Prova de Aferição - A Par e Passo 8
Prova de Aferição - A Par e Passo 8
Prova de Aferição - A Par e Passo 8
TEXTO A
Lê o artigo de opinião:
Animais de estimação e sociedade? Os cenários são díspares. Por um lado, assistimos a uma maior
consciencialização quanto à importância e ao papel dos animais de estimação na sociedade. Se olharmos
apenas para as alterações legislativas nesta matéria, os exemplos são diversos: a lei de 2014 que veio
criminalizar os maus-tratos a animais de companhia; o novo estatuto jurídico dos animais que,em 2017, veio
estabelecer que estes deixaram de ser considerados “coisas”; a lei que, já este ano, veio permitir a presença
de animais em estabelecimentos comerciais; e a recente lei que proíbe o abate nos canis municipais
como forma de controlo dos animais errantes.
Por outro lado, continuamos a deparar-nos com números expressivos que evidenciam ainda uma
realidade pouco desejável. Mais de 40 mil cães e gatos errantes foram recolhidos, em 2017, pelos serviços
municipais, de acordo com os dados da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, e cerca de 14
mil animais recolhidos já em 2018, segundo as recentes informações avançadas pela Ordem dos
Médicos Veterinários.
É verdade que os alicerces legislativos e os importantes movimentos cívicos pró-animal surgem como
intuito de contribuir para a formação de uma sociedade mais consciente e empenhada em prol dos animais
de estimação. Mas estaremos, efetivamente, a trabalhar nesta relação entre a sociedade e os animais e a
construção de um mundo melhor? A resposta é simples: podemos fazer mais. E acreditamos que, para “fazer
mais”, teremos de recentrar o foco.
Partimos de um breve paralelismo com um caso paradigmático: onde e como começaram os hábitos de
reciclagem? Através de programas de educação para as crianças. É, de facto, junto dos mais novos, as
gerações do futuro, que devemos agir. Pela sua capacidade de aprendizagem e, acima de tudo,pela sua
simplicidade e capacidade de transmitir conhecimento. E, quando falamos em sociedade e animais de
estimação, acreditamos que se trata de uma questão que deve ser também abordada pela sua raiz: na
educação. Educação sobre as suas especificidades, educação sobre os comportamentos, assuas necessidades
e o compromisso e responsabilidade que acarretam.
Acreditamos ser necessário um reforço no acompanhamento do ponto de vista pedagógico sobre este
tema, sobretudo maximizando todos os benefícios do ambiente escolar. Porque ensinar apenas oque está
certo ou errado não basta. De forma simples e acessível, é necessário transmitir mais mensagens, mais
conhecimentos, mais conteúdos.
De que serviriam os ecopontos, se não tivesse existido uma aposta na educação ambiental e para a
reciclagem? Acreditamos que o mesmo deva acontecer no que diz respeito aos animais de estimação.Como
serão eficazes todos os esforços se não houve um maior empenho para a consciencialização e sensibilização
sobre tudo o que os une e os distingue do ser homem? Portanto, queremos criar um mundo melhor para
todos nós. Queremos uma sociedade a educar.
Filipa Herédia, in www.observador.pt (consultado em janeiro de 2022).
1. Preenche a tabela com a informação apresentada nas alíneas, distinguindo os factos considerados
positivos dos negativos, de acordo com o texto.
FACTOS POSITIVOS FACTOS NEGATIVOS
2. Seleciona a opção que completa corretamente a frase, de acordo com o sentido do texto.
2.1. Na opinião da autora, a ação da sociedade para melhorar o mundo e a condição geral dos animais é
a) satisfatória
b) suficiente
c) razoável
d) insuficiente
2.3. o paralelismo entre a reciclagem e o respeito pelos animais procura mostrar que
a) enquanto o segundo é um sucesso, o primeiro não correu tão bem
b) enquanto o primeiro foi uma sucesso, o segundo não correu tão bem
c) as ações desenvolvidas para a promoção devem ser diferentes
d) as ações desenvolvidas para a promoção devem ser semelhantes
.
TEXTO B
Lê o excerto:
O PAPAGAIO VERDE
Certa manhã, quando me levantei, havia na cozinha um movimento desusado, gritos, uma atmosfera
de pânico. Provavelmente, essa atmosfera despertara-me. Fui ver. O Papagaio Verde estava solto! Passeando
para cá e para lá no chão, arrastando uma ponta de corrente, o Papagaio proibia que a porta da varanda se
abrisse, e esvoaçava ameaçador contra a greta que nas portadas as criadas tentassem. Eu queria passar para
fora, minha mãe que acudira ao tumulto segurava-me, o Papagaio berrava. As criadas repetiam que ele
fugira, fugira! Eu achava que, se tivesse fugido, teria voado para as árvores do quintal subjacente. E
desmenti. E, lutando esgatanhadamente contra todas, abri as vidraças da varanda. Afugentando para o
corredor a minha mãe e as criadas, que pela porta entreaberta da cozinha observavam o terrível incidente de
que eu sairia mortalmente ferido («com um olho vazado», clamava minha mãe em ânsias), o Papagaio
entrou, dando ao corpo nos requebros1 de avançar, mal espalmados no chão os dedos, a passos largos, direito
a mim, que, contagiado levemente pelo pânico daquelas galinhas, recuara. E veio até aos meus pés, e fez
contra um meu sapato, com doçura e ternura, aquele gesto de afiar lateralmente o bico, que fazia às vezes na
borda da gaiola. Abaixei-me para lhe pegar. Ele deixou que o agarrasse, instalou-se num meu dedo, e
pesava.
Que dia triunfal! Meu pai partira já, dessa vez, no torvelinho dos malões e dos engomados, com o
criado de casaco branco, muito tímido entreportas, a dirigir a saída da bagagem. Houvera as despedidas do
costume, com meu pai acabando por tirar da algibeira um envelope branco que pousava em cima do
«toilette» e era o dinheiro para três meses de ausência. Houvera a contagem do dinheiro, por minha mãe, e o
regateio mútuo sobre se chegavam ou não aquelas notas. Depois os beijos e abraços, a ida à janela da sala
para dizer-se o adeus final. E eu recomeçara, aos fins de tarde, as idas a casa da Dona Antonieta, para a lição
de piano, que a família toda, com meu pai à frente, achava uma indignidade mulheril, e que era a única
manifestação de teimosa independência por parte da minha mãe. [...]
Com o Papagaio no dedo, avancei pelo corredor fora em direção à sala, seguido pelo cortejo receoso
que não ousava deter-me, porque o bicho abria para elas um bico desmedido. Abri a porta, entrei, escancarei
de par em par as portadas (e, para lutar com os fechos, tive de pousar no chão o Papagaio que logo esvoaçou
para a porta, a conter o avanço das tropas perseguidoras), fui fechar a porta, sentei-me no banco do piano
que abri, depois de levantar a colcha indiana que o cobria e cujas franjas sempre se enguiçavam na tampa.
Concentrando-me, desferi acordes tumultuosos e dissonantes, com trémulos rotundos nas oitavas baixas e
glissandos3 nas esganiçadas. O Papagaio, numa atrapalhação precipitada, subiu para as costas da cadeira
mais próxima, e espanejou-se, e acompanhava, dançando e gritando uma melopeia desafinada, a minha
música sem nexo. E, de vez em quando, para maior alegria minha, largava escagarrichadamente pelo estofo
da cadeira, que assim se degradava, as suas dejeções acinzentadas.
Não houve mais contê-lo. Eu próprio o prendia e soltava da gaiola, e ele esperava com paciência as
horas em que iria buscá-lo para o trazer à sala.
NOTAS:
1. Refere, por palavras tuas, o que ocorreu em casa do narrador no início do texto.
2. O narrador toma três atitudes para resolver a situação. Quais são?
3. Quando o narrador ficou sozinho com o papagaio, ele tem sentimentos aparentemente contraditórios.
Justifica esta afirmação.
4. Classifica o tipo de narrador, quanto à sua presença, ilustrando-a com exemplos textuais.
5. Refere dois atos de rebeldia que o papagaio acabou por tomar.
GRAMÁTICA
Lê o seguinte texto:
O Papagaio Verde fora sempre um animal de humores. Frequentemente, gritava duramente com as pessoas,
chegava mesmo a ameaçar as criadas. Nunca tinha tido uma relação saudável com elas. Todos os membros
da família tinham medo dele, exceto o narrador, o seu dono mais jovem e primeiro da família.
2. Atenta às seguintes frases e substitui todos os elementos sublinhados pelos pronomes átonos
adequados.
a) O papagaio faz jogos com as pessoas.
b) O papagaio viu entrar o narrador e nada fez.
c) As criadas dão o papagaio ao narrador, para este entreter o animal.
ESCRITA
Atualmente, muitas família têm animais de companhia: Cães, gatos, papagaios, lagartos...são exemplos
disso.
Escreve um texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 150 e um máximo de 240 palavras, em
que defendas a adoção de animais de companhia dentro de um seio familiar.