Aula 007

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MTM 1022 – Equações Diferenciais B

Aula 7
II – Soluções em Séries de
Equações Diferenciais Lineares
Consideremos a equação diferencial linear com coeficientes variáveis:

a ( x) y '' b( x) y ' c( x) y  g ( x).

Vamos buscar soluções em séries de potências da forma


y ( x)   an ( x  x0 ) n .
n 0
Soluções em Séries de Potências
Consideremos a equação diferencial linear de segunda ordem
a2 ( x) y '' a1 ( x) y ' a0 ( x) y  0 (1)

que pode ser escrita na forma


y '' P ( x) y ' Q( x) y  0 (2)

a1 ( x) a0 ( x)
onde P ( x)  e Q( x) 
a2 ( x) a2 ( x)

Definição: Dizemos que x0 é um ponto ordinário da equação diferencial (1) se P ( x) e Q( x)


em (2) forem funções analíticas em x0 . Se um ponto não for ordinário, dizemos que é um
ponto singular.

A definição estipula que, se pelo menos uma das funções P ( x) ou Q( x) não forem analíticas
em x0 então x0 será um ponto singular da equação.
Exemplos:

1. Todo valor finito de x é um ponto ordinário da equação diferencial y '' e x y ' sen x y  0 .

2. x  0 é um valor singular da equação diferencial y '' e y ' (ln x) y  0 pois Q( x)  ln x


x

é descontínua em x  0 e, portanto, não pode ser expressa por uma série de potências em x.

Coeficientes Polinomiais
Estamos interessados no caso em que os coeficientes de (1) são funções polinomiais. Um
polinômio é analítico em qualquer valor de x e uma função racional é analítica exceto nos
pontos em que seu denominador se anula.

Assim, se a2 ( x), a1 ( x), a0 ( x) forem polinômios sem fatores em comum, as funções racionais
a1 ( x) a ( x)
P( x)  e Q( x)  0
a2 ( x) a2 ( x)
são analíticas, exceto onde a2 ( x)  0.
Segue que x  x0 é um ponto ordinário de (1) se a2 ( x)  0.
Exemplo: Os pontos singulares da equação ( x 2  1) y '' 2 xy ' 6 y  0 são x  1. Todos
os outros valores de x são pontos ordinários.

Teorema: Existência e Unicidade de Soluções em Séries de Potências


Se x0 for um ponto ordinário da equação diferencial (1), poderemos sempre encontrar duas
soluções linearmente independentes na forma de séries de potências centradas em x0 , isto é,

y ( x)   an ( x  x0 ) n .
n 0

Uma solução em série converge pelo menos em algum intervalo definido por x  x0  r,
onde r é a distância ao ponto singular mais próximo.


Uma solução da forma y ( x)   an ( x  x0 ) é chamada de solução em torno do ponto
n

n 0
ordinário x0 .
Agora vamos determinar soluções da equação diferencial (1) em séries de potências
em torno de um ponto ordinário. Substituímos a série

y ( x)   an ( x  x0 ) n
n 0

na equação diferencial, combinamos as séries e igualamos os coeficientes aos correspondentes


coeficientes do lado direito da equação para determinar os valores dos coeficientes an .

Exemplo 1: Encontre a solução da equação y '' xy  0.

Como não existem pontos singulares, o Teorema garante que existem duas soluções em
séries de potências. Se escolhermos x0  0, as séries convergem para x  .
 
Substituindo y   an x e y ''   n(n  1)an x na equação diferencial , obtemos
n n2

n 0 n2
y '' xy  0
 

 n(n  1)a x
n2
n
n2
 x  an x n  0,
n 0
Multiplicar todos os termos do segundo somatório por x

n2 k n 1  k
nk 2 n  k 1
 

 n(n  1)an x
n2
n2
  an x n 1  0,
n 0
Deixar os dois somatórios com o mesmo índice k e mesma
potência de x
 

 (k  2)(k  1)a
k 0
k 2 xk
  a k 1 x
k 1
k
 0, Os dois somatórios devem iniciar pelo mesmo índice (o mais alto):
para isso, retiramos o primeiro termo do primeiro somatório

2a2    (k  2)(k  1)ak  2  ak 1  x k  0. Agrupamos os termos e igualamos os coeficientes a zero
k 1

2a2  0 e (k  2)(k  1)ak  2  ak 1  0


ak 1
a2  0 e ak  2   Fórmula de recorrência para ak
(k  2)(k  1)

ak 1
A solução será y ( x)   ak x k , onde os coeficientes são det. por a2  0 e ak  2  
k 0 (k  2)(k  1)
a0 k  1, 2,3,
k  1  a3   ,
3 2
a
k 2  a4   1 ,
43
a
k 3  a5   2  0,
5 4
a 1 a a0
k 4  a6   3   ( 0 )  ,
65 6 5 3 2 6 53 2
a4 1 a1 a1
k 5  a7    ( ) ,...
76 7 6 43 7 6 43

y ( x)  a0  a1 x  a2 x 2  a3 x 3  a4 x 4  a5 x 5  a6 x 6 
a0 3 a1 4 a0 a1
 a0  a1 x  x  x  x 
6
x7 
3 2 43 6 53 2 7 6 43
 1 3 1   1 4 1 
 a0 1  x  x    a1  x 
6
x  x7  
 3 2 6 53 2   43 7 6 43 
Como a equação diferencial é linear e homogênea, a solução é combinação linear
de duas soluções linearmente independentes:

y ( x)  a0 y1 ( x)  a1 y2 ( x)
 1 3 1   1 4 1 
 a0 1  x  x6  
 1a x  x  x7  
 3 2 6 53 2   43 7 6 43 

y1 ( x) y2 ( x )

A equação deste exemplo é conhecida como equação de Airy. Tem aplicação na difração
de ondas de rádio em torno da superfície da Terra, aerodinâmica, deflexão de uma
coluna vertical fina e uniforme que se inclina sobre seu próprio peso. Outras forma da
equação de Airy são y '' xy  0 e y ''  2 xy  0.
Exemplo 2: Encontre a solução do PVI y '' xy  0, y (0)  1, y '(0)  1.

A solução da equação é:
 1 3 1   1 4 1 
y ( x)  a0 1  x  x6    a  x  x  x 7
 
 3 2 6 53 2 43 7 6 43
1
  
A derivada de y(x) é
 3 2 6   4 3 7 
y '( x)  a0   x  x5  
 1a 1  x  x 6
 .
 3 2 6 53 2   43 7 6 43 
Calculando y e y’ em x=0, obtemos

 1 3 1   1 4 1 
y (0)  a0 1  0  0    a1  0 
6
0  07    a0
 3 2 6 53 2   43 7 6 43 
 3 2 6   4 3 7 
y '(0)  a0   0  05    a1 1  0  06    a1
 3 2 6 53 2   43 7 6 43 
Assim, y (0)  a0 =1 e y '(0)  a1  1.
1 3 1 1 4 1
A solução do PVI é: y ( x)  1  x  x6  x x  x7 
3 2 6 53 2 43 7 6 43
Exemplo 3: Encontre a solução da equação de Airy y '' xy  0 em torno de x0  1.

Neste caso, procuramos soluções da forma y   an ( x  1) .
n

  n 0

Substituímos y   an ( x  1) n e y ''   n(n  1)an ( x  1) n  2 na equação diferencial


n 0 n2
 

 n
n2
( n  1) an ( x  1) n2
 x  n
a ( x
n 0
 1) n
 0. (*)

Observe que não podemos simplesmente multiplicar o segundo somatório por x.



Isto levaria a  n
a
n 0
x ( x  1) n
 0. E não há simplificação possível!!
Devemos escrever x em termos de x  1. Isto é, x  1  ( x  1).
 
Assim, (*) fica  n(n  1)an ( x  1)
n2
n2
 (1  ( x  1)) an ( x  1) n  0,
n 0
  

 n(n  1)an ( x  1)
n2
n2
  an ( x  1)   an ( x  1)( x  1) n  0,
n 0
n

n 0
  

 n
n2
( n  1) an ( x  1) n2
  n
a (
n 0
x  1) n
  n
a ( x 
n 0
1) n 1
 0.
n2 k n 1  k
nk 2 n  k 1
  

 n(n  1)a ( x  1)
n2
n
n2
  an ( x  1)   an ( x  1) n 1  0
n 0
n

n 0

  

 (
n 0
n  2)( n  1) an2 ( x  1)   n
a ( n
x  1) 
n 0
 n1
a ( x  1) n
n
0
n 1

  
2 1a2   (n  2)(n  1)an  2 ( x  1)  a0   an ( x  1)   an 1 ( x  1) n  0
n n

n 1 n 1 n 1


2a2  a0    (n  2)(n  1)an  2  an  an 1  ( x  1) n  0  0( x  1)  0( x  1) 2  .....
n 1

2a2  a0  0 e (n  2)(n  1)an  2  an  an 1  0

a0 an  an 1
a2  e an  2  , para n  1
2 (n  2)(n  1)

A solução será y ( x)   an ( x  1) n , onde os coeficientes são determinados por
n 0

a0 an  an 1 a1  a0
a2  e an  2  , para n  1. n  1  a3 
2 (n  2)(n  1) 3 2
a2  a1 a0 a
n  2  a4    1
43 4 3 2 4 3
a a a a a0
n  3  a5  3 2  1 0 
5 4 5 4 3 2 5 4  2
A solução da equação de Airy em torno de x=1 é

y ( x)  a0  a1 ( x  1)  a2 ( x  1) 2  a3 ( x  1)3  a4 ( x  1) 4 
a0 a1  a0  a0 a1 
 a0  a1 ( x  1)  ( x  1) 
2
( x  1)  
3
  ( x  1) 4

2 3 2  4 3 2 4 3 
 1 1 1 
 a0 1  ( x  1) 2  ( x  1)3  ( x  1) 4  
 2 3 2 4 3 2 
 1 1 
a1  ( x  1)  ( x  1) 
3
( x  1) 4  
 3 2 43 
Exemplo 4: Encontre a solução da equação não homogênea y ' ty  1  t.
 
Substituímos y   ant n
e y '   nant n 1 na equação diferencial
n 0 n 1

 

 nant
n 1
n 1
 t  an t n  1  t ,
n 0
 

 ( n
n 0
 1) an 1t n
  n1  1  t ,
a t n

n 1
 
a1   (n  1)an 1t   an 1t n  1  t ,
n

n 1 n 1

a1    (n  1)an 1  an 1  t n  1  t ,
n 1

a1   2a2  a0  t  3a3  a1  t 2   1  t  0t 2  0t 3  ,

a1  (2a2  a0 )t    (n  1)an 1  an 1  t n  1  t.
n2
1  a0
a1  1 e 2a2  a0  1  a2  ,
2
an 1
(1  n)an 1  an 1  0, n2  an 1   , n2
n 1
a1 1 a 1 a
n  2  a3     , n  3  a4   2    0 ,
3 3 4 4.2 4.2
a 1 a 1 a
n  4  a5   3  , n  5  a6   4   0 ,...
5 5.3 6 6.4.2 6.4..2

y (t )  a0  a1t  a2t 2  a3t 3  a4t 4 


1 a  1  1 a  1 5
y (t )  a0  t    0  t 2  t 3     0 t4  t 
2 2  3  4.2 4.2  5.3
 1 1 4  1 1 1 4 1 5
 a0 1  t 2  t    t  t2  t3  t  t 
 2 4.2  2 3 4.2 5.3

Sol. geral da equação Sol. particular da equação não-


homogênea homogênea

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