Seminário III AÇÕES TRIBUTÁRIAS ANTIEXACIONAIS

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 4

Módulo Incidência e Crédito Tributário

SEMINÁRIO III - AÇÕES TRIBUTÁRIAS ANTIEXACIONAIS:


DECLARATÓRIA, ANULATÓRIA E CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Questões

1. Quanto à ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária,


pergunta-se:
a) Quando nasce o interesse processual para sua propositura?

Quando alguma das partes tem interesse em obter uma decisão judicial para que
seja declarada a inexistência da relação jurídica tributária entre o contribuinte e
o Fisco.

b) O manejo do referido instrumento processual em momento anterior à


constituição do crédito configura questionamento de “lei em tese”?
Aponte o que é questionamento de “lei em tese”.

Lei em tese é quando não está aplicado ao caso concreto, portanto, não
configura, considerando que o instrumento processual em momento anterior à
constituição do crédito, uma vez que será discutido quando a ocorrência ou não
do fato gerador.

c) Há interesse jurídico na sua propositura após a expedição do ato


constitutivo do crédito tributário? Em caso afirmativo, quais seriam os
efeitos da referida tutela jurisdicional? (Vide anexos I e II)

Após a expedição do ato constitutivo não cabe a ação declaratória de


inexistência de relação jurídica tributária, para tanto é necessário a interposição
da ação anulatória, somente assim poderá ser anulado o crédito tributário.

d) O que pode justificar a escolha pela propositura de uma ação


declaratória de inexistência de relação jurídica tributária ao invés de um
mandado de segurança preventivo?

O mandado de segurança preventivo exige que exista o direito líquido e certo,


portanto, não haverá produção de provas neste instrumento constitucional, é
necessário que tenham provas pré constituídas, portanto, se o caso concreto
necessitar de produção de provas o mandado de segurança preventivo não é o
instrumento correto. Dessa forma, a ação declaratória de inexistência de relação
jurídica é a via mais ampla para tanto.
Módulo Incidência e Crédito Tributário

2. Quanto à ação anulatória de débito fiscal, pergunta-se:


a) É viável a propositura de ação anulatória para desconstituição de
relação jurídica constituída pelo próprio contribuinte com a
apresentação de informações ao Fisco no cumprimento de um dever
instrumental, no qual foi apurado o valor do tributo devido, mas esse
valor ainda não foi pago?

Sim, pelo fato do contribuinte ser responsabilizado pelo pagamento do crédito


tributário, ainda que o valor não foi pago, tem legitimidade para promover a ação
anulatória de débito fiscal.

b) É possível buscar a anulação de crédito tributário que foi inserido em


parcelamento, considerando que o sujeito passivo precisou assinar
termo de confissão dessa dívida para aderir a esse parcelamento? E se
esse crédito já estava prescrito no momento do parcelamento? Sob qual
fundamento seria possível questionar esses créditos já confessados?
(Vide anexos III, IV e V)

O parcelamento é indiferente para a ação anulatória, tanto quanto a confissão


não impede o questionamento para discussão judicial, sendo respeitados os
prazos prescricionais para que haja a discussão na via judicial, o seu fundamento
se encontra quando se comprova o erro de fato, passíveis de invalidade de sua
confissão posteriormente, bem como, declarado nulo o ato jurídico.

c) Qual é o prazo prescricional para a propositura da ação anulatória de


débito fiscal? É possível ingressar com ação anulatória de débito após
a propositura da ação executiva fiscal? E após o transcurso do prazo
para apresentação dos embargos à execução?

Prazo prescricional de cinco anos, sim, é possível ingressar com ação anulatória
de débito após a propositura da ação de execução fiscal, bem como, se estende
aos embargos à execução.

d) A propositura de ação anulatória depende da realização do depósito


do valor do crédito tributário que está sendo discutido?

Não depende de depósito do valor do crédito tributário, a não ser que o


contribuinte queira garantir o juízo, com fim de obter o efeito suspensivo.

3. O que caracteriza os institutos da conexão, da continência e da


prejudicialidade? Quais dessas relações podem existir entre a ação
anulatória de débito, a ação executiva fiscal e os embargos à execução
fiscal? Qual é o juízo competente para julgá-las? Deverão ser reunidas
Módulo Incidência e Crédito Tributário

para julgamento conjunto? Responder a essa pergunta, com base nas


disposições do código de processo civil de 2015 que tratam da
modificação da competência (artigos 54 a 63). (Vide os anexos VI, VII, VIII
e IX)

Na conexão temos como característica causas que veiculam a mesma relação


jurídica, sem identificação das partes, já na continência a causa veicula apenas
uma das partes, é a relação de duas causas. A prejudicialidade é a perda da
possibilidade da apreciação de uma ação quando decorre de uma perda de
oportunidade.
Entre a ação anulatória de débito, a execução fiscal e os embargos à execução
pode ocorrer a conexão, no sentido de que a discussão judicial na anulatória
estará questionando legitimidade de débitos tributários, que estão inscritos em
dívida ativa, que poderá estar sendo cobrado em execução fiscal.
O juízo competente será o prevento, conforme artigo 58 e 59 do CPC, ou seja
aquela que foi distribuída primeiro.
Poderão ser reunidas para julgamento caso as competências sejam relativas, e
que nenhum dos processos tenha sentença proferida.

4. Você é procurado pela empresa AZT Foods do Brasil Ltda que lhe
apresenta o seguinte caso concreto:
Em função de sua atividade a empresa AZT Foods do Brasil Ltda. está
sujeita ao pagamento de determinado tributo pela venda de seu produto.
Nos últimos 3 anos, em função de algumas dificuldades financeiras, ela
não pagou o tributo devido (e sequer informou seus débitos ao Fisco),
pretendendo fazê-lo agora por se encontrar em melhores condições
financeiras. Contudo, em função do inadimplemento, a confissão do
débito para fins de “denúncia espontânea” está sujeita a multa de 45%
do valor da operação (venda de seu produto), cuja instituição se deu por
ato normativo infralegal.
A AZT solicita um parecer em que você deverá apontar:
(a) a estratégia processual (a medida judicial ou medidas judiciais) a ser
adotada para a defesa dos seus interesses, devendo ser justificada a
opção da(s) medida(s), com a indicação do dispositivo de lei que
determina o seu cabimento;
(b) o(s) fundamento(s) jurídico(s) que poderá(ão) ser(em) utilizado(s) para
afastar a exigência dessa multa – causa de pedir;
(c) a necessidade, ou não, de efetivação do depósito judicial;
(d) o pedido da ação (ou ações);
(d) o efeito da sentença pretendido com a ação (ou ações).

A medida judicial que deverá ser adotada neste caso é a ação anulatória, pelo
artigo 151, II do CTN, será suspensa a exigibilidade do crédito tributário quando
Módulo Incidência e Crédito Tributário

houver depósito do seu montante integral, desse modo, há necessidade da


efetivação do depósito judicial.
Quanto ao pagamento da multa que se deu por ato normativo infralegal, poderá
ser afastado justamente pelo veículo que foi utilizado, uma vez que o artigo 97,
V e 113, §2º do CTN determinam que somente a Lei pode estabelecer as
penalidades, neste sentido, a obrigação acessória decorre de legislação
tributária. A sentença produzirá efeitos declarando que os tributos recolhidos
são devidos, afastando a multa, logo sem sua incidência.

5. Na ação de consignação em pagamento, o que extingue a obrigação


tributária: (i) a consignação em pagamento; (ii) a conversão em renda do
valor consignado; (iii) a sentença que julga procedente a ação de
consignação em pagamento; ou (iv) a decisão judicial de procedência da
ação transitada em julgado? Fundamente sua resposta.

Conforme o artigo 164, §2º do CTN, a ação de consignação em pagamento


extingue a obrigação quando julgada procedente a consignação, posteriormente
será convertida em renda.

6. Contribuinte sediado no Estado de São Paulo tem lavrado em seu


desfavor auto de infração de ICMS pelo Estado do Mato Grosso
(problemas atinentes à documentação fiscal que acompanhava a
mercadoria, bem como ao não destaque do diferencial de alíquotas
supostamente devido ao Estado do Mato Grosso). Inconformado com
essa situação, referido contribuinte lhe procura para que ajuíze ação
anulatória, questionando-lhe, nessa ocasião, acerca do foro competente
no qual deve ser processada a referida ação. Apresente, de forma
fundamentada, sua resposta a esse questionamento, analisando o caso
à luz da regra veiculada no parágrafo único do artigo 52 do Código de
Processo Civil/15.

O artigo 52 do CPC determina que é competente o foro de domicílio do réu para


causas em que o autor seja o Estado ou DF. Neste sentido, no presente caso,
pode ser o foro do domícilio da empresa que declara o tributo, ou ainda, local ou
fato da situação da coisa.

Você também pode gostar