Hebraico Avançado INCITH

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CURSO LIVRE DE

GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA
HEBRAICO BÍBLICO

Aluno: ____________________________________________________________

Professor: _________________________________________________________
SUMÁRIO

HEBRAICO BÍBLICO.........................................................................................................................3
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................3
1. HISTÓRIA ......................................................................................................................................3
2 – PERÍODOS HISTÓRICOS DA LÍNGUA HEBRAICA ..................................................................5
2.1. O hebraico bíblico: aspectos gerais ........................................................................................5
2.2. Observações pertinentes...........................................................................................................5
3 – O ALFABETO HEBRAICO ..........................................................................................................6
3.1. Transliteração em hebraico ......................................................................................................8
3.2. Esclarecimentos sobre transliteração e pronúncia ................................................................9
4 – AS VOGAIS .................................................................................................................................11
5 – O ARTIGO....................................................................................................................................14
6 - PREPOSIÇÕES ............................................................................................................................15
7 – OS NUMERAIS HEBRAICOS ......................................................................................................17
VOCABULÁRIO..................................................................................................................................21
CONCLUSÃO .....................................................................................................................................23
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................................23

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Graduação Livre em Teologia – Hebraico Bíblico

HEBRAICO BÍBLICO
Introdução e Preliminares da Língua Hebraica
O texto hebraico se escreve da direita para a esquerda. As letras que formam o alfabeto
hebraico são chamadas quadráticas, ou caracteres quadráticos, devido às formas mais ou
menos quadradas. Existem também as letras cursivas, utilizadas ainda hoje na escrita
manual.
O alfabeto hebraico, diferentemente do português, não possui vogais. Sabemos da
dificuldade que há em aprender qualquer outro idioma, mas se houver dedicação o Espírito
Santo nos ajudará em tão grande desafio.
1. A HISTÓRIA
O hebraico é um idioma oriental que pertence à família semítica e teve sua origem no
Crescente Fértil. A palavra semita origina-se de um dos filhos de Noé chamado Sem (Gn
10).
É o idioma em que foi escrito o Antigo Testamento, exceto Esdras 4:8; 6:18; 7:12-26; Daniel
2:4; 7:28; Jeremias 10:11 e duas palavras em Gênesis 31:47.
Em princípio era um dialeto cananeu (Isaias 19:18). Língua adotada pela família de Abraão
no momento em que chegou a Canaã. Veja que em Gênesis 31:47 Labão se expressa em
aramaico e Jacó em hebraico. Foi a língua falada por Israel durante o período bíblico, desde
os patriarcas até pouco antes do encerramento do cânon sagrado dos judeus.
“Segundo o rabino Dr. Frederico Pinkus, fundador do Curso de Hebraico da Universidade
de São Paulo, a palavra habiru encontrada nas cartas de Tel-el-Amarna seria a primeira raiz
do nome hebraico” (PINKUSS, 1948, p.10. A palavra hebraica “hibrit” aplicada
primeiramente a “Abraão, o hebreu” (Gênesis 14:13) o que veio do além rio, localizado do
outro lado do Rio Eufrates.
A escrita foi evoluindo do proto-canaanita (aprox. 1500 a.C.), ao hebraico antigo (aprox.,
950 a.C.), ao grego clássico e finalmente ao alfabeto latino que usamos hoje como
português.
No começo do século III a.c., o hebraico, até então falado na palestina, foi superado pelo
aramaico, mas continuou a ser utilizado na liturgia e na literatura. No século XIX, com o
movimento sionista na Europa oriental e na Palestina, o hebraico ressurgiu como língua viva
e tornou-se o idioma oficial, escrito e falado, em Israel.
Língua semita dos hebreus, o hebraico, ligado intimamente ao fenício e ao moabita, é
situado pelos estudiosos no subgrupo cananeu. Seu nome, como o de seu povo, deriva
provavelmente de Eber, filho de Sem, ancestral de Abraão. Nos textos ugaríticos (de escrita
cuneiforme) há referência ao povo de hapiru ou habiru, que Hamurabi teve a seu serviço.
Mais tarde, passou-se a afirmar que o nome hebreu proveio deivri, “o que está do outro lado
(do rio)”. Na versão grega da Bíblia, “Abraão, o hebreu”, é traduzido por “Abraão, o que
atravessou (o rio)”, ou seja, o alienígena, o imigrante (Gênesis 14.13).
A língua hebraica pertence ao grupo das línguas semíticas surgidas no Oriente Médio há
vários séculos e que desempenharam um importante papel no desenvolvimento histórico e
cultural das civilizações dessa região geográfica. A nominação “língua semítica”, usada para
designar cada uma das línguas surgidas na região do Oriente Médio, data desde 1781,
possuindo relação com o personagem Sem (cf. Gn 10.21-31), um dos filhos de Noé, e que

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teria sido o ancestral dos povos de origem semita. Desde muitos anos, as línguas semíticas
foram e continuam sendo objeto de estudos e debates entre diversos linguistas, alguns dos
quais as classificam nos seguintes grupos: Grupo nordeste (norte-oriental): acádico, assírio
e babilônico. Grupo noroeste (norte-ocidental): hebraico, hebraico samaritano, aramaico,
siríaco, ugarítico, fenício, canaanita, moabita, edomita, púnico e nabateu. Grupo meridional:
árabe, etíope, sabeu e mineu. Todas as línguas semíticas são escritas da direita para a
esquerda, exceto o acádico e o etíope que são escritos da esquerda para a direita. Os
alfabetos empregados em todas elas são consonantais e somente tardiamente surgiram os
sinais para representarem fonemas vocálicos. Outra característica importante é o fato de
que as raízes verbais são tricosonantais (três letras consoantes). Existem em cada uma das
línguas semíticas várias construções verbais: o árabe, o acádico e o etíope possuem mais
de 12 construções verbais, enquanto o hebraico e o aramaico possuem sete. Outra
característica linguística comum entre as línguas semíticas e o hebraico é a presença de
determinados fonemas consonantais tais como , , ,  e . Algumas línguas semíticas
desapareceram há tempos, como o acádico, o ugarítico, o fenício, o moabita, o assírio e o
babilônico, enquanto outras são faladas, ainda, por pequenas populações do Oriente Médio:
o aramaico falado por cerca de 300 mil pessoas e o hebraico samaritano por algumas
centenas (cerca de 300 pessoas). Outras tornaram-se línguas litúrgicas como o siríaco e o
etíope, que são usadas por comunidades cristãs orientais (siríaco pelos cristãos nestorianos
e jacobitas e etíope pelos cristãos etíopes). O árabe é a língua semítica mais falada hoje
em dia por cerca de 150 milhões de falantes.
O hebraico, depois de ressurgido desde o século XVI e como língua falada desde o século
XIX, é hoje usado por cerca de mais de 5 milhões de pessoas no atual Estado de Israel.
2. OS PERÍODOS HISTÓRICOS DA LÍNGUA HEBRAICA
Assim como toda língua viva que se desenvolve e se modifica ao longo do tempo, também
o hebraico sofreu alterações durante a sua evolução como idioma falado e escrito do povo
judeu. Através dos séculos, sua morfologia, sua fonologia e seu vocabulário sofreram
modificações, podendo ser percebidos através de muitos documentos antigos e modernos.
Sáenz Badillos e Rabin classificam e datam da seguinte forma os períodos históricos da
língua hebraica:
• Hebraico arcaico: séc. XIII ao séc. X a.C.
• Hebraico pré-exílico ou hebraico clássico: séc. X ao séc. VI a.C.
• Hebraico pós-exílico ou hebraico tardio: séc. VI a.C. ao séc. II a.C.
• Hebraico de Ḥirbet Qumran: II a.C. ao séc. II d.C.
• Hebraico rabínico ou hebraico talmúdico ou ainda neo-hebraico: séc. II ao séc. X d.C.
• Hebraico medieval: séc. X ao séc. XV.
• Hebraico moderno ou hebraico israelense: séc. XVI ao séc. XXI.
Todos os períodos históricos do hebraico demonstram evolução contínua e às vezes
profunda em sua estrutura linguística. Segundo os estudiosos, de todos os estágios
mencionados acima, os três primeiros (arcaico, pré-exílico e pós-exílico) são considerados
desenvolvimento do hebraico bíblico, fato que percebe-se ao longo da composição dos
próprios livros da Bíblia Hebraica. Em relação às obras escritas em cada estágio da
evolução do hebraico bíblico, pode-se mencionar algumas que são relevantes para se
estudar o seu processo de desenvolvimento: Hebraico arcaico: Gênesis 49, Êxodo 15,
Números 23 e 24, Deuteronômio 32 e 33, Juízes 5, Salmo 68 etc. Hebraico pré-exílico ou

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hebraico clássico: o Pentateuco, Josué, Juízes, 1Samuel e 2Samuel, 1Reis e 2Reis, Isaías,
Jeremias, Ezequiel, Amós, Oséias, Miquéias etc. Hebraico pós-exílico ou hebraico tardio:
Esdras, Neemias, 1Crônicas e 2Crônicas, Ester, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Daniel,
Cântico dos Cânticos, Joel, Obadias, Ageu, Zacarias, Provérbios etc. Hebraico de Hirbet
Qumran: o pesher de Habacuque, o Testamento dos Doze Patriarcas, a Regra da
Associação, o Documento de Damasco, a Regra da Guerra, o Rolo do Templo etc. Hebraico
rabínico ou hebraico talmúdico ou neo-hebraico: a literatura tanaítica, a literatura amoraítica,
a Mishná (a seção do Talmude escrita em hebraico), etc.
2.1. O Hebraico Bíblico: Aspectos Gerais
A Bíblia Hebraica foi composta entre o século XII e II a.C. e seus livros refletem mais de um
estágio na evolução da língua hebraica durante o período bíblico. Percebe-se, ainda, a
presença de dois dialetos empregados em seus textos (o dialeto de Judá [judaíta ou sulista]
e o de Israel [israelita ou nortista]). O vocabulário bíblico possui muitas palavras
relacionadas ao campo da religião, da moral e da emoção, além de palavras relacionadas
à vida diária, a animais domésticos, a utensílios domésticos etc. O vocabulário da Bíblia
Hebraica é relativamente limitado, compreendendo um pouco mais de 8.000 vocábulos, dos
quais 2.000 são palavras ou expressões que ocorrem uma única vez ao longo de seu texto.
Tais casos são denominados hapax legomenon (gr. ἅπαξ λεγόμενον, contado ou dito uma
só vez). Os massoretas, por sua vez, também assinalavam os casos de hapax legomenon
presentes no texto bíblico por meio da anotação , a qual é a abreviatura do item
minológico massorético (aram. lit. não há, não existe, não tem, nada, não).
De acordo com os estudos realizados sobre os hapax legomenon no texto bíblico hebraico,
Greenspahn afirma que a maior concentração deles encontra-se nos seguintes livros
bíblicos (em ordem de quantidade): Jó, Cântico dos Cânticos, Isaías, Provérbios, Naum,
Lamentações e Habacuque. Por outro lado, os livros bíblicos que apresentam um menor
registro de hapax legomenon são (em ordem de quantidade): 1Crônicas, 2Crônicas, 1Reis,
2Reis, Josué, Êxodo, 1Samuel e 2Samuel. Greenspahn classifica os casos de palavras e
expressões únicas em dois grupos: os hápax parciais e os hápax absolutos. O primeiro
grupo é relacionado a situações de palavras ou expressões realmente únicas, sem outras
formas iguais ou similares, por exemplo, o substantivo masculino singular (hebr. vestido,
saia), em Isaías 47.2. O segundo grupo é relacionado a formas ortográficas ou gramaticais
únicas, mas que possuem outras formas similares, por exemplo, a expressão verbal no
infinitivo construto (hebr. comer), em Deuteronômio 12.23. O hebraico é uma língua
semítica norte-ocidental, pertencente ao grupo cananeu, surgida na Palestina, entre o rio
Jordão e o mar Mediterrâneo, durante a segunda metade do segundo milênio a.C. Após as
tribos israelitas se estabelecerem em Canaã, no século XIII a.C., adotaram a língua local
dos cananeus, isto é, o canaanita do qual surgiu, posteriormente de aramaico (cf. Gn 31.47
e Dt 26.5).11 No texto bíblico, o idioma dos israelitas nunca é nominado “hebraico”, mas
língua de Canaã ( cf. Is 19.18) e judaico (cf. Is 36.11, 13; 2Rs 18.26, 28; Ne 13.24 e 2Cr
32.18) denotando, assim, ser o “idioma oficial” de Judá e de Jerusalém e utilizado como
forma padrão de linguagem para composição de textos.
2.2. Observações Pertinentes:

As palavras acima são lidas: Bereshit Bara e significa "No princípio criou". Como você deve
estar imaginando, são as duas primeiras palavras da Bíblia, em Gênesis 1:1.
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O hebraico escreve-se da direita para a esquerda, como o árabe e outras línguas semitas,
ao contrário de como fazemos. Então, sempre começamos "ao contrário", da direita para a
esquerda. Se você pegar um Torah e estranhar que não tem nada escrito na capa, vire-a,
e verá que lá sim começa o livro.
Em hebraico não há letras maiúsculas e minúsculas, só há uma forma (exceto as que têm
forma final, que você verá mais tarde).
O alfabeto hebraico (como se verá mais tarde) é constituído de 22 CONSOANTES. As
vogais e sinais não fazem parte do alfabeto. Para estudarmos, vamos utilizar os sinais
massoréticos, inventados pelos massoretas, e que funcionam como vogais. Mas nas
publicações em Israel, por exemplo, não se utiliza estes sinais. Como exemplo, utilizemos
a palavra "terra":

Em hebraico não podemos escrever parte de uma palavra numa linha e parte na linha
seguinte utilizando-se o hífen. No caso de não haver espaço, escreve-se a palavra toda na
linha seguinte.
3. O ALFABETO HEBRAICO
O hebraico é um idioma muito diferente do português. Por isso, é necessário começar do
zero, ou seja, de seu alfabeto aparentemente estranho, para poder entender posteriormente
seu funcionamento. As letras que formam o alfabeto hebraico são chamadas quadráticas,
ou caracteres quadráticos, devido às formas mais ou menos quadradas.
Existem também as letras cursivas, utilizadas ainda hoje na escrita manual. O alfabeto
hebraico, diferentemente do português, não possui vogais. É formado apenas por
consoantes, com o total de 22 letras básicas. Algumas delas, em determinadas ocasiões,
podem assumir até quatro formas diferentes como, por exemplo, a letra kaph:

São quatro símbolos com algumas semelhanças, ainda que diferentes, para representar a
mesma letra, possuindo o mesmo valor numérico, como será visto mais adiante.
Não há distinção entre letras maiúscula e minúsculas. Quanto à leitura, faz-se da direita
para a esquerda.
ALFABETO HEBRAICO

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Forma Nome Transliteração


final Básica Aspirada
a Aleph `

b Beth B Bh (=V)

D Dh

H
y Yôdh Y

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3.1. Transliteração em hebraico


A transliteração refere-se à substituição dos caracteres da escrita de uma língua pelos da
escrita de outra língua, para possibilitar a pronúncia. Isto se chama também de
romanização.

Escreve-se o hebraico da direita para a esquerda, mas, para os leitores do português, o


hebraico é transliterado para ser lido da esquerda para a direita.

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3.2. Esclarecimentos sobre transliteração e pronúncia:


Transliterar é representar uma letra de uma palavra com caracteres equivalentes de outra
língua. Devido à falta de padrão para a transliteração e a multiplicidade de propostas,
sugerimos em trabalhos diversos, onde sejam utilizadas palavras hebraicas, para que não
haja confusão de termos, elas sejam sempre empregadas na forma hebraica mesmo,
seguidas de uma transliteração como simples ajuda de leitura para quem não conhece a
língua original. Aqui estamos adotando a transliteração utilizada no Dicionário Internacional
de Teologia do Antigo Testamento, organizado por R. Laird HARRIS, Gleason L. ARCHER,
Jr. e Bruce K. WALTKE (São Paulo: Vida Nova, 1998).
a) O 'aleph (‫ )א‬não possui correspondente em português. Utiliza-se na transliteração
apenas um sinal de aspiração branda ('), como se vê no quadro. Ele não possui som e não
deve ser confundido com a vogal a, pois é uma consoante.
Parece estranho uma letra não ter som, mas também na língua portuguesa ocorre algo
semelhante quando se utiliza a letra h em certas palavras como "homem" ou "hora". O h
figura nas palavras, mas não é pronunciado.
b) O gimel (‫ )ג‬tem o som de g como na palavra gato, e nunca é pronunciado como em
girafa. Em algumas ocasiões pode ser transliterado gh, mas este detalhe não deve nos
preocupar agora.
c) O he (‫ )ה‬tem o som de h levemente aspirado, semelhante ao da palavra inglesa house.
d) O waw/vav (‫ )ו‬tem o som de v, ainda que aqui seja transliterado pela letra w. É bom
lembrar que o waw, em algumas obras mais voltadas para a pronúncia clássica em lugar
da atual, pode aparecer além de transliterado pela letra w, sendo lido com o som dessa
mesma letra, como na palavra inglesa way.
e) O heth (‫ )ח‬tem o som de h fortemente aspirado, semelhante à pronúncia do j em
espanhol, como no substantivo próprio Julio; é transliterado por um h com ponto (lJ,) para
distingui-lo do he.
f) O teth (‫ )ט‬é transliterado por um t com ponto (t) para diferenciá-lo da letra taw que será
vista mais adiante e tem o mesmo som, ou muito parecido.
g) O yodh (‫) י‬, também conhecido por yud, embora tenha o som de i, não é vogal, deve ser
tratado como consoante. É transliterado por y para evitar confusões.
h) O mem (‫ )מ‬no final das palavras produz sempre um som enfático bem labial como, por
exemplo, am em inglês. Nos demais casos, tem som normal de m.
i) O nun (‫)נ‬no final das palavras também é enfático e produz um som semelhante à
terminação da palavra christian em inglês. Nos demais casos permanece o som normal de
n.
j) O ayin (‫ )ע‬é transliterado pelo sinal de aspiração áspera ('), seu som é fortemente gutural.
Em algumas ocasiões chega a ter o som de g, como no início da palavra costumeiramente
transliterada Gomorra.' mas no uso moderno é melhor tratá-lo como não tendo som.
l) O tsadeh (‫ )צ‬que é transliterado por ts tem um som semelhante a zz na palavra pizza.
m) O qoph (‫ )ק‬é transliterado pela letra q para diferenciá-lo da letra kaph (que tem, na
atualidade, o mesmo som). Ainda que seja transliterado pela letra q deve sempre manter o
som de k na leitura.
f) O taw (‫ )ת‬diferencia-se do teth apenas na ênfase. O teth é enfático, mas esta
particularidade dificilmente é percebida por alguém que não tem o hebraico como língua

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nativa. Na transliteração, ele é representado por um t sem ponto, diferenciando-se do teth


que é representado pela mesma letra, mas com ponto.

Letras hebraicas que possuem mais de uma forma


Como já foi dito anteriormente, algumas letras podem ter duas ou três formas diferentes.
Quando isso acontece, embora permaneçam a mesma letra, podem mudar também a forma
correspondente em português.
As letras que sofrem essas alterações são:

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4. AS VOGAIS
Como vimos, o alfabeto hebraico não possui vogais; é formado apenas por consoantes. Mas
com o passar dos séculos, à medida que a língua hebraica deixava de ser utilizada, foram
sendo inventados sinais vocálicos para conservar a pronúncia correta das palavras, que
estava sendo perdida.
Esses sinais são denominados "massoréticos" por terem sido inventados pelos massoretas
(intérpretes), eruditos judeus que viveram entre os séculos quinto e décimo depois de Cristo.'
Os sinais que prevaleceram desde o sétimo século d.C. e ainda estão em uso são
denominados tiberienses.
A pontuação do texto bíblico com sinais massoréticos fez com que ele fosse chamado texto
massorético (TM), para diferenciá-lo do anterior, sem vogais e outras formas de pontuação.
O texto mais antigo é denominado consonantal, por contar apenas com consoantes.

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4.1. Tipos de vogais


No TM é possível encontrar, além de outros vários sinais, dez vogais, divididas em longas
e breves, e uma semivogal. Vejamos, a seguir, a forma, o som e o nome de cada uma. Para
que seja possível distinguir bem quais são as vogais utilizadas, nos exemplos dados, em
vez de uma consoante hebraica qualquer, utiliza-se a letra .

4.1.1. Vogais longas

4.1.2. Vogais breves

4.1.3 Semivogais
- shewa (shevá) - Pode ser vocálico ou mudo:
a) Quando vocálico é representado por um pequeno e (e), devendo ser pronunciado de
maneira brevíssima.
b) Quando mudo não é pronunciado nem representado."
OBSERVAÇÃO:
O shewa pode ser também composto. Veja suas formas nesta condição e como serão
transliterados:

4.1.4. Consoantes vocálicas

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4.1.2. Quadro geral das vogais, semivogais e consoantes


vocálicas

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4.2. Posições das vogais


Também é bom observar que as vogais podem aparecer nas palavras hebraicas: abaixo ,
sobre , ao lado e sob e ao lado das consoantes.
A sequência normal para a escrita e leitura, com poucas exceções, é uma consoante e uma
vogal, terminando a palavra em consoante.
5. O Artigo.
O artigo definido em hebraico, mesmo possuindo quatro formas diferentes, é bastante simples
para quem está interessado apenas em ler e traduzir textos, mas não escrever (como é o
caso geral dos estudantes de hebraico bíblico). Portanto, as regras apresentadas não devem
preocupar em demasia o principiante. Os pontos importantes para a leitura e tradução serão
bem destacados.
5.1. Posição do artigo definido
O artigo definido aparece sempre ligado ao início da palavra por ele definida. Observe o
exemplo:

5.2 Formas do artigo definido


O artigo definido aparece sob várias formas, dependendo sempre da palavra ligada.
5.2.1. Forma básica do artigo definido
A forma básica do artigo definido hebraico é , mas, como já foi dito, não é a única. Esta
forma é utilizada antes de palavras iniciadas com qualquer consoante, com exceção de:

5.2.2 Artigo definido na forma


O artigo definido na forma , sem o ponto na próxima consoante, é utilizado antes de .
5.2.3 Artigo definido na forma
O artigo definido na forma é utilizado sempre antes das consoantes e, geralmente,
antes de .

OBSERVAÇÃO:
Também é usado o artigo na forma antes de palavras iniciadas com tônicos.
Por exemplo:

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5.2.4 Artigo definido na forma


O artigo definido também aparece na forma . Ele é utilizado antes de palavras iniciadas com
átonos , e antes de .

6. PREPOSIÇÕES
Na língua hebraica existem várias preposições. Aqui veremos as principais, denominadas
inseparáveis (aparecem sempre ligadas a alguma palavra) e autônomas (sozinhas).
6.1 Preposições inseparáveis
6.1.1 Formas básicas das preposições inseparáveis
As preposições hebraicas principais, ou mais comuns, são chamadas inseparáveis e
possuem as seguintes formas básicas:

6.1.2 Posição das preposições inseparáveis


As preposições inseparáveis, como o nome bem demonstra, aparecem sempre ligadas ao
início de alguma palavra. Confira as seguintes:

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6.1.3 Outras formas das preposições inseparáveis


As formas básicas das preposições inseparáveis são: mas podem sofrer algumas
alterações, dependendo da palavra a qual está unida.
6.1.3.1 Preposição com palavra que tem shewa simples na primeira sílaba.
Quando a palavra precedida pela preposição possuir shewa simples na consoante inicial, a
preposição sofre a seguinte modificação:

Veja, por exemplo, como fica a palavra (bênção) com as preposições inseparáveis.

6.1.3.2 Preposição com palavra iniciada com yodh e shewa simples


Se a consoante inicial da palavra for um yodh acompanhada de shewa simples, ao ser
precedida da preposição inseparável, o shewa desaparece.

6.1.3.3 Preposição antes de guturais com shewa composto


Antes das consoantes guturais , com shewa composto, as preposições tomam as
vogais do shewa composto. Observe os exemplos:

6.1.3.4. Preposição antes de sílaba tônica


Antes de sílaba tônica, as preposições aparecem com o qamets gadol . Por exemplo:
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6.1.3.5 Preposição antes de artigo definido


Quando a preposição precede o artigo definido toma a vogal deste, e a consoante do
artigo desaparece. Veja como fica:

As Preposições podem aparecer nas seguintes formas:

7. OS NUMERAIS HEBRAICOS
os numerais hebraicos possuem algumas características próprias, diferentes do português,
que podem parecer complicadas para quem está iniciando o estudo da língua. Contudo, os
exercícios logo mostrarão que não é tão difícil entender sua estrutura. Eles também são
utilizados como cardinais, designando quantos são os substantivos, e ordinais, mostrando
qual é sua série ou posição.
7.1 Numerais cardinais de um a dez
Inicialmente estudaremos os numerais cardinais de um a dez. Eles podem aparecer sob
quatro formas diferentes, no masculino absoluto ou construto e no feminino absoluto ou
construto. Veja o quadro geral1:

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Ainda que existam quatro formas diferentes para cada numeral - de um a dez -, como
demonstra o quadro acima, o estudante não deve ficar preocupado com elas.
Para quem vai traduzir do hebraico, não falar e escrever, basta decorar a forma do feminino
absoluto e perceber que as demais são parecidas com ela.
7.2 Numerais cardinais de onze a dezenove
Nos numerais de onze a dezenove ainda existem diferenças entre o masculino e o feminino,
mas não se classificam mais em construtos e absolutos. Eles são formados pela unidade
seguida da dezena, com possíveis modificações na forma básica. Veja o quadro a seguir:

7.3 Numerais cardinais de 20 a 99.


A característica principal das dezenas, de vinte a noventa, é a terminação masculina do plural.
O número vinte, por exemplo, é formado pelo número dez no plural, ou melhor, com a
terminação masculina do plural. As demais são formadas pelas unidades de três a nove,
também com terminações masculinas, não variando de gênero. O quadro a seguir será
esclarecedor:

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Para escrever determinado número composto por dezena seguida de unidade, basta ligar a
dezena à unidade com a utilização do wav conjuntivo , como nos exemplos:

OBSERVAÇÃO:
A ordem de sequência da unidade e da dezena na frase pode variar. Isto não muda o sentido.
Veja como os exemplos dados acima também podem ser escritos:

7.4 Centenas
O número cem é representado pela forma ( no construto) - um substantivo feminino.
Para formar as demais centenas são utilizadas as unidades do feminino construto em conjunto
com o número cem com terminação plural Veja como ficam as formas das centenas de
duzentos a novecentos:

OBSERVAÇÕES:
Duas informações ainda devem ser acrescentadas:
1) O numeral duzentos também é utilizado na forma
2) Ao serem acrescentadas dezenas e unidades às centenas, elas podem vir acompanhadas
ou não da conjunção waw , como nos exemplos abaixo:

7.5 Milhares
A palavra hebraica corresponde ao número mil. Para escrevermos um mil utilizamos a
unidade em conjunto com ela. O resultado é a forma .
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Quando desejarmos escrever dois mil, basta colocarmos o milhar na forma plural , ou,
então, utilizar a unidade dois em conjunto com ela, como se segue: .
De três mil em diante, as formas seguirão o exemplo do numeral dois mil utilizado acima.
Serão compostos pela unidade seguida da palavra .
OBSERVAÇÕES:
Em muitos casos, o substantivo ligado ao numeral, ainda que deva ser traduzido no plural
(com exceção do número um), aparece na forma singular. Confira os exemplos abaixo:

7.6 Numerais ordinais


Os numerais ordinais, do primeiro ao décimo, possuem formas especiais, mas na maioria
dos casos são bastante parecidos com os cardinais. Excetuando-se o primeiro, os demais
se distinguem dos numerais cardinais principalmente pela terminação (yodh), característica
do masculino, e pela terminação (taw), que acompanha o feminino. Observe na sequência:

Os demais numerais ordinais, acima do décimo, possuem as mesmas formas que os cardinais
e dependem do contexto para serem identificados. Veja o exemplo:

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INCITH -Instituto de Ciências Teológicas e Humanas
Graduação Livre em Teologia – Hebraico Bíblico

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INCITH -Instituto de Ciências Teológicas e Humanas
Graduação Livre em Teologia – Hebraico Bíblico

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INCITH -Instituto de Ciências Teológicas e Humanas
Graduação Livre em Teologia – Hebraico Bíblico

CONCLUSÃO:

O aprendizado do hebraico é uma experiência que transcende à mera assimilação de uma


nova língua, como um exercício intelectual ou um desafio de vida. O aprendizado nos
conecta com uma cultura ancestral, com um mundo antigo, que examinamos em nossas
leituras das Escrituras, para podermos identificar suas mensagens e sua beleza singular.

BIBLIOGRAFIA
• BACON, Betty. Estudos na Bíblia Hebraica – Ed. Vida Nova.
• BEREZIN, Rifka. Dicionário Hebraico-Português – EDUSP.
• KIRST, Nelson. Dicionário de Hebraico/Aramaico. Ed. Vozes-Sinodal.
• KELLEY, Page H. Hebraico bíblico, uma gramática introdutória. Ed. Sinodal.
• GUSSO, Renato Antônio. Gramática Instrumental do Hebraico. Ed. Vida Nova.
• RUSSELL, T. Fuller; KYOUNGWON, Choi. Aprenda o hebraico bíblico – CPAD

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