PROJUDI - Recurso: 0029422-79.2018.8.16.0030 - Ref. mov. 20.

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23/05/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Juíza Subst. 2ºGrau Cristiane Santos Leite - 4ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
4ª CÂMARA CÍVEL - PROJUDI

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Autos nº. 0029422-79.2018.8.16.0030

Apelação / Remessa Necessária n° 0029422-79.2018.8.16.0030

1ª Vara da Fazenda Pública de Foz do Iguaçu
Apelante(s): MATHEUS MULINARI DOS SANTOS
Apelado(s): ESTADO DO PARANÁ
Relator: Des. Luiz Taro Oyama
Rel. Subst.: Dra. Cristiane Santos Leite

DIREITO ADMINISTRATIVO – APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA

NECESSÁRIA – AÇÃO POPULAR – PRETENSÃO DE IMPOSIÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER A FIM DE RESGUARDAR A SAÚDE
PÚBLICA – VIA ELEITA INADEQUADA – RECURSO DESPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA EM REMESSA NECESSÁRIA.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº

29422-79.2018.8.16.0030, da 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Foz do Iguaçu, em que
é Apelante MATHEUS MULINARI DOS SANTOS e Apelado ESTADO DO PARANÁ.

I – RELATÓRIO

Trata-se de recurso de apelação interposto por MATHEUS MULINARI

DOS SANTOS referente à sentença que julgou extinto o processo de Ação Popular ordenada
sob nº 29422-79.2018.8.16.0030 proposta em desfavor do Estado do Paraná tendo por objeto a
pretensão de que os veículos apreendidos pela Polícia Civil retornem ao depósito em barracão, a
fim de que não permaneçam em terreno a céu aberto.
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Com fulcro no art. 5°, inciso LXXIII da CF, a parte não foi condenada ao
pagamento de verbas sucumbenciais, nem custas.

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Houve remessa necessária, nos termos do art. 19 da Lei n° 4.717/65.

Matheus Mulinari dos Santosinterpôs recurso de apelação (mov. 20.1),

alegando que a infestação de mosquito aedes aegypti é lesiva também ao meio ambiente – não
somente à saúde pública –, uma vez que alterações no meio ambiente que afetam a saúde da
população integram o conceito de impacto ambiental previsto na Resolução n° 306/2002 do
CONAMA.

Foram apresentadas contrarrazões requerendo a manutenção da sentença

(mov. 28.1).

A Procuradoria Geral de Justiça se opinou ao mov. 8.1 pelo desprovimento

do recurso.

É a breve exposição.

II - VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO:

Presentes os pressupostos recursais de admissibilidade, conheço do Recurso

de Apelação.

Inadequação da via

Sustenta o Recorrente que pretende pela presente ação a nulidade de ato

lesivo ao meio ambiente.

Sem razão.

Dispõe o inciso LXXIII, do art. 5° da CF que “qualquer cidadão é parte

legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
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entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência”.

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Da leitura do artigo, portanto, extrai-se que a ação popular é medida
adequada para que seja reconhecida a nulidade de ato lesivo ao patrimônio público, moralidade
administrativa, meio ambiente e patrimônio histórico e cultural.

Sobre o assunto, inclusive, é o entendimento jurisprudencial:

AÇÃO POPULAR AMBIENTAL - Ajuizamento objetivando compelir a

Municipalidade a retirar todas as capivaras que habitam o local público
denominado Lago do Taboão - Alegação de ameaça e exposição de danos à
saúde pública da população de Bragança Paulista - IMPOSSIBILIDADE -
Inexistência de ato lesivo do Poder Público - Via inábil aos fins colimados -
A ação popular se presta a anulação ou declaração de nulidade de atos
lesivos ao património público, de forma que a inexistência de um ato a
combater demonstra ter sido inábil a via eleita - Sentença Mantida - Recurso
IMPROVIDO.
(TJSP; Apelação Cível 0005524-26.2010.8.26.0099; Relator (a): Ruy
Alberto Leme Cavalheiro; Órgão Julgador: N/A; Foro de Bragança Paulista -
2ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 02/06/2011; Data de Registro:
15/06/2011)

DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO

POPULAR. ART. 5º, LXXIII, CF/88. INDEFERIMENTO DA INICIAL.
REINTEGRAÇÃO DE AGENTES ESPECIALIZADOS NO COMBATE À
DENGUE. FALTA DE INTERESSE DE AGIR. QUESTÃO DE POLÍTICA
DE SAÚDE PÚBLICA. 1. Com base no art. 5o, inciso LXXIII, da
Constituição Federal de 1988, a ação popular é ação civil através da qual o
cidadão pode requerer a invalidação de ato lesivo ao patrimônio público, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e
cultural. 2. No caso concreto, não se verifica o interesse de agir, porquanto o
autor popular pretende que o Poder Judiciário atue como autêntico legislador
positivo no que tange à política administrativa na esfera da saúde quanto à
epidemia da dengue. 3. O autor popular pretendeu obter a condenação da
União Federal e da FUNASA a reincorporar quase cinco mil e oitocentos
técnicos especializados, a organizar e fornecer os meios necessários aos
demais gestores do SUS no Estado do Rio de Janeiro para prosseguir com o
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plano de combate à dengue e outras endemias no mesmo âmbito territorial,
além de ver desconstituído o ato que não renovou os contratos temporários
com os técnicos. 4. O inconformismo do autor popular é com a política de
saúde pública, não havendo qualquer ato que pudesse, em tese, ensejar o

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prosseguimento do processo relativo à ação popular. 5. Remessa necessária
conhecida e improvida.
(TRF2, 8ª Turma, Remessa ex officio n° 200251010016011, Relator Des.
Guilherme Calmon Nogueira da Gama, pub. 26/09/2005)

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. LOTEAMENTOS URBANOS

LOCALIZADOS EM APONTADA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL.
PRETENSÃO DE OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER.
SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO, POR INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. APELAÇÃO.
DESPROVIMENTO.
I - A bem lançada Sentença, cujo Fundamento abaixo transcrito adota-se
como razão de decidir, concluiu pela Inadequação da Via Eleita (Ação
Popular), em face da Pretensão nela formulada (exclusivamente, Obrigações
de Não Fazer e de Fazer atinentes à abstenção de implantação de
Loteamentos Urbanos e recuperação de apontados danos ambientais por eles
causados), verbis:
"Assim, a ação popular tem como objeto atacar o ato ilegal ou imoral e
lesivo ao patrimônio público e tem, por isso, natureza essencialmente
desconstitutiva. A propósito, leciona José Afonso da Silva: 'o que se pede,
pois, imediatamente, na demanda popular, é uma sentença constitutiva
negativa, isto é, uma sentença que decrete a invalidade do ato lesivo ao
patrimônio daquelas pessoas, entidades ou instituições.'
(...)
(PROCESSO: 200081000044382, DESEMBARGADOR FEDERAL
ALEXANDRE COSTA DE LUNA FREIRE, Primeira Turma,
JULGAMENTO: 03/12/2015, PUBLICAÇÃO: DJE - Data: 10/12/2015 -
Página: 68)

No presente caso, verifica-se que o Autor pretende impor à Administração

Pública a obrigação de retornar os veículos armazenados em terreno a céu aberto ao imóvel
anteriormente locado em que há um barracão que irá impedir a proliferação do mosquito aedes
aegypti, transmissor de dengue, febre amarela urbana, chikungunya e zika vírus.
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O Recorrente, portanto, visa compelir a Administração Pública a utilizar-se
de imóvel diverso com a intenção de proteção à saúde pública, o que é incabível pela presente
via, nos termos do art. 5°, inciso LXXIII da CF.

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Desse modo, a sentença deve ser mantida incólume, a fim de que seja
mantida a extinção do feito pela inadequação da via eleita.

III - DECISÃO:

Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 4ª Câmara Cível do

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar pelo (a) Não-Provimento
do recurso de MATHEUS MULINARI DOS SANTOS, por unanimidade de votos, em julgar pelo (a)
Sentença confirmada do recurso de Juiz de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Foz do
Iguaçu.

O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargadora Maria Aparecida

Blanco De Lima, com voto, e dele participaram Juíza Subst. 2ºgrau Cristiane Santos Leite (relator) e
Desembargadora Astrid Maranhão De Carvalho Ruthes.

21 de maio de 2019

Juíza Subst. 2ºGrau Cristiane Santos Leite

Juiz (a) relator (a)