Boletim N° 008
Boletim N° 008
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Assessores:
Fernanda Narezi Pimentel Rosa
Marcelo Sorrentino Neira
Paulo José de Palma
Ricardo José Gasques de Almeida Silvares
Rogério Sanches Cunha
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Boletim Criminal
Comentado – n° 008
Junho 2018
Sumário
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Comentado – n° 008
Junho 2018
ESTUDOS DO CAOCRIM
1- Tema: Lei Estadual 16.648/18 – disciplina a remição pela leitura nas prisões estaduais
A sanção contemplou apenas os artigos 1º e 2º do projeto que havia sido aprovado pela
Assembleia Legislativa de São Paulo. Tais dispositivos estabelecem, respectivamente, que
“Fica instituída, no âmbito dos estabelecimentos carcerários das comarcas do Estado, a
possibilidade de remição da pena pela leitura” e que “A remição da pena pela leitura
consiste em proporcionar aos presos custodiados alfabetizados a possibilidade de remir
parte da pena pela leitura mensal de uma obra literária clássica, científica, filosófica ou
religiosa, dentre outras, de acordo com as obras disponíveis na unidade prisional”. Os
parágrafos únicos dos mencionados dispositivos e os artigos 3º a 13 foram todos vetados
pelo governador, basicamente sob o argumento de vício formal de constitucionalidade.
Além disso, o veto fez referência à Recomendação 44/2013 do CNJ – que atribui à
autoridade penitenciária a constituição de projeto específico visando à remição pela
leitura – para apontar que a iniciativa tomada pela Assembleia Legislativa dizia respeito
a matéria atribuída ao Poder Executivo.
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Não se ignora que a matéria tratada na lei estadual diz respeito à execução penal e tem
reflexos diretos na pena executada, uma vez que disciplina a remição. Não nos parece, no
entanto, que a lei crie uma espécie de desconto da pena não contemplada na lei federal,
senão que apenas disciplina a forma pela qual o benefício já existente na norma federal
deve ser aplicado no âmbito dos estabelecimentos prisionais paulistas.
Isto porque embora a remição pela leitura não esteja literalmente disciplinada na Lei de
Execução Penal, sua incidência tem sido amplamente reconhecida com base em
analogia in bonam partem que se baseia no desconto da pena por meio do estudo, isto é,
a leitura e a resenha de obras literárias seriam apenas formas por meio das quais o preso
pode se dedicar ao estudo. O STJ é unânime a esse respeito:
“2. A redação do artigo 126 da LEP deixa clara a preocupação do legislador com a
capacitação profissional do interno e com o estímulo a comportamentos que propiciem a
readaptação de presos ao convívio social. 3. O sentido e o alcance do artigo 126 da LEP
podem ser ampliados pelo aplicador do direito, com o uso da hermenêutica, para abarcar
atividades complementares como o estudo ou a simples leitura, com a finalidade de
readaptação e ressocialização do preso, além de incentivar o bom comportamento e a
disciplina. 4. Não é outro o espírito da Recomendação n. 44⁄2013, do Conselho Nacional
de Justiça, ao dispor sobre atividades educacionais complementares que deverão ser
consideradas pelos Tribunais para fins de remição da pena pelo estudo. 5. Essa particular
forma de parametrar a interpretação da lei (no caso, a LEP) é a que mais se aproxima da
Constituição Federal, que faz da cidadania e da dignidade da pessoa humana dois de seus
fundamentos (incisos II e III do art. 3º). Mais: Constituição que tem por objetivos
fundamentais erradicar a marginalização e construir uma sociedade livre, justa e solidária
(incisos I e III do art. 3º). Tudo na perspectiva da construção do tipo ideal de sociedade
que o preâmbulo de nossa Constituição caracteriza como “fraterna” (HC 94163,
Relator Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma do STF, julgado em 02⁄12⁄2008, DJe-200
DIVULG 22-10-2009 PUBLIC 23-10-2009 EMENT VOL-02379-04 PP-00851)” (5ª Turma,
HC 390.721/RS, j. 08/08/2017).
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“O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que é compatível com o art. 126
da Lei de Execução Penal – LEP a remissão pela leitura” (6ª Turma, HC 317.679/SP, j.
15/12/2015).
Nesse espirito, o CNJ editou a Recomendação 44/2013, cujo art. 1º, inc. V recomenda aos
tribunais que estimulem e promovam “no âmbito das unidades prisionais estaduais e
federais, como forma de atividade complementar, a remição pela leitura, notadamente
para apenados aos quais não sejam assegurados os direitos ao trabalho, educação e
qualificação profissional”. Em seguida, considerando que a leitura não se enquadra
diretamente na frequência escolar de que trata a LEP, a norma administrativa estabelece
diversos critérios para que a pena seja adequadamente descontada.
Pois bem, a Assembleia Legislativa de São Paulo nada mais fez do que tomar o cuidado de
promover, por meio de lei em sentido estrito, a disciplina que a norma administrativa já
recomendava aos tribunais.
Destaca-se inicialmente que o art. 1º, parágrafo único, admite a remição inclusive em
benefício de presos cautelares. Repete-se, com isso, a permissão já existente no § 7º do
art. 126 da LEP, que estende as regras da remição à prisão não decorrente de condenação.
O parágrafo único do art. 2º disciplina a remição no caso em que o preso escolhe a leitura
da Bíblia: “Sendo a Bíblia a obra literária escolhida, esta será dividida em 39 (trinta e nove)
livros segundo o Velho Testamento e 27 (vinte e sete) livros integrantes do Novo
Testamento, considerando-se assim a leitura de cada um destes livros como uma obra
literária concluída”.
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Parece-nos, todavia, algo um tanto exagerado ver nisso ofensa ao Estado laico, pois de
forma nenhuma se impõe a leitura do livro religioso. Aliás, a lei deixa claro que se trata de
uma opção ao iniciar com a expressão “Sendo a Bíblia o livro escolhido (…)”. Não há
inconstitucionalidade pelo simples fato de a lei mencionar a obra fundamental do
Cristianismo e não outros livros de caráter semelhante relativos a outras religiões, que,
de resto, não são vetados. Ainda que possa parecer inusitado, é perfeitamente possível
concluir que o legislador estadual levou em consideração o fato de que a Bíblia é o livro
mais lido do mundo e tem, na prática, muito maior influência do que qualquer outro de
natureza semelhante, inclusive em iniciativas religiosas em curso nos estabelecimentos
prisionais.
Tendo em vista que a remição pela frequência escolar já está disciplinada na LEP e que a
leitura tem sido considerada, como já ressaltamos, uma espécie de analogia in bonam
partem para ampliar o acesso à educação e à cultura como incentivo à ressocialização, o §
2º do art. 4º estabelece a preferência na participação de presos que ainda não tenham
acesso ou não estejam matriculados em programas de alfabetização e escolarização. A
preferência faz sentido, pois se a remição pela leitura é uma forma de expandir a
reinserção social contornando a falta de estrutura para o ensino regular, não seria
adequado recrutar, para as oficinas de leitura, presos que estejam matriculados em
programas de ensino comum ou profissionalizante.
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A seleção dos presos e a orientação das atividades competem a uma comissão nomeada e
presidida pelo diretor da unidade carcerária (art. 5º). Das oficinas de leitura podem
participar o escritor que tenha indicado a obra e o autor do livro objeto de estudo.
Também se permite a participação dos funcionários da unidade prisional e de possíveis
colaboradores (como voluntários que desejem auxiliar os presos). A lei também admite
que o governo estadual firme convênios, termos de cooperação, ajustes ou instrumentos
congêneres com órgãos e entidades da administração pública direta e indireta, e ainda
admite a participação das igrejas que normalmente atuam na recuperação dos detentos
(art. 12).
“Os vícios administrativos identificados pelo Tribunal de origem não têm o condão de
obstar o direito do apenado à remição. Uma vez implementado o projeto de remição por
leitura na unidade prisional em que cumpre pena o paciente, não comprovada má-fé do
apenado e ausente dúvida fundada a respeito da efetiva leitura e absorção da obra
literária pelo sentenciado, impõe-se a concessão do direito ao apenado” (HC 349.239/SP,
j. 04/10/2016).
A comissão também deve atestar o prazo de trinta dias de leitura (art. 10). O resultado da
análise promovida pela comissão será remetido ao juízo da execução instruído com a
resenha, a declaração de sua fidedignidade ou de plágio e com os atestados da arguição
oral e do tempo de leitura. Ouvido o Ministério Público e a defesa, o juízo decidirá sobre o
aproveitamento do participante e a correspondente remição.
Caso a comissão constate que a resenha é produto de plágio, o juiz da execução pode
arguir oralmente o preso autor do trabalho. Se efetivamente constatado o plágio, o tempo
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de leitura não pode ser aproveitado para os efeitos da remição, ainda que o preso produza
outra resenha sobre a mesma obra.
Para que o juízo da execução possa acompanhar o andamento e a efetividade das oficinas
de leitura, a direção da unidade prisional deve encaminhar, mensalmente, cópia do
registro de todos os participantes, com informação referente ao item de leitura de cada
um deles (art. 11).
Por fim, destacamos a contagem do tempo, que deve ser feita à razão de quatro dias de
pena para cada ciclo de trinta dias de leitura, sendo que, no período de doze meses, até
quarenta e oito dias da pena podem ser atingidos pela remição (art. 8º), que pode
inclusive ser concedida de forma cumulativa com o trabalho, se as atividades forem
compatíveis (art. 9º). É, aliás, a orientação do STJ, que considera a atividade de leitura
complementar, não subsidiária:
Vemos, portanto, que a lei estadual disciplina, no âmbito das unidades prisionais
paulistas, um benefício já reconhecido como extensão da remição pelo estudo, e o faz para
garantir que os presos obtenham o benefício de maneira criteriosa e adequada à realidade
das instalações penais estaduais.
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Como dispõe o art. 301 do CPP, qualquer do povo pode (não é obrigado) prender em
flagrante. Esse direito decorre da compreensão de que todos os que vivem em sociedade
têm interesse na repressão de práticas delituosas e, nesta circunstância, estão autorizados
a prender. Já a autoridade policial e seus agentes devem fazê-lo (portanto são obrigados).
Na primeira situação encontramos o chamado flagrante facultativo, já que, como indica o
nome, o particular não é obrigado a prender. Já na segunda há o flagrante
obrigatório ou compulsório, pois a autoridade, esta sim, dada a natureza de suas funções,
tem a obrigação de prender em flagrante, sob pena de cometer, inclusive, na eventual
inércia, crime de prevaricação, além de sujeitar-se a sanção na esfera administrativa.
Em sua grande maioria, os flagrantes são efetivados por agentes policiais que de alguma
forma deparam-se com a ocorrência de crimes, seja em virtude de prévia investigação que
acaba possibilitando a intervenção policial em crimes que estão sendo executados, seja
pela constatação fortuita, normalmente por policiais militares ou guardas municipais.
Não são poucas as insurgências sobre o flagrante efetuado por guardas municipais. Isto
porque, segundo o disposto no art. 144, § 8º, da CF/88, as guardas municipais são
constituídas para a proteção de bens, serviços e instalações do município, não para a
realização de patrulhamento ostensivo. Diante disso, muitos não se conformam com o fato
de que guardas municipais atuem fora da estrita linha determinada pelo texto literal da
Constituição.
O STJ tem decidido que nada impede os guardas municipais de efetuarem prisões em
flagrante, pois, como dispõe o art. 301, qualquer do povo pode e as autoridades devem
fazê-lo:
“Nos termos do artigo 301 do Código de Processo Penal, qualquer pessoa pode prender
quem esteja em flagrante delito, de modo que inexiste óbice à realização do referido
procedimento por guardas municipais, não havendo, portanto, que se falar em prova
ilícita no caso em tela. Precedentes” (RHC 94.061/SP, j. 19/04/2018).
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De fato, se qualquer pessoa que eventualmente se depare com alguma das situações do
art. 302 do CPP pode efetuar a prisão do criminoso, não há razão lógica para impedir que
o mesmo seja feito por guardas municipais, de resto tratados como agentes de segurança
pública pelo ordenamento constitucional.
Parece-nos, no entanto, que as decisões no geral não têm abordado o real fundamento do
inconformismo daqueles que sustentam a ilegalidade dessas prisões. Com efeito, o debate
não se alicerça na possibilidade da prisão em si – que, como já ressaltamos, pode ser
levada a efeito por qualquer pessoa –, mas na possibilidade de que guardas municipais
efetuem diligências que eventualmente levem a uma prisão em flagrante sem saber que
se trata de situação de flagrância.
Se, por exemplo, um cidadão comum constata que determinado indivíduo leva consigo um
pacote de maconha, pode, sem dúvida, prendê-lo em flagrante e acionar as autoridades
policiais. Este mesmo cidadão, no entanto, não pode abordar e revistar alguém
aleatoriamente no intuito de apurar se esta pessoa traz consigo alguma substância ilícita.
Mas e os guardas municipais, podem fazê-lo?
O Tribunal de Justiça de São Paulo, por exemplo, tem decisões nas quais estabelece a
ilegalidade da realização de diligências de busca pessoal por guardas municipais:
A propósito: “Pode a Guarda Municipal, inobstante sua atribuição constitucional (art. 144,
§ 8º, CF), bem como qualquer do povo, prender aquele encontrado em flagrante delito
(art. 301, CPP).” (Superior Tribunal de Justiça, HC 365283/SP, Relator Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 27/09/2016, DJe 24/11/2016).
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Ao serem ouvidos em Juízo, os agentes públicos relataram que estavam realizando uma
ronda rotineira, no bairro onde o acusado mora, quando avistaram um automóvel branco
saindo da sua residência. Como já haviam recebido denúncias anônimas dando conta de
que estaria envolvido com o tráfico de entorpecentes, decidiram abordar o veículo e, na
revista que se seguiu, encontraram uma porção de droga em poder do acusado (fls.
107/108).
É notório que, na hipótese retratada nos autos, os guardas municipais não tinham
nenhuma razão concreta para agir, na medida em que não presenciaram o réu efetuando
a venda ou a entrega de estupefacientes a quem quer que seja, nem o avistaram
escondendo ou consumindo substância entorpecente, ou mesmo praticando qualquer
conduta que pudesse indicar, naquele exato momento, a prática da traficância.
Evidenciou-se, pois, que a ação dos agentes públicos decorreu de prévia desconfiança que
recaía sobre por conta de denúncias anônimas que haviam chegado ao conhecimento dos
funcionários da municipalidade, os quais, então, passaram a agir como se policiais fossem,
realizando verdadeira abordagem investigativa, para a qual não estavam legitimados”
(Revisão Criminal nº 0034551-84.2015.8.26.0000, j. 07/06/2017).
Há, no entanto, quem considere legítima a busca pessoal promovida por guardas
municipais em alguém que se ache em condição de suspeição. É que, na qualidade de
agentes de autoridade, os componentes das guardas devem ter o poder de submeter
terceiro à revista pessoal, preenchidos, por óbvio, os requisitos que autorizem essa
diligência, sem os quais poderá restar caracterizado o crime de abuso de autoridade. Essa
impressão, argumenta-se, parece se reforçar a partir da edição da Lei n° 13.022/2014,
que, em seu art. 5°, estabelece competências específicas que abrem espaço para que as
guardas municipais atuem em colaboração com os demais órgãos de segurança. É o que
se extrai dos incisos III, IV, V, XIV e XVI:
(…)
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(…)
(…)
Não obstante seja muito comum que guardas municipais efetuem prisões em flagrante
decorrentes de diligências de patrulhamento ostensivo, a legitimidade desse
procedimento segue controversa. A própria Lei 13.022/14 está sendo questionada no STF
por meio de ação direta de inconstitucionalidade (ADI 5156) exatamente sob o
fundamento de que estabelece para as guardas municipais funções exclusivas das polícias.
Tem-se também notícia de que o Tribunal de Justiça de São Paulo julgou inconstitucional
dispositivo de lei municipal da capital que estabelece como atribuição da guarda o
exercício, na cidade de São Paulo, de “policiamento preventivo e comunitário,
promovendo a mediação de conflitos e o respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos”
(ADI nº 154.743-0/0-00, j. em 10.12.2008). A decisão foi objeto de recurso extraordinário
– ainda pendente de julgamento –, e, na decisão em que reconheceu a repercussão geral,
o STF sinalizou que as leis disciplinando as atribuições das guardas municipais podem
estar extrapolando os limites do art. 144, § 8º, da CF/88:
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“Trata-se de saber o preciso alcance do art. 144, § 8º, da Lei Fundamental, segundo o qual
os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Com efeito, não raro o legislador local, ao argumento de disciplinar a forma de proteção
de seus bens, serviços e instalações, exorbita de seus limites constitucionais, ex vi do art.
30, I, da Lei Maior, usurpando competência residual do Estado (e.g., segurança pública).
No limite, o que se está em jogo é a manutenção da própria higidez do Pacto Federativo”.
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Comentários do CAO-CRIM
O Conflito de Competência julgado pelo STJ tinha como objeto execução de medida de
segurança imposta a marinheiro licenciado do serviço ativo.
O STJ, ao julgar que a competência é da Justiça Estadual comum, usou como fundamento legal
o art. 62 do Código Penal Militar, e como precedente, a Súmula 192 da Corte.
Reza o art. 62 do COM: "o civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em
estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal
comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar".
Constatado que o sentenciado era militar, porém licenciado, o Tribunal não vislumbrou
vínculo apto a justificar a competência da Justiça Militar. Nos termos do enunciado da Súmula
192: "compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a
sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos
sujeitos a administração estadual".
Diante desse quadro, a execução da sanção imposta foi encaminhada para a Justiça Estadual,
ante a inexistência de estabelecimentos penais federais próprios para essa finalidade. CC
149.442-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 09/05/2018, DJe
17/05/2018
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Comentários do CAO-CRIM
Apesar de ainda não ter sido publicado o acórdão com os contornos da atuação policial, a
Procuradoria-Geral de Justiça criou Grupo de Trabalho com o objetivo de analisar o alcance
prático dos efeitos da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI.
O Grupo de Trabalho será composto por membros do Ministério Público designados pelo
Procurador-Geral de Justiça. O prazo para conclusão dos trabalhos será de 60 (sessenta) dias,
a partir da primeira reunião.
1. Da inconstitucionalidade da proposta de delegado de polícia para fins de acordo de delação premiada – Lei nº
12.850. Disponível no sítio www.apmp.com.br. Elaborado em setembro de 2013 (acessado em 10.11.2013).
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DIREITO PENAL:
Comentários do CAO-CRIM
Em recente decisão proferida no habeas corpus 380.029/RS (j. 22/05/2018), o STJ afastou a
consunção entre os delitos, embora não tenha negado essa possibilidade a depender das
circunstâncias do caso concreto.
No caso, o impetrante havia sido denunciado porque, na ocasião em que conduzia seu veículo
de forma perigosa, recebera ordem de parada e fora interceptado por policiais militares. Em
seguida, diante da abordagem sofrida, ofendeu os policias e ofereceu vantagem ilícita para
que o deixassem seguir viagem, mas, dada a voz de prisão em flagrante, passou a resistir
violentamente à ação policial. Proferida e confirmada a sentença condenatória, a Defensoria
Pública do Rio Grande do Sul impetrou o remédio heroico com a pretensão de que o crime de
desacato fosse absorvido.
O tribunal até reconheceu a possibilidade de que o desacato seja absorvido pela resistência
quando, na esteira do que ensina Nucci, as ofensas verbais são proferidas no exato contexto
do ato de resistência:
Considerou-se, no entanto, que o caso julgado não era compatível com essa circunstância:
“No caso, porém, infere-se que o réu, após abordagem policial, desceu do seu veículo
proferindo impropérios contra o funcionário público. Na sequência, após ter se recusado a
apresentar o documento do automóvel, o ora paciente ofereceu propina para ser liberado.
Diante disso, o policial deu-lhe voz de prisão, contra a qual o réu ofereceu resistência, tendo
sido necessário o uso de algemas para o cumprimento do decreto prisional”.
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Junho 2018
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Junho 2018
Notícias STF
22 de Junho de 2018
STF declara inconstitucionais dispositivos da Lei das Eleições que vedavam sátira a
candidatos
21 de Junho de 2018
STF decide que delegados de polícia podem firmar acordos de colaboração premiada
20 de Junho de 2018
19 de Junho de 2018
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Boletim Criminal
Comentado – n° 008
Junho 2018
Notícias STF
22 de Junho de 2018
21 de Junho de 2018
Sexta Turma aplica nova lei e afasta aumento da pena por uso de arma branca em roubo
Quinta Turma mantém extinção de ação penal privada que não incluiu advogados do réu no
polo passivo
20 de junho de 2018
19 de Junho de 2018
Aumentada para oito anos a suspensão dos direitos políticos do deputado Rôney Nemer
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