Cap 4

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Capítulo 4 – Conceitos de fasor e impedância

Motivação:
A resolução de circuitos de corrente alternada no domínio do tempo - através da manipulação de equações
diferenciais - pode apresentar níveis de dificuldade e trabalho bastante elevados.
Veremos que é vantajosa a resolução e análise de circuitos c.a. através dos conceitos de fasor e impedância.

4.1 Revisão Básica de Números Complexos


Um número complexo z é representado por um par ordenado de números reais (x,y).

x é a parte real (Re)

y é a parte imaginária (Im)

x  Re{z} y  Im{z}

Uma das formas matemáticas de representação do número complexo z é a forma retangular:

z  x  j y j  1

Na figura, z* corresponde ao conjugado de z

z  x  j  y

O número complexo z também pode ser espresso na


forma polar:

z  z .e jα  z α

Da trigonometria do triângulo retângulo:

cos    sen    tg  


x y y
z  x 2  y2 z z x

Conjugado de z na forma polar:

z  z .e j  z   

1
Operações aritméticas básicas:
z1  x1  j y1  z1 .e j1  z1 1

z 2  x 2  j y 2  z 2 .e j2  z 2  2

 Soma: z1  z 2  (x1  x 2 )  j ( y1  y 2 )

 Subtração: z1  z 2  (x1  x 2 )  j ( y1  y2 )

 Multiplicação: z1.z 2  z1 . z 2 .e j( 12 )  z1 . z 2 (1  2 )

z1 z1 j( 12 ) z1
 Divisão:  e   (1   2 )
z2 z2 z2
4.2 Fasor

Número complexo na forma polar:


z  z .e j  z 

Da matemática tem-se a Fórmula de Euler:


e j  cos  j sen

Então, pode-se também expressar o número complexo z na seguinte forma:

z  z .cos  j sen  z . cos  j z .sen


 

z . cos  corresponde à parte real e z .sen  é a parte imaginária


Uma corrente alternada senoidal tem a forma geral:

i(t )  Ip .sen(.t  )  2.Ief .sen(.t  )

Com base na fórmula de Euler:


e j  cos  j.sen 

pode-se inferir que 2.Ief .sen(.t  ) é a parte imaginária do seguinte número complexo Ĵ :

Ĵ  2.I ef .e j( .t )  2.I ef .cos(.t  )  j.sen(.t  )

Da trigonometria tem-se a seguinte equivalência:

i(t )  2.Ief .sen(.t  )  2.Ief . cos(.t    90 )

Nesse caso, pode-se inferir que 2.Ief . cos(.t    90 ) é a parte real do seguinte número complexo L̂ :


L̂  2.Ief .e j( .t 90 )  2.Ief . cos(.t    90 )  j.sen(.t    90 ) 

2
Resumindo:
É possível representar a corrente:

i(t )  Ip .sen(.t  )  2.Ief .sen(.t  )

como a parte imaginária do número complexo

Ĵ  2.I ef .e j( .t )  2.I ef .cos(.t  )  j.sen(.t  )

ou como a parte real do número complexo




L̂  2.Ief .e j( .t 90 )  2.Ief . cos(.t    90 )  j.sen(.t    90 ) 
i(t )  2.Ief . cos(.t    90 )
Optamos por:

i(t )  Ip .sen(.t  )  2.Ief .sen(.t  )


parte imaginária de

Ĵ  2.I ef .e j( .t )  2.I ef .cos(.t  )  j.sen(.t  )

“Migração” do domínio do tempo para o domínio do plano complexo

Ĵ é um vetor girante no plano complexo com velocidade angular .


Considerando-se que o valor eficaz de uma forma de onda senoidal é o valor de maior interesse prático, pode-se
definir o fasor:
Î  Ief .e j  Ief 
Detalhe:
O fasor Î é fixo no plano complexo, ao contrário de Ĵ , que gira com velocidade .
E ainda:

Î 
2
Exemplo

Obter os fasores e representá-los no plano complexo


a) u ( t )  110. 2.sen(.t   ) V
3
b) i( t )  80. cos(.t   ) A
3

a) O valor eficaz de u(t) é 110 V e seu ângulo de fase é igual a  rad. Assim, tem-se o fasor:
3
j
Û  110.e 3
 110   55  j.95,26 V
3
3
b) Para i(t) tem-se:
i( t )  80. cos(.t   )  80.sen(.t     )  80.sen(.t   ) A
3 3 2 6

80 j 6 80 
Î  .e    49  j.28,28 A
2 2 6
Representação no plano complexo.
Im

100
^
U

50

 /3
 /6 Re
0
50 100

4.3 Impedância
Em um determinado bipolo tem-se:
u(t )  2.Uef .sen(.t  ) i(t )  2.I ef .sen(.t    )

Os fasores associados à tensão e à corrente são:


Û  Uef  Î  Ief (  )

Com base na Lei de Ohm, define-se o conceito de impedância de um bipolo:

Û U ef  U
Z   ef   Z 
Î I ef (  ) I ef

A unidade da impedância é o Ohm ().

Examinando:
Û Uef
Z    Z 
Î Ief
Nota-se que:
 o módulo da impedância Z fornece a relação entre os valores eficazes de tensão e corrente

 o ângulo da impedância () representa a defasagem entre os fasores da tensão e da corrente.

4
Para o Resistor (R):
Uef
Ief    0o
R
Impedância ZR
Û U ef 
ZR    R0  R
Î U ef

R

Para o Indutor (L):


A corrente está atrasada de 90o em relação à tensão no indutor ( = 90o), e o valor eficaz da corrente é:
U ef
I ef 
.L
Impedância ZL
Û U ef 
ZL    .L90  j..L  j.X L  X L 90
Î U ef
(  90 )
.L
ZL  j.XL  XL90 XL  .L

XL corresponde à reatância indutiva.

Note que a impedância do indutor é um número complexo com parte real nula.

Para o Capacitor (C):


A corrente está adiantada de 90o em relação à tensão no capacitor ( = -90o), e o valor eficaz da corrente é:

I ef  .C.Uef
Impedância ZC
Û U ef  1 1
ZC      90   j.   j.X C  X C  90
Î .C.U ef (  90 ) .C

.C
1
ZC   j.X C  X C  90 XC 
.C
XC corresponde à reatância capacitiva.

Note que a impedância do capacitor também é um número complexo com parte real nula.

4.4 Circuitos com impedâncias em Série e/ou em Paralelo


Exemplo
Obter em cada circuito a impedância vista pela fonte, ou seja, a impedância total ou impedância equivalente nos
terminais da fonte.

Solução:
A impedância vista pela fonte Zeq é dada pela relação entre os fasores de tensão e de corrente fornecidas por ela
ou
é a impedância equivalente resultante do agrupamento adequado de todas das impedâncias do circuito.
5
Para o circuito série:

u(t )  2.Uef .sen(.t  1 ) u1 (t )  2.U1ef .sen(.t  2 ) u 2 (t )  2.U2ef .sen(.t  3 )

Lei das Malhas de Kirchhoff: u(t )  u1 (t )  u 2 (t )


Fasorialmente:
Û  Û1  Û 2  Z1.Î  Z2 .Î  (Z1  Z2 ).Î
Logo:
Zeq  Z1  Z2

Conclusão:
A impedância equivalente para um circuito série corresponde à mesma “fórmula” para a associação de resistores
em série.

Para o circuito paralelo:

Lei dos Nós de Kirchhoff: Î  Î1  Î 2


Û Û 1 1 1
Î  Î1  Î2      .Û  .Û
Z1 Z2  Z1 Z2  Zeq
Logo:
1 1 1 Z1.Z2
  ou Zeq 
Zeq Z1 Z2 Z1  Z2

Conclusão:
A impedância equivalente para um circuito paralelo corresponde à mesma “fórmula” para a associação de resistores
em paralelo.
Em geral, uma associação de bipolos em um circuito apresenta uma impedância do tipo:
Z  Z   Z . cos   j. Z .sen  R  jX
R  resistência X  reatância

Se X corresponder a uma característica indutiva,  é positivo.

Se X corresponder a uma característica capacitiva,  é negativo.

6
4.5 Admitância
O inverso do valor da impedância corresponde à admitância (Y):
1 1 1
Y   
Z Z  Z
ou
1 1
Y   G  j.B
Z R  j.X

G  condutância B  susceptância

Estas três grandezas elétricas têm como unidade o Siemens (S).

Pode-se facilmente obter as seguintes relações:


R X
G B
R  X2
2
R  X2
2

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AS SUAS DÚVIDAS.

4.6 Diagrama fasorial

É a representação dos fasores de tensão e corrente, de um circuito, no plano complexo.

Exemplo

Traçar o diagrama fasorial completo para o circuito:

+ u(t )  50 2  sen(.t ) V
i(t) R ur(t)
+ R = 12 
u(t) ~ - XL = 16 
+
- XL uL(t)
-
Solução:
O fasor associado à tensão é Û  500 V
Como o resistor e o indutor estão conectados em série, a impedância vista pela fonte é:
Z  ZR  ZL  R  j.XL  12  j.16  2053,13 

Cálculo da corrente (fasor):


Û 500
Î   
 2,5  53,13 A
Z 2053,13

Fasores das tensões em R e L:


Û R  R  Î  30  53,13 V ÛL  j.XL  Î  4036,87 V
Atividade:
Obter o respectivo diagrama fasorial incluindo todos os fasores:
Û  500 V Î  2,5  53,13 A Û R  30  53,13 V Û L  4036,87 V

7
DESTAQUES:

O fasor Î está atrasado de 90o em relação ao


fasor Û L (característica do indutor);

A soma dos fasores Û R e Û L resulta em Û


(Lei das Tensões de Kirchhoff).

Exemplo

A figura abaixo mostra um circuito que foi testado em laboratório com a finalidade de determinar a impedância Z
de um equipamento.

i(t)
Z uZ(t)
~ u(t) CH1
CH2
R uR(t) GND

Osciloscópio

O resistor R é de 20 .

A tensão fornecida pela fonte (canal 1) e a tensão sobre o resistor R (canal 2) foram observadas no osciloscópio:

CH2
CH1 escalas
100 V/qd
1 ms/qd

qd – um quadradinho pontilhado da tela do osciloscópio

Desenhar o diagrama fasorial completo para o circuito e obter o valor de Z.

Solução:
Utilizando a escala vertical especificada:
U p  400 V UR p  200 V
Valores eficazes:
400 200
U ef   282,84 V U R ef   141,42 V
2 2

A tensão uR(t) está adiantada em relação a u(t). Valor da defasagem: 30o

Tomando a tensão da fonte como referência angular, os respectivos fasores são:


Û  282,840 V Û R  141,4230 V

8
Lei das tensões de Kirchhoff:

Û Z  Û  Û R  Û   Û R 
Û Z pode ser obtida graficamente:
ÛR

30o Û escalas
 60 V/cm
-ÛR
5 A/cm
ÛZ
Do diagrama obtém-se:

U Zef  175 V   24  Û Z  175  24 V


Como a corrente i(t) pelo circuito está em fase com a tensão uR(t), o fasor associado a ela é:

Û R 141,4230
Î    7,0730 A
R 20

Diagrama fasorial completo:


ÛR

30o Û escalas
24o 60 V/cm
-ÛR
5 A/cm
ÛZ

A impedância Z do elemento desconhecido é dada por:

Û Z 175  24
Z   24,75  54  14,55  j20,02 
Î 7,0730

Conclui-se que o elemento é do tipo capacitivo, pois sua reatância é negativa. Esta conclusão poderia também ser
tirada através da observação do diagrama fasorial, já que a corrente Î aparece adiantada em relação a ÛZ .

VÍDEO: TRAÇANDO DIAGRAMAS FASORIAIS DE CIRCUITO RCL SÉRIE


http://www.youtube.com/watch?v=iXSSWWzVG68

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