Resumo Direito Das Coisas
Resumo Direito Das Coisas
Resumo Direito Das Coisas
A Parte Especial do Código Civil é divida em: I – Do Direito das Obrigações; II – Do Direito de Empresa; III – Do Direito das
Coisas; IV – Do Direito de Família; e V – Do Direito das Sucessões.
Ou seja, esse assunto pode ser encontrado a partir do Livro III do Código Civil. Assim, de forma geral, tudo o que é pertinente ao
Direito das Coisas está localizado nos artigos nele contidos.
É em um conjunto de normas, em regra obrigatórias, que se destinam a regular o direito atribuído à pessoa sobre bens corpóreos,
móveis ou imóveis, de conteúdo econômico.
Ou seja, alcança a aquisição, o exercício, a conservação e a perda dos direitos sobre os bens.
Características
• Taxatividade (art. 1.225 do CC): o número dos direitos reais é limitado, taxativo. Direitos reais são somente os enumerados na lei
(numerus clausus);
• Absolutismo ou Eficácia Absoluta (arts. 1.226 e 1.227 do CC): os direitos reais exercem-se erga omnes, ou seja, contra todos os
que devem abster-se de molestar o titular;
• Direito de sequela (art. 1.228 do CC): o titular do direito real pode perseguir a coisa em poder de terceiros onde quer que se
encontre;
• Publicidade ou Visibilidade: os direitos reais sobre imóveis só se adquirem depois da transcrição, no registro de imóveis, do
respectivo título – art.1.227 do CC; sobre móveis, só depois da tradição – arts. 1.226 e 1.267 do CC;
• Prescrição Aquisitiva (art. 1.238 a 1.244 e 1.260 a 1.262 e 1.379 do CC): a passagem do tempo poderá gerar aquisição de direitos;
• Privilégio (art. 1.477 do CC): o crédito real não se submete à divisão, tendo em vista a existência de ordem entre os credores.
Aquele que primeiro apresentar o crédito será o credor privilegiado.
Real
• Objeto: a coisa;
• Sequela: o direito real segue seu objeto onde quer que se encontre (jus persequendi);
Obrigacional
• Ação: ação pessoal que se dirige apenas contra o indivíduo que figura na relação jurídica;
• Objeto: a prestação;
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PRINCÍPIOS DOS DIREITOS REAIS
• Princípio da aderência, especialização ou inerência: o titular sempre exerce diretamente o direito real, sem a necessidade de
socorrer-se a outra parte. Ex.: se sou dono de um automóvel, não preciso pedir autorização para dirigi-lo;
• Princípio do absolutismo: o direito real é exercido erga omnes, ou seja, contra todos. Com isso, o titular do direito possui a
faculdade de se opor a quem quer que intervenha ou lhe cause dano;
• Princípio da publicidade ou visibilidade: um direito real sobre bem imóvel só se adquire através do registro no Cartório
competente (art. 1.227 do CC), e de bens móveis pela tradição (art. 1.226 e 1.267 do CC);
• Princípio da taxatividade: segundo esse princípio, os direitos reais são somente os previstos em lei, não sendo possível a criação
de novos;
• Princípio da tipicidade ou tipificação: o regime jurídico de cada direito real deve seguir expressamente o que está previsto em
lei;
• Princípio da perpetuidade: um direito real é perpétuo, ou seja, não se extingue por não fazer uso. Em relação à usucapião, ao
contrário do que você pode pensar, não se perde o direito da coisa pelo não uso, mas sim porque outra pessoa usou pelo tempo
necessário para adquiri-la;
• Princípio do desmembramento: significa que os direitos reais podem ser descolados, ou seja, podem ser transferidos a terceiros;
• Princípio da exclusividade: segundo esse princípio, não pode haver dois direitos reais, com o mesmo conteúdo, sobre a mesma
coisa.
A propriedade é o direito real que recai sobre coisa própria, a qual confere o título de dono ou domínio da coisa. Ela pode ser
ilimitada ou plena, conferindo poderes de posse, reivindicação, uso, gozo e disposição.
Essa espécie de direito real que recai sobre coisa alheia será sempre temporária e divide-se em:
I – Direito Real de garantia: quando não é cumprida a obrigação principal, o credor poderá dispor da coisa. Ex.: hipoteca, penhor e
anticrese;
II – Direito Real de aquisição: compromisso irrevogável de compra e venda e alienação fiduciária em garantia são exemplos dessa
espécie de Direito Real. “Direitos reais de aquisição são aqueles em que é conferida ao seu titular a possibilidade de pelo seu
exercício vir a adquirir um direito real sobre determinada coisa” (MENEZES LEITÃO, Luís Manuel Teles de. Direitos Reais,
Coimbra, Almedina, 2009, p. 100).
• Direito de posse, uso, gozo e disposição sujeitos à restrição oriunda de direito alheio: enfiteuse;
Da posse
Embora não haja uma posição pacífica dos tribunais e da doutrina a respeito de qual teoria (objetiva, de Ihering, ou subjetiva, de
Savigny) é adotada para conceituar o instituto da posse, o Código Civil adotou a teoria de Ihering, segundo a qual é considerado
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possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio ou propriedade.
No nosso resumo de Direito das Coisas para OAB, o importante é estar ciente da teoria adotada pelo Código Civil.
Espécies de Posse
• Posse Direta e Indireta (art. 1.197 do CC) – É nessa espécie que ocorre o desmembramento da posse plena;
• Posse Justa e Injusta (art. 1.200 do CC) – Em regra, a posse é mansa e pacífica. Os vícios são verificados no momento da
aquisição da coisa (art. 1.208 do CC);
• Posse Ad Interdecta e Ad Usucapionem – Posse “Ad Interdicta” é a posse comum, de boa-fé, onde não existe a presunção de uma
futura usucapião. Já a posse “Ad Usucapionem” é a vontade de ter para si, que pode transformar-se em um direito real (propriedade),
através da usucapião.
Outro ponto importante desse Resumo de Direito das Coisas é falar um pouco sobre as formas de Aquisição e Perda da Posse.
Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício em nome próprio de qualquer dos poderes inerentes à
propriedade – art. 1.204 do CC.
Qualquer pessoa capaz, ou por representante legal (se for incapaz) ou convencional (por meio de procurador) – art. 1.205 do CC.
Aquisição da Posse
• Apreensão da coisa;
• Sucessão da Posse.
Perda da Posse
Conforme o art. 1.223 do CC, o possuidor poderá perder a posse nas seguintes hipóteses:
• Abandono;
• Perda da coisa;
• Destruição da coisa: quando perece o objeto, extingue-se o direito, seja por força maior, caso fortuito, ou por ato voluntário;
• Posse de outrem: quando a posse é tomada com vício e o possuidor primitivo permaneceu sem contestar a posse da coisa.
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• Indenização pelas benfeitorias (efeito material);
De forma geral, os frutos pertencem ao proprietário, uma vez que o acessório segue o principal.
Se de boa-fé, terá direito aos frutos percebidos. Já o possuidor de má-fé responde pelos frutos colhidos e pelos que deixou de colher
por sua culpa, desde o momento em que restou caracterizada a má-fé (art. 1.216 do CC).
De acordo com o art. 1.219 do CC, o possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias, úteis e voluptuárias.
Direito de Vizinhança
Também não poderia faltar em nosso Resumo de Direito das Coisas para OAB um pouco sobre o Direito de Vizinhança, algo que
envolve a temática de muitos dos litígios sociais e que, frequentemente, é objeto de avaliação no Exame de Ordem.
O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à
saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha – art. 1.277 do CC.
Atenção: proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que
distribuem as edificações em zonas e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.
Das águas
O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar
obras que embaracem o seu fluxo. A condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono
ou possuidor do prédio superior – art. 1.288 do CC.
O proprietário tem direito de construir barragens, açudes ou outras obras para represamento de água em seu prédio. Se as águas
represadas invadirem prédio alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido – art.
1.292 do CC.
Direito de construir
O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho – art. 1.300 do CC.
É proibido abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho – art. 1.301 do CC.
#JURISPRUDÊNCIA
“O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social, a significar que,
descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5.º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada,
observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria Constituição da República. O
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acesso à terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos
recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem elementos de realização da função social da
propriedade” (STF, ADI 2.213-MC, Rel. Min. Celso de Mello, j.04.04.2002, DJ 23.04.2004).
BIBLIOGRAFIA:
GONCALVES, CARLOS ROBERTO DIREITO CIVIL BRASILEIRO: DIREITO DAS COISAS. 9 ed, Vol. 5. SAO PAULO:
SARAIVA, 2014.
TARTUCE, FLAVIO DIREITO CIVIL: DIREITO DAS COISAS. 006. ed. SAO PAULO: METODO, 2014.