Master Flavio Rodrigues Vinagre
Master Flavio Rodrigues Vinagre
Master Flavio Rodrigues Vinagre
Orientadora:
Professora Doutora Ana Isabel Dias Lopes, Prof. Auxiliar, ISCTE-IUL Business School,
Departamento de Contabilidade
setembro 2019
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Resumo
A profissão de contabilista tem vindo a sofrer alterações no que diz respeito às suas funções,
devido à crescente globalização e ao desenvolvimento tecnológico. Pelo que, os recrutadores
defendem que um atual contabilista deve ter conhecimentos de outras áreas, além das
contabilísticas, e possuir competências mais gerais e tecnológicas. Face a isto, as empresas
veem nos recém-graduados o capital humano mais adequado para satisfazer estas necessidades
e, consequentemente, ganhar vantagem competitiva face aos seus concorrentes. Contudo, as
empresas ainda demonstram alguma insatisfação com as competências adquiridas nos recém-
graduados.
Esta investigação contribui para um melhor conhecimento das competências que os estudantes
do ensino superior (atuais e futuros contabilistas) percecionam que devem obter para responder
às necessidades dos empregadores, bem como poder eventualmente servir como alicerce para
futuras mudanças nos métodos de ensino para que haja uma maior convergência entre o que os
estudantes e as instituições de ensino oferecem e o que o mercado empresarial procura.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Abstract
The accounting profession has been undergoing changes in its functions due to increasing
globalization and technology development. Recruiters therefore argue that an accountant must
have knowledge from other areas than accounting and have more general and technological
skills. Face to it, companies sees recent graduates as the most suitable human capital to satisfy
these needs and, consequently, gain a competitive advantage over their competitors. However,
companies still demonstrate some dissatisfaction with skills acquired in recent graduates.
In this context, this study intends to analyze the perception of Bachelor and Master students in
Accounting courses about the most relevant skills for the success of an accountant and verify if
they meet the expectations of the market. In addition, study whether the professional experience
and the academic degree can influence the importance attributed to the skills. In the survey
conducted on accounting students, it was found that they assume greater importance to skills
related to ethics and the use of database applications.
This investigation contributes to a better understanding of the skills that higher education
students (current and future accountants) perceive they need to obtain to meet the needs of
employers, as well as possibly serving as a foundation for future changes in teaching methods
to bring more convergence between what students and high education institutions offer and
what the business market demands.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Agradecimentos
A elaboração desta dissertação não seria possível sem a ajuda de pessoas que, direta ou
indiretamente, contribuíram para este trabalho com a sua experiência e conhecimento.
Em primeiro lugar, agradecer à minha família, especialmente aos meus pais, que sempre me
deram a motivação e o apoio necessário para concretizar este grande objetivo.
Em especial, agradecer à Professora Ana Isabel Lopes pela excelente orientadora que foi ao
longo da conceção desta dissertação. A Professora esteve sempre disponível para esclarecer
todas as minhas dúvidas e inquietações, mas, acima de tudo, soube fazer as questões certas nas
alturas certas, de forma a tornar este trabalho o mais coerente e rigoroso possível.
Agradecer também o contributo dos diretores e coordenadores dos cursos em Contabilidade nas
diversas instituições de ensino superior portuguesas, pela divulgação do inquérito pelos seus
alunos. Por consequência, também agradecer aos alunos que tiveram a disponibilidade de
responder ao inquérito.
Também tenho de fazer menção à Professora Fátima Suleman pelo seu contributo na
disponibilização de informação relevante para a revisão de literatura. Assim como, ao Professor
Raul Laureano pela sua recetividade para esclarecer questões de cariz estatístico.
Por fim, agradecer o apoio dos meus amigos, colegas de curso e colegas de trabalho que sempre
souberam dar-me todos os conselhos e motivações necessárias nas diversas fases da elaboração
desta dissertação.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Índice
Resumo ........................................................................................................................................ i
Abstract ...................................................................................................................................... ii
1. Introdução .............................................................................................................................. 1
2.4. Gap entre competências dos estudantes e os pretendidos pelas empresas ................. 15
3. Metodologia ......................................................................................................................... 19
4.5. O impacto do grau académico na escolha das competências mais relevantes ........... 42
Bibliografia............................................................................................................................... 51
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Anexos ...................................................................................................................................... 56
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UNIVERSITÁRIOS
Lista de Tabelas
Lista de Figuras
Lista de Gráficos
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Lista de Abreviaturas
CC – Contabilista Certificado
EI – Emotional Intelligence
KMO - Kaiser-Meyer-Olkin
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1. Introdução
Nas últimas décadas a profissão de contabilista mudou substancialmente, quer no ponto de vista
dos conhecimentos quer da sua importância nas organizações. Atualmente, os profissionais de
Contabilidade não fazem somente preparação de relatórios e demonstrações financeiras, mas
analisam e divulgam informação contabilística para um público mais exigente, fazendo com
que tenham um papel determinante na sustentabilidade e crescimento das organizações (Bruna
et al., 2017; Lim et al., 2016). Assim, para além do conhecimento ao nível contabilístico, os
atuais profissionais de Contabilidade devem ter outras competências, de forma a poderem ser
bem-sucedidos no mercado (Fernandes, 2014).
Em paralelo, a revolução tecnológica das últimas décadas fez com que as empresas começassem
a utilizar programas informáticos para a agregação e tratamento de bases de dados. Pelo que,
além das competências comportamentais e técnicas exigidas, as empresas começaram a
requerer aos contabilistas que sejam dotados de conhecimentos de gestão de base de dados e de
sistemas de informação (Dzuranin et al., 2018; Spraakman et al., 2015).
Para fazer face às atuais exigências do mercado e ao aumento da concorrência nesta área, a
maioria das empresas recorrem às universidades para tentarem recrutar os jovens com maior
potencial, isto é, com os melhores conhecimentos e maiores capacidades, uma vez que serão
estes que terão as competências necessárias às atuais exigências da profissão e,
consequentemente, permitir às empresas se desenvolverem e se diferenciarem das restantes
(Domingos, 2017; Fernandes, 2014). Assim, as instituições de ensino superior têm a importante
missão de adaptar os cursos lecionados à evolução dos conhecimentos técnicos de cada área,
das competências pretendidas pelos seus stakeholders e das tecnologias de informação, para
desta forma preparar os jovens para o mercado de trabalho (Domingos, 2017).
1
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Neste contexto, e num mundo cada vez mais global, é importante analisar se os recém-
graduados em Contabilidade têm atualmente as competências necessárias para o sucesso no
exercício da profissão a nível nacional e internacional. Portanto, o objetivo central com esta
dissertação é analisar se as competências (gerais e tecnológicas) percebidas pelos estudantes
dos cursos de Contabilidade vão de encontro àquilo que é exigido atualmente pelos recrutadores
deste ramo. Para além disso, analisar se a experiência profissional e o grau académico têm
alguma influência na perceção destas competências, uma vez que podem ser elementos
fundamentais para os estudantes adquirirem e desenvolverem mais eficazmente as
competências requeridas pelas empresas.
A abordagem metodológica utilizada neste estudo foi a positivista, dado que todo o estudo
assenta apenas em factos recolhidos nas fontes de informação utilizadas, como artigos
científicos, teses e dissertações. Para a concretização dos objetivos, o método usado foi o
método dedutivo que resultou na elaboração de um inquérito para a recolha das perceções de
estudantes de Licenciatura e Mestrado em cursos de Contabilidade em Portugal Continental
acerca das competências mais relevantes para a profissão de Contabilista.
Esta dissertação está estruturada em 5 capítulos. O primeiro capítulo, que se finda, faz uma
introdução ao tema em investigação nesta dissertação. No segundo capítulo é efetuado uma
revisão de literatura, suportando-se numa análise de artigos, teses e outra informação relevante
sobre esta temática. O terceiro capítulo apresenta a metodologia de investigação utilizada para
a concretização dos objetivos deste estudo. O quarto capítulo expõe os resultados da análise aos
dados obtidos no estudo e a sua discussão. Por fim, o último capítulo apresenta as principais
conclusões obtidas desta investigação e respetivas limitações.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
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2. Revisão de Literatura
Desde 2000, a profissão de Contabilista ganhou uma maior importância na performance das
empresas. De uma forma mais tradicional e consensual, um contabilista era associado
essencialmente ao cumprimento de tarefas rotineiras relacionadas com a preparação de
informação contabilística e fiscal. Hoje em dia, este é um elemento fundamental na estratégia
de uma empresa, uma vez que o seu trabalho é mais orientado para o negócio e são “voz ativa”
nos processos de tomada de decisão (Vicente, 2013).
A Contabilidade teve sempre como função primordial criar e fornecer informação para a tomada
de decisão interna e externa (Janvrin and Watson, 2017). Existem diversos organismos que
definem o papel do contabilista. O International Federation of Accountants 1 (IFAC) (2017: 6)
refere que, entre outras, um contabilista deve “preparar, analisar e reportar informação
financeira e não financeira relevante e representativa, participar na tomada de decisão e na
formulação e implementação de estratégias organizacionais”2. Para tal, hoje em dia estes
trabalham em equipa e comunicam com as mais diversas áreas de uma organização. Na
perspetiva portuguesa, um estudo efetuado por Vicente (2013) à importância das funções
desempenhadas pelos contabilistas concluiu que as funções ligadas à fiscalidade, à análise de
contas / resultados e ao apoio na implementação de novas políticas contabilísticas são as mais
relevantes. Assim, principalmente por causa das duas últimas funções, o contabilista passou a
ter de adquirir conhecimentos que vão para além do simples conhecimento técnico, uma vez
que o seu trabalho passa também pela análise e comunicação das operações da empresa e não
apenas pela mera contabilização dessas operações.
Esta mudança de paradigma deveu-se quer à maior pressão sobre a profissão resultante de
escândalos ocorridos em grandes empresas, quer, essencialmente, à globalização e à revolução
tecnológica (Kavanagh and Drennan, 2008).
1
O IFAC é a organização mundial dos contabilistas cujo objetivo é servir os interesses públicos através do
fortalecimento da profissão e da contribuição para o desenvolvimento das economias mundiais (IFAC, 2019).
2
Traduzido do original: “The accountancy profession includes, but is not limited to:
• Preparing, analyzing, and reporting relevant and faithfully represented financial and non-financial information;
• Partnering in decision making, and in formulating and implementing organizational strategies;(…)”
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Por outro lado, a revolução tecnológica mudou radicalmente os métodos de trabalho das
empresas e dos contabilistas. Outrora a análise da informação e respetivos procedimentos
contabilísticos eram registados e arquivados em papel. Atualmente, grande parte deste processo
passou a ser informático, com as empresas a utilizarem aplicativos que agregam grandes bases
de dados para prepararem a informação contabilística de certas áreas de negócio. A tendência
futura será a maior integração da tecnologia nas empresas, com a implementação de serviços e
sistemas de gestão da cadeia de valor introduzidos na internet (Pan and Seow, 2016). Com isto,
espera-se que 40% dos registos contabilísticos sejam automatizados ou eliminados (Axson,
2015). Para além disso, a inteligência artificial permitirá às empresas criarem robôs que
desempenhem funções de cálculo e de análise de dados (Birt et al., 2018). Este mesmo autor
refere que a revolução tecnológica em conjunto com a “maior importância das competências
comportamentais, como o julgamento profissional e a inteligência emocional, vai criar novos
desafios para toda a profissão de contabilista”3 (Birt et al., 2018: 2).
3
Traduzido do original: "Combined with the growing importance of behavioral skills, such as exercising
professional judgment and demonstrating emotional intelligence, this will create new challenges for the entire
accounting profession.”
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Deste modo, é importante que os futuros contabilistas adquiram conhecimentos que permitam
acompanhar o desenvolvimento tecnológico e as futuras necessidades das empresas. Num
estudo efetuado a membros do The Association of Accountants and Financial Professionals in
Business e da Association of Chartered Certified Accountants, duas das principais associações
a nível internacional que reúnem profissionais de Contabilidade, referem que, nos próximos
anos, as principais questões que irão afetar a profissão de contabilista são os relatórios
integrados e de informação não financeira, a estabilidade da economia global, o nível de
complexidão dos negócios e o volume e a complexidade da regulamentação legal (ACCA,
2012).
A Contabilidade parece ser uma área que tem perdido interesse entre os estudantes do ensino
superior em Portugal nos últimos anos. Segundo a DGEEC (2019), entre o ano letivo 2011/12
e 2017/18 o número de inscritos em cursos de Licenciatura e Mestrado na área de
“Contabilidade e fiscalidade” diminuiu 18% para os 8 204 alunos. Em comparação com as
outras áreas presentes na área específica de “Ciências empresariais e administração” verifica-
se que esta foi a segunda área com a maior diminuição no número de inscritos, apenas superado
pela área do “Secretariado e trabalho administrativo”. Numa análise mais abrangente observa-
se que esta área está em linha com a tendência global, onde se verificou uma diminuição do
número de inscritos no ensino superior, embora apenas de 0,8% durante o mesmo período.
5
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Além disso, os dados referem que a taxa de desemprego entre os diplomados em 2018 nesta
área se situou nos 1,4%, uma descida de, aproximadamente, 1,6 pontos percentuais face a 2012.
Em paralelo com outras áreas, esta taxa está acima da média da área específica de “Ciências
empresariais e administração” (0,9%) e em linha com a taxa média de desemprego entre os
diplomados, que se encontra nos 1,1%. Isto permite concluir que, apesar da diminuição no
número de inscritos, os jovens que concluem um curso em Contabilidade têm boas perspetivas
de encontrar emprego.
4
Entende-se por competências gerais aquelas que são transversais às diferentes áreas de conhecimento e
desenvolvidas fora do programa curricular (Jackling and De Lange, 2009; De Lange et al., 2006).
5
A AACSB é uma organização que pretende conectar as instituições do ensino superior, os estudantes e as
empresas com o objetivo de acelerar a inovação e ampliar o impacto na educação empresarial (AACSB, 2018).
6
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Por outro lado, também tem havido um esforço das associações profissionais na promoção da
Contabilidade e na exigência no conhecimento pretendido (Vicente, 2013). O IFAC criou os
International Education Standards (IES) que estabelecem requisitos sobre o desenvolvimento
de competências nas diferentes fases de aprendizagem dos aspirantes a contabilistas e dos atuais
profissionais (IFAC, 2017). No que diz respeito à aprendizagem dos aspirantes a contabilistas,
a IES 2 – Initial Professional Development – Technical Competence, que dá ênfase às
competências técnicas, menciona que a pessoa precisa de adquirir conhecimentos de várias
áreas, entre as quais de Contabilidade Financeira e Reporte, Contabilidade de Gestão, Finanças
e Gestão Financeira e Fiscalidade. Ao nível das competências profissionais, a IES 3 – Initial
Professional Development – Professional Skills indica que necessitam de ser desenvolvidas
competências intelectuais, como a análise crítica, as competências interpessoais e
comunicativas, as competências pessoais e as competências organizacionais. Por último, o
IFAC (na norma IES 4 – Initial Professional Development – Professional Values, Ethics, and
Attitudes) dá realce a que um aspirante a contabilista deve ter conhecimento dos valores e
atitudes éticas relacionadas com a profissão. A AACSB (2018), nos Accreditation Standards
for Accounting Accreditation, também discrimina quais são os conteúdos que um currículo
académico na área da Contabilidade deve abordar, quer ao nível da Licenciatura quer ao nível
do Mestrado. Esta instituição dá ênfase à transmissão de conhecimento contabilístico e de outras
áreas ligadas à mesma, bem como ao desenvolvimento de competências que impulsionem o
pensamento e análise crítica e a recolha e análise de informação. De salientar ainda que a
AACSB indica que os cursos de Contabilidade devem “incluir experiências que desenvolvem
competências e conhecimento relacionado com a integração das tecnologias da informação na
Contabilidade e nas empresas”6 (AACSB, 2018: 27).
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Traduzido do original: “(…) accounting degree programs include learning experiences that develop skills and
knowledge related to the integration of information technology in accounting and business. (…)”
7
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Em Portugal, a Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) tem vindo nos últimos anos a
exigir uma melhor formação para aqueles que pretendem ser Contabilistas Certificados (CC)
(Domingos, 2017). De acordo com a Lei n.º 139/2015 de 7 de setembro, que tipifica o Estatuto
da OCC, para uma pessoa se tornar membro da Ordem tem, entre outras, de ter concluído um
“grau académico de licenciado, mestre ou doutor na área de contabilidade, gestão, economia,
ciências empresariais ou fiscalidade conferido por uma instituição de ensino superior
portuguesa”, ter frequentado um estágio curricular ou profissional no período mínimo de 800
horas e obter aprovação em exame elaborado pela Ordem. De acordo com o Anúncio n.º
6060/2010, que enumera os Critérios para o Reconhecimento da Habilitação Académica
Adequada para o Exercício da Profissão de Contabilista Certificado, a OCC também refere que
os novos membros devem ter adquirido conhecimentos nas áreas de Contabilidade e Relato
Financeiro, Contabilidade Analítica e de Gestão, Fiscalidade, Finanças, Direito das Empresas
e Ética e Deontologia7.
A definição das competências ideais para um contabilista é um tema que vem sido debatido nos
últimos tempos. Com a maior exigência na profissão por parte dos recrutadores, clientes e
stakeholders, nos últimos anos chegou-se à conclusão de que um profissional de Contabilidade
tem de ter conhecimento de outras áreas para além da Contabilidade, como também,
desenvolvido competências mais gerais, especialmente, a nível tecnológico (Domingos, 2017;
Lim et al., 2016; Spraakman et al., 2015; Kavanagh and Drennan, 2008). Neste âmbito, muitas
investigações foram feitas com o intuito de identificar quais são as aptidões que um profissional
e/ou recém-graduado devem ter para atingir o sucesso no mercado de trabalho.
7
No momento da conclusão desta dissertação a OCC (2019) promove uma discussão pública sobre o perfil mínimo
exigido para o ingresso nesta Ordem, antevendo-se alterações nos conhecimentos prévios.
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UNIVERSITÁRIOS
Num estudo efetuado por Hassall et al. (2005) foram inquiridos representantes de empresas que
recrutam contabilistas no Reino Unido e em Espanha com o intuito de estes avaliarem as
competências que são mais valorizadas num contabilista. Os resultados demonstram que um
contabilista deve ser capaz de trabalhar em equipa, organizar o seu trabalho para cumprir os
prazos e saber utilizar vários tipos de software. Noutro estudo efetuado na Austrália, Jackling
and De Lange (2009) apuraram que os recrutadores salientam a importância da comunicação,
da capacidade de resolver problemas e das competências pessoais, tais como o pensamento
independente, a criatividade e a flexibilidade, para a carreira de um contabilista.
Noutra vertente, Pan and Seow (2016) destacam a valência tecnológica, concluindo que os
contabilistas não devem apenas saber utilizar softwares de Contabilidade básicos, mas também
terem um conhecimento sólido dos elementos tecnológicos que estão incluídos nas aplicações
informáticas. Estes referem que, por exemplo, nas aplicações contabilísticas são gerados e/ou
importados ficheiros que automatizam parte da Contabilidade; embora os contabilistas não
necessitem de saber como é que são elaborados e gerados esses ficheiros, devem perceber todo
o seu conteúdo, de forma a compreender o seu impacto no exercício da sua profissão.
Em Portugal, também já se efetuaram estudos acerca desta temática. Fernandes (2014) inquiriu
um conjunto de CC que destacaram as competências comportamentais mais determinantes para
o sucesso de um CC no mercado de trabalho: Autoconfiança, Dedicação, Confiabilidade,
Adaptabilidade e Flexibilidade, Compromisso, Iniciativa, Compreensão pelos outros,
Comunicação, Cortesia profissional, Colaboração e cooperação, Espírito de equipa, Modéstia
e Simplicidade e Dever de sigilo.
Mais recentemente, um estudo desenvolvido por Domingos (2017) identificou dois modelos de
competências (gerais e específicas) que caracterizam os CC. No modelo de competências
gerais, a autora identificou que as habilidades ligadas à “Análise e integração da informação
para a resolução de problemas” e o “Relacionamento interpessoal e apreciação da qualidade do
trabalho desenvolvido” são as mais importantes para um CC. Nas competências mais
específicas, o modelo definiu como competências principais o conhecimento especializado em
Contabilidade e a aplicação desse conhecimento na organização e reporte de informação.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
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A Tabela 1 apresenta uma síntese das competências gerais evidenciadas na literatura como mais
importantes para um atual profissional de contabilista, tendo como meio de comparação um
conjunto de competências identificadas por Albrecht and Sack (2000). As competências são
apesentadas na coluna 1 por ordem alfabética, sendo indicados na coluna 2 os estudos que
testaram e concluíram que essa competência era requerida aos profissionais.
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No que diz respeito aos recém-graduados na área da Contabilidade, tal como requerido aos
profissionais, também devem ter outros conhecimentos para além dos de natureza
contabilística, nomeadamente ao nível dos negócios (Bui and Porter, 2010; De Lange et al.,
2006). Apesar da importância do conhecimento contabilístico, as empresas presumem que os
estudantes já o têm, pelo que, nos processos de seleção, dão maior enfase ao desenvolvimento
das competências mais gerais.
Neste sentido, a comunicação (oral e escrita) é vista como sendo a competência mais
determinante, especialmente entre as denominadas Big 4 do mercado, uma vez que, numa fase
inicial das suas carreiras, têm de demonstrar confiança e eficácia para os seus managers e
diretores (Bui and Porter, 2010). Outra das competências principais é o trabalho em equipa,
que, segundo os recrutadores, deve ser desenvolvido durante as aulas e/ou nos trabalhos em
part-time (Bui and Porter, 2010; De Lange et al., 2006). Outros autores também indicam que a
liderança, as competências interpessoais, a gestão do tempo e mudança, a ambição/motivação
e a aprendizagem contínua são competências importantes a serem adquiridas pelos recém-
graduados (Dzuranin et al., 2018; Bruna et al., 2017; Low et al., 2016; Towers-Clark, 2015;
Bui and Porter, 2010; Jones, 2010; Kavanagh and Drennan, 2008).
Num mercado cada vez mais tecnológico, os estudantes também devem ter conhecimentos
tecnológicos para conseguirem ter sucesso na profissão, nomeadamente as relacionadas com a
gestão e análise de dados, isto é, com o Big Data (Dzuranin et al., 2018; Janvrin and Watson,
2017; PwC, 2015). Neste aspeto é fundamental terem conhecimentos do Microsoft Excel,
particularmente das funções de pesquisa e de gestão de dados (vlookups, pivot tables, entre
outras) (Dzuranin et al., 2018; Spraakman et al., 2015). Contudo, estes autores referem a
necessidade de saberem utilizar outros tipos de software, como o Microsoft Outlook, Microsoft
Word e o Microsoft Powerpoint. Além disso, realçam a necessidade de os recém-graduados
terem conhecimento de sistemas de Enterprise Resource Planning (ERP), ao nível da sua
estrutura. Isto porque, por um lado, o Excel, por vezes, não permite incluir toda a informação
necessária para a análise e tomada de decisão, sendo necessário recorrer-se aos sistemas ERP
e, por outro, este conhecimento permite aos estudantes terem uma maior facilidade na
aprendizagem e utilização dos sistemas implementados em cada empresa.
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Além da visão dos recrutadores sobre as competências mais relevantes para o mercado de
trabalho para os profissionais e recém-graduados, alguns estudos investigam a perceção dos
estudantes acerca dessas competências.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
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Neste âmbito destaca-se o estudo efetuado por Kavanagh and Drennan (2008). Estes
questionaram estudantes australianos para classificarem, a partir de uma lista de 47
competências específicas, quais aquelas que percecionam como as mais cruciais para a carreira
de contabilista. Os resultados demonstram que a capacidade de aprendizagem contínua é vista
como a mais importante. Também destacaram como competências relevantes para o sucesso na
carreira de contabilista a tomada de decisão, a comunicação oral, a capacidade de resolução de
problemas, o pensamento crítico, a automotivação, a atitude profissional, o espírito de equipa,
o conhecimento informático e a comunicação escrita.
empresas
A literatura reflete que ainda existe uma divergência entre as competências que as empresas
pretendem dos novos contabilistas e as aptidões que os recém-graduados têm (Bunney et al.,
2015). Isto apesar de algumas empresas portuguesas revelarem que os recém-graduados têm
um bom conhecimento académico e competências técnicas (Suleman and Laranjeiro, 2018).
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
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Segundo Bui and Porter (2010), este gap é justificado por quatro grandes fatores: as diferenças
entre as expetativas dos estudantes e dos recém-graduados; as expetativas dos estudantes sobre
o mundo do trabalho na área da Contabilidade; as restrições burocráticas e a ineficácia do ensino
da Contabilidade.
As diferenças entre as expetativas existem, por um lado, por causa da ação das empresas no
processo de desenvolvimento dos estudantes e, por outro lado, pela forma como os
departamentos de recursos humanos atuam de país para país (Suleman and Laranjeiro, 2018).
O segundo fator é justificado, segundo estes autores, pela visão das empresas sobre os
estudantes, que os veem como sendo imaturos, com pouco espírito de trabalho e com as suas
expetativas desalinhadas com a realidade laboral. Low et al. (2016) concluem que os
recrutadores da Nova Zelândia denotam diferenças significativas entre os alunos que integram
as empresas após 3 anos de estudo superior e aqueles que entram após 4 anos de estudo, devido
à falta de maturidade e experiência de vida dos mesmos. Também Bruna et al. (2017) afirmam
no seu estudo que os recrutadores deduzem que um contabilista deve ter um nível de educação
mínimo de uma Licenciatura.
Por outro lado, o gap também é causado por falta de investimento nos cursos de Contabilidade,
nomeadamente em fundos financeiros e pessoal (Bui and Porter, 2010). Isto se deveu pelo
rápido crescimento da economia e pela maior facilidade dos estudantes conseguirem arranjar
emprego após se graduarem, que permitiu encobrir as graves deficiências no ensino da
Contabilidade (Albrecht and Sack, 2000). Estes últimos autores, no seu estudo nos Estados
Unidos da América (EUA), identificaram os principais problemas do ensino em Contabilidade,
nomeadamente o ensino muito direcionado para a leitura, interpretação e aplicação de práticas
contabilistas, impedindo os estudantes de desenvolverem a sua criatividade e a sua capacidade
de aprendizagem; a falta de exposição dos estudantes acerca do impacto que a tecnologia tem
nos negócios e nas empresas, nomeadamente, no auxílio da tomada de decisão; e estar
desconectado com os antigos alunos e profissionais da área.
Por fim, o último fator identificado relaciona-se com os institutos de ensino superior em que os
estudantes recebem a sua formação, uma vez que cada instituto tem os seus métodos de ensino.
Além disso, a motivação e a atitude dos estudantes perante o ensino oferecido também
condicionam a eficácia do ensino da Contabilidade e das competências transmitidas aos alunos.
Perante esta situação, alguns estudos apresentam soluções para aumentar a convergência de
expetativas entre recém-graduados e empresas.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
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Uma das soluções passa pela restruturação no ensino da Contabilidade por parte dos
estabelecimentos de ensino superior, de forma a criar um novo currículo académico (IFAC,
2017; PwC, 2015; Hassall et al., 2005). O IFAC (2017), no Framework for International
Education Standars for Professional Accountants and Aspiring Professional Accountants,
indica para cada área de conhecimento os objetivos de aprendizagem a serem cumpridos.
Também indica as competências que devem ser ensinadas e empreendidas pelos estudantes ao
nível intelectual, interpessoal e comunicacional, pessoal e organizacional. De forma
semelhante, o AACSB, nos Accreditation Standards for Accounting Accreditation, refere os
conhecimentos e as competências a serem incluídos nos currículos. Do ponto de vista
empresarial, a PwC (2015) recomenda um novo currículo académico baseado na incorporação
de competências tecnológicas nos programas de Licenciatura e Mestrado e na capacidade das
instituições criarem lideres para o futuro.
Além das alterações ao nível do conteúdo, as universidades podem efetuar mudanças nos
métodos de ensino. Albrecht and Sack (2000) questionaram professores universitários sobre
quais as atividades letivas que serão mais relevantes e usadas no futuro ensino da Contabilidade.
Estes responderam que serão as atividades efetuadas com as empresas, as atividades
tecnológicas e as atividades em grupo. Um outro aspeto suscetível de ser introduzido no método
de ensino é o emotional intelligence (EI), isto é, a capacidade de gestão das suas emoções e as
dos outros (Daff et al., 2012). Segundo os autores, este elemento é relevante para um melhor
desenvolvimento das competências, uma vez que os contabilistas interagem com diferentes
tipos de pessoas no desempenho das suas funções. Aliás, num estudo efetuado por Low et al.
(2016) os recrutadores referem a importância do EI estar presente nos recém-graduados.
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UNIVERSITÁRIOS
Numa perspetiva mais genérica, Fredin et al. (2015) conceberam um balanced scorecard onde
discrimina todos os pontos a serem cumpridos para que um aluno conclua com sucesso o seu
grau académico em Contabilidade e consiga obter um emprego a longo prazo. Este balanced
scorecard está segmentado em três vertentes: perspetiva dos empregadores e recém-graduados;
perspetiva do estudante; e perspetiva da aprendizagem e desenvolvimento. Na primeira
perspetiva, os autores referem como objetivos a promoção da experiência profissional, a
procura de trabalho e um plano para a obtenção de uma certificação. Relativamente à perspetiva
do estudante, os objetivos são a melhoria das competências ligadas à liderança e comunicação
e obter uma melhor compreensão da profissão. Na última perspetiva, os autores referem que o
aluno deve atingir os objetivos académicos, desenvolver competências tecnológicas e
organizacionais, ter um maior envolvimento com a comunidade e adotar um comportamento
ético.
8
Traduzido do original: “IFAC member bodies shall require sufficient practical experience to enable aspiring
professional accountants to demonstrate that they have gained the (a) technical competence, (b) professional
skills, and (c) professional values, ethics, and attitudes necessary for performing a role of a professional
accountant.”
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UNIVERSITÁRIOS
3. Metodologia
Na elaboração deste estudo, a abordagem metodológica usada foi a positivista dado que a
posição do investigador não é considerada na análise e discussão da informação relacionada
com esta temática (Saunders et al., 2009). Nesta abordagem, o método utilizado é o método
dedutivo, uma vez que após a revisão de literatura se formulam as questões de investigação,
seguindo-se a recolha de dados, de cuja análise se espera dar resposta às questões formuladas,
e, por fim, vai-se generalizar as conclusões obtidas para a população em estudo (Saunders et
al., 2009).
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UNIVERSITÁRIOS
Para fazer face a este gap, a literatura indica que pode existir uma maior convergência entre as
competências pretendidas pelas empresas e as aprendidas pelos recém-graduados se, durante o
seu período académico, os estudantes obterem um maior conhecimento ao nível tecnológico e
se tiverem uma maior interação com as empresas. Como também, se os estudantes prolongarem
os seus estudos por mais anos. Neste sentido, é importante saber se a experiência profissional
é, de facto, um fator determinante no processo de desenvolvimento de competências nos
estudantes. Além disso, se o grau académico obtido pelos estudantes tem alguma influência na
aquisição das competências certas para a profissão. Portanto, as últimas questões de
investigação a que se pretendem responder são as seguintes:
Para responder às questões de investigação, a recolha de dados foi efetuada por intermédio de
um inquérito, à semelhança de outros estudos relacionados com esta temática que também
utilizam este instrumento na obtenção de dados.
O questionário efetuado foi adaptado de inquéritos efetuados por Albrecht and Sack (2000) e
por Kavanagh and Drennan (2008) que foram validados previamente pela sua utilização numa
grande amostra nos EUA. A versão final do mesmo foi obtida após um pré-teste a um grupo de
estudantes de Mestrado em Contabilidade de uma instituição de ensino superior pública, de
forma a verificar a coerência das questões. Autores como Smith (2003) e Ferreira and Sarmento
(2009) afirmam que é importante que um questionário seja testado, para verificar se se consegue
obter as respostas necessárias a partir do público-alvo e corrigir eventuais erros na interpretação
das questões.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Com as restrições impostas pelo RGPD, que dificulta o acesso à lista de endereços eletrónicos
da população em estudo, não se conseguiu obter diretamente os contactos dos estudantes. Em
alternativa foram enviados 47 e-mails para coordenadores/diretores de cursos de Licenciatura
e Mestrado em Contabilidade a solicitar a divulgação do questionário pelos seus alunos (vide
Anexo 1). A lista destes coordenadores/diretores foi obtida, numa primeira fase, pela recolha
das instituições de ensino superior que lecionam cursos de Contabilidade através da lista de
cursos disponibilizada no website da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) e, numa
segunda fase, na recolha dos respetivos endereços eletrónicos através das páginas web das
instituições de ensino superior. Nos casos em que o endereço eletrónico dos
diretores/coordenadores de curso era omisso ou não tinha correspondência, foi utilizado o
endereço eletrónico geral da instituição de ensino superior. O envio destes e-mails realizou-se
no dia 5 de abril de 2019 e, para incrementar o número de respostas, foi reencaminhado no dia
2 de maio de 2019 para as instituições que não apresentavam respostas.
O período de aceitação de respostas ocorreu desde 5 de abril de 2019 até 31 de maio de 2019.
No final desse período foram recebidas 192 respostas, porém, após a validação dos dados (vide
Anexo 3), foram consideradas válidas as respostas de 188 alunos, pertencentes a 14 instituições
de ensino superior de 19 cursos de Contabilidade. Em 2018, esses cursos tinham inscritos 2 328
alunos (DGEEC, 2019), o que resulta numa taxa de resposta, face a esta população, de 8,1%.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
A análise e tratamento da informação obtida deste inquérito para efeitos estatísticos foi
suportada pela aplicação SPSS (versão 25). Pelo que, antes da introdução dos dados no SPSS
procedeu-se à introdução de códigos numéricos às opções de resposta nas variáveis qualitativas
(nominais e ordinais) relativamente à categorização dos estudantes. De salientar que, como a
questão permitia a seleção de mais do que uma opção de resposta, a última pergunta do
questionário foi segmentada em 3 variáveis, onde cada variável representa uma das opções de
resposta e que identificava quais os indivíduos que tinham ou não selecionado aquela opção
através de uma codificação binária.
De forma a cumprir com o primeiro objetivo de investigação, o estudo das competências mais
relevantes para os estudantes será feito com recurso a uma tabela de comparação de médias
para a análise individual de cada competência. Porém, para atribuir uma maior robustez a esta
análise será aplicado a técnica de análise de componentes principais (ACP), com o intuito de
diminuir o número de variáveis, sem a perda de muita da informação (Ferreira and Sarmento,
2009). Na implementação tem de se verificar os seguintes pressupostos (Field, 2013; Hair et
al., 2013):
1. A dimensão da amostra tem de ser representativa (pelo menos 5 casos para cada variável
de input);
2. A estatística de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que representa o nível de intercorrelações
entre as variáveis, tem de ser superior a 0,7. Quando a estatística tem valores entre 0,7
e 0,8, o nível é bom, entre 0,8 e 0,9, é muito bom e, acima de 0,9, é excelente;
3. As variáveis têm de ser independentes entre si. Esta premissa é válida quando o teste de
esfericidade de Bartlett é significativo, isto é, com um nível de significância inferior a
0,05.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Na conceção do teste também é importante quantificar que informação de cada variável fica
após a extração dos componentes. Para tal, tem de se analisar a correlação existente entre as
variáveis após a extração, a partir da variância comum de uma variável, isto é, a variância que
pode ser partilhada com outras variáveis (Hair et al., 2013). Esta análise é feita através das
comunalidades, que estimam a proporção de variância comum existente numa variável. Assim
sendo, após a extração, a comunalidade de cada variável terá de ser superior a 0,5 para não se
perder mais do que 50% da informação de cada variável (Hair et al., 2013).
Para a escolha dos componentes a extrair serão utilizados dois critérios em simultâneo (Hair et
al., 2013):
• Critério dos Valores Próprios (eigenvalues), onde as componentes retidas devem ter um
valor próprio superior a um. O SPSS efetua este critério com a aplicação do critério de
Kaiser na extração dos valores próprios;
• Critério da Percentagem da Variância, que indica que as componentes retidas devem
explicar pelo menos 60% da informação, isto é, da variância total.
Depois da escolha dos componentes, o resultado do teste será obtido após o cumprimento das
seguintes condições (Field, 2013; Hair et al., 2013):
1. Cada variável apenas pode ser representada numa das componentes, onde tem de
apresentar um peso absoluto superior a 0,5;
2. Perceber se as componentes extraídas são de fácil interpretação, tendo em conta os
objetivos deste estudo;
3. Caso algum dos pressupostos anteriores não seja cumprido, o teste será repetido com a
aplicação de uma rotação (ortogonal ou oblíqua), de forma a cumprir com esses
requisitos;
4. Analisar se esses componentes apresentam uma boa consistência interna, isto é, o Alpha
de Cronbach ser superior a 0,7.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Segundo Field (2013), os testes paramétricos podem ser realizados caso se verifiquem estas
condições:
Após a realização destes testes, para aprofundar a análise a estas relações serão utilizados
também tabelas de comparação de médias e medidas de associação.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Os inquiridos deste estudo caracterizam-se por ser na sua maioria do género feminino, que
representam 72,9% da amostra (vide Tabela 4). Relativamente à idade, os alunos inquiridos
estavam compreendidos na maioria no escalão etário entre os 18 e os 23 anos (53,7%). Em
termos académicos verifica-se que a maioria dos alunos estão a frequentar uma Licenciatura
(57,4%) e que quase todos os inquiridos estudam numa instituição de ensino superior pública
(91%).
Na conversão das respostas obtidas à instituição de ensino superior a frequentar pelos distritos
que estas instituições se localizam (vide Anexo 4), verifica-se que os inquiridos estão presentes
em 9 dos 18 distritos de Portugal Continental (vide Figura 1), onde o distrito mais representativo
é Lisboa.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
No que se concerne à experiência profissional, a maioria dos alunos indica que tem ou já teve
uma experiência profissional (78,2%) (vide Tabela 5). Dos 147 alunos que têm ou tiveram
alguma experiência profissional, 104 afirmam que a mesma é ou foi enquadrada na área da
Contabilidade. Em relação ao período dessa experiência, mais de um terço dos alunos têm ou
tiveram uma experiência profissional há mais de 2 anos (37%). De facto, pelos dados
apresentados pode-se afirmar que mais de metade dos alunos têm uma experiência máxima de
1 ano (vide Gráfico 1). No que diz respeito ao momento da experiência, os alunos afirmam que
foi, maioritariamente, fora do ambiente académico (40,7%) e durante a Licenciatura (36,1%).
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
10%
Menos de 1 mês
1-3 meses
37% 14%
4-6 meses
7-9 meses
10-12 meses
14%
12-24 meses
Mais do que 24 meses
6%
14%
5%
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
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Após a validação dos seus pressupostos (vide Anexo 5), a técnica de Análise de Componentes
Principais permitiu a extração de 6 componentes com a utilização de uma rotação ortogonal
(Varimax) (vide Tabela 7). As componentes extraídas foram denominadas de Gestão e Decisão;
Comunicação, Relacionamento e Inovação; Informática; Ética e Profissionalismo; Atenção e
Escrita e Ambição e Justiça. Depois da extração destes componentes verificou-se a consistência
interna dos mesmos, através do Alpha de Cronbach. Em todas as componentes existe uma boa
consistência interna, uma vez que todas apresentam um Alpha de Cronbach superior a 0,7.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Deste modo, novas variáveis foram criadas conforme a média das respostas obtidas por cada
indivíduo às competências abrangidas por cada componente. Numa análise descritiva às novas
variáveis, daqui avante referidas como componentes (vide Tabela 8), a “Ambição e Justiça” e
a “Comunicação, Relacionamento e Inovação” são aquelas que são vistas como menos
importantes, dado que apresentam médias inferiores a 4 (“Muito Importante”). Pelo contrário,
na perceção dos estudantes, as competências ligadas à “Ética e Profissionalismo” são muito
importantes para o dia a dia de um contabilista (4,53).
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
No que diz respeito às competências tecnológicas, a Tabela 9 evidencia que a competência mais
importante para o sucesso de um contabilista é “Software de folhas de cálculo”, que apresenta
uma média global de 4,56. Outras competências foram evidenciadas como muito importantes
na perceção dos alunos, entre as quais as ligadas com a utilização de outro tipo de softwares
(comunicação, processamento de texto e base de dados), a “Gestão de ficheiros e diretorias” e
a “Internet”. Entre as menos relevantes estão competências mais ligadas à programação, como
“Linguagens de programação”, que é mesmo considerada “Pouco importante” (2,81), “HTML
e outras programações web” (3,12) e “Hardware de computador” (3,29).
Competências
Frequência Mínimo Máximo Média Desvio-padrão Ranking
tecnológicas
Análise de sistemas 188 2 5 3,81 0,842 12
Comércio online 188 1 5 3,39 0,927 18
Gestão das operações 188 2 5 3,85 0,801 10
informáticas
Gestão de ficheiros e 188 2 5 4,05 0,758 4
diretorias
Gestão de projetos 188 1 5 3,82 0,869 11
Gestão de tecnologia e 188 1 5 4,04 0,776 6
orçamento
Hardware de computador 188 1 5 3,29 0,978 19
HTML e outras 188 1 5 3,12 0,965 21
programações web
Internet 188 2 5 4,04 0,800 5
Intra/Extranets 188 1 5 3,44 0,914 17
Linguagens de 188 1 5 2,81 1,063 22
programação
Outros sistemas operativos 188 1 5 3,22 0,944 20
Planeamento e estratégia de 188 1 5 3,64 0,974 14
sistemas de informação
Segurança e controlo 188 1 5 3,85 0,907 9
informático
Software de apresentação 188 1 5 3,72 0,959 13
Software de base de dados 188 1 5 4,01 0,928 8
Software de folhas de 188 2 5 4,56 0,664 1
cálculo
Software de processamento 188 2 5 4,10 0,831 3
de texto
Software gráficos 188 1 5 3,62 1,061 15
Softwares de comunicação 188 1 5 4,11 0,901 2
Terminologia tecnológica 188 1 5 3,52 0,984 16
Windows 188 1 5 4,01 0,925 7
Fonte: Elaboração Própria
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
À semelhança do efetuado para as competências gerais, a ACP foi utilizada após a validação
dos seus pressupostos (vide Anexo 5). Após a sua utilização, permitiu-se extrair 4 componentes
através de uma rotação ortogonal (Varimax). Pelas competências incluídas nas mesmas (vide
Tabela 10), os componentes foram denominados por “Programação e Sistemas Operativos”,
“Gestão informática”, “Softwares de navegação, comunicação e cálculo” e “Softwares
diversos”. Nestes componentes verifica-se que têm uma boa consistência interna, uma vez que
o Alpha de Cronbach de cada um é superior a 0,7.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Com a criação das novas variáveis conforme a média de respostas obtidas por estudante para
as variáveis incluídas nos componentes, analisou-se a nível descritivo estas novas variáveis
(vide Tabela 11). A componente “Softwares de Navegação, Comunicação e Cálculo” apresenta
uma média de 4,18, o que indica que as competências incluídas nesta componente são
percebidas como sendo muito importantes pelos estudantes. Em sentido inverso, a componente
“Programação e Sistemas Operativos” é considerada pouco relevante para os inquiridos, com
uma média de 3,29 em 5.
Este ponto está dividido em 4 secções, onde em cada uma delas será estudado o impacto das
variáveis relacionadas com a experiência profissional, isto é, da existência de experiência
profissional (no geral e na área da Contabilidade) e a periodicidade e o momento dessa
experiência na perceção dos estudantes das competências mais relevantes para o sucesso de um
contabilista (questões 8, 8.1, 8.2 e 8.3 do inquérito). De salientar que as competências (gerais e
tecnológicas) a serem enquadradas no estudo são as incluídas nas componentes obtidas da ACP
e aquelas que não estão incluídas nesses componentes.
Experiência profissional
Para esta análise confirmou-se que as amostras em estudo são independentes, uma vez que um
aluno não pode indicar simultaneamente que teve e não teve uma experiência profissional, e
que a distribuição da variável “Experiência profissional” segue aproximadamente uma
distribuição normal pelo Teorema do Limite Central (TLC). Para além disso, no estudo à
homogeneidade de variâncias observa-se que a maioria das variâncias nas amostras são iguais,
com exceção das componentes “Gestão e Decisão” e “Ambição e Justiça” e das competências
“Trabalho em equipa”, “Gestão da mudança”, “Língua estrangeira”.
34
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Deste modo, no geral não existem evidências estatísticas para se afirmar que a média na
perceção das competências dos estudantes com experiência profissional é diferente da média
na perceção das competências dos estudantes sem experiência profissional (p-value superior a
0,05). Esta situação não se verifica para a componente “Ambição e Justiça” e para a
competência “Língua estrangeira”, onde existem evidências que as médias são diferentes (p-
value inferior a 0,05). Pela Tabela 12 verifica-se que a diferença entre as médias de cada
variável não é significativa entre os estudantes que têm ou tiveram uma experiência profissional
e aqueles que não tiveram. Por forma a comprovar a inexistência de relação, o valor Eta (medida
de associação) é perto de zero em todas as variáveis, o que pressupõe uma ausência de relação.
Nível de Média
Componentes / Competências Teste significância Com Sem Eta
(p-value) Experiência Experiência
Competências Gerais
Ambição e Justiça t (85,128) = -2,100 0,039 3,81 4,04 0,129
Análise de risco t (186) = -0,264 0,792 4,41 4,44 0,019
Aprendizagem contínua t (186) = 1,457 0,147 4,59 4,44 0,106
Atenção e Escrita t (186) = -0,121 0,904 4,37 4,38 0,009
Atendimento ao cliente t (186) = 0,232 0,817 4,23 4,20 0,017
Automotivação t (186) = 0,643 0,521 4,31 4,22 0,047
Autopromoção t (186) = 1,007 0,315 3,63 3,46 0,074
Cidadania / Integridade t (186) = -0,075 0,940 4,14 4,15 0,005
Comunicação, Relacionamento e t (186) = 1,357 0,176 3,97 3,82 0,099
Inovação
Conhecimentos técnicos t (186) = -0,086 0,932 4,75 4,76 0,006
Ética e Profissionalismo t (186) = 1,378 0,170 4,56 4,43 0,101
Flexibilidade t (186) = -0,085 0,933 4,31 4,32 0,006
Gestão da mudança t (68,461) = 1,123 0,265 4,20 4,07 0,078
Gestão e Decisão t (94,003) = -0,346 0,730 4,07 4,10 0,021
Informática t (186) = 0,126 0,900 4,39 4,38 0,009
Interdisciplinaridade t (186) = -0,086 0,932 4,43 4,44 0,006
Língua estrangeira t (77,995) = -2,017 0,047 3,66 3,95 0,130
Mensuração / Maturidade t (186) = -0,866 0,388 4,16 4,27 0,063
Pensamento independente t (186) = -1,079 0,282 4,20 4,34 0,079
Propensão ao risco t (186) = -0,194 0,846 3,45 3,49 0,014
Tenacidade / Confiança t (186) = -1,590 0,113 4,09 4,29 0,116
Trabalho em equipa t (87,657) = -0,833 0,407 4,27 4,37 0,051
Competências Tecnológicas
Comércio online t (186) = 0,365 0,715 3,40 3,34 0,027
Gestão informática t (186) = -1,421 0,157 3,88 4,04 0,104
Programação e Sistemas t (186) = -0,450 0,654 3,28 3,34 0,033
Operativos
Segurança e controlo informático t (186) = 0,174 0,862 3,86 3,83 0,013
Softwares de Navegação, t (186) = 0,447 0,656 4,19 4,14 0,033
Comunicação e Cálculo
Softwares Diversos t (186) = -0,875 0,383 3,84 3,95 0,064
Fonte: Elaboração Própria
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
À semelhança do teste anterior, para a realização deste teste verificou-se que as amostras em
estudo são independentes, uma vez que um estudante ao ter uma experiência na área da
Contabilidade não pode indicar simultaneamente que não teve uma experiência profissional
nessa área, e que a distribuição da variável “Experiência profissional na área da Contabilidade”
segue aproximadamente uma distribuição normal pelo Teorema do Limite Central (TLC). Para
além disso, as variâncias nas amostras são iguais, com exceção da competência
“Conhecimentos Técnicos”.
A partir do teste (vide Tabela 13) é possível verificar que não existem evidências estatísticas
para se afirmar que a média na perceção das competências dos estudantes com experiência
profissional na área da Contabilidade é diferente da média dos estudantes sem experiência
profissional nessa área (p-value superior a 0,05), com exceção da competência “Aprendizagem
contínua” (p-value = 0,009). Salienta-se que, no geral, a diferença entre as médias para cada
variável entre os estudantes que tiveram ou não uma experiência profissional na área da
Contabilidade não é significativa. De facto, o valor Eta (medida de associação) é perto de zero
em todas as variáveis, o que pressupõe uma relação muito baixa entre as variáveis.
Média
Nível de
Sem
Componentes / Competências Teste significância Experiência Eta
Experiência
(p-value) na área
na área
Competências Gerais
Ambição e Justiça t (145) = -0,589 0,557 3,79 3,87 0,049
Análise de risco t (145) = -0,919 0,360 4,38 4,49 0,076
Aprendizagem contínua t (145) = 2,631 0,009 4,67 4,40 0,213
Atenção e Escrita t (145) = -0,350 0,727 4,36 4,40 0,029
Atendimento ao cliente t (145) = -0,011 0,991 4,23 4,23 0,001
Automotivação t (145) = 0,278 0,781 4,32 4,28 0,023
Autopromoção t (145) = -1,649 0,101 3,55 3,84 0,136
Cidadania / Integridade t (145) = -0,257 0,797 4,13 4,16 0,021
Comunicação, Relacionamento e t (145) = -0,296 0,768 3,96 4,00 0,025
Inovação
Conhecimentos técnicos t (64,903) = 1,608 0,113 4,80 4,63 0,145
Ética e Profissionalismo t (145) = 0,698 0,486 4,58 4,51 0,058
Flexibilidade t (145) = 1,242 0,216 4,36 4,19 0,103
Gestão da mudança t (145) = 0,458 0,648 4,22 4,16 0,038
Gestão e Decisão t (145) = -0,190 0,850 4,07 4,09 0,016
Informática t (145) = 1,690 0,093 4,45 4,27 0,139
Interdisciplinaridade t (145) = 0,626 0,532 4,45 4,37 0,052
Língua estrangeira t (145) = -0,118 0,907 3,65 3,67 0,010
Mensuração / Maturidade t (145) = 0,413 0,680 4,17 4,12 0,034
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Média
Nível de
Sem
Componentes / Competências Teste significância Experiência Eta
Experiência
(p-value) na área
na área
Competências Gerais
Pensamento independente t (145) = 0,113 0,910 4,20 4,19 0,009
Propensão ao risco t (145) = -1,392 0,166 3,37 3,65 0,115
Tenacidade / Confiança t (145) = -1,016 0,311 4,05 4,19 0,084
Trabalho em equipa t (145) = 0,381 0,704 4,29 4,23 0,032
Competências Tecnológicas
Comércio online t (145) = -1,547 0,124 3,33 3,58 0,127
Gestão informática t (145) = 0,554 0,580 3,90 3,83 0,046
Programação e Sistemas Operativos t (145) = 0,260 0,795 3,29 3,25 0,022
Segurança e controlo informático t (145) = 0,367 0,714 3,88 3,81 0,030
Softwares de Navegação, t (145) = 0,263 0,793 4,20 4,17 0,022
Comunicação e Cálculo
Softwares Diversos t (145) = -0,022 0,982 3,83 3,84 0,002
Fonte: Elaboração Própria
Periodicidade da experiência
Numa análise à existência de relação entre as variáveis (vide Tabela 15), o cálculo da medida
de associação (Ró de Spearman) indica que existe uma relação muito fraca a fraca entre as
variáveis, uma vez que todos os valores são positivos e perto de zero.
37
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Periodicidade da experiência
Componentes /
Competências Menos de 10-12 12-24 Mais de
1-3 meses 4-6 meses 7-9 meses
1 mês meses meses 24 meses
Competências Gerais
3,62 3,95 3,52 4,33 4,04 3,78 3,81
Ambição e Justiça
(DP = 0,783) (DP = 0,777) (DP = 0,688) (DP = 0,667) (DP = 0,722) (DP = 0,599) (DP = 0,858)
4 4,48 4,19 4,63 4,63 4,43 4,5
Análise de risco
(DP = 0,877) (DP = 0,602) (DP = 0,814) (DP = 0,518) (DP = 0,518) (DP = 0,598) (DP = 0,637)
4,14 4,62 4,38 4,88 4,75 4,52 4,74
Aprendizagem contínua
(DP = 0,864) (DP = 0,59) (DP = 0,74) (DP = 0,354) (DP = 0,463) (DP = 0,512) (DP = 0,442)
4,05 4,4 4,35 4,46 4,21 4,37 4,46
Atenção e Escrita
(DP = 0,794) (DP = 0,593) (DP = 0,582) (DP = 0,396) (DP = 0,689) (DP = 0,493) (DP = 0,52)
3,57 4,05 3,9 4,88 4,5 4,48 4,37
Atendimento ao cliente
(DP = 1,284) (DP = 0,805) (DP = 0,995) (DP = 0,354) (DP = 0,756) (DP = 0,873) (DP = 0,708)
3,14 3,52 3,52 3,75 3,63 3,9 3,72
Automotivação
(DP = 0,949) (DP = 0,981) (DP = 0,928) (DP = 0,707) (DP = 1,061) (DP = 0,889) (DP = 1,036)
4,14 4,38 4 4,38 4 4,48 4,41
Autopromoção
(DP = 0,949) (DP = 0,805) (DP = 0,949) (DP = 0,518) (DP = 0,756) (DP = 0,68) (DP = 0,63)
3,57 4 4,05 4,38 4,25 4,1 4,33
Cidadania / Integridade
(DP = 0,938) (DP = 1) (DP = 0,74) (DP = 0,744) (DP = 0,707) (DP = 0,625) (DP = 0,752)
Comunicação, 3,54 3,88 3,74 4,22 3,97 4,09 4,12
Relacionamento e
(DP = 0,805) (DP = 0,586) (DP = 0,788) (DP = 0,332) (DP = 0,865) (DP = 0,424) (DP = 0,596)
Inovação
4,5 4,9 4,62 4,88 4,75 4,62 4,83
Conhecimentos técnicos
(DP = 0,941) (DP = 0,301) (DP = 0,59) (DP = 0,354) (DP = 0,463) (DP = 0,59) (DP = 0,423)
4,2 4,54 4,4 4,78 4,63 4,56 4,68
Ética e Profissionalismo
(DP = 0,873) (DP = 0,476) (DP = 0,573) (DP = 0,281) (DP = 0,354) (DP = 0,387) (DP = 0,431)
4,07 4,48 3,9 4,13 4,5 4,52 4,37
Flexibilidade
(DP = 0,997) (DP = 0,602) (DP = 0,944) (DP = 0,641) (DP = 0,535) (DP = 0,602) (DP = 0,708)
3,79 4,29 3,86 4,25 4,38 4,29 4,35
Gestão da mudança
(DP = 0,975) (DP = 0,717) (DP = 0,478) (DP = 0,707) (DP = 0,518) (DP = 0,561) (DP = 0,705)
3,66 4,21 3,73 4,26 4,08 4,16 4,2
Gestão e Decisão
(DP = 0,682) (DP = 0,607) (DP = 0,736) (DP = 0,37) (DP = 0,717) (DP = 0,483) (DP = 0,609)
3,88 4,63 4,25 4,25 4,71 4,37 4,48
Informática
(DP = 0,699) (DP = 0,547) (DP = 0,69) (DP = 0,345) (DP = 0,278) (DP = 0,407) (DP = 0,524)
4,14 4,52 4,1 4,63 4,75 4,38 4,54
Interdisciplinaridade
(DP = 0,864) (DP = 0,75) (DP = 0,7) (DP = 0,518) (DP = 0,463) (DP = 0,74) (DP = 0,636)
3 4,05 3,67 3,75 3,25 3,76 3,69
Língua estrangeira
(DP = 1,038) (DP = 0,973) (DP = 1,017) (DP = 0,707) (DP = 1,282) (DP = 0,831) (DP = 0,886)
Mensuração / 3,71 4,38 3,95 4,25 4,13 4,24 4,22
Maturidade (DP = 0,726) (DP = 0,865) (DP = 0,74) (DP = 0,707) (DP = 0,835) (DP = 0,625) (DP = 0,744)
Pensamento 4,07 4,24 3,95 4,63 3,75 4,48 4,2
independente (DP = 0,829) (DP = 0,889) (DP = 0,805) (DP = 0,518) (DP = 0,707) (DP = 0,602) (DP = 0,762)
3 3,76 3,05 3,5 3,25 3,86 3,46
Propensão ao risco
(DP = 0,679) (DP = 1,044) (DP = 1,284) (DP = 1,309) (DP = 1,035) (DP = 1,014) (DP = 1,193)
3,86 4 3,9 4,38 4 4,24 4,17
Tenacidade / Confiança
(DP = 0,77) (DP = 0,775) (DP = 0,7) (DP = 0,518) (DP = 0,756) (DP = 0,625) (DP = 0,818)
3,93 4,38 3,9 4,5 4 4,48 4,39
Trabalho em equipa
(DP = 0,829) (DP = 0,669) (DP = 1,044) (DP = 0,535) (DP = 0,756) (DP = 0,68) (DP = 0,787)
38
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Periodicidade da experiência
Componentes /
Competências Menos de 10-12 12-24 Mais de
1-3 meses 4-6 meses 7-9 meses
1 mês meses meses 24 meses
Competências Tecnológicas
3,36 3,33 3,14 3,75 3,13 3,43 3,52
Comércio online
(DP = 0,633) (DP = 1,111) (DP = 1,062) (DP = 0,707) (DP = 1,126) (DP = 0,598) (DP = 0,926)
3,59 4,13 3,77 4,03 3,93 3,81 3,9
Gestão informática
(DP = 0,523) (DP = 0,682) (DP = 0,741) (DP = 0,58) (DP = 0,748) (DP = 0,549) (DP = 0,702)
Programação e Sistemas 3,08 3,38 3,05 3,41 2,88 3,59 3,29
Operativos (DP = 0,545) (DP = 0,867) (DP = 0,821) (DP = 0,553) (DP = 0,921) (DP = 0,618) (DP = 0,764)
Segurança e controlo 3,5 3,95 3,57 4,13 3,75 3,86 4
informático (DP = 0,76) (DP = 0,865) (DP = 1,165) (DP = 0,835) (DP = 0,707) (DP = 0,727) (DP = 0,952)
Softwares de 3,88 4,38 3,92 4,22 4,59 4,4 4,16
Navegação,
(DP = 0,634) (DP = 0,59) (DP = 0,695) (DP = 0,364) (DP = 0,462) (DP = 0,527) (DP = 0,689)
Comunicação e Cálculo
3,66 4,02 3,58 4,22 3,53 4,13 3,78
Softwares Diversos
(DP = 0,524) (DP = 0,766) (DP = 0,811) (DP = 0,339) (DP = 1,153) (DP = 0,621) (DP = 0,793)
Fonte: Elaboração Própria Legenda: DP – Desvio-Padrão
39
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Momento da experiência
A análise desta variável com as competências gerais e as tecnológicas é efetuada com recurso
a testes t para amostras independentes, onde cada momento é avaliado individualmente (vide
Tabela 16). Para realizar estas análises verificou-se que os grupos eram independentes entre si
e que, pelo Teorema do Limite Central, a distribuição das variáveis segue aproximadamente
uma distribuição Normal. Relativamente à homogeneidade de variâncias, nos três testes
realizados verifica-se que as variâncias entre as amostras são iguais, pois o Teste de Levene
levou a não rejeitar a hipótese nula, relativo à igualdade de variâncias.
No que diz respeito à comparação das competências com a experiência profissional obtida
durante a Licenciatura, não existem evidências estatísticas para afirmar que a média da
importância atribuída às competências pelos alunos com experiência profissional durante a
Licenciatura é significativamente diferente da importância atribuída por parte de alunos com
experiência noutros momentos. Apenas na competência “Tenacidade/Confiança” é que existem
evidências para comprovar essa diferença (p = 0,042).
Para a importância dada às competências por parte de estudantes com experiência profissional
durante o Mestrado, à semelhança da opção anterior, também não há evidência estatística para
refutar que as diferenças entre as médias de importância entre estes alunos e os alunos que têm
ou tiveram experiência noutros momentos não são significativas. A esta conclusão tem de se
excluir a competência “Pensamento independente” que demonstra estatisticamente a
prevalência de diferenças na importância atribuída por estes alunos e os restantes (p = 0,034).
Por último, relativamente à experiência obtida fora do ambiente académico, no geral, também
não existem evidências estatísticas para asseverar que a média de importância nas competências
atribuída pelos estudantes com experiência profissional fora do ambiente académico é
significativamente diferente dos estudantes com experiências obtidas noutros momentos.
Contudo, é de salientar que existem diferenças na componente “Gestão e Decisão” (p = 0,023)
e nas competências “Automotivação” (p = 0,009), “Mensuração/Maturidade” (p = 0,034),
“Gestão da Mudança” (p = 0,019), “Tenacidade/Confiança” (p = 0,046) e “Língua estrangeira”
(p = 0,041).
Porém, pela análise às médias de importância indicada pelos alunos que têm ou tiveram
experiência profissional nos diferentes momentos é possível verificar que os alunos com
experiência profissional fora do ambiente académico são os que assumem maior importância
às competências.
40
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Fora do ambiente
Durante a Licenciatura Durante o Mestrado
Componentes / académico
Competências Teste e Nível Teste e Nível Teste e Nível
Média Média Média
significância significância significância
Competências Gerais
t (145) = -0,851 t (145) = -1,100 t (145) = 0,720
Ambição e Justiça 3,75 3,7 3,85
p = 0,396 p = 0,273 p = 0,473
t (145) = -1,854 t (145) = -0,359 t (145) = 1,158
Análise de risco 4,3 4,38 4,47
p = 0,066 p = 0,720 p = 0,249
Aprendizagem t (145) = -0,674 t (145) = 1,015 t (145) = -0,210
4,56 4,67 4,58
contínua p = 0,501 p = 0,312 p = 0,834
t (145) = -1,706 t (145) = -0,718 t (145) = 1,589
Atenção e Escrita 4,29 4,32 4,44
p = 0,090 p = 0,474 p = 0,114
Atendimento ao t (145) = -1,904 t (145) = 0,720 t (145) = 1,250
4,09 4,31 4,32
cliente p = 0,059 p = 0,473 p = 0,213
t (145) = -0,312 t (145) = -0,183 t (145) = 2,641
Automotivação 4,29 4,29 4,46
p = 0,756 p = 0,855 p = 0,009
t (145) = -0,387 t (145) = -0,637 t (145) = 1,196
Autopromoção 3,6 3,56 3,72
p = 0,699 p = 0,525 p = 0,234
Cidadania / t (145) = -0,924 t (145) = 0,415 t (145) = 1,701
4,07 4,18 4,24
Integridade p = 0,357 p = 0,679 p = 0,091
Comunicação, t (145) = -0,596 t (145) = -0,754 t (145) = 1,737
Relacionamento e 3,94 3,91 4,06
Inovação p = 0,552 p = 0,452 p = 0,084
Conhecimentos t (145) = 0,499 t (145) = -0,559 t (145) = -0,344
4,77 4,71 4,73
técnicos p = 0,618 p = 0,577 p = 0,731
Ética e t (145) = -1,300 t (145) = 0,658 t (145) = 1,022
4,5 4,6 4,6
Profissionalismo p = 0,196 p = 0,512 p = 0,309
t (145) = 0,780 t (145) = 0,526 t (145) = 1,056
Flexibilidade 4,36 4,36 4,37
p = 0,437 p = 0,600 p = 0,293
t (145) = -1,486 t (145) = -0,301 t (145) = 2,365
Gestão da mudança 4,11 4,18 4,33
p = 0,140 p = 0,764 p = 0,019
t (145) = -0,851 t (145) = -1,059 t (145) = 2,300
Gestão e Decisão 4,03 3,99 4,18
p = 0,396 p = 0,292 p = 0,023
t (145) = -0,178 t (145) = -0,339 t (145) = 1,697
Informática 4,39 4,37 4,47
p = 0,859 p = 0,735 p = 0,092
t (145) = 0,234 t (145) = 1,203 t (145) = 0,268
Interdisciplinaridade 4,44 4,53 4,44
p = 0,815 p = 0,231 p = 0,789
t (145) = -0,204 t (145) = -1,248 t (145) = 2,065
Língua estrangeira 3,64 3,51 3,81
p = 0,839 p = 0,214 p = 0,041
Mensuração / t (145) = -0,207 t (145) = -0,719 t (145) = 2,135
4,14 4,09 4,28
Maturidade p = 0,836 p = 0,473 p = 0,034
Pensamento t (145) = -1,027 t (145) = 2,137 t (145) = 1,160
4,13 4,4 4,27
independente p = 0,306 p = 0,034 p = 0,248
t (145) = -0,934 t (145) = -0,346 t (145) = 0,222
Propensão ao risco 3,36 3,4 3,47
p = 0,352 p = 0,730 p = 0,824
Tenacidade / t (145) = -2,049 3,96 t (145) = -0,233 4,07 t (145) = 2,012
4,2
Confiança p = 0,042 p = 0,816 p = 0,046
t (145) = -1,033 t (145) = -1,164 t (145) = 1,755
Trabalho em equipa 4,2 4,16 4,38
p = 0,303 p = 0,246 p = 0,081
41
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Fora do ambiente
Durante a Licenciatura Durante o Mestrado
Componentes / académico
Competências Teste e Nível Teste e Nível Teste e Nível
Média Média Média
significância significância significância
Competências Tecnológicas
t (145) = 0,525 t (145) = -1,792 t (145) = 0,596
Comércio online 3,44 3,2 3,44
p = 0,600 p = 0,075 p = 0,552
Segurança e t (145) = 0,541 t (145) = 0,084 t (145) = 0,774
3,9 3,87 3,91
controlo informático p = 0,590 p = 0,933 p = 0,440
t (145) = 0,734 t (145) = -1,891 t (145) = 1,403
Gestão informática 3,92 3,72 3,95
p = 0,464 p = 0,061 p = 0,163
Programação e t (145) = -0,439 t (145) = -0,455 t (145) = 0,443
3,23
Sistemas 3,25 3,3
Operativos p = 0,661 p = 0,650 p = 0,658
Softwares de t (145) = -0,659 t (145) = -0,780 t (145) = 0,818
Navegação,
4,15 4,13 4,23
Comunicação e p = 0,511 p = 0,437 p = 0,415
Cálculo
t (145) = -0,258 t (145) = -0,891 t (145) = 0,329
Softwares Diversos 3,82 3,75 3,85
p = 0,797 p = 0,374 p = 0,743
Fonte: Elaboração Própria
relevantes
Após a realização do teste (vide Tabela 17), pode-se afirmar que não existem evidências
estatísticas para afirmar que a diferença entre a média de avaliação da importância das
competências atribuída pelos alunos que frequentam uma Licenciatura e a atribuída pelos
alunos que frequentam um Mestrado é significativa.
42
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
43
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
No que diz respeito às competências gerais, a literatura indica que a comunicação, seja oral ou
escrita, é crucial para o desempenho da profissão de contabilista (Dzuranin et al., 2018; Yanto
et al., 2018; Domingos, 2017; Bruna et al., 2017; Lim et al., 2016; Towers-Clark, 2015;
Fernandes, 2014; Bui and Porter, 2010; Jackling and De Lange, 2009; Kavanagh and Drennan,
2008; Hassall et al., 2005). Contudo, os dados recolhidos afirmam que os estudantes não as
consideram como as mais relevantes. De entre as 47 competências gerais a serem avaliadas, a
comunicação oral é considerada como a vigésima oitava mais importante (4,17) e a
comunicação escrita como a vigésima quarta (4,20). Pelo que não estão consideradas entre as
10 competências mais cruciais do ponto de vista dos estudantes.
Para além da comunicação, o trabalho em equipa e o pensamento crítico também são vistos
como sendo competências importantes (Bruna et al., 2017; Domingos, 2017; Lim et al., 2016;
Fernandes, 2014; Jackling and De Lange, 2009; Hassall et al., 2005). De salientar que, segundo
o The Financial Times 2018 Skills Gap, estas competências estão consideradas entre as 5
competências mais importantes (Nilsson, 2018). Pelos dados obtidos, no ponto de vista dos
alunos, estas competências são também consideradas importantes, uma vez que estão presentes
no top 20 das mais importantes e com médias superiores a 4,2.
Entre as mais importantes, a literatura destaca a importância dos atuais contabilistas e dos
recém-graduados estarem dispostos a aprender de forma contínua (Dzuranin et al., 2018; Bruna
et al., 2017; Lim et al., 2016). Os alunos inquiridos também consideram como uma das mais
importantes, uma vez que atribuíram, em média, uma importância de 4,56 em 5 e indicaram
como a quarta mais importante das competências gerais.
Além destas competências gerais muito evidenciadas na literatura, os dados obtidos permitem
concluir que os alunos atribuem extrema importância às competências ligadas à ética
profissional e moral. Este facto é patente nas medidas descritivas da componente “Ética e
Profissionalismo”, que engloba as competências “Atitude profissional”, “Consciência ética”,
“Ética profissional” e “Valores”, dado que apresenta uma média de 4,53 (considerado “Muito
Importante” a “Extremamente Importante”), com um desvio-padrão de 0,515. Para além da
ética, os alunos também destacam a extrema importância dos conhecimentos técnicos e dos
softwares de Contabilidade. Estas competências estão no top 5 das mais determinantes para o
dia a dia de um contabilista, com médias superiores a 4,5 em 5. Isto vai de encontro ao referido
na literatura supramencionada, pelo facto de os recrutadores referirem que é essencial os recém-
graduados terem estes conhecimentos para um bom desempenho futuro.
44
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
45
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Após a análise das competências mais relevantes do ponto de vista dos alunos, esta investigação
teve como segundo objetivo perceber a influência da experiência profissional e do grau
académico na importância atribuída pelos alunos às competências.
Para os alunos com experiência profissional na área da Contabilidade, o teste estatístico indicou
que também não existem evidências estatísticas para afirmar que as diferenças entre a
importância atribuída por alunos com ou sem experiência nesta área são significativamente
diferentes. Porém, na maioria das competências (gerais e tecnológicas) são os alunos que têm
ou tiveram experiência profissional na área da Contabilidade que atribuíram um maior peso.
Numa análise mais pormenorizada, os alunos que têm ou tiveram experiência profissional no
período de 7 a 9 meses são aqueles que conferem maior importância às competências, quer
gerais quer tecnológicas. Por oposição, os alunos com menos de 1 mês de experiência são
aqueles que conferem uma menor relevância às competências. Contudo, nas competências
vistas como as mais importantes pela literatura são os estudantes com experiência profissional
com mais de 7 meses que atribuíram, em média, uma maior importância.
No que diz respeito ao momento da experiência, é de constatar que não existem diferenças
significativas entre a importância atribuída pelos alunos que têm ou tiveram a experiência
profissional durante a Licenciatura, o Mestrado ou fora do ambiente académico. Porém, a nível
geral, os estudantes que têm ou obtiveram experiência profissional fora do ambiente académico
são aqueles que percecionam como mais importantes as competências, quer gerais quer
tecnológicas.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Pelo que, respondendo à última questão de investigação, o grau académico não influencia a
perceção dos estudantes na importância atribuída às competências. Esta constatação refuta
aquilo que está evidenciado na literatura (Low et al., 2016), na medida em que os alunos a
frequentar uma Licenciatura já têm a noção das competências mais importantes para o exercício
da profissão de contabilista.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
5. Conclusões e Limitações
O mundo do trabalho sofreu grandes mudanças com a entrada no século XXI. A globalização
e o grande desenvolvimento tecnológico levaram a que muitos empregos passassem a abranger
novos conceitos, competências e procedimentos que outrora eram impensáveis para o
desempenho dos mesmos. Para aqueles que pretendem ter sucesso na área da Contabilidade, os
candidatos devem ter um melhor conhecimento da vida empresarial e deter um conjunto mais
vasto de competências, uma vez que, atualmente, um contabilista tem um papel fundamental na
estratégia de uma empresa e interage com diferentes pessoas de diversas funções (Bruna et al.,
2017; Lim et al., 2016). Apesar da extrema importância do conhecimento contabilístico,
segundo os recrutadores um contabilista deve ter capacidade de análise de contas/resultados, de
utilização de aplicações informáticas e uma boa capacidade comunicativa, de aprendizagem e
de trabalho em equipa (Dzuranin et al., 2018; Yanto et al., 2018; Janvrin and Watson, 2017;
Bruna et al., 2017; Domingos, 2017; Lim et al., 2016; PwC, 2015; Spraakman et al., 2015;
Towers-Clark, 2015; Fernandes, 2014; Bui and Porter, 2010; Jackling and De Lange, 2009;
Kavanagh and Drennan, 2008; Hassall et al., 2005).
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Estas evidências permitem inferir que, no ponto de vista dos alunos, um contabilista para ter
sucesso hoje em dia necessita de saber agir e pensar de forma ética, para que o seu trabalho seja
o mais correto, transparente e imparcial possível, dentro dos interesses da organização. Os
alunos também indicam que um contabilista deve estar disposto a apreender de forma contínua
e ser capaz de efetuar uma boa análise de dados, a partir de utilização de aplicações de gestão
e partilha de informação.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Esta investigação tem como intuito dar a conhecer à comunidade académica e empresarial
ligadas à área da Contabilidade a perspetiva dos estudantes portugueses dos cursos de
Contabilidade relativamente às competências mais determinantes para um atual contabilista e
identificadas com base na revisão de literatura. Os dados apresentados neste estudo podem
contribuir para que as IES reflitam sobre a convergência entre quais são as competências que
pretendem que os seus estudantes obtenham durante a sua formação e quais aquelas que esses
estudantes percecionam como as mais importantes. Desta reflexão poderá surgir a promoção de
atividades e/ou de mudanças curriculares por parte das IES, para que os alunos adquiram todo
o conhecimento, experiência e competências necessárias na integração ao mercado de trabalho
e consequente sucesso no desempenho da sua função.
Na elaboração deste estudo, a principal limitação prendeu-se com o número de respostas, que
foram condicionadas, por um lado, pela escolha da divulgação do inquérito via eletrónica, com
o intuito de abranger o maior número de alunos possível, e, por outro lado, a impossibilidade
de recolha dos endereços eletrónicos diretamente aos alunos ao abrigo do RGPD, o que levou
ao pedido de divulgação do inquérito via e-mail aos coordenadores e diretores de curso.
Para futuras investigações nesta área, para além da intenção de continuar a recolher dados para
eventualmente aumentar a amostra a validar os resultados obtidos até ao momento, sugere-se
um comparativo das conclusões obtidas neste estudo com as perceções dos recrutadores, de
forma a entender se ainda existe efetivamente um gap de expetativas entre os estudantes e os
recrutadores. Uma outra investigação, decorrente das conclusões do atual estudo, seria o detalhe
das competências na vertente tecnológica, uma vez que a contabilidade na era digital é uma das
grandes temáticas atuais quando ao desenvolvimento futuro da profissão. Sugere-se, assim, que
se elabore um estudo comparativo entre as competências na área tecnológica exigidas
atualmente pelos recrutadores de profissionais na área da Contabilidade em Portugal, e as
perceções dos estudantes nesta mesma área.
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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DE UM CONTABILISTA: VISÃO DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
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Anexos
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Bom Dia,
O meu nome é Flávio Vinagre, sou aluno do 2º ano do Mestrado em Contabilidade no ISCTE-
IUL e neste momento estou a elaborar a minha dissertação para obter o grau de Mestre em
Contabilidade, sob orientação da Professora Doutora Ana Isabel Lopes, docente na mesma
instituição.
A minha dissertação tem como tema a perceção dos alunos dos cursos de Contabilidade em
relação às competências essenciais para o sucesso no atual mercado de trabalho. Com esta
dissertação pretendo perceber se as valências percebidas pelos alunos quanto às competências
a adquirir vão de encontro àquilo que estudos anteriores referem que é exigido pelos
recrutadores na área da Contabilidade.
[Assinatura]
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cursos de Contabilidade
Este inquérito é efetuado no âmbito da realização da minha dissertação para obter o grau de
Mestre em Contabilidade no ISCTE-IUL. Com este questionário, pretendo saber a perceção dos
estudantes do ensino superior acerca das competências mais importantes que um atual
contabilista deve ter. Esta dissertação tem a orientação da Professora Doutora Ana Isabel Dias
Lopes, Diretora do Mestrado em Contabilidade do ISCTE-IUL. A informação recolhida deste
questionário é anónima e só é tratada para efeitos da dissertação. Obrigado pela sua
colaboração.
Aceito participar neste estudo e permito a utilização dos dados fornecidos, confiando que
os mesmos serão utilizados apenas para esta investigação com a garantia de
confidencialidade e anonimato.
Sim
Competências Gerais
1 2 3 4 5
Análise de risco (Saber analisar os riscos associados a uma situação)
Analítica (Capacidade de observar as coisas com muita atenção)
Apreciação intercultural (Saber aceitar pessoas com outros ideais)
Aprendizagem contínua (Estar sempre disposto a aprender)
Argumento lógico (Saber argumentar baseado no bom senso)
Atendimento ao cliente (Reconhecer as necessidades e garantir a
satisfação dos clientes)
Atitude profissional (Agir de forma profissional)
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Competências Tecnológicas
1 2 3 4 5
Análise de sistemas
Comércio online
Gestão das operações informáticas
Gestão de ficheiros e diretorias
Gestão de projetos
Gestão de tecnologia e orçamento
Hardware de computador
HTML e outras programações web
Internet
Intra/Extranets
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Linguagens de programação
Outros sistemas operativos
Planeamento e estratégia de sistemas de informação
Segurança e controlo informático
Software de apresentação (Microsoft Powerpoint)
Software de base de dados
Software de folhas de cálculo (ex: Microsoft Excel)
Software de processamento de texto (ex: Microsoft Word)
Software gráficos (ex: Adobe)
Softwares de comunicação (ex: Outlook)
Terminologia tecnológica
Windows
Dados Biográficos
3. Sexo
Homem
Mulher
4. Idade
Menos de 18 anos
18-20 anos
21-23 anos
24-26 anos
Mais de 26 anos
Licenciatura
Mestrado
Mestrado integrado
Outra: ______________
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Pública
Privada
________________________
Sim
Não
Sim
Não
8.2. Há quantos meses está (ou esteve) nas várias experiências profissionais?
Menos de 1 mês
1-3 meses
4-6 meses
7-9 meses
10-12 meses
12-24 meses
Mais do que 24 meses
Durante a Licenciatura
Durante o Mestrado
Fora do ambiente académico
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Antes da introdução dos dados obtidos pelo inquérito é importante avaliar as respostas dadas
ao mesmo, uma vez que pode haver erros na introdução dos dados ou respostas dadas
incorretamente (Ferreira and Sarmento, 2009).
Grau académico
Na análise das respostas foram consideradas válidas as respostas em que estavam bem
identificadas as IES, isto é, pelo seu nome completo ou pelas suas siglas, e que, segundo a
DGEEC (2019), administravam cursos em Contabilidade no ano letivo 2017/2018.
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