Material 06 - Poder Executivo

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Disciplina: Teorias Constitucionais II – Organização do Estado Ano: 2024

Professora: M.e Raquel de Paula Mendonça


Material 06 – Poder Executivo. Crimes de responsabilidade e processo de Impeachment.

PODER EXECUTIVO – art. 76 e seguintes da CF/88

1.1 Função
Tem por função administrar e implementar políticas nas várias áreas de atuação do Estado de acordo
com as leis elaboradas pelo legislativo.
No Brasil, o sistema de governo adotado é o Presidencialismo (art. 76 da CF/88). Onde o Presidente da
República acumula as funções: Chefe de Estado (atuando interna e externamente), Conforme
expressa art. 84, VII, VIII, XIX, da CF/88, e Chefe de Governo (liderança política interna e
administrativa dos órgãos do Estado) Conforme expressa art. 84, I a VI; IX a XVIII; XX a XXVII, da
CF/88.

1.2 Eleição, Mandato e Posse – art. 77, CF/88


- Eleição se dará por meio do sistema majoritário, e poderá ocorrer em dois turnos.
- Posse será no dia 05 de janeiro do ano seguinte à eleição durante sessão conjunta do Congresso
Nacional – art. 57, § 3º, III, e 78 da CF.
- Requisitos- art.12, § 3º, I (ser brasileiro nato); 14, § 3º, II (direitos políticos), V (ser filiado à partido), VI,
a, (ter no mínimo 35 anos) §§ 4º e 7º (ser elegível).

1.2.1 Incompatibilidades em razão do cargo


 Inelegibilidade Reflexa – diz respeito aos parênteses próximos (até o 2º grau), por afinidade,
adoção e cônjuge – não podem se eleger no território de jurisdição do titular de cargo do Poder
Executivo, salvo se já forem titulares e tiverem se candidatando a reeleição. Regra válida apenas
para chefes do executivo.
Art. 14, § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

1.2.2 Reeleição - art. 14, §5, da CF/88


§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.

1.3 Duração do Mandato - art. 82 da CF/88 – EC Nº 111 de 28/09/2021.


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- O mandato terá duração de 4 anos e terá início dia 05 de janeiro no ano seguinte à eleição

1.4 Atribuições do Presidente da República – art. 84, CF/88


- Chefe de Estado – art. 84, VII, VIII, XIV, XV, XVI, primeira parte, XVIII, segunda parte, XIX, XX, XXI,
XXII;
- Chefe de Governo – art. 84, I, III, IV, V, IX, X, XII, XIII, XIV, XVIII, primeira parte, XXIII, XXIV e XXVII;
- Chefe da Administração federal – art. 84, II, VI, XVI, segunda parte, XXIV e XXV;
- Outras atribuições constitucionais – art. 84, XVII; e
- Delegação de atribuições constitucionais – art. 84, parágrafo único.

1.5 Vice-Presidente da República – art. 79, CF/88


Houve um tempo em este importante cargo era tratado com certo desdém pelo constituinte brasileiro
com o argumento de que não lhe sobrava a função de mero conciliador de pequenos interesses, não
contribuindo, de fato, com o exercício do Presidente da República. Mas em 1988, com a edição da nova
Constituição, a função de Vice-Presidente ganha mais atribuições, conforme prevê o artigo 79, 80, 89, I
e 91, I da CF, além de outras que poderão ser previstas em lei complementar.
1.6 Vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República – art. 81 e § 1º e 2º, CF/88
Ocorre a vacância da Presidência da República se, transcorridos dez dias da data fixada para a posse,
o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo por motivo de força maior, não assumir o cargo. – Art. 78 § 2º.
Por se tratar de ato político, caberá ao Congresso Nacional declarar a vacância, embora tal situação
não esteja expressa na Carta Maior, é o que se presume.
Mandato Tampão: após 90 dias da vacância do último cargo, se ocorrer até os dois primeiros anos do
mandato, far-se-á nova eleição com voto direto, sujeita a dois turnos. Mas se ocorrer vacância durante
os dois últimos anos de mandato, será realizada eleição pelo Congresso Nacional pelo voto indireto. Art.
81 § 2º.

1.7 Sucessores e Substitutos do Presidente da República – art. 80, CF/88


O substituto e sucessor natural do Presidente da República é o Vice-Presidente – art. 79 caput.
A substituição se dá em caso de impedimento, isto é, doença, licença, férias etc. Na falta do Vice –
Presidente, serão sucessivamente chamados a ocupar a Presidência da República: o Presidente da
Câmara dos Deputados; o Presidente do Senado Federal; e Presidente do STF. Esses substitutos
eventuais do Presidente da República exercem por período determinado os poderes normais do cargo,
como: editar medida provisória, nomear e demitir Ministros de Estado, propor, sancionar e vetar leis etc.
Já a sucessão ocorrerá em caso de vacância definitiva do cargo, quando caberá ao Vice-Presidente
assumir o mandato no restante de tempo de seu término conforme a regra expressa do mandato
tampão.

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1.8 Poder Regulamentar – art. 84, IV, da CF/88
É umas das atribuições que permite ao Presidente da República expedir decretos e regulamentos para
a sua fiel execução. Esta faculdade também é atribuída aos Chefes do Poder Executivo das demais
esferas de poder político (Governadores e Prefeitos). O Regulamento é o ato normativo expedido pelo
Poder Executivo e não pode contrariar leis, nem criar direitos e obrigações. O regulamento depende da
lei e nela encontra seu fundamento de validade. Regulamento se prende ao seu texto legal e o seu
objetivo é facilitar o processo de execução da lei. É o regulamento, norma geral e abstrata, mas difere
da lei por não importar em modificação da ordem jurídica. Decreto é o meio pelo qual o Presidente da
República pratica os atos de sua competência. Todos os seus atos, inclusive os regulamentos, que
contém disposições gerais, são editados na forma de decretos. Decretos ou Regulamentos
autônomos independentes – o art. 84, VI da constituição, autorizou o Presidente da República a
dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da administração federal, quando não
implicar aumento de despesa, nem criação ou extinção de órgãos, bem como a extinguir funções ou
cargos públicos quando vagos.

1.9 Perda do Cargo – art. 51, I; 52, I, e art. 83 CF/88

- Crime comum no exercício do mandato – art. 86 caput, art. 102, I, b, 78 p. único e art. 83 da CF/88.
A Lei 8.038/80 traz as regras procedimentais para o processamento dos crimes comuns. Ocorre da
mesma forma como nos crimes de responsabilidade, também haverá o controle político de
admissibilidade, a ser realizado pela Câmara dos Deputados, que autorizará ou não o recebimento da
denúncia ou queixa-crime pelo STF, através do voto de 2/3 de seus membros (art. 86, caput).
Admitida a acusação contra o Presidente da República, por 2/3 da Câmara dos Deputados, será ele
submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns (CF, art. 86,
caput). Compete à Câmara dos Deputados o juízo de admissibilidade, sendo importante dizer que não
existe foro privilegiado para ações civis públicas e ações por atos de improbidade administrativa
ajuizadas contra o Presidente da República. Segundo o STF, crimes comuns são os que englobam
todas as modalidades de infrações criminais, inclusive os delitos contra a vida, os eleitorais, e até, as
contravenções penais.

- Crimes de responsabilidade (Impeachment) art. 85, da CF/88


Crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas cometidas pelo Presidente da
República e outras altas autoridades, punidos com a perda do cargo e inabilitação para o exercício da
função pública. De acordo com o princípio republicano de governo, todas as autoridades exercem o
poder público na medida conferida pela Constituição, devendo prestar contas dos atos praticados no
exercício da função para os demais cidadãos.

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2. Processo de Impeachment
Impeachment é uma palavra de origem inglesa que significa "impedimento" ou "impugnação",
utilizada como um modelo de processo instaurado contra altas autoridades governamentais acusadas
de infringir os seus deveres funcionais. Dizer que ocorreu impeachment ao Presidente da República,
significa que este não poderá continuar exercendo funções. Abuso de poder, crimes normais e crimes
de responsabilidade, assim como qualquer outro atentado ou violação à Constituição são exemplos do
que pode dar base a um impeachment. O impeachment ocorre no Poder Executivo, podendo acontecer
no Brasil, por exemplo, ao Presidente da República, Governadores e Prefeitos. Quando acontece o
impeachment, significa que o mandato fica impugnado ou cassado. A Constituição não fala
sobre impeachment, mas no caso do Presidente da República, por exemplo, os crimes de
responsabilidade estão descritos no artigo 85 da Constituição da República Federativa do Brasil. São
considerados crimes de responsabilidade aqueles que atentem contra a Constituição Federal. O
procedimento do impeachment está descrito na lei 1079/50, é um processo longo e para que ocorra,
devem ser cumpridos vários passos, dentre eles a denúncia, a acusação e o julgamento. O artigo 86 da
Constituição refere às medidas tomadas caso o Presidente da República seja de fato impugnado, a
primeira das quais a suspensão de suas funções. O Poder Legislativo gere todo este processo.

2.1 Procedimento
É chamado bifásico, composto por uma fase preambular, denominada juízo de admissibilidade do
processo, na Câmara dos Deputados (Tribunal de Pronúncia – art. 80 da Lei n. 1.079/50), e por uma
fase final, em que ocorrerão o processo propriamente dito e o julgamento, no Senado Federal (Tribunal
de Julgamento). A acusação poderá ser formalizada por qualquer cidadão em pleno gozo de seus
direitos políticos. Esta por sua vez, será sujeitada ao controle do Plenário da Casa, que irá verificar “se
a acusação é consistente, se ela tem base em alegações e fundamentos plausíveis, ou se a notícia do
fato reprovável tem razoável procedência, não sendo a acusação simplesmente fruto de desavenças
políticas”, conforme observou o Min. Carlos Velloso, do STF. Após a autorização da Câmara dos
Deputados, o Senado Federal, deverá instaurar o processo sob a presidência do Presidente do STF.

2.2 Sanções
Conforme prevê artigo 52, parágrafo único, da Constituição Federal, os condenados pela prática de
crime de responsabilidade perderão o cargo e ficarão inabilitados por oito anos para o exercício de
função pública. As sanções são aplicadas cumulativamente, OU não, de acordo com Regimento Interno
da casa julgadora e entendimento do condutor do julgamento (Presidente do STF) poderá ocorrer o
fatiamento do julgamento, assim as sanções não serão aplicadas cumulativamente.

3. Prerrogativas do Presidente da República – art. 86, CF/88


§3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República
não estará sujeito à prisão.

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§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.

4. Órgãos Auxiliares do Poder Executivo


4.1 Ministros de Estado – art. 87 e 88 da CF/88
São auxiliares do Presidente da República na direção superior da Administração federal (art. 76 e 84, II
da CF/88). São cargos de livre nomeação e exoneração.

4.2 Conselho da República


É órgão superior de consulta do Presidente da República e suas manifestações não terão, em hipótese
alguma, caráter vinculatório aos atos a serem tomados pelo Presidente. Art. 89 e 90 da CF/88.
A Lei 8.041/90 regula a organização e o funcionamento do Conselho da República, cujas competências
constitucionais foram definidas no sentido de se pronunciar sobre a intervenção federal, o estado de
defesa e o estado de sítio, bem como sobre questões relevantes para a estabilidade das instituições
democráticas.

4.3 Conselho de Defesa Nacional


Também é convocado e presidido pelo próprio Presidente da República (art. 84, XVII), é órgão de
consulta deste nos assuntos relacionados à soberania nacional e a defesa do Estado democrático. Art.
91 da CF/88.

Questões
1) O Senado Federal, Casa revisora, após aprovar o Projeto de Lei nº XX, o enviou ao Presidente
da República. Ato contínuo à devida análise dos Ministérios que atuavam nas temáticas
envolvidas, o Chefe do Poder Executivo concordou com uma parte do Projeto e entendeu que
a outra contrariava o interesse público, devendo ser vetada. Nesse caso, o Presidente da
República deve:
a) Promulgar a parte incontroversa do projeto, que não foi vetada, antes mesmo da manifestação ou da
rejeição do veto pelo Poder Legislativo.
b) aguardar o desenvolver do processo legislativo, com a manifestação do Poder Legislativo a respeito
da rejeição, ou não, do veto, de modo que este Poder promova a promulgação do projeto.
c) promulgar a parte incontroversa do projeto, que não foi vetada, sendo que a rejeição do veto, pelo
Poder Legislativo, dará origem a diploma normativo diverso.
d) aguardar o desenvolver do processo legislativo, com a manifestação do Poder Legislativo a respeito
da rejeição, ou não, do veto, e promulgar, juntas, a parte incontroversa do projeto e a que teve o veto
derrubado.
e) aguardar a manifestação do Poder Legislativo a respeito da manutenção, ou não, do veto, caso os
respectivos preceitos estejam relacionados, por arrastamento, à parte incontroversa, o que exigirá a
promulgação em ato único.

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1) Caso ocorra a vacância dos cargos de Presidente e de Vice-Presidente da República, como
será procedida, nos termos da Constituição Federal, a nova eleição?
a) Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos
será feita trinta dias depois da última vaga, por sufrágio universal e secreto, dispensada a realização
de segundo turno, na forma da lei.
b) Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos
será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
c) Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição, pelo Senado
Federal, cem dias depois de aberta a última vaga.
d) Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição, pela Câmara dos
Deputados, cem dias depois de aberta a última vaga.
e) A hipótese de vacância dos cargos de Presidente e de Vice-Presidente da República não está
contemplada pela Constituição Federal.

Gabarito Comentado:
Questão 1
Letra A – Tese 595 STF - É constitucional a promulgação, pelo Chefe do Poder Executivo, de parte
incontroversa de projeto da lei que não foi vetada, antes da manifestação do Poder Legislativo pela
manutenção ou pela rejeição do veto, inexistindo vício de inconstitucionalidade dessa parte inicialmente
publicada pela ausência de promulgação da derrubada dos vetos.
No caso de veto parcial, a lei nova é publicada e promulgada com o texto da parte sancionada e
apenas a indicação das partes que foram vetadas.
DICA: O VETO E A SANÇÃO PODEM SER PARCIAIS. NÃO EXISTE VETO TÁCITO, ELE DEVE SER
EXPRESSO. A SANÇÃO PODE SER TÁCITA.
Questão 02
Letra B - Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa
dias depois de aberta a última vaga. (Eleição Direta)
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os
cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. (Eleição
Indireta)
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Referência bibliográfica
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de
1988. Contém as emendas constitucionais posteriores. Brasília, DF: Senado, 2024.
BULOS, Uadi Lamêgo. Curso de Direito Constitucional. 16º. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 25º. Ed. São Paulo: Saraiva.2020.

Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem. Salmos 13:6

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