Alessandra Knoll

Abertura de empresa
 Vamos compreender a importância do planejamento jurídico-
burocrático de um projeto?
Para empreender, é necessário um plano de negócios, um “[...]
documento que abarca um conjunto de dados e informações sobre
o futuro empreendimento e define suas principais características e
condições para proporcionar uma análise de sua viabilidade e dos
seus riscos, bem como para facilitar sua implantação”. (CHIAVENATO,
2015, p.150).

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 João, após estudar sobre Gestão de Projetos, decidiu abrir um
negócio e tirar seu projeto da gaveta. O conceito do seu negócio
gira em torno da entrega de salgados para festa. Ele sabe que a
partir do momento em que abrir o empreendimento, terá questões
operacionais do dia a dia, que não representam um Projeto, porém
a abertura da empresa propriamente dita, depende de muitos
fatores: é um evento único com data certa e há diversos riscos
que ele deve gerenciar para que consiga cumprir a meta e a data
de abertura que deseja. Assim, ele elaborou um plano de gestão
do projeto chamado Abertura da empresa e definiu algumas
características e funções básicas do planejamento, percebendo
que ele:

• necessita de dados concretos e analisáveis;

• tem a função de analisar a viabilidade ou não da abertura do
negócio;
• facilita a implantação do empreendimento.

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 Chiavenato (2015, p.123) explica quais são os passos para
o desenvolvimento de um plano de negócios, que pode
auxiliar João no seu projeto. Os passos são:

1. Fazer a análise completa do setor em que a nova

empresa irá funcionar, considerando o perfil do cliente,
as características do mercado, as características
da concorrência e o cenário econômico, social e
tecnológico no qual a empresa está inserida.
2. Fazer um levantamento completo das características
do novo empreendimento, analisando as características
do produto/serviço a ser ofertado, o preço e as
condições de venda, a formatação jurídica do
empreendimento e a estrutura organizacional.

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3. Elaborar o plano estratégico para o novo
empreendimento, colocando em perspectiva
a definição da missão, visão e dos valores da
empresa, a definição do negócio, a determinação
dos objetivos estratégicos de longo prazo e o
estabelecimento da estratégia do negócio.
4. Elaborar um plano operacional para o novo
empreendimento, colocando em perspectiva a
previsão de demanda, o planejamento da produção,
a previsão de despesas gerais e fluxo de caixa e o
balancete simulado.
5. Criar um resumo executivo, condensando o
resumo de todas as informações acima relatadas.
6. Revisar cuidadosamente todo o conjunto para
obter consonância, analisando sua viabilidade e
confiabilidade.

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 Ao final do plano de negócios, deve-se avaliar as condições jurídicas
do empreendimento, e a partir de então, iniciar os procedimentos
legais e burocráticos para a abertura do negócio.

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 Para abrir uma empresa, deve-se criar um CNPJ, o Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas, que é semelhante ao Cadastro
de Pessoa Física (CPF), porém, voltado às empresas, que pode
ser realizado on-line.
No site, João deverá colocar o endereço da empresa e
alguns outros dados, entre eles o código da Tabela CNAE
(Classificação Nacional de Atividades Econômicas); esse
código é o que irá definir o que a empresa de João, registrada
naquele CNPJ, poderá fazer como atividade financeira.
No momento em que for emitida a nota fiscal, será solicitada
a descrição do que foi realizado para que se tenha recebido
o valor do cliente, e neste momento, é importante que a
atividade realizada tenha ligação com a atividade descrita na
ficha cadastral do CNPJ, utilizando o código da tabela CNAE.

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 Observe, na imagem a seguir, dois resultados de buscas por códigos
nas atividades de costura e padaria. Na atividade de costura, foram
achadas quatro opções de códigos e na de padaria, apenas duas
opções. O Cadastro do CNPJ permite que João cadastre mais de uma
atividade, mas apenas uma delas será sua atividade principal, então
ele deve pensar bem e analisar as opções.

Figura 1 - Tabela CNAE para CNPJs

Fonte: Gularte (2022)

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 O CNPJ pode ser pertencente a uma micro, média ou
pequena empresa. João pesquisou e descobriu algumas
diferenças entre os tamanhos das empresas e suas respectivas
responsabilidades jurídicas.
A Lei Complementar n°. 126/2008 que instituiu o
Microempreendedor Individual e foi atualizada através da Lei
Complementar n°. 139/2011, traz pontos inovadores que podem
oferecer maior efetividade à política de formalização das
atividades empresariais não legalizadas.

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 Uma das formas de também possui um limite de
iniciar o negócio é como contratação de funcionários,
Microempreendedor individual podendo ter apenas um
ou Empresário Individual, empregado com custo
que conceitualmente é Previdenciário de 3% do valor
descrito como uma pessoa salário pago ao empregado,
física que exerce atividade devendo ser recolhido ao
empresarial, que por sua vez, FGTS a porcentagem de 8%
é uma atividade econômica (oito por cento) do valor
organizada, exercida de forma pago a esse trabalhador. O
profissional e destinada à microempreendedor individual
produção ou circulação de deve assinar a CTPS (Carteira
bens ou de serviços (RAMOS, de Trabalho e Previdência
2009). Social) desse trabalhador,
Esse tipo de atividade tem, contabilizando em seu salário o
atualmente, um limite de renda Descanso Semanal Remunerado
anual máxima de R$ 81.000,00 (DSR), o décimo terceiro salário
(oitenta e um mil reais) e e as férias proporcionais.

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 Em relação aos impostos que
o M.E.I. (Microempreendedor
Individual) possui a obrigação
de pagar para continuar
regularizado, tem-se:

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 A escrituração contábil formal é facultativa ao M.E.I., ou
seja, esse tipo de empreendedor não precisa pagar um
contador, podendo ele mesmo emitir nota fiscal diretamente
nos sites das prefeituras ou Governos para os quais irá
pagar os impostos. Esse incentivo que a Lei oferece é uma
tentativa de desburocratizar a parte escritural da atividade
empresarial na busca de incentivar a formalização do
empreendedor, essa é a melhor forma para começar a
empreender sem pagar muitos impostos. Por isso, João
escolheu que seu projeto seria a abertura de uma empresa
tipo MEI, o que facilitou muito o seu projeto.

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 No Regime Especial Unificado de Arrecadação
de Tributos e Contribuições devidos pelas
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte,
instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de
dezembro de 2006, temos o Simples Nacional,
que é um modelo tributário simplificado para
descomplicar a vida dos micro e pequenos
empresários, que tinham que se preocupar com
inúmeras guias diferentes de tributos para se
manterem regularizados perante a Receita Federal.
O segundo passo para a abertura da empresa
é o Registro na junta comercial ou no Cartório
de Pessoas Jurídicas do estado. É a partir
desse registro que a empresa passará a existir
oficialmente. Ele deve ser feito antes da obtenção
do CNPJ e, apesar de não oferecer autorização
para a empresa começar a funcionar, é requisito
essencial para prosseguir no processo de
legalização.
Nessa fase do planejamento para abertura da
empresa, João pesquisou se o nome empresarial
escolhido já não existe em outra empresa
registrada.

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 O terceiro passo para abertura
legalizada da empresa é o
requerimento junto ao Governo
Estadual da Inscrição estadual.
Muitas vezes, esse requerimento
pode ser feito de forma online, pois
os estados possuem convênio com a
Receita Federal que possibilita obter a
inscrição estadual pela internet junto
com o seu CNPJ, por meio de um
cadastro único. A Inscrição estadual
é essencial para que se consiga pagar
o ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços).

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 O quarto passo para abertura legalizada da empresa é o
Alvará de localização e funcionamento, documento emitido
pela prefeitura que lhe cede a autorização para abrir as
portas do seu negócio. Para obter os alvarás e conseguir abrir
seu empreendimento, você precisa comprovar na prefeitura
da sua cidade, que reúne todas as condições exigidas por
lei para exercer a atividade de sua empresa. João verificou
essas exigências antes de realizar o pedido: as exigências
e cobranças para alvará podem variar de acordo com o
município, estado e ramo de atividade.
Antes de requerer e até mesmo de realizar a inscrição
na junta comercial, João percebeu que deveria fazer uma
consulta prévia na prefeitura de sua cidade, para verificar se
a atividade empresarial escolhida pode ser exercida no local
onde pretende abrir a empresa.
Também é preciso analisar o plano diretor, e caso haja
dúvidas, pode-se ligar para a prefeitura e pedir informações
sobre o que pode ou não ser feito no local em que se
pretende abrir a empresa.

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 Além desses documentos bastantes variáveis e mudam
essenciais, dependendo do de acordo com o ramo de
ramo de atividade, João atividade, local de instalação,
descobriu que iria precisar e até mesmo, do porte da
de outros registros legais, empresa.
como Licenças e inscrições Algumas atividades
nos órgãos de regulação empresariais precisam de
estaduais e municipais. As autorização até das Forças
autorizações dos órgãos Armadas – como é o caso das
de vistoria são requisitos que trabalham com artefatos
essenciais para conseguir explosivos, bélicos e produtos
o alvará de funcionamento. químicos controlados. João
Algumas das vistorias pensou que tem sorte de não
mais comuns são as dos ser dessa lista de empresas,
bombeiros e também a pois isso facilita seu projeto.
da Polícia Militar, que são

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 Entre as inscrições e licenças mais comumente exigidas,
estão as seguintes:

• Licença ambiental: obtida em órgãos Municipais e Es-

taduais de meio ambiente e no ICM Bio. Geralmente, é
exigida de empresas que exercem atividade industrial,
metalúrgica, mecânica, têxtil, química, de calçados,
atividades agropecuárias.
• Licença sanitária: obtida em órgãos Municipais, Esta-
duais e Federais de vigilância sanitária, exigida princi-
palmente de empresas que atuam no setor de alimen-
tação, medicamentos e cosméticos.
• Vistoria de cumprimento das normas de segurança:
normalmente realizada pelo Corpo de Bombeiros e to-
das as empresas estão sujeitas, pois neste caso, vidas
estão diretamente em jogo, já que nessa vistoria será
verificado o prazo de validade dos extintores de incên-
dio, questões de segurança e saída de emergência.

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 Além das inscrições e licenças municipais e estaduais,
algumas atividades exigem a inscrição em órgãos
federais, como o Ministério do Turismo, Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Polícia Federal,
entre outros.
Como João, você pode estar se perguntando se o
projeto de abrir a empresa conseguirá avançar da forma
como planejado e que tipo de ferramentas seriam
necessárias para fazê-lo dar certo. Vamos descobrir?

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Referências
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor.
4. ed. São Paulo: Manole, 2015.

GULARTE, Charles. Tabela CNAE Completa para CNPJs. 2022. Disponível em:
https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/cnae/. Acesso em 3
fev. 2022.

RAMOS, A. L. S. C. Curso de Direito Empresarial: o Novo regime jurídico

empresarial brasileiro. 2. ed. Bahia: Jus Podium, 2009.

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SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Fabrizio Machado Pereira

Diretor Regional do SENAI/SC e Diretor de Educação e Tecnologia da FIESC

Adriana Paula Cassol

Gerente Executiva de Educação

Thiago Korb
Gerente de Educação Básica e Profissional

Rômulo Thales Azevedo

Gerência de Educação Profissional – GEDUP

REDE DIGITAL

Fabiano Bachmann
Gerente Executivo da Rede Digital

Gisele Umbelino
Coordenadoria de Desenvolvimento de Recursos Digitais

Fernanda Laurentino Inácio

Coordenadoria de Modelos de Negócios Digitais

Fernanda Kempner Moreira

Líder de Projeto

Alessandra Knoll
Elaboração

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Pâmella Rocha Flores da Silva
Projeto Educacional

Tatiana Daou Segalin

Roger Humphreys
Projeto Web gráfico

Produção dos Recursos Educacionais

Equipe de Desenvolvimento de Recursos Digitais - CRD

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Discovery Ltda.
MSL Traduções
Revisão ortográfica, gramatical e normalização

IStock Photo
Banco de Imagens

Lince Vídeo Producões Ltda.

Produção Audiovisual

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