Apostila - Coaching Parental

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Coaching Parental
Priscila Tenenbaum

O trabalho com pais na terapia do esquema é tão, ou mais, importante


quanto na Terapia Cognitivo Comportamental, pois compreendemos que entes
têm papel importante no desenvolvimento dos sintomas, seja pelo não
atendimento às necessidades básicas da criança, através da modelação de
comportamentos ou modelares inconsistente ou mesmo na própria química
esquemática que leva a perpetuação dos problemas. Por isso, no atendimento
a crianças em terapia do esquema se faz imprescindível conhecer os esquemas
dos pais e seus modos de enfrentamento disfuncionais, assim como o
envolvimento dos pais para dar suporte as mudanças e ao atendimento as
necessidades emocionais básicas dos filhos. Um olhar sistêmico faz-se
fundamental para a compreensão da queixa, seu surgimento, função e
manutenção, assim como promove mudanças mais profundas e duradouras na
relação pai e filho e com isso promovendo a melhoria do sintoma.
Também conhecido como Coaching Parental em Esquemas, é uma
forma de psicoeducar os pais e acompanha o curso do atendimento a criança.
Tem ênfase no ensinamento das necessidades básicas. Esquemas e modos, e
fortalece os pontos fortes e habilidades de cada membro do sistema familiar.
O estudo dos esquemas abrange cinco domínios relacionados a
necessidades básicas que podem indicar o desenvolvimento de esquemas
disfuncionais mal adaptativos. Eles são:

Domínio Descrição Características da família de


origem
Desconexão e Expectativa de que Fria, desligada, rejeitadora,
rejeição. as necessidades de isoladora, imprevisível ou
segurança, abusadora.
estabilidade,
aceitação, empatia não
serão satisfeitas.

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Autonomia e Expectativa de pouca Superprotetora, emaranhada,
desempenho capacidade de sobreviver, destruidora da confiança da criança;
prejudicados. funcionar não consegue reforçar a criança a ter
independentemente e agir um desempenho competente fora da
com sucesso. família.

Limites Deficiência nos Permissividade, falta de direção;


Prejudicados. limites internos; senso de permissividade; excesso de
dificuldade em respeitar indulgência.
os direitos dos outros.

Orientação Foco excessivo nos Aceitação condicional, em que as


para o outro. desejos, sentimentos dos crianças devem suprimir aspectos
outros, comprometendo importantes de si para obter amor,
as próprias necessidades. aceitação social ou status; as vontades
dos pais são mais importantes que os
desejos e necessidades das crianças.

Supervigilância Ênfase excessiva no Severa, exigente, punitiva,


a e inibição. controle dos impulsos, perfeccionista (escondendo emoções e
diminuição da evitando erros), propensão ao
espontaneidade; há uma pessimismo e a preocupações de que as
preocupação de que as coisas não vão dar certo.
coisas irão
desabar se houver
falha na vigilância.

Podemos identificar a importância de orientar as famílias, a fim de


prevenir o desenvolvimento desses esquemas desadaptativos ou mesmo

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reestabelecer uma relação menos punitiva e demandante e mais afetuosa e
baseada em orientação (como um guia) e limites consistentes, e com isso
propiciar maior disciplina, persistência, controle do impulso, autorregulação,
autoconfiança, aceitação, pertencimento, dentre outras características
importantes para o desenvolvimento de uma criança saudável.
A relação existente entre os modos pais punitivo e hiperdemandante e o
estilo parental Autoritário são claras e vem sendo estudadas (MATIAS, 2016).
Auxiliar os pais a conhecerem suas práticas parentais tal como os estilos
parentais mais frequentemente adotados por eles promove maior
metacognição a respeito de seu próprio comportamento. Assim o uso de
questionários tais como o IEP - Inventário de Estilos Parentais (Gomide, 2006)
ou o QEP - Questionário de Estilos Parentais (CAMPOS E CRUZ, 2011)
permitem avaliar os estilos parentais no que diz respeito a responsividade e
limites, como classificados por Baumrind (1989) em Permissivo, autoritário,
negligente e autoritativo.

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Estilo parental Relação entre Consequências Exemplos
limite e afeto para a criança

Autoritário Pouco afeto e Afastamento Estratégias


muito limite. emocional dos punitivas são
Acreditam que o pais. Forma um usadas com mais
medo é o EU inseguro de frequência,
caminho para o sua capacidade assim como

respeito. O de agir no ordens

desejo da criança mundo. Pode imperativas e

raramente é gerar ameaças severas

levado em conta comportamento


desafiador e
opositivo, assim
como depressão
e evitação do
convívio familiar

Participativo Equilíbrio entre Desenvolve o Proximidade dos


limites e afeto. senso de laços afetivos.

Pais consideram negociação e Pais reforçam

e validam as respeito. positivamente o

necessidades da Assertividade comportamento

criança, ainda para expressar de seus filhos:

colocando sem medo seus “Joia, gostei de

respeito e limite, desejos e ver, muito bem,

por meio da pensamentos. você consegue”,

admiração e do Autoconfiança ao mesmo tempo

amor de ser capaz de que os convida a


agir no mundo resolver

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Permissivo Muito amor e Criança Pais deixam de

pouco limite. egocêntrica e assistir ao jornal

Pais, em geral, autocentrada. para que os

acreditam que a Acha-se com filhos vejam

criança deve se mais direitos do desenho. Não

desenvolver que os demais no ensinam a

sozinha e mundo. Sente-se criança a

depositam muita o SUPER. Ao esperar, não

expectativa na mesmo tempo, convidam a

capacidade de não se fortaleceu criança a

escolha do filho. emocionalmente, participar

Por culpa, apresentando ativamente da

insegurança ou fragilidade rotina familiar,

falta de emocional e etc. “Filhos

assertividade dificuldade de egoístas, pais

pessoal, dizem lidar com abandonados”

mais SIM do que negativas e

NÃO e abdicam desafios da vida

das próprias
necessidades,
colocando as do
filho sempre na
frente

Negligente Pouco afeto e Ou a criança se Pais ignoram e


pouco limite. perde no mundo, não participam
Pais não estão buscando outras da vida das

envolvidos com fontes de crianças.

o desafio de validação, ou Crianças passam

educar. Não torna-se um muito tempo em

atendem a adulto muito frente à TV e

necessidades cedo sem ter o jogando games

básicas da direito infantil de


criança, brincar e
atribuindo muita descobrir
responsabilidade talentos e
habilidades

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Texto retirado do capítulo escrito por Priscila Tenenbaum sobre necessidades básicas e uma
Parentalidade boa o bastante do Livro de Terapia do Esquema para crianças organizado por
Aline Reis e publicado pela editora Episteme em 2018.

Psicoeducar aos Pais Sobre a Interação dos Modos das Crianças e os


Modos de Enfrentamento dos Pais.
Desenvolver uma formatação esquemática que inclui:
• Regras da família, papéis de cada membro e a constelação familiar.
• Hipotetizar a função do sintoma na família e a interação dos padrões.
• Identificar os modos e esquemas dos pais, explorando um pouco
infância dos pais, realizando genograma familiar para compreender a
transgeracionalidade dos problemas.
• Loose (2018) sugere o uso do Family-board Tabuleiro da família, que
seria uma superfície de madeira com figuras que representasse os membros
da família e figuras que representam os esquemas para compreender como a
família funciona com a entrada e saída de um esquema.

• Loose propõe ainda um outro andar , onde se coloca a constelação da


família de origem dos pais (pais como crianças) e a constelação presente. E
notar como o esquema se mantem aparente e qual o efeito do “velho” esquema
na família da criança.
• Reconhecer os botões emocionais dos pais que são acionados por quais
comportamentos das crianças.

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• Criar um mapa de modos que integre os modos dos pais e da criança.
• Identificar o legado e o impacto da transgeracionalidade dos esquemas.
• Promover um guia prático de como lidar com os comportamentos das
crianças em seu modo de enfrentamento disfuncional a fim de atender suas
necessidades emocionais.

9 Elementos Que Não Podem Faltar no Coaching de Esquemas Parental Segundo


Loose 2018

1. Clarificar o objetivo (qual o comportamento da criança que precisa ser


trabalhado e qual a química esquemática mantenedoura)

2. Investigar recursos parentais1


3. Explorar as necessidades básicas dos pais, também como casal
4. Educar sobre a importância dos esquemas e modos
5. Desenvolver esquemas terapêuticos da explicação sobre os modos (usando
cartas, cadeiras, bonecos, desenhos esquemáticos dos modos, etc.) 2
6. “Correção” dos modos e esquemas parentais (identificar onde está a ativação
esquemática dos pais e buscar agir como adulto saudável/pai acolhedor e guia
compassivo no lugar de pai punitivo hiperdemandante)
7. Guiar os pais para lidar com as dificuldades de sua própria criança vulnerável
8. Desenvolver atividades e rituais positivos em família (filme em família, quinta-
feira “just dance”, dia dos meninos, dia das meninas, etc.)
9. Indicar intervenções futuras de acordo com a necessidade (terapia de casal,
treinamento de habilidades sociais, manejo de rivalidade entre irmão, terapia
individual, etc.)

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Modos Comuns Que Encontramos Nos Pais:
• Adulto saudável: tolera frustração e atende suas
próprias
necessidades. No cuidado com os filhos, apresenta dedicação, sem
grandes exigências, e aceita participação de outros cuidadores para
descansar e se divertir.
• Pais felizes: experiências de vínculo, conexão harmoniosas –
sorrisos correspondentes entre pais-filhos
• Modo criança zangada/irritada: surge quando as necessidades
dos pais são frustradas (sono, descanso, lazer ou sucesso) em
situações de sobrecarga, ou choro da criança. Quando o cuidador e
solteiro, ou tem pouco recurso psicossocial pode gerar reações de raiva
contra a criança, seguido de culpa ou vergonha, podendo em caso extremo
ocorrer maus tratos com o bebê.
• Modo país punitivo/exigente: humor irritado, gerado pela
privação de sono pode ativar o modo punitivo-exigente. A
autodesvalorização (existem mães melhores) ou a preocupação

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exagerada com o filho, geralmente apresentam o modo pai punitivo
exigente através de críticas duras a pequenos problemas e busca pelo
perfeccionismo.
• Evitação: pais podem, ao terem ativado seu esquema de abandono,
responder evitando contato visual, interações lúdicas e cuidando de forma
mecânica, provocando vínculo inseguro e pouca expressão de afeto,
confirmando a crença materna de rejeição e desconexão.
• Protetor desligado: pode aparecer na depressão pós-parto e
manifesta-se como um desligamento ou desorientação por parte do
cuidador. Pode também ser visto como esquiva para o trabalho ou redes
sociais.
• Modo agressor: causado pelos limitação da vida social e de lazer
gerada pela maternidade
• Hipercomepsação: pode ativar o modo criança vulnerável, monitorando
excessivamente a fim de evitar catástrofe. País com desconfiança e abuso
podem atender imediatamente a qualquer grunhido do bebê, ignorando
tentativas do bebê de autorregulação. O choro pode ser interpretado como
hostil em relação aos pais.

As Necessidades dos Pais:


• As necessidades dos pais: o estresse diário anula o atendimento
das necessidades dos pais (o sono, descanso, relaxamento, saúde,
vitalidade, integridade física, segurança, fornecimento de bens essenciais
e segurança financeira), provocando dificuldades na sua capacidade ou
vontade de responder apropriadamente as necessidades de seus filhos
• Os estilos parentais: são importantes tanto para o
desenvolvimento ou prevenção dos EDIs (por exemplo: desligado,
autoritário).

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Cartão de enfrentamento de Modos Parentais
1. Emoções e Situação:
Quando meu filho (comportamento gatilho)

A primeira coisa que eu sinto é

2. Modo disfuncional e identificação da necessidade


Eu sei que provavelmente, o meu modo disfuncional que aparece primeiro
e
quando ele é ativado é difícil resistir e acabo
(comportamento)
No lugar de evitar os sentimentos desagradáveis desse modo, eu
ativamente trago o modo disfuncional

que é capaz de atender – ou pelo menos pelo momento – minhas


necessidades
de

3. Como aprendi o modo disfuncional


Eu aprendi este modo de lidar problemático com (quem e quando – anote aqui
experiências e pessoas que te influenciaram)

4. Modo saudável/competente
Tenho muitas evidências que eu realmente tenho uma parte competente em
mim; Eu chamo esse lado

E este meu lado sabe que (anote por que o seu lado competente inteligente é

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bom pra você)

As evidências que este modo realmente mora em mim são:

5. Comportamento Competente

No futuro, quando meu modo disfuncional


for ativado, e eu sei que este
modo traz mais prejuízos do que benefícios na minha relação com meu
filho/a, eu escolho mudar para o modo
competente

e fazer o seguinte:

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