11º História 1ºteste

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4.

1 Reforma Protestante
4.1.1 Individualismo religioso e críticas à Igreja Católica
Entre os séculos XIV e XVI o prestígio da igreja católica foi gravemente afetado. O
Grande Cisma do Ocidente dividiu o mundo católico em 2 Papas: Papa Clemente
VII(França) e Papa Urbano VI (Itália).
A Igreja Católica foi acusada de um mau comportamento.

 Não cumpriam o celibato


 Viviam no luxo e ostentação
 Não cumpriam as funções religiosas das paróquias
 Não possuíam vocação
4.1.2 Rutura Teológica
A Reforma Católica passou-se no século XVI devido à ação de Martinho Lutero, monge
alemão. A Reforma Protestante foi disputada pela questão das Indulgências (perdão
das penas devidas pelos pecados perdoados).
Em 1515 O Papa Leão X autorizou a pregação da venda das Indulgências na Alemanha
para arrecadar dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro em Roma. Ora,
muitos crentes compraram as indulgências.
Contra esta situação Marinho Lutero afixou na Catedral de Wittenberg as “95 Teses
contra as Indulgências”. Nesta criticava o papa e os dogmas por explorarem os crentes
e que o perdão dos pecados que obtinha através do arrependimento e não de boas
obras. Lutero foi excomungado e criou uma nova doutrina, o Luteranismo.
4.1.3 As Igrejas Reformadas
Luteranismo

 Fonte de Fé: Bíblia e negou o papel do papa na interpretação desta,


proclamando que a interpretação deveria ser livre a todos os crentes; Tradução
da Bíblia para alemão;
 Salvação: pela fé;
 Recusa absoluta do culto dos santos e da virgem maria;
 Suprimido o celibato;
 Reconhecimento de apenas 2 sacramentos: batismo e eucaristia
 Substituição da missa em latim para alemão com cânticos, orações e sermões
acompanhados;
 Estrutura e função da Igreja: chefe do estado desempenha função do chefe da
igreja;
 Criação das igrejas nacionais evangélicas;
Foram reconhecidas as ideias luteranas pela Paz de Augsburgo em 1555 e reconhecido
o direito de coexistir com o catolicismo e o direito de mudar de religião.
O luteranismo expandiu-se rapidamente para a Alemanha, Finlândia; Dinamarca;
Suécia; Noruega, o ducado da Prússia.
OS burgueses, príncipes e nobreza decidiram aderir à doutrina por conveniência, pois
esta defendia que se apoderassem dos bens da igreja alemã.

Calvinismo

Em 1536 o Francês João Calvino fixou-se em Genebra, onde publicou “ Da Instituição


da Religião Cristã”, onde continha o essencial da sua doutrina.
Esta nova doutrina difundiu-se rapidamente para Hungria, Escócia, Inglaterra, Polónia,
Províncias Unidas e França.
As suas características são:

 Bíblia como única fonte de fé, mas só cabia a Calvino a interpretação desta;
 Teoria da predestinação absoluta
 Recusa absoluta do culto dos santos e da virgem maria
 Sacramentos eram o batismo e a eucaristia (com presença espiritual de cristo);
 Defesa da supremacia da igreja sobre o estado, o que transformou genebra
numa sociedade teocrática;
 Perseguição dos católicos e protestantes;
 Obteve apoio dos nobres, burgueses, homens dos ofícios e eruditos
 Cerimónias limitadas à leitura da Bíblia, sermão e cânticos.
Anglicanismo

Implementado na Inglaterra.
Começou quando Rei Henrique XVIII que pediu ao Papa Clemente VII em 1529 a
anulação do seu casamento com Catarina de Aragão pois esta não lhe dava um filho
varão e ele estava apaixonado por Ana Bolena.
O papa recusou a anulação e Inglaterra cortou relações com Roma e criou uma religião
protestante- o anglicanismo.
Em 1534 foi aprovado pelo Parlamento inglês no ato de supremacia proposto por
Henrique XVIII onde o rei foi proclamado como chefe da igreja, anulando assim o seu
casamento.
Manteve-se fiel ao dogma católico.
No reinado do seu filho Eduardo VI (rein. 1547-1553) este adotou princípios calvinistas
como os sacramentos do batismo e eucaristia e proibição do culto das imagens e
altares, etc.
Maria Tudor (rein. 1553-1558) restabeleceu o catolicismo e houve uma perseguição
dos protestantes.
Isabel I (rein. 1558-1603) consolidou o Anglicanismo cuja carta é a declaração dos
trinta e nove artigos adotada em 1563.
É um compromisso entre catolicismo (cerimonial e hierarquia eclesiástica), calvinismo
(doutrina) e luteranismo (relações entre a hierarquia religiosa e o estado).

 Fonte de fé é a Bíblia;
 Salvação pela fé;
 Recusa absoluta do culto dos santos e da virgem maria;
 Batismo e eucaristia;
 Negada a autoridade do papa
 Rei/ rainha de Inglaterra como chefe da igreja anglicana;
 Hierarquia mantida;
 Suprimido o celibato dos pastores;
 Cerimónias parecidas com as da igreja católica.
Catolicismo

 Bíblia e tradição como fonte de fé;


 Salvação pelas boas obras e fé;
 Culto da virgem maria e dos santos;
 7 sacramentos;
 Obediência ao papa
 Hierarquia: papa→cardeais→bispos
 Celibato
 Missa em latim
 Principais figuras: Paulo II, Pio V; Gregório XIII e Sisto V

4.2 Contrarreforma e Reforma Católica


A resposta da igreja católica ao protestantismo surgiu na reforma (restaurando e
renovando o catolicismo) e contrarreforma (combate doutrinário, ideológico e
repressivo contra o protestantismo).
4.2.1 A Reforma disciplinar
Reforma católica -> Concílio de Trento
Contrarreforma -> Companhia de Jesus, Inquisição e Índex.
 Concílio de Trento – Reforma Católica
(1545-1563) reunido por iniciativa do papa Paulo III para debelar a crise da
cristandade, teve como principais deliberações:
Reafirmação do dogma e do culto tradicional da igreja católica, sem cedências:

 Reafirmação do papel das obras na salvação das almas;


 Confirmação da existência do purgatório;
 Sete sacramentos;
 Legitimação do culto da virgem maria e dos santos;
 Condenação da teoria da predestinação;
 Manteve-se a Bíblia em latim;
 Reforçou-se o poder do papa;
 Fontes de fé: bíblia e tradição.
Reforma disciplinar:

 Proibição da acomulação de3 beneficios eclesiásticos;


 Residência obrigatória de padres e bispos nas respetivas paróquias e dioceses;
 Manutenção do celibato eclesiástico;
 Proibição da ordenação de sacerdotes e bsipos com idades inferiores a 25 e 30
anos, respetivamente;
 Criação de seminários para a formação dos futuros clérigos;
 Visitas pastorais dos bispos às dioceses.
 Catecismo Romano (1566)
 Breviário (1568)
 Missal (..)
4.2.2 Combato ideológico
Contrarreforma
 Índex

Segundo a Igreja católica o combate à heresia protestante deveria passar pela


prevenção e vigilância intelectual da cristandade pelo afastamento das leituras
prejudiciais. (1543)
A congregação do índex elaborava a lista das obras consideradas perigosas para a
ortodoxia católica. Era atualizada periodicamente. Eram consideradas perigosa:

 Textos/ livros reformadores protestantes;


 Obras de conteúdo humanista ou científico que poderiam pôr em causa
princípios do catolicismo.
Elaborado para todo o espaço católico este índex acabou por ser aplicado na Baviera,
Itália, países baixos e Portugal.
Gil Vicente e Damião de góis foram dois exemplos da ação do índex em Portugal.
 Inquisição

A Inquisição ou Santo Ofício, (1542) foi o tribunal instuido pela igreja para
combater e punir heresias, bruxaria e outras manifestações de caracter público ou
privado contrárias ao catolicismo:

 Instrução de processos com base em denúncias anónimas;


 Os réus deveriam confessar as suas culpas, sendo sujeitos a tortura quando
não o faziam;
 Os arrependidos e os reconciliados com a fé católica eram presos;
 Os impertinentes eram entregues à justiça civil e eram condenados à morte
em autos de fé;
 Confisco dos bens dos declarados culpados;
 Condenados: heresia protestante; bigamia; sodomia; blasfémia; bruxas e
cristãos-novos.

 Companhia de Jesus

Foi criada em 1534 por Inácio de Loyola e reconhecida em 1540, pelo Papa Paulo III.
Teve um papel importante na expansão do catolicismo através do ensino, da pregação
e da missionação. O seu proselitismo ajudou à expansão do catolicismo.
Os jesuítas eram considerados soldados de cristo, e estavam sujeitos a votos
tradicionais de pobreza, castidade e obediência ao superior e obediência incondicional
ao papa.
Graças a estes:

 Expansão do catolicismo em vastas áreas do oriente, áfrica e da américa pelas


missões que aí estabeleceram;
 Conversão de inúmeros alunos, oriundos de maios protestantes, que
frequentavam os seus prestigiados colégios, na Bélgica, Alemanha, Áustria e
Hungria.
 Recuperação para o catolicismo de regiões que tinham caído sob influência
protestante, graças aos sermões dos seus pregadores.

4.2.3 O impacto da reforma católica na sociedade portuguesa


O concílio de Trento contou com a presença de distintos membros da igreja
portuguesa como Frei Bartolomeu dos Mártires, que quando regressaram a Portugal
apressaram-se a cumprir os ditames aprovados. O clero português, soube de uma
forma geral responder às inquietações e dúvidas das populações, confortá-las e
aproximá-las de deus.
A missionação do oriente e do brasil foi o campo de intervenção dos jesuítas no nosso
país, ficando mais conhecidos Francisco Xavier, Manuel da Nóbrega e António Vieira.
Na segunda metade de quinhentos o clima de intolerância religiosa instalou-se no país.
O tribunal da inquisição instituiu a censura prévia em 1540 e em 1547 foi publicada a
primeira lista de livros proibidos.
Neste ambiente de atrofia intelectual surgiram acusações a humanistas como Damião
De Góis, e professores de colégios das artes.
As maiores vítimas do tribunal em Portugal são os cristãos-novos, pois os cristãos
velhos invejavam-lhes os negócios bem sucedidos e a superioridade cultural e
acusavam-nos muitas vezes de crimes, que não tinham sido cometidos.
Consequências:

 Atrofia intelectual;
 Ambiente de medo e desconfiança;
 Atraso do desenvolvimento económico e social do país

A Europa dos Estados absolutos e a Europa dos parlamentos


2.1 Estratificação social e poder político nas sociedades de Antigo Regime
Conceitos:
Antigo Regime
Época da História europeia compreendida entre o Renascimento e as grandes
revoluções liberais que corresponde à Idade Moderna.
Socialmente, o Antigo Regime caracteriza-se por uma estrutura fortemente
hierarquizada;
Corresponde:
Politicamente -> monarquias absolutas;
Economicamente -> desenvolvimento de capitalismo comercial
Ordem/Estado
Categoria social que goza de um grau determinado de dignidade e prestígio,
correspondente à importância da função social que desempenha.
A ordem (ao contrário da classe social) assenta mais no nascimento do que na riqueza,
passando por via hereditária e admitindo uma mobilidade reduzida.
Ao Clero, a transmissão por via hereditária não se aplica, devido à regra do celibato.
Estratificação social
Divisão da sociedade em grupos hierarquicamente organizados, consoante o seu
prestígio, poder ou riqueza.

2.1.1 Uma sociedade de ordens assente no privilégio


Entre o século XVI e o fim do século XVIII, a Europa vive uma época chamada de Antigo
Regime, foi uma época de monarquias absolutas e de uma sociedade hierarquizada em
ordens ou estados.
A cada ordem correspondia um estatuto jurídico próprio que diferenciava a respetiva
condição:
- Definia a posição social;
-Estabelecia os privilégios e deveres, definia o estatuto penal;
-Determinava os códigos de atuação pública;
definia as formas de tratamento, as honras, as dignidades, as condecorações e
pensões.
Clero- Oratores
Rezava pela comunidade e prestava culto a Deus; Estado mais digno pois era o mais
próximo de Deus.
Ordem constituída por aqueles que haviam recebido a tonsura, incluía as diferentes
hierarquias do clero secular e regular, os membros das ordens militares;
Ocupava o primeiro lugar em prestígio, privilégios, dignidades e honras:
 isenção fiscal e dispensa do trabalho servil;
 direito de imunidade e de asilo;
 foro (= leis) e tribunais privativos;
 isenção do serviço militar;
 direito de cobrar das restantes ordens o dízimo eclesiástico e recebia, também
em nome de Deus, numerosas outras dádivas e doações;
 Detinha:
 elevada cultura -os seus membros eram chamados a desempenhar altos cargos
no ensino, na corte e na administração pública;
 grande riqueza -impôs-se, também, como força económica importante.
Aglutinava elementos dos diversos grupos sociais:
 alto clero – filhos segundos da nobreza; integra toda a alta hierarquia da Igreja
(cardeais, arcebispos, bispos, abades...); vive de acordo com o padrão de vida
da alta nobreza;
 baixo clero–provem das camadas populacionais populares partilhando, na
maior parte dos casos das suas condições de vida.

Nobreza- Belatores
Assegurava a defesa, combatendo e protegendo o país e tinha os seguintes
privilégios:
 isenção fiscal e jurídica;
 cobrança dos direitos senhoriais.
Representava entre 1,5 e 2% da população da época;
Organizava-se como um grupo fechado, definido:
 pelas condições de nascimento;
 pelo poder fundiário –a posse da terra;
 pela função militar;
 pelo desempenho dos mais altos cargos políticos e administrativos;
 pelo alto padrão de vida, de ostentação e riqueza.
Apresentava várias situações:
 nobreza de espada versus nobreza mercantil;
 nobreza rural, senhorial e fundiária versus nobreza cortesã;
 nobreza de sangue versus nobreza de toga.
Terceiro Estado- Laboratores
Sustentava, com o seu trabalho todo o edifício social;

Era inferior na consideração pública, no trajo, nas formas de tratamento, nos cargos a
que podia ter acesso e nas sanções penais que sobre ele recaíam;
Era muito heterogéneo na sua composição:
 camponeses, estrato maioritário (80% da população), constituído por alguns
agricultores com terra própria – os lavradores, por rendeiros e foreiros, por
jornaleiros e outros trabalhadores rurais;
 burguesia: nas camadas superiores estavam os "letrados" que ocupavam cargos
no alto funcionalismo, os mercadores, os financeiros(banqueiros), e os ofícios
superiores (boticário, joalheiro, chapeleiro...);
nos últimos estratos encontravam-se os artesãos, os pequenos comerciantes, lojistas
ou vendedores ambulantes;
no fundo da escala ficavam os que não trabalhavam–mendigos, vagabundos,
indigentes.

A diversidade de comportamentos e de valores


A mobilidade social
A hierarquização da sociedade de Antigo Regime confere a cada ordem a sua marca
distintiva, ou seja, os seus símbolos sociais:
Cada ordem deve manter-se na sua posição e cada indivíduo deve agir de acordo
como respetivo estatuto -as regras da etiqueta enquadram toda a vida social;
As formas de tratamento traduziam a hierarquia social, apesar da depreciação
progressiva a que estavam sujeitas, pelo desejo de ascensão social que levava à sua
utilização por membros de escalões inferiores;
O próprio traje constituía um sinal distintivo de cada ordem, o que explica, por
exemplo, a publicação Leis Pragmáticas ou Sumptuárias, ou a utilização exclusiva de
determinados adereços (espada, anel e báculo, toga...);
 As formas de convívio, em especial nos espaços públicos, também revelavam
diferenças de estatuto:
•um inferior não se sentava nem cobria a cabeça perante um superior;
•não lhe passava à frente na rua, devia afastar-se para lhe dar passagem;
•o povo só dirigia palavra aos senhores, quando por eles solicitado e com a cara baixa,
sem levantar os olhos.
As penas devidas por delito variam igualmente de acordo com a condição social,
estando os nobres e o clero isentos de penas vis, como o açoute e o enforcamento
(substituídas por pesadas multas, degredo, e, no caso da pena de morte, a decapitação
substitui o enforcamento)

Mobilidade social
 Nesta sociedade, inicialmente, a mobilidade social foi muito rara. Ao longo do
tempo, os regimes sociais europeus passaram a incluir diversos processos de ascensão
social.
O dinheiro abriu à burguesia os meios dessa ascensão:
• o estudo;
• o desempenho de cargos de Estado;
• o casamento, superando os estigmas que pesavam sobre os novos-ricos.

2.1.2 O Absolutismo Régio


O Poder real atingiu o auge da sua força, ao rei foram atribuídos todos os poderes e
toda a responsabilidade do Estado.
Fundamentos do poder real, segundo Bossuet:
 É Sagrado – porque provém de Deus que o conferiu ao reis para o exercerem
na terra em seu nome;
 É Paternal – pois é a autoridade paterna a mais natural e a primeira que os
homens conhecem;
 É Absoluto – uma vez que pode tornar as suas decisões com total liberdade;
 Está submetida à razão – pois Deus dotou os reis de sabedoria e capacidades
que lhes permitem fazer boas decisões.

O absolutismo régio - resultado de uma longa e elaborada centralização (século


XIII)
Fatores:
• o ressurgimento do mundo urbano e da economia mercantil;
• o desejo de ascensão da burguesia enriquecida;
• o desenvolvimento cultural e o renascimento do Direito Romano;
• o crescimento económico e o alargamento geográfico a necessidade de uma
organização mais completa, unitária e permanente.
• Valorização da figura do rei;
• Apoios sociais, económicos e jurídicos.

- Reis europeus dos séculos XV-XVII:


• disciplinaram os privilegiados;
• rodearam-se de órgãos de Estado cada vez mais complexos;
• construíram as monarquias absolutas;
• lançaram os fundamentos do Estado, no sentido moderno.
Os reis absolutos  eram as primeiras e mais poderosas figuras dos seus Estados; 
exerceram o poder de forma:
 pessoal - personalizada, não admitindo delegações;
 absoluta – que não reconhece outro poder além ou acima do seu;
 única – não repartida ou partilhada com ninguém.
Os reis absolutos detinham superiormente todos os poderes políticos:
poder legislativo – só o rei podia promulgar ou revogar as leis; ele era a lei viva; 
poder judicial -o rei era o supremo juiz no seu reino e as suas decisões eram as únicas
que não admitiam apelação;
poder executivo - do rei dependiam todas as decisões de governação:
->chefia suprema do exército (agora permanente e dependente apenas do rei) e
declarar a guerra ou a paz;
-> chefia de todas as instituições e órgãos político-administrativos, bem como todo o
funcionalismo público;
-> lançamento e cobrança de impostos, pois mesmo quando estes andavam alienados
aos privilegiados, isso acontecia por graça ou concessão régia e nunca por direito das
ordens.
Limites:
 as leis de Deus;
 as leis da justiça natural (direito à propriedade, à justiça, à liberdade, à vida...); e as
leis fundamentais de cada reino.

Mas:
 longe de cercearem *a autoridade absoluta dos reis, tornavam-na mais perfeita e
justa, distinguindo-a da dos "déspotas";
 funcionavam mais sob o ponto de vista teórico do que prático, já que nunca se
estabeleceu um órgão político que controlasse a ação régia.
O rei nunca pôs em causa a ordem social - a sociedade de ordens -> tornou-se mesmo
o garante da ordem social estabelecida.

Os modelos estéticos de encenação do poder. A Corte Régia.


A institucionalização do poder absoluto dos reis implicou transformações importantes
na imagem pública dos soberanos vista como:
símbolo do poder político e do Estado;
fonte do poder.
A morada do rei – a corte - tornou-se o local mais importante de cada reino:
•centro político:
onde se reuniam os órgãos político-consultivos e se estabeleciam as várias
repartições da Administração Central com todo o seu funcionalismo;
 era frequentada pelos diplomatas, nacionais e estrangeiros, e pelas delegações e
embaixadas de outros países;
 constituía um pólo de atração para muitos membros da tradicional alta nobreza que
procurava junto do rei novas formas de aumentar a sua fortuna e condição, numa
tendência incentivada pelos reis que assim procuraram manter os nobres sob
fiscalização e controlo diretos;
•centro social, cultural e artístico de grande importância, favorecida pelo mecenato
crescente dos soberanos.
O Palácio de Versalhes, paradigma (modelo) da corte-Estado, era:
• o centro da governação de onde irradiava a autoridade régia;
• o palco da encenação e da ostentação do poder: representações teatrais, concertos,
bailes, festas faustosas, caçadas, torneios;
• uma estrutura de dominação social: submissão/controlo da sociedade de corte;
• o símbolo da hierarquização do prestígio social –a importância do significado do
cerimonial e do ritual régios:
− a função reguladora da etiqueta no quadro das dependências sociais da aristocracia;
− endeusamento da pessoa real –o Rei-Sol (culto/adoração);
•um modelo para as cortes europeias.

ABSOLUTISMO EM PORTUGAL
Nos séculos XVII e XVIII, os reis portugueses procederam a uma centralização do poder
distinguindo-se dois momentos:
Século XVII - D. João IV
1. O primeiro rei da dinastia de Bragança subiu ao trono por vontade dos seus
súbditos. No seu reinado, a nobreza gozou de grande poder de decisão e os
povos pronunciaram-se, amiúde, sobre matérias importantes (no reinado de D.
João IV, as Cortes reuniram-se em cinco ocasiões – (1641, 1642, 1645, 1649 e
1653)

2. Quando em 1640 se pôs termo ao domínio filipino, o país viu desarticularem-se


os órgãos centrais da administração pública. O novo rei sentiu, pois,
necessidade de criar estruturas que dessem andamento ao expediente dos
negócios do Estado e viabilizassem as medidas que a situação de guerra do
Reino exigia, assegurando a consolidação da independência de Portugal. É
assim que, logo nos primeiros anos do seu reinado, D. João IV cria um núcleo
administrativo central -as secretarias - e intervém em áreas fundamentais
como a defesa (criação do Conselho da Guerra), as finanças (reforma do
Conselho da Fazenda) e a justiça (reestruturação do Desembargo do Paço).
Instituiu ainda outros conselhos, mesas e juntas, nos quais delegou funções de
coordenação e decisão em matérias respeitantes ao Reino e ao Ultramar.

3. Esta estrutura governativa foi-se aperfeiçoando e, progressivamente, o rei


tomou com mais firmeza as rédeas da governação. O reforço do poder real
esbateu o peso político da nobreza e conduziu também ao apagamento do
papel das Cortes como órgão de Estado(nos reinados de D. Afonso VI e Pedro II
reúnem em quatro ocasiões).

Século XVIII - D. João V


Coube a D. João V encarnar, em Portugal, a imagem do rei absoluto.
Grande admirador de Luís XIV, D. João V seguiu o modelo do governo pessoal do rei
francês. As circunstâncias foram-lhe favoráveis. O Governo joanino correspondeu a
um período de paz e de excecional abundância para os cofres do Estado, pois coincidiu
com a exploração das recém-descobertas minas de ouro e diamantes do Brasil. Foi
este ouro que, em grande parte, alimentou o esplendor real
1. D. João V exerceu controlo pessoal sobre a administração pública:
diminuiu progressivamente a capacidade de decisão dos diversos conselhos
transferindo-a para os seus colaboradores mais diretos, os secretários, com
quem reunia frequentemente;
procedeu, em 1736, à reforma das três secretarias redefinindo as funções e
alterando-lhes o nome;
não convocou as Cortes durante a sua longa governação.

2. O reforço da autoridade régia traduziu-se ainda na submissão das ordens


privilegiadas, nobreza e clero, e da sociedade em geral.
3. D. João V realçava a figura régia através da magnificência (luxo/ostentação),
permitida pelo ouro e diamantes do Brasil, da autoridade e da etiqueta
adotando os hábitos da corte francesa.

4. Desenvolveu uma política de mecenato das artes e das letras:

 patrocinou importantes bibliotecas, por exemplo a Biblioteca da Universidade


de Coimbra;
promoveu a impressão de variadas obras;
fundou a Real Academia de História, à qual confia a tarefa de elaborar uma
História de Portugal e das suas conquistas que glorifique o reino e os seus
monarcas;
chamou para a corte os melhores artistas plásticos estrangeiros;
custeou a aprendizagem, em Itália, aos pintores portugueses mais dotados;
empreendeu uma política de grandes construções, testemunhos da sua
grandeza - edificam-se igrejas ou recobrem-se os seus interiores com o brilho
da talha dourada; remodela-se o Paço da Ribeira; constrói-se o Palácio-
Convento de Mafra, obra imensa, símbolo de um tempo e de um reinado.

5. Em termos de política externa:


o rei procurou a neutralidade face aos conflitos europeus, salvaguardando, no
entanto, os interesses do império e do comércio. Assim, não se furtou à
intervenção armada quando esta lhe podia proporcionar prestígio
internacional. Enviou uma poderosa armada auxílio ao Papa para
combater os Turcos, contribuindo decisivamente, em 1717, para a vitória do
cabo Matapão. O Papa retribuiu-o com a criação do Patriarcado de Lisboa e
com a atribuição do título de rei fidelíssimo.
o monarca não olhou a despesas para engrandecer as representações
diplomáticas, que deslumbraram os contemporâneos. As numerosas
embaixadas que enviou (a Viena, a Paris, a Roma, à China) primaram pela
pompa e pela prodigalidade: trajes sumptuosos, coches magníficos,
distribuição de moedas de ouro pela população exaltaram no estrangeiro a
imagem de Portugal e do rei magnânimo: Em plena época barroca, o
brilho e a ostentação significavam autoridade e poder.

Diz-se que D. João V teve a oportunidade de reconstruir com todo o ouro proveniente
do Brasil a pátria e não o fez. Portugal acabou com uma imagem manchada.
No seu reinado veio para Portugal durante todo o século uma proporção enorme de
ouro do Brasil. Havia, porém muitos gastos e pouca produção, o que levou a um défice
da balança de pagamentos portuguesa.
As atividades de produção interna reduziram drasticamente.
O ouro foi então gasto em:

 gastos sumptuários;
 construção do Palácio convento de Mafra;
 encargos de dívida pública;
 corrupção;
 défice da balança de pagamentos devido a elevadas de importações e poucas
exportações

2.1.3 Sociedade e poder em Portugal


As estruturas sociais e políticas que vigoravam eram comuns a praticamente
toda a Europa. No entanto é possível distinguir em cada país particularidades
próprias. Estas são algumas do caso português.

A Preponderância da nobreza fundiária e mercantilizada


 Em 1640 a nobreza portuguesa recuperou do golpe que foi Alcácer Quibir.
 Lisboa tinha uma corte e Portugal um rei que não dividia com Espanha.
 Foram os nobres que restauraram a monarquia portuguesa na pessoa do duque
de Bragança. Estes factos reforçaram o papel político da nobreza.
 Até meados do século XVIII a nobreza de sangue manteve em regime de
exclusividade os cargos superiores da monarquia como: comandos das
províncias militares presidências dos tribunais do corte:
-Estes serviços permitiam-lhes usufruir dos bens da coroa e aumentar o seu
património; isto também acontecia com os carros ligados ao comércio
ultramarino
 Estava bem posicionada na administração do Império e juntava os rendimentos
que tirava da Terra, dos cargos que exercia e das dádivas reais àqueles que
provinham do comércio
- enriqueciam à custa das sedas da China, da canela de Ceilão dos cravos da
Guiné ou do açúcar do Brasil
- fruto destas atividades, a nobreza mercantiliza-se dando origem a um tipo
social específico: o cavaleiro-mercador - embora ligada ao comércio este nunca
foi um verdadeiro comerciante;
- para os nobres a mercancia foi sempre um modo fácil de adquirir riqueza e
uma atividade complementar à sua condição de grande proprietário de terras;
- o que ganhava gastava na aquisição de mais terras ou em artigos de luxo;
 a burguesia teve sérias dificuldades em se afirmar devido ao protagonismo
excessivo da nobreza, só na segunda metade do século XVIII é que o conseguiu
devido atuação do Marquês de Pombal.

2.2 A Europa dos parlamentos: sociedade e poder político


Enquanto na maioria dos países europeus se consolidavam monarquias absolutas,
alguns Estados rejeitavam nas. É o caso das províncias Unidas, e da Inglaterra.
2.2.2 A recusa do absolutismo na sociedade inglesa no século XVIII
Em Inglaterra o poder foi desde cedo limitado pelos seus súbditos na idade média,
João Sem-Terra viu-se forçado a aceitar a magna carta virgula assinada em 1215, que
era um diploma que protegiam os ingleses do poder real arbitrário e determinava a
ilegalidade de qualquer imposto lançado sem o consentimento do povo, representado
por um conselho(que era o futuro Parlamento
Quando, no século XVII começaram a surgir monarquias absolutas na Europa, os
soberanos ingleses reivindicaram também uma autoridade total. Esta atitude gerou
tensões e conflitos com os representantes parlamentares, que se viam a si próprios
como Os Guardiões dos direitos do povo inglês.
Reinado de Eduardo III- Século XIV

 O Parlamento passa a ser constituído por 2 câmaras: a Câmara de Lordes (altos


dignatários da nobreza e clero) e a Câmara dos comuns (burguesia);
 grande instabilidade associada à guerra dos 100 anos e à crise económico
social.
Dinastia Tudor

 Henrique VII (1485-1509) inicia a nova dinastia após um período conturbado da


história de Inglaterra
 Henrique VIII (1509-1547) restaurou o poder da monarquia
 Publica o ato de supremacia que determina a ruptura com a igreja de
Roma criando assim o anglicanismo
 Eduardo VI ( 1547-1553) promove a reforma da doutrina da igreja Anglicana
 Maria tudor (1553-1558) restaurou o catolicismo
 Isabel I (1558-1603)- estabelecimento das bases definitivas da igreja Anglicana
 governo absoluto de facto, mas não de direito
 Parlamento dócil que não contestou autoridade Régia;
 população que estava cansada de guerras e das dificuldades causadas
pelos períodos anteriores;
 situação económica favorável.
 morreu em 1603 sem deixar descendentes. Quem lhe sucedeu foi Jaime
VI da Escócia, descendente de Henrique VII, por via feminina.
Dinastia Stuart

 Jaime I (1603-1625)- tenta impor um absolutismo de direito divino


 reserva para si: poder legislativo; decisões dos tribunais especiais;
direito de cobrar impostos sem autorização parlamentar; direito de ter
um exército permanente; Supremacia do rei sobre a lei (rex est lex)
 o rei é apenas responsável, perante Deus;
 questão religiosa: Jaime primeiro coloca a Inglaterra estatal (a igreja
Anglicana que tem como líder o rei de Inglaterra) ao serviço do seu
poder absoluto. instala-se Um clima de intolerância e perseguição que
vai alimentar uma corrente migratória para a América do norte-
mayflower-1620
 O Conselho privado do rei adquire um papel preponderante e as
dificuldades na obtenção de recursos financeiros levam no a recorrer a
venalidade dos cargos (os cargos públicos são atribuídos a pessoas que
os pagam para os ter; O dinheiro é depositado nas contas do rei) e a
concessão de monopólios (pagavam ao rei para ter um).
 Carlos I (1625-1649)
Faço ágil realidades cometidas pelo soberano em matéria fiscal e de justiça,
multiplicaram-se as petições parlamentares.
 1628- guerra com a Escócia coloca o rei perante a necessidade de
convocar o Parlamento, para obter recursos financeiros; o Parlamento
impõe a petição dos direitos, que repõe os princípios da magna carta e
recusou o lançamento de novos impostos e a Constituição de um
exército permanente, ao serviço de sua majestade;
 1629- o rei dissolve o Parlamento;
 1634- Carlos I cria o “ ship money”, que a maior parte se recusa a pagar;
 outras questões que vulnerabilidade uma posição do rei foi o
casamento com uma princesa francesa e católica; O papel do duque de
Buckingham e uma política externa desastrosa;
 1642-a tensão agrava-se e ISTO gera uma guerra civil que vai ao opor:
 Cavaleiros- os partidários do rei eram anglicanos e
pertenciam à alta nobreza;
 “cabeças-redondas”- os partidários do Parlamento, que
eram da nobreza rural, puritanos e também
pertenciam à burguesia; Eram chamados de cabeças
redondas, pois estes não usavam as vistosas perucas
usadas pela alta nobreza e pelo rei. Entre os partidários
do Parlamento destacou-se Oliver cromwell
 1645- derrotas os realistas em nabesy. o rei refugia-se na Escócia
 1647- os escoceses entregam Carlos I No Parlamento. Cromwell ocupa
Londres.
 1648- cromwell obtém de um Parlamento depurado( sem cavaleiros) a
condenação do rei
 1649- execução de Carlos I
República

 1649- é abolida a monarquia e instaurada a República. Início do governo de


Oliver Cromwell;
 1653- cromwell dissolve o Parlamento, e é nomeado Lorde protetor;
 inicia-se uma ditadura;
 É desenvolvida uma política externa muito bem sucedida: submissão da
Irlanda e Escócia; Guerra com Holanda;
 cromwell instaura um regime de liberdade religiosa;
 são tomadas medidas económico sociais (libertação dos encargos
feudais, abolição do monopólio) que desarticula um antigo regime;
 como l favoreça média nobreza rural e a burguesia;
 1658- morte de Cromwell. Sucessão de Richard Cromwell. A população não
aceita a sucessão do filho de Cromwell, pois se o regime em que viviam se
tratava de uma República, o filho mais velho nunca poderia suceder ao pai, tal
como acontecia nas monarquias; Instaurou se assim um conflito com um
exército.
Restauração da monarquia

 Carlos II- (1660-1685) política moderada:


 amnistia dos revoltosos com excepção dos regicidas;
 licenciamento do exército;
 convoca o Parlamento em 1661;
 reforço dos direitos individuais dos ingleses (1679- habeas corpos, é
uma lei que limita os abusos dos agentes judiciais, proibido detenções
prolongadas sem que a acusação tenha sido devidamente formalizada;
 imposição do anglicanismo e perseguição aos puritanos;
 casamento com D. Catarina de Bragança que era portuguesa e católica,
que leva no Dote Bombaim (Índia) e tânger (norte de África);
 CarlosII, tinha o poder de restaurar o absolutismo e impor o catolicismo,
mas a lembrança do que aconteceu ao seu pai impede de o concretizar.
 Jaime II, (1685-1668) abertamente católico e autoritário e desenvolve uma
política que desagrada aos ingleses:
 criação de um exército permanente;
 tolerância religiosa procurando reconduzir o país para o catolicismo;
 fortalecimento do seu poder, em prejuízo do Parlamento ;
 o alarme Público cresceu quando a rainha dá à luz um herdeiro católico,
Jaime Francisco Eduardo, no dia 10 de junho (enquanto teve como
únicas possíveis sucessoras das 2 filhas protestantes, Maria e Ana, os
anglicanos viam as políticas pró católicas como um fenómeno
temporário, porém o Nascimento do príncipe abria a possibilidade de
uma dinastia católica permanente; Era necessário reconsiderar as suas
posições);
 Jaime incorrer no desagrado dos ingleses, abrindo a porta às pretensões
do seu genro protestante, Guilherme de Orange casado com Maria, a
filha mais velha do rei. Em novembro de 1688, Guilherme desembarcou
triunfalmente em Inglaterra, à frente de um exército em cujos
estandartes se vitoriavam a religião protestante e o Parlamento. Jaime,
sem apoiantes, abandonou o país.
Revolução gloriosa- (1688-1689)

 1688- Maria e Guilherme desembarcou na Inglaterra e Jaime abandona o


trono;
 1689- O Parlamento britânico coroa Maria II e Guilherme III como reis de
Inglaterra
 Juraram solenemente respeitar os princípios consagrados na declaração dos
direitos. Este documento que continua a ser o texto fundamental da monarquia
inglesa, reitera os princípios da liberdade individual e a não interferência dos
monarcas nas decisões parlamentares. Pouco depois, estas liberdades foram
reforçadas com a abolição da censura em 1695 e o direito de LIVRE reunião. Os
reis, a partir de 1689:
 ficam submetidos ao direito comum;
 são obrigados a reunir o Parlamento;
 ficam impedidos de suspender leis sem o consentimento do
Parlamento;
 ficam impedidos de lançar impostos e recrutar exército permanente,
sem a aprovação parlamentar.
Deste modo em Inglaterra, o rei partilhava ao governo com o Parlamento, segundo
regras claramente definidas, que protegiam os ingleses de um poder absoluto e
discricionário.

Locke e a justificação no parlamentarismo

 Locke foi o grande teórico na revolução gloriosa, que justificou na obra Dois
tratados do governo civil, , datada e 1690;
 Nova concepção do poder:
 todos os homens nascem livres, iguais e autónomos;
 o poder tem origem na vontade dos governados;
 entre governantes e governados estabelece-se uma espécie de contrato
que visa garantir os direitos individuais (liberdade, igualdade,
propriedade e a segurança);
 em caso de incumprimento os governados têm o direito de afastar os
governantes

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