JUS2329 Degustacao

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Ivan Kertzman

DIREITO
PREVIDENCIÁRIO
para o

Concurso do INSS
2ª edição
revista, atualizada e ampliada

2022
Roteiro de estudos

Caros leitores,
Conforme mencionado na apresentação dessa obra, toda ela é voltada para o con-
curso do INSS. Dessa forma, o livro deve ser todo estudado atentamente.
Segue um roteiro que referencia os itens do programa do último edital do concurso
do INSS com os cápitulos dessa obra.
Espero que seja útil.
Ivan Kertzman

Itens do Edital Tópico do livro


Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – Edital 1/2015 – INSS, de 22 de dezembro de 2015
• Analista do Seguro Social – CESPE
Noções de Direito Previdenciário – Todos os Cargos, Exceto Direito
1. Finalidade e princípios básicos da Previdência Social. 2 Regime Geral de
Capítulos 1 a 4
Previdência Social.
2.1. Segurados obrigatórios. 2.2 Filiação e inscrição. 2.3 Conceito, características
e abrangência: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual,
Capítulo 5
trabalhador avulso e segurado especial. 2.4 Segurado facultativo: conceito,
características, filiação e inscrição. 2.5 Trabalhadores excluídos do Regime Geral.
3. Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário. Capítulo 6
4. Financiamento da Seguridade Social. 4.1 Receitas da União. 4.2 Receitas das
contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do empregador doméstico e Capítulos 8 a 12
do produtor rural.
4.3. Salário de contribuição. 4.3.1 Conceito. 4.3.2 Parcelas integrantes e parcelas
Capítulo 7
não integrantes. 4.3.3 Limites mínimos e máximos.
4.4. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal. Capítulo 14
5. Parcelamento de contribuições e demais importâncias devidas à seguridade
Capítulo 13
social.
6. Restituição e compensação de contribuições. Capítulo 13
7. Infrações à legislação previdenciária. Capítulo 12
8. Recurso das decisões administrativas. Capítulo 14
9. Plano de Benefícios da Previdência Social: beneficiários, espécies de prestações,
benefícios, Serviço Social, Reabilitação Profissional, Justificação Administrativa,
disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário de benefício, renda Capítulos 15 a 20
mensal do benefício, reajustamento do valor dos benefícios. 10 Manutenção,
perda e restabelecimento da qualidade de segurado.

17
Capítulo 1

Definição de Seguridade Social

X Art. 194, CF/1988


A seguridade social foi definida no caput do art. 194 da Constituição Federal como
“um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar o direito à saúde, à previdência e à assistência social”.
A definição constitucional enumera as áreas da seguridade social em:
• Saúde;
• Assistência social;
• Previdência social.
O legislador constituinte agregou estas três áreas na seguridade social, devido à
inter-relação que pode ser facilmente observada entre elas. Se investirmos na saúde
pública, menos pessoas ficam doentes ou o tempo de cura é menor, e, como conse-
quência direta, menos pessoas requerem benefícios previdenciários por incapacidade
de trabalho ou o tempo de percepção de tais benefícios é menor. Se investirmos na
previdência social, mais pessoas estarão incluídas no sistema, de forma que, ao enve-
lhecerem, terão direito à aposentadoria, não necessitando de assistência social.
A seguridade social está inserida no Título VIII da Constituição Federal, dedicado à
ordem social. Por isso, os direitos relativos à previdência, saúde e assistência social
são considerados direitos sociais.
O Direito Previdenciário estuda apenas um desses ramos, qual seja, o da previdência
social. No decorrer desta obra esgotaremos a análise previdenciária, focando os pontos
mais indagados em provas de concursos públicos.
Neste capítulo, entretanto, comentaremos aspectos iniciais relacionados a esses
três ramos da seguridade.
Apesar de essa definição ser bastante simples, tem sido alvo de cobrança por
todas as bancas organizadoras de concursos públicos. A ESAF, por exemplo, exige a
memorização do citado texto do art. 194 da CF/1988. Vejamos exemplos de questões:
Exemplo de questão da ESAF:
(Auditor-Fiscal da Receita Federal Área Tributária e Aduaneira 2005/2006 –
ESAF) No âmbito da Seguridade Social, com sede na Constituição Federal/1988
(art. 194), podemos afirmar:

19
DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta


Constituição.

Para fixar ainda mais o aprendizado, o gráfico a seguir representa as três áreas da
seguridade social:

SAÚDE

SEGURIDADE SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL

PREVIDÊNCIA SOCIAL

1.1. SAÚDE
X Arts. 196 a 200, CF/1988
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas so-
ciais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação” (art. 196, CRFB/1988).
O acesso à saúde independe de pagamento e é irrestrito, inclusive para os estran-
geiros que não residem no país. Até as pessoas ricas podem utilizar o serviço público
de saúde, não sendo necessário efetuar quaisquer contribuições para ter direito a este
atendimento.
Exemplo:
Mike, americano, veio passar suas férias no Brasil, chegando à cidade do
Rio de Janeiro. Ao desembarcar no aeroporto do Galeão, solicitou um táxi,
partindo em direção à Barra da Tijuca, via Linha Amarela. Por azar, foi atingido
por uma “bala perdida”. Mike poderá ser atendido na rede pública de saúde,
independentemente de pagamento, embora não seja brasileiro nem residente
neste país.
Exemplo de questão sobre o tema:
(Técnico do Seguro Social a– INSS 2016 – CESPE) De acordo com o princípio
da universalidade da seguridade social, os estrangeiros no Brasil poderão
receber atendimento da seguridade social.
Resposta: certa

A saúde é administrada pelo SUS – Sistema Único de Saúde, vinculado ao Ministério


da Saúde. Este órgão não guarda qualquer relação com o INSS ou com a previdência
social. A confusão é bastante frequente no meio popular já que, no passado, a saúde
e a previdência fizeram parte da mesma estrutura, como veremos no próximo capítulo.

21
DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, policlínica,


clínica geral e clínica especializada; e
b) ações e pesquisas de planejamento familiar;
III – serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para
atendimento de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a
seguridade social; e
IV – demais casos previstos em legislação específica.
Na qualidade de ações e serviços de saúde, as atividades de apoio à assistência à
saúde são aquelas desenvolvidas pelos laboratórios de genética humana, produção e
fornecimento de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de análises clínicas,
anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são livres à participação direta ou
indireta de empresas ou de capitais estrangeiros (art. 53-A da Lei 8.080/1990).
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarqui-
zada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;
III – participação da comunidade.

Atenção!
Apesar de o órgão que administra a saúde ter o nome ASistema Único de Saúde , as ações
nessa área são descentralizadas. As bancas examinadoras dos concursos públicos costu-
mam elaborar proposições mencionando que o SUS – Sistema Único de Saúde possui ações
centralizadas.
Outro ponto abordado em concursos é a priorização das ações de caráter preventivo da
saúde. Questões tentam confundir o estudante, mencionando que será priorizado o aten-
dimento aos enfermos em detrimento das ações preventivas.

Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições:


I – controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse
para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de
saúde do trabalhador;
III – ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV – participar da formulação da política e da execução das ações de sanea-
mento básico;

23
DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA O CONCURSO DO INSS – Ivan Kertzman

A organização da previdência social é sustentada por dois princípios básicos, con-


forme definição do próprio texto Constitucional: compulsoriedade e contributividade.
O princípio da compulsoriedade é o que obriga a filiação a regime de previdência
social aos trabalhadores que trabalhem. Se os segurados pudessem optar entre verter
parte de sua remuneração para o sistema de previdência social ou utilizar todos os
ganhos para pagamento das despesas domésticas, certamente a maioria escolheria a
segunda alternativa. Diversos trabalhadores ficariam, portanto, excluídos do sistema
protetivo, gerando um completo caos social, pois, quando ficassem impossibilitados
de exercer suas atividades, não teriam como prover o seu sustento.
A contributividade significa que, para ter direito a qualquer benefício da previdência
social, é necessário enquadrar-se na condição de segurado, devendo contribuir para
manutenção do sistema previdenciário. Até mesmo o aposentado que volta a exercer
atividade profissional remunerada, é obrigado a contribuir para o sistema.
Além desses dois princípios, a Carta Magna incluiu diversos outros, que serão es-
tudados no Capítulo 3. Antecipamos, no entanto, o princípio da solidariedade, pois a
sua compreensão é fundamental para avançarmos no estudo da matéria.
A solidariedade do sistema previdenciário, em síntese, é o princípio que acarreta
a contribuição dos segurados para o sistema, com a finalidade de mantê-lo, sem que
necessariamente usufrua dos seus benefícios. Uma vez nos cofres da previdência social,
os recursos serão destinados a quem realmente deles necessitar.
A solidariedade justifica a situação do segurado que recolheu contribuição durante
muitos anos sem jamais ter-se beneficiado. A previdência atende, por outro lado, aos
dependentes do segurado falecido, no início de sua vida profissional, concedendo-lhes
o benefício da pensão por morte.
Note que a previdência social objetiva a cobertura dos riscos sociais. A compreensão
deste fundamento previdenciário é indispensável para o estudo deste ramo do Direito.
Riscos sociais são os infortúnios que causam perda da capacidade para o trabalho e,
consequentemente, para a manutenção do sustento. São exemplos de riscos sociais a
idade avançada, a doença permanente ou temporária, a invalidez, o parto etc.
Vejamos o gráfico esquemático:

PREVIDÊNCIA SOCIAL

COMPULSORIEDADE CONTRIBUTIVIDADE SOLIDARIEDADE

1.3.1. Regimes de Previdência Social


Considera-se regime de previdência social aquele que ofereça aos segurados, no
mínimo, os benefícios de aposentadoria e pensão por morte.

28
DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA O CONCURSO DO INSS – Ivan Kertzman

O gráfico a seguir ilustra a divisão de regimes na previdência social:

PREVIDÊNCIA SOCIAL

REGIME PRÓPRIO REGIME GERAL


REGIME DE PREVIDÊNCIA
DE PREVIDÊNCIA DE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR
SOCIAL – RPPS SOCIAL – RGPS

PREVIDÊNCIA OFICIAL
DO SERVIDOR

PREVIDÊNCIA PRIVADA

1.3.1.1. Regime Geral de Previdência Social – RGPS


O RGPS é regime de previdência social de organização estatal, contributivo e
compulsório, administrado pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, sendo as
contribuições para ele arrecadadas, fiscalizadas e normatizadas pela Receita Federal
do Brasil. É regime de repartição simples e de benefício definido.
Até outubro de 2004, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia fede-
ral, era responsável pela administração de todo o sistema previdenciário, incluindo as
atividades de arrecadação de tributos e concessão de benefícios.
A Medida Provisória 222, de 04/10/2004, convertida na Lei 11.098/2005, atribuiu ao
extinto Ministério da Previdência Social as competências tributárias do INSS, com a
criação da Secretaria da Receita Previdenciária – SRP, no âmbito da administração direta.
A intenção da criação da SRP foi preparar o órgão para a fusão do Fisco Previdenciá-
rio com a Receita Federal no intuito de dar mais efetividade à fiscalização dos tributos
federais. A fusão ocorreu com a edição da MP 258/2005, de 21/07/2005, que criou a
Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRFB, transferindo o quadro de Auditores-Fis-
cais da Previdência Social para estrutura do Ministério da Fazenda e unificando o cargo
dos auditores da Previdência e da Receita, com a criação do cargo de Auditor-Fiscal da
Receita Federal do Brasil.
Ocorre que a MP 258/2005 não foi apreciada pelo Congresso Nacional no prazo cons-
titucionalmente estabelecido, tendo perdido a eficácia a partir de 19/11/2005. Com isso,
voltaram a existir as duas Secretarias anteriores à edição da MP 258/2005: a Secretaria
da Receita Federal e a Secretaria da Receita Previdenciária.
O Governo, inconformado com a derrota, enviou ao Congresso Nacional projeto de
lei, versando sobre o mesmo tema: a unificação da Secretaria da Receita Federal com

30
Capítulo 2

Histórico da Seguridade Social

O objetivo deste capítulo é fornecer ao estudante informações sobre a evolução


histórica da seguridade social, no Brasil e no mundo, focando para as questões mais
recorrentes em concursos públicos.

2.1. HISTÓRICO MUNDIAL


A seguridade social, como regime protetivo, surgiu a partir da luta dos trabalhadores
por melhores condições de vida.
As primeiras normas protetivas editadas tiveram caráter eminentemente assisten-
cial. Em 1601, foi editado na Inglaterra o Poor Relief Act (Lei dos Pobres), que instituiu
auxílios e socorros públicos aos necessitados.
Sob a ótica previdenciária, o primeiro ordenamento legal foi editado na Alemanha,
por Otto Von Bismarck, em 1883, com a instituição do seguro-doença. No ano seguinte,
foi criada a cobertura compulsória para os acidentes de trabalho. Neste mesmo país,
em 1889, foi criado o seguro de invalidez e velhice.
Foi a primeira vez que o Estado ficou responsável pela organização e gestão de um
benefício custeado por contribuições recolhidas compulsoriamente das empresas. Este
sistema de organização previdenciária, conhecido como Sistema Bismarckiano, traz as
duas principais características dos sistemas previdenciários modernos: a contributivi-
dade e a compulsoriedade, que, como vimos, estrutura a previdência social brasileira.
No Sistema Bismarckiano, pela primeira vez o Estado passa a ser responsável pela
arrecadação de tributos para o financiamento da previdência social.
Em seguida, outros países da Europa editaram suas primeiras leis de proteção
social. A Inglaterra publicou o Workmen’s Compensation Act, estabelecendo seguro
obrigatório contra acidente de trabalho.
A primeira Constituição a incluir o tema previdenciário foi a do México em 1917,
seguida pela Constituição Alemã de Weimar, em 1919.

Atenção!
As primeiras leis previdenciárias surgiram na Alemanha, entretanto a primeira Constituição
a tratar do tema foi a Carta Mexicana.

39
DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA O CONCURSO DO INSS – Ivan Kertzman

A Constituição de 1988 foi a que reuniu as três atividades da seguridade social:


saúde, previdência social e assistência social.
Em 1990, a Lei 8.029/1990 criou o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social com
a junção do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS com o IAPAS – Instituto de
Administração Financeira da Previdência e Assistência Social.

Atenção!
A criação do INSS deu-se com a fusão do INPS com o IAPAS. Lembre-se de que o INPS
era a autarquia responsável pela administração dos benefícios previdenciários, enquanto
o IAPAS era o órgão voltado para o custeio da previdência social, contendo a estrutura de
arrecadação, fiscalização e cobrança.
Questões de concursos públicos frequentemente contêm proposições, sugerindo que o
INSS surgiu da fusão do INPS com o INAMPS, já que estas duas autarquias são as mais lem-
bradas pela população. Note-se que o papel do INAMPS era o de prestação de assistência
médica que, como já visto no capítulo 1, atualmente, é de competência do SUS – Sistema
Único de Saúde.

Sobre o tema, vejamos a questão do concurso para Técnico do Seguro Social de 2012:
Exemplo de questão sobre o tema:
(Técnico do Seguro Social – INSS 2012 – Carlos Chagas) O INSS, autarquia
federal, resultou da fusão das seguintes autarquias:
a) INAMPS e SINPAS.
b) IAPAS e INPS.
c) FUNABEM e CEME.
d) DATAPREV e LBA.
e) IAPAS e INAMPS.
Resposta: B

As últimas alterações legislativas que modificaram dispositivos significativos da


legislação previdenciária estão dispostas no quadro abaixo:
Norma Principais alterações efetuadas
Lei Passou a ser exigido, para concessão de aposentadoria especial, a comprovação de
9.032/1995 exposição habitual e contínua ao agente nocivo.
Instituiu, a cargo das empresas, a contribuição sobre a remuneração dos contribuintes
LC 84/1996 individuais e a contribuição das cooperativas de trabalho sobre o valor pago aos
cooperados.
Lei Criou a retenção dos 11% dos prestadores de serviços pessoas jurídicas, elidindo a
9.711/1998 solidariedade.

44
HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL

Norma Principais alterações efetuadas


Destinação específica à previdência e assistência do produto arrecadado pelo
INSS; reestruturação da previdência do servidor público; execução e cobrança
EC 20/1998 das contribuições previdenciárias pela Justiça do Trabalho, em relação às suas
sentenças; extinção da aposentadoria por tempo de serviço e da redução de cinco
anos para o professor universitário.
Criação do fator previdenciário; alteração das regras de cálculo para o valor dos
benefícios; alteração da contribuição das empresas sobre os serviços prestados por
Lei
contribuintes individuais e por cooperativas de trabalho; criação da categoria do
9.876/1999 contribuinte individual e extinção da tabela de classes para os novos segurados
contribuintes individuais.
Obrigatoriedade de as empresas efetuarem retenção da contribuição dos
contribuintes individuais que lhes prestem serviços; criação de benefício de
Lei aposentadoria especial para os contribuintes individuais filiados a cooperativas;
10.666/2003 criação de contribuição para financiar a aposentadoria especial dos trabalhadores
filiados a cooperativas; extinção por definitivo da tabela de classes para contribuição
do contribuinte individual;
Lei As empresas passaram a pagar o benefício de salário-maternidade às suas
10.710/2003 empregadas, reembolsando os valores despendidos na guia de recolhimento.
EC 41/2003 Reestruturou novamente a previdência do servidor público.
MP 222/2004
Foi atribuída ao MPS competência relativa à arrecadação, fiscalização, lançamento
convertida
e normatização de receitas previdenciárias, autorizando a criação da Secretaria da
na Lei Receita Previdenciária – SRP.
11.098/2005
Complementou a EC 41/2003, reestruturando mais uma vez a previdência do servidor
EC 47/2005 público.
MP 258/2005
Devido a não apreciação pelo Congresso Nacional, a MP 258/2005 perdeu a eficácia
perde a
em 19/11/2005, voltando a existir as Secretarias da Receita Federal e da Receita
eficácia em Previdenciária.
19/11/05
Em 16/03/2007 foi criada a Secretaria da Receita Federal do Brasil, a partir da junção
Lei
da Secretaria da Receita Federal com a Secretaria da Receita Previdenciária, originando
11.457/2007 o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil.

Comentaremos, no decorrer desta obra, cada uma destas alterações, ao tratarmos


dos assuntos específicos que foram modificados. Frisamos, pela importância da altera-
ção, neste momento, apenas a criação da Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRFB,
concebida pela Lei 11.457/2007, com a fusão da Secretaria da Receita Federal – SRF com
a Secretaria da Receita Previdenciária – SRP.
As leis que regulam, atualmente, as matérias securitárias são:
• Lei 8.212/1991 – Plano de Organização e Custeio da Seguridade Social – PCSS;
• Lei 12.618/2012 – Previsão legal para criação da previdência complementar dos
servidores públicos federais – FUNPRESP;

45
Capítulo 3

A Seguridade Social
na Constituição Federal

3.1. APRESENTAÇÃO
A seguridade social mereceu especial destaque, constando no texto constitucional
uma série de dispositivos que regulam o funcionamento e estrutura da proteção social
no país. Alguns destes dispositivos já foram mencionados ao tratarmos da definição
da seguridade social, no primeiro capítulo desta obra.
Neste capítulo, estudaremos os dispositivos trazidos pela Carta Maior sem perder-
mos o foco no direcionamento desta obra para concursos públicos.
Dividimos, então, com fins meramente didáticos, o estudo constitucional da segu-
ridade social em duas partes: princípios constitucionais e dispositivos constitucionais.
Os princípios constitucionais são ideias matrizes orientadoras de todo o conjunto
de normas e versam, basicamente, sobre a essência e estrutura da proteção social. São
normas programáticas que devem orientar o poder legislativo, quando da elaboração
das leis que tratam sobre o regime protetivo, assim como o executivo e o judiciário,
na aplicação destas.
Os dispositivos constitucionais são regras que o constituinte achou por bem inserir
no texto constitucional para dar forma à seguridade social brasileira.

3.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


Ao estudar os princípios constitucionais da seguridade social, percebe-se que nem
todos os princípios são aplicáveis aos seus três ramos: saúde, previdência social e
assistência social. Determinados princípios podem melhor se adequar a alguma área
específica da seguridade, como demonstraremos ao tratar de cada um deles.
A doutrina tradicionalista classifica a previdência social como um direito humano de
2ª geração, devido à proteção individual que proporciona aos beneficiários, atendendo
às condições mínimas de igualdade.
Na evolução dos direitos sociais, ao longo dos anos, novos direitos vão se agregan-
do ao rol das garantias existentes. A doutrina moderna, então, vem classificando os
direitos sociais na categoria de direitos fundamentais de 3ª geração ou de 3ª dimensão,

49
DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA O CONCURSO DO INSS – Ivan Kertzman

O gráfico abaixo representa a composição do CNP:

GOVERNO
6

TRABALHADORES EMPREGADORES
3 CNP 3

INATIVOS
3

Importante frisar que essa mudança de nomenclatura do Conselho Nacional de


Previdência Social para simplesmente Conselho Nacional de Previdência foi promovida
pela Lei 13.341/2016 (Reforma Ministerial do Governo Temer), sem ter alterado o antigo
nome na Lei 8.213/1991. Assim, caso as questões de concurso ainda continuem utili-
zando o antigo nome, os candidatos não devem considerar errado. Nesta obra, todavia,
utilizaremos o nome atualizado.
Os membros do Conselho Nacional de Previdência e seus respectivos suplentes serão
nomeados pelo Presidente da República. Os representantes titulares da sociedade civil
têm mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos, de imediato, uma única vez.
Os representantes dos trabalhadores em atividade, dos aposentados, dos em-
pregadores e seus respectivos suplentes serão indicados pelas centrais sindicais e
confederações nacionais, gozando de estabilidade no emprego, da nomeação até um
ano após o término do mandato de representação, somente podendo ser demitidos
por motivo de falta grave, regularmente comprovada através de processo judicial (art.
3º, § 7º, da Lei 8.213/1991).
O complicado texto do art. 3º, § 3º, da Lei 8.213/1991 dispõe que o CNP reunir-se-á,
ordinariamente, uma vez por mês, por convocação de seu Presidente, não podendo ser
adiada a reunião por mais de 15 dias se houver requerimento nesse sentido da maioria
dos conselheiros. Ao que parece, as reuniões podem ser adiadas por apenas 15 dias, se
houver requerimento nesse sentido formulado pela maioria dos conselheiros. Poderá,
ainda, ser convocada reunião extraordinária por seu Presidente ou a requerimento de
um terço de seus membros.
Compete ao Conselho Nacional de Previdência:
I – estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas aplicáveis à
previdência social;

60
A SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

DAS EMPRESAS
(ART. 195, I, A, CF)

PREVIDENCIÁRIAS

DOS SEGURADOS
(ART. 195, II, CF)

PIS E COFINS
(ART. 195, I, B, CF)

CONTRIBUIÇÕES PARA CSLL


A SEGURIDADE SOCIAL (ART. 195, I, C, CF)

CONCURSO DE
PROGNÓSTICO
(ART. 195, III, CF)

PIS E COFINS
IMPORTAÇÃO
(ART. 195, IV, CF)

3.3.4.1. Contribuições sociais previdenciárias – Folha de pagamento


Chamam-se contribuições sociais previdenciárias aquelas destinadas exclusiva-
mente ao custeio dos benefícios previdenciários. São as contribuições do empregador,
da empresa e entidades a ela equiparadas sobre a folha de pagamento (I, a) e as
contribuições do trabalhador e demais segurados sobre a “remuneração” recebida (II)
(art. 167, XI, da CF/1988).
As contribuições previdenciárias são arrecadadas, fiscalizadas, lançadas e regula-
mentadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil desde a vigência da Lei 11.457,
de 16/03/2007.
Saliente-se que a redação anterior do inciso I, a, do art. 195, CF/1988, utilizava ape-
nas a expressão “folha de salários”, deixando fora os “demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo
sem vínculo empregatício”. A EC 20/98 foi a responsável pelo novo texto.
Para o Direito do Trabalho, salário é a parte da remuneração do trabalhador empre-
gado paga diretamente pelo empregador. O texto original dava margem a alegações de
que não seria constitucional a cobrança de contribuições sociais das empresas sobre
os serviços prestados por outras categorias de segurados, sem vínculo empregatício.
O STF, então, firmou posicionamento sobre a inconstitucionalidade da lei ordinária que

67
DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA O CONCURSO DO INSS – Ivan Kertzman

Tributo

Contribuições
Empréstimo Contribuição
Imposto Taxa sociais em
compulsório de melhoria
sentido amplo

Contribuições Contribuição
Contribuições Contribuição
de intervenção de interesse
sociais em para ilumina-
no domínio das categorias
sentido estrito ção púbica
econômico profissionais

Contribuições Outras
contribuições Contribuições
para
para sociais gerais
a seguridade a seguridade

COFINS,
Contribuição SESC, SENAC,
PIS-PASEP, CSLL,
Previdenciária Uso da Compe- Salário-Edu-
Concurso de
tência Residual cação, SESI,
Prognósticos,
(art. 195, §4º SENAI, SENAR,
PIS e COFINS
c/c art. 154, SEST, SENAT,
Importação e
I, CF/88) DPC, Fundo
CPMF (quando
Aeroviário etc.
vigente)

Outro ponto alterado foi a redação do § 11 do art. 195 da CF/1988. Vejamos o comparativo:
Antes da Reforma de 2019
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de
que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior
ao fixado em lei complementar.

Após Reforma de 2019


§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a sessenta
meses e, na forma de lei complementar, a remissão e a anistia das contribuições
sociais de que tratam a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput.

A alteração teve o claro objetivo de acabar com os inúmeros parcelamentos espe-


ciais de longo prazo, que superam o prazo de 60 meses do parcelamento convencional,
chegando a 180 ou até 240 meses. Os parcelamentos, sem dúvida, beneficiavam a
prática da sonegação fiscal, permitindo que os débitos, mesmo que identificados em
procedimento fiscalizatório, pudessem ser parcelados em longo prazo, inclusive com
o perdão ou redução da multa e dos juros.
Esse foi um ponto bastante positivo da Reforma, que merece elogios por tentar
moralizar o processo de cobrança de dívidas previdenciárias.

76
Capítulo 4

Legislação Previdenciária

4.1. DEFINIÇÃO
Legislação Previdenciária é o conjunto de normas que visam organizar a seguridade
social e o sistema protetivo.
O Direito Previdenciário objetiva a análise das regras gerais que tratam do custeio
da seguridade social e do estudo aprofundado das normas de financiamento da previ-
dência social e de prestações oferecidas por este ramo da seguridade.
Não fazem parte do campo do Direito Previdenciário as normas específicas que
tratam da saúde e assistência social.

4.2. AUTONOMIA DIDÁTICA


Devido à grande dimensão do emaranhado de normas jurídicas, o Direito é dividido
com o escopo de facilitar o estudo das normas correlatas.
Assim, a Doutrina tradicionalista divide o ordenamento jurídico em dois grandes
grupos: Direito Público e Direito Privado.
O Direito Público é o que regula a relação jurídica do Estado com os particulares.
O Estado exerce o seu Poder de Império, fixando regras e comandos jurídicos. É o
que ocorre no Direito Tributário, Direito Administrativo, Direito Constitucional etc. O
particular, por exemplo, é compelido a pagar os tributos, independentemente de ma-
nifestação de vontade.
O Direito Privado é o que marca a relação entre os particulares que optem por
firmar um vínculo jurídico. É o que ocorre com o Direito do Trabalho, Direito Comercial,
Direito Civil etc. Ninguém está obrigado a firmar contrato de trabalho ou comercial. Os
particulares optam pela relação jurídica e a partir daí sujeitam-se às normas pré-defi-
nidas pelo Estado.
Nessa ótica, o Direito Previdenciário é considerado ramo do Direito Público, pois o
vínculo jurídico se dá obrigatoriamente com o Estado.
Registre-se com atenção que a corrente mais moderna, entretanto, rechaça essa
divisão dualista do Direito. Fala-se atualmente da existência do chamado Direito Social,
que englobaria os ramos trabalhista e previdenciário. Essa posição é sustentada pela
maioria dos especialistas do ramo previdenciário.

93
DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA O CONCURSO DO INSS – Ivan Kertzman

Há quem defenda que o Direito Previdenciário faz parte do Direito do Trabalho,


entretanto este posicionamento é minoritário. A doutrina majoritária prega a autonomia
didática do Direito Previdenciário, sendo este considerado ramo próprio de estudo.
Quanto ao surgimento da disciplina previdenciária não há, também, consenso dou-
trinário. Parte dos estudiosos afirma ter essa matéria derivado do Direito do Trabalho,
sendo que, com a expansão da proteção social, esse ramo do Direito tornar-se-ia cada
vez mais complexo, ganhando autonomia didática em relação aos outros ramos do
Direito. Outros, ainda, mencionam que o Direito Previdenciário precedeu ao Direito do
Trabalho, possuindo, desde sua formação, autonomia.

4.3. FONTES DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA


Fonte do Direito Previdenciário é todo fato social gerador de normas jurídicas previ-
denciárias. Dividem-se em materiais e formais. As primeiras são as fontes potenciais do
Direito, ou seja, fatores sociais, econômicos, políticos etc. que influem no surgimento
de normas jurídicas.
Já as fontes formais são manifestações do Direito formadoras do próprio Direito
Previdenciário, podendo subdividir-se em estatais e não estatais.
São fontes não estatais a doutrina e o costume. Doutrina é o conjunto de produções
científicas dos estudiosos da matéria. O costume é a prática reiterada de determinadas
condutas, com a convicção de necessidade jurídica (elemento objetivo e subjetivo).
Observe que é necessária à configuração do costume a consciência coletiva de que
certos atos da comunidade devem servir de parâmetro de comportamento. A prática de
emissão de cheque “pré-datado”, por exemplo, realizada, uniformemente, na convicção
de se tratar de norma jurídica.
As fontes formais estatais englobam a Constituição, leis complementares, leis
ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções do
senado. Englobam, também, decretos regulamentares do poder executivo, instruções
ministeriais, circulares, portarias, ordem de serviço e normas individuais.
O esquema seguinte sistematiza essa classificação das fontes:

NÃO ESTATAIS (DOUTRINA E


COSTUMES)
FORMAIS
FONTES ESTATAIS (LEGISLAÇÃO
EM SENTIDO AMPLO
MATERIAIS (FATORES SOCIAIS,
ECONÔMICOS
E POLÍTICOS)

94
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

As fontes do direito também são divididas em fontes primárias e secundárias. As


fontes primárias são as que poderão inovar no mundo jurídico, desde que respeitada a
Constituição Federal, criando direito e obrigações. São fontes primárias: leis complemen-
tares, leis ordinárias, leis delegadas e medidas provisórias. Já as fontes secundárias não
poderão contemplar novos direitos e obrigações, mas apenas regulamentar as fontes
primárias para o seu fiel cumprimento. São fontes secundárias: decretos, instruções
normativas, resoluções, portarias, memorandos, orientações internas e outras.
Já na Jurisprudência, a equidade e os princípios gerais do Direito não constituem
fontes, mas apenas formas de integração da ordem jurídica, como veremos, muito
embora, registre-se, este não seja um ponto pacífico entre os estudiosos do Direito. Há
na doutrina quem considere a jurisprudência espécie de fonte formal estatal.

4.4. HIERARQUIA DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA


A hierarquia das normas é a ordem de graduação entre elas, de forma que a su-
perior é o fundamento de validade da inferior. Temos assim, no ordenamento jurídico
vigente, a seguinte pirâmide normativa:

Normas
Constitucionais

Leis complementares, ordinárias,


delegadas, medidas provisórias,
decretos legislativos e resoluções
do Senado

Decretos regulamentares, instruções normativas


ministeriais, circulares, portarias e ordem de servi-
ço, orientações internas

Normas individuais (contrato, sentença, etc.)

Anote que, no mesmo patamar, encontram-se as leis complementares e ordinárias,


havendo, apenas, para elas quórum diferenciado de aprovação. Também, em relação
às delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções do senado o que
ocorre é distribuição de competência, situadas no mesmo piso normativo.

95
Capítulo 5

Segurados do RGPS

5.1. DEFINIÇÃO
Os segurados do Regime Geral de Previdência Social dividem-se em dois grupos:
segurados obrigatórios e facultativos.
Os segurados obrigatórios são os maiores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz
(que se permite o início das atividades a partir dos 14), que exercem qualquer tipo de
atividade remunerada lícita que os vinculem, obrigatoriamente, ao sistema previdenciário.
Os segurados obrigatórios atendem ao princípio constitucional da compulsoriedade
do sistema previdenciário. Como bem ilustramos no primeiro capítulo, caso a inclusão
dos segurados dependesse de ato volitivo, o sistema deixaria de captar diversas pes-
soas que por ele não optariam por falta de recursos suficientes para atender a todas as
suas necessidades, deixando, então, a previdência social relegada ao segundo plano.
A legislação previdenciária subdivide os segurados obrigatórios em cinco categorias:
• Empregado;
• Empregado doméstico;
• Contribuinte individual;
• Trabalhador avulso;
• Segurado especial.
Pelas repetidas vezes que trataremos desses segurados ao longo desta obra, tais
categorias serão facilmente memorizadas. Para facilitar, neste primeiro momento, segue
uma fórmula mnemônica. Tivemos uma IDEEA facilitar a memorização das categorias
de segurados obrigatórios! Vejam:

Individual
I

Doméstico
D

Empregado
E

Especial
E

Avulso
A

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