Thaisrodrigues, 31-33 Trasnmuta Texto ANAIS Modelo
Thaisrodrigues, 31-33 Trasnmuta Texto ANAIS Modelo
Thaisrodrigues, 31-33 Trasnmuta Texto ANAIS Modelo
Resumo: Alçada a sua figura em meio à carnavalização, Grande Otelo cai em derrocada com o
esgotamento das chanchadas. Reerguendo-se a partir dos reflexos tropicalistas, na representação
de um herói sem caráter (Macunaíma, 1969), não demora, contudo, a saltar para o cinema marginal.
Sob uma análise bibliográfica e de sua extensa filmografia, a presente proposta visa prospectar
sobre a questão da transmutação em sua obra, das comédias musicais ao modernismo, através das
nuances de suas performances.
Resumo Expandido
Construindo sua imagem inicialmente nos picadeiros, Grande Otelo dispensa
qualquer tipo de introdução – carrega em seu nome a plenitude e a propriedade
imensurável de um artista que estampa em seus detalhes a representatividade brasileira.
Dentro do cenário das chanchadas, destacou-se pelas idealizações arquetípicas de
personagens cômicos, explorando sua habilidade com o samba nos filmusicais da
Atlântida, e o trabalho em conjunto com Oscarito, na consagração da dupla preto-branco.
Para tal, Augusto (1989, p. 14) aponta o trabalho da produtora como uma ocasião
específica, pois “em nenhum outro momento de sua trajetória o cinema brasileiro se
relacionou tão intensa e carinhosamente com o grande público” como nos tempos em que
a Metro tropical 4 , apesar das precariedades, abria alas para uma produção em cadeia.
Dentre os períodos de produção fílmica brasileira, Otelo conseguiu se embrenhar em
cada um de seus ciclos com relativa facilidade. Envolveu-se em projetos de cunho mais
1 Trabalho apresentado à 11a SAU UEG e 1º Encontro das Escolas de Cinema do Brasil Central.
2 Graduanda no curso de Cinema e Audiovisual; Programa Institucional de Voluntariado em Iniciação Científica
(VIC); Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); larissa.ac26@gmail.com.
3 Professor orientador; Faculdade de Comunicação e Artes – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT);
leonardogesteves@gmail.com.
4 Em referência à releitura do estúdio americano Metro Goldwyn Mayer (MGM), feita por Sérgio Augusto em
deixa de representar apenas sua vida, passando a ser “algo aí de uma biografia do cinema
brasileiro” (PIGNATARI, 1995, p. 48). Essa metamorfose é sua – não seria mais escada de
ninguém5 . Seus trabalhos oscilam entre o cômico e o dramático; entre personagem e
biografia pessoal. O próprio modernismo estrutura operações alegóricas diferentes.
Grande Otelo é um signo que simboliza diferentes valores, a depender de onde se coloca
– tempo, espaço e amplitude: para o cinema de estúdios, um ícone do humor com potencial
igualmente válido para enredos dramáticos; para o cinema moderno, um agente de
transformação, como uma referência estrutural e emblemática da instituição cinema
brasileiro.
Referências Bibliográficas
AUGUSTO, Sérgio. Este mundo é um pandeiro: a chanchada de Getúlio a JK. São Paulo:
Cinemateca Brasileira: Companhia das Letras, 1989.
RAMOS, Fernão Pessoa. Enciclopédia do cinema brasileiro. Verbete: OTELO, Grande (Sebastião
Bernardes de Sousa Prata), p. 527-529. 3ª ed. São Paulo: Edições Sesc, 2012.
ODETE Lara entrevista Grande Otelo. O Pasquim. Rio de Janeiro, n° 31, 22-28 jan. 1970, p. 14-17.
PIGNATARI, Décio. História sem estória. In: VOROBOW, Bernardo; ADRIANO, Carlos (orgs.).
Júlio Bressane - Cinepoética. São Paulo: MassaoOhno Editor, 1995, p. 45-49.
5Em A dupla do barulho (Carlos Manga), a problemática da figura de Grande Otelo como personagem suporte em
sua dupla com Oscarito é indagada em diversos momentos, atra vés de uma narrativa crítica e ligeiramente
alegórica, conforme o estilo de Manga. Destaca-se aqui o momento em que Tião, personagem de Otelo, se recusa
a servir de escada para a ascensão e protagonismo de Tonico, interpretado por Oscarito.