Apostila Hidrologia As3
Apostila Hidrologia As3
Apostila Hidrologia As3
Escoamento Superficial
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Escoamento Superficial
• Introdução;
• Métodos de Estimativa do Escoamento Superficial.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Exercitar os principais métodos de dimensionamento da vazão de projeto de uma estru-
tura hidráulica.
UNIDADE Escoamento Superficial
Introdução
Escoamento superficial é a terminologia usada em hidrologia que define
o fluxo de água que ocorre na superfície do solo quando este se encontra
saturado de umidade. Um dos estudos da hidrologia ocorre a respeito do
escoamento, por meio do aproveitamento da água superficial que é acu-
mulada, e propor medidas que evitem possíveis danos provocados pelo
seu deslocamento.
Fonte: https://bit.ly/3KrWIRn
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Componentes do Escoamento dos Cursos d’Água
O escoamento superficial começa algum tempo após o início da precipitação, devido
à interceptação dos vegetais e dos obstáculos, à saturação do solo e à acumulação nas
depressões do terreno. A interceptação e a acumulação tendem a reduzir no tempo e a
infiltração torna-se constante.
As precipitações chegam até o leito dos cursos d´água por alguns tipos de escoamento
(TUCCI, 2012):
• Escoamento superficial: cresce com o tempo, até atingir um valor constante durante
a precipitação, e decresce até cessar a partir do fim da precipitação;
• Escoamento subsuperficial (hipodérmico): ocorre nas camadas superiores do solo;
• Escoamento subterrâneo: contribuição que varia com o tempo e é responsável
pela alimentação do curso de água durante a estiagem;
• Precipitação direta sobre a superfície livre.
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UNIDADE Escoamento Superficial
Tucci (2012) relata a relação entre as maiores variações das vazões instantâneas no
curso d´água e as chuvas de alta intensidade, em uma mesma área da bacia hidrográfi-
ca. Essas maiores variações das vazões instantâneas também são associadas às maiores
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declividades do terreno, à maior declividade do curso d´água, às menores depressões
retentoras de água, às menores quantidades de água infiltrada, às menores áreas com
recobrimento vegetal e ao quão retilíneo é o traçado do curso d´água.
Métodos de Estimativa
do Escoamento Superficial
Os métodos para aferir o escoamento superficial podem ser divididos em grupos
(PINTO et al., 1976).
Os dados das alturas do nível da água são utilizados para estimar a vazão em uma
determinada seção do curso d’água por meio de uma curva-chave, isto é, a cada altura
do nível de água corresponde uma vazão.
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UNIDADE Escoamento Superficial
Hidrograma
Um hidrograma típico gerado por uma chuva intensa apresenta uma curva com
um pico único ou pode apresentar picos múltiplos se ocorrerem variações abruptas na
intensidade da chuva, uma sequência de chuvas intensas ou um recuo anormal do esco-
amento subterrâneo.
Porém, quando ocorrem enchentes maiores, o nível do curso de água eleva-se mais
do que o nível do lençol, então ocorre a inversão do movimento temporariamente.
A simulação do escoamento superficial no gráfico é necessária para separá-lo do esco-
amento do lençol de água e, assim, obter a precipitação efetiva que gerou o escoamento.
Na área urbana, a representação gráfica do escoamento é superficial, o tempo de
concentração é menor e a vazão de pico é maior do que em área rural.
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Figura 7 – Hidrograma de Bacias Urbana e Rural
Fonte: Adaptado de TUCCI, 2008
Existem alguns fatores que podem intervir no hidrograma, tais como o relevo, o tipo
de cobertura, as condições iniciais de umidade do solo, as modificações artificiais (bar-
ramentos) e as características da precipitação.
Precipitação efetiva
Precipitação
B
Vazão
C
A
D
Escoamento básico
t0 tA E tB tC Tempo
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UNIDADE Escoamento Superficial
VolTesc
C=
VolTprec
Em que:
• C → Coeficiente de escoamento superficial;
• VolTesc → Volume total escoado (área do hidrograma);
• VolTprec → Volume total precipitado (área do hietograma x área da bacia hidrográfica).
O volume total escoado (VolTesc) corresponde à área do gráfico do hidrograma da forma
(ABCA). Para o cálculo do valor, utiliza-se qualquer processo de aproximação como a
integração numérica.
Na determinação da precipitação efetiva (Pe), isto é, da precipitação que gera escoa-
mento superficial, utiliza-se a seguinte equação:
VolTesc
Pe =
ABH
Em que:
• Pe → Precipitação efetiva (metros);
• VolTesc → Volume total escoado (m3);
• ABH → Área total da bacia hidrográfica (m2).
Hidrograma Unitário
O Hidrograma Unitário é um dos métodos mais práticos disponíveis para determinar
a relação entre a precipitação e o hidrograma resultante.
Carvalho (2006) define hidrograma unitário como o hidrograma resultante de um
escoamento superficial unitário (1 mm, 1cm, 1 polegada) gerado por uma precipitação
efetiva uniforme distribuída sobre a bacia hidrográfica, com intensidade constante de
uma dada duração.
O hidrograma unitário permite calcular a resposta da bacia hidrográfica a eventos de
chuva diferentes, sendo que a resposta é a soma das respostas individuais.
Collischonn (2011) apresenta as três hipóteses básicas para determinar o comporta-
mento da bacia hidrográfica em relação a diferentes precipitações:
• Precipitações excedentes ou efetivas de mesmas durações produzem escoamentos
superficiais diretos com tempos iguais, isto é, chuvas com as mesmas durações
produzem hidrogramas com as mesmas bases (Figura 9);
• Duas precipitações excedentes ou efetivas de mesma duração, mas com volumes
escoados diferentes, formam hidrogramas em que as ordenadas (eixo y) são propor-
cionais aos correspondentes volumes escoados, isto é, precipitações com as mes-
mas durações, mas com alturas diferentes produzem hidrogramas com ordenadas
proporcionais aos volumes escoados (Figura 10);
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• Precipitações excedentes anteriores não influenciam a distribuição no tempo do
escoamento superficial direto de uma dada precipitação, isto é, não se considera o
efeito de memória da bacia hidrográfica (Figura 11).
Q Q Q
P1 P2 P3
d d d
D t D t D t
1 mm de precipitação efetiva em
toda a bacia com duração D
2 mm de precipitação efetiva em
toda a bacia com uma duração D
P P
Gera uma resposta na seção de saída Gera uma resposta na saída da
da bacia, o hidrograma unitário Q
bacia onde cada valor de vazão é
Q o dobro do hidrograma unitário
t t
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UNIDADE Escoamento Superficial
Q
QHU =
Pe
Em que:
• QHU → Vazão do hidrograma unitário;
• Q → Vazão;
• Pe → Precipitação efetiva.
Os dados fornecidos pelo hidrograma unitário são utilizados para definir hidrograma
de projeto, que determina a capacidade das obras de estruturas hidráulicas como gale-
rias de águas pluviais, bueiros rodoferroviários, vertedores, estruturas de proteção contra
enchentes etc.
Daee (1979) adaptou as condições do método para o Estado de São Paulo, sendo
utilizado para bacias hidrográficas urbanas.
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Portanto, para se determinar as variáveis envolvidas no cálculo da vazão de pico (qp),
tem-se:
t p 0, 6 × tc
=
D
Tp= t p +
2
tb =Tp + 1, 67 × Tp
Em que:
• qp → vazão de pico do hidrograma unitário (m³/s);
• A → área (km2);
• Tp → tempo de subida (h).
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UNIDADE Escoamento Superficial
Método Racional
Esse método é muito utilizado, mas sua aplicação é limitada a pequenas bacias (áreas
de estudo) com no máximo 2 km2. O método é aplicado para áreas com muitos dados
de chuva e poucos dados de vazão.
Q 0, 278 × C × i × A
=
Em que:
• Q → vazão (m³/s);
• C → Coeficiente de escoamento superficial;
• i → intensidade da precipitação (mm/h);
• A → área da bacia hidrográfica (km2).
O coeficiente de escoamento superficial (C) ou coeficiente de runoff, que foi citado
anteriormente nesta unidade, pode ser determinado por dados tabelados que relacionam
tipo de solo, declividade e cobertura vegetal da bacia em estudo.
Tucci (2021) apresenta os valores do coeficiente de escoamento superficial tabelados
em função do tipo de recobrimento da superfície da bacia e do tipo de solo, bem como
uma versão adotada pela Prefeitura de São Paulo:
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C
Superfície
Intervalo Valor esperado
• Plano (2%) 0,05 – 0,10 0,08
• Médio (2 a 7%) 0,10 – 0,15 0,13
• Alta (7%) 0,15 – 0,20 0,18
Grama, solo pesado
• Plano (2%) 0,13 – 0,17 0,15
• Médio (2 a 7 %) 0,18 – 0,22 0,20
• Declividade alta (7%) 0,25 – 0,35 0,30
Fonte: Adaptada de TUCCI, 2012
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UNIDADE Escoamento Superficial
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Associação Brasileira de Recursos Hídricos
https://bit.ly/3F45eCT
Livros
Hidrologia – Engenharia e Meio Ambiente
PIMENTEL, L. Hidrologia – Engenharia e Meio Ambiente. Grupo GEN, 2015.
9788595155510. (e-book)
Vídeos
Método Racional
https://youtu.be/RdkoJr0lP4s
Leitura
Influência da Precipitação no Escoamento Superficial em uma Microbacia Hidrográfica
do Distrito Federal
https://bit.ly/3n8slpP
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Referências
CARVALHO, D. F. de; SILVA, L. D. B. Notas de aula. Disciplina de Hidrologia.
UFRRJ, 2006.
PINTO, N. S. et al. Hidrologia Básica. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1976.
TUCCI, C. E. M. Hidrologia Ciência e Aplicação. 4 ed. São Paulo: Editora ABRH, 2012.
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