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ILMO. SR. DR.

SECRETÁRIO GERAL ADJUNTO DA ORDEM DOS


ADVOGADOS DO BRASIL – SC

Processo Ético Disciplinar N. 29/2021 e 99/2021

BARBARA BARON SILVEIRA, OAB/SC 21183, já devidamente qualificado nos


autos dos Processos Disciplinares em epígrafe, por intermédio do advogado,
honrosamente nomeado Defensor Dativo, vem mui respeitosamente perante
Vossa Senhoria apresentar DEFESA PRÉVIA, nos termos do art. 73, caput, da
Lei n.º 8.906/94, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos.

1. DA SÍNTESE FÁTICA

Trata-se de Processo Administrativo originado de Representação de


fls. 01/02 endereçada ao Exmo. Sr. Dr. PRESIDENTE da OAB/SC, aos dias 30 de
outubro de 2020, pelo Sr. RICARDO ARTUR KANDINI em desfavor do ora
defendente.

De acordo com a narrativa fática, às fls. 01/02, a Representada teria


se apropriado indevidamente de valores do representante, com argumento que
estaria em trâmite negociações de veículos de leilão, ao passo que a aquela seria
a protagonista e responsável pelo sucesso da aquisição destes bens.

Todavia, narra o representante que não foi possível a consumação da


aquisição e arrematação dos bens, tão pouco a devolução da quantia paga para
a Drª. Barbara, e com base em notícias que pesquisou na internet, levou a crer
que a advogada o teria iludido, aplicando golpe.
É a síntese.

2. DAS ALEGAÇÕES DEFENSIVAS

2.1. PRELIMINARMENTE

2.1.1. Da inépcia por ausência de descrição clara de infração ética


(Art. 57, II, do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do
Brasil)

Observa-se que uma decisão de admissibilidade que não descreva,


especificamente, quais condutas da representada estão sob análise infracional,
por certo, lhe cerceia a defesa. Da mesma maneira o faz uma decisão de
admissibilidade que se limita a descrever a capitulação jurídica atribuída a
fatos que se omitiu em descrever, imputando diversos artigos de maneira
genérica.

Logo, uma vez definidos os fatos e a capitulação jurídica pelo


despacho de admissibilidade da representação, compete a acusada desconstituir
sua ocorrência e requerer os devidos ajustes ao enquadramento atribuído aos
fatos imputados, na qual a decisão de admissibilidade deveria enquadrar de
maneira esclarecedora as condutas infracionais.

Bom exemplo de ataque à capitulação jurídica atribuída aos fatos


infracionais ocorre na representação por locupletamento e ausência de
prestação de contas. Embora muito comum admitir-se representações pelas
duas infrações, de forma conjugada (art. 34, XX e XXI, EAOAB), fato é que, no
caso dos autos não ficou claro os requisitos para a configuração da infração do
inciso XXI do art. 34; ou seja, a recusa injustificada à prestação de contas e que
a hipótese não se aplica àqueles casos em que o advogado prestou contas
ao cliente, mas este com elas não concorda, que é justamente o que ocorreu
neste.
De mais a mais, conclui-se que a acusação deve ser expressa quanto
aos fatos imputados ao acusado e a capitulação jurídica, constante da lei
disciplinar, deve amoldar-se perfeitamente ao caso concreto, não se permitindo
elastecimentos do texto legal para prejudicar o réu.

EMENTA N. 139/2018/OEP. (...) 1) No processo administrativo-


disciplinar, o representado se defende de fatos que lhe são
imputados, cabendo ao órgão julgador atribuir enquadramento legal
próprio a esses fatos. Pelo princípio da correlação entre a imputação
e a sentença, se veda que o acusado seja condenado por fato alheio
àquele objeto da instrução processual, porquanto não pode restar
condenado por fato do qual não teve oportunidade de se defender.
(RECURSO N. 49.0000.2016.003351-3/OEP. Relator Tullo Cavallazzi
Filho, DOU, S. 1, 14.08.2018, p. 323-324).

Portanto, ante a ausência de descrição de infração ética na


Representação, o arquivamento do presente processo disciplinar é medida
impositiva.

2.2. DO MÉRITO

2.2.1. Da não ocorrência de infração ética

A denúncia fundamentada no Art. 34 - XX - locupletar-se, por qualquer


forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou interposta pessoa; a
mesma não deve prosperar, com base nos autos, tudo leva a crer que o ocorrido
no presente caso foi à falta de comunicação, não ficando demostrada a má fé da
advogada, visto que conforme as conversas juntadas aos autos, a mesma sempre
respondeu aos representantes sobre o andamento dos processos e das
diligências extraprocessuais.

Da mesma forma não restou provado a infração ao Art. 34, XXI -


recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas
dele ou de terceiros por conta dele, visto que a todo momento que os
representantes perguntavam o andamento das diligências, a representada o
respondia.
Fato é que a presente representação foi desprovida de provas cabais
a demonstrar a desonestidade e a má fé da Representada na condução de suas
atividades, consubstanciadas unicamente em indício que maculam a finalidade
do processo disciplinar, restando incontroverso a ausência de infração ética, ao
contrário, com base nas conversas por aplicativo juntada aos autos, revelou-se
que a Representada atuou com honestidade, decoro, veracidade, lealdade,
dignidade e boa-fé.

3. DOS REQUERIMENTOS

ISTO POSTO, requer:

a) O arquivamento do ref. processo ético disciplinar em razão da


inépcia da representação, pelo não preenchimento dos requisitos estabelecidos
no Art. 57, II, do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil;

b) O arquivamento do ref. processo ético disciplinar em razão da


inépcia da representação, por não ter sido assinada pelo Representante, nos
termos do Art. 57, IV, do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados
do Brasil;

c) Caso o pedido retro não seja acolhido, pugna pela


IMPROCEDÊNCIA DA REPRESENTAÇÃO em curso, em razão da inocorrência
de qualquer das infrações dispostas no art. 34 da Lei n. 9.906/94.

Nesses termos,
Pede deferimento.

- Itajaí – SC, 15 de agosto de 2021-

GABRIEL DA ROSA PEREIRA


OAB/SC nº 54.676

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