Boletim N° 048

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CAO-Crim

Boletim Criminal Comentado – n° 048

Subprocuradoria-Geral de Justiça de Políticas Criminais e Institucionais


Mário Luiz Sarrubbo

Coordenador do CAO Criminal


Arthur Pinto Lemos Junior

Assessores
Fernanda Narezi Pimentel Rosa
Marcelo Sorrentino Neira
Paulo José de Palma
Ricardo José Gasques de Almeida Silvares
Rogério Sanches Cunha

Analista Jurídica
1 Ana Karenina Saura Rodrigues
Boletim Criminal
Comentado – n° 048
maio 2019

ESTUDOS DO CAOCRIM ............................................................................................................................3


1-Tema: Novidade legislativa: Lei nº 13.827, de 13 de Maio de 2019 .............................................. 3

STF/STJ: decisões de interesse institucional COMENTADAS PELO CAOCRIM ..................................... 6


DIREITO PROCESSUAL PENAL:

1- Tema: Menção à decisão de pronúncia não leva obrigatoriamente à anulação do júri .................... 6

2- Tema: Prisão Preventiva sem fundamento não pode ser substituída por cautelares ..................... 7

DIREITO PENAL:

1- Tema: Princípio da insignificância e regime prisional ................................................................. 10

2- Tema: Suspensão de direitos políticos aplica-se a penas restritivas de direitos, decide STF ......... 12

STF/STJ: Notícias de interesse institucional ........................................................................................ 177

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maio 2019

ESTUDOS DO CAOCRIM

1-Tema: Novidade legislativa: LEI Nº 13.827, DE 13 DE MAIO DE 2019

Praticada uma infração penal que se insira no conceito de violência doméstica e familiar contra a
mulher (art. 5º da Lei 11.340/06), é possível ao juiz conceder medidas protetivas que garantam à
ofendida certa proteção contra a reiteração de atos de violência.

Uma das medidas estabelecidas no art. 22 da Lei 11.340/06 é o afastamento do lar, domicílio ou local
de convivência com a ofendida (inc. II). Segundo o disposto no caput do próprio dispositivo, a medida
deve ser aplicada pelo juiz, sendo que, no geral, segue-se o trâmite estabelecido nos artigos 10 a 12 e
18 a 21 da Lei 11.340/06, dos quais destacamos especificamente o inciso III do art. 12 e o caput do
art. 18, segundo os quais, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial remeter, no prazo
de quarenta e oito horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida para a concessão de
medidas protetivas de urgência, e, recebido o expediente, caberá ao juiz decidir no mesmo prazo.

Ocorre que o caso concreto pode trazer circunstâncias que tornem o prazo legal muito extenso, o que
aumenta o risco de ineficácia da medida eventualmente concedida; a vítima poderá continuar a ser
submetida a violência mesmo depois de comunicada a infração penal.

Para suprir essa deficiência na proteção às vítimas de violência doméstica, a Lei 13.827/19 introduz na
Lei Maria da Penha o art. 12-C:

“Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher
em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será
imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:

I – pela autoridade judicial;

II – pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou

III – pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no
momento da denúncia.”

Nota-se, inicialmente, que o novo dispositivo cria situação em que a atualidade ou a iminência de risco
à vida ou à integridade física da vítima impõe a concessão imediata da medida protetiva de
afastamento do lar. Risco atual é o que está em curso, como no caso de uma lesão corporal que pode
se reiterar. Iminente é o risco que está prestes a ocorrer, como em uma ameaça em que haja
elementos indicando a possibilidade concreta de que o agente pode cometer o mal injusto e grave que
promete.

O advérbio imediatamente não deixa dúvida: constatada a atualidade ou a iminência do perigo à vida
ou à integridade física, a medida protetiva deve ser concedida no mesmo instante, sem nenhuma
perda de tempo. Por isso, uma vez registrada a ocorrência, deve a autoridade policial
providenciar incontinenti a remessa do pedido de medida protetiva à autoridade judicial, não se

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aplicando o prazo de quarenta e oito horas estabelecido no art. 12, inc. III. Da mesma forma, a
autoridade judicial deve decidir imediatamente, não dentro do prazo de quarenta e oito horas que
estabelece o art. 18. De fato, não faria sentido inserir na lei um dispositivo que determina a imediata
concessão da medida se o trâmite do pedido devesse permanecer submetido à regra existente
anteriormente. Desta forma, os mencionados prazos de quarenta e oito horas se aplicam apenas às
situações em que não se trata de perigo atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher
vítima de violência doméstica e familiar.

Além disso, o art. 12-C permite que outras autoridades, além da judicial, determinem a medida
protetiva de afastamento do lar ou da convivência com a ofendida. Não se trata, todavia, de atuação
simultânea, mas sim subsidiária, como se extrai claramente do dispositivo legal.

Com efeito, no caso de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da vítima, a lei
estabelece que, em primeiro lugar, a autoridade judicial aplique a medida de afastamento. Caso o
local não seja sede de comarca, isto é, caso se trate de um município (normalmente de pequeno
porte) que não conte com varas judiciais e faça parte de comarca instalada em outro município, a
medida pode ser concedida pelo delegado de polícia, que, aliás, ao receber a comunicação do crime
tem mais condições de avaliar, ainda que superficialmente, as condições físicas e psicológicas da
vítima e a real situação a que está submetida. Finalmente, caso o município não seja sede de
comarca e, por alguma circunstância, não haja delegado disponível no momento da comunicação do
crime, a medida pode ser concedida pelo policial.

Neste ponto, indaga-se: qual a extensão do vocábulo policial empregado pela lei?

Não há nenhuma dúvida de que o policial civil (investigador ou quem exerce função semelhante) está
inserido na permissão legal. Trata-se, afinal, da primeira figura que se apresenta naturalmente ante a
ausência do delegado de polícia. Mas, dado o caráter genérico da expressão adotada pelo legislador,
e tendo em vista a situação de extrema urgência que fundamenta a concessão da medida, é razoável
concluir que qualquer policial civil ou militar (ou mesmo federal, embora dificilmente ocorra) que tome
conhecimento do crime poderá determinar o afastamento do lar, respeitada, evidentemente, a ordem
de subsidiariedade a que já nos referimos.

Esta conclusão se reforça pelo disposto no § 1º do art. 12-C, segundo o qual a medida decretada pelo
delegado de polícia ou pelo policial deve ser comunicada em no máximo vinte e quatro horas ao juiz,
que, em igual prazo, deve decidir se a mantém ou se a revoga. Nota-se, portanto, que a decisão tomada
pela autoridade policial ou por quem a substitui não se torna definitiva sem o aval quase imediato da
autoridade judicial competente, o que minimiza os riscos de que uma medida eventualmente
equivocada prejudique gravemente quem foi afastado do lar. Deve-se ter em mente que a situação de
que trata o art. 12-C traz uma distinção de gravidade em relação à já normalmente delicada situação
de violência doméstica e familiar: o atual ou iminente perigo para a vida ou a integridade física da
vítima, o que nos auxilia a compreender por que o legislador decidiu atribuir a diversos agentes
públicos o poder de impor imediatamente o afastamento do agressor do lar conjugal. A premência da
situação justifica o diferimento da análise judicial.

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O § 1º do art. 12-C estabelece, ainda, que, ao decidir sobre a manutenção ou a revogação da medida
aplicada, deve o juiz, concomitantemente, dar ciência ao Ministério Público, o que nos leva à conclusão
de que, embora seja recomendável, não se exige parecer do Ministério Público sobre a manutenção
ou a revogação da medida imposta. O juiz decide se ratifica ou revoga o afastamento do lar e cientifica
o órgão ministerial a respeito da decisão.

O § 2º traz, a nosso ver, disposição inútil ao estabelecer que nos casos de risco à integridade física da
ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência não será concedida liberdade provisória ao
preso. É inútil porque se o agente está preso e sua soltura é um risco à integridade física da ofendida
ou à efetividade da medida, não seria mesmo o caso de lhe conceder a liberdade provisória segundo
o que já dispõem as regras para a decretação da prisão preventiva no Código de Processo Penal.

A Lei 13.827/19 também inseriu na Lei Maria da Penha o art. 38-A, que determina ao juiz que
providencie o registro da medida protetiva de urgência. O registro, de acordo com o parágrafo único,
deve ser promovido em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça,
garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e
de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas.

Importante ressaltar, por fim, que a AMB ingressou com ADI sustentando a inconstitucionalidade do
dispositivo art. 12-C. Dentre outros argumentos, levanta a tese da violação da reserva de jurisdição
que deve ser observada em atos que podem acarretar grave limitação ao exercício de direitos
fundamentais.

Clique aqui para ter acesso à ADI da AMB

Clique aqui para ter acesso ao inteiro teor da Lei 13.827/19

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STF/STJ: decisões de interesse institucional COMENTADAS PELO CAOCRIM

DIREITO PROCESSUAL PENAL:

1- Tema: Menção à decisão de pronúncia não leva obrigatoriamente à anulação do júri

DECISÃO DO STJ- Publicado em notícias do STJ no dia 14/5/2019

A mera menção, ou ainda a leitura, da decisão de pronúncia não conduz necessariamente à nulidade
do julgamento no Tribunal do Júri, a menos que haja argumento de autoridade no ato, de forma a
beneficiar ou prejudicar o réu.

O entendimento foi da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar um caso em que se
alegava nulidade em julgamento do Tribunal do Júri da Comarca de Minaçu (GO), no qual o réu,
acusado de homicídio duplamente qualificado, foi condenado a 13 anos de reclusão em regime
fechado.

Na ocasião, o promotor de Justiça, em plenário, afirmou que “a legítima defesa foi rechaçada no
momento da análise da pronúncia” – frase considerada manifesto argumento de autoridade pela
defesa do réu, que requereu a anulação do julgamento por violação ao artigo 478, I, do Código de
Processo Penal (CPP).

Argumento de autoridade

Em seu voto, o relator do recurso da defesa no STJ, ministro Rogerio Schietti Cruz, lembrou que a
previsão do artigo 478, I, do CPP tem como objetivo excluir dos debates do Tribunal do Júri o emprego,
tanto pela defesa quanto pela acusação, de linhas argumentativas com base na importância, no senso
de justiça e no conhecimento jurídico do magistrado prolator da decisão de pronúncia – ou seja, evitar
que os discursos sejam empregados como argumento de autoridade.

Ele mencionou julgado anterior da Sexta Turma que concluiu que o CPP, ao tratar do procedimento do
Tribunal do Júri, veda apenas “a utilização das peças processuais de forma capciosa, a macular o ânimo
dos jurados”. Naquela oportunidade, o colegiado analisou não apenas o artigo 478, mas também o
472, parágrafo único, que prevê a distribuição de cópias da decisão de pronúncia para os jurados.

Ao julgar o caso atual, o tribunal de segunda instância rejeitou a alegação de nulidade por entender
que o promotor não empregou argumento de autoridade, especialmente porque os membros do
conselho de sentença já haviam tomado conhecimento da pronúncia.

Reexame de provas

Segundo Schietti, a jurisprudência do STJ já sedimentou o entendimento de que a verificação da


presença do argumento de autoridade na referência feita a um documento durante os debates do júri
exige reexame de provas, o que não é possível em recurso especial (Súmula 7).

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Assim, para o ministro, a mera menção à pronúncia não induz, por si só, a nulidade do julgamento,
visto que os jurados tiveram amplo acesso à decisão.

“A intenção do legislador, insculpida no artigo 478, I, do CPP não foi a de vedar toda e qualquer
referência à decisão de pronúncia e às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, mas
sim evitar que o conselho de sentença, constituído por juízes leigos, seja influenciado por decisões
técnicas, ao impor aos jurados o argumento da autoridade”, afirmou Schietti.

Leia o acórdão.

Esta notícia refere-se ao(s) processo(s): REsp 1757942

COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM

Vale destacar que o legislador, no art. 478 do CPP, quer impedir a menção à pronúncia, às decisões
posteriores que admitiram a acusação e ao uso de algemas (e, incluímos ao silêncio do réu), quando
tal discurso é empregado como “argumento de autoridade”, entendido como o argumento que
pretende se passar por irrefutável, que tenha sido praticamente o único a ser utilizado para
fundamentar a tese sustentada pela acusação ou pela defesa. Por isso mesmo a jurisprudência vem
mitigando o alcance da proibição, ao entender que a mera alusão a esses aspectos não é suficiente
para decretar a nulidade do julgamento. Mais que isso, é preciso se demonstrar – o que, na prática,
nem sempre será tarefa fácil – que tais menções foram decisivas para a formação da convicção do
jurado. Assim, por exemplo, deverá constar da ata de julgamento um protesto da defesa, dando conta
de que o discurso da acusação restringiu-se, quase que exclusivamente, ao teor da decisão de
pronúncia. Caso se demonstre, ao contrário, que a menção foi meramente incidental (ou mesmo que
a pronúncia, porque proferida em tons sóbrios, em nada poderia influir no julgamento), a
jurisprudência, inclusive do STJ, não tem reconhecido a nulidade.

Há, na doutrina, quem vislumbre nesse dispositivo nítida afronta a princípios constitucionais. Nesse
sentido o posicionamento de Guilherme de Souza Nucci ao destacar que “a vedação imposta pelo art.
478 é inconstitucional. Cerceia-se o direito de qualquer das partes de explorar as provas lícitas
constantes dos autos. Somente as ilícitas é que estão vedadas pela Constituição Federal (art. 5º, LVI).
Por isso, a contrário senso, são admissíveis no processo todas as provas obtidas por meios lícitos.”
(Código de Processo Penal Comentado 8ª ed., pág. 802/803).

2- Tema: Prisão Preventiva sem fundamento não pode ser substituída por cautelares

STJ- RHC 110.779/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 07/05/2019,
DJe 14/05/2019

RECURSO EM HABEAS CORPUS. OPERAÇÃO PEDRA NO CAMINHO. ESTELIONATO MAJORADO,


ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA, FRAUDE À LICITAÇÃO E CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA. MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. RECURSO PROVIDO.

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1. Tanto a prisão preventiva (stricto sensu) quanto as demais medidas cautelares pessoais introduzidas
pela Lei n. 12.403/2011 destinam-se a proteger os meios (a atividade probatória) e os fins do processo
penal (a realização da justiça, com a restauração da ordem jurídica e da paz pública e, eventualmente,
a imposição de pena a quem for comprovadamente culpado) ou, ainda, a própria comunidade social,
ameaçada ante a perspectiva de abalo à ordem pública pela provável prática de novas infrações penais.
O que varia, portanto, não é a justificativa ou a razão final das diversas cautelas (inclusive a mais
extrema, a prisão preventiva), mas a dose de sacrifício pessoal decorrente de cada uma delas.

2. Vale dizer, a imposição de qualquer providência cautelar, sobretudo as de natureza pessoal, exige
demonstração de sua necessidade, tendo em vista o risco que a liberdade plena do acusado representa
para algum bem ou interesse relativo aos meios ou aos fins do processo.

3. Não se mostram suficientes as razões invocadas pelo Tribunal de origem para embasar a imposição
de medidas diversas da prisão ao recorrente, porquanto o próprio acórdão foi claro ao asseverar que
o Juízo de primeiro grau não realizou a devida análise da cautelaridade a fim de decretar a custódia
preventiva, tanto que reconheceu expressamente que "não se verifica o risco concreto a justificar
como necessária a imposição da prisão preventiva".

4. A jurisprudência desta Corte Superior é firme em assinalar a impossibilidade de se agregarem


fundamentos diversos, em habeas corpus, para negar ou até mesmo conceder em parte o pedido
defensivo. Dito de outra forma, quando o Tribunal a quo asseverou que a decisão do Juízo de primeiro
grau não lançou argumentos concretos e bastantes a justificar a prisão provisória, a ele cabia, apenas,
a revogação da medida.

5. Recurso provido para cassar o acórdão no ponto em que impôs ao acusado o cumprimento de
medidas cautelares.

Clique aqui para ter acesso ao inteiro teor da decisão

COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM

Com o advento da Lei 12.403/11, foi introduzido no CPP rol de medidas cautelares alternativas à prisão
preventiva, observando-se na sua aplicação, especialmente, o art. 282 do CPP:

“Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;

II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do


indiciado ou acusado”.

Percebe-se grande semelhança desse artigo com o art. 312 do código, que trata dos pressupostos e
fundamentos para a decretação da prisão preventiva.

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A prisão, portanto, passou a ter caráter residual, cabível, de forma excepcional, quando se revelarem
insuficientes ou ineficazes as demais medidas cautelares. Nesse sentido, a propósito, o disposto no
art. 282, § 6º, do código, ao dispor que “a prisão preventiva será determinada quando não for cabível
a sua substituição por outra medida cautelar”.

Presentes os requisitos legais, proporcionalidade e razoabilidade devem guiar o juiz ao optar pela
adoção de medidas cautelares (de gravidade intermediária), ou a decretação da prisão preventiva (de
intensa gravidade).

No caso em análise, o Tribunal reformou o decreto de prisão preventiva, substituindo a medida


extrema por cautelares diversas, asseverando que o Juízo de primeiro grau não realizou a devida
análise da cautelaridade no momento da decretação da prisão, reconhecendo não existir o risco
concreto a justificar como necessária a sua imposição.

Ora, se não existe risco concreto, ficam prejudicadas não somente a prisão, como também as medidas
alternativas. Nesse ponto, o Tribunal incorreu em erro, de acordo com jurisprudência pacífica do STJ.
Quando o Tribunal a quo asseverou que a decisão do Juízo de primeiro grau não lançou argumentos
concretos e bastantes a justificar a prisão provisória, a ele cabia, apenas, a revogação da medida.

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DIREITO PENAL:

1- Tema: Princípio da insignificância e regime prisional

INFORMATIVO 938 STF- PRIMEIRA TURMA

A Primeira Turma, por maioria, concedeu, de ofício, a ordem de habeas corpus para fixar o regime
inicial aberto em favor de condenado pelo furto de duas peças de roupa avaliadas em R$ 130,00.

Após ter sido absolvido pelo juízo de primeiro grau ante o princípio da insignificância, o paciente foi
condenado pelo tribunal de justiça à pena de um ano e nove meses de reclusão em regime inicial
semiaberto. A corte de origem levou em consideração os maus antecedentes, como circunstância
judicial desfavorável, e a reincidência para afastar a aplicação do princípio da insignificância.

A Turma rememorou que o Plenário, ao reconhecer a possibilidade de afastamento do princípio da


insignificância ante a reincidência, aquiesceu não haver impedimento para a fixação do regime aberto
na hipótese de aplicação do referido princípio. Ressaltou que, no caso concreto, houve até mesmo a
pronta recuperação da mercadoria furtada.

Vencido o ministro Marco Aurélio (relator), que indeferiu a ordem. Pontuou que os maus antecedentes
e a reincidência afastam a fixação do regime aberto, a teor do art. 155, § 2º, do Código Penal (CP) (1).

Vencida, também, a ministra Rosa Weber, que concedeu a ordem de ofício para reconhecer a
atipicidade da conduta em face do princípio da insignificância.

(1) CP: “Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena – reclusão, de um a quatro
anos, e multa. (...) § 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.”

HC 135164/MT, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em
23.4.2019. (HC-135164).

COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM

No geral, admite-se o princípio da insignificância nos crimes patrimoniais em que não há violência ou
ameaça, não há o emprego de meios que por si tornam o fato mais grave e que não são cometidos por
quem faz da ação criminosa um meio de vida. Os tribunais superiores estabeleceram alguns
parâmetros para que a análise da insignificância seja o mais criteriosa possível, evitando-se assim que
o sistema criminal promova uma proteção deficiente dos bens jurídicos tutelados pela norma penal,
situação tão deletéria quanto o excesso e o abuso. Em resumo, são requisitos para a insignificância (A)
a mínima ofensividade da conduta do agente; (B) a ausência de periculosidade social da ação; (C) o
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e, por fim, (D) a inexpressividade da lesão
jurídica causada.

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Estes requisitos obrigam a uma análise abrangente das circunstâncias em que ocorre a prática
criminosa. Desta forma, não obstante o valor irrisório do objeto subtraído no furto, por exemplo, há
fatores que podem confirmar a tipicidade material, como o rompimento de obstáculo, a escalada, a
fraude e o concurso de agentes. Além disso, no caso daquele que comete reiterados crimes, ainda que
os prejuízos individualmente considerados sejam reduzidos, não é socialmente adequado que a Justiça
criminal ignore o todo e acabe incentivando a reiteração delitiva. É o que vêm decidindo os tribunais
superiores:

“Não há falar em reduzido grau de reprovabilidade no comportamento do agente que responde a


vários processos criminais por crime da mesma natureza (contra o patrimônio), circunstância que
configura a reiteração criminosa e impede a aplicação do princípio da insignificância.” (STJ: AgRg no
AREsp 1.394.000/MG, j. 23/04/19)

“1. Inexistindo pronunciamento colegiado do Superior Tribunal de Justiça, não compete ao Supremo
Tribunal Federal (STF) examinar a questão de direito discutida na impetração. 2. Em se tratando de
crime de furto, a aplicação do princípio da insignificância deve ser casuística, incumbindo ao Juízo de
origem avaliar, no caso concreto, a melhor forma de assegurar a aplicação do princípio constitucional
da individualização da pena, examinando a possibilidade da incidência do privilégio previsto no art.
155, § 2º, do Código Penal, ou do reconhecimento da atipicidade da conduta, com fundamento no
princípio da bagatela (HCs 123.734, 123.533 e 123.108, Rel. Min. Luís Roberto Barroso).

(…)

4. Hipótese de paciente contumaz na prática delitiva, tendo em vista que “possui contra si uma
condenação por crime de roubo e outras duas por porte de arma. Registra, ainda, outras passagens
por crime de ameaça, lesões corporais e porte de droga. Junto a isso, responde a processo por crime
de tráfico de entorpecentes”, o que impossibilita o reconhecimento do princípio da insignificância. 5.
Agravo regimental não provido.” (STF: HC 119.844 AgR/MG, j. 29/6/2018)

Uma vez afastada a insignificância em razão da reiteração criminosa, qual a forma adequada de
cumprimento da pena?

A rigor, no caso de reincidência, o regime inicial deve ser o fechado, como se extrai do art. 33, § 2º, do
CP, que, ao mencionar os parâmetros dos regimes aberto e semiaberto, faz referência ao condenado
“não reincidente”. Ocorre que, além da situação estabelecida no art. 44, § 3º, do CP, segundo o qual
o reincidente pode ter a pena privativa de liberdade substituída pela restritiva de direitos se a
substituição for socialmente recomendável e a reincidência não seja em virtude da prática do mesmo
crime, a jurisprudência mitiga a regra do regime fechado ao reincidente ao qual tenha sido imposta
pena privativa de liberdade.

A súmula 269 do STJ, com efeito, dispõe ser “admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos
reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias
judiciais”. O fundamento da súmula reside no fato de que, para estabelecer o regime de pena
adequado, observando rigorosamente o princípio da individualização da pena, deve o juiz observar

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todas as circunstâncias que envolvem o fato e seu autor, que se conjugam para possibilitar o alcance
das finalidades da pena. Por isso, é possível que, mesmo reincidente, o agente possa cumprir sua
reprimenda em um regime menos rigoroso.

E nos casos em que, consideradas estritamente as circunstâncias objetivas do fato, o princípio da


insignificância seria admissível, mas é obstado em virtude da reiteração criminosa, pode ser também
aplicada essa mitigação relativa à regra do regime inicial fechado?

Segundo decidiu o STF no julgamento do HC 135.164/MT (j. 23/04/2019), tais casos devem ser tratados
de maneira ainda mais branda, aplicando-se diretamente o regime inicial aberto.

No caso submetido a julgamento, o paciente, com maus antecedentes e reincidente, havia sido
processado pelo furto de peças de roupa no valor de R$ 130,00. Foi absolvido em primeira instância
por incidência do princípio da insignificância, mas o Tribunal de Justiça reformou a decisão para
condená-lo, tendo em vista que suas circunstâncias pessoais não eram condizentes com a atipicidade
material.

Ao julgar o habeas corpus, o STF reconheceu a impropriedade da aplicação do princípio da


insignificância diante da reiteração criminosa, mas estabeleceu a possibilidade de imposição do regime
aberto nos casos em que, abstraída a circunstância pessoal desfavorável, a bagatela seria reconhecida.

2- Tema: Suspensão de direitos políticos aplica-se a penas restritivas de direitos, decide STF

DECISÃO DO STF- Publicado em notícias do STF no dia 08/05/2019

Na tarde desta quarta-feira (8), o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento
do Recurso Extraordinário (RE) 601182, com repercussão geral reconhecida. Por maioria dos votos, os
ministros fixaram entendimento de que a suspensão de direitos políticos nos casos de condenação
criminal transitada em julgado aplica-se às hipóteses de substituição da pena privativa de liberdade
pela restritiva de direitos.

O caso concreto envolve a condenação de um cidadão de Betim (MG) à pena de dois anos de reclusão,
em regime aberto, por uso de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsa, crime previsto no artigo
304 do Código Penal. A pena restritiva de liberdade foi substituída por duas penas restritivas de direito:
prestação de serviços à comunidade e multa. Em seguida, ao prover parcialmente apelação da defesa,
o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) afastou a suspensão dos direitos políticos do apenado.
O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) então interpôs o recurso extraordinário ao STF
sustentando que o acórdão questionado viola o artigo 15, inciso III, da Constituição Federal. Esse
dispositivo impede a cassação de direitos políticos, ressalvando que a suspensão ou perda só se dará
em casos específicos nele elencados. Entre os casos, está a condenação criminal com trânsito em
julgado, enquanto durarem seus efeitos, prevista no inciso III.

Voto do relator

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O julgamento teve início na sessão extraordinária realizada na manhã de hoje, quando o ministro
Marco Aurélio (relator) votou pelo desprovimento ao recurso ao entender que a perda dos direitos
políticos leva à quebra dos princípios constitucionais da individualização da pena e da
proporcionalidade. Segundo o relator, o cidadão, ainda que beneficiado pela suspensão da pena de
prisão, não pode sofrer a perda de seus direitos políticos.

Divergência

No período da tarde, a Corte retomou a análise do recurso com o voto do ministro Alexandre de
Moraes. Ele divergiu do relator e votou pelo provimento do RE para que se defina que a regra de
suspensão dos direitos políticos prevista no artigo 15, inciso III, da Constituição Federal é autoaplicável,
sendo uma consequência imediata da sentença penal condenatória transitada em julgado [quando não
há mais possibilidade de recorrer] independentemente do crime ou da natureza da condenação
imposta – se pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou suspensão condicional da pena. “Não
importa a sanção, importa que o Estado-juiz condenou, com trânsito em julgado, alguém pela prática
de uma conduta criminal”, afirmou.

Para o ministro Alexandre de Moraes, não há qualquer arbitrariedade no fato de a própria Constituição
Federal estabelecer, de forma excepcional, a possibilidade de afastamento do exercício dos direitos
políticos, seja temporário, no caso de suspensão, ou permanente, em caso de perda. O ministro
ressaltou que o objetivo é impedir que aqueles que praticaram atos graves no campo administrativo e
civil ou praticaram crimes possam participar da vida política do país.

Maioria

O voto divergente do ministro Alexandre de Moraes pelo provimento do RE conduziu a corrente


majoritária. O ministro Edson Fachin acompanhou esse entendimento, ressaltando que a condenação
atinge os direitos políticos, independentemente de se tratar de pena que afeta a liberdade ou apenas
restringe direitos.

No mesmo sentido, o ministro Luís Roberto Barroso considerou que a clareza da norma é evidente e
não dá margem à dúvida. Segundo ele, a Constituição Federal fala sobre condenação criminal, sendo
ela privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Já o ministro Luiz Fux avaliou que a Constituição foi
clara e coerente com todos os seus princípios. Ele acompanhou a divergência, mas restringiu a
suspensão dos direitos políticos aos crimes previstos na Lei da Ficha Limpa. Para Fux, é desproporcional
que a norma seja aplicada a infrações de menor potencial ofensivo, tendo em vista o princípio da
razoabilidade.

Ao lembrar julgados semelhantes da Corte, a ministra Cármen Lúcia votou pelo provimento do RE no
sentido da autoaplicabilidade do artigo 15, inciso III, da Constituição Federal. Também o ministro
Ricardo Lewandowski acompanhou a divergência, citando que desde a Constituição imperial havia
previsão para a suspensão dos direitos políticos em penas alternativas. Nesse mesmo sentido votaram
os ministros Gilmar Mendes e o presidente do STF, ministro Dias Toffoli.

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Comentado – n° 048
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A ministra Rosa Weber seguiu o voto do ministro Marco Aurélio (relator) pelo desprovimento do
recurso do MP mineiro. Essa corrente ficou vencida.

Tese

A Corte fixou a seguinte tese de repercussão geral: “A suspensão de direitos políticos prevista no artigo
15, inciso III, da Constituição Federal, aplica-se no caso de substituição da pena privativa de liberdade
pela restritiva de direitos.

COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM

Segundo dispõe o art. 15, inciso III, da Constituição Federal, é vedada a cassação de direitos políticos,
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de condenação criminal transitada em julgado, enquanto
durarem seus efeitos.

Trata-se de um efeito da condenação, uma consequência de toda e qualquer condenação criminal


transitada em julgado, mesmo que não declarada expressamente na sentença, pois decorre da letra
expressa da Constituição Federal. Independe também da natureza do crime, da qualidade e
do quantum da pena efetivamente imposta. Nem mesmo o fato de ter sido o agente, eventualmente,
beneficiado pela suspensão condicional da pena impede a suspensão dos direitos políticos.

Não obstante, apesar de se reconhecer a autoaplicabilidade do dispositivo constitucional, há quem


defenda uma incidência da suspensão dos direitos políticos restrita às situações em que o
cumprimento da pena torne inviável o exercício de tais direitos, ou em que haja limitações que
impliquem horários de recolhimento ao cárcere, não se aplicando, por exemplo, às hipóteses de sursis.

Um dos questionamentos sobre a limitação da suspensão dos direitos políticos é relativo à condenação
na qual a pena privativa de liberdade é substituída por restritiva de direitos, que, sabemos, não implica
recolhimento ao cárcere e constitui medida alternativa aplicada, no geral, em decorrência de crimes
de menor gravidade (culposos; se dolosos, sem violência ou grave ameaça a pessoa e com penas
relativamente baixas – até quatro anos).

Esta situação envolvendo as penas restritivas de direitos foi analisada na data de ontem (08/05/2019)
pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário 601.182/MG.

Em 2011, o tribunal havia reconhecido a repercussão geral do tema, pois cumpria “definir, de forma
linear, em todo o território nacional, mediante a voz abalizada do Supremo, o alcance do inciso III do
art. 15 da Lei Fundamental, que preceitua a suspensão dos direitos políticos em virtude de condenação
criminal transitada em julgado, enquanto durarem os respectivos efeitos. Em síntese, o guardião-maior
da Carta Federal há de assentar se a suspensão prevista constitucionalmente abrange pronunciamento
judicial a encerrar a substituição da pena restritiva de liberdade pela restritiva de direitos. A conclusão
extrapolaria os limites subjetivos do processo, irradiando-se para um incontável número de casos”.

No caso julgado, um indivíduo havia sido condenado por uso de documento falso e teve a pena
privativa substituída pela restritiva de direitos. Ao julgar a apelação, o Tribunal de Justiça de Minas

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Boletim Criminal
Comentado – n° 048
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Gerais acolheu parcialmente os argumentos do réu e afastou a suspensão dos direitos políticos diante
da natureza da pena imposta:

“No que respeita ao cancelamento da suspensão de seus direitos políticos, razão está com a nobre
defesa.

Primeiramente, urge colacionar que é inquestionável a auto-aplicabilidade, em função da dispensa de


regulamentação por lei infraconstitucional, do preceito contido no art. 15, III, da Carta Magna, dada a
clareza do conteúdo e definição precisa de seu fato gerador, qual seja, a condenação criminal com
trânsito em julgado.

Contudo, a regra comporta exceção.

Tendo em vista que, com fulcro no art. 44 do CP, foi concedida ao increpado a substituição da sanção
corporal pelas restritivas de direitos, não se vislumbra qualquer incompatibilidade em relação ao pleno
exercício dos seus direitos políticos, cuja relevante importância só permite o tolhimento em situações
que materialmente os inviabilizem.

(…)

Conforme friso em votos semelhantes, não se pode olvidar que a atual Constituição foi promulgada há
mais de quinze anos. Vivia-se um momento em que a experiência de penas alternativas no direito
brasileiro ainda se manifestava de forma relutante, incipiente e isolada. Por isso, não é de se conceber
que o réu seja alijado de sua condição de cidadão por insistência na interpretação puramente literal
do dispositivo em referência, e no substrato ético que a fundamenta, depois de árdua e corajosa
modernização das políticas criminais e aprimoramento do sistema substitutivo das censuras
carcerárias.

Tal pensamento, induvidoso, pode implicar outra pena que traz conseqüências talvez mais severas que
o próprio castigo cominado ao delito previsto no ordenamento jurídico-penal. Arreda-se da vida
pública, indiscriminadamente, tanto aquele para quem se fez necessário o afastamento do convívio
em sociedade, via segregação, quanto o que vem a ser beneficiado, ainda que condicionalmente, pela
isenção do encarceramento após rigorosa avaliação, dentre outras circunstâncias, da natureza e da
gravidade da infração penal que cometeu, de seus atributos pessoais e da pena que lhe é infligida.

Postulados dos mais caros ao Estado Democrático de Direito – os princípios da isonomia, da dignidade
da pessoa e, principalmente, da individualização da pena, insculpido no art. 5º, XLVI, da Constituição
Federal – são extirpados desse raciocínio que subtrai ao aplicador da lei o poder de decidir, ao cabo da
análise singular de cada caso, sobre a incidência ou não do instituto que prevê a sustação das
prerrogativas políticas.

Diante disso, ficam mantidos, pois, os direitos políticos do apenado.”

O Ministério Público recorreu extraordinariamente apontando a violação do art. 15, inciso III, da CF/88,
e o Supremo Tribunal Federal, por maioria, deu-lhe razão.

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Comentado – n° 048
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Após o voto do ministro Marco Aurélio, que seguiu a mesma linha da decisão proferida na apelação
afirmando que a suspensão dos direitos políticos contraria os princípios constitucionais da
individualização da pena e da proporcionalidade, o ministro Alexandre de Moraes abriu a divergência
para impor a suspensão independentemente da qualidade da pena fixada na sentença condenatória.
O que importa, segundo a Constituição Federal, é a condenação transitada em julgado pela prática de
uma conduta criminosa.

A divergência foi seguida pela maioria, sendo que o ministro Luiz Fux propôs, em seu voto, a restrição
da suspensão dos direitos políticos aos crimes previstos na Lei da Ficha Limpa, tendo em vista ser
desproporcional que consequência tão severa seja aplicada a infrações de menor gravidade. A tese
firmada em repercussão geral, no entanto, foi assim redigida:

“A suspensão de direitos políticos prevista no artigo 15, inciso III, da Constituição Federal, aplica-se no
caso de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos”.

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STF/STJ: Notícias de interesse institucional

Notícias STF

14 de maio de 2019

1- 2ª Turma analisa se mãe de filho de 9 anos pode ser presa após condenação em segunda instância
Clique aqui para ler a íntegra da notícia

2- 1ª Turma remete para primeira instância ação penal contra prefeito de Barueri (SP) por dispensa de
licitação
Clique aqui para ler a íntegra da notícia

3- Mantida decisão que rejeitou denúncia sobre sementes de Cannabis sativa sem THC
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Notícias STJ

14 de maio de 2019

4- Decreto de indulto pelo Dia das Mães também abrange presas em regime aberto

Clique aqui para ler a íntegra da notícia

5- Sexta Turma suspende prisão do ex-presidente Temer e do Coronel Lima

Clique aqui para ler a íntegra da notícia

6-Quinta Turma confirma condições para liberação de aeronave suspeita de ser comprada com
dinheiro ilícito

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