Intro. Computação Móvel Livro 2e
Intro. Computação Móvel Livro 2e
Intro. Computação Móvel Livro 2e
1
Esta é uma versão preliminar da segunda edição. Ainda existem várias partes desta versão que
ainda não foram escritas e/ou revisadas. A primeira edição foi preparada especialmente para a XI Escola
de Computação realizada em julho de 1998 na cidade do Rio de Janeiro. Por favor não distribua esta
cópia. Sugestões e comentários são bem-vindos. Email dos autores: {mateus,loureiro}@dcc.ufmg.br.
Sumário
I Fundamentos 1
1 Introdução 2
1.1 A Revolução da Computação Móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Conceitos Básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Tecnologias de comunicação sem fio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3.1 WAP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3.2 i-Mode . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.3.3 Bluetooth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.3.4 RFID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3.5 IEEE 802.11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3.6 Telefonia celular 3G e 4G . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.4.1 Serviços de Destaque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2 Tecnologias e Infra-Estruturas 24
2.1 Redes Estruturadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.1.1 Redes Celulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.1.2 Redes de Satélites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2 Redes Não-Estruturadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.2.1 Redes Ad-Hoc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3 Redes de Sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.1 Áreas de aplicação de redes de sensores sem fio . . . . . . . . . . 30
2.3.2 Exemplos de setores de aplicação de redes de sensores sem fio . . 31
2.3.3 Tarefas tı́picas numa rede de sensores sem fio . . . . . . . . . . . 32
2.3.4 Caracterı́sticas das RSSFs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.3.5 Componentes, padrões e tecnologias de redes de sensores . . . . 36
2.3.5.1 Nós sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.3.5.2 Nós de interface com outras redes . . . . . . . . . . . . . 38
2.3.5.3 Interconexão de sensores e atuadores . . . . . . . . . . . 38
2.3.5.4 Arquiteturas de comunicação para RSSFs . . . . . . . . 40
3 Adaptação 45
3.1 O Significado de Adaptação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2 Técnicas de Adaptação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.3 Adaptação da Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
ii
4 Principais Problemas 51
4.1 Sistemas Celulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.1 Problemas Relacionados à Infra-Estrutura . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.1.1 Localização de Unidades Móveis . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.1.2 Propagação de Sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.1.1.3 Alocação de Freqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.1.2 Principais Fatores Relacionados com o Projeto de Hardware e
Software para Computação Móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.1.2.1 Mobilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.1.2.2 Variações nas Condições de Comunicação . . . . . . . . 55
4.1.2.3 Gerenciamento de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.1.3 Problemas Relacionados ao Computador Móvel . . . . . . . . . . 56
4.1.3.1 Serviços de Informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.1.3.2 Gerência de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.1.3.3 Protocolos para Suporte a Computação Móvel . . . . . . 58
4.1.3.4 Algoritmos Distribuı́dos que Tratam Mobilidade . . . . 61
4.2 Sistemas Ad-Hoc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.3 Sistemas de Sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.3.1 Estabelecimento de uma RSSF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.3.2 Manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.3.3 Sensoriamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.3.4 Processamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.3.5 Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.3.6 Alguns comentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.3.7 Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.3.8 Fusão de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.3.8.1 Importância da fusão de dados . . . . . . . . . . . . . . 69
4.3.8.2 Modelos de fusão de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.3.8.3 Métodos de fusão de dados . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.3.8.4 Fusão de dados em RSSFs . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.3.9 Auto-organização em redes de sensores sem fio . . . . . . . . . . 73
4.3.9.1 O problema da auto-organização de RSSFs . . . . . . . . 73
4.3.9.2 Protocolos para auto-organização de RSSFs . . . . . . . 74
4.3.9.3 Comentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.4 Problemas Relacionados a Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
II Infra-Estrutura 77
5 Redes Celulares 78
5.1 Localização de Servidores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.2 Localização de Unidades Móveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.3 Alocação de Canais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.4 Controle de Potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.5 Modelos de Tráfego e Mobilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
6 Redes de Satélites 79
iii
7 Redes Ad-Hoc 80
8 Redes de Sensores 81
11 Camada de Rede 86
11.1 IP Móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
11.2 Wireless ATM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
11.3 Redes Ad-Hoc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
11.4 Redes de Sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
iv
IV Aplicações 88
13 Middleware 89
14 Plataformas 90
14.1 Hadware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
14.2 Software . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
15 Gerencia de Informação 91
16 MCommerce 92
v
Parte I
Fundamentos
1
Capı́tulo 1
Introdução
2
Figura 1.1: Evolução dos paradigmas computacionais [91].
prover ao usuário acesso permanente a uma rede fixa ou móvel independente de sua
posição fı́sica. É a capacidade de acessar informações, aplicações e serviços a qualquer
lugar e a qualquer momento, como as mostradas na figura 1.2. Este paradigma também
recebe o nome de computação ubı́qüa ou computação nômade. Existem três elemen-
tos que caracterizam e compõem a computação móvel: o tipo e capacidade de pro-
cessamento do dispositivo portátil, a mobilidade do usuário e da unidade móvel, e a
comunicação com outro elemento computacional através de um canal de comunicação
sem fio.
Uma diferença importante entre o paradigma de computação móvel e os anteriores,
como mostrado na figura 1.1 e discutidos acima, é a interação entre esse paradigma e
as diversas áreas da Ciência da Computação e, mesmo do conhecimento humano. A
computação móvel não é um paradigma que trata exclusivamente de questões lig-
adas às áreas de sistemas distribuı́dos e redes de computadores. Na verdade, é um
paradigma que trata de “todas” as áreas da Ciência da Computação. Por exemplo,
o projeto de circuitos integrados deve ser feito considerando o consumo de ener-
gia; sistemas operacionais devem possuir outras funções de gerenciamento especı́ficas
para dispositivos móveis como capacidade limitada de memória e processamento; lin-
guagens de programação e compiladores devem ser projetados em função das car-
acterı́sticas desse ambiente; bancos de dados devem considerar novos mecanismos
de integridade e sincronização de dados; engenharia de software deve propor novos
princı́pios de desenvolvimento para a área como projeto de interface homem-máquina;
e em outras áreas existem questões similares. Além disso, outras áreas, como Psicolo-
gia e Sociologia, têm um papel importante em Computação Móvel por definir novas
formas de uso da tecnologia de processamento e comunicação de dados.
A combinação de comunicação sem fio com a mobilidade de computadores criou
3
Figura 1.2: Visão de aplicações em computação móvel.
4
texto de contactar uma unidade móvel em sistemas celulares, como será visto posteri-
ormente. A FCC, em 1952, certificou o primeiro sistema de paging para hospitais. Os
sistemas evoluı́ram disponibilizando quatro tipos de serviços: “tone-only, tone-voice,
alphanumeric e visual display”. Essa última opção obterá ainda mais funções com os
microprocessadores.
5
TV TV
PCS Celular PC VCR Colorida Preto e Branco
1,0
Número de usuários (milhões)
0,5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 20
1830 Joseph Henry (1799-1878) descobre que a variação do campo magnético induz
uma corrente elétrica mas não publica o resultado. Em 1831, Michael Faraday
(1791–1867) descobre independentemente esse efeito que passaria a ser con-
hecido como a Lei de Faraday e, mais tarde, a terceira equação de Maxwell.
1864 James Clark Maxwell (1831–1879) modifica a Lei de Ampère, amplia a Lei de
Faraday e desenvolve as quatro famosas equações de Maxwell sobre campos
magnéticos.
1876 Alexander Graham Bell (1847–1922) inventa o telefone.
1887 Heinrich Rudolph Hertz (1857–1894) detecta as ondas eletromagnéticas pre-
vistas pelas equações de Maxwell.
1896 Guglielmo Marconi (1874–1937) inventa o primeiro receptor sem fio prático:
o telégrafo sem fio.
1907 Inı́cio do serviço de radiodifusão comercial transatlântico (estações terrestres
imensas: antenas de 30 × 100 m).
1914 Inı́cio da Primeira Guerra Mundial. Rápido desenvolvimento das
comunicações e sua interceptação.
1921 Radiodifusão comercial entra em operação nos Estados Unidos.
1928 A Polı́cia de Detroit introduz um sistema de acionamento de carros baseado
em radiodifusão (unidirecional) na faixa de 2 MHz.
1933 A FCC autoriza o uso de quatro canais na faixa de 30–40 MHz.
1935 Modulação em Freqüência - FM (Frequency Modulation) surge como alter-
nativa para a Modulação em Amplitude - AM (Amplitude Modulation), re-
duzindo os problemas de ruı́dos na transmissão, ou melhor desempenho com
relação a perda de sinal, ou desvanecimento.
6
1939 Pesquisa e uso da comunicação via rádio expande imensamente durante a
Segunda Guerra Mundial.
1945 AT&T Bell Labs inicia experimentos no uso de freqüências mais altas com o
objetivo de melhorar os serviços móveis.
1947 AT&T lança o IMTS (Improved Mobile Telephone Service), um sistema de trans-
missão onde apenas uma torre de alta potência atendia uma grande área ou
cidade. Em seguida, AT&T Bell Labs propõe o conceito celular.
Anos Os sistemas requerem uma elevada banda para transmissão, uma faixa de 120
50 kHz para transmitir um circuito de voz de apenas 3 kHz. Esta faixa é reduzida
pela metade. Com os transistores os equipamentos reduzem de tamanho e já
são transportáveis. Nessa época os primeiros sistemas de paging começaram
a surgir.
Anos Um novo receptor de FM permite reduzir a banda para 30 kHz, abrindo
60 espaço para um maior número de canais de comunicação com o mesmo es-
pectro. Bell Labs já testa as técnicas de comunicação celular e surgem os
primeiros aparelhos portáteis;
Anos A FCC aloca um espectro de freqüências para os sistemas celulares. Nesse
70 perı́odo AT&T lança o sistema celular conhecido por AMPS (Advanced Mo-
bile Phone System). Inicialmente era um serviço de luxo. Destinado para uso
em automóveis e de aplicação limitada tendo em vista a baixa durabilidade
das baterias. Atendiam uma capacidade limitada de tráfego e um número re-
duzido de usuários. A primeira rede celular no mundo foi lançada no Japão
em 1979.
1983 O sistema AMPS evoluiu para os padrões atuais com a primeira rede celular
americana lançada em 1983, em Chicago e Baltimore. Outros sistemas simi-
lares entram em operação no mundo: TACS (Total Access Communications Sys-
tem) no Reino Unido (1985), NMT (Nordic Mobile Telephone Service) na Escan-
dinávia (1981), NAMTS (Nippon Advanced Mobile Telephone System) no Japão.
O AMPS ainda em uso nos EUA, Brasil e grande parte do mundo, é consid-
erado um sistema de primeira geração. A transmissão em FM, reduzida à
25 kHz nos anos 70, entra nos anos 90 na faixa de 10kHz. Também surgem
os sistemas de transmissão digital. Pelas técnicas de processamento digital de
sinais foi possı́vel reduzir a banda necessária, viabilizando os sistemas móveis
digitais.
1991 Validação inicial dos padrões TDMA e CDMA nos EUA. Introdução da tec-
nologia microcelular.
1992 Introdução do sistema celular Pan-Europeu GSM (Groupe Spéciale Mobile).
1994 Introdução do sistema CDPD (Cellular Digital Packet Data). Inı́cio dos serviços
PCS (Personal Communication Services) CDMA e TDMA.
1995 Inı́cio dos projetos para cobertura terrestre de satélites de baixa órbita, como
o projeto Iridium.
A partir daı́ a comunicação sem fio vem evoluindo e destacando várias sub-áreas
entre elas a comunicação celular, a comunicação móvel, serviços de comunicação pes-
soal, comunicação via satélite, redes locais sem fio. Essa diversidade dificulta uma
classificação mais precisa.
A figura 1.4 mostra a evolução do uso de dispositivos computacionais desde o inı́cio
7
da computação na década de 1940 e a tendência de utilização desses dispositivos nos
próximos anos. O segmento de dispositivos portáteis tem tido um crescimento expo-
nencial e dever ser o setor dominante no futuro.
8
Figura 1.5: Sinal analógico.
Sinal Digital
0 1 0 1 1 0 0
+
Amplitude 0
-
Bit cells
Um sinal de voz é portanto uma onda elétrica com diversas freqüências, como os
sons musicais são combinações de várias freqüências acústicas, e as cores do arco-iris
são diferentes freqüências de ondas de luz. A seqüencia de freqüências gera os sons
relativos a voz que são transmitidos via rádio ou sistemas com fio. O sinal de rádio
é uma onda de energia que, no vácuo, viaja a velocidade da luz, 297000 km/s. A
conexão transmissor/receptor se dá por diversos tipos de ondas. As terrestres, ou de
superfı́cie, seguem a superfı́cie ou curvatura da terra. As ondas espaciais são as que
trafegam em linha reta. Ondas celestiais usam a camada da ionosfera como meio de
transporte e como um espelho que reflete as ondas de rádio. As ondas de satélite se ba-
seiam na amplificação pela estação satélite e retorno a terra em diferentes freqüências.
Finalmente, um tipo bem especial de transmissão são os sistemas de microondas.
A distância, em metros, entre duas cristas define o comprimento de onda. O com-
primento de onda para altas freqüências é menor que em baixas, também o ciclo é
menor para altas freqüências. O intervalo entre duas freqüências define uma banda,
e a diferença entre a maior e a menor freqüência caracteriza a largura de banda. Este
9
conceito é extremamente importante na medida que a capacidade de um canal (bits/s)
é, em parte, dependente da largura de banda. Assim, um canal telefônico de aproxi-
madamente 20 kHz pode transmitir todas as caracterı́sticas da voz. A comunicação via
rádio atua em um espectro limitado de freqüências, por motivos técnicos e, algumas
bandas, são nocivas a diferentes espécies, inclusive o homem. O ouvido humano é
capaz de detectar sons aproximadamente na banda de 40 a 18000 Hz. No entanto, os
sistemas telefônicos não são capazes de cobrir todo esse espectro. A energia necessária
na emissão de um sinal de voz se concentra na banda de 200 a 3100 Hz. Ainda mais, a
reprodução da fala não exige uma precisão máxima, o ouvido e o cérebro são capazes
de reconstruir e inferir, captando transmissões com até 98% da energia e 85% da in-
teligência da fala. As freqüências em transmissões rádio vão de 30 kHz a 300 GHz,
com as bandas dadas pela tabela 1.1.
10
A forma AM é mais usada nas transmissões comerciais e é bastante sensı́vel a
ruı́dos. Portanto, é pouco indicada para comunicação sem fio. A vantagem deste sis-
tema era a banda requerida em uma transmissão, 8 kHz, que era bastante elevada para
FM, 200 kHz. Com a redução da banda em FM para 10 kHz, a modulação AM perdeu
todo o espaço para a FM, que é bem menos sensı́vel aos ruı́dos.
Pela modulação caracterizamos a forma de apresentação da informação que se
transforma em tráfego. Visando maiores velocidades de transmissão, esse tráfego deve
ser cursado o mais rápido possı́vel. Neste sentido, surge a idéia de multiplexação, ou a
agregação de várias informações para acelerar a transmissão. Também existem técnicas
de multiplexação para comunicação com e sem fio. Nesse último caso, destaca-se a
FDM (Frequency Division Multiplexing) e a TDM (Time Division Multiplexing), básicas
para os métodos ou arquiteturas de acesso de usuários FDMA (Frequency Division Mul-
tiplexing Access) e o TDMA (Time Division Multiplexing Access). Também destaca-se o
método de acesso mais recente, o CDMA (Code Division Multiplexing Access), todos de-
scritos no capı́tulo seguinte.
As técnicas FDM e TDM dividem a largura de banda em canais disponibilizados
aos usuários do sistema, figura 1.7. Por sua vez, o CDMA disponibiliza toda a banda
para todos os usuários, sem a caracterização de canais com uma banda pré-fixada. Essa
subdivisão do espectro torna o FDMA uma arquitetura de faixa estreita, o TDMA pode
ser de faixa estreita ou larga, e o CDMA de faixa larga.
A multiplexação FDM predominava até o inı́cio dos anos 90, mas ainda tem sido
usada em comunicação via satélite, telefonia, sistemas microondas e televisão a cabo
(CATV). A largura de banda é subdividida em canais de banda menor, com uma porta-
dora para cada canal, capaz de cursar um sinal de voz ou dados. A arquitetura FDMA
explora a FDM e os canais são alocados conforme a demanda, reservando alguns canais
de controle. Dependendo do sistema torna-se necessário a alocação de dois canais para
cada usuário, um para cada sentido da comunicação, canal duplex. FDMA é explorado
principalmente em sistemas analógicos, mas pode também ser usado em sistemas de
transmissão digital.
11
Figura 1.7: Técnicas de multiplexação FDM, TDM e STDM.
corrigida pela STDM (Statistical Time Divison Multiplexing), com a alocação dinâmica
de slots apenas aos terminais em uso, veja figura ??. O maior número de canais implica
em maior faixa de transmissão, mas o número de slots por canal depende do projeto e
12
pode superar o FDM.
Dentre as diversas infra-estruturas de comunicação sem fio existentes, as mais
utilizadas são a comunicação celular de segunda geração chamada de 2G (baseada
nos padrões TDMA, CDMA e GSM), a geração 2,5 que é uma solução intermediária
baseada em comunicação de pacotes, a 3G, que nos próximos anos promete veloci-
dades na faixa de Mbps, redes locais sem fio baseadas no padrão IEEE 802.11, redes
pessoais baseadas no padrão Bluetooth e IEEE 802.15 e 802.16, redes de sensores sem
fio, e RFID (Radio Frequency Identification) [77].
A segunda geração de sistemas celulares se baseia no TDMA que, em geral e na
prática, são similares ao STDM. Nessa arquitetura de acesso o sinal de voz é digital-
izado, armazenado em um buffer na estação e, então, transmitido pela alocação aos
slots de tempo, com intervalos distintos para transmissão e recepção. Esta arquitetura
também pode ser vista como uma combinação das técnicas FDM e TDM. FDM no sen-
tido que divide a largura de banda em canais e uma portadora para cada canal, e TDM
porque os sinais digitais são enviados pela mesma portadora. Isso exige um maior
custo para manter a qualidade do sinal. Os sinais dos usuários, apesar de ocuparem a
mesma freqüência, não interferem entre si, pois ocupam diferentes slots de tempo.
A arquitetura CDMA disponibiliza toda a largura de banda para todos os usuários
e cada conexão estação-usuário recebe um código especı́fico e o mais aleatório ou or-
togonal aos demais. Mas os sinais dos usuários cursam o mesmo canal ao mesmo
tempo, permitindo inclusive a interferência entre eles.
Algumas das tecnologias de comunicação sem fio utilizadas atualmente estão de-
scritos a seguir e mostradas na figura 1.8.
1.3.1 WAP
O WAP é um método de distribuição de informação da Internet para o usuários,
através de um dispositivo móvel que, atualmente, é padronizado pelo WAP Fo-
rum [37]. O modelo de programação WAP é similar ao modelo de programação
Web. Isto significa que ele provê vários benefı́cios para a comunidade desenvolve-
dora de aplicações, incluindo um modelo de programação familiar e a capacidade de
13
reutilização das ferramentas atuais, como os servidores Web. Entretanto, otimizações e
extensões foram feitas de maneira que a caracterı́stica do mundo Web fosse ao encon-
tro do ambiente sem fio. Sempre que possı́vel, os padrões existentes foram plenamente
adotados ou foram usados como ponto de partida para a tecnologia WAP.
A figura 1.9(b) mostra o modelo de comunicação entre um dispositivo WAP e a
Internet.
Figura 1.9: O padrão i-mode proposto pela empresa DoCoMo do Japão e o padrão
WAP proposto pelo WAP Forum
1.3.2 i-Mode
O i-mode foi criado pela operadora japonesa NTT DoCoMo [55] e é basicamente um
serviço de informação por pacotes. Com este sistema de informação “em pacotes”,
diferentemente das redes telefônicas de comutação de circuitos, não é necessário que
cada usuário receba a informação através de um só canal de rádio, o que significa que
um grande número de pessoas pode ter acesso à informação simultaneamente. Além
disso, o modelo em pacotes ajuda a reduzir os custos, já que as tarifas baseiam-se no
volume de informação enviada e recebida.
O i-mode se aproxima em muitos aspectos do WAP, a começar pela velocidade de
transmissão, que é de 9,6 kbps, a mesma que se tem nas redes TDMA. Essa baixa taxa
de transmissão faz com que o protocolo japonês esbarre na dificuldade de transportar
imagens, assim como o WAP. São possı́veis apenas ı́cones muito simples, parecidos
com pequenas imagens do WAP em formato vbmp.
Graças ao sistema de comutação de pacotes, os usuários da NTT DoCoMo têm
conexão permanente com a Web. Isso explica por que a lenta velocidade de trans-
missão de dados de 9,6 kbps não afeta de forma tão direta o desempenho do i-mode,
como acontece com o WAP. A outra vantagem que esse modelo de rede propicia são
os pacotes de serviços extremamente econômicos. Diferentemente do que acontece no
Brasil, onde as operadoras cobram pelo tempo de uso, no modelo utilizado pela oper-
adora japonesa a cobrança é feita pela quantidade de dados transmitida.
Inicialmente, o i-mode estabeleceu uma tecnologia baseada no HTML, o CHTML
que permite que os provedores de conteúdo possam desenvolver aplicações sem a ne-
cessidade de novos métodos de programação e ter que utilizar conversores de HTML
14
a WML. Com um acordo feito entre a empresa DoCoMo e o WAP Forum, os dois
padrões passaram a usar o mesmo padrão de linguagem de marcação, baseado no
padrão HTML versão 4.1. A figura 1.9(a) mostra um celular da DoCoMo executando o
i-mode.
1.3.3 Bluetooth
Bluetooth é um padrão proposto pelo Bluetooth SIG (Special Interest Group) [18], que
é um consórcio das maiores empresas de telecomunicações e computação do mundo.
O padrão opera na faixa ISM (Industrial, Scientific, and Medical) de 2,4 GHz e tem
como princı́pio propor uma tecnologia de baixo custo para conectividade sem fio. Ini-
cialmente o padrão foi projetado como uma solução para substituição de cabos usados
na comunicação de periféricos (figura 2.17(a)) por comunicação via rádio. No entanto,
ele permite a conexão entre diferentes tipos de dispositivos possibilitando a formação
de redes ad-hoc (figura 2.17(b)).
A estrutura básica de comunicação no Bluetooth é chamada de piconet. A piconet
tem a caracterı́stica de ser uma rede onde um nó central, definido como mestre, se co-
munica ativamente com os outros nós chamados de escravos, formando uma topologia
em estrela, com no máximo sete elementos. Piconets podem se conectar entre si for-
mando scatternets (figura 2.17(b)).
O pequeno alcance de comunicação dos dispositivos faz com que essas piconets
possuam a caracterı́stica de formarem pequenas redes pessoais, conhecidas como PAN
– Personal Area Network.
Algumas das principais diferenças entre o Bluetooth e outros tipos de redes sem fio
estão mostradas na figura 1.8 são:
• Redes formadas basicamente de dispositivos com baixa capacidade e pouca en-
ergia;
• As conexões entre dois dispositivos possuem diversos estados, com o objetivo de
economizar energia e gerenciar a formação de outras piconets;
• Formação espontânea de piconets, possibilitando modificações constantes em
sua topologia. Essas modificações não são apenas em função da mobilidade,
como normalmente acontece nas redes sem fio;
• As scatternets possuem pequenos diâmetros, sendo formadas por menos do
que 10 piconets, pois o Bluetooth prevê que as PANs façam comunicação entre
usuários e dispositivos;
• O estabelecimento da conexão entre dois nós passa por um procedimento de
identificação e sincronização que necessita de uma temporização para ocorrer
efetivamente.
Outro ponto é a maneira que o canal entre o mestre e o escravo é tratado. A
comunicação de rádio do Bluetooth usa um esquema de salto de freqüência (frequency
hopping ) para permitir uma comunicação robusta em ambientes com muita inter-
ferência e uma comunicação mais segura e personalizada, com um número mı́nimo
de colisões quando comparado com outros padrões. A especificação define dois sis-
temas de salto de freqüência, um que trabalha sobre 73 freqüências diferentes, e outro
15
sobre 23. Durante a comunicação, é utilizado o TDD (Time Division Duplex), que pos-
sibilita o suporte a comunicação duplex. A seqüência do salto de freqüência é definida
pelo identificador único do mestre na rede, um número gerado de forma similar ao
especificado pelo IEEE802, e o TDD é controlado por um relógio que se encontra no
mestre, o que faz com que todos os nós que se comunicam com o mestre passem por
um processo de identificação e sincronização.
A especificação inclui os protocolos da interface aérea para permitir a comunicação
entre dispositivos e os perfis de uso, que definem como dispositivos Bluetooth podem
comunicar entre si em diferentes aplicações (figura 2.17(c)).
(a) Motivação para o (b) Uso do padrão onde piconets e scatternets são for-
surgimento da tecnologia madas
Bluetooth: substituição
de cabos
1.3.4 RFID
Uma etiqueta RFID é formada por um microchip conectado a uma antena. Existem
diferentes tipos de etiquetas para diferentes tipos de aplicações. No entanto, o ponto
16
importante para tornar a tecnologia RFID largamente aplicável é o seu baixo custo.
Cada etiqueta possui um identificador único (veja, por exemplo, a proposta do Auto-
ID Center na seção ??) que é enviado via difusão através da antena.
Etiquetas RFID podem ser ativas, passivas ou semi-passivas, e de leitura-escrita ou
somente de leitura. Uma etiqueta RFID ativa tem uma bateria para alimentar o circuito
do microchip e para enviar um sinal para uma estação de leitura. Uma etiqueta passiva
não tem bateria e usa a energia das ondas eletromagnéticas enviadas pela estação de
leitura para induzir uma corrente na antena da etiqueta que transmite o identificador.
Etiquetas semi-passivas usam uma bateria para alimentar o circuito mas usam a en-
ergia eletromagnética para fazer a transmissão do identificador. Etiquetas de leitura-
escrita podem gravar uma nova informação ou escrever sobre a existente enquanto
uma etiqueta somente de leitura apenas transmite a informação gravada previamente.
O raio de transmissão que um identificador alcança depende de fatores como potência
do sinal transmitido.
17
(a) Exemplo de interconexão entre os padrões IEEE 802.11 e IEEE
802.3
Figura 1.11: Padrão IEEE 802.11 para redes locais sem fio
18
• Capacidade de tratar aplicações multimı́dia, e uma variedade de serviços;
1.4 Serviços
A grande maioria dos sistemas de comunicação sem fio se baseiam na comunicação
via rádio e na alocação de freqüências. A eficiência da transmissão via rádio também
depende, entre outros fatores, da antena, potência de transmissão e relevo ou meios
interferentes. No entanto, entre as classificações dos serviços móveis apresentadas na
literatura [16], será destacada a da FCC:
• Serviços de Rádio Móvel Terrestre e Privado (PMR – Private land Mobile Radio)
19
(a) Evolução da telefonia celular para a terceira geração
telefonia celular. Em regiões americanas onde este serviço foi lançado, os preços foram
forçadamente reduzidos pela competição em até 25% desde 1994, e, na prática, os
preços são, em geral, 10% abaixo se comparados com as regiões onde existe apenas
celular [1].
Serviços de Rádio Móvel Terrestre e Privado (PMR) provêem comunicação rádio
a baixo custo para atender às necessidades de indústrias de energia, petróleo, sis-
temas produtivos em geral, taxis e transportadoras. O objetivo principal é a troca de
informação dentro da corporação e, principalmente, em operações de despachos. Em
alguns paı́ses aparecem sob a sigla SMR (Specialized Mobile Radio).
20
Serviços de Microondas Fixo Operacional Privado buscam os usos sem fins lucra-
tivos, as escolas, companhias de alarme, bancos. São sistemas sem fio e privados que
operam ponto a ponto, ou ponto multiponto.
Serviços de Rádio Pessoal também conhecidos por serviços interativos de dados e
vı́deo (IVDS – Interactive Video and Data Service). É um serviço definido recentemente,
1992, e fornece a base para uma grande variedade de serviços como vı́deo sob de-
manda, on-line shopping, interactive banking.
Uma outra classificação é uma visão por grandes áreas: Redes e Serviços de
Comunicação Pessoal, Celular, Comunicação Móvel, Redes Locais e Comunicação Via
Satélite.
PCS (Personal Communication Services) e PCN (Personal Communication Networks) são
os principais serviços na primeira grande área. Como dito anteriormente, surgem
como opção de baixo custo para os serviços celulares. O objetivo é também embu-
tir serviços de comunicação de dados na forma de mensagens, bem como serviços de
curta distância, para comunicação em ambientes fechados ou para comunicação entre
prédios.
Os sistemas celulares formam a área de maior destaque atualmente, conforme da-
dos apresentados anteriormente e projeções futuras. Envolve além das tecnologias de
comunicação, aspectos de segurança e até biológicos.
A área de comunicação móvel pode também ser considerada como uma
especialização dos serviços celulares, entre elas a computação móvel, explorando prin-
cipalmente a tecnologia digital.
As redes locais sem fio se ajustam a ambientes com alta mobilidade do pessoal
administrativo ou de produção, como em universidades, hospitais e fábricas, ou em
velhas construções com dificuldades para cabeamento. Essa nova tecnologia reduz sig-
nificativamente os custos de reinstalação, reconfiguração e manutenção das unidades
móveis como um PC. São geralmente conectadas a outras redes locais ethernet e explo-
ram transmissores de baixa potência, pequenas distâncias, e técnicas de espalhamento
espectral, descritas posteriormente.
A chegada das redes de comunicação móvel de terceira geração, 3G, abrirá novas
oportunidades para serviços de comunicação, entretenimento e gerenciamento, além
de ampliar a disponibilização de serviços de conteúdo. O telefone celular e o PDA de-
verão evoluir para um terminal móvel com funcionalidades desses dois dispositivos e,
possivelmente outras, como câmera digital. Esse dispositivo terá capacidade de nave-
gar na Web, trocar mensagens multimı́dia, ouvir música, efetuar pagamentos, agendar
compromissos ou funcionar como um videogame, além de oferecer os “velhos” serviços
de voz.
A utilização de outras tecnologias, aliadas à 3G, expandirão ainda mais as pos-
sibilidades de aplicações. O padrão Bluetooth e talvez outros similares permitirão a
comunicação entre dispositivos próximos através de mini-redes sem fio. Esse novo
dispositivo poderá se transformar por exemplo em um controle remoto universal, ca-
paz de abrir a porta da garagem, sintonizar o equipamento de som e controlar a TV, o
vı́deo-cassete ou mesmo um eletrodoméstico como uma cafeteira. Poderá ainda incor-
porar tecnologias de sincronização, como por exemplo SyncML, e trocar com o com-
putador desktop os compromissos agendados na semana, as últimas notı́cias, os e-mails
recebidos e os arquivos em que se estava trabalhando (texto, imagem, som ou vı́deo).
21
A personalização também será uma caracterı́stica importante. Cada pessoa poderá
utilizar um determinado serviço de acordo com suas necessidades ou preferências.
Para isso, será necessário ter mecanismos sofisticados de adaptação e gerência desses
serviços.
Os futuros terminais móveis poderão executar diferentes aplicações, como jogos e
aplicativos de colaboração. Java e ferramentas associadas devem ter um papel cada
vez mais importante em aplicações para computação móvel. Atualmente, já existem
celulares e PDAs que utilizam Java.
O novo terminal móvel também deverá ser produzido como um computador
“vestı́vel” (wearable computer). Este equipamento poderá ser dividido em várias partes,
presas ao corpo da pessoa, além de interfaces especı́ficas como visualizadores 3D e
sensores especı́ficos. Além das aplicações já mencionadas outras deverão ser desen-
volvidas para este tipo de ambiente.
22
disponı́veis de forma integrada. Por exemplo, serviços baseados na localização do
usuário poderão estar associados a serviços de comércio eletrônico móvel, tudo po-
dendo ser feito através de uma interface de voz.
Com o surgimento de novas tecnologias de comunicação, já nos próximos
meses/anos no Japão, Europa e América do Norte, será possı́vel observar a potencial-
idade desse segmento em termos de pesquisa, desenvolvimento e mercado. O grande
desafio a ser vencido é desenvolver serviços “interessantes” para esse novo paradigma
computacional, já que a tecnologia em si, ou seja, dispositivos computacionais e infra-
estrutura de comunicação, não são atrativos duradouros se não puderem ser utilizados
efetivamente.
1.5 Conclusões
Complementando esse capı́tulo introdutório, cabe ressaltar alguns dos organismos de
especificação e padronização:
23
Capı́tulo 2
Tecnologias e Infra-Estruturas
24
monitoração de chamadas e handoff, a mudança automática de chamada de uma célula
para outra à medida que o usuário se desloca. O deslocamento de longa distância, com
mudança de área metropolitana, exige também o redirecionamento de chamadas via
roaming.
CCC
RPT
ERB
CCC ERB
ERB
ERB
ERB
ERB 2
3
1 6
5
4 9
8
7
0 * D
SN
F
OF
25
O nı́vel de interferência co-canal é a razão entre a potência do canal transmitido pela
soma das potências dos canais de mesma freqüência das células vizinhas a primeira.
A interferência adjacente é a interferência de canais adjacentes em uma mesma ERB ou
célula.
A escassez da banda de freqüência exige um mecanismo de reuso. O fator de reuso
multiplica o número de canais aumentando a sua distribuição. Também indica a quan-
tas células de distância de uma estação determinada os canais desta poderão ser reuti-
lizados. O reuso de freqüência depende da potência do sinal, das freqüências usadas,
relevo, ambiente, tipo e altura de antena. Considerando a topologia hexagonal esse
fator é igual a sete, ou seja, o espectro de freqüências é distribuı́do entre uma célula
e suas outras seis vizinhas, podendo repetir suas freqüências na vizinhança de suas
vizinhas. A distância de reuso é a distância mı́nima entre duas ERBs transmitindo em
canais com a mesma freqüência sem que haja interferência mútua. A distância de reuso
é dada por: √
D = R 3N
onde D é a distância de reuso, R o raio da célula e N o fator de reuso. O fator de
redução da interferência co-canal é a razão entre D e R, q = D/R. Uma maior distância
implica em menor interferência co-canal, mas com um menor número de canais por
célula, menor a capacidade por célula. Caso contrário, as células têm de reduzir de
tamanho, aumentar a capacidade do sistema, apesar de aumentar o número de ERBs
com menor potência, o número de handoff aumenta e também a complexidade de ras-
treamento das unidades móveis.
26
Sistema Patrocı́nio Tipo Alt. # Sat. Serviços Custo
(∗) (Órb.) US$bi
Msat American M. GEO 19.000 1 (a) veicular e tel. fixo 0.55
Sat.
Globis Consórcio GEO 20.000 1 (a) tel. fixo e TV n.d.
União Sov.
Odyssey TRW MEO 5.600 12 (a) voz, dados, localiz. 1.3
Ellipso Mobile MEO 4.212 15 (b); voz, dados, fax 0.7
Comm. 6 (a)
Hold.
Archimedes European MEO n.d. 4 voz, dados, fax n.d.
Space Ag. (n.d.)
Iridium Motorola LEO 413 66 (a) voz digital, dados, localiz. 3.4
Globalstar Loral & LEO 750 48 (a) voz digital, dados, localiz. 1.7
Qualcomm
Aries Constellation LEO 550 48 (a) voz digital, dados, localiz. 0.5
Comm., Inc.
Teledesic Teledesic LEO 378 840 tel. fixo, vı́deo relay 9
(d)
Orbcomm Orbital Sci. LEO 424 18 (a); dados (store-forward) 0.5
Corp. 2 (c)
Starsys Starsys Posi- LEO 702 24 (a) dados (store-forward) n.d.
tion., Inc.
Leostar Italspuzio LEO 432 24 (a) dados (store-forward) n.d.
Ecco Telebrás, Cci, LEO 1.100 11 voz, dados, paging 1.5
Bell Atl., etc + 1
(res.)
(a)
(∗)
Milhas náuticas
Órbitas:
(a) Circular (b) Elı́ptica (c) Polar (d) Sı́ncrona com o sol
27
mento são reduzidos. Aumentando a altitude também reduz-se o número de unidades
para uma maior cobertura. Uma unidade com antena não direcionada pode cobrir
até 30% da superfı́cie terrestre, bastando três satélites distanciados a 120 graus para
uma ampla cobertura. Mas, a proximidade à linha do equador deixa algumas regiões
polares sombreadas. Também eleva-se as dimensões dos equipamentos pelo uso de
grandes potências, reduz-se a portabilidade e dificulta atendimentos de massa. Outra
caracterı́stica importante são os atrasos na comunicação, comprometendo aplicações e
sistemas. O atraso por enlace é de aproximadamente 120 ms, portanto 240 ms de ida
e volta. Envolvendo mais de um satélite, esse atraso aproxima de 1s, o que inviabiliza
muitos serviços.
28
Figura 2.2: Redes de sensores sem fio devem se tornar cada vez mais disponı́veis nas
mais diferentes aplicações
As RSSFs podem ser vistas como um tipo especial de rede móvel ad hoc (MANET
– Mobile Ad hoc Network). Numa rede tradicional, a comunicação entre os elementos
computacionais é feita através de estações base de rádio, que constituem uma infra-
estrutura de comunicação, como ilustrado na figura 2.3.a. Esse é o caso da Internet.
Por outro lado, numa rede móvel ad hoc a os elementos computacionais trocam dados
diretamente entre si, como ilustrado na figura 2.3.b. Do ponto de vista de organização,
RSSFs e MANETs são idênticas, já que possuem elementos computacionais que co-
municam diretamente entre si através de enlaces de comunicação sem fio. No en-
tanto, as MANETs têm como função básica prover um suporte à comunicação entre
esses elementos computacionais, que individualmente, podem estar executando tare-
fas distintas. Por outro lado, redes de sensores sem fio tendem a executar uma função
colaborativa onde os elementos (sensores) provêem dados, que são processados (ou
consumidos) por nós especiais chamados de sorvedouros (sink nodes).
O restante desta seção descreve as áreas de aplicação de RSSFs, apresenta alguns
exemplos de aplicação e algumas tarefas tı́picas. Conclui descrevendo caracterı́sticas
normalmente encontradas nessas redes.
A seção ?? descreve os componentes de uma RSSF, apresentando as partes dos nós
sensores e os protocolos de comunicação utilizados. A seção ?? discute um modelo
funcional para as redes de sensores. A seção 4.3.7 discute a modelagem de energia e o
problema da geração do mapa de energia, que é crucial para várias outras funções. A
seção ?? discute a caracterı́stica de fusão de dados, uma alternativa para pré-processar
dados de forma distribuı́da, aproveitando a capacidade dos nós sensores. A seção ??
apresenta a caracterı́stica desejável de adaptação às alterações das redes de sensores,
29
(a) Rede infra-estruturada (b) Rede não-estruturada
30
Tráfego. Para monitorar tráfego de veı́culos em rodovias, malhas viárias urbanas,
etc.
Segurança. Para prover segurança em centros comerciais, estacionamentos, etc.
Medicina/Biologia. Para monitorar o funcionamento de órgãos como o coração,
detectar a presença de substâncias que indicam a presença ou surgimento de um prob-
lema biológico, seja no corpo humano ou animal, como ilustrado na figura 2.4.
Figura 2.4: Sensores introduzidos no corpo humano para monitorar condições fı́sicas
31
Extração de petróleo e gás. Na indústria de petróleo e gás, principalmente em
plataformas em alto-mar, o monitoramento da extração de petróleo e gás é crı́tico (Veja
a figura 2.5.c).
Indústria de aviação. Na indústria de aviação, cada vez mais é utilizada a tecnolo-
gia de fly-by-wire, onde transdutores (sensores e atuadores) são largamente utilizados.
O problema é a quantidade de cabos necessários a essa interconexão como mostrado
na figura 2.5.d. Nesse caso, sensores sem fio estão começando a serem usados.
Num estudo feito pela empresa Xsilogy [100], aproximadamente 50% das
aplicações das RSSFs industriais usavam sensores com capacidade de comunicação
de até 1 milha (aproximadamente 1600 metros), conforme ilustrado na figura 2.6.a.
A maior parte dessas aplicações fazia uma coleta de dados a cada 6 horas (veja
figura 2.6.b).
32
(a) Alcance de comunicação de sensores sem (b) Taxa de observação
fio
aplicação ambiental pode-se desejar saber qual é o valor da temperatura, pressão at-
mosférica, quantidade de luz e umidade relativa em diferentes locais.
Detectar a ocorrência de eventos de interesse e estimar valores de parâmetros em
função do evento detectado. Por exemplo, numa aplicação de tráfego pode-se desejar
saber se há algum veı́culo trafegando num cruzamento e estimar a sua velocidade e
direção.
Classificar um objeto detectado. Por exemplo, ainda na aplicação de tráfego, pode-
se saber se o veı́culo é uma moto, um carro, um ônibus ou uma carreta.
Rastrear um objeto. Por exemplo, numa aplicação biológica pode-se querer deter-
minar a rota de migração de baleias.
33
Figura 2.7: Agregação de dados coletados individualmente
• Bateria: representa o armazenador de energia do nó sensor, que tem uma capaci-
dade finita e uma taxa de consumo.
34
verificação de código de erro, etc. Este modelo é usado em todas as operações
que fazem parte do modelo de sensor.
Figura 2.8: Mapa de energia de uma rede (Quanto mais escura a área, mais energia
Auto-organização da rede. Sensores numa RSSF podem ser perdidos por causa de
sua destruição fı́sica ou falta de energia. Sensores também podem ficar incomunicáveis
devido a problemas no canal de comunicação sem fio ou por decisão de um algoritmo
de gerenciamento da rede. Neste caso, isso pode acontecer por diversas razões como,
por exemplo, para economizar energia ou por causa da presença de outro sensor na
mesma região que já coleta o dado desejado.
A situação contrária também pode acontecer: sensores inativos se tornarem ativos
ou novos sensores passarem a fazer parte da rede. Em qualquer um dos casos, de sen-
sores ficarem inoperantes ou passarem a participar de sua estrutura, é necessário haver
mecanismos de auto-organização para que a rede continue a executar a sua função.
Essa configuração deve ser automática e periódica já que a configuração manual não é
viável devido a problemas de escalabilidade.
Tarefas colaborativas. O objetivo principal de uma RSSF é executar alguma tarefa
colaborativa onde é importante detectar e estimar eventos de interesse e não apenas
prover mecanismos de comunicação. Devido às restrições das redes de sensores sem
fio, normalmente os dados são “fundidos” ou sumarizados para melhorar o desem-
penho no processo de detecção de eventos. O processo de sumarização é dependente
da aplicação que está sendo executada.
Capacidade de responder a consultas. Uma consulta sobre uma informação cole-
tada numa dada região pode ser colocada para um nó individual ou um grupo de nós.
35
Dependendo do grau de sumarização executado, pode não ser viável transmitir os da-
dos através da rede até o nó sorvedouro. Assim, pode ser necessário definir vários
nós sorvedouros que irão coletar os dados de uma dada área e responderão consultas
referentes aos nós sob sua “jurisdição”.
36
Figura 2.10: Projetos acadêmicos de nós sensores
energia. A escolha da bateria a ser utilizada nos nós sensores deve considerar outras
caracterı́sticas, como volume, condições de temperatura e capacidade inicial. Os tipos
de bateria dos nós sensores podem ser linear simples, lı́tio NR e lı́tio Coin Cell. Um
sensor é um dispositivo que produz uma resposta mensurável para uma mudança na
condição fı́sica. Além do sensor o nó da rede apresenta recursos de processamento,
armazenamento de informações, fonte de energia e interface de comunicação.
Transceptor
Memória
Processador
Sensor
Bateria
37
Dispositivos sensores geralmente têm caracterı́sticas fı́sicas e teóricas diferentes.
Assim, numerosos modelos de complexidade variável podem ser construı́dos baseado
nas necessidades das aplicações e caracterı́sticas do dispositivo. Muitos modelos de
dispositivos compartilham duas caracterı́sticas:
(ii) Devido aos efeitos decrescentes dos ruı́dos (noise bursts) nas medições, a habil-
idade de sensoriamento pode melhorar com o tempo de sensoriamento, isto é,
tempo de exposição.
38
(a) Modelo genérico de uma RSSF com um gateway.
39
Figura 2.14: Exemplo de interconexão de transdutores (sensores e atuares usando o
padrão IEEE 1451
40
Figura 2.15: Ligação numa rede IEEE 802.11
fio, chamado HomeRF2 . Proposto por empresas diversas como Compaq, HP, IBM, Intel
e Microsoft, o padrão visa interligar equipamentos digitais domésticos em uma rede lo-
cal sem fio. Muito semelhante ao padrão IEEE 802.11, inclusive incorporando algumas
de suas caracterı́sticas, o HomeRF adiciona tráfego de voz (baseado no padrão DECT)
em seu protocolo. Atualmente, o padrão 2.0 proporciona taxas de transferências de até
10 Mbits/s. A arquitetura de comunicação HomeRF é ilustrada na figura 2.16.a.
Padrão para interconexão de dispositivos Bluetooth. Em 1998, foi formado o
grupo de interesse Bluetooth [18] para desenvolver uma tecnologia de comunicação
sem fio que fosse capaz de interligar aparelhos eletrônicos pessoais a baixo custo e
com baixo consumo de energia. Este padrão deveria ser capaz de prover um canal
de comunicação sem fio seguro entre dispositivos móveis e que pudesse ser utilizado
globalmente
O Bluetooth é uma tecnologia de baixo custo para conectividade sem fio de dis-
positivos eletrônicos. Inicialmente pensado como um padrão de substituição de cabos
para comunicação entre dispositivos eletrônicos, o padrão Bluetooth se tornou um con-
senso na indústria como uma forma de interligar dispositivos como telefones celulares,
notebooks, PDA’s, computadores de mesa, impressoras e transdutores.
O padrão Bluetooth 1.1 opera na faixa de freqüência de 2.4 GHz, conhecida como
ISM (Industrial, Scientific & Medical). Esta faixa de freqüência é aberta para uso geral em
um grande número de paı́ses, o que significa que cada dispositivo operando nesta faixa
não necessita ser licenciado individualmente. Vários dispositivos Bluetooth podem se
comunicar dentro de uma mesma área, a uma taxa de aproximadamente 1 Mbit/s.
O alcance do sinal é de aproximadamente 10 metros, podendo chegar a 100 metros
dependendo da classe do dispositivo.
A comunicação entre dois dispositivos Bluetooth é da forma mestre-escravo, onde
cada mestre pode se comunicar com até sete escravos ativos. Qualquer dispositivo
pode ser mestre ou escravo, sendo que o papel é definido dinamicamente na conexão.
O dispositivo que estabelece a conexão se torna o mestre. No entanto, os papéis podem
ser trocados posteriormente.
2
O nome do protocolo que implementa o HomeRF é SWAP (Shared Wireless Access Protocol)
41
Um canal de comunicação compartilhado pelo mestre e pelos escravos é chamado
de piconet. Dentro de uma piconet, a comunicação se dá apenas entre o mestre e os
escravos, não sendo permitida a comunicação entre escravos. Várias piconets dentro
de uma mesma área de cobertura de sinal formam uma scatternet. O Bluetooth foi
projetado de forma a permitir que várias piconets possam coexistir na mesma área
minimizando a interferência entre as redes como mostrado na figura 2.17.
A arquitetura de comunicação Bluetooth é definida em diversas camadas, conforme
mostrado na figura 2.16.b. A camada RF define os aspectos fı́sicos da transmissão do
sinal, como potência de transmissão, modulação, tolerância da variação de freqüência
e nı́vel de sensibilidade do receptor. A camada Baseband já trata da transmissão de bits,
especificando a forma de salto de freqüência (FHSS), os slots de tempo, o formato dos
pacotes, o endereço dos dispositivos, os tipos de pacotes e os tipos de conexão. O LMP
(Link Management Protocol) gerencia o estabelecimento e controle de enlaces, bem como
a gerência de consumo de energia, o estado do dispositivo na piconet e o controle
de autenticação e criptografia. Para a transmissão de dados assı́ncronos, é utilizado
o L2CAP (Logical Link Control and Adaptation Protocol). O L2CAP fornece serviços de
dados orientados a conexão e sem conexão para as camadas superiores, fornecendo
multiplexação do canal, segmentação e remontagem de pacotes, parâmetros de quali-
dade de serviço e abstração de grupos.
42
ergia. No modo idle (não conectado a uma piconet), um dispositivo fica com o rádio
ligado apenas a cada 10 ms a cada ciclo de tempo, que pode variar de 1,28 a 3,84 se-
gundos. É importante lembrar que o módulo de rádio, mesmo quando está apenas
recebendo ou escutando o meio, gasta uma grande quantidade de energia. Portando,
manter o rádio desligado na maior parte do tempo representa uma grande economia
de energia.
Mesmo quando conectado a uma piconet, existem modos de economia de ener-
gia para os dispositivos. Durante a permanência em uma piconet, estações escravas
podem entrar em estados onde elas diminuem a participação na piconet, permitindo
economia de energia. São definidos três modos de economia de energia: sniff, hold
e park. Nos dois primeiros, o dispositivo continua sendo um membro ativo da pi-
conet, enquanto que no modo park o dispositivo apenas se mantém sincronizado com
o mestre.
Atualmente, o Bluetooth SIG já está trabalhando na versão 2.0, que deverá ter taxas
de transferência de 2 a 10 Mbits/s, suporte para roaming e melhor coexistência com
outras tecnologias operando na faixa de freqüência de 2.4 GHz, notadamente o padrão
IEEE 802.11b.
O uso dos padrões em redes de sensores. Tanto o padrão IEEE 802.11 quanto
o HomeRF podem ser usados para estabelecer uma rede local sem fio, permitindo a
interligação de sensores. A figura 2.18 mostra os aspectos mais importantes de cada
um dos três padrões discutidos acima.
Por outro lado, a figura 2.19 ilustra exemplos de tecnologia de comunicação sem fio
em função da distância de observação. Note que para aplicações onde a comunicação
sem fio se dá na faixa de algumas dezenas de metros, o padrão dominante é o Blue-
tooth.
Outros padrões que estão sendo propostos pelo IEEE são o 802.15 e 802.16 para
comunicação sem fio.
43
Figura 2.19: Caracterı́sticas de tecnologias de comunicação sem fio (Fonte: Xsilogy)
44
Capı́tulo 3
Adaptação
45
nominada Laissez-faire, evita a necessidade de um sistema de suporte. Por outro lado,
falta uma entidade “inteligente” que seja capaz de resolver demandas por recursos in-
compatı́veis por parte de diferentes aplicações e para estabelecer limites no uso destes
recursos. Além disso, esta abordagem faz com que as aplicações fiquem muito mais
difı́ceis de serem escritas.
No outro extremo temos o que é chamado na literatura de Application-transparent
Adaptation. Neste tipo de abordagem a responsabilidade pela adaptação é toda do
sistema. Esta abordagem é atrativa pois é compatı́vel com aplicações já existentes.
Apesar da viabilidade deste tipo de abordagem já tenha sido demonstrada em sistemas
como Coda [81], existem limites para sua aplicabilidade. Existem circunstâncias onde
somente a aplicação pode determinar a melhor forma de adaptação. A menos que
o sistema seja estendido de forma a incorporar conhecimentos especı́ficos sobre cada
aplicação, irão sempre existir situações em que a adaptação feita somente pelo sistema
será inadequada e, até mesmo, contra-produtiva.
Entre estes dois extremos existem várias possibilidades chamadas coletivamente
de Application-aware Adaptation. Por suportar uma parceria colaborativa entre as
aplicações e o sistema, esta abordagem permite que as aplicações determinem como
melhor se adaptar, preservando a habilidade do sistema de monitorar os recursos e
tomar decisões. O sistema monitora o nı́vel dos recursos, notifica as aplicações com
relação às mudanças mais relevantes e assegura decisões de alocação de recursos. Por
ser uma abordagem mais flexı́vel, no que diz respeito à soma de responsabilidades
atribuı́das às aplicações e ao sistema de suporte essa é uma estratégia adequada ao
desenvolvimento de novas aplicações.
Um conceito intimamente ligado com adaptação em computação móvel é o de QoS
(Quality of service). QoS define caracterı́sticas não funcionais de um sistema que afetam
a qualidade percebida dos resultados [25]. Por exemplo, numa aplicação multimı́dia
além das funcionalidades do sistema, é importante para o usuário a resolução de uma
imagem, taxa de quadros por segundo, a qualidade do áudio. No ambiente móvel há
uma grande variação de QoS que deve ser tratada.
Outro conceito importante é o da usabilidade, que está relacionado com a facilidade
de uso ou “amigabilidade” de uma determinada interface. Formalmente, conceitua-
se usabilidade como sendo a propriedade de uma interface com o usuário que per-
mite classificá-la quanto à qualidade da interação que ela proporciona. Usabilidade
está tradicionalmente associada a cinco atributos [71]: facilidade de aprendizagem,
eficiência de uso, retenção, minimização de erros e satisfação. Na seção 3.2 serão vis-
tas algumas técnicas de adaptação em ambiente móvel. Independente da técnica uti-
lizada o desenvolvedor não deve se descuidar da usabilidade final de sua aplicação.
Na seção 3.3 será apresentada as principais adaptações das aplicações.
46
dificulta a interação do usuário e obriga a utilização de técnicas de adaptação para se
melhorar a interface e, conseqüentemente, a interação. Se uma interface é ineficaz, as
funcionalidades e a utilidade do sistema ficam limitadas; os usuários tornam-se con-
fusos, frustrados e irritados; desenvolvedores perdem credibilidade; e a organização é
penalizada com altos custos de suporte [73].
Conforme visto anteriormente existem três abordagens básicas para se executar a
adaptação: na primeira, o responsável pela adaptação é o sistema (modelo este in-
dicado para migração de sistemas legados), na segunda a aplicação, e na terceira há
uma colaboração entre sistema e aplicação. A adaptação do ponto de vista do sistema
pode ser feita através da criação e utilização de novos protocolos especı́ficos para a
comunicação móvel. Por exemplo, quando as condições da rede mudam, o sistema
pode trocar dinamicamente para um novo protocolo. Além disto, pode haver um de-
terminado protocolo que pode ajustar o tamanho dos pacotes de acordo com diferentes
condições da rede. Outras técnicas seriam o aumento de compressão que é aplicado aos
dados antes da transmissão ou a utilização de pré-busca e cache durante os perı́odos
de alta conectividade como preparação para futuras reduções na largura da banda.
Maiores detalhes e outras técnicas podem ser vistos [38].
47
de uma baixa conexão por exemplo. Além disso, há momentos em que a interface
de um aplicativo deve ser adaptada levando-se em conta as caracterı́sticas pessoais do
usuário (preferências, perfil) e de seu trabalho, bem como as tarefas a serem suportadas
pela aplicação. O usuário é quem melhor pode saber qual dado é importante, ou qual
pode ser resumido (por exemplo, menor detalhe de uma imagem ou texto no lugar
de imagem). Portanto devem ser projetados meios que permitam que tais escolhas
possam ser feitas.
O bom entendimento da relação usuário-aplicação é essencial para a construção de
um sistema que possua boa usabilidade e adaptabilidade. Há aplicações que podem
ser personalizadas e outras que devem ser genéricas. O que diferencia uma da outra
é justamente a natureza das tarefas disponı́veis em tais aplicações. Seja como for, uma
análise de tarefas certamente produzirá um conjunto muito diferente de tarefas em
relação a um aplicativo desktop comum [61].
Antes de se iniciar a fase de projeto, o desenvolvedor deve ter em mente que o am-
biente no qual o aplicativo executará é altamente dinâmico. Com isso, faz-se necessário
a utilização de várias “saı́das” para as possı́veis variações do sistema. Por exemplo, a
figura 3.1 apresenta duas interfaces possı́veis existentes no Windows. A da esquerda
possui um nı́vel de detalhamento maior, oferecendo um pouco mais de informação. A
da direita apresenta ı́cones menores mas é mais adequada para um ambiente móvel
que esteja com baixa conectividade pois exige menos tráfego da rede. O sistema pode
trabalhar com as duas interfaces utilizando a mais adequada, ou seja, adaptando-se,
de acordo com as condições do ambiente.
É importante determinar como as interfaces gráficas serão projetadas. Interfaces
do tipo “What You See Is What I See” (WYSIWIS) requerem atualizações contı́nuas re-
sultando num alto tráfego de dados. Uma aplicação móvel poderia utilizar interfaces
do tipo “What You See Is Eventually What I See” (WYSIEWIS) aliado à utilização de
atualizações incrementais. Isto reduziria dramaticamente os requerimentos de largura
de banda para a GUI (Graphical User Interface) [64]. A freqüência de atualizações é
especı́fica de cada aplicação e pode ser ajustada dinamicamente de acordo com a qual-
idade da conexão.
48
interface. Dependendo das condições e do dispositivo utilizado, o aplicativo poderia
trazer uma interface com mais ou menos componentes ou componentes com carac-
terı́sticas diferentes (menores ou com menos detalhes, por exemplo). Para que esta
técnica tenha sucesso o projetista tem que conhecer bem a natureza da aplicação para
saber o que é irrelevante e pode ser descartado. Em [20] é apresentada uma proposta
para superar o limite de espaço da tela em handhelds: reduzir o tamanho dos elementos
gráficos e apresentar a informação através do som. Nessa proposta, o som é usado
para apresentar informações sobre objetos objetivando reduzir os tamanhos dos mes-
mos. Sons simples como um clique padrão no Windows é utilizado para notificar para
o usuário que um botão foi selecionado ou liberado. Um som mais alto é utilizado
quando a caneta do dispositivo está sobre o botão indicando para o usuário que ele
alcançou o alvo. Similarmente um som é tocado quando o usuário passa a caneta so-
bre um botão. Depois de vários testes realizados, o autor concluiu que a utilização de
som possibilita a diminuição dos elementos gráficos sem perda da usabilidade da inter-
face. A figura 3.2 mostra as diferenças entre as interfaces. Isto pode ser utilizado como
uma nova técnica de adaptação de interface. A figura da esquerda pode ser utilizada
juntamente com o som para quando as condições da rede não estiverem boas.
49
speito a determinadas tarefas, então alguns dos problemas resultantes de limitações
da rede podem ser evitados. Por exemplo, se a interface for projetada de tal forma a
prover uma realimentação para o usuário através de uma barra de progresso por exem-
plo, o usuário poderá ter idéia do custo da tarefa. De posse desta informação, ele pode
querer desistir desta tarefa custosa ou executar outra menos custosa até as condições
da rede melhorarem.
Deve-se observar que a construção de interfaces de aplicativos para um ambiente
móvel é dependente dos dispositivos móveis e isto deve ser considerado durante o
desenvolvimento do sistema. Esses dispositivos possuem caracterı́sticas singulares
em relação aos computadores de mesa ou tradicionais PCs que devem ser levadas
em consideração na análise e projeto de um software. Essas caracterı́sticas limitam
as aplicações que podem ser executadas nesses dispositivos. Isso era de se esperar,
já que dispositivos celulares, por exemplo, foram projetados para transmissão de voz.
Suas telas são bem pequenas, não podendo portanto abrigar muitas informações. Para
auxiliar o desenvolvedor na construção de interfaces, existem diretivas propostas ex-
clusivamente para contemplar as peculiaridades do ambiente móvel [2].
A entrada de dados é outro aspecto crı́tico nas aplicações móveis. Para certos dis-
positivos, por exemplo, são necessários três toques para se entrar com certas letras.
Para solucionar isto novas formas de interação homem-dispositivo móvel vêm sendo
criadas e devem ser consultadas no projeto da interface de um aplicativo. Em [30]
é apresentada uma metodologia que utiliza código de cores para exibição de dados
complexos que são apresentados de forma tabular. Em [32] é mostrado um método
que visa minimizar o esforço na entrada de dados nos limitados teclados de telefones
celulares. O seu funcionamento é similar ao auto-complete dos navegadores mais novos.
Com base em um dicionário de vocábulos e a partir dos primeiros caracteres digitados
pelo usuário, o programa sugere palavras para que casam com o padrão já digitado.
Os experimentos indicam uma redução significativa da entrada de dados em relação
ao método padrão e, conseqüentemente, uma diminuição no tempo de navegação e
um melhora na interação do usuário. Diversas formas de interação entre usuário-
aplicação-dispositivo móvel vêm sendo criadas e devem ser pesquisadas a fim de se
melhorar a interação do usuário com o aplicativo.
A interface homem-máquina freqüentemente é o fator mais importante para o
sucesso de um projeto de software. Mesmo que um aplicativo seja útil e relevante,
ele não será usado a não ser que seja suficientemente acessı́vel ao usuário. Para a
grande maioria dos usuários, o sistema é a interface: a comunicação com o sistema
tornou-se pelo menos tão importante quanto a computação realizada pelo sistema [46].
A computação móvel, devido às suas caracterı́sticas peculiares que dificultam essa
interação, ao seu dinamismo e heterogeneidade apresenta novos desafios aos desen-
volvedores de software. Aqui, um sistema tem que se modificar às variações do ambi-
ente, tão transparente quanto possı́vel, sem deixar de ser “usável”.
50
Capı́tulo 4
Principais Problemas
Neste capı́tulo são discutidos uma série de serviços e problemas decorrentes das no-
vas tecnologias. Estes serviços requerem diferentes arquiteturas de redes e diferentes
metodologias para o desenvolvimento de aplicativos. Os sistemas podem ser dividi-
dos em grandes áreas, visualizando os sistemas em indoor (interno) e outdoor (externo),
analógicos e digitais, móveis e sem fio. O objetivo é identificar e comparar os diversos
sistemas, tecnologias, modelos, e suas integrações. Apesar de conceitualmente semel-
hantes, alguns problemas podem sofrer tratamentos bastante diferenciados. Como ex-
emplo, a localização de estações e a alocação de canais são conceitualmente semel-
hantes para ambientes internos e externos, mas são tratados de forma bastante inde-
pendente [40, 67].
51
eficiente do espectro de freqüência, minimizando custos e mantendo padrões de qual-
idade de serviço. Um maior número de estações implica em maiores custos mas
também maior capacidade e um provável incremento na qualidade de serviço. Por
outro lado, cada estação deverá ser fisicamente conectada a sua CCC. Neste contexto,
tem-se um outro problema de network design.
Diferentes objetivos especı́ficos podem ser avaliados, sob a ótica de simples cober-
tura máxima de área, aproveitamento espectral e qualidade de serviço, medida sob
diferentes parâmetros. Um dos subproblemas embutido na localização é o cálculo de
sinais em diferentes pontos da área de estudo. Esse cálculo deve levar em consideração
os obstáculos decorrentes do relevo, topografia e objetos.
O excesso de overlapping de células pode gerar perda de espectro e cobertura exces-
siva. Para tal, torna-se necessário minimizar o espaçamento entre as células com o ob-
jetivo de maximizar o reaproveitamento espacial de freqüências. Essa redução implica
em menores células, maior capacidade do sistema, porém com maior complexidade na
tomada de decisão. O tema localização é explorado no capı́tulo seguinte.
O outro problema de localização está relacionado ao rastreamento ou localização
da unidade móvel. A otimização se baseia em manter a informação atualizada da
localização da unidade móvel, versus a pesquisa (paging) ou busca da unidade móvel
quando necessário. A informação advém de mensagens oriundas da unidade móvel,
portanto consumindo sua energia que é bastante limitada, tendo em vista a limitada
capacidade de sua bateria. A pesquisa pode ser iniciada pela rede fixa que envia men-
sagens broadcast visando localizar a unidade. O problema é definir uma estratégia que
atenda aos objetivos contrastantes, reduzir o consumo de energia pela unidade móvel
e manter a sua localização atualizada, evitando sobrecarga no sistema.
Do ponto de vista de serviços, à medida em que o usuário pode adentrar e deixar
diferentes regiões geográficas torna-se natural a expectativa por serviços baseados
na localização deste. Por exemplo, imagine no bookmarks do seu navegador Web um
endereço sobre condições do tempo, que informe a situação climática em sua região.
A idéia é que este mesmo link sirva de referência para a situação do tempo na região
onde o usuário se encontra, como um serviço 0800, agindo de forma sensı́vel à local-
idade do usuário. Outro exemplo é o de serviço de informações do trânsito. Imagine
um usuário voltando das compras em um shopping center que queira saber sobre as
condições de tráfego nas principais vias de acesso nesse shopping naquele momento.
Ao solicitar o serviço de condições de trânsito o sistema automaticamente lhe enviaria
uma resposta relativa à sua localização.
Da perspectiva do usuário, o ponto chave em tal serviço é a transparência de acesso.
A informação solicitada passa a ter um valor semântico implı́cito (as condições do
tempo onde o usuário se encontra), facilitando a consulta e diminuindo o tamanho da
mensagem. Do ponto de vista das aplicações os desafios envolvidos abrangem desde
novos esquemas de endereçamento de serviços baseados em localidade, até aspectos
da infra-estrutura e tráfego da rede sem fio.
52
Com isso, se faz necessário a existência de modelos matemáticos que permitam simular
esse comportamento, de forma a permitir aos projetistas testarem várias configurações
de sistema até encontrar uma que satisfaça os requisitos funcionais, de desempenho e
de custos.
Quando se pensa na construção de um modelo matemático para a predição da
propagação de sinais eletromagnéticos, o primeiro problema que aparece é a definição
de quais serão as variáveis a serem levadas em consideração na construção do mod-
elo. Caso se construa um modelo muito completo, procurando considerar todos os
itens que influenciam a propagação do sinal, corre-se o risco de se criar um modelo
matemático muito complexo e de difı́cil solução. Isto pode tornar o processo iterativo
de testes de configurações bastante penoso, uma vez que a cada nova configuração, o
custo para simular a propagação de sinais no sistema passa a ser bastante elevado. Em
contrapartida, o uso de modelos muito simplificados pode levar o projetista a erros,
durante a fase de planejamento do sistema, visto que nem todas as variáveis envolvi-
das no sistema móvel serão levadas em consideração. Com isso, o projetista deverá
selecionar qual o grau de detalhamento do processo de propagação de sinais é o mais
adequado para o seu projeto, podendo inclusive se utilizar de mais de um modelo
de propagação; um, mais simplificado, para estudos preliminares do sistema, e um
segundo mais completo, utilizado para refinamento e verificação das configurações
previamente selecionadas.
Um outro problema envolvendo a modelagem de propagação de sinais é a difi-
culdade de se desenvolver modelos genéricos, que possam ser aplicados em qualquer
sistema móvel. A principal razão é que o ambiente no qual está inserido o sistema
móvel varia de sistema para sistema. A simples presença de folhagens, edificações e
outros objetos no ambiente leva à alterações no trajeto transmissor–receptor dos sinais
presentes no sistema, isto sem levar em conta aspectos relacionados com a topografia
do terreno onde será instalado o sistema móvel. Com isso, o sinal transmitido pode
chegar mais forte ou mais fraco do que o previsto no modelo matemático utilizado
para simular o sistema, dependo de caracterı́sticas intrı́nsecas do ambiente. Este prob-
lema se agrava muito quando se trata da propagação de sinais em ambientes internos,
onde a diversidade do ambiente é bem maior (por exemplo, presença de móveis, pes-
soas, folhagens, divisórias, etc.) e as distâncias e a potência dos sinais transmitidos são
bem menores.
Uma discussão mais aprofundada sobre o tema de propagação de sinais pode ser
encontrada no apêndice A.
53
entanto, sobrecarregar o sistema com o empréstimo e devolução de canais. A alocação
de freqüências é o tema central do apêndice x.
4.1.2.1 Mobilidade
A localização de um elemento móvel e, conseqüentemente, seu ponto de acesso a rede
fixa muda à medida que esse elemento se move pela rede. Como conseqüência da mo-
bilidade temos problemas relacionados com gerência de localização, projeto de proto-
colos e algoritmos, heterogeneidade, segurança, dentre outros.
Na gerência de localização o custo de pesquisa para localizar um elemento móvel
deve incluir o custo da comunicação. Para minimizar o custo final, algoritmos e estru-
turas de dados eficientes e planos de execução de consultas devem ser projetados para
consultar a localização de elementos móveis.
No projeto de protocolos e algoritmos distribuı́dos para ambientes móveis a
configuração do sistema não é estática e, por essa razão, a topologia, que pode repre-
sentar a comunicação entre as entidades comunicantes ou uma dependência de serviço
ou uma outra relação, passa a ser dinâmica. Nesse contexto, o centro de atividades das
aplicações e servidores, a carga do sistema e a noção de localidade mudam ao longo
do tempo. Esses fatores não podem ser desprezados e, na verdade, um dos grandes
desafios da computação móvel é projetar novas aplicações e algoritmos que levem em
consideração essas caracterı́sticas do ambiente.
A heterogeneidade é uma constante na computação móvel. Por exemplo, a conec-
tividade entre os elementos computacionais não pode ser sempre garantida e, quando
existe, possui confiabilidade e vazão variáveis. Em ambientes externos (outdoors) a ve-
locidade de comunicação, em geral, é mais baixa que em ambientes internos (indoors)
onde pode-se oferecer uma conectividade mais confiável ao dispositivo móvel ou até
mesmo permitir que seja operado através de uma conexão com a rede fixa. Outra car-
acterı́stica é que o número de dispositivos móveis numa célula muda com o tempo e,
conseqüentemente, a carga na estação base e a largura de banda disponı́vel. Também
os serviços na rede fixa usados pelo computador móvel podem variar como por exem-
plo o tipo de impressora disponı́vel.
A mobilidade também introduz novos problemas de segurança e autenticação. Na
comunicação sem fio é mais fácil fazer interceptação de mensagens o que pode causar
sérios problemas de segurança que deve fazer uso de técnicas de criptografia. Outra
questão é que é fácil fazer o rastreamento do computador móvel quando se comunica
com a rede fixa o que nem sempre pode ser desejável para o usuário se o sigilo de
movimento for importante.
54
4.1.2.2 Variações nas Condições de Comunicação
Redes sem fio são normalmente mais caras, oferecem uma largura de banda menor e
são menos confiáveis que redes fixas. Por outro lado as redes fixas têm tido um cresci-
mento muito grande da largura de banda disponı́vel. Por exemplo, o padrão Ethernet
provê 10 Mbps, Fast Ethernet 100 Mbps, FDDI 100 Mbps e ATM 155 e 622 Mbps. Pro-
dutos para comunicação sem fio oferecem 19 Kbps para comunicações via pacote e
9–14 kbps para telefonia celular. A largura de banda tı́pica para redes locais sem fio
varia de 250 kbps a 2 Mbps, ou até 25 Mbps para ATM sem fio. O problema é ainda
mais crı́tico por dois motivos. O primeiro é que a largura de banda é dividida entre
os usuários de uma célula o que faz com que a largura de banda efetiva por usuário
seja ainda menor. O segundo é que o ruı́do e a atenuação afetam a taxa de erro na
comunicação sem fio que é de cinco a dez ordens de grandeza maior que na rede fixa.
Enquanto na comunicação sem fio a taxa de bits errados (BER – Bit Error Ratio) é tipica-
mente de um bit errado para cada 105 a 106 bits transmitidos, numa rede fixa com fibra
ótica essa taxa é de um bit errado para cada 1012 a 1015 bits transmitidos. A alta taxa de
erro na comunicação sem fio faz com que a eficiência do canal na comunicação sem fio
seja menor. Esta caracterı́stica contrasta com redes fixas onde pacotes são normalmente
perdidos devido ao congestionamento.
Na comunicação sem fio as desconexões são freqüentes e podem ser caracterizadas
de formas diferentes. Desconexões podem ser voluntárias, ou seja, o usuário ou o
computador móvel evita intencionalmente o acesso à rede para diminuir o custo da
tarifa de comunicação, o consumo de energia ou o uso da largura de banda. Pode
ser forçada quando o usuário móvel entra numa região onde não existe acesso à rede
fixa por falta de um canal de comunicação ou cobertura nesse local. Dessa forma, as
desconexões podem ser previsı́veis ou súbitas. Exemplos de desconexões previsı́veis
são:
• Desconexão voluntária;
• Variações na taxa sinal-ruı́do (SNR – Signal-to-Noise Ratio) o que pode fazer com
que seja mais interessante esperar um intervalo de tempo para fazer uma trans-
missão quando o valor de SNR é alto;
• Energia disponı́vel na bateria quando atinge um threshold que pode fazer com
que todo o ambiente móvel passe a trabalhar com outra qualidade de serviço;
• Conhecimento da distribuição da largura de banda disponı́vel num determinado
momento.
As desconexões também podem ser categorizadas de acordo com a sua duração.
Desconexões muito curtas devido, por exemplo, a handoffs podem ser mascaradas pelo
hardware ou software do sistema. Outras desconexões podem ser tratadas pelo sis-
tema operacional através de seus diversos módulos (sistema de gerenciamento de ar-
quivos, memória, etc.), pela aplicação ou pelo próprio usuário. Como desconexões são
muito comuns, tanto o hardware quanto o software para computadores móveis deve
ser projetado para operar no modo desconectado. Este é um outro ponto central no
projeto da computação móvel.
Outro aspecto importante relacionado com a comunicação sem fio são as carac-
terı́sticas do computador móvel. Uma unidade móvel deve ser leve, pequena e fácil
55
de carregar. Estas caracterı́sticas em conjunto com o custo e tecnologias existentes
fazem com que um computador móvel atual tenha menos recursos que computadores
fixos incluindo memória, velocidade de processador, tamanho de tela, dispositivos
periféricos, memória secundária e inexistência de problemas relacionados com con-
sumo de energia. Além disso, computadores móveis são mais fáceis de serem danifi-
cados, roubados ou perdidos.
56
sentido, a computação móvel representa o “pior cenário” possı́vel de um sistema dis-
tribuı́do. Logo, todos os problemas existentes e já resolvidos em sistemas distribuı́dos
devem ser no mı́nimo repensados na computação móvel. O objetivo é procurar iden-
tificar o que continua válido, o que deve ser mudado e o que deve ser procurado de
novo. Seguindo este raciocı́nio a lista de problemas em computação móvel é extensa.
A grande maioria dos problemas ainda é assunto de pesquisa e a lista apresentada a
seguir é apenas uma amostra dessa área extremamente vasta.
57
4.1.3.2 Gerência de Dados
Um dos aspectos principais no projeto de um sistema de arquivos para usuários
móveis é o tratamento de operações no modo “desconectado” [45, 49, 59]. Neste caso,
quando o usuário se reconecta com a rede fixa, as modificações que foram feitas em ar-
quivos durante o modo desconectado devem ser enviadas para o servidor apropriado.
Algumas das questões a serem analisadas são: que arquivos devem ser trazidos para a
memória do computador móvel antes de haver a desconexão; como é feita a emulação
de requisições a arquivos que podem ser satisfeitas e tratamento daquelas que não po-
dem; como é feita a atualização no servidor das cópias dos arquivos modificados local-
mente. Dois outros aspectos que devem ser levados em consideração no projeto de um
sistema de arquivos que trata mobilidade são a minimização de operações sı́ncronas e
o grau de consistência que deve ser mantido entre a cópia de um arquivo no servidor
e no computador móvel [88].
Restrições no consumo de energia por parte do computador móvel têm levado ao
desenvolvimento de trabalhos em diferentes áreas como gerência de dados e sistemas
operacionais. Na área de gerência de dados, alguns dos problemas estudados são
otimização de consultas a bancos de dados [6]; organização de dados que são envi-
ados para vários usuários dentro de uma macro-célula [54]; alocação e replicação de
dados entre um computador móvel e fixo [11, 48]. Outras questões relacionadas com o
impacto da mobilidade na gerência de dados são discutidas em [7, 52, 53].
Na área de sistemas operacionais, o problema de minimizar o consumo de ener-
gia é fundamental. Uma das questões mais importantes é como o estado do sistema
deve ser salvo periodicamente para prevenir uma perda do estado no caso de falta
de energia [12]. Além deste problema, sistemas operacionais para PDAs devem tratar
questões como o uso de tecnologias que têm latência, largura de banda, caracterı́sticas
de conectividade e custos diferentes para acessar dispositivos e serviços dependentes
da localização [92].
Num ambiente de comunicação móvel, a questão de comunicação entre processos é
crı́tica devido às limitações na largura de banda da comunicação sem fio e da potência.
Uma possı́vel solução é a infra-estrutura fixa filtrar mensagens a serem enviadas para
um computador móvel de acordo com um perfil determinado pelo usuário móvel,
criando, por exemplo, uma hierarquia de mensagens a serem enviadas de acordo com
algum princı́pio [9].
58
de banda menor, confiabilidade mais baixa, alta taxa de erro. Naturalmente, os proto-
colos das camadas superiores devem considerar também essas caracterı́sticas.
A alta taxa de erro impõe um limite fı́sico na taxa máxima de transmissão entre o
transmissor e o receptor, uma vez que quanto maior essa taxa maior é interferência
do ruı́do no sinal propagado e, como conseqüência, maior é a taxa de erro. Com isso,
pode se notar que a velocidade de transmissão do enlace está intimamente associada
com o nı́vel de ruı́do do canal de comunicação. O uso de técnicas de compressão de
dados permite um maior aproveitamento do canal de comunicação, porém acarreta
um overhead de processamento nas duas extremidades do enlace que se traduz num
consumo de energia.
Computadores na arquitetura TCP/IP usada na Internet possuem um endereço IP
que determina o roteamento de pacotes a serem entregues a um destinatário. Por trás
deste conceito está o fato que os computadores são fixos e o endereço determina a
localização de um computador em relação ao restante da rede. No entanto, no caso de
computadores móveis, isto não é válido já que a localização de uma unidade móvel
muda. Se o endereço associado com o computador móvel permanece o mesmo, inde-
pendente de sua localização, então o endereço não pode ser usado para rotear pacotes
IP, já que pode não representar a localização atual de um computador móvel. Por outro
lado, se um computador móvel possui um endereço que é função de sua posição, então
todas as outras entidades (computadores, processos, aplicações, etc.) em contato com
esse computador precisam ser informadas de mudanças no endereço. No caso de re-
des com muitos computadores móveis ou composta de computadores com alta taxa
de mobilidade, esta estratégia possui sérios problemas de desempenho, visto que uma
grande quantidade de informação deve ser difundida na rede para notificar todos os
elementos dos novos endereços dos computadores.
Já nas estratégias com endereçamentos fixos, cada computador possui um endereço
único de comunicação. Neste caso, quando um computador deseja enviar um pacote
para uma unidade móvel, basta utilizar o endereço conhecido. Nesta estratégia é re-
sponsabilidade da camada de rede redirecionar o pacote transmitido até o seu endereço
final. Algumas das técnicas se utilizam de mensagens de broadcast para localizar o com-
putador móvel e depois entregar o pacote. Esta abordagem possui a desvantagem de
sobrecarregar a rede de comunicação. Outra abordagem é a utilização de uma cen-
tral de informação, responsável por conhecer a localização fı́sica de cada computador
na rede. Neste caso, basta consultar o centro de informação para saber a localização
corrente do computador móvel. A principal desvantagem desta abordagem é que este
centro de informação passa a ser um ponto de falha em potencial na rede, uma vez
que a falha desse elemento implica na falha de todo o sistema de comunicação. Esse
problema pode ser minimizado com a replicação de centros.
Uma alternativa para esta abordagem é o conceito de home base de um computa-
dor móvel, ou seja, todo computador móvel possui uma estação base responsável pelo
redirecionamento de suas mensagens. Neste caso, toda vez que um computador de-
sejar enviar um pacote para um computador móvel, basta que o pacote seja enviado
para a sua home base que se encarregará de redirecionar o pacote para o endereço fı́sico
onde se encontra o computador móvel no momento. Nesta abordagem, toda vez que o
computador móvel alterar o seu ponto de conexão na rede, é necessário informar a sua
estação base da sua nova localização. Esta solução está sendo utilizada pelo protocolo
IP Móvel, com o objetivo de adaptar a versão existente do protocolo IP para o ambi-
59
ente de computação móvel. A versão atual do IP Móvel se baseia no protocolo IPv4 (IP
versão 4 ou simplesmente IP). No entanto, um grupo de trabalho da IETF (Internet En-
gineering Task Force) está adaptando este protocolo para poder trabalhar com a versão
mais nova do protocolo IP ou IPv6, sendo que no momento já existe uma versão draft
da nova especificação do IP Móvel.
O protocolo IP Móvel também apresenta alguns problemas. Um deles é como
garantir que uma mensagem de troca de endereçamento fı́sico, recebida por uma
estação base, foi enviada por um computador móvel pertencente a essa estação e
não por um elemento impostor. Neste caso, é necessário a utilização de técnicas de
identificação para garantir a autenticidade da mensagem. Outro problema diz re-
speito ao roteamento dos pacotes da estação base para o computador móvel (tunnel-
ing). Como garantir que todos os pacotes enviados cheguem de fato a seu destino.
Outro problema é a presença de redes inseguras entre a estação base e o computador
móvel como, por exemplo, quando o computador móvel está conectado a uma rede de
comunicação pública, fora de seu ambiente normal de trabalho. Ainda em relação a
transmissão de dados, outro problema é como garantir a privacidade e a correção dos
pacotes transmitidos.
Na literatura existem várias propostas para adaptar o protocolo IP para ambientes
móveis e métodos de roteamento para computadores móveis [15, 17, 26, 56, 57, 90].
Um dos objetivos em se ter uma camada de rede responsável por computadores
móveis é que os protocolos da camada de transporte não precisam saber da mobili-
dade do computador e o tratamento é feito de forma transparente. No entanto, um
estudo apresentado em [23] mostra que conexões TCP ativas, usando IP móvel [56]
na camada de rede, apresentam problemas de desempenho como atrasos e perda de
pacotes causados pela rede quando tenta rotear dados para a nova localização do com-
putador. O protocolo TCP interpreta estes eventos como congestionamento da rede e
evita novas transmissões de dados fazendo com que a vazão caia mais ainda. Uma
possı́vel solução é fazer com que as camadas de transporte e de aplicação tomem con-
hecimento da mobilidade de computadores [23]. Logo, o projeto de protocolos deve
ser visto como uma tarefa integrada.
Um dos novos desafios de redes de computadores com comunicação sem fio, do
ponto de vista da aplicação, é permitir que um computador móvel, ao se conectar a
uma rede fixa, seja capaz de utilizar os recursos existentes nessa rede, tais como im-
pressoras, sistemas de arquivos e bancos de dados. Para isso, é necessário desenvolver
sistemas de autenticação entre computadores de forma a garantir que o computador
móvel tenha acesso apenas às facilidades previamente autorizadas. Mais do que isso,
é necessário garantir que o computador móvel que está se conectando realmente pos-
sui acesso aos recursos da rede de computadores. Acessos de computadores móveis à
rede fixa criam a possibilidade de desenvolvimento de novos tipos de sistemas, como
por exemplo, permitir que um usuário, ao chegar a uma cidade, acesse uma rede
de informação municipal e possa realizar consultas do tipo “Como fazer para ir ao
endereço X”.
Permitir conexões de computadores móveis à rede fixa requer a identificação do
computador. Porém, muitas vezes por questões de privacidade, se faz necessário
garantir que este acesso se faça de forma transparente para os demais computadores da
rede, sem que os mesmos saibam o posicionamento fı́sico real do computador móvel.
A privacidade de acesso é importante para evitar que o computador móvel seja con-
60
stantemente monitorado por outros computadores da rede. Esta privacidade pode
ser assegurada, proibindo outros computadores da rede de saber a real localização
fı́sica do computador móvel. Um dos desafios da computação móvel é garantir aces-
sos mais flexı́veis às redes de computadores, sem violar a privacidade dos computa-
dores móveis. Existe uma questão de compromisso entre a identificação computador
móvel e seu anonimato dentro da rede. O sistema de comunicação deve saber quem
são os computadores móveis conectados, porém os demais computadores da rede de-
vem saber apenas se um dado computador está conectado ou não, independente do
seu ponto de conexão.
61
4.2 Sistemas Ad-Hoc
Estabelecimento
Manutenção
Sensoriamento
Processamento
Comunicação
62
(a) Região de interesse (b) Lançamento dos sensores
talvez com uma combinação de pequenos nós tipo PC e nós menores tais como UCB
Motes [22]. Pela mistura de tamanhos de nós, muitos nós small-form-factor podem
ser organizados densamente e fisicamente co-localizados com os alvos, enquanto nós
maiores e mais capazes podem ficar disponı́veis quando necessário. Com esta abor-
dagem nota-se que os nós individuais têm capacidades diferentes.
Existem passos relacionados com a descoberta da localização [68]:
A rede de sensores pode executar a fusão de dados agregando dados dos sensores
63
de acordo com uma métrica de qualidade especificada pelo usuário final. A agregação
de dados é um exemplo do uso da idéia de cluster. Um nó seria o cabeça do cluster
(cluster-head) e poderia sumarizar os objetos localizados em seu cluster para prover
uma visão menos detalhada para nós distantes. A informação sumária disseminada
pode então ser usada para localizar objetos.
Em muitos sistemas distribuı́dos assume-se que cada nó tem um único endereço
de rede. Estes endereços aparecem em todos os pacotes para identificar a fonte e o
destino. Os endereços nos sistemas tradicionais podem ser usados como identificação
para especificar uma comunicação com outro ponto da rede e também para fornecer
informação topológica que pode ser usada no roteamento. Como visto, uma proposta
para as redes de sensores é a nomeação dos dados no lugar de se nomear os nós como é
usual na internet. Uma das propostas de nomeação utiliza coordenadas espaciais para
nomear dados, isto porque os dados dos sensores são intrinsecamente associados com
o contexto fı́sico onde o fenômeno ocorre [22].
Se os sensores não podem ser cuidadosamentes posicionados relativos um ao
outro e ao ambiente, então uma estratégia para encontrar a “cobertura” é ter uma
redundância de sensores gerando uma maior densidade de elementos. Mesmo uma
distribuição homogênea de sensores pode não ser adequada devidos a condições am-
bientais como obstáculos e fontes de ruı́do. Outra aplicação de redundância está rela-
cionada ao fato de que o custo de se ter um nó sensor quando a rede é criada é, em
muitos casos, inferior ao custo de renovação de recursos dos nós por causa de falhas
ou destruição. Neste caso, pode-se explorar redundância para aumentar o tempo de
vida ajustando o uso dos nós sensores em função da densidade e demanda.
A redundância também pode ser tratada por processos de software. As informações
comuns coletadas por nós sensores diferentes podem ser correlacionadas. Desta forma,
reduz-se a redundância de informação transportada pela rede.
4.3.2 Manutenção
O objetivo da manutenção é prolongar o tempo de vida da rede, reduzir a imprevisi-
bilidade e atender aos requisitos da aplicação. Ao longo do tempo alguns nós atingem
nı́veis de energia que podem restringir de forma parcial ou total sua capacidade. A
manutenção desta rede pode ser reativa, preventiva, corretiva ou adaptativa a este
tipo de evento, ou a outros que venham a ocorrer. A manutenção é funcional durante
todo tempo de vida da rede. Suas funções são utilizadas pelas demais fases, a saber:
estabelecimento, sensoriamento, processamento e comunicação.
As atividades de estabelecimento da rede, sensoriamento, processamento e
comunicação não são seqüenciais. Isto fica claro quando falhas, que não são exceções,
ocorrem. Isto resulta em uma topologia dinâmica em RSSF mesmo quando os nós são
estacionários. Mecanismos de manutenção destas redes devem ser propostos de forma
a prolongar seu tempo de vida. Esta manutenção pode exigir uma nova distribuição
de nós e uma nova organização da rede.
4.3.3 Sensoriamento
As atividades de sensoriamento estão relacionadas com a percepção do ambiente e a
coleta de dados. De acordo com o tipo da aplicação e os tipos de sensores envolvidos,
64
esta fase inclui a determinação de distância do alvo, ruı́dos do ambiente, tipo do dado
coletado, volume de informação envolvida e freqüência de amostragem. De igual im-
portância é a determinação de áreas de sobreposição dos nós sensores. A descoberta
destas áreas pode resultar na alteração do estado de um nó sensor. Por exemplo, se a
área de percepção de dois sensores possui uma intersecção, isto pode resultar em uma
correlação de informações antes da transmissão ou na alteração do estado de um destes
sensores de forma que apenas um permaneça ativo ou transmita seus dados pela rede.
Sabendo-se que um nó sensor falha em decorrência da falta de energia, destruição
ou inoperância temporária, é importante avaliar se o número de sensores ativos é ade-
quado à execução da tarefa e prover mecanismos de tolerância a falhas.
Coleta de Dados. O objetivo de uma rede de sensores é coletar informações de
uma região de observação especı́fica, processar a informação e transmitı́-la para uma
ou mais estações base destino. A atividade de coleta envolve o cálculo da área de
cobertura dos sensores e a exposição dos sensores sobre aos alvos.
A exposição pode ser informalmente especificada como uma habilidade comum de
observar um alvo no campo do sensor. Formalmente, a exposição pode ser definida
como a integral de uma função de sensoriamento que depende da distância dos sen-
sores sobre um caminho de um ponto inicial ps a um ponto final pf. Os parâmetros da
função de sensoriamento dependem da natureza do dispositivo sensor. A exposição
está diretamente relacionada com a cobertura.
A cobertura de conectividade é mais importante nos casos de redes sem fio ad hoc
já que as conexões são peer-to-peer. A cobertura deve, em geral, responder a questões
sobre a qualidade de serviço (supervisão) que pode ser provida por uma particular
rede de sensor. Um ponto inicial é definir o problema da cobertura de vários pon-
tos de vista incluindo determinı́sticos, estatı́sticos, melhor e pior caso e apresentando
exemplos em cada domı́nio.
Sensoriamento distribuı́do. As RSSFs realizam o monitoramento distribuı́do de
uma área. Outra possibilidade é usar um sistema sensor centralizado, como imagem
de satélite ou radar. No entanto, a solução distribuı́da tem vantagens, dentre elas pode-
mos citar:
• Permitir maior tolerância a falha através de redundância.
• Prover cobertura de uma grande área através da união de vários pequenos sen-
sores.
• Ajustar o sistema para a aplicação determinando o número apropriado de sen-
sores.
• Estender a área de cobertura e densidade, reconfigurando o sistema quando um
nó sensor falha.
• Garantir a qualidade do sensoriamento pela combinação de informação de difer-
entes perspectivas espaciais.
• Melhorar o desempenho do sensoriamento com diferentes tipos de sensores.
• Monitorar um fenômeno contı́nuo.
• Localizar um fenômeno discreto por intermédio de um nó individual e habili-
dade para combinar informação com outros nós.
65
• Usar diferentes tecnologias como um sensor de pequena distância capaz de sen-
soriar o fenômeno somente para distâncias próximas.
4.3.4 Processamento
O processamento na rede de sensores pode ser dividido em duas categorias:
• Processamento da informação: os dados coletados pelo nó sensor podem ser pro-
cessados em função da aplicação e/ou do envolvimento do nó sensor em relações
de colaboração. Os dados poderão estar sujeitos a compressão, correlação, crip-
tografia, assinatura digital, etc. Um outro processamento importante diz respeito
aos gatilhos que definem os estı́mulos para a coleta dos dados. Por exemplo,
os nós sensores de temperatura podem ter seu processamento estimulado em
função de uma variação ou rompimento dos limites estabelecidos.
4.3.5 Comunicação
As redes de sensores sem fio representam uma conexão que faltava entre a Internet e o
mundo fı́sico. Estas redes diferem de outros tipos de redes sem fio, como ad hoc e infra-
estruturada. Nas redes infra-estruturadas toda a comunicação entre os nós móveis é
realizada através da utilização de estações de suporte a mobilidade (estações rádio
base). Neste caso, os nós móveis, mesmo próximos uns dos outros, estão impossibili-
tados de efetuar qualquer tipo de comunicação direta. Na rede ad hoc, os nós móveis
realizem comunicação diretamente entre si, não existindo estações de suporte à mobil-
idade. Os nós de uma rede ad hoc podem se mover arbitrariamente fazendo com que
a topologia da rede mude freqüentemente. Ao invés de móveis, os nós de uma rede de
sensores são, na maioria das vezes, estacionários. A topologia destas redes é altamente
variável devido ao recurso limitado de energia. A capacidade das redes sem fio ad
hoc é restringida pela interferência mútua das transmissões concorrentes entre os nós.
Uma caracterı́stica da rede sem fio móvel é a variação do tempo do canal em função
dos enlaces de comunicação. Tal variação pode ocorrer devido ao enfraquecimento
multipath, perdas no caminho pela atenuação da distância, obstáculos e interferências
de outras entidades como os próprios sensores.
As diferentes tecnologias de comunicação sem fio possuem limitações quanto a
obstáculos e faixa de alcance como ilustrado na figura 4.3.
Em razão da limitação do alcance de transmissão dos nós, o envio da informação
envolve caminhos multi-hop através de outros nós, como ilustrado na figura 2.9.
As condições de ruı́do podem afetar o sensoriamento, a comunicação entre os nós e
significar um gasto de energia desnecessário. É o caso num ambiente com um nı́vel de
ruı́do maior, onde a intensidade da perturbação varia de acordo com as caracterı́sticas
66
Figura 4.3: Limitações quanto a obstáculos e faixa de alcance
• Estabelecimento da rede: distribuição dos nós, despertar dos nós, dimensões en-
volvidas, densidades, tipos de sensores, área de cobertura, organização, topolo-
gia, conectividade, etc.
4.3.7 Energia
Como descrito anteriormente, os nós de uma rede de sensores possuem recursos bas-
tante limitados, tais como pouca capacidade computacional, pouca memória e pouca
67
reserva de energia (proveniente de uma bateria). Além disso, em muitas aplicações, os
sensores serão colocados em áreas remotas, o que não permitirá facilmente o acesso a
esses elementos para manutenção. Neste cenário, o tempo de vida da rede depende
da quantidade de energia disponı́vel nos nós sensores e, por isso, esses nós devem bal-
ancear seus recursos limitados com o objetivo de aumentar o tempo de vida da rede.
Portanto, a conservação de energia é um dos aspectos mais importantes a serem con-
siderados no projeto das RSSFs.
O conhecimento sobre a quantidade de energia disponı́vel em cada parte da rede
é chamada de mapa de energia e esta informação pode auxiliar a prolongar o tempo
de vida da rede. O mapa de energia de uma RSSF pode ser representado como uma
imagem em nı́veis de cinza como a ilustrada na figura 2.8, na qual áreas claras rep-
resentam regiões com mais energia disponı́vel, e regiões com pouca energia são rep-
resentadas por áreas escuras. De posse do mapa de energia, é possı́vel determinar se
alguma parte da rede está na iminência de falhar devido a falta de energia [?]. O con-
hecimento das áreas com pouca energia disponı́vel pode ajudar também na tarefa de
disposição de novos sensores, porque sensores adicionais podem ser colocados seleti-
vamente nas regiões com pouca energia disponı́vel. A escolha da melhor localização
para o nó sorvedouro pode também ser feita com base no mapa de energia. É provável
que nós próximos a este nó irão gastar mais energia porque eles serão utilizados mais
freqüentemente para transmitir pacotes para o nó sorvedouro. Conseqüentemente, se
o nó sorvedouro for movido para áreas com maior quantidade de energia disponı́vel,
é possı́vel que o tempo de vida da rede seja prolongado. Protocolos de roteamento
também podem beneficiar-se da informação da quantidade de energia disponı́vel em
cada parte da rede. Um algoritmo de roteamento pode fazer um melhor uso das reser-
vas de energia se este seletivamente escolher rotas que utilizam nós com maior quan-
tidade de energia disponı́vel de tal forma que partes da rede com poucas reservas
de energia possam ser preservadas. Esses algoritmos de roteamento podem também
criar um backbone virtual conectando ilhas com grande quantidade de energia. Out-
ras possı́veis aplicações que podem utilizar o mapa de energia são algoritmos recon-
figuráveis e fusão de dados. De fato, é difı́cil pensar em alguma aplicação e/ou algo-
ritmo que não se beneficiaria com o uso do mapa de energia.
Portanto, aplicações, protocolos e algoritmos para RSSFs não podem ser escolhidos
considerando apenas sua “elegância”e capacidade, mas definitivamente a quantidade
de energia consumida. Assim, o projeto de qualquer solução para uma RSSF deve levar
em consideração a questão de energia.
68
dados como sendo a combinação de dados de múltiplos sensores e informações rela-
cionadas provenientes de bases de dados associadas para obter maior precisão e in-
ferências especı́ficas que não podem ser obtidas a partir de um único sensor.
Argumentando que estas definições estão restritas a sinais, sensores e métodos uti-
lizados na fusão em 1999 Wald [?] muda o foco definindo fusão de dados como um
ambiente (framework) formal onde são expressos métodos e ferramentas para combinar
dados de diferentes origens visando a obtenção de informações de maior qualidade.
O conceito de “maior qualidade” depende da aplicação. Além disso, dados de um
mesmo sensor referentes a instantes de tempo distintos representam fontes diferentes.
Uma forma especial de fusão de dados é chamada de agregação onde um conjunto de
dados é condensado com o objetivo de reduzir seu volume. Segundo Cohen et al. [?],
a agregação de dados é um processo que inclui uma coleção de dados, a composição
flexı́vel e programada destes dados em um novo dado refinado de menor volume e a
entrega destes dados agregados aos seus consumidores.
69
se de possı́veis implementações ou instâncias especı́ficas. Observe que os modelos
descritos a seguir incluem não somente a atividade de fusão propriamente dita mas
também a obtenção dos dados sensoriais e a tomada de ações baseada na interpretação
dos dados fundidos.
Modelos Centrados nos Dados
Neste tipo de modelo, a fusão de dados é dividida com base na abstração dos dados
sendo fundidos. Portanto, nestes modelos não existe a necessidade de explicitar uma
seqüencia de execução das funções nem dos sub-processos da fusão. Exemplos destes
modelos incluem o JDL (Joint Directors of Laboratories) [?], Fusão Ativa [?], DFD (Data-
Feature-Decision) [?] e Waterfall [?]. Estes modelos costumam incluir os seguintes tipos
de abstrações:
• Dado sensorial: leituras providas pelos sensores como medidas numéricas, for-
mas de ondas e imagens.
70
Este tipo de fusão pode ser utilizada em soluções onde se deseja justamente obter este
tipo de dado agregado sendo que a obtenção deste valores é feita de forma distribuı́da
pelos próprios nós sensores.
Métodos de inferência têm como objetivo processar dados redundantes com o obje-
tivo de reduzir o nı́vel de ruı́do das medidas obtidas pelos sensores. Exemplos destes
métodos incluem Fusão Bayesiana e Filtros Dempster-Shafer. Outros métodos populares
são os métodos de estimativas originados na teoria de controle que têm como objetivo
estimar o vetor de estado de um processo a partir de um vetor ou seqüência de ve-
tores de medições de sensores. Estes métodos incluem o quadrados mı́nimos, quadrados
mı́nimos ponderados e Filtros de Kalman.
Métodos de intervalos operam sobre sensores abstratos. A leitura deste tipo de
sensor não é um valor único e sim um intervalo de valores que deve conter o valor
real. Para este tipo de sensor são utilizados os métodos de intervalos que incluem as
funções M de Marzullo [?], S de Schmid e Schossmaier [?] e Ω de Prasad et al. [?].
c
a b c ab
b abc
a c
S S
A figura 4.4 ilustra como o roteamento centrado em dados pode ser utilizado para
reduzir o número de transmissões e conseqüentemente economizar energia. Nesta
figura, temos três nós A, B e C enviando dados para o nó sink S. No roteamento tradi-
cional a difusão destes dados geraria 9 mensagens enquanto que na solução centrada
em dados este valor cai para 6 mensagens apenas. Os nós em destaque fazem a fusão
dos dados. O primeiro funde as mensagens a e b em ab e o segundo funde as men-
sagens ab e c em abc.
No caso da utilização de fusão de dados no roteamento em uma rede plana
(figura 4.4) o caso ótimo para a fusão/agregação de dados corresponde ao menor
número possı́vel de mensagens transmitidas [?], isto sob o ponto de vista de consumo
71
de energia. Para isso, considere uma RSSF com k nós fonte (nós que geram dados),
s1 , s2 , . . . , sk , e um sink, D. Em uma solução que utiliza fusão, os dados roteados per-
correm uma árvore de fusão saindo dos nós s1 , s2 , . . . , sk em direção ao nó D. Esta
árvore é o reverso de uma árvore multicast onde existe um fonte e múltiplos desti-
nos. Segundo [?], a árvore multicast com um número mı́nimo de arestas corresponde a
árvore de Steiner mı́nima em um grafo. Assim, o número mı́nimo de transmissões por
dado em uma árvore de fusão corresponde ao número de arestas da árvore de Steiner
mı́nima em uma rede com o conjunto de nós (s1 , s2 , . . . , sk , D).
Em [?], Garey e Johnson mostram que o problema da árvore de Steiner mı́nima é
NP-completo. Portanto, assumindo uma disposição arbitrária de nós de uma RSSF e
um grafo G que represente esta rede, a tarefa de roteamento centrado em dados com
uma árvore de fusão ótima é NP-difı́cil.
agente
B
A C
72
se comparados à abordagem tradicional de roteamento. Contudo, é importante aler-
tar para o fato de que o preço desta economia é a demora na entrega do dado das
fontes ao sink. Além disso, ao se utilizar fusão de dados surge novos problemas como
sincronização que consiste em se determinar quanto tempo e por quantos nós um sen-
sor deve esperar antes de fazer a fusão.
73
3. Fase de re-distribuição de sensores adicionais: sensores adicionais podem ser
introduzidos em redes já existentes com o objetivo de substituir dispositivos de-
feituosos ou aumentar a área de cobertura. Novamente, a rede tem que ter a
capacidade de se reorganizar para fazer uso desses dispositivos adicionais, além
disso, vantagens podem ser obtidas de uma nova topologia para aumentar a vida
útil da rede reduzindo o consumo de energia.
O problema da auto-organização de uma RSSF poderia ser facilmente resolvido
com uma visão geral de toda a rede. Facilmente poderiam ser calculados os grupos
de nós que têm que se comunicar, as rotas mais eficientes para a transmissão dos da-
dos ou que sensores podem ser desligados em determinados instantes para que haja
economia de energia e a rede tenha maior sobrevida e se mantenha a cobertura de-
sejada. Porém, muitas aplicações dessas redes exigem que elas sejam autosuficientes,
ou seja, funcionem sem intervenção humana. Esse fato aliado com a dinâmica dessas
redes e com a necessidade de que elas sejam escaláveis e robustas, acredita-se ser mais
interessante e vantajoso projetar aplicações de RSSFs baseadas em algoritmos localiza-
dos (localized algorithms) [?], onde sensores interagem apenas entre si, de forma coletiva,
para atingir um objetivo global desejado. Este aspecto, aliado às restrições de energia,
processamento e largura de banda, aumenta ainda mais o desafio da auto-organização
de RSSFs.
Essencialmente, a auto-organização de RSSFs é a sua habilidade de realizar
mudanças estruturais sem intervenção humana, de forma a torná-las escaláveis e ro-
bustas diante das caracterı́sticas dinâmicas inerentes a esse tipo de rede.
74
com outros enlaces, cada canal deve operar em uma freqüência diferente ou ter um
código de espalhamento (spreading). À medida que o tempo avança, os nós vão aumen-
tando sua vizinhança, conectando novos nós, quando, eventualmente, todos os nós
serão conectados uns aos outros. A habilidade de se ter um esquema de comunicação
assı́ncrono permite aos nós formar enlaces sob demanda. Os padrões de recebimento
e transmissão são repetidos periodicamente, com um tempo fixo para todos os nós,
caracterı́stica do TDMA. Após um enlace ser formado, um nó sabe quando ligar seus
transceptores no tempo certo para a comunicação. Isso leva a uma economia significa-
tiva de energia.
SAR – Sequential Assignment Routing. O algoritmo SAR cria múltiplas árvores cu-
jas raı́zes estão a um salto do nó sink, ou seja, são seus vizinhos. Cada árvore cresce
em direção externa ao sink deixando de fora nós com baixa QoS (baixa vazão e alto
atraso) e baixo nı́vel de energia. No final desse procedimento, pode ocorrer a inclusão
de alguns nós em árvores diferentes. Neste caso, os nós podem escolher a árvore a ser
usada na transmissão de suas informações de volta ao sink. A cada uma dessas árvores
são atribuı́dos parâmetros para a definição de qual caminho adotar. Por exemplo, en-
ergia estimada pelo número de pacotes que poderiam ser enviados caso houvesse um
uso exclusivo da árvore, e métrica de QoS adicional.
Periodicamente, a redefinição dos caminhos são iniciadas pelo sink de forma a ocor-
rer a adaptação do roteamento devido a possı́veis mudanças na topologia da rede. Adi-
cionalmente, existem dois algoritmos chamados SWR (Single Winner Election) e MWE
(Multi Winner Election), que são usados para realizar as atividades de sinalização e
transferência de dados no processamento e informações cooperativas locais.
75
ASCENT – Adaptive Self-Configuring Sensor Network Topologies. O protocolo
ASCENT não é um protocolo para roteamento ou disseminação de dados. Ele é um
protocolo que simplesmente decide que nós farão parte da infra-estrutura de rotea-
mento. Aspectos como o roteamento e difusão de dados funcionam sobre essa topolo-
gia multi-hop. Assim, são complementares ao ASCENT.
O ASCENT consiste de várias fases. Quando um nó é inicializado, ele entra em
um modo de escuta chamado fase de descoberta de vizinhos, onde cada nó obtém
um número estimado de vizinhos transmitindo ativamente mensagens baseadas em
medidas locais. Quando essa fase termina, os nós entram em uma fase de decisão
de inclusão, onde os nós decidem quando devem se juntar à rede de difusão multi-
hop. Durante essa fase, o nó pode participar temporariamente da rede para avaliar
quanto ele contribui para melhorar a conectividade. Se o nó resolver se juntar à rede
por um perı́odo maior, ele entra na fase ativa e começa a enviar mensagens de controle
de roteamento e de dados. Se um nó resolver não participar da rede, ele entra na
fase adaptativa, onde é desligado por um perı́odo de tempo ou limita sua faixa de
transmissão.
4.3.9.3 Comentários
Os três primeiros protocolos descritos acima focam a sincronização de baixo nı́vel para
a formação da rede. Por outro lado, o ASCENT [24] é um protocolo que trata da
formação de uma topologia multi-hop mais eficiente.
A auto-organização de redes de sensores apresenta um grande desafio devido às
caracterı́sticas dinâmicas inerente a esse tipo de rede. O grande desafio consiste na
criação de algoritmos distribuı́dos localizados eficientes e robustos que permitam man-
ter a funcionalidade da rede economizando energia, processamento e largura de banda
de comunicação, recursos esses escassos nesse tipo de rede.
76
Parte II
Infra-Estrutura
77
Capı́tulo 5
Redes Celulares
78
Capı́tulo 6
Redes de Satélites
79
Capı́tulo 7
Redes Ad-Hoc
80
Capı́tulo 8
Redes de Sensores
81
Parte III
Arquitetura de Redes
82
Capı́tulo 9
Arquiteturas
9.2 WAP
9.4 Bluetooth
9.5 UMTS
9.6 Irda
9.7 Hyperlan
83
Capı́tulo 10
84
10.2 IEEE 802.15 e IEEE 802.16
10.5 TDMA
10.6 FDMA
10.7 GSM
10.8 CDMA
10.10 Irda
10.11 Hyperlan
10.12 Bluetooth
10.13 UMTS
85
Capı́tulo 11
Camada de Rede
11.1 IP Móvel
86
Capı́tulo 12
12.1 WAP
12.3 Irda
12.4 Hyperlan
87
Parte IV
Aplicações
88
Capı́tulo 13
Middleware
89
Capı́tulo 14
Plataformas
14.1 Hadware
14.2 Software
90
Capı́tulo 15
Gerencia de Informação
91
Capı́tulo 16
MCommerce
92
Capı́tulo 17
93
Capı́tulo 18
94
Capı́tulo 19
95
Apêndice A
A.1 Introdução
Os mecanismos que afetam a propagação de ondas eletromagnéticas são muitos, sendo
os fenômenos de reflexão, difração e dispersão (scattering) os principais mecanismos.
A maioria dos sistemas de comunicação móveis operam em áreas urbanas, onde não
existe um caminho direto e livre de obstáculos entre o transmissor e o receptor, e
onde a presença de edificações provoca severas perdas devido aos fenômenos de
propagação. Por causa das múltiplas reflexões decorrentes dos vários objetos espalha-
dos ao longo do caminho entre o transmissor e o receptor, as ondas eletromagnéticas se
propagam através de diferentes caminhos, cada qual com um comprimento particular.
A interação entre estas ondas no receptor causa uma atenuação da onda resultante em
uma posição de recepção, sendo que a potência das ondas decresce à medida que a
distância entre o transmissor e o receptor aumenta.
Os modelos de propagação de sinais de rádio normalmente tentam predizer a
potência média do sinal recebido a uma dada distância do transmissor, bem como
a variabilidade deste sinal nas proximidades de uma localização particular. Mode-
los de propagação que predizem a potência média de recepção do sinal dada uma
distância arbitrária entre o transmissor e o receptor (T-R) são úteis para estimar a área
de cobertura de um transmissor e são chamados modelos de propagação em larga es-
cala, uma vez que estes modelos caracterizam a potência de recepção do sinal a grandes
distâncias T-R (centenas ou milhares de metros).
Já modelos de propagação que procuram caracterizar as flutuações rápidas de
potência no sinal recebido dadas pequenas variações na distância T-R (poucos compri-
mentos de ondas), ou no intervalo de tempo, são chamados modelos de baixa escala.
Quando uma unidade receptora móvel percorre distâncias muito pequenas, a potência
instantânea do sinal recebido pode flutuar rapidamente, uma vez que o sinal percebido
pelo receptor é a soma de várias ondas vindas em diferentes direções, percorrendo
diferentes caminhos. Como as fases destas ondas estão aleatoriamente distribuı́das,
a onda resultante varia também de forma aleatória, obedecendo, por exemplo, uma
distribuição de atenuação de Rayleigh. Em atenuações de baixa escala, a potência
média do sinal recebido pode variar de 30 a 40 dB, quando o receptor se move ape-
nas uma fração de comprimento de onda.
À medida que a unidade receptora móvel se afasta do transmissor, o sinal médio
recebido decresce gradualmente e é este sinal médio que é calculado pelos modelos de
96
Figura A.1: Atenuações em Larga e Pequena Escala em um sistema T-R
97
livre:
P t Gt Gr λ2
Pr (d) = (A.1)
(4π)2 d2 L
onde Pt é a potência de transmissão, Pr (d) é a potência de recepção, Gt é o ganho da
antena de transmissão, Gr é o ganho da antena de recepção, d é a distância de separação
T-R em metros, L é o fator de perdas do sistema não relacionadas com a propagação
do sinal eletromagnético (L ≥ 1) e λ é o comprimento de onda do sinal transmitido
em metros. Os valores para Pt e Pr devem ser expressos na mesma unidade, enquanto
que Gt e Gr são grandezas adimensionais. O parâmetro L se refere a fatores tais como
atenuação da linha de transmissão e perdas em filtros e antenas do sistema. O valor
L = 1 indica que não existem perdas devido ao hardware do sistema.
A perda por atenuação, que representa a atenuação do sinal como uma grandeza
positiva medida em decibéis (dB), é definida como sendo a diferença entre a potência
efetivamente transmitida e a potência do sinal recebido. O cálculo da perda por
atenuação (P L) para o modelo de propagação no espaço é dado por:
Gt Gr λ2
!
Pt
P L(dB) = 10 log = −10 log (A.2)
Pr (4π)2 d2
Porém, o modelo de Friis é valido somente para distâncias maiores que a distância
de Fraunhofer (Df ), dada pela equação:
2D 2
Df = (A.3)
λ
onde D é a maior dimensão linear da antena de transmissão. Pode-se notar clara-
mente que a equação A.1 não é válida para d = 0. Por esta razão, vários modelos de
propagação de larga escala usam uma distância de referência d0 (d0 < Df ), bastante
próxima ao ponto de transmissão, de forma a criar uma potência de referência. Isto
permite que o cálculo da potência recebida Pr (d), a uma distância d > d0 , possa ser
relacionada com a potência Pr (d0 ), através da fórmula:
2
d0 (A.4)
Pr (d) = Pr (d0 ) d
d ≥ d 0 ≥ Df
98
onda se propaga é constituı́do por objetos cujas dimensões são pequenas quando com-
paradas com o comprimento de onda da onda propagada e o número de obstáculos
por unidade de volume do meio de propagação é grande. Na prática, vegetação, sinais
de trânsito e postes induzem a dispersão em sistemas de comunicação móveis.
A.4 Reflexão
Quando uma onda eletromagnética atinge um outro meio de propagação com pro-
priedades elétricas diferentes das propriedades do meio de origem, a onda é parcial-
mente refletida e parcialmente transmitida. Caso o meio destino seja um dielétrico
perfeito, parte da energia é transmitida para o meio destino, enquanto que o restante é
refletido de volta ao meio de origem, não havendo perda de energia por absorção. Se
o segundo meio for um condutor perfeito, toda a onda incidente é refletida de volta
ao meio de origem, sem perda de energia. A intensidade do campo elétrico das ondas
refletidas e transmitidas pode ser relacionada com a onda original através do coefi-
ciente de reflexão de Fresnel (Γ). Este coeficiente de reflexão é função de propriedades
eletromagnéticas intrı́nsecas dos meios de origem e destino, e geralmente depende da
polarização e freqüência da onda incidente e do ângulo de incidência. No modelo de
propagação no espaço, é assumido que apenas a onda que trafega diretamente entre o
transmissor e o receptor é responsável por toda a energia presente na antena receptora.
Porém, na maioria dos casos, este modelo tem se mostrado pouco acurado quando us-
ado sozinho. Uma das principais causas é a exclusão das ondas resultantes de reflexão
ao longo do caminho que também atingem a antena receptora.
O Modelo de dois Raios [62], ou Modelo de Reflexão no Solo, considera a presença
de duas ondas principais entre o transmissor e o receptor: uma onda que se propaga di-
retamente do transmissor para o receptor e uma segunda que se propaga do transmis-
sor para o solo e a partir do solo, por reflexão, para o receptor. Este modelo mostra-se
razoavelmente acurado em medições de sinais para grandes distâncias (mais de uma
dezena de quilômetros) [36].
Neste modelo, o campo elétrico na antena receptora pode ser calculado por:
~T = E
E ~D + E
~R (A.5)
!
~ T (d)| = 2 E0 d0 sen θ∆
|E (A.6)
d 2
onde E~T , E
~D e E~ R correspondem respectivamente ao campo elétrico total recebido pela
antena, ao campo elétrico direto Transmissor-Receptor e ao campo elétrico que atinge a
antena resultante da reflexão no solo. O valor E0 é o valor do campo elétrico no ponto
de referência d0 e θ∆ é a diferença de fase entre as duas componentes do campo elétrico
que atinge o receptor (E ~D e E~ R ). Através de manipulações matemáticas [76], tem-se
que:
2 2
~ T (d)| ∝ 1 =⇒ Pr = Pt Gr Gt ht hr =⇒ Pr ∝ 1
|E (A.7)
d2 d4 d4
Com isso, pode-se notar que a potência média recebida decresce com a distância a
uma taxa de 40 dB/década (escala logarı́tmica), o que é muito mais rápido do que o
previsto pelo modelo de propagação no espaço.
99
A.5 Difração
O fenômeno da difração é que permite as ondas eletromagnéticas contornarem
obstáculos, propagando-se em regiões de sombra em relação ao transmissor. A
difração de ondas eletromagnéticas pode ser explicada através do princı́pio de Huy-
gen:
Todo ponto de frente de onda pode ser visto como uma fonte de onda capaz
de produzir ondas secundárias que se combinam para produzir uma nova
frente de onda na direção de propagação.
Desta forma, o fenômeno da difração, causado pela propagação das ondas se-
cundárias dentro da região de sombra, é quem permite que receptores localizados nes-
tas regiões de sombra recebam os sinais transmitidos. Porém, a potência das ondas
criadas na área de sombra decresce rapidamente à medida que estas ondas se movi-
mentam para dentro da região de sombra, causando uma queda na qualidade do sinal
recebido.
No caso do receptor estar situado totalmente na região de sombra em relação ao
transmissor, não haverá uma onda que se propague diretamente do transmissor para
o receptor (desconsiderando os casos de redirecionamento de ondas através do uso
de equipamentos passivos, tais como refletores). Desta forma, o campo elétrico que
existirá na antena receptora será a soma vetorial do campo elétrico de todas as ondas
que conseguirem transpor o obstáculo existente entre T-R, sejam através da reflexão,
seja através da difração, o que poderá comprometer a qualidade do sinal recebido,
devido a baixa potência resultante.
O modelo de difração Knife-edge [62] tenta predizer o valor do campo elétrico
resultante, dado que exista apenas um único obstáculo agudo (por exemplo, uma
montanha entre duas antenas) entre o transmissor e o receptor. Modelos para
trabalhar com obstáculos múltiplos são matematicamente complexos e requerem o
uso de aproximações tais como combinação de obstáculos e simplificações no mod-
elo [21, 31, 34, 69].
A.6 Dispersão
Medições da potência efetivamente recebida em antenas de sistemas de comunicação
móveis mostraram que na maioria das vezes o sinal recebido é mais forte do que o
previsto pelos modelos de propagação baseados exclusivamente nos mecanismos de
reflexão e difração. A explicação para este fenômeno se deve à difusão da onda trans-
mitida em superfı́cies rugosas. Nestas situações, a onda incidente na superfı́cie rugosa
é espalhada em todas as direções, o que leva ao redirecionamento de outras frentes de
onda para o receptor.
O fenômeno de dispersão depende da rugosidade da superfı́cie na qual incide a
onda eletromagnética, bem como do comprimento da onda incidente. A rugosidade
de uma superfı́cie é normalmente testada segundo o critério de Rayleigh, que define a
altura máxima crı́tica (hc ) das protuberânceas de uma superfı́cie para um dado ângulo
de incidência θi , como sendo:
λ
hc = (A.8)
8senθi
100
Uma superfı́cie é considerada suave se suas protuberâncias possuı́rem altura média
h menor do que a altura crı́tica hc ; caso contrário, é considerada rugosa. No caso de
superficies rugosas, o coeficiente de reflexão deve ser multiplicado pelo fator de perda
por dispersão ρS , para compensar a perda por dispersão. Segundo Boithias [19], o fator
de perda por dispersão ρS é dado por:
!2 !2
πσh senθi πσh senθi
ρS = exp −8 I0 8 (A.9)
λ λ
Γrugoso = ρS Γ (A.10)
Modelos de atenuação por dispersão podem ser encontrados em [84, 94, 101].
101
onde n é o coeficiente de perda que indica a taxa de decaimento da potência do sinal
com a distância, sendo que o valor de n depende do meio de propagação do sinal de
rádio.
A tabela A.1 apresenta os valores de n para diferentes meios de propagação.
Ambiente n
Espaço Livre 2
Área Urbana 2,7 a 3,5
Área Urbana, com sombra de recepção 3a5
Obstruı́do por Edifı́cios 4a6
Obstruı́do por Ambientes Industriais 2a3
102
• Em [65], foi introduzido um termo extra no modelo (UF - Fator Urbano), que
permite a utilização do modelo em áreas urbanas.
• Os valores obtidos são bem próximos dos apresentados pelo Modelo de Oku-
mura, desde que a distância T-R seja maior que 1 km.
103
Modelo de Walfisch-Bertoni [98]:
• Necessita do perfil das edificações existentes na área de propagação.
• Considera a presença de edifı́cios e telhados no modelo de propagação.
• Adequado à áreas urbanas.
104
Propagação entre Andares. As perdas entre andares em um edifı́cio são deter-
minadas pelas dimensões externas e material do edifı́cio, bem como pelo tipo de
construção e material utilizado na separação entre os andares e vizinhanças [83, 85].
A tabela A.3 apresenta alguns resultados obtidos por Seidel [83], através de medições
realizadas em três edifı́cios de San Francisco, CA.
Os valores do Fator de Atenuação entre Andares (FAA) e o desvio padrão (σ) estão
em dB. Pode-se notar que atenuação entre um andar é maior do que o incremento de
atenuação apresentado pela adição de um novo andar.
105
A.8 Modelos de Propagação em Baixa Escala
O mecanismo de fading é usado para descrever as rápidas flutuações na amplitude de
um sinal de rádio em um curto perı́odo de tempo ou distância percorrida. Geralmente,
este fenômeno é causado pela interferência de duas ou mais instâncias de um mesmo
sinal transmitido por um único transmissor que chegam ao receptor praticamente no
mesmo instante, porém por caminhos diferentes. Estas instâncias se combinam no
receptor gerando um sinal resultante que pode possuir grandes variações na ampli-
tude e na fase, dependendo da distribuição de intensidade e tempo de propagação das
várias instâncias do sinal propagado. A presença de múltiplos caminhos para as várias
instâncias de um mesmo sinal de rádio produz uma série de efeitos de fading de baixa
escala. Os principais efeitos são:
106
Faixa de Transmissão do Sinal: Se a faixa de transmissão do sinal de rádio for
maior do que a faixa do canal formado pelas várias instâncias do sinal transmitido,
o sinal recebido será distorcido, porém sem enfraquecimento do sinal recebido. A
faixa do canal pode ser quantificada por sua faixa de coerência, que é uma medida da
máxima diferença de freqüência na qual as instâncias do sinal ainda estão fortemente
relacionadas em amplitude.
1 ∆θ v
fd = . = . cos θ (A.16)
2π ∆t λ
Pode-se notar pela equação acima que se o receptor se move na direção do transmis-
sor, o deslocamento Doppler é positivo, ou seja, a freqüência aparente recebida é maior
que a freqüência de transmissão; caso o receptor esteja se distanciando do transmissor,
a freqüência aparente recebida é menor que a freqüência de transmissão.
A presença de movimentação relativa entre o receptor e o transmissor e a existência
de múltiplas instâncias do mesmo sinal, levam ao aparecimento de efeitos distintos no
sinal transmitido. A presença de múltiplas instâncias leva a dispersão das instâncias
no tempo e ao enfraquecimento seletivo de freqüências, enquanto que o deslocamento
Doppler leva à dispersão em freqüência e ao enfraquecimento seletivo de tempo. Uma
explicação mais detalhada dos tipos de fading, bem como de seus modelos, necessita
de um conhecimento especı́fico na área de fı́sica, mais precisamente, na área de pro-
cessamento de sinais, o que foge ao escopo deste livro. Para aqueles que desejarem
se aprofundar neste tópico, um bom ponto de partida é [76], no seu capı́tulo 4. Nesta
referência, o interessado poderá encontrar um estudo introdutório sobre o assunto,
bem como uma série de outras referências sobre pontos especı́ficos relacionados com
o tópico.
107
Apêndice B
108
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