cláudio Mazzili, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
vivemos em uma sociedade classista e hierarquizada em função do capital, na qual se
instaura a lógica da discriminação e não a desejada inclusão social. Esse pensamento
permite estabelecer um paralelo com a precária democratização do acesso ao cinema no
Brasil, uma vez que essa importante fonte cultural está, majoritariamente, concentrada em
zonas de alto poder aquisitivo. Entretanto, se usada de forma a auxiliar na democratização
cultural — principalmente nas zonas periféricas —, o cinema pode ser uma importante
ferramenta no avanço educacional do país.
Deve-se pontuar, de início, que o Brasil é, infelizmente, um país estratificado e desigual.
Desde a sua gênese (considerando-se a perspectiva ibérica), a América foi pensada como
uma colônia de exploração, na qual a educação não só era desestimulada, como era
proibida. É dentro desse contexto exploratório que se estruturou a sociedade brasileira, a
qual tem — como uma das consequências “modernas” — a gentrificação, isto é, o
afastamento dos indivíduos com baixo poder aquisitivo dos grandes centros urbanos, o
que os deixa ainda mais distantes da infraestrutura social destina à educação, à cultura e
ao entretenimento educativo. Ora, percebe-se, portanto, que essas áreas privilegiadas com
acesso à cultura — como o cinema — são de exclusividade daqueles que têm altas rendas.
Em contrapartida, nas periferias, nas zonas rurais e nas áreas menos valorizadas a
democratização do acesso ao cinema é praticamente nula, o que agrava a situação de
vulnerabilidade social desses cidadãos.
Contudo, a democratização do acesso ao cinema — se feita de modo a beneficiar os menos
favorecidos, os quais representam a maior parte da população — é uma importante
ferramenta na desconstrução das amarras coloniais, e, posteriormente, em uma
reformulação educacional que vise ao acesso democrático à cultura para todo cidadão
brasileiro. Tomemos como exemplo uma situação hipotética na qual um sujeito que reside
na periferia tem, todas as noites, a possibilidade de interagir com a comunidade e de
adquirir conhecimento por meio de um cinema ao ar livre, o qual traz como conteúdo
filmes, documentários e palestras. Torna-se evidente que esse indivíduo, além de ter
acesso à cultura, terá uma forma de entretenimento que o beneficiará tanto
individualmente quanto socialmente, visto que o conhecimento será útil em todas as áreas
da sua vida.
Portanto, concluí-se que a precária democratização do acesso ao cinema no Brasil está
intrinsecamente ligada às heranças coloniais. Entretanto, medidas educacionais podem ser
tomadas para reverter esse cenário. Posto isso, cabe ao Ministério da Educação,
responsável pelo desenvolvimento educacional do país, criar um projeto de instalação
cinematográfica ao ar livre nas regiões periféricas, as quais apresentarão programação
cultural — como filmes e documentários —, por meio de verbas provenientes da
contribuição pública, para que essa sociedade classista, como evidenciado por Mazzili, seja
transformada em uma comunidade democrática e educacionalmente homogênea.
JULIANA SOUZA
Fica evidente, portanto, que nem todos têm acesso ao cinema como
entretenimento. Nesse contexto, cabe ao Ministério da Cultura ― órgão
responsável pelo sistema cultural brasileiro ― garantir à população a
oportunidade de frequentar um cinema, por intermédio de políticas de
descontos na compra de ingressos de acordo com a renda, a fim de incluir
toda sociedade no "mundo cinematográfico". Dessa forma, os brasileiros
verão o direito garantido pela Constituição como uma realidade próxima."
VINICIUS ADRIANO