Aula 2 - Filosofia
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AULA 2
Paradigmas científicos
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1.2 O silogismo aristotélico
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dedução é um encadeamento de raciocínios em que o conhecimento sobre algo
é dado a posteriori.
A indução, por sua vez, promove procedimentos inversos ao da dedução.
Parte da observação de elementos particulares, com o objetivo de atingir uma
conclusão sobre um ponto de vista ou ideia geral, de acesso a todos. Tem-se
um conhecimento dado a priori, por exemplo, percebemos que “João morreu” ou
“tenho fome” ou “é dia”.
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cristã e os textos sagrados. Segundo Aranha, “Escolástica. Designa os filósofos
e teólogos medievais que ministravam cursos nas escolas eclesiásticas e nas
universidades entre os séculos IX e XV” (2009, p. 113).
O principal pensador do período foi São Tomás de Aquino (1225-1274),
responsável por aristotelizar o cristianismo. A Escolástica também possuía
apreço por Ptolomeu (90-168 d.C.), pensador grego, astrônomo e geômetra que
buscou geometrizar o movimento dos corpos celestes em torno da Terra, a partir
da premissa geocêntrica (a Terra no centro do universo) desenvolvida por
Aristóteles na Antiguidade.
Além da tese geocêntrica, a Escolástica reafirmava outras concepções
aristotélicas, entre elas a distinção da composição da Terra (água, terra, fogo e
ar) e dos corpos celestes (Sol, Lua e demais estrelas) constituídos por éter. A
Terra era tomada como imóvel, estática e o universo gira a sua volta, movida
pelo Primeiro Motor do Universo, no caso, Deus. Apenas as sagradas escrituras
eram vistas como instrumentos suficientes para se compreender a astronomia e
o movimento dos corpos celestes, não sendo relacionada à física ou matemática.
Dessa forma, os corpos celestes eram movimentados segundo a vontade divina,
cabendo recorrer às sagradas escrituras, segundo Aristóteles e Ptolomeu, para
fornecer qualquer justificativa a respeito. Empregava-se método silogístico (ou
silogismo), de caráter qualitativo e não quantitativo (ou seja, não matematiza a
natureza).
Veremos no próximo tema que, a partir dos séculos XVI e XVII, com
ascensão da ciência moderna, os paradigmas aristotélicos e escolásticos serão
criticados pela nova ciência.
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3.1 A Revolução Copernicana
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ainda que não tenham relação com o movimento da Terra em torno do Sol.
Assim, por exemplo, quando Darwin (1809-1882) publicou sua Origem das
Espécies, em 1859, sua tese foi afirmada pela comunidade científica como uma
“Revolução Copernicana”. Freud (1956-1939), quando publicou o livro A
interpretação dos sonhos, em 1900, e deu ênfase ao papel do inconsciente sobre
a vida mental, sua obra também foi classificada como uma “Revolução
Copernicana”. O mesmo correu com Einstein quando elaborou, em 1905, sua
teoria da relatividade ou recentemente com o experimento do acelerador de
partículas que identificou a chamada “partícula Deus”.
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2. Analisar – dividir o objeto a ser conhecido em quantas partes forem
necessárias (por este motivo, dividimos uma equação em incógnitas,
parênteses, chaves e colchetes);
3. Sintetizar – solucionar os problemas iniciando das partes mais simples
às mais complexas; e
4. Enumerar (controle) - trata-se da elaboração de rigorosas revisões, a fim
de observar se o valor das incógnitas é compatível com a equação.
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Abadia de Westminster, em Londres, consta a seguinte frase em latim: “A
natureza e as leis da natureza estavam imersas em trevas; Deus disse ‘Haja
Newton’ e tudo se iluminou”.
A ciência moderna foi determinante para a consolidação futura da
Revolução Industrial a partir do século XVIII e também influenciou o movimento
Iluminista na França.
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As concepções de Comte estão baseadas na observação e exatidão, de
modo que abandona as teorias e especulações da teologia e metafísica, ou
filosofias de teor mais abstrato. As ciências que são positivistas são a
matemática, biologia, astronomia, física, química e a recém-criada sociologia,
que se baseia em dados estatísticos. Os positivistas afirmam que a ciência é
cumulativa (progresso) e transcultural (não interessa em qual cultura surgiu,
serve para toda a humanidade). O positivismo influenciou as correntes que
defendiam o darwinismo social no século XIX. A frase na bandeira brasileira é
baseada no lema de Comte sobre o positivismo. Comte afirmava o amor como
princípio e ordem como base; progresso como objetivo.
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filosoficamente abstratas; o adulto possui uma concepção positivista e científica
da realidade.
estado meta�sico
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conduzindo a conhecimentos superiores em relação aos anteriores
desenvolvidos. A ciência se situa a partir da imaginação e na crítica como
principais aspectos da racionalidade humana. Segundo Popper, a ciência é uma
atividade que se caracteriza pela ousadia imaginativa das suas hipóteses. Estas
formulações estão fundamentadas em experiências científicas, que podem
abolir, criticar e falsear doutrinas científicas vigentes.
Popper parte do pressuposto de que não podemos atingir a verdade de
uma teoria, ou seja não podemos abarcar todos os casos a que a ciência se
propõe. Dessa forma, o filósofo estabelece como método mais correto para as
ciências o método da refutação e o critério de falseabilidade. Este critério está
relacionado à necessidade de submeter uma teoria à prova, buscando
demonstrar ou provar sua falsidade ou refutá-la amparada com base em
métodos científicos, a ponto de descartar sua validade. Este método de pesquisa
científica consiste em formular hipóteses e, depois, por meio de rigorosos
exames e avaliações experimentais, procurar refutá-las. Se determinadas teorias
permitem ser testadas, criticadas e resistirem ao princípio da falseabilidade,
então elas poderão ser consideradas teorias científicas aceitas.
Thomas Kuhn (1914-1996), no livro A estrutura das Revoluções
Científicas, publicado em 1962, apresentará uma abordagem diferente a respeito
do desenvolvimento das ciências. Kuhn procurou demonstrar de que forma
ocorrem as transições e rupturas do pensamento científico predominante. Avalia
a existência de fases denominadas "normais" da ciência com o estabelecimento
de paradigmas, que contribuem com os demais cientistas para a solução de
problemas, promovendo o progresso por meio de acumulação de descobertas.
Paradigma é um modelo ou padrão a seguir. Etimologicamente, a palavra
vem do grego paradeigma (modelo ou padrão), de modo que corresponde a algo
que servirá de exemplo ou modelo a ser seguido.
No entanto, há “situações de crise”, que ocorrem quando os paradigmas
já não são mais suficientes e não resolvem uma série de questões, dando origem
à transição a novos modelos científicos que se contrapõem ao predominante. Foi
o que ocorreu com a ciência de Aristóteles e a Escolásticas, que perderam sua
hegemonia com ascensão da Ciência Moderna. Isso significa dizer que toda
ciência passa por momentos de apogeu e crise, até se tornar obsoleta.
Para Kuhn, a superação dos paradigmas poderá dificultar a continuidade
de certos esforços científicos realizados para solucionar problemas quando
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emerge um novo paradigma, estabelecendo crises nas ciências. Os paradigmas
são superados quando há uma ruptura radical capaz de modificar de modo
significativo as condições dominantes e hegemônicas. Cria-se dessa forma um
novo paradigma que provoca disputas com a ciência, antes predominante.
Feyerabend (1924-1994) foi um polêmico estudioso das ciências. No ano
de 1975 publicou o livro Contra o método. É considerado um teórico anarquista
porque observa a não existência de verdade absoluta nas ciências. Opõe-se a
Popper, que afirma a ciência como racional e cumulativa, e igualmente critica
Kuhn, que argumentou, conforme vimos, que uma teoria é dotada de paradigma.
Abandonou o empirismo e as correntes positivistas. Feyerabend considera que
as abordagens metodológicas não são instrumentos de descoberta definitivas e
defende o pluralismo metodológico. Afirma que no ponto de vista metodológico
tudo vale. Considera que uma teoria se torna dominante devido ao seu caráter
mais persuasivo em relação a outras teorias, isto é, depende de que forma foi
escrita, por quem e quais recursos retóricos e propagandísticos foram utilizados
a fim de convencer a comunidade científica.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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a ruptura promovida por ela em relação à tradição escolástica-aristotélico com
Copérnico, Galileu, Descartes, Bacon e Newton entre os séculos XVI e XVII.
Estudamos também o positivismo de Comte desenvolvido durante o século XIX
como reflexo otimista dos avanços da industrialização e da Ciência Moderna. Por
fim, investigamos compreensões do desenvolvimento das ciências a partir das
abordagens epistemológicas no século XX desenvolvidas por Popper, Kuhn e
Feyerabend.
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REFERÊNCIAS
GALILEU. Diálogo sobre los dos Máximos Sistemas del Mundo Ptolemaico
y Copernicano. Madrid: Alianza Editorial, 1994.
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