Direito Administrativo - Ato Administrativo
Direito Administrativo - Ato Administrativo
Direito Administrativo - Ato Administrativo
ATOS ADMINISTRATIVOS
Barra do Corda – MA
2021
ASSÍRIA MEDEIROS AZEVEDO
ATOS ADMINISTRATIVOS
Barra do Corda – MA
2021
1. INTRODUÇÃO
Segundo José dos Santos Carvalho Filho não há uniformidade entre os autores
quanto a um conceito de Ato Administrativo. No entanto, inúmeros critérios já têm sido
adotados para definir o ato administrativo. Segundo Di Pietro (2014, p. 202) “merecem
realce os critérios subjetivos e objetivos, o primeiro levando em consideração o órgão
que pratica o ato e, o segundo, o tipo de atividade exercida”.
Ainda segundo Di Pietro (2014, p. 202) “pelo critério subjetivo, orgânico ou
formal, ato administrativo é o que ditam os órgãos administrativos; ficam excluídos os
atos provenientes dos órgãos legislativo e judicial, ainda que tenham a mesma natureza
daqueles”. Sendo assim, serão incluídos todos os Atos da Administração, por serem
emanados dos órgãos administrativos, como os atos normativos do executivo. Esse
critério tem sido criticado por faltar-lhe rigor científico: deixa fora do conceito de ato
administrativo os atos praticados pelo Legislativo e Judiciário e sujeito a idêntico
regime jurídico que os emanados dos órgãos administrativos.
Levando em consideração o critério objetivo, funcional ou material, diz-se que
ato administrativo é somente aquele praticado no exercício concreto da função
administrativa, seja ele editado pelos órgãos administrativos ou pelos órgãos judiciais e
legislativos. Tal critério parte da divisão de funções do Estado: a legislativa, a judicial e
a administrativa. Sendo este o preferido dos doutrinadores da atualidade, no entanto, ele
é insuficiente e procuram acrescentar novos elementos ao conceito. Embora haja três
Poderes, a distribuição das funções entre eles não é rígida; cada qual exerce
predominantemente uma função que lhe é própria, mas, paralelamente, desempenha
algumas atribuições dos outros Poderes.
Assim, a função administrativa cabe, precipuamente, ao Poder Executivo, mas
os outros Poderes, além de disporem de órgãos administrativos, ainda exercem, eles
próprios, função tipicamente administrativa. Juízes e Parlamentares desempenham
algumas atribuições tipicamente administrativas, que dizem respeito ao funcionamento
interno de seus órgãos e servidores. No desempenho dessas funções praticam atos
administrativos. Considerando, pois, as três funções do Estado, sabe-se que a
administrativa caracteriza-se por prover de maneira imediata e concreta às exigências
individuais ou coletivas para a satisfação dos interesses públicos preestabelecidos em
lei.
Pode-se definir ato administrativo como a declaração do Estado ou de quem o
represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime
jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário. Veja que o ato
administrativo constitui declaração do Estado, sujeita-se a regime jurídico
administrativo e produz efeitos jurídicos imediatos. Vale lembrar que três pontos são
fundamentais para a caracterização do ato administrativo.
Em primeiro lugar, é necessário que a vontade emane de agente da
Administração Pública ou dotado de prerrogativas desta. Depois, seu conteúdo há de
propiciar a produção de efeitos jurídicos com fim público. Por fim, deve toda essa
categoria de atos ser regida basicamente pelo o Poder Público. Quanto à manifestação
de vontade, deve assinalar-se que, para a prática do ato administrativo, o agente deve
estar no exercício da função pública ou, ao menos, a pretexto de exercê-la. Essa
exteriorização volitiva difere da que o agente manifesta nos atos da sua vida privada em
geral.
Quando praticado o ato administrativo, a vontade individual se subsume na
vontade administrativa, ou seja, a exteriorização da vontade é considerada como
proveniente do órgão administrativo, e não do agente visto como individualidade
própria. Por isso, é considerado o ato administrativo um ato jurídico. Para tanto, José
dos Santos Carvalho Filho, conceitua o ato administrativo como sendo a “exteriorização
da vontade de agentes da Administração Pública ou de seus delegatários, nessa
condição, que, sob o regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos, com
o fim de atender ao interesse público”.
2.1. Competência
Pode-se definir competência como o conjunto de atribuições das pessoas
jurídicas, órgãos e agentes, fixadas pelo direito positivo. A competência nada mais é do
que o poder-dever atribuído normativamente a órgão ou agente público para o
desempenho de funções administrativas. Ela é um elemento irrenunciável, pois os
órgãos e agentes públicos são apenas gestores do interesse público. Excepcionalmente,
pode haver a avocação, que é quando um ente toma para si a competência de agente
inferior, como também delegação e sua natureza é ordem pública. Já a delegação se dar
quando um órgão de mesma ou hierarquia inferior toma para si as atribuições de algum
órgão, mas que não chega a ter a mesma titularidade.
As características da possibilidade de delegação e avocação, já se encontram
amplamente aceitas pela doutrina, constam hoje em norma expressa na legislação
brasileira. A Lei nº 9.784/99 determina, no artigo 11, que “a competência é
irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria,
salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos”.
2.2. Forma
Tratando-se da forma, é o meio pelo qual o ato se apresenta. A existência de
forma prescrita é uma regra na constituição de atos administrativos, tendo como função
assegurar a segurança jurídica e a observância dos princípios administrativos expressos.
Embora venha a ser editado de forma equivocada, se alcançar a finalidade para o qual
foi criado, poderá ser validado. A forma é sempre passível de controle judiciário.
Defeito na forma ensejará a convalidação, a menos que expressamente a lei estabeleça
modo diverso.
2.3. Finalidade
A finalidade é o fim relacionado ao interesse público que a Administração
pretende alcançar. Tal elemento é previsto em lei (passível de controle pelo Judiciário).
Se não houver observância aos objetivos da finalidade, restará configurado vício
insanável, devendo haver anulação do ato, sem a possibilidade de ser convalidado.
Conforme a alínea “e” do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 4.717/65 ocorre o
desvio de finalidade quando o agente pratica o ato visando fim diverso daquele previsto,
explícita ou implicitamente, na regra de competência.
2.4. Motivo
Motivo é causa necessária à edição do ato administrativo, é o acontecimento
fático ou jurídico que exige ou faculta a ação administrativa. Em outras palavras, é o
elemento do ato, ou seja, um pressuposto fático que fundamenta à sua edição.
É importante diferenciar o motivo da motivação. O primeiro, constitui-se no
propósito pelo qual o ato nasce, o fato necessário para que aquele se concretize. Já na
motivação, se expõe o motivo, traz à tona sua fundamentação. Baseado nisso, surgiu a
“teoria dos motivos determinantes” que sustenta, em síntese, que a validade dos atos
administrativos deve estar ligada aos motivos apontados como seu fundamento. O que
corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam a
administração a efetivar a prática do ato.
2.5. Objeto
O objeto é o efeito jurídico imediato que na órbita administrativa, o sujeito
pretende alcançar através de sua ação. É aquilo que o ato dispõe, isto é, o que o ato
decide, enuncia, certifica, opina ou modifica na ordem jurídica, é a própria medida que
produz a alteração na ordem jurídica. Através dele, a administração manifesta a sua
vontade ou decide sobre situações preexistentes.
6. CONCLUSÃO
Portanto, concluímos que os atos administrativos são de grande importância
para o desenvolvimento da Administração Pública dentro de seus parâmetros, nas
circunstâncias e no contexto prestativo do serviço público. Não só apenas do lado
prático, mas, também do lado teórico, que assegura a eles a possibilidade de expressar a
vontade e o poder da Administração. No que tange ao serviço público prestado à
sociedade, os atos administrativos têm papel relevante, pois traz garantia e segurança
aos direitos da coletividade, declara situações fático-jurídicas e faz jus entre as partes,
contribuindo para o bom funcionamento do Estado, e qualificando o atendimento ao
interesse público.
REFERÊNCIAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 34. ed. São
Paulo: Atlas, 2020.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2020.