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DA ESCOLA SUPERIOR
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
DE SÃO PAULO
ANO 8 - VOL 15
Revista Jurídica da Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. São Paulo:
ESMP, 2012-
ISSN: 2316-6959
Volume 15
2019
Publicação semestral
Editoração:
Escola Superior do Ministério Público de São Paulo
Rua 13 de Maio, 1259 – 3o andar – Bela Vista
01327-001 – São Paulo – SP – Brasil
Tel. (11) 3017-7781
esmp_revista@mpsp.mp.br
ISSN 2316-6959
VOLUME 15
2019
Diretor
Antonio Carlos da Ponte
Assessores
Alexandre Rocha Almeida de Moraes
Karina Beschizza Cione
Reynaldo Mapelli Júnior
Roberto Barbosa Alves
Thales Cezar de Oliveira
Coordenação Editorial
Reynaldo Mapelli Júnior
Editores
Editor Responsável – Antonio Carlos da Ponte
Editora Adjunta - Ticiane Lorena Natale
Revisão Ortográfica
Renato de Souza Marques Craveiro
Ticiane Lorena Natale
Diagramação e Arte
Felipe Araujo de Oliveira
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Antonio Carlos da Ponte ............................................................................................................................... 14
Artigos
Muito obrigado!
Este estudo analisa, com foco no caso brasileiro, o tráfico de pessoas. Aborda-se que esta prática, apesar de ilícita e
com extenso tratamento penal, segue presente e lucrativa na sociedade globalizada. A partir do importante avanço
dado pelo Protocolo de Palermo na especificação e no combate ao problema, o Brasil criou um novo tipo penal, o art.
149-A do CP e o seu rol de finalidades do tráfico de pessoas é aqui criticamente examinado na perspectiva da pro-
teção da dignidade da pessoa humana. Para a investigação, utilizou-se de revisão bibliográfica e também de análise
de documentos (textos normativos e dados nacionais e internacionais). Os resultados da investigação centram-se na
necessidade de um tratamento unificado que envolva toda a comunidade internacional para prevenção, repressão e
apoio à vítima deste problema multifatorial.
Palavras-chave: tráfico de pessoas; dignidade da pessoa humana; Protocolo de Palermo; Art. 149-A do Código Penal
Brasileiro; imigração.
ABSTRACT
This issue focuses the human trafficking in brazilian perspective. It discusses that this experience, although being
ilegal and having extensive criminal law care, follows present and profitable in globalized society. Since the important
advance brought by Palermo Protocol in specification and fight against this problem, Brazil has created a new criminal
norm, the Criminal Code’s art. 149-A, and its list of objectives is, in this issue, critically examinated in the protection
of human dignity perspective. For the research, it has been used bibliographic revision and also document analysis
(normative texts and national and international data). The research results focus the unified care need, which engages
the whole international community for prevention, repression and support to this multifactorial problems’ victim.
Keywords: Human trafficking; human dignity; Palermo Protocol; Brazilian criminal code’s Art. 149-A; immigration.
SUMÁRIO
1. Introdução. 2. Tráfico de pessoas x contrabando de migrantes. 3. O Brasil no cenário do tráfico internacional. 4. Das fina-
lidades do tráfico de pessoas. 4.1. Da remoção de órgãos tecidos ou partes do corpo. 4.2. Da submissão a trabalho em con-
dições análogas à de escravo. 4.3. Da submissão a qualquer tipo de servidão. 4. Da adoção ilegal. 4.5. Da exploração sexual.
4.5.1. O consentimento da vítima no tráfico humano para fins de exploração sexual. 5. Exploração, abuso e vulnerabilidade:
uma visão a partir da dignidade da pessoa humana. 6. Considerações finais. Referências.
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1 INTRODUÇÃO
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obter a aceitação de uma pessoa que tenha autoridade sobre a outra para
fins de exploração. (BRASIL, 2004b).
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1 Tomando-se por base a máxima Kantiana, no sentido de que todo homem é um fim em si
mesmo, não devendo ser funcionalizado para projetos alheios, não há como negar que o bem jurídico
máximo protegido pelo tipo penal que descreve o crime de tráfico de pessoas, para além da liberdade
individual, é a dignidade da pessoa humana.
2 Arts. 6o a 8o, do Decreto 5.017 (BRASIL, 2004b) e arts. da Lei 13.344 (BRASIL, 2016).
3 Art. 5, do Decreto 5.016/04: “Os migrantes não estarão sujeitos a processos criminais nos
termos do Presente Protocolo, pelo fato de terem sido objeto dos atos enunciados no seu Artigo 6”
(BRASIL, 2004a).
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plementado com o Escritório das Nações Unidas contra Drogas- e Crime UNODC,
apurou que os estados em que a situação é mais grave são Ceará, São Paulo e
Rio de Janeiro, por serem os principais pontos de saída do país, além do estado de
Goiás. No caso deste último, onde o aliciamento acontece principalmente no interior,
profissionais que atuam no enfrentamento ao tráfico de pessoas acreditam que as
organizações criminosas se interessam pela mulher goiana pelo fato de seu biotipo
ser atraente aos clientes de serviços sexuais, em especial da Europa.
O país onde foi registrada a incidência maior de brasileiras vítimas de tráfico
de pessoas foi o Suriname, com 133 vítimas, seguido da Suíça, com 127, da Espa-
nha, com 104 e da Holanda, com 71 (NAÇÕES UNIDAS; SECRETARIA NACIONAL
DE JUSTIÇA, 2013).
O tráfico interno com o objetivo de fornecer mão de obra para o trabalho
forçado na agricultura, deslocando as vítimas de áreas urbanas para áreas rurais,
também é um problema grave no país.
A Organização Internacional do Trabalho estima que entre 25 e 40 mil brasi-
leiros são submetidos a trabalho forçado (MUNDO..., 2017).
O Brasil também é um país receptor de vítimas do tráfico. Elas vêm prin-
cipalmente de outras nações da América do Sul (Bolívia e Peru), mas também da
África (Nigéria) e Ásia (China e Coréia). A maioria acaba submetida a regimes de
escravidão nas grandes cidades, como São Paulo, onde permanece confinada em
oficinas de costura, submetendo-se à jornada diária de trabalho superior a 15 horas
e dormindo no próprio local de trabalho. A Pastoral do Migrante calcula que 10% dos
bolivianos que ingressam ilegalmente no Brasil pelo Estado do Mato Grosso do Sul,
chegam a São Paulo para submissão ao trabalho forçado na indústria têxtil (BOR-
GES, 2015, p. 40).
Diante desse preocupante quadro nacional e buscando atender ao Mandado
de Criminalização extraído do Protocolo de Palermo, foram promulgadas as Leis nºs
11.106/05 (BRASIL, 2005) e 12.015/09 (BRASIL, 2009). Finalmente, no ano de 2016
sancionou-se a Lei nº11.344/16 (BRASIL, 2016) com o claro objetivo de adequar a
nossa legislação ao compromisso internacional assumido pelo Brasil. Nesse sentido,
são revogados os artigos 231 e 231-A do Código Penal – ambos restritos ao tráfico
de pessoas para fins de exploração sexual – passando-se à tipificação das demais
formas de exploração (remoção de órgãos, trabalho escravo, servidão e adoção ile-
gal), o que representa inegável avanço no combate ao tráfico de pessoas.
O novo tipo penal, de outro lado, foi incluído no Capítulo IV (Dos Crimes
contra a Liberdade Individual) (BRASIL, 1940), reunindo em um mesmo dispositivo o
tráfico nacional e transnacional.
O artigo 149-A do Código Penal figura com a seguinte redação:
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V – exploração sexual
Pena – reclusão de 4 (quarto) a 8 (oito) anos, e multa.
O tipo penal de conduta mista traz oito verbos nucleares, objetivando punir o
agente que agencia (negocia, comercializa, serve de agente ou intermediário), alicia
(atrai ou exerce a persuasão), recruta (chama, escala), transporta (desloca de um
lugar para outro), compra (adquire mediante contraprestação financeira), aloja (rece-
be, acomoda) ou acolhe (abriga) pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação,
fraude ou abuso, com a finalidade de remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo,
submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo ou servidão, bem como
à adoção ilegal ou exploração sexual.
Ainda que traga em seu bojo a finalidade de se adequar e tornar mais eficien-
te o combate ao tráfico humano, a nova lei mostrou-se um tanto quanto resumida em
relação aos modos de execução, especialmente se confrontada com o artigo 3º, do
Protocolo de Palermo. Nesses termos, verifica-se que o referido documento interna-
cional define o tráfico de pessoas como atividade cometida
Art.149-A: .........................................................................................................
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções
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ou a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com
deficiência;
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coa-
bitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de
superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função;
ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não
integrar organização criminosa. (BRASIL, 2016).
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como ocorre nos artigos 5o, XIII, 6o, 7o, 8o e 194 a 204 (MORAES, Alexandre de,
2010, p. 22).
Nesse sentido, ao se retirar a plena liberdade e a dignidade do trabalhador5,
este é reduzido à condição de coisa, em situação análoga à escravidão6.
O trabalho escravo atualmente configura uma das maiores chagas brasilei-
ras, o que é compartilhado por muitos outros países. Com base em dados extraídos
do The Global Slavery Index, Paulo César Corrêa Borges coloca que, somente em
relação à América do Sul, a estimativa de pessoas submetidas a formas contemporâ-
neas de trabalho escravo “[...] em números absolutos é de 589.600 vítimas, da qual
cerca de 422.200 vítimas são [...] do Brasil (155.300), Colômbia (105.400), Argentina
(77.300), Venezuela (60.900) e Bolívia (23.000)” (BORGES, 2015, p. 49), de modo
que esses cinco países, no total, concentram 71,60% das vítimas no espaço sul-a-
mericano.
O legislador penal brasileiro cuida do trabalho escravo no artigo 149 do Có-
digo Penal, ao qual podem ser paralelamente aplicados os delitos de periclitação
da vida e da saúde (art.132), frustração de direito trabalhista (art. 203), e o crime de
tráfico de pessoas (art.149-A), entre outros (BRASIL, 1940).
O crime de redução à condição análoga a de escravo tem a seguinte reda-
ção, devidamente modificada pela Lei nº 10.803 (BRASIL, 2003):
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Tráfico de Pessoas e Tutela Penal
dutas que podem ser consideradas como trabalho escravo, vinculando o aplicador
a tais modalidades. De outro lado, cominaram-se causas especiais de aumento de
pena nos casos de crimes praticados contra criança e adolescente e por motivo de
raça, cor, etnia, religião ou origem. Em ambos os casos, observa-se que o legislador
atendeu às disposições constitucionais que preconizam a doutrina da proteção inte-
gral da infância e da juventude (art. 227, CF) e o mandado de criminalização explícito
previsto no art. 3o, IV, CF, que pressupõe o enfrentamento da discriminação nas mais
diferentes formas.
a condição de qualquer um que seja obrigado pela lei, pelo costume ou por
um acordo, a viver e trabalhar numa terra pertencente a outra pessoa e a
fornecer a essa outra pessoa, contra remuneração ou gratuitamente, determi-
nados serviços, sem poder mudar a sua condição (art.1o, §2o).
O art.149-A, IV, CP não diferencia a vítima, que pode ser criança, adoles-
cente e até mesmo pessoa adulta. Para esse último caso, nada impede o tráfico de
maiores de idade para adoção ilegal, como, por exemplo,
[....] a hipótese em que alguém, titular de valioso patrimônio, seja pelo agente
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acolhido, mediante abuso, para ser forçado a adotar o mesmo agente, que
futuramente se beneficiará da herança. Neste caso, a adoção – que evidente-
mente deve ser voluntária – seria ilegal, bastante, portanto, para caracterizar
a finalidade especial. (CUNHA; PINTO, 2018, p.147).
7 “Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude
de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.” (BRASIL, 1990).
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para os efeitos dos crimes previstos nesta lei, a expressão ‘cena de sexo
explícito ou pornográfica’ compreende qualquer situação que envolva crian-
ça ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou
exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primor-
dialmente sexuais. (BRASIL, 1990).
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Tráfico de Pessoas e Tutela Penal
pela comunidade8.
No âmbito do direito penal, o princípio da alteridade tem por objetivo impedir
a incriminação de condutas meramente subjetivas, incapazes de lesionar um bem
jurídico, de modo que, não havendo a necessária transcendência da esfera individual
do autor, não poderá ele ser punido por ter feito mal a si mesmo9. A despeito da não
incriminação da prostituição por nosso ordenamento jurídico10, em face do Princípio
da Alteridade, a sua exploração assume relevância social, eis que implica necessa-
riamente o fomento de atividade ofensiva à moralidade pública sexual, quebra os
valores familiares, e por conseguinte afronta ao Estado Democrático de Direito.
No contexto contemporâneo, o direito penal cada vez mais se sedimenta
como instrumento de defesa e conservação da sociedade, sendo que o maior dilema
que enfrenta na pós modernidade consiste justamente na “complexidade e contin-
gências sociais decorrentes, dentre outros, das transformações dos valores verifica-
das em tempo tão curto” (MORAES, Alexandre Rocha, 2016, p. 30). Frente a esse
dilema, acredita-se na necessidade do intérprete penal em resgatar a vontade da lei
vigente, segundo os valores definidos nos bens jurídicos eleitos pelo legislador, dire-
tamente do texto constitucional.
E nesse passo, o Estado Democrático de Direito insculpido por nossa Lei
Maior não se limita a estabelecer a igualdade entre todos os homens, mas também
por impor orientações e deveres voltados à construção de uma sociedade livre, justa
e solidária; pela garantia do desenvolvimento nacional, pela erradicação da pobre-
za e da marginalização, pela redução das desigualdades sociais e regionais; pela
promoção do bem comum; pelo combate ao preconceito de raça, cor, origem, sexo,
idade e quaisquer outras formas de discriminação; pelo pluralismo político e a liber-
dade de expressão de ideias; pelo resgate da cidadania, pela afirmação do povo
como fonte única do poder e, principalmente, pelo respeito inarredável da dignidade
humana. Nesse sentido, a par da discutível possibilidade do consentimento da vítima
no que diz respeito à sua exploração sexual, é certo que não se pode afastar a tutela
da moralidade e dignidade sexual no crime de tráfico de seres humanos, eis que este
deflui da própria essência e necessidade de tutela da dignidade da pessoa humana
(CAPEZ; PRADO, 2009, p. 131).
De outro lado, ao se falar em consentimento da vítima como causa suprale-
gal excludente da antijuridicidade, há que se verificar a, em primeiro lugar, a sua
eficácia, em função do “balanceamento de interesses”. Nesse sentido posiciona-se
Jescheck, para quem
8 Cezar R. Bitencourt, citado por Thais de Camargo Rodrigues (2014), com referência à sua
obra Tratado de Direito Penal, conclui que “o legislador age contraditoriamente. Ao mesmo tempo em
que visa proteger a liberdade sexual individual (art.5o, X e XLI, da Constituição Federal), criminaliza o
exercício dessa mesma liberdade”.
9 Segundo Claus Roxin (2008, p. 44), a autolesão consciente, assim como a “sua promoção por
terceiros não constituem objeto legítimo do direito penal, pois a finalidade deste é unicamente impedir
que alguém seja lesionado contra a sua vontade. O que ocorre de acordo com a vontade do lesionado
é uma componente de sua auto-realização, que em nada interessa ao Estado”.
10 Da mesma forma com que a autolesão e o suicídio, a prostituição não é crime. No entanto,
são punidos pela lei penal a auto-agressão com finalidade de fraude ao seguro (art.171, §2º, V, CP)
e o induzimento ou auxílio ao suicídio (art.122, CP). Como conclusão, não há contrassenso algum na
criminalização da conduta acessória, quando a principal não é considerada crime.
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Tomando por base tal disposição legal, alguns autores defendem a tese
segundo a qual o consentimento válido da vítima atualmente funciona como causa
excludente de tipicidade.
Causa estranheza, em um primeiro momento, tal posicionamento, especial-
mente quando se transporta o tipo penal para o mundo fenomênico, notadamente
porque tal assertiva redundaria em absurdos como a atipicidade da conduta do tra-
ficante que, contando com a aquiescência da vítima, efetua a sua compra, mediante
contraprestação financeira, para a remoção de seu fígado.
Ainda que deficiente a redação do artigo 149-A do Código Penal, há que se
enfrentar a sua interpretação de acordo com as disposições do Protocolo de Palermo
e frente à dignidade da pessoa humana, postulado este inegociável, eis que ínsito à
própria condição humana.
Inicialmente, não se pode olvidar que o artigo 3º, “a” e “b”, do Protocolo Adi-
cional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional
relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas dispõe que:
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Em atenção a esse valor maior, a lei penal não pode compactuar com situ-
ações que fomentem ou perpetuem a indignidade. Ao termo “abuso”, portanto, deve
ser atribuído alcance mais extenso, evitando-se o seu atrelamento aos conceitos de
abuso de autoridade ou simples vulnerabilidade, tal como definida no artigo 217-A,
CP.
A esse respeito, Edmilson da Costa Barreiros Júnior (2017, p. 123) afirma:
Não é possível compreender tal elementar típica sem entender que as diver-
sas formas de vulnerabilidade, protegidas pelos Tratados e Convenções In-
ternacionais, estejam nela compreendidas. A vivência do Direito Internacional
e do enfrentamento do tráfico humano pressupõe o enriquecimento desse
conceito. O Direito não deve lutar contra a realidade quando há interpretação
compatível para uma regulação razoável.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Tráfico de Pessoas e Tutela Penal
REFERÊNCIAS
BALTAZAR JR., José Paulo. Crimes Federais. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
BIANCHINI, Alice. O bem jurídico protegido nos delitos sexuais (ou formas de
controle da sexualidade). Tribuna, 01 jun. 2009. Disponível em: https://www.tribuna-
pr.com.br/noticias/o-bem-juridico-protegido-nos-delitos-sexuais-ou-formas-de-contro-
le-da-sexualidade/. Acesso em: 15 out. 2018.
36
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BRASIL. Lei nº 11.106, de 28 de março de 2005. Altera os arts. 148, 215, 216, 226,
227, 231 e acrescenta o art. 231-A ao Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 – Código Penal e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da Repú-
blica, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/
Lei/L11106.htm. Acesso em: 17 out. 2018.
37
Tráfico de Pessoas e Tutela Penal
CASTANHA, Neide (Org). Direitos Sexuais são Direitos Humanos. Caderno Temá-
tico. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2008. Disponível em: http://
ftp.medicina.ufmg.br/paraelas/Downloads/DIREITO_SEXUAL_CRIANCA_ADOLES-
CENTES.pdf. Acesso em: 17 out. 2018.
38
REVISTA JURÍDICA ESMP-SP, V.15, 2019: 18 - 40
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2010.
PONTE, Antonio Carlos da. Crimes Eleitorais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
39
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ROXIN, Claus. Estudos de Direito Penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Renovar, 2008.
(Artigo de convidado)
40
LA DILIGENCIA POLICIAL DE
VALORACIÓN DEL RIESGO DE VIOLENCIA
DE GÉNERO EN EL SISTEMA VIOGÉN
El objeto de esta comunicación es la poco conocida diligencia de valoración del riesgo de violencia de género y su
implementación en España a través del sistema VdG o Viogén, cuyo desarrollo ha terminado configurando medidas
policiales autónomas de protección de la víctima que pueden determinar el futuro de la valoración individual que el
Estatuto de la Víctima de Delito, por exigencias de la Directiva 2012/29/UE, ha generalizado a toda clase de delitos
violentos.
Palabras clave: Proceso penal. Funciones de la policía. Estatuto de la víctima. Violencia de género. Valoración del
riesgo de la víctima.
RESUMO
O objeto deste artigo é a pouco conhecida diligência de valoração do risco de violência de gênero e sua implementa-
ção na Espanha através do Sistema VdG ou Viogén, cujo desenvolvimento terminou por configurar medidas policiais
autônomas de proteção da vítima que podem determinar o futuro da valoração individual que o Estatuto da Vítima do
Delito, por exigências da Diretiva 2012/29/UE, generalizou a toda classe de delitos violentos.
Palavras-chave: Processo Penal. Funções da polícia. Estatuto da vítima. Violência de gênero. Valoração do risco da
vítima
ABSTRACT
This paper focuses on the still little known gender-based risk assessment by police in Spain and its implementation
in Spain through VioGén System, which development has constituted autonomous police measures that can determine
the individual valoration’s future that the Victim’s Statute, by Directive 2012/29/UE’s demand, has generalized to
every kind of violent delicts.
Keywords: Criminal procedure. Police functions. Victim’s statute. Gender based violence. Victim risk assess-
ment.
SUMÁRIO
1. Introducción. 2. El protagonismo de las Fuerzas de Seguridad del Estado en la diligencia de valoración individualizada del
riesgo de violencia de género. 3. El sistema VdG o VioGén como plataforma de seguimiento integral de la violencia de género.
4. La compilación de la información relativa a los factores de riesgo a través de los formularios VPR y VPER. 5. La valoración
del riesgo en el sistema VioGén y la adopción de medidas de protección policial. 6. La valoración policial de la evolución del
riesgo.
La diligencia policial de valoración del riesgo de violencia de género en el Sistema Viogén
1 INTRODUCCIÓN
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La diligencia policial de valoración del riesgo de violencia de género en el Sistema Viogén
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del sistema si causan baja por haberse dictado con carácter firme sentencia absolu-
toria o auto de sobreseimiento libre del encausado, o por cumplimiento y cancelación
de antecedentes (o por fallecimiento). En la fecha actual de principios de mayo de
2018, existen en el sistema VdD o VioGén casi medio millón de casos, que compren-
de tanto los casos activos (= los que son objeto de atención policial en términos ac-
tuales), como los inactivos (= casos que han sido activos y que no lo son en términos
actuales, pero que son susceptibles de volver a serlo). En la actualidad, el número
de casos activos representa el 10’90 % de todos los casos que gestiona el sistema11.
La información procede de las declaraciones de la propia víctima, de los tes-
tigos directos y de referencia, y de las incidencias provenientes del Registro Judicial
de Medidas Cautelares, de dispositivos de geoposicionamiento, de servicios de aten-
ción y asistencia para víctimas, del Registro de Armas, de antecedentes policiales y
–tratándose de agentes de la Policía Nacional y la Guardia Civil– de cuantos ficheros
policiales pueden consultar, como, v. gr., la situación legal en España de personas
extranjeras mediante “ADEXTRA”. Las finalidades que así cumple el sistema VioGén
son, fundamentalmente, tres: 1º) integra toda la información policial, judicial y peni-
tenciaria sobre la violencia de género para coordinar las actuaciones necesarias; 2ª)
realizar la valoración del nivel de riesgo de padecer nuevas agresiones y sirve para
controlar su seguimiento; y 3º) y proporciona esta información a los agentes institu-
cionales que intervienen en el área de la violencia de género. Integra, además, un
subsistema muy útil llamado “sistema 3A: Aviso, Alerta, Alarma”, que genera alertas
y notificaciones telemáticas inmediatas sobre ciertas circunstancias significativas: v.
gr., para informar a la víctima sobre los cambios en la situación de libertad o de pri-
sión del agresor, para avisar a los agentes de la necesidad de revisar la evolución
del riesgo, para alertarles de que se ha reanudado la convivencia de la víctima con
el agresor, de que se ha registrado una nueva agresión de un autor con otra víctima,
o de la suspensión o finalización de una orden de protección. Con la implementación
de este subsistema se consigue una permanente actualización del nivel de riesgo
de la víctima, que se denomina “Estimación Permanente de Evolución del Riesgo”
(EPER).
El servicio entró en funcionamiento a raíz de una primera Instrucción núm.
10/2007, de 10 de julio, de la Secretaría de Estado de Seguridad del Ministerio del
Interior, por la que se aprobó el “Protocolo para la valoración policial del nivel de
riesgo de violencia contra la mujer en los supuestos de la Ley Orgánica 1/2004, de
28 de diciembre, y su comunicación a los órganos Judiciales y al Ministerio Fiscal”
(ESPAÑA, 2007b). En la actualidad y tras diversas modificaciones, tanto del protoco-
lo como de los formularios de valoración de riesgo, el protocolo ha sido sustituido por
otro aprobado mediante Instrucción 7/2016, de la Secretaría de Estado de Seguridad
(en adelante, “el Protocolo”) (ESPAÑA, 2016), que asegura la uniformidad en la com-
pilación y el tratamiento de los datos y su fácil consulta por las personas autorizadas;
ellos genera un caso. El sistema VioGén no integra los casos que tienen pendiente la realización de la
valoración del riesgo.
11 El número total de casos que gestiona VioGén es de 497.641, según el Informe estadístico del
Sistema VioGén con datos tomados al 30 de abril de 2018 (MINISTERIO DEL INTERIOR, 2018). De
ellos, son casos activos 54.259 y solo 500 han causado baja. El resto son casos inactivos.
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La diligencia policial de valoración del riesgo de violencia de género en el Sistema Viogén
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que el agresor tenga algún problema laboral o de otro orden distintos de la relación
de pareja; si el agresor se encuentra fugado o en paradero desconocido.
En la versión inmediatamente anterior a la actual, había que indicar –res-
pecto de cada ítem de riesgo – el o las varias fuentes de la información mediante
opciones predeterminadas acumulables (“víctima”, “autor”, “testigo”, “Informe técni-
co”) y, al mismo tiempo, se debía seleccionar el nivel de riesgo apreciado entre las
seis opciones disponibles: “no sabe”, “no disponible”, “bajo”, “medio”, alto”, “extremo”
(este último introducido en el año 2008). La versión actual sigue compilando las va-
rias fuentes, pero, con la mayor concreción de los indicadores de riesgo, la respuesta
al nivel de riesgo apreciado se ha ajustado a un formato más concreto y polarizado:
“sí”, “no”, “no (se) sabe”.
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REFERENCIAS
ESPAÑA. Ley Orgánica 11/1999, de 30 de abril, de modificación del Título VIII del
51
La diligencia policial de valoración del riesgo de violencia de género en el Sistema Viogén
Libro II del Código Penal, aprobado por Ley Orgánica 10/1995, de 23 de noviem-
bre. Madrid: Jefatura del Estado, 1999a. Disponible en: https://www.boe.es/buscar/
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Jefatura del Estado, 2015a. Disponible en: https://www.boe.es/buscar/act.php?id=BO-
E-A-2015-4606. Acceso en: 20 jun. 2018.
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La diligencia policial de valoración del riesgo de violencia de género en el Sistema Viogén
(Artigo de convidado)
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LOS DERECHOS A LA TRADUCCIÓN Y A
LA INTERPRETACIÓN RECONOCIDOS A
LAS VÍCTIMAS EN EL PROCESO PENAL
ESPAÑOL: LUCES Y SOMBRAS
OS DIREITOS À TRADUÇÃO E À
INTERPRETAÇÃO RECONHECIDOS ÀS
VÍTIMAS NO PROCESSO PENAL
ESPANHOL: LUZES E SOMBRAS
El presente trabajo tiene por objeto analizar el reconocimiento legal a la víctima alófona de su derecho a la traducción y
a la interpretación en el marco del proceso penal. Se estudia el alcance con el que se han visto reconocidos ambos de-
rechos a las víctimas y se van analizando las ventajas e inconvenientes que presenta la regulación legal en este punto,
para acabar concluyendo que si bien ésta es, en general, positiva, sin embargo, adolece de un problema importante: en
la práctica, el ejercicio efectivo de ambos derechos por parte de la víctima alófona puede llegar a resultar muy difícil.
RESUMO
O presente trabalho tem por objeto analisar o reconhecimento legal à vítima alófona de seu direito à tradução e à
interpretação no marco do processo penal. Estuda-se o alcance com o qual ambos os direitos são reconhecidos às
vítimas e analisam-se as vantagens e inconvenientes que apresenta a regulação legal neste ponto, para concluir que,
se bem que esta é, em geral, positiva, todavia padece de um problema importante: na prática, o exercício efetivo de
ambos os direitos por parte da vítima alófona pode ser muito difícil.
ABSTRACT
The present issue aims to analyze the legal recognition for the foreign victim of its right to traduction and interpreta-
tion in criminal process. The reach of the recognition of both rights to the victims is studied, and also the advantages
and inconveniences that legal regulation presents in this point, to conclude that, although it is generally positive, it
suffers from an important problem: in practice, the effective exercising of both rights by the foreign victim may be
very difficult.
SUMÁRIO
1. Observaciones preliminares. 2. Origen de la LEVD. 3. Derecho a la traducción y derecho a la interpretación reconocidos a las
víctimas. 3.1. Cuestiones generales. 3.2. Derecho a la interpretación. 3.3. Derecho a la traducción. 4. Conclusiones
Los derechos a la traducción y a la interpretación reconocidos a las víctimas en el proceso penal español:
luces y sombras
1 OBSERVACIONES PRELIMINARES
2 ORIGEN DE LA LEVD
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Los derechos a la traducción y a la interpretación reconocidos a las víctimas en el proceso penal español:
luces y sombras
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El art. 9 LEVD reconoce una serie de derechos a toda víctima que no hable
o no entienda el castellano o la lengua oficial que se utilice en la actuación de que se
trate , previsión esta última relativa a la lengua oficial, que no se recogía en el ALEVD
. Entre ellos, y centrándonos ahora en el derecho relativo a la interpretación, tal pre-
cepto dispone que la víctima alófona tendrá derecho a ser asistida gratuitamente por
un intérprete que hable una lengua que comprenda cuando se le reciba declaración
en la fase de investigación por el Juez, el Fiscal o funcionarios de policía, o cuando
intervenga como testigo en el juicio o en cualquier otra vista oral, derecho también
aplicable a las personas con limitaciones auditivas o de expresión oral . Sobre este
particular, señalar que, aunque el art. 21.b) LEVD, con el fin de evitar en la medida de
lo posible la victimización secundaria, señala que se recibirá declaración de la víctima
el menor número de veces posible y, únicamente cuando resulte estrictamente ne-
cesario, vista la estructura de nuestro proceso penal, en la práctica, la víctima presta
varias veces declaración (ante la policía; la ratifica en el Juzgado; el Ministerio Fiscal
suele pedirle otra en fase de instrucción; y en juicio oral), habrá de reconocérsele el
derecho a interpretación en todas estas declaraciones. Posteriormente, el art. 9.2
LEVD señala que la asistencia de intérprete se podrá prestar por medio de video-
conferencia o cualquier medio de telecomunicación, salvo que el Juez o Tribunal, de
oficio o a instancia de parte, acuerde la presencia física del intérprete para salvaguar-
dar los derechos de la víctima. Aunque esta posibilidad pueda estar pensada para
evitar distorsiones por déficit de medios personales, se debería imponer como regla
general la presencia física del intérprete junto a la víctima, convirtiendo el recurso a
la videoconferencia en excepción, dado que estar presente virtualmente a través de
ésta no puede equipararse a la presencia física en ningún caso, ya que aquélla pre-
senta importantes problemas tanto a nivel de deficiencias o dificultades técnicas (de
visión; de audición; y generales, tales como las averías informáticas del propio siste-
ma, etc.), como de condicionantes externos que afectan a las declaraciones como,
finalmente, presenta el serio inconveniente de que su uso conduce a una profunda
deshumanización de la justicia, lo que se hace especialmente patente cuando de la
víctima de un delito se trata, dada la situación de especial vulnerabilidad en la que se
encuentra. Aunque la interpretación a distancia o remota presenta ciertas ventajas ,
nunca debería prevalecer en detrimento de la presencia física del intérprete: sustituir
la presencia física por la presencia a distancia debería ser excepcional, restringi-
éndose pues el uso de la videoconferencia en los casos en que resulte realmente
justificada la absoluta imposibilidad de que el intérprete se desplace a tiempo al lugar
donde se desarrollen las actuaciones. En definitiva, asumiendo un mal menor para
evitar males mayores, entendemos que sólo debería procederse al uso de la video-
conferencia para facilitar la interpretación con una víctima cuando se constate la ne-
cesidad de recurrir a los servicios de interpretación para hacer efectiva la asistencia
61
Los derechos a la traducción y a la interpretación reconocidos a las víctimas en el proceso penal español:
luces y sombras
a la víctima sin demora y ello no pueda hacerse de otro modo, por resultar excesivo
para aquélla el tiempo de espera para poder proveerla de la presencia física del in-
térprete y ser, por tanto, en el caso concreto lesivo para sus derechos.
De otro lado, y aunque así no se recoja expresamente en la LEVD, parece
lógico entender que a la víctima también ha de reconocérsele la asistencia lingüística
a la hora de comunicarse con su abogado en los casos en que requiera de asistencia
letrada, debiendo por tanto reconocérsele el derecho a interpretación para las comu-
nicaciones orales que tenga con su abogado. A la víctima también se le reconoce el
derecho a la asistencia lingüística gratuita a la hora de presentar su denuncia [(art.
6 b)]. Igualmente, y dado que el art. 11 b) LEVD reconoce el derecho de la víctima a
comparecer ante las autoridades encargadas de la investigación para aportarles las
fuentes de prueba y la información que estime relevante para el esclarecimiento de
los hechos , habrá que entender que, en estos casos, deberá reconocérsele el dere-
cho a ir acompañada de un intérprete, cosa que puede predicarse también para los
casos en que la víctima interese que se impongan al liberado condicional las medidas
o reglas de conducta previstas por la ley que consideren necesarias para garantizar
su seguridad; desee facilitarle al tribunal cualquier información que resulte relevan-
te para resolver sobre la ejecución de la pena impuesta (art. 13.2 LEVD); o bien
haya solicitado información relativa a la situación o estado del procedimiento (art. 7.4
LEVD). Sobre este último particular, señalar que este derecho plantea un problema
importante: resulta muy difícil determinar qué se entiende por informar y hasta dónde
llega dicho deber de información, en la medida en que la LEVD se refiere con carác-
ter genérico a informar sobre “la situación en que se encuentra el procedimiento”.
Finalmente, en los casos en que la víctima se halle ante actuaciones policia-
les, de denegársele su derecho a interpretación, decisión policial que, a tenor de lo
dispuesto en el art. 6 RD 1109/2015, será excepcional y motivada, debiendo quedar
debida constancia de la misma y de su motivación en el atestado que, a su vez, de-
berá recoger la disconformidad formulada por la víctima ante la decisión denegatoria,
el art. 9.4 LEVD le reconoce la posibilidad de recurrir tal decisión ante el Juez de ins-
trucción, entendiéndose interpuesto tal recurso cuando la víctima hubiera expresado
su disconformidad en el momento de la denegación. Sobre este particular, señalar
simplemente que se trata de recurso completamente nuevo y singular, inexistente
hasta la fecha, sobre cuya tramitación poco se especifica en la LEVD, más allá de su
constancia en el atestado, pues ni tan siquiera se señala plazo para resolverlo. En
cambio, si la decisión de no facilitar interpretación a la víctima fue judicial, a tenor de
lo dispuesto en el art. 9.5 LEVD, podrá ser recurrida en apelación .
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Los derechos a la traducción y a la interpretación reconocidos a las víctimas en el proceso penal español:
luces y sombras
negación del derecho a interpretación, por lo que, para evitar reiteraciones innecesa-
rias, véase lo dicho al respecto en el epígrafe anterior.
4 CONCLUSIONES
REFERENCIAS*
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ESPAÑA. Ley 4/2015, de 27 de abril, del Estatuto de la víctima del delito. Sevilla:
Jefatura del Estado, 2015a. Disponible en: https://www.boe.es/buscar/act.php?id=BO-
E-A-2015-4606. Acceso en: 11 jun. 2018.
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Los derechos a la traducción y a la interpretación reconocidos a las víctimas en el proceso penal español:
luces y sombras
Enjuiciamiento Criminal y la Ley Orgánica 6/1985, […]. Madrid: Jefatura del Estado,
2015c. Disponible en: https://www.boe.es/diario_boe/txt.php?id=BOE-A-2015-4605.
Acceso en: 09 jun. 2018.
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Submetido: 21/03/2019
Aprovado: 08/05/2019
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OTERMO
COMBATE
DE AJUSTAMENTO
À IMPUNIDADEDE COMO DI-
REITO FUNDAMENTAL
CONDUTA COMO INSTRUMENTO
DA VÍTIMADE E DA
SOCIEDADEAO CONSUMIDOR EM
PROTEÇÃO
OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA
INCOLUMIDADE ECONÔMICA:
THE FIGHT AGAINST IMPUNITY AS VICTIM’S
ANÁLISE DA EFICÁCIA
AND SOCIETY’S DO TAC RIGHT
FUNDAMENTAL FIRMADO
ENTRE O MINISTÉRIO PÚBLICO DO
AMAPÁ E A COMPANHIA DE
ELETRICIDADE DO AMAPÁ
O presente trabalho tem como escopo demonstrar o Termo de Ajustamento de Conduta como instrumento democrático
para a defesa do direito do consumidor, verificar a eficácia desse instrumento e, ainda apresentar soluções de confli-
tos em torno da prestação de serviços públicos desta região, constituindo-se atualmente uma alternativa extrajudicial
para a solução negociada de conflitos. Para tanto, realizou-se um estudo de caso, com base no ordenamento jurídico
vigente, examinando o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado pelo Ministério Público do Amapá (MP) e a
Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) vigente nos anos de 2015 a 2017.
ABSTRACT
The purpose of this paper is to demonstrate the Term of Adjustment of Conduct as a democratic instrument for the
defense of consumer law, to verify the effectiveness of this instrument and also to present solutions of conflicts
regarding the provision of public services in this region, constituting an extrajudicial alternative to the negotiated
solution of conflicts. Therefore, a case study was conducted, based on the current legal system, examining the Term of
Conduct Adjustment (TAC) signed by the Public Ministry of Amapá (MP) and the Companhia de Eletricidade do Amapá
(CEA) in force in the years from 2015 to 2017.
1 INTRODUÇÃO
71
Termo de Ajustamento de Conduta como instrumento de proteção ao consumidor em observância do princípio da
incolumidade econômica: análise da eficácia do TAC firmado entre o MPAP e a Companhia de Eletricidade do Amapá
Pode-se afirmar que o Direito Contemporâneo vem passando por uma gran-
de revitalização ao buscar meios alternativos de resolução de conflitos (MARC). Bo-
aventura de Sousa Santos (1997) já vislumbrava a tendência atual em se ensejar
uma alternativa à decisão adjudicada pela justiça burocratizada. Esta mudança fica
evidente na busca por um Direito cada vez menos litigioso, sem falar que a utilização
desses meios parece promover alívio na máquina judiciária e celeridade na solução
das lides.
É prudente que estes instrumentos não devam ser considerados meros me-
canismos de desobstrução ao Poder Judiciário. No processo civil, por exemplo, sua
missão é justamente promover a pacificação social. Contudo, não raros são os en-
tendimentos jurídicos que definem estes instrumentos de solução de conflitos como
alternativas melhores que o provimento judicial. É o que se nota por exemplo na fala
da ministra Ellen Gracie (MINISTRA..., 2011) que, na abertura do seminário “Poder
Judiciário e Arbitragem” no ano de 2011, destacou a importância da utilização dos
métodos alternativos de solução de litígios. A ministra ponderou que “os métodos
alternativos de solução de litígio são melhores do que a solução judicial, que é im-
posta com a força do Estado e que padece de uma série de percalços, como a longa
duração do processo, como ocorre no Brasil e em outros países”.
Percebe-se então, uma forte tendência no sistema jurídico brasileiro, incluin-
do nas praxes processuais dos tribunais, de tentativa de aprimoramento de uma
nova cultura jurídica, incentivando cada vez mais as práticas alternativas de solução
de conflitos. É importante ressaltar que no Direito contemporâneo a concepção de
acesso à justiça não é mais igualada ao Direito de acesso aos tribunais, e sim às vá-
rias possibilidades de resolução de conflitos, não exclusivamente através do Poder
Judiciário. Marcelo Malizia Cabral (2013), por exemplo, defende o que entende ser
uma nova concepção de acesso à justiça:
72
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Termo de Ajustamento de Conduta como instrumento de proteção ao consumidor em observância do princípio da
incolumidade econômica: análise da eficácia do TAC firmado entre o MPAP e a Companhia de Eletricidade do Amapá
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Como já fora mencionado, este estudo busca evidenciar o TAC como uma
alternativa extrajudicial para a solução negociada de conflitos diante de direitos tran-
sindividuais. Neste sentido, como os demais institutos jurídicos, o TAC surgiu no
ordenamento jurídico brasileiro como um MARC em face dos anseios sociais e da
busca por celeridade na tutela de direitos difusos.
Apesar do §6º do artigo 5º da Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985 – Lei da
Ação Civil Pública (BRASIL) ser atualmente a principal norma que regula o instituto,
estabelecendo sua aplicação como medida precedente ao ajuizamento da ação civil
pública, o TAC não nasceu com o advento desta norma. Atribui-se seu surgimento
com a Lei n.º 8.069 de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) (BRASIL), a qual preceitua em seu artigo 211 que “os órgãos públicos legiti-
mados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de conduta às
exigências legais, o qual terá eficácia de título de executivo extrajudicial”.
Contudo, é a através do artigo 113 da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990
(BRASIL) - Código de Defesa do Consumidor (CDC), acrescentando o § 6º ao art. 5º
da Lei da Ação Civil Pública (BRASIL, 1985) que surge expressamente o TAC como
possibilidade de solução extrajudicial de conflitos transindividuais. Geisa de Assis
Rodrigues (2011) fala da importância do Termo de Ajustamento de Conduta como
método de solução extrajudicial de conflitos:
Rodrigues (2011) corrobora ainda quanto à preferência que deve ser dada a
este instituto diante de conflitos envolvendo direitos transindividuais:
De fato, ajuizar a ação civil pública é o caminho mais fácil para o Ministério
Público.
No entanto, não é necessariamente a forma mais adequada de tutela dos
direitos transindividuais. Sempre que haja possibilidade do acordo, pela evi-
dente ampliação de acesso à justiça que o mesmo proporciona, deve-se pre-
ferir promover o ajustamento de conduta. (RODRIGUES, 2011).
75
Termo de Ajustamento de Conduta como instrumento de proteção ao consumidor em observância do princípio da
incolumidade econômica: análise da eficácia do TAC firmado entre o MPAP e a Companhia de Eletricidade do Amapá
O TAC é, segundo José dos Santos Carvalho Filho (2005, p. 211), “o ato
jurídico pelo qual a pessoa, reconhecendo implicitamente que sua conduta ofende
interesse difuso ou coletivo, assume o compromisso de eliminar a ofensa através da
adequação de seu comportamento às exigências legais”.
A determinação da natureza jurídica do TAC é de entendimento controver-
tido na doutrina. Encontra-se dividida, substancialmente, em três correntes e pode
ser entendida como: (a) ato jurídico administrativo; (b) negócio jurídico bilateral, (c)
transação.
Para os que defendem a tese do TAC como um ato jurídico administrativo, o
compromisso de ajustamento não possui natureza contratual, pois os órgãos públi-
cos que o tomam não têm poder de disposição do direito transindividual objetivado
no TAC. Nessa linha, Hugo Nigro Mazzilli (2006) defende que:
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O fato é que todas as normas instituídas no CDC têm como princípio e meta
a proteção ao consumidor, também estampada no artigo 47 do CDC, que estabe-
lece que “as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favoráveis
ao consumidor”. Considera-se o núcleo do sistema protetivo instituído pelo CDC a
busca de um equilíbrio entre os participantes das relações de consumo. O artigo 4º
desta norma instituiu a Política Nacional das Relações de Consumo que, conforme o
texto da lei, tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econô-
micos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo.
Observando a Teoria da Qualidade no Direito do Consumidor, o Ministro An-
tônio Herman Benjamin (2009) diz que é possível enxergar duas órbitas distintas de
proteção. A primeira centraliza sua atenção na garantia da incolumidade físico-psí-
quica do consumidor, protegendo sua saúde e segurança, enquanto que a segunda
buscar regrar a incolumidade econômica do consumidor em face dos incidentes de
consumo capazes de atingir seu patrimônio, e é justamente o desprezo pelos inte-
resses econômicos dos consumidores que constitui a parte mais visível da sua des-
proteção.
Chamam-se práticas abusivas as ações que surgem das condutas de forne-
cedores que desvirtuam os padrões de boa conduta nas relações de consumo, ex-
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nado, ou seja, não basta ser adequado, nem estar à disposição das pessoas. É ne-
cessário que alcance os objetivos da contratação. Quanto ao sentido de adequação,
parte-se da definição legal, nos termos do artigo 6º da Lei 8.987 de 13 de fevereiro de
1995 - Lei de Concessões e Permissão (BRASIL), na qual serviço público adequado
é aquele prestado com regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia e modicidade tarifária.
O Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990) é ainda mais específico
quanto às concessionárias, no seu artigo 22:
7 O CASO CEA
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Assim que tomamos conhecimento desse fato, que vem gerando toda essa
confusão no Estado, instauramos procedimento administrativo para apurar.
E, como faço, antes de tomar qualquer medida judicial, eu gosto de ouvir a
outra parte para saber o que é necessário fazer e se há interesse em solucio-
nar o problema. Ninguém é obrigado a assinar um TAC, mas, em compensa-
ção, fica sujeito às medidas judiciais. (PACHECO, 2015).
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Tabela 01 – Serviços gerados no sistema Comercial CEA
concluída
Central PROCON 3.756 geradas pelo PROCON
Tabela 02 – Reclamações 3.756 Regular
a 31/12/2016a 31/12/2016
concluída Regular
Laranjal do Jarí
Central PROCON 3.756 3.756 Regular
PROCON SIAC- 36 36
PROCON SIAC-NORTE 130 130 Regular
CENTRO
PROCON SIAC-SUL - 2 2 Regular
TOTAL 3.989 3.989
PROCON – SIAC 65 65
Fonte: Controle Geral dos atendimentos – Relatório Analítico. Regular
Laranjal do Jarí
PROCON SIAC- 36 36
Regular
A Concessionária afirma que foram tomadas todas as providências necessárias à
CENTRO
TOTAL 3.989 3.989
resolução das reclamações envolvendo aumento exorbitante de consumo nas faturas.
Fonte: Controle Geral dos atendimentos – Relatório Analítico.
Na tabela 01 afirma-se que a empresa realizou 49.954 (quarenta e nove mil e
A Concessionária
novecentos afirmarefaturamentos
e cinquenta e quatro) que foram tomadas todas
(correção as providências
dos valores necessárias
das faturas) no períodoà
resolução das reclamações envolvendo aumento exorbitante de consumo nas faturas.
Na tabela 01 afirma-se que a empresa realizou 49.954 (quarenta e nove mil e
A Concessionária afirma que foram tomadas todas as providências necessá-
novecentos e cinquenta e quatro) refaturamentos (correção dos valores das faturas) no período
rias à resolução das reclamações envolvendo aumento exorbitante de consumo nas
faturas.
Na tabela 01 afirma-se que a empresa realizou 49.954 (quarenta e nove mil e
novecentos e cinquenta e quatro) refaturamentos (correção dos valores das faturas)
no período de novembro de 2015 a fevereiro de 2017. Além disso, aponta-se ainda a
realização de 37.063 (trinta e sete mil e sessenta e três) parcelamentos, atendendo,
portanto, ao item 4 das obrigações da compromissária constantes no TAC (revisão de
cobranças extras e parcelamento de faturas).
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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Submetido: 03/01/2019
Aprovado: 10/05/2019
95
COOPTAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS
COMO FORMA EXTREMA DE
CORRUPÇÃO.
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
O dinheiro como moeda de circulação e aquisição de bens e serviços tem-se apresentado contemporaneamente como
um instrumento de dominação, sendo que muitas vezes se sobrepõe aos limites morais e éticos inerentes ao cidadão.
A situação se agrava a partir do momento em que a delinquência organizada, através do emprego da corrupção, se
infiltra nas instituições governamentais. Agentes públicos passam a laborar de forma criminosa para grupos delitivos
com o objetivo de gerar lucros e poder. Impera então o que se poderia denominar de “reconfiguração cooptada do
Estado”.
ABSTRACT
Money as a service and good circulation and acquisition currency has been nowadays a domination mechanism, which
many times imposes itself to moral and ethical limits, inherent to the citizens. Situation get worse when organized
delinquency, by means of corruption, infiltrates government institutions. Public agents start to labor in a criminal
fashion to generate profits and power. It prevails, then, what can be called “State capture reconfiguration”.
SUMÁRIO
1. Introdução e complexidade do tema; 2. O dinheiro como fator de desvalorização dos ideais éticos e morais; 3. Aspectos
essenciais acerca do fenômeno da corrupção; 4. A relação promíscua entre a criminalidade organizada e a corrupção; 5. A
reconfiguração cooptada do Estado: conceito, características, causas, efeitos e perspectivas de enfrentamento; 6. Conclusões.
Bibliografia.
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14 Vide com detalhes sobre essa conceituação, Salcedo-Álbarán e Garay Salamanca (2016).
15 Interessante sobre esta temática, cfr. Shelley (2002).
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Cooptação de agentes públicos como forma extrema de corrupção - Desafios e perspectivas
Chegado a este ponto, cumpre-nos neste momento ofertar uma visão positi-
va e de perspectiva futura acerca dessa grave problemática.
Três seriam os caminhos a serem trilhados dentro de uma política de preven-
ção à proliferação do fenômeno da cooptação criminosa de agentes públicos.
Uma inicial ideia consiste no resgate do caráter ético da função pública.
Mas no que consiste a ética?
A ética pode ser definida como sendo o campo da teoria filosófica que proce-
de à averiguação dos fundamentos racionais das condutas e das práticas humanas
e sociais19. Ou, desde outra vertente, seria aquela disciplina do conhecimento que
possui como escopo o estudo e análise das atitudes e costumes do ser humano,
classificando-as como ações devidas ou indevidas, benéficas ou danosas, para, ao
fim, influenciar na formação do caráter moral do indivíduo20.
Interessa-nos, dentro do tema da reconfiguração cooptada do Estado e de
modo muito particular, a denominada “ética profissional” ou “ética da função pública”,
a qual é inerente àquelas pessoas que laboram em cargos públicos21.
Seria a ética, dentro desse contexto, a disciplina normativa da atuação dos
servidores orientados a satisfazer os interesses gerais da comunidade, a partir do
setor público (MEDINA OSÓRIO, 2007, p. 25).
Uma constatação inicial conduz a uma triste realidade em nosso país, uma
vez que grande parte daquelas pessoas que ingressam no funcionalismo público ou
na política não possuem conhecimento e responsabilidade suficientes sobre a ques-
tão dos valores éticos inerentes ao labor no ambiente do serviço público e da política.
E quando possuem, infelizmente por razões escusas, não os incorporam às
suas rotinas de trabalho, restando muitas vezes em situação de vulnerabilidade para
eventual cooptação criminosa.
Porém, quando reforçados os ideais éticos junto ao servidor, este interioriza
verdadeiramente os valores do serviço público; produz-se, ainda, uma mudança de
atitude em sentido positivo, ou seja, atua com responsabilidade e eficiência, geran-
do melhores resultados nos serviços prestados às instituições públicas. Quando as
instituições funcionam, tem lugar uma satisfação quanto ao serviço, uma melhora na
qualidade de vida que conduz ao resgate da confiança dos cidadãos em suas institui-
ções (BAUTISTA, 2015, p. 18).
19 Em palavras de Fereira (2005), “A ética, portanto, seria a morada ou lugar no qual se habita, o
refúgio de toda pessoa, a fortaleza inexpugnável do ser humano. É solo firme para caminhar sobre a
vida. É uma lâmpada que ilumina o homem no transcorrer de sua vida”.
20 De se anotar que Cortina (1995) diferencia a ética da moral, explicitando que “a ética, se bem
incide também nas decisões corretas da conduta humana, a realiza através de cânones ou fundamen-
tos morais, ou seja, não aponta o que é bom ou mal para se fazer (moral), mas tão somente se é bom
ou não (ética) ”. Com mais detalhes, vide essa obra completa (CORTINA, 1995).
21 Como marco referencial à compreensão do tema relativo à “ética da função pública”, imperioso
mencionar as conclusões da denominada “Comissão Nolan”, a qual foi criada no Reino Unido no mês
de outubro do ano de 1994. Referida comissão teve como escopo primordial proceder a uma análise
acerca das normas de condutas vigentes na Administração Pública e, de modo consectário e em caso
de necessidade, propor as alterações que se fizessem oportunas. Os trabalhos dessa citada comissão
estenderam-se pelo prazo de 06 (seis) meses, sobrevindo ao final um informe nominado “Normas de
conduta nas instituições públicas”. Neste documento, constam os 07 (sete) princípios basilares a serem
incorporados a toda e qualquer instituição pública, a saber: integridade, altruísmo, liderança, honestida-
de, transparência, responsabilidade e objetividade.
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6 CONCLUSÕES
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25 nov. 2018.
Submetido: 21/03/2019
Aprovado: 08/05/2019
116
PROGRAMA DE APADRINHAMENTO –
SUA OBRIGATORIEDADE COMO
COMPLEMENTAÇÃO NECESSÁRIA AOS
PROGRAMAS DE ACOLHIMENTO
A criança e o adolescente são inseridos em programa de acolhimento familiar e institucional para sua própria pro-
teção, porque em dado momento sua família de origem deixou de lhe oferecer a tutela condizente e necessária para
sua evolução como pessoa humana. Ocorre que a ausência do referencial familiar traz inexorável decréscimo à sua
qualidade de vida e à sua formação, razão pela qual os programas de acolhimento devem organizar os serviços ou
programas de apadrinhamento dando oportunidade, inclusive, para que a comunidade se aproxime da criança e do
adolescente acolhido. Recente alteração legislativa regulamentou o instituto e reclama sua implementação como
forma de humanização dos programas de acolhimento.
ABSTRACT
Children and adolescents are in familiar and institutional host programs for their own protection because sometimes
their original families refrained from providing compatible and necessary guardianship for their evolution as a human
person. The familiar benchmark lack brings inescapable decrease to children and adlescents’ life quality and to their
development. Because of this, host programs must organize attendance or aponsorship programs, bringing opportu-
nity, moreover, so that community may approach hosted children and adolescents. The recent legislative change has
regulated the institute and claims its implementation as a way of humanizing host programs.
Keywords: Children and adolescentes. Host Program. Enforceability in host programs. Attendance Humanization.
SUMÁRIO
1. Introdução. 2. Distinções. 3. Programa de Apadrinhamento. 3.1. Fundamentos legais e conceito. 3.2. Objetivos do Progra-
ma de Apadrinhamento. 3.3. Sujeitos do apadrinhamento. 4. Execução do Programa de Apadrinhamento 5. Obrigatoriedade
dos serviços ou programa de apadrinhamento como complementação necessária para os Programas de Acolhimento.
6. Notas Conclusivas. Referências.
Programa de Apadrinhamento - Sua obrigatoriedade como complementação necessária
para os Programas de Acolhimento
1 INTRODUÇÃO
A proteção integral não pode ser concebida como recurso utilitário do mun-
do adulto, mero expediente garantidor da maturidade, mas como um dever
de todos, uma obrigação correlata ao magno direito de viver como criança
e como adolescente, expresso em interesses juridicamente protegidos que
permitam existir em condições de dignidade e respeito, de modo que os movi-
mentos progressivos, mais perceptíveis na infância e adolescência, afigurem-
-se como consequências naturais e não como fins em si mesmos.
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Programa de Apadrinhamento - Sua obrigatoriedade como complementação necessária
para os Programas de Acolhimento
em processo de formação, sob todos os aspectos, v.g. físico (nas suas face-
tas constitutiva, motora, endócrina, da própria saúde, como situação dinâmi-
ca), psíquico, intelectual (cognitivo), moral, social etc.
2 DISTINÇÕES
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3 PROGRAMA DE APADRINHAMENTO
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para os Programas de Acolhimento
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para os Programas de Acolhimento
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para os Programas de Acolhimento
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6 NOTAS CONCLUSIVAS
REFERÊNCIAS
129
Programa de Apadrinhamento - Sua obrigatoriedade como complementação necessária
para os Programas de Acolhimento
BRASIL. Lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009. Dispõe sobre adoção; altera as Leis
nos 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, 8.560, de
29 de dezembro de 1992; revoga dispositivos da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
2002 - Código Civil, e da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943; e dá outras providências. Brasília, DF:
Presidência da República, 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
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reira Lobo Andrade (coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente. Aspectos
teóricos e práticos. 7. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2014.
Submetido: 21/03/2019
Aprovado: 08/05/2019
130
MEDIAÇÃO PENAL E VIOLÊNCIA DE
GÊNERO NO BRASIL:
UMA EXPERIÊNCIA NECESSÁRIA
O presente artigo analisa a questão da vitimização terciária de mulheres vítimas de violência de gênero em razão do
desconhecimento dos operadores jurídicos dos aspectos cíveis abrangidos pela Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006
na sua integralidade. Persiste a separação entre os aspectos criminais, cíveis e emocionais que surgem como conse-
quências pelo crime praticado. A mediação penal constitui importante ferramenta extraprocessual de um Ministério
Público Resolutivo, cabendo ainda ao parquet o dever de fornecer orientação jurídica adequada às vítimas de crimes.
ABSTRACT
This article analyzes the question of the tertiary victimization of women victims of gender violence due to the lack of
knowledge of the legal operators of the civil aspects covered by Law n. 11.340, dated August 7, 2016 in its entirety.
The separation between the criminal, civil and emotional aspects that arise as consequences for the crime practiced
persists. Criminal mediation is an important extra-procedural tool of a Public Prosecutor’s Office, and parquet also
has the duty to provide adequate legal guidance to crime victims.
SUMÁRIO
1. A violência de gênero e o marco legal brasileiro da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2016). 2. A me-
diação penal e a justiça restaurativa. 3. Características da mediação penal. 3.1. Objetivos da mediação penal. 3.2. Objeções
à aplicação da mediação penal em contexto de violência de gênero. 3.3. Da possibilidade da mediação penal. 4. Conclusão.
Bibliografia.
Mediação penal e violência de gênero no Brasil: uma experiência necessária
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Mediação penal e violência de gênero no Brasil: uma experiência necessária
mediação em todos os casos de violência contra a mulher, tanto antes como durante
os procedimentos judiciais”; que permitir a mediação penal seria um retrocesso na
luta contra a violência de gênero; que, no Brasil, a Lei Maria da Penha (2006) veda a
aplicação de institutos da Lei n. 9.099 (BRASIL, 1995), tais como a transação penal
e a suspensão condicional do processo.
4 CONCLUSÃO
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ciada de pena. Nos crimes de ação penal privada e naqueles condicionados à repre-
sentação da vítima, a disponibilização da mediação penal favorece a obtenção de
formas criativas de reparação do dano. Cumpre mencionar que a faculdade conferida
à vítima em propor a queixa-crime ou oferecer a representação ou desta se retratar
nos crimes de ação penal pública condicionada até o oferecimento da denúncia já se
encontram disponibilizados no ordenamento jurídico brasileiro. Nos crimes de ação
penal pública incondicionada, não se pode negar às partes o direito de serem escuta-
das com a consequente reparação do dano à vítima e a correlata atenuação da pena
a ser imposta ao infrator, ou, mesmo, a correta valoração da pena a ser imposta pelo
magistrado dentro dos parâmetros legais estabelecidos no tipo penal secundário nos
casos de ação penal pública incondicionada.
O tratamento integrado do conflito no Brasil está expressamente estabelecido
no art. 13 da Lei 11.340 (BRASIL, 2006), que estabelece como regra para o processo,
julgamento e execução o juiz e promotor do fato (competência cumulativa). A me-
diação se encontra disciplinada em leis específicas e posteriores, razão pela qual é
direito das partes em situação de violência doméstica e familiar optarem ou não pelo
uso desta técnica. Além disso, a vítima tem direito a que todos os aspectos do conflito
(cíveis e criminais) sejam apreciados pelo juiz e promotor do fato, sendo a ausência
de sua apreciação em ambiente especializado ato atentatório à sua dignidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constitui-
ção Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Domésti-
ca e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a
Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da Repú-
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Scottsdale: Herald Press, 2005.
Submetido: 24/04/2019
Aprovado: 08/05/2019
143
TRÁFICO DE PESSOAS: O TRÁFICO DE ÓRGÃOS SOB A PERSPECTIVA DO DIREITO ESPANHOL
NORMAS DE SUBMISSÃO
Submissões online:
A submissão de artigos científicos ou resenhas deverá ser feita por meio
do sítio eletrônico da Revista Jurídica, acessível no seguinte endereço: http://www.
esmp.sp.gov.br/revista_esmp/index.php/RJESMPSP/index. Os artigos serão avalia-
dos por meio do sistema conhecido como blind peer review, cabendo ao Conselho
Editorial da Revista Jurídica a decisão sobre sua publicação. São publicados artigos
em português, inglês, francês e espanhol.
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