Revista Da Ordem Dos Farmaceuticos de Angola - n2 - BR

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Ordem dos

REVISTA da
Trimestral | Ano I
Número 2

Farmacêuticos
ANGOLA de
ABR-JUN 2014
Director:
Boaventura
Moura

África com
medicamentos
de qualidade
Segundo o director re-
gional da OMS para
África, Luís Gomes Sam-
bo, a Agência Africana
de Medicamentos vai
contribuir para au-
mentar a capacidade
dos países em matéria
de regulamentação
farmacêutica e de
produção local de
medicamentos
essenciais, com uma
atenção muito es-
pecial ao aspecto
da qualidade. A
sua criação foi de-
cidida pelos min-
istros africanos
da Saúde, no fi-
nal da reunião
que realizaram
recentemente
em Luanda.

Casos de sucesso Como manter Folha


medicamentos Farmacoterapêutica
As farmácias onde os
doentes se sentem bem seguros no domicílio O que é a
Iniciamos nesta edição uma ronda Os medicamentos são substân- farmacovigilância
aos casos de sucesso de farmácias cias especiais com finalidade A monitorização da segu-
em Angola. profilática,curativa, paliativa, ou rança de medicamentos é
Saiba como são geridas, quais as para fins de diagnóstico, que re- um elemento essencial para
suas estratégias, princípios orien- querem cuidados especiais de ar- o seu uso efectivo e para a as-
tadores, objectivos e como mazenamento. Saiba quais são. sistência médica de alta
preparam o futuro. | Pág.24 qualidade. | Pág. 13
Este é o seu Website!
Consulte-o regularmente.

Informação actualizada sobre a profissão


e o sector farmacêutico

www.ordemfarmaceuticosangola.org
2 | Revista
Abril/Junho da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
2014 Revista da Ordem dos FarmacêuticosJaneiro/Março
de Angola2014|3

Editorial
Índice
Actualidade
Boaventura Moura OFA abre a sua sede, define valor das quotas, cria as Comissões
Bastonário e Presidente do Conselho Nacional Científicas e nomeia os seus membros.
|Pags. 4 e 6

1ª Reunião dos Ministros


Africanos da Saúde
A Agência Africana dos Medicamentos deverá melhorar a capaci-

Por um dade dos países na regulamentação farmacêutica. Pretende garan-


tir acesso a produtos médicos comportáveis, de qualidade e
seguros. |Págs. 8 a 12

continente Folha Farmacoterapêutica


O que é a farmacovigilância
A monitorização da segurança de medicamentos é um elemento

mais saudável essencial para o seu uso efectivo e para a assistência médica de alta
qualidade. O órgão informativo do CINFARMA traz-lhe, nesta
edição, o essencial sobre esta disciplina clínica que contribui para a
ética de segurança e serve como indicador dos padrões de assistên-
O facto mais relevante que ocorreu neste segundo tri-

O
cia clínica praticados num país. | Pág. 13 a 16
mestre no nosso sector foi, porventura, a primeira reu-
nião dos ministros africanos da saúde, em Luanda. Reportagem
Organizada conjuntamente pela Comissão da União Casos de sucesso de farmácias em Angola
Africana e OMS, com o patrocínio do governo angolano, Os jornalistas da revista da OFA sairam à rua e foram conhecer de
perto alguns bons exemplos de farmácias em Angola. Saiba como
o evento incidiu nas áreas temáticas prioritárias para o
são geridas, quais as suas estratégias, princípios orientadores, ob-
continente e abordou os problemas de saúde mais proe- jectivos e como se preparam para o futuro. |Pág. 17 a 20
minentes e complexos, responsáveis pelo peso das doen-
ças em África. Espaço AFPLP
A Declaração de Luanda é o documento final que sin- A prestação de serviços pelas farmácias
tetiza as deliberações substantivas tomadas pelos Em muito países a farmácia é o estabelecimento de saúde mais
ministros, entre as quais as estratégias para acabar com acessível à população, funcionando com uma estrutura avançada
as mortes maternas e infantis evitáveis, para enfrentar de saúde junto das comunidades locais. Ciente desta realidade, a
Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa
os factores de risco nas doenças não transmissíveis, a co- (AFPLP) adoptou, na sua Assembleia-Geral realizada em Luanda,
bertura universal de saúde em África, os mecanismos de uma Resolução sobre a prestação de serviços pelas farmácias.
responsabilização para avaliar a implementação dos |Págs. 22 e 23
compromissos assumidos pelos ministros, a criação de
um Centro Africano de Controlo e Prevenção das Doen- Formação
ças e da Agência Africana dos Medicamentos. A história do ensino
Seleccionámos este último tópico para desenvolver- farmacêutico em Angola
mos nesta edição, juntamente com as declarações sobre A necessidade de haver profissionais especializados em Ciências
Farmacêuticas em Angola surge logo após a proclamação da inde-
o mesmo do director regional da OMS para África, Luís pendência nacional, em 1975, para colmatar o vazio que existia
Gomes Sambo. nesta especialidade e a falta de instituições de formação. Conheça
Entretanto, a OFA também deu passos neste período o percurso do ensino farmacêutico até aos nossos dias . |Pág. 25
com vista ao reforço da sua organização: abriu a sua se-
de, definiu os valores da jóia e das quotas, criou as co- Ficha Técnica
missões científicas, nomeou os seus integrantes, e ini-
ciou a preparação da 1ª Semana da Farmácia Angolana, Propriedade: Ordem dos Farmacêuticos de Angola | Director:Boaventura
Moura | Conselho editorial: João Novo, Helena Vilhena, Pedro Zangulo e San-
que celebrará o primeiro aniversário da sua constitui- tos Nicolau | Endereço: Rua Kwame Nkrumah, nº 52 / 53, Maianga, Luanda, An-
ção, entre outros. gola. Tel.: (+244) 935 333 709 / 912 847 892 | E-mails: ofangola@gmail.com
ofangola@hotmail.com | Web site: www.ordemfarmaceuticosangola.org | Ed-
itor: Marketing For You, Lda / Jornal da Saúde www.marketingforyou.co.ao |
Envie-nos as suas sugestões e comentários para que Publicidade: Márcia da Costa Tel.: (+244) 949 265 229 / 923 276 837 | Periodi-
cidade: trimestral | Design e maquetização: Fernando Almeida | Impressão
possamos melhorar. Boa leitura! e acabamento: Damer Gráficas, SA | Tiragem: 3.000 exemplares
2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
4 Janeiro/Março
Abril/Junho 2014

Editorial
Actualidade
OFA já criou
as comissões
científicas
Para cuidar dos diversos assuntos
que ocorrem no exercício da pro-
fissão farmacêutica no país, o
Conselho Nacional da Ordem dos
Farmacêuticos de Angola criou as
Comissões Científicas e nomeou
os seguintes farmacêuticos para
integrá-las:

COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO,
ÉTICA E DEONTOLOGIA
Dr. Daniel António
Coordenador Dr. Carlos Almeida Dr. João Lelessa Dr. Fernando Kuatoko
Dr. Miguel Ferreira Redactor Membro Coordenador-adjunto
Coordenador Adjunto Dr. Rui Vaz Sub-comissão Dra. Rosa Barros
Dra. Maria Júlia Simão Membro da Indústria Membro
Redactora Dr. Emília Major Farmacêutica Dr. Félix do Amaral Filipe da Costa
Dr. Bernabé Baptista Membro Dr. Sadi Sambo Membro
Membro Dr. António Quinta Coordenador Dr. Joltim Quivinja - Redactor
Dra. Judith Belize Sardinha Membro Dr. Manuel Londa COMISSÃO DE ENSINO
Membro Sub-Comissão de Farmácia Membro E CAPACITAÇÃO
Dra. Ana Aguiar Hospitalar – Farmácia Clínica Dra. Suzana Sambo Dr. Santos Moras Nicolau
Membro Dra. Beatriz Lello Coordenadora adjunta Coordenador
Dr. Boaventura Moura Coordenador Dr. Pombal Mayembe Dr. Abel Sunda
Membro Dra. Violeta Chimuco Membro Coordenador – Adjunto
Redactora Dr. Narciso Fernandes Dr. André Neto
COMISSÃO DE ASSISTÊNCIA Dra. Emília Cariango Membro Membro
FARMACÊUTICA Membro Dr. André Sucami Dr. António Pedro Kutala Zangulo
Sub-Comissão de Farmácia Dra. Genoveva Coelho Redactor Membro
de Oficina e Atenção Membro Dra. Isabel Deolinda Pedro Dr. José Joveta
Farmacêutica Dra. Estefânia N`guenga Manuel -Membro Membro
Dra. Teresa Piriquita Coordenadora adjunta Sub-Comissão de Análises Dr. Augusto Alberto João
Coordenadora Dra. Epifania Clarice Clínicas Redactor
Dr. José Sebastião de Almeida Dra. Cheilla Marisa Manuel Dra. Evelize Nascimento
Coordenador Adjunto Membro Coordenador Membro

A Ordem dos
Farmacêuticos
de Angola abriu a sua
sede, a 6 de Janeiro, no
edifício do Laboratório
Farmacotécnico, na Rua
Kwame Nkrumah
nº 52/53,
Maianga, em Luanda

Para farmacêuticos com idade até 35 anos

Programa de estágios em Portugal Inscrições até 15 de Maio próximo


2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
6 Janeiro/Março
Abril/Junho 2014

Editorial
Actualidade
A formação ao serviço Conselho Nacional
deliberou sobre o
dos profissionais de saúde valor da jóia e quotas
para os seus
membros

A jóia anual para inscrição na Ordem dos


Farmacêuticos de Angola tem o valor de dez
mil kwanzas, ou o equivalente a USD 100,00,
de acordo com a primeira deliberação do
Conselho Nacional.
A quota mensal é de cinco mil kwanzas (ou
Desde os primórdios da profissão farmacêu- No 2º semestre do ano de 2013, a Tecno- o equivalente a USD$50,00). Pode ser paga
tica que o papel do farmacêutico tem sido a Saúde formou mais de 200 profissionais de trimestral, semestral ou anualmente
prestação da assistência e a atenção farma- farmácia em Luanda e 50 nas províncias de através de depósito bancário na conta do
cêutica. Benguela, Huambo e Huíla. A formação téc- banco BIC nº 89500972.10.001, ou directa-
Há muitos anos esta acção baseava-se na nica, com uma componente prática, eviden- mente na tesouraria da OFA.
intuição e na sabedoria milenar que passava cia e glorifica a profissão do farmacêutico,
de mestres para pupilos. Hoje em dia, estes cada vez mais reconhecida pela população Também os valores referentes aos emolu-
cuidados farmacêuticos vão muito de en- como um profissional tão nobre quanto vi- mentos a serem pagos na solicitação de
contro às necessidades actuais da popula- tal. documentos diversos já estão definidos:
— Atestados: 1.000,00 kwanzas (10,00
ção em geral, e estão baseados em conheci- Temas como medicamentos genéricos,
USD);
mentos científicos e académicos profundos hipertensão arterial, higiene oral, doenças — Certificados: 750,00 kwanzas (7,50 USD);
que necessitam actualização constante. da pele, entre outros, permitem fazer a liga- — Declarações: 500,00 kwanzas (5,00 USD);
A Tecno-Saúde, empresa dedicada à ção entre a prescrição médica, os produtos — Acreditação de formação (certificados e
prestação de serviços na área da saúde, de- farmacêuticos de venda nas farmácias e o diplomas): 8.500,00 kwanzas (85,00 USD).
senvolve desde o ano passado parcerias com atendimento farmacêutico ao doente.
o sector farmacêutico no sentido de levar A missão da Tecno-Saúde é apoiar a for- A deliberação foi tomada pelo Conselho Na-
inovação e actualização de conhecimentos mação do maior número de profissionais de cional e entrou em vigor no dia 30 de Janeiro
a todos os profissionais das farmácias de An- saúde possível, contribuindo assim para a último.
gola. evolução das farmácias em Angola.

1ª Semana da Farmácia Angolana


agendada para Outubro
A 1ª Semana da Farmácia Angolana realiza-se mento e potenciar a actividade farmacêutica, a
em Luanda, a 24 e 25 de Outubro de 2014. O farmácia e a saúde, através do debate de ideias.
evento, promovido pela Ordem dos Farmacêu- O programa poderá ser consultado, em breve,
ticos de Angola (OFA), reunirá, na capital, cen- no site www.ordemfarmaceuticosangola.org
tenas de farmacêuticos, profissionais de farmá- Em simultâneo, decorrerá a Expo Farma on-
cia e outros técnicos de saúde provenientes de de vai poder encontrar inúmeros Stands rechea-
todo o país e ainda convidados do mundo lusó- dos de produtos, serviços e soluções para a far-
fono. As intervenções irão promover o conheci- mácia hospitalar e de oficina.
®
2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
8 Janeiro/Março
Abril/Junho 2014

Editorialdos ministros africanos da saúde


Reunião
Luís Gomes Sambo

"A Agência Africana de Medicamentos


vai contribuir para a produção local
de medicamentos com qualidade"
A Agência Africana de
Medicamentos será "uma
instituição que deverá
melhorar a capacidade
dos países em matéria de
regulamentação farma-
cêutica para melhor
apoiar as iniciativas dos
países africanos no senti-
do de aumentar a capaci-
dade de produção local
de medicamentos essen-
ciais, com uma atenção
muito especial para o as-
A reunião debateu questões relacionadas com o re- vel uma melhor relação entre a cimeira dos chefes
pecto da sua qualidade". A forço da infra-estrutura de saúde dos países para de Estado africanos e de governos e a reunião dos
afirmação é do director re- que seja possível a cobertura sanitária universal. ministros da saúde. Há questões que ultrapassam
gional da OMS para África, Luís Sambo disse também que se debateu a proble- o poder e, às vezes, a competência dos ministros da
Luís Gomes Sambo, no mática da saúde materno-infantil "porque consta- saúde, pelo que devem ser levadas à consideração
encerramento da primeira támos progressos em relação à redução da morta- dos chefes de Estado".
lidade materna e infantil mas essas melhorias são O responsável adiantou ainda que a próxima
reunião dos ministros
insuficientes e encontrámos novas abordagens reunião se realizará na Tunísia, em princípio em
africanos da Saúde, orga- mesmo intersectoriais para assegurar a marcha, de 2016.
nizada pela Comissão da modo a evitarmos mortes maternas e infantis que A reunião aprovou uma moção de solidariedade
União Africana e OMS, podem ser prevenidas". para com as populações africanas da África Oci-
com o patrocínio do Gov- O director regional informou que se analisou e dental, sobretudo na Guiné-Conacri e na Libéria,
erno de Angola, de 14 a 17 decidiu criar o Centro Africano de Controlo e Pre- países afectados com a epidemia de ébola. "Regis-
venção de Doenças, "uma instituição africana com támos muitos casos, com uma taxa de letalidade
de Abril, em Luanda.
o mandato de desenvolver capacidades sobretudo elevada e com uma componente importante na le-
para criar as bases factuais, técnicas e científicas talidade de profissionais da saúde", lamentou.
que possam melhor informar as decisões dos go- "Queria aqui exprimir, mais uma vez, a solidarieda-
vernos africanos em matéria de saúde pública". de em relação à República da Guiné e à República
A reunião também analisou a forma de garantir da Libéria e o alerta para que todos os países da re-
uma maior responsabilização individual dos paí- gião reforcem os seus sistemas de vigilância epide-
ses, e colectivamente, para que as decisões toma- miológica, as suas capacidade de laboratório de
das pelos ministros da saúde africanos em instân- saúde pública, a informação ao público, o treino do
cias internacionais sejam efectivamente aplicadas pessoal de saúde, para que consigamos conter e de-
fazendo a diferença em termos de melhoria das belar a epidemia de ébola e prevenir outro tipo de
condições de saúde das populações. epidemias nos países africanos".
"A OMS e a Comissão da União Africana ficaram A reunião também aprovou a Declaração de
com responsabilidades acrescidas, para trabalha- Luanda, sobre a primeira reunião dos ministros da
rem em conjunto e sinergia, para darem um apoio saúde de África, organizada conjuntamente pela
mais efectivo, sob o ponto de vista político, técnico OMS e pela Comissão da União Africana. A Decla-
e científico aos países", disse. E os ministros "deci- ração de Luanda faz uma síntese do que foram os
diram que esta plataforma é ideal porque garante trabalhos e reconhece a contribuição do Governo
a abordagem das questões africanas sob a égide da da República de Angola para realização desta pri-
União Africana e através desta plataforma é possí- meira reunião.
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 9

Agência Africana dos Medicamentos em 2018


AMA quer garantir acesso a produtos médicos
comportáveis, de qualidade e seguros
Custa 100 milhões de dólares nos primeiros cinco anos. Garantir que todos os africanos te- ções e responsabilidades:
Vários países pretendem acolher a sua sede. nham acesso a produtos médicos a) Delegar na AMA algumas das
comportáveis, para as doenças funções reguladoras para certos
/condições prioritárias, que satis- produtos médicos, em conformi-
façam os padrões de qualidade, dade com o acordo que a criou.
segurança e eficácia internacio- b) Afectar os recursos adequados
nalmente acordados é a visão da para a sua operacionalização.
Agência Africana dos Medica- c)Mobilizar recursos adicionais.
mentos (AMA), cuja criação cons- d) Designar um país/instituição
titui um dos compromissos assu- para sediar a AMA e nomear o
midos pelos ministros africanos pessoal da Agência.
da Saúde que reuniram em Abril, e) Comprometer-se (através de
em Luanda. um Memorando de Entendimen-
A sua missão será a de coorde- to) com as decisões da AMA.
nar os sistemas reguladores dos Por sua vez, as funções e res-
medicamentos, a nível nacional e ponsabilidades da Comissão da
sub-regional, levar a cabo a super- União Africana serão as seguintes:
visão reguladora de determinados a) Garantir a disponibilidade de
produtos médicos e promover a procedimentos técnicos, legais,
cooperação, a harmonização e o administrativos e de gestão para a
reconhecimento mútuo das deci- criação da AMA.
sões reguladoras. b)Formular critérios para a selec-
A principal fonte de financia- ção de um país para sediar a AMA.
mento da AMA serão os Estados- A OMS fornecerá apoio técnico
membros da União Africana (UA). à AMA e às autoridades regulado-
Estes Além contribuirão ainda de- ras de medicamentos a nível sub-
dicando parte do tempo de traba- regional e nacional.
lho do pessoal das Autoridades
Nacionais Reguladoras dos Medi- Quais foram
camentos (ANRM) às actividades os antecedentes
da AMA. Podem também ser an- Uma regulação eficaz dos medica-
gariados fundos junto de institui- mentos promove e protege a saú-
ções financeiras e dos parceiros de pública. A regulação visa garan-
do desenvolvimento. Enquanto tir a qualidade, segurança e eficá-
autoridade reguladora indepen- cia dos produtos médicos1, atra-
dente, o seu financiamento não vés da aplicação da legislação,
deverá interferir com os seus pro- normas e padrões. Autoridades
cessos de tomada de decisões. Se- Nacionais Reguladoras dos Medi-
"Os resultados de vários estu- rá necessário um total de cerca de camentos (ANRM), com capaci-
dos efectuados por, entre 100 milhões de dólares america- dades adequadas, incluindo um
nos para financiar os primeiros claro mandato jurídico, sistemas
outros, a OMS, a
cinco anos da AMA. Esta quantia de gestão de qualidade, recursos
NEPAD, a Administração dos cobrirá as despesas com o pessoal humanos e financeiros, infra-es-
Alimentos e Medicamentos (10 milhões de dólares), equipa- truturas e sistemas de aplicação
dos EUA e as Ciências de mento/infra-estruturas (65 mi- da lei podem desempenhar com
Gestão da Saúde, revelam lhões), e orçamento operacional eficácia esse papel de regulação
que, presentemente, só 4% (25 milhões) para a criação e fun- dos medicamentos. No entanto,
cionamento da AMA. os sistemas reguladores são fracos
dos países africanos têm uma
em muitos países, retardando o
capacidade reguladora na- Funções acesso a produtos médicos de
cional apenas moderada- e responsabilidades qualidade e resultando na prolife-
mente desenvolvida" Aos Estados-Membros da União ração de produtos médicos de
Africana caberão as seguintes fun- qualidade inferior/adulterados/
10 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

Reunião dos ministros africanos da saúde


falsamente rotulados/falsifica- alicerces para a instituição de Estados-Membros recomenda- nos sistemas nacionais muito
dos/contrafeitos (SSFFC). uma agência reguladora única ram uma abordagem faseada pa- avançados e nos instrumentos le-
Para evitar a circulação e o uso africana de medicamentos, con- ra a criação da AMA, envolvendo gais de apoio já instalados nos Es-
de produtos médicos SSFFC, a 60ª forme se estabelece no PMPA, e ao as CER e a CUA. tados-Membros. Após 30 anos de
sessão do Comité Regional Africa- reforço das iniciativas regionais Posteriormente, o 8.º Fórum esforços, a agência centralizada
no da OMS, realizada em Malabo, para a harmonização da regula- Africano para a Regulação das Va- dos medicamentos, chamada
em 2010, sublinhou a necessidade ção dos medicamentos. O roteiro cinas (AVAREF), que teve lugar no EMA, acabou por ficar operacio-
de reforçar as capacidades das reconhece igualmente o mecanis- Uganda, em Outubro de 2013, e a nal em 1994/1995. Todos os Esta-
ANRM, recomendando, para tal, 3.ª Conferência dos Reguladores dos-Membros tiveram de aceitar
a criação de uma Agência Africa- "A AMA será responsá- Africanos dos Medicamentos o conjunto dos direitos e obriga-
na dos Medicamentos (AMA). (AMRC), realizada na África do ções da União Europeia, vinculan-
A promoção do acesso susten-
vel pela avaliação e Sul, em Dezembro de 2013, discu- do os Estados-Membros no seio
tável a medicamentos de qualida- tomada de decisões rel- tiram e apoiaram a ideia de se da União, vulgarmente conhecido
de e de preço acessível e a integra- ativamente a certos pro- criar uma AMA única. Para tal, os como acervo comunitário, e im-
ção da produção local no pacote dutos médicos para participantes na reunião apela- plementar o quadro regulador de
global de reforço dos sistemas de tratamento de doenças/ ram às redes existentes e às plata- acesso à EMA.
saúde estão entre as principais afecções prioritárias, formas regionais para que parti- A EMA é actualmente respon-
prioridades dos líderes africanos. lhassem informações e experiên- sável pela avaliação científica de
Sob o tema “Reforço dos Sistemas
conforme definido pela cias sobre as inspecções e revisões centenas de candidaturas à sua
de Saúde para a Equidade e o De- União Africana" conjuntas, a harmonização de es- autorização para introdução no
senvolvimento em África”, a Con- mercado de medicamentos de
ferência dos Ministros Africanos uso humano e veterinário que re-
da Saúde da União Africana (UA) caem no âmbito do mecanismo
(CAMH3), realizada em Abril de centralizado. A EMA fornece
2007, constituiu uma resposta à aconselhamento científico ao
decisão 55 da Assembleia da UA, mecanismo centralizado, en-
tomada durante a Cimeira de quanto a Comissão Europeia (CE)
Abuja, em Janeiro de 2005, que toma decisões relativamente à au-
mandatava a Comissão da UA pa- torização de introdução no mer-
ra elaborar um Plano de Manufac- cado. Um representante de cada
tura de Produtos Farmacêuticos Estado-Membro da UE participa
em África (PMPA), no quadro da no trabalho da comissão científi-
Nova Parceria para o Desenvolvi- ca que fornece aconselhamento
mento em África-NEPAD (UA científico à EMA.
2007). No entanto, há centenas de
O PMPA visa reforçar a capaci- outros medicamentos que não
dade dos fabricantes locais para recaem neste âmbito e são co-
produzirem medicamentos es- mercializados na União Euro-
senciais de alta qualidade e com- peia, quer num Estado-Membro
portáveis que contribuam para a mo de coordenação criado pela forços, para desenvolverem uma em particular, de acordo com os
obtenção de melhores resultados Comissão da União Africana lei-modelo, orientações, docu- procedimentos nacionais de au-
na saúde e a realização do cresci- (CUA), a Nova Parceria para o De- mentos e procedimentos técni- torização, quer em vários Esta-
mento económico directo e indi- senvolvimento em África (NE- cos, que sirvam de base à criação dos-Membros, através de proce-
recto. Por outro lado, os Chefes de PAD), juntamente com as várias da AMA. dimentos descentralizados ou de
Estado e de Governo da UA, na Comunidades Económicas Re- reconhecimento mútuo. A EMA
sua 19.ª Assembleia Ordinária, em gionais (CER), como plataformas O exemplo da Agência Euro- depende inteiramente dos servi-
Julho de 2012, comprometeram- que deverão trabalhar em conjun- peia dos Medicamentos ços de peritos que são emprega-
se a consolidar esforços para a to para se atingir a convergência A nível mundial, existe apenas um dos a tempo inteiro das ANRM
produção local e para o reforço da da regulação e legislação sobre exemplo de um sistema regulador nos respectivos países e são total-
supervisão reguladora no Pilar II medicamentos. regional centralizado, isto é, a mente pagos pelos Estados-
do Roteiro da UA, sobre responsa- Por outro lado, a 63ª sessão do Agência Europeia dos Medica- Membros. Funções como inspec-
bilidade partilhada e solidarieda- Comité Regional Africano da mentos (EMA)3 . A harmonização ção, monitorização da qualidade
de mundial para a SIDA, Tubercu- OMS, realizada em Setembro de na União Europeia (UE), que co- e monitorização da segurança
lose e Paludismo (ATM), que tam- 2013, adoptou um documento meçou em 1965, arrancou com a são desempenhadas pelas ANRM
bém realça a necessidade de ace- técnico2 que realçava a necessi- criação de mecanismos comuni- dos Estados-Membros. Por seu la-
lerar o acesso a medicamentos dade de mecanismos sustentáveis tários e uma definição clara do do, as ANRM em África avaliam e
comportáveis de qualidade ga- de financiamento para reforçar as mandato da Comunidade e do registam produtos médicos e al-
rantida e outros produtos relacio- ANRM, sem conflitos de interes- mandato dos Estados-Membros. guns Estados-Membros têm
nados com a saúde. ses e para uma implementação A ideia veio da necessidade de ter acordos bilaterais mútuos nesse
O roteiro apela à criação dos eficaz das funções reguladoras. Os um mercado comum e baseou-se domínio.
Janeiro/Março 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 11

Sistemas reguladores dos ANRM tem estruturas organiza-


medicamentos em África: cionais inapropriadas para imple- Funções da AMA
análise da situação mentarem as funções regulado-
A AMA terá uma função de coordenação e de liderança para as ac-
Entre 2002 e 2010, a OMS prestou ras dos produtos médicos. Em al- tividades reguladoras dos Estados-Membros. Entre as principais
apoio a 26 países da região africa- guns países, as entidades respon- funções reguladoras da AMA contam-se:
na para avaliar os seus sistemas sáveis por coordenar e supervisio- a) Autorização de introdução no mercado: a AMA será responsável
reguladores e para desenhar e im- nar a implementação da regula- pela avaliação e tomada de decisões relativamente a certos produ-
plementar planos de desenvolvi- ção dos produtos médicos são tos médicos para tratamento de doenças/afecções prioritárias,
mento institucional4 . Em 2010 e unidades dependentes de depar- conforme definido pela União Africana.
2011, a NEPAD efectuou uma aná- tamentos dos ministérios da saú- b) Inspecção: procederá à coordenação e à partilha de informação
lise da situação sobre o estado da de. Embora se espere que essas numa base regular, no que respeita a todos os produtos por ela au-
harmonização do registo dos me- entidades sejam departamentos torizados para introdução no mercado.
dicamentos, respectivamente nas autónomos e plenamente funcio- c) Vigilância do mercado: coordenará a recolha e a partilha de in-
sub-regiões da Comunidade da nais, com autoridade estatutária formação sobre todos os produtos médicos, incluindo produtos
médicos SSFFC.
África Oriental (CAO) 5, CEDEAO6 (conselhos ou comissões) para ga-
d) Monitorização da segurança: será responsável por tomar de-
e SADC. Outras avaliações e revi- rantir a sua independência, trans- cisões de regulação referentes a produtos seleccionados para
sões foram também realizadas, parência e responsabilidade na tratamento de doenças/afecções prioritárias, segundo definido
num passado recente, a nível sub- tomada de decisões, a realidade é pelos Estados-Membros, com base na informação disponível sobre
regional7 e regional8 . muitas vezes diferente. segurança. Para além disso, a AMA recolherá e armazenará dados
A análise dos estudos revela sobre a qualidade e a segurança de produtos médicos, partilhan-
"Constituirá uma que as Comunidades Económi- do-os com todos os seus Estados-Membros e até mesmo a nível
cas Regionais (CER), nomeada- mundial. Entrará ainda em colaboração com os centros mundiais
plataforma para a coor-
mente a Comunidade da África e regionais, na esfera da monitorização da segurança.
denação e reforço das Oriental (CAO), a Comunidade de e) Supervisão de ensaios clínicos: coordenará a análise conjunta de
iniciativas em curso para Desenvolvimento da África Aus- candidaturas à realização de ensaios clínicos.
harmonizar a regulação tral (SADC), a Comunidade Eco- f) Controlo da qualidade: coordenará os serviços laboratoriais de
controlo da qualidade para as autoridades reguladoras nacionais e
dos medicamentos" nómica dos Estados da África Oci-
sub-regionais.
dental (CEDEAO), a União Econó-
mica e Monetária da África Oci-
Os resultados de vários estu- dental (UEMOA) e a União Eco-
dos efectuados por, entre outros, nómica e Monetária da África
a OMS (2004 e 2010), a NEPAD Central (CEMAC) se encontram
(2010 e 2011), a Administração em várias fases da integração eco-
dos Alimentos e Medicamentos nómica e têm políticas, leis, ins-
dos EUA (2010) e as Ciências de trumentos reguladores e normas
Gestão da Saúde (2010) revelam de harmonização da regulação
que a maioria dos países africanos dos produtos médicos. Algumas
ainda não se encontra em posição das CER estão também a traba-
de satisfazer os requisitos interna- lhar para análises conjuntas de
cionalmente aceites de regulação dossiers e inspecção de fábricas
dos produtos médicos. Os princi- de manufactura de medicamen-
pais resultados são que, presente- tos, o que constitui um factorcha-
mente, só 4% dos Estados-Mem- ve para a criação de capacidade
bros têm uma capacidade regula- reguladora entre os países que
dora nacional apenas moderada- participam nos regimes regionais
mente desenvolvida, em compa- de harmonização.
ração com os países do mundo Por exemplo, através da inicia-
desenvolvido, enquanto 33% dos tiva africana para a Harmoniza-
países da UA têm capacidade re- ção Reguladora dos Medicamen-
guladora para levar a cabo a maio- tos (AMRH), a CAO elaborou
ria das funções, em variados orientações técnicas regional-
graus, e 24% têm uma capacidade mente acordadas para a regula-
reguladora básica (i.e., desempe- ção dos medicamentos e encon-
nham funções mínimas). tra-se no processo de desenvolvi-
Estima-se que 39% dos Esta- mento de uma política farmacêu-
dos-Membros da UA tenham tica e de um projecto-lei para a
uma capacidade reguladora limi- Comissão de Segurança dos Ali-
tada para implementar todas as mentos e Medicamentos da CAO.
funções reguladoras. A análise re- Outras CER, como a SADC e a CE-
vela igualmente que a maioria das DEAO definiram também as
12 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Reunião dos ministros africanos da saúde


grandes metas da criação dos e) Confidencialidade: a AMA obe-
seus projectos de harmonização decerá aos princípios de confi-
da regulação dos medicamentos. dencialidade em todas as suas
Os países africanos da Região do operações.
Mediterrâneo Oriental da OMS f) Compromisso com uma boa
não cooperam na regulação dos gestão da qualidade: em todas as
medicamentos ao nível das CER. suas funções, a AMA cumprirá os
Contudo, existe uma convergên- padrões internacionais de gestão
cia de esforços no Conselho de de qualidade e criará as condições
Cooperação do Golfo (GCC) sobre para a melhoria contínua das suas
o registo de medicamentos, visto práticas reguladoras e das práti-
que o GCC actua como uma enti- cas das ANRM dos Estados-Mem-
dade de compras agrupadas para bros da União Africana.
os seus membros. Em conjunto, g)Parcerias e colaboração: a AMA
esses esforços constituem um im- para a coordenação e reforço das criação da AMA deverá ter em criará e reforçará parcerias e pro-
portante alicerce para a criação iniciativas em curso para harmo- conta as actuais oportunidades e moverá a colaboração e a partilha
da AMA. nizar a regulação dos medica- parcerias para apoiar as iniciati- de informação com todos os inte-
mentos. Servirá também para vas mundiais de saúde e requer ressados relevantes.
Problemas e desafios reunir peritos e capacidades e re- menos investimento, se forem h) Apoio para a inovação: a AMA
Apesar dos esforços de formação forçar o trabalho em colaboração criadas o mais rapidamente pos- apoiará inovações que melhorem
de capacidades da OMS e parcei- para o melhor uso possível dos li- sível. o acesso a novos produtos médi-
ros para reforçar os sistemas regu- mitados recursos disponíveis. A cos, para resolver as prioridades
ladores nacionais e sub-regionais AMA prestará, portanto, orienta- Princípios orientadores de saúde pública em África.
e para promover a harmonização, ções e complementará e intensifi- Os princípios orientadores da
as evidências revelam que a capa- cará os esforços das CER para a AMA serão os seguintes:
cidade dos países para regularem harmonização da regulação dos a) Boa governação e liderança: A
os produtos médicos ainda é ina- produtos médicos. Melhorando o AMA observará práticas de boa
dequada em África. Todavia, al- ambiente regulador, a AMA con- governação na criação de um am- ACÇÕES
guns dos países têm melhores sis- tribuirá para melhorar o acesso biente favorável para os sistemas NECESSÁRIAS:
temas reguladores do que outros. aos produtos médicos. reguladores sustentados, parceria
Essa disparidade da capacidade e coordenação de actividades de ETAPAS
reguladora constitui mais uma Oportunidades modo integrado. E CALENDÁRIO
justificação para se criar um siste- O Fundo Mundial de Luta contra b) Competência: a AMA desem- Apresentam-se resumida-
ma regulador continental. Além a SIDA, Tuberculose e Paludismo, penhará as suas funções desta- mente no seguinte quadro
disso, a implementação dos pro- a Aliança Mundial para as Vacinas cando e mantendo as melhores as etapas e respectivo ca-
cedimentos e processos acorda- e a Vacinação, a Comissão das Na- competências disponíveis. lendário da criação da AMA:
dos, a coordenação das práticas ções Unidas para Produtos Salva- c) Propriedade: os Estados-Mem- — Adopção da proposta de cri-
reguladoras entre as subregiões, a Vidas da saúde materna, reprodu- bros serão os principais proprie- ação da AMA pela Conferência
definição de prioridades para os tiva e infantil e a parceria para as tários da AMA, para garantir que dos Ministros Africanos
produtos contra as doenças-alvo, Doenças Tropicais Negligencia- os recursos financeiros, humanos, da Saúde da UA .................2014
a promoção da manufactura e o das, assim como as redes de regu- infraestruturais e outros sejam — Criação de uma Equipa de
uso optimizado dos limitados re- lação (p. ex., AVAREF e AMRC), to- adequados ao desempenho das Acção/Unidade de Projectos
cursos disponíveis para as ANRM das elas representam oportunida- suas funções. para operacionalização dos
continuam a constituir significa- des para melhorar a convergência d) Transparência e responsabili- objectivos da AMA pelos
tivos desafios, que podem ser re- reguladora a nível continental. Es- dade na tomada de decisões: a Ministros da Saúde ..........2014
— Decisão/aprovação dos
solvidos com eficácia através de tas iniciativas, que visam melho- AMA tomará decisões indepen-
princípios pela Cimeira dos
um sistema regulador nacional, rar a disponibilidade de produtos dentes, com base nas evidências Chefes de Estado e de Governo
i.e., a AMA. médicos, requerem uma supervi- científicas actuais, na ética profis- da UA ....................................2015
são reguladora adequada. sional e na integridade. As evidên- — Designação da
Fundamentos Os países africanos reconhe- cias pormenorizadas do seu pro- instituição/país que vai sedear a
para a criação da AMA cem a necessidade de um meca- cesso de decisão e a justificação AMA ......................................2016
A AMA pretende ser um órgão da nismo de coordenação para a re- para as suas decisões serão inte- — Aprovação dos órgãos direc-
UA, legalmente mandatado pelos gulação dos produtos médicos e a gralmente respeitadas. A AMA se- tivos da AMA .....................2017
Estados-Membros. AMA poderá satisfazer essa ne- rá responsável perante os Esta- — Lançamento da AMA 2018
Constituirá uma plataforma cessidade. O calendário para a dos-Membros da União Africana.

1Produtos médicos incluem medicamentos, vacinas, meios de diagnóstico e dispositivos médicos. 2“Reforçar a capacidade para a regulação dos produtos médicos na Região Africana”. 3www.ema.europa.eu.
4WHO/EMP/QSM/2010.4, Assessment of medicines regulatory systems in sub-Saharan African countries: an overview of findings from 26 assessment reports, Geneva, World Health Organization, 2010.
5 AU/NEPAD, Situational analysis study on medicines registration harmonization in Africa. Final report for the East 6AU/NEPAD, Situational analysis study on medicines registration harmonization in Africa.
Final report for the Economic 7UEMOA, Étude de faisabilité sur le changement de statut des autorités de réglementation pharmaceutique des États 8 http://www.who.int/medicines /areas/coordination/coor-
dination_assessment/en/; accessed; 21 February 2014.
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 13

Folha Farmacoterapêutica

Órgão informativo
CINFARMA– Centro de Informação Farmacêutica no
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL
DE MEDICAMENTOS E EQUIPAMENTOS

Departamento de Farmacovigilância
DNME/MINSA
ANO 1, N.º2, Abril a Junho de 2014

INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre a segurança de um fármaco é um compartilham a responsabilidade pelos seus medica-
processo dinâmico e o aprofundamento desse conheci- mentos. Quando efeitos adversos e toxicidade surgem –
MENSAGEM mento só pode ser assegurado com a participação dos
profissionais de saúde.
em particular quando previamente desconhecidos em
associação com o medicamento –, é essencial que sejam
DE ABERTURA Este trabalho constitui uma estratégia essencial para analisados e comunicados efectivamente a uma audiên-
a promoção do uso racional de medicamentos e suscita cia que tenha o conhecimento necessário para interpre-
Todo o nosso esforço tem um um impacto directo nas políticas de prevenção de danos, tar a informação. Esse é o papel da farmacovigilância.
único objectivo: melhores dias através da disseminação de informação. A monitorização da segurança de medicamentos é
para você, para a sua família, O mundo reconhece a tragédia de cerca de 10.000 um elemento essencial para o uso efectivo de medica-
para a nossa profissão. Com o crianças com focomelia por exposição intra-uterina à ta- mentos e para a assistência médica de alta qualidade. Ela
seu apoio e amizade temos lidomida, um hipnótico suave e profilático dos enjoos tem a capacidade de inspirar segurança e confiança en-
conseguido muito e chegare- matinais da gravidez – aquilo que viria a ser internacio- tre pacientes e profissionais da saúde em relação aos me-
mos ainda mais longe. Senti- nalmente conhecido como o “Drama ou Desastre da Ta- dicamentos, contribuindo para elevar os padrões da prá-
mo-nos realizados com a sua lidomida”, em 1961. Só então se assumiu a verdadeira tica médica.
alegria, prosperidade e felicida- consciencialização do problema. A farmacovigilância é uma disciplina clínica por di-
de, bem como com a valoriza- Porém, o risco de danos é menor quando os medica- reito - ela contribui para a ética de segurança e serve co-
ção da nossa profissão. mentos são usados por profissionais da saúde informa- mo indicador dos padrões de assistência clínica pratica-
dos e por pacientes que, por si mesmos, entendem e dos num país.
Nós acreditamos que
é preciso acreditar.
Nós acreditamos que só O QUE É A FARMACOVIGILÂNCIA
acreditando é possível
construir. Anteriormente a 1969, este termo era definido como “a para uma pronta libertação de novos medicamentos,
Nós acreditamos notificação, o registo e avaliação sistemática das reacções com a promessa de avanços terapêuticos. A legislação
que só construindo adversas aos medicamentos dispensados com ou sem que governa o processo regulador, na maioria dos países,
conseguiremos vencer. prescrição”. Depois, em 1972, o conceito é alargado a “to- permite o estabelecimento de condições para registo, tal
Nós acreditamos na nossa da a actividade tendente a obter indicações sistemáticas como a exigência de que deve haver farmacovigilância
profissão. Em você. sobre os laços de causalidade provável entre o medica- minuciosa nos primeiros anos da libertação do medica-
mentos e reacções adversas numa população.” (1) mento para o mercado.
Por isso, apresentamos-lhe Há outros aspectos da segurança de medicamentos
mais uma realização farmacêu- NOÇÃO DE REACÇÃO ADVERSA que têm sido bastante negligenciados até então e que de-
tica que gostaríamos que fizes- “É uma qualquer resposta a um fármaco que seja preju- veriam ser incluídos na monitorização dos efeitos laten-
se parte do seu quotidiano la- dicial, de forma não intencional, e que ocorra nas doses tes e de longo prazo dos medicamentos. Incluem:
boral, para sua actualização normalmente utilizadas em seres humanos para profila- — Identificação das interacções medicamentosas;
profissional. Pedimos-lhe que xia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou seja, para a — Medição do impacto ambiental dos medicamentos
contribua para a sua melhoria. modificação de uma função fisiológica.” (EDWARDS & utilizados em grandes populações;
Esta folha Farmacoterapêutica BIRIELL, 2001)(1) — Avaliação da contribuição dos “componentes inacti-
estará sempre presente nesta vos” (excipientes) para o perfil de segurança;
sua revista da Ordem dos Far- A MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇA — Sistemas para comparar perfis de segurança de medi-
macêuticos. Abrace esta causa. PÓS-COMERCIALIZAÇÃO camentos da mesma classe terapêutica;
Quanto mais forte for o sistema nacional de farmacovi- — Vigilância dos efeitos adversos à saúde humana de re-
O Director Nacional gilância e de notificações de RAMs, mais provável será síduos de medicamentos em animais, antibióticos e har-
Boaventura Moura que decisões reguladoras equilibradas sejam tomadas mónios.
14 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

Folha Farmacoterapêutica
Os profissionais da saúde estão em condições de MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS Para se alcançar algo mais próximo da prática
fazer bom uso das experiências positivas e negativas E TRADICIONAIS ideal, é necessária mais atenção na capacitação dos
de tratamento dos seus pacientes de forma a con- O uso de medicamentos fitoterápicos e tradicio- profissionais da saúde no que se refere ao diagnós-
tribuir para a ciência médica e melhorar a com- nais traz preocupações quanto à sua segurança. tico, gestão e prevenção de RAMs. Nem todos os si-
preensão das doenças e seus medicamentos. (5,6) Há uma concepção equivocada, amplamente nais são tão específicos, dramáticos e prontamente
Um novo medicamento deve atender a três exi- difundida, de que “natural”significa “seguro”. Existe diagnosticados como foram a focomelia e micro-
gências antes da sua aprovação pela autoridade regu- a crença comum de que o uso prolongado de um melia causadas pela talidomida. O reconhecimento
ladora nacional. Exige-se a demonstração de evidên- medicamento, baseado na tradição, assegura a sua de efeitos adversos menos óbvios requer atenção,
cias suficientes de que o novo medicamento seja: eficácia e segurança. Há exemplos de medicamen- agilidade, diagnóstico preciso e compreensão dos
— de boa qualidade; tos tradicionais e fitoterápicos que foram adultera- princípios da avaliação da causalidade. (7)
— eficaz; dos ou contaminados com medicamentos alopáti- É mais provável que os profissionais da saúde
— seguro para o objectivo ou objectivos para os cos, substâncias químicas como corticosteróides, identifiquem e informem RAMs importantes se eles
quais é proposto. agentes anti-inflamatórios não-esteroidais e metais tiverem confiança na sua habilidade para diagnos-
Enquanto os primeiros dois critérios devem ser pesados. Muitos medicamentos tradicionais são fa- ticar, gerenciar e prevenir tais reacções. Os centros
atendidos antes que qualquer consideração possa bricados para uso global e vão além do cenário cul- nacionais de farmacovigilância e as instituições de
ser feita quanto à aprovação, a questão da segurança tural e tradicional para o qual foram originalmente capacitação desempenham um papel central nesse
é menos exacta. A segurança não é absoluta e pode destinados. A automedicação agrava os riscos dos contexto, com o encorajamento da inclusão dos
ser julgada somente em relação à eficácia, sendo ne- pacientes. Quando medicamentos tradicionais e fi- princípios e métodos da farmacovigilância e do es-
cessária uma análise por parte dos reguladores para toterápicos são usados juntamente com outros me- tudo de doenças iatrogénicas nos cursos de gradua-
decidir quanto aos limites aceitáveis de segurança. dicamentos, existe potencial para graves interac- ção e pós-graduação em escolas de Medicina, Far-
Há possibilidade de que eventos adversos raros, ções adversas entre medicamentos. mácia e Enfermagem.
porém graves (como os que ocorrem com a frequên- Os currículos de farmacologia deveriam dar a
cia de, digamos, um em cinco mil) não sejam iden- A FARMACOVIGILÂNCIA mais alta prioridade ao estudo da segurança de me-
tificados no desenvolvimento do medicamento an- NA PRÁTICA CLÍNICA dicamentos. Isso conduziria a uma maior conscien-
terior ao registo. Por exemplo, a discrasia sanguínea A monitorização da segurança de medicamentos cialização do equilíbrio entre os benefícios e possí-
fatal, que ocorre em um entre cada 5.000 pacientes de uso comum deveria ser parte integrante da prá- veis danos dos medicamentos. Deveria ser encora-
tratados com um medicamento novo, só é provável tica clínica. A forma como os clínicos gerais são in- jada uma abordagem integrada à tomada de deci-
que seja identificada depois de 15.000 pacientes te- formados sobre os princípios da farmacovigilância sões no âmbito terapêutico. O uso excessivo e irra-
rem sido tratados e observados, contanto que a in- e sobre o modo como tais profissionais as usam tem cional de medicamentos contribui para as reacções
cidência prévia de tal reacção seja zero ou que haja um grande impacto na qualidade da assistência mé- adversas. (7) O uso equivocado de medicamentos é,
uma associação causal clara com o medicamento. dica. A educação e a capacitação dos profissionais em grande parte, causado pela baixa qualidade e
da saúde com respeito à segurança de medicamen- inacessibilidade de informações sobre medicamen-
A FARMACOVIGILÂNCIA E A AUTORIDADE RE- tos, a troca de informações entre centros nacionais, tos disponíveis aos profissionais da saúde. Esses
GULADORA NACIONAL DE MEDICAMENTOS a coordenação de tais trocas e a conexão de expe- problemas são agravados por:
As limitações dos dados de segurança de medica- riências clínicas sobre segurança de medicamentos — Divulgação e propagandas imprecisas e agressi-
mentos na fase de pré-comercialização são bem co- com pesquisas e políticas de saúde - tudo serve para vas;
nhecidas. (2) Elas são agravadas pela crescente pres- tornar efectiva a atenção ao paciente. Programas — Uso de medicamentos sem a informação devida
são exercida sobre os reguladores de medicamentos nacionais de farmacovigilância estão perfeitamente por parte do paciente e sua demanda por medica-
por parte da indústria farmacêutica para abreviar o posicionados para identificar pesquisas necessárias mentos mais recentes;
tempo de revisão para a libertação de medicamen- à melhor compreensão e tratamento de doenças in- — Falta de informações precisas sobre o medica-
tos novos. A aprovação do registo de um medica- duzidas por medicamentos. mento.
mento novo será, provavelmente, seguida por inten- Há três abordagens que podem servir para au- Os indicadores sobre o uso impróprio de medi-
sa propaganda e exposição rápida a milhares ou até mentar a consciencialização e o interesse pela se- camentos podem ser obtidos a partir de notifica-
milhões de pacientes. (3) As implicações do desen- gurança de medicamentos entre clínicos gerais e pa- ções espontâneas de RAMs.
volvimento gradual dessa situação para a segurança ra tratar de questões de pesquisa: No momento de formar profissionais da saúde
dos medicamentos precisam de ser analisadas. (7), é importante desenvolver competência da ava-
A farmacovigilância tornou-se uma componen- EDUCAÇÃO, CAPACITAÇÃO E ACESSO liação e comunicação de informações sobre os be-
te essencial na regulação de medicamentos. (4) A INFORMAÇÕES FIÁVEIS nefícios, danos, eficiência e riscos da medicação pa-
Futuramente, nos países em desenvolvimento, As reacções adversas tendem a ser vistas, incorrec- ra o paciente. As dificuldades de comunicação entre
é provável que ela assuma a forma convencional de tamente, como “efeitos colaterais” e, sendo assim, os pacientes e profissionais da saúde representam
notificação espontânea, embora esteja longe de ser como desvios das prioridades de pacientes e médi- uma importante fonte potencial de problemas evi-
um sistema perfeito. Muitos países em desenvolvi- cos. A aprendizagem sobre a extensão e a severida- táveis. Os elementos seguintes apresentam a proba-
mento não têm sistemas básicos organizados para de das RAMs deveria começar numa fase inicial da bilidade de reduzir significativamente os riscos dos
tal propósito, e, até mesmo nos locais em que os sis- capacitação profissional. A boa monitorização da efeitos adversos e sua severidade:
temas de farmacovigilância existem, é provável que segurança encoraja os profissionais da saúde a as- — Anaminese farmacológica dos medicamentos
falte apoio e participação activa dos profissionais da sumir uma responsabilidade mais completa pelos usados pelo paciente;
saúde, reguladores e administradores. medicamentos que usam. Ela melhora a efectivi- — Prescrição e dispensa racionais;
A subnotificação de RAMs por parte dos profis- dade clínica e aumenta a confiança com que tanto — Orientação apropriada;
sionais da saúde continua a ser o problema princi- eles como os seus pacientes utilizam os medica- — Fornecimento de informações claras e com-
pal em todos os países. mentos. preensíveis sobre medicamento.
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 15

A COMUNICAÇÃO COM OS PROFISSIONAIS bém precisam ser levados em conta. (7) planos mais elevados.
DA SAÚDE As RAMs têm o potencial de propiciar ideias so- Para que isso seja alcançado, é necessário que as
Uma estratégia adicional para integrar a farmaco- bre a relação estrutura-actividade, factores farma- informações sobre os programas de segurança de
vigilância na prática clínica é a criação de linhas cocinéticos, farmacodinâmicos e genéticos que medicamentos estejam facilmente disponíveis ao
abertas, mais amplas, de comunicação e colabora- afectam a acção dos medicamentos. público, para que o papel central do paciente no uso
ção entre profissionais da saúde e centros nacionais. Elas podem sinalizar outras novas indicações. seguro e racional de medicamentos seja compreen-
Para que isto ocorra, o centro nacional ou os regio- Por isso, é importante que a conotação negativa de dido.
nais precisam de ser preparados de forma que a co- uma RAM seja removida e que sistemas sejam de- Nos últimos anos, o público tem cada vez mais
municação em mão-dupla entre os profissionais da senvolvidos para possibilitar que as informações influenciado a prescrição por parte dos profissio-
saúde e a equipa profissional do centro seja facilita- médicas, farmacêuticas e químicas sejam aplicadas nais da saúde, assim como os padrões de consumo
da. Os centros de informações sobre medicamentos construtivamente, para um melhor entendimento e uso de medicamentos. Essa influência e a maior
e intoxicação são locais ideais para esse propósito, de como os medicamentos funcionam. (7) consciencialização por parte do público são, em
uma vez que muitas notificações de intoxicação e parte, atribuíveis ao papel dos meios de comunica-
dúvidas sobre informações de medicamento são, na UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS ção social e da Internet.
realidade, RAMs. (7) As equipas desses centros estão Os padrões de consumo e uso de medicamentos são Nem sempre as informações disponíveis são fiá-
numa posição ideal para apoiar o trabalho da far- um determinante fundamental na segurança de veis ou cientificamente válidas. Propagandas de
macovigilância. medicamentos. Por exemplo, o uso de medicamen- medicamentos feitas directamente ao consumidor
Os centros de farmacovigilância devem propi- tos injectáveis é mais comum em países em desen- tornaram-se comuns em muitos países. Com essas
ciar um acesso imediato ao conhecimento clínico e volvimento. (7) A via parenteral está, provavelmen- informações, os pacientes sentem-se mais capazes
compartilhar os recursos, incluindo as bases de da- te, associada a um alto risco de efeitos adversos de tomar as próprias decisões terapêuticas sem a
dos. Os materiais de comunicação desenvolvidos quando as injecções são administradas por equipa- assistência de médicos ou farmacêuticos. O resul-
pelos centros de informações sobre medicamentos mentos inadequadamente esterilizados ou funcio- tado é a automedicação crescente, a venda lícita e
e intoxicação, com inclusão de boletins informati- nários insuficientemente capacitados. Estima-se ilícita de medicamentos pela Internet e o excesso de
vos e outras publicações, podem ser utilizados para que a prática insegura de injecções possa conduzir prescrições por parte dos médicos devido à exigên-
disseminar alertas sobre medicamentos e outras in- a entre 780.000 a 1,56 milhões de casos de hepatite cia dos pacientes. Isso tem provocado um aumento
formações de segurança de medicamentos aos di- B, 250.000 a 500.000 casos de hepatite C e 50.000 a considerável das prescrições. (7)
versos profissionais. 100.000 casos de HIV em África, anualmente. (7) Programas de saúde pública e a cobertura res-
Uma legislação de medicamentos abrangente, ponsável dos meios de comunicação social, com o
RELACIONANDO DESCOBERTAS uma política e um programa de medicamentos es- objectivo de potenciar o acesso crescente a infor-
CLÍNICAS COM PESQUISA E POLÍTICA senciais que incluam a educação dos profissionais mações sobre medicamentos, possibilitaram aos
O estudo cuidadoso de eventos adversos de medi- da saúde e pacientes quanto ao uso racional de me- pacientes, em muitos países, assumir uma maior
camento pode identificar características diagnós- dicamentos são medidas que devem assegurar me- responsabilidade quanto à sua própria saúde e às
ticas, síndromes ou mecanismos patogénicos. Além lhor assistência à saúde em todos os países. Os pro- decisões que tomam.
disso, informações clínicas, patológicas e epidemio- gramas de farmacovigilância podem aprender a Em alguns lugares, é muito bem-vinda a ideia de
lógicas relativas a reacções adversas são necessárias partir das práticas de mobilização social que foram que as preocupações dos pacientes são agora reco-
à completa compreensão da natureza de uma reac- introduzidas em programas de prática segura de in- nhecidas como algo que tem papel legítimo a de-
ção adversa e à identificação de pacientes em risco. jecções durante a imunização. (7) sempenhar no centro do processo de decisão. A
Embora a notificação espontânea seja o esteio A mobilização social inclui a abordagem tríplice construção dessa consciencialização e as iniciativas
da vigilância passiva, as informações obtidas são de: educacionais deveriam incluir as crianças e popu-
inerentemente limitadas e provavelmente insufi- — Elevar a consciencialização pública; lações idosas e poderiam ser fortemente facilitadas
cientes para a tomada de decisões clínicas e regula- — Assegurar a defesa para responsáveis pela toma- por parcerias com os meios de comunicação social,
doras. da de decisões; instituições educacionais e outras organizações go-
As informações recebidas dos centros de farma- — Sensibilizar os profissionais da saúde. vernamentais e não-governamentais.
covigilância devem ser directamente incorporadas Isso encoraja a demanda por medicamentos se-
na política de medicamentos e na prática de consu- guros por parte de um consumidor informado sobre PROTEGENDO A CONFIDENCIALIDADE
mo e uso de medicamentos. o perfil de segurança dos medicamentos que usa. DO PACIENTE
As informações sobre segurança dos centros na- A incorporação da farmacovigilância nessas ac- Na maioria dos países, a legislação não exige que as
cionais têm influência nos programas de medica- tividades deve assegurar que tais medidas sejam RAMs sejam notificadas, e, nessas circunstâncias,
mentos essenciais, nas directrizes padronizadas de pertinentes relativamente ao local em questão, as- os centros nacionais não têm a protecção legal dis-
tratamento e nos compêndios médicos nacionais e sim como ainda promover confiança pública no ponível em que há sistemas obrigatórios de notifi-
institucionais. processo. cação. É essencial que os profissionais da saúde ob-
A mensuração do impacto de tais informações tenham o consentimento do paciente quando a sua
no consumo e uso de medicamentos e na qualidade UMA PARCERIA COM OS PACIENTES identidade for divulgada num formulário de RAM
da atenção ao paciente tem um potencial conside- A disponibilidade imediata de medicamentos ou num estudo de vigilância de medicamentos.
rável para pesquisas. É necessário que as decisões mais seguros e mais eficientes, de boa qualidade, Afinal, é do interesse do paciente que os profis-
sobre regulação de medicamentos estejam pauta- inspira confiança e segurança entre os pacientes. sionais da saúde tenham acesso a boas informações
das em informações sobre segurança, que reflictam A farmacovigilância é uma parte essencial dos de outros pacientes que foram expostos ao medica-
experiências nacionais bem como internacionais, programas públicos que subjazem à disponibili- mento. Só por meio do incentivo de notificações, as
e que isto seja revisto de forma completa e hábil. Os dade confiável de bons medicamentos e precisa agências reguladoras e os fabricantes poderão ser
padrões de consumo e uso de medicamentos tam- de ser compreendida, apoiada e promovida nos levados a assumir responsabilidade pela segurança,
16 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

Folha Farmacoterapêutica
eficácia e qualidade dos medicamentos que apro- fiança dos pacientes nos medicamentos que utili- e uso racional de medicamentos entre os profissio-
varam ou comercializaram para consumo público. zam, que se estenderia para confiança no serviço de nais da saúde e o público;
saúde em geral. 3)Integrar as actividades da farmacovigilância com
RESPOSTA INTERNACIONAL ÀS QUESTÕES A disciplina da farmacovigilância desenvolveu- as políticas nacionais de medicamentos e as activi-
RELATIVAS À SEGURANÇA se consideravelmente, desde o relatório técnico da dades que elas originam (por exemplo, protocolos
DE MEDICAMENTOS OMS, em 1972, e permanece como disciplina clínica clínicos padrão, listas de medicamentos essenciais,
Determinadas questões de segurança provavel- e científica dinâmica. Tem sido essencial para se en- etc.);
mente têm impacto global com graves consequên- frentarem os desafios da crescente gama e potência 4) Incorporar com mais vigor os princípios da far-
cias para a saúde pública. Quando isso acontece, há dos medicamentos (vacinas inclusive), que carre- macovigilância na prática clínica e nos cursos de
necessidade de respostas coesas e uma avaliação in- gam consigo um inevitável e, às vezes, imprevisível graduação em medicina;
tencional. (7) Tal sistema precisa de ser apoiado pe- potencial para dano. 5)Encorajar os princípios de certificação de produ-
los países-membros. Os seus termos de referência Os principais desafios são: tos entre os vários parceiros no âmbito da assistên-
devem estar bastante claros e acordados de uma cia à saúde;
forma geral. IDENTIFICAÇÃO DE RAMS 6) Aprimorar a regulação e a farmacovigilância de
É preciso ter acesso a todos os dados relativos ao 1)Aprimorar a identificação e preciso diagnóstico medicamentos tradicionais e fitoterápicos;
produto em consideração, até mesmo às informa- de RAMs por parte dos profissionais 7) Desenvolver sistemas que avaliem o impacto de
ções protegidas por leis de sigilo e registos de casos da saúde e pacientes; acções preventivas executadas em resposta aos pro-
de pacientes, quando necessário. 2)Incentivar a vigilância activa de questões especí- blemas de segurança de medicamentos.
A comercialização agressiva de medicamentos ficas da segurança de medicamentos, por meio de
novos por empresas farmacêuticas e a consequente métodos epidemiológicos como estudos de caso- COMUNICAÇÃO
rápida exposição a eles de um grande número de pa- controlo, conexão de registos entre diferentes bases 1) Melhorar a comunicação e a colaboração entre
cientes num curto período de tempo corrobora a de dados e estudos epidemiológicos: parceiros-chave da farmacovigilância, tanto local
necessidade da elaboração de um sistema global de 3)Considerar actividades especiais e conhecimen- quanto internacionalmente;
avaliação de questões de segurança de medicamen- tos necessários para a identificação de questões de 2) Encorajar os princípios de boas práticas de co-
tos. A OMS apoiou a criação de um comité acessor segurança relacionadas a vacinas, produtos bioló- municação em farmacovigilância e a regulação de
independente de consultores, formada por amplo gicos, medicamentos veterinários, medicamentos medicamentos e produzir, em conjunto, recursos
espectro de disciplinas médicas que incluem farma- fitoterápicos, produtos de biotecnologia e medica- e conhecimentos para tal. Soluções diferentes se-
cêuticos clínicos, reguladores, cientistas e epidemio- mentos investigações; rão, provavelmente, desenvolvidas em países e re-
logistas. A função desse comité será aconselhar a 4) Melhorar os sistemas de identificação de sinais, giões diferentes, e a experiência deve ser comparti-
OMS em assuntos de segurança relativos a medica- facilitando a rápida disponibilização de dados de lhada;
mentos, incluindo-se seu Centro Colaborador para RAMs que possam ter relevância internacional; 3) Desenvolver uma melhor compreensão dos pa-
Monitorização Internacional de Medicamentos (the 5)Rever as definições dos termos usados no campo cientes face às suas expectativas sobre os medica-
UMC), e, por intermédio dele, orientar os estados- da farmacovigilância, incluindo as definições de mentos e sua percepção de risco associado ao uso
membros da OMS. RAMs específicas, para assegurar a fiabilidade e de medicamentos, para facilitar os programas que
compreensão universal dos dados obtidos por meio informarão melhor o público a respeito dos bene-
CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES dos sistemas de notificação de RAMs; fícios e danos associados a medicamentos;
PARA O FUTURO 6) Desenvolver e implementar sistemas de identifi- 4) Desenvolver relações contínuas e activas com os
Para todos os medicamentos, há uma relação entre cação de RAMs que possam beneficiar populações meios de comunicação social para facilitar a comu-
os benefícios e o potencial para danos. Para minimi- com acesso restrito à assistência à saúde. nicação efectiva e precisa de informações sobre me-
zar os danos, é necessário que medicamentos de dicamentos ao público;
boa qualidade, segurança e eficácia sejam usados PREVENÇÃO 5) Encorajar a harmonização de actividades regu-
racionalmente, e que as expectativas e preocupa- 1) Melhorar o acesso a informações seguras e im- ladora e de farmacovigilância de medicamentos
ções do paciente sejam levadas em conta quando parciais sobre medicamentos em todas as esferas por meio da incorporação mais ampla da comuni-
decisões terapêuticas são tomadas. Alcançar isso é da assistência à saúde; dade internacional no desenvolvimento de políti-
servir a saúde pública e alimentar o senso de con- 2)Encorajar a consciencialização sobre segurança cas de harmonização.

Fontes Bibliográficas 5.Barnes J, Mills SY, Abbot NC, Willoughby M, Ernst E., Dif- Direcção Técnica
1. ANES, A. Marta et al, A Farmacovigilância Em Portugal, ferent standards for reporting RAMs to herbal remedies Dr. Boaventura Moura -Director Nacional de Medicamen-
Maiadouro, INFARMED, 2003. and conventional OTC medicines: face-to-face interviews tos e Equipamentos
2. Dukes MNG., e importance of adverse reactions in with 515 users of herbal remedies. British Journal of Clini- Conselho Redactorial
drug regulation. Drug Safety, 1990; 5(1): 3-6. cal Pharmacology, 1998; 45(5): 496-500. Dra. Isabel Margareth Malungue - Chefe de Departamen-
3. Edwards IR., e accelerating need for pharmacovigi- 6.Ang-Lee MK, Moss J, Yuan C. Herbal medicines and pe- to Nacional de Farmacovigilância e Remédios Tradicio-
lance. Journal of the Royal College of Physicians, 2000; 34: rioperative care. Journal of the American Medical Asso- nais
48-51. ciation, 2001; 286:208-216. Dr. José Chocolate Lelo Zinga - Chefe do Centro de Infor-
4. Wood SM., Postmarketing surveillance: viewpoint from 7. A importância da Farmacovigilância / Organização mação
a regulatory authority. Drug Information Journal, 1991; Mundial da Saúde Brasília: Organização Pan-Americana
25:191-5. da Saúde, 2005. (Monitorização da segurança dos medi-
camentos).

Cantinho Ser-lhe-emos gratos por suas críticas construtivas e sugestões para futuras publicações da
Folha Farmacoterapêutica, no nosso endereço: Rua Dr. Américo Boavida nº 81, 1º andar,
do leitor Luanda, Angola. Ou para o E-mail: cinfarmaangola@gmail.com
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 17

Reportagem

Casos de sucesso
de farmácias em Angola
Mara Mota

Grupo Moniz Silva

JOSÉ MONIZ SILVA“Revolucionámos o mercado de farmácias no nosso país ao criar espaços não só comerciais mas também modernos e agradáveis, onde todos
se sentem bem, principalmente os doentes”

Criado a partir do desejo de ofe- cia só foi possível graças a uma princípios participativos para Maianga, Novassol e Vitória), em
recer ao público um serviço dife- equipa especializada, com cerca obtermos resultados capazes de Benguela (Acácias), no Huambo
renciado e especializado na área de 300 quadros, todos nacionais assegurar o cumprimento da (Huambo) e na Huíla (Lubango).
da distribuição grossista e na co- e com bastante experiência no missão e dos objectivos organi- Para esta maratona, o slogan
mercialização retalhista de pro- sector. zacionais. O respeito e a aposta definido – “O medicamento cer-
dutos farmacêuticos, produtos na formação contínua dos nos- to, no lugar certo, no tempo cer-
de ortopedia, saúde oral, bem- Os três princípios sos quadros são factores basila- to, com a qualidade certa, com o
estar e da medicina complemen- Os três princípios que definem o res da competitividade da nossa preço certo” – traduz o compro-
tar, o Grupo Moniz Silva nasceu seu posicionamento no mercado estrutura”, acrescenta José Mo- misso de colocar o produto far-
da iniciativa do empresário José são a inovação ( farmácias mo- niz Silva. macêutico acessível ao utente no
Moniz Silva. dernas, funcionais e diversifica- local mais próximo e no mais
Fomos ao encontro deste em- das pelo mix de produtos), o na- O slogan do grupo curto período, ou seja, em todas
preendedor angolano para saber cional (gestão feita por quadros A inovação tecnológica, elevada as farmácias do território nacio-
mais sobre a sua história de su- nacionais, jovens e dinâmicos) e qualidade, personalização na nal, independentemente da sua
cesso e descobrimos que tudo a proximidade (localização de distribuição grossista e na pres- localização geográfica.
começou em 2005 com comér- fácil acesso). tação dos cuidados de saúde são Brevemente será inaugurada
cio grossista longe do centro da “Queremos contribuir de for- as principais metas do grupo, a Farmácia Mix Center, localiza-
cidade de Luanda. Posterior- ma significativa para melhorar o que é composto por dez farmá- da no Talatona, uma infra-estru-
mente, foi aberto um armazém estado de saúde da população cias, em Luanda (Belas, Cine S. tura que resultou de um grande
mais próximo para melhorar a angolana, proporcionando um Paulo, Coqueiros, Maculusso, investimento do Grupo Moniz
eficácia do processo de entrega serviço com o mais elevado pa- Silva.
das mercadorias. drão de qualidade e a acessibili-
“Revolucionámos o mercado dade à tecnologia de saúde mais
“A inovação tecnológi- Repensar a distribuição
de farmácias no nosso país ao recente. Para se alcançar este ob- ca, elevada qualidade, Questionado sobre as estratégias
criar espaços não só comerciais jectivo, bem como a liderança no personalização na dis- para se distinguirem face à con-
mas também modernos e agra- mercado retalhista, estamos tribuição grossista e na corrência, Moniz Silva reconhece
dáveis, onde todos se sentem conscientes de que o reforço da prestação dos cuidados que o mercado da comercializa-
bem, principalmente os doen- conjugação de esforços com os de saúde são as princi- ção por grosso e a retalho dos
tes”, enaltece Moniz Silva. nossos parceiros e colaborado- produtos farmacêuticos e de
Este projecto de vendas a re- res é um factor fundamental pa-
pais metas do grupo” puericultura está cada vez mais
talho com farmácias de referên- ra o sucesso. Pautamo-nos por competitivo e exigente. Por isso,
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Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola Janeiro/Março
Abril/Junho 2014

Reportagem
Editorial
foi necessário repensar a distri- dos produtos transportados. “Es- uma entrega na cidade de Luan- de e rapidez de entrega e do acon-
buição, reduzindo os tempos de tamos em condições de garantir da (existindo produto em stock) dicionamento, armazenagem e
entrega e investindo numa frota a entrega dos produtos em segu- demora, no máximo, 24 horas. transporte dos produtos farma-
própria e totalmente equipada rança e em bom estado de con- Asseguramos, desta forma, o cêuticos”, acrescentou o líder e
para o devido acondicionamento servação. A título de exemplo, mais elevado padrão de qualida- fundador do grupo Moniz Silva.

Mecofarma

JOÃO CARLOS LOPES “A criação de farmácias com design moderno, dotadas das mais recentes condições técnicas e de elevado padrão, estrategicamente localizadas, e
a disponibilização à população de medicamentos da mais elevada qualidade é o segredo do sucesso da Mecofarma”

"A Mecofarma surgiu, em 1997, qualidade, bem como os produ- abrangem diversas áreas de co- de informação capazes de dar
com o objectivo de criar uma re- tos mais sofisticados na área da nhecimento e incluem mestres resposta às novas exigências".
de de farmácias que promovesse puericultura, cosmética e saúde em ciências farmacêuticas, li- As farmácias do futuro "deve-
o acesso a medicamentos e pro- em geral". Para tal, "procurámos cenciados e técnicos médios de rão procurar aproveitar siner-
dutos de saúde de qualidade a trabalhar com medicamentos farmácia. "É com base nesta se- gias que apenas poderão ser ob-
toda a população angolana", diz- com origem nos laboratórios de lecção de profissionais de saúde tidas pelo ganho de dimensão
nos o seu administrador, João referência internacional, apos- dotados das mais elevadas e das cadeias de distribuição. Isto
Carlos Lopes, em entrevista à támos na contratação de qua- abrangentes competências e o permitirá uma redução dos cus-
Revista da OFA. Hoje, com uma dros qualificados e na formação investimento na sua formação tos de estrutura e a consequente
experiência e know-how com constante dos nossos colabora- contínua, que a Mecofarma, passagem de parte substancial
mais de 15 anos, "a rede Meco- dores". possibilita o melhor aconselha- desses proveitos para o cliente",
farma conta com dez farmácias, mento ao utente", revela João conclui.
oito na região de Luanda e arre- Investimento na formação Carlos Lopes.
dores e duas na província do Lu- Hoje, a rede Mecofarma conta
"As farmácias do futuro
bango, bem como de três pet- com mais de 130 colaboradores Caminhos do futuro
shops". "motivados para um projecto Para o administrador da Meco- deverão procurar
comum e marcar a diferença na farma, "com a aposta na melho- aproveitar sinergias que
O segredo do sucesso área da saúde em Angola", ga- ria da saúde realizada pelo go- apenas poderão ser
De acordo com João Carlos Lo- rante o administrador. "A Meco- verno angolano nos últimos obtidas pelo ganho de
pes, a estratégia adoptada que farma dispõe de uma equipa al- anos, acredito numa melhoria dimensão das cadeias
conduziu ao sucesso obtido tamente qualificada que, com substancial no sector e na conse-
de distribuição. Isto per-
consistiu na aposta feita na um elevado nível de dedicação, quente qualidade de vida do po-
"criação de farmácias com de- rigor e profissionalismo, garante vo angolano". O mercado "será mitirá uma redução dos
sign moderno, dotadas das mais um serviço de qualidade e um cada vez mais competitivo, fruto custos de estrutura e a
recentes condições técnicas e de atendimento personalizado rea- do desenvolvimento acelerado consequente passagem
elevado padrão, estrategica- lizado por profissionais de saú- do país. A Mecofarma procurará de parte substancial
mente localizadas". Ao mesmo de angolanos especializados em apoiar este esforço das autorida- desses proveitos para o
tempo "sempre disponibilizá- diversas áreas". des, aprimorando a eficiência lo-
cliente"
mos à população angolana me- As equipas que integram ca- gística das operações, bem co-
dicamentos da mais elevada da farmácia e cada pet-shop mo, desenvolvendo tecnologias
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 19

Farmácias de Angola

FILIPA ABREU “Há um grande caminho a fazer para trazer o farmacêutico – como profissional de saúde, altamente credenciado e qualificado – para o seio da população”

As Farmácias de Angola são um ciar a nossa vida e o nosso cuida- tos nefastos para a saúde”, asse- “Portanto este profissional
projecto dedicado exclusiva- do com a saúde”, destaca Filipa vera. tem uma importância muito re-
mente ao retalho farmacêutico, Abreu. levante em factores como a ade-
da autoria da empresa Ki-Far- A aceitação tem sido muito O papel do farmacêutico são à terapêutica, a certeza de
mácias, que arrancou em Feve- boa. Segundo alguns clientes Este projecto não deixa de ser que o utente sabe como fazer a
reiro deste ano, na galeria co- presentes no recinto enquanto uma novidade em Angola pois, medicação, de que forma é que
mercial do Hipermercado Kero decorria a nossa reportagem, a há alguns anos, as farmácias res- ele vai sentir o efeito dessa medi-
Kilamba. eficácia é notável e as vantagens tringiam-se à venda de medica- cação e isso implica que haja
Em entrevista exclusiva, Fili- do serviço disponível são muitas, mentos, alguns cosméticos e ar- uma maior confiança por parte
pa Abreu, farmacêutica e direc- sobretudo porque os testes estão tigos de puericultura. Como de- dos doentes neste profissional
tora do projecto Farmácias de certificados pela Organização fende a directora das Farmácias da saúde”, explica Filipa Abreu.
Angola, começa por explicar Mundial de Saúde (OMS) e, por- de Angola, “há um grande cami- Uma das grandes preocupa-
que, desde a sua abertura, além tanto, não são de origem duvido- nho a fazer para trazer o farma- ções das Farmácias de Angola é
da venda de medicamentos e ou- sa. cêutico – como profissional de colocar este profissional à dispo-
tros produtos, a farmácia oferece O número de testes efectua- saúde, altamente credenciado e sição da comunidade. Por isso a
também serviços que têm como dos superou muito as expectati- qualificado – para o seio da po- empresa faz questão de ter sem-
principal objectivo sensibilizar a vas e a adesão continua a ser pulação. Ou seja, ele tem tudo pre disponível, durante o perío-
população para a importância grande, com um saldo de mais para ser um profissional de saú- do de abertura, um técnico supe-
da actuação individual na pre- de 750 exames por mês. de de primeira linha, pois é o pri- rior formado em Ciências Far-
venção das doenças. Por isso, “A questão de ter de ir à clíni- meiro que deve ser consultado macêuticas, para atender situa-
destaca os testes rápidos, que ca, aguentar uma fila enorme e no caso de uma situação sim- ções mais delicadas e para que a
vão de uma simples determina- demorar muitas horas para fazer ples. Muitas vezes é suficiente comunidade possa sentir uma
ção da glicemia ou tensão arte- um simples teste está a ser ultra- uma visita à farmácia para resol- maior confiança no aconselha-
rial até outros mais complexos passada. Aproveitando uma visi- ver o problema. E é também o úl- mento e naquilo que é dado co-
como os testes de malária, den- ta rápida ao supermercado para timo que o doente contacta de- mo benefício à saúde em geral.
gue, febre tifóide, determinação comprar leite ou carne, pode- pois de iniciar o seu processo de
de valores de PSA (marcador tu- mos medir o nível de açúcar no consulta no hospital.” Técnicos angolanos
moral da próstata) e infecção sangue. Quando sentimos algum Fazem parte do quadro de pes-
urinária. incómodo ao urinar, antes de soal das Farmácias de Angola
comprar um antibiótico pode- “Tentamos propor- onze técnicos angolanos e a for-
Testes rápidos mos certificar-nos se existe mes- cionar ao consumidor mação destes profissionais é
“Tentamos proporcionar ao con- mo uma infecção urinária. Caso que nos visita o maior uma grande aposta. Recente-
sumidor que nos visita o maior o resultado seja positivo, aconse- número de testes rápi- mente, foi promovido um curso
número de testes rápidos possí- lhamos o cliente a fazer primeiro intensivo de capacitação e ac-
vel, de forma que ele consiga des- uma consulta com um médico,
dos possível, de forma tualização, com a duração de 15
pistar alguma situação mais de- para saber qual a dose correcta que ele consiga despis- dias, tendo sido contratada uma
licada com a sua saúde. E, ao de antibiótico a tomar. Nós não tar alguma situação empresa especializada, com o
mesmo tempo, sensibilizamos a contribuímos para a venda des- mais delicada com a sua apoio de técnicos de laboratório
população em geral sobre o controlada de antibióticos e ou- saúde” presentes no mercado nacional.
quanto é simples fazer um teste tros medicamentos sujeitos a re- Este projecto envolve um pla-
rápido e como isso pode benefi- ceita médica, que podem ter efei- no de expansão ambicioso, a
20 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

Reportagem
curto prazo. Segundo Filipa tinguir-se pelo atendimento, sociados ao bem-estar e à preo- gue garantir estabilidade, nem na
Abreu, dentro de pouco tempo com presença permanente de cupação adicional com a beleza, quantidade nem no preço, cau-
estarão na centralidade de Ca- técnicos qualificados, pelas ino- das linhas líderes no mundo e sando grandes flutuações, e o fac-
cuaco e no centro da cidade de vações e pelo conceito de beleza. que, até agora, não eram comer- to de haver, por enquanto, um
Luanda mas também se preten- Para que a saúde possa e deva es- cializadas com grande visibilida- número ainda reduzido de técni-
de chegar às restantes províncias. tar associada à beleza, têm à dis- de no país. cos formados superiormente na
Face à concorrência, Filipa posição uma vasta gama de pro- A irregularidade na cadeia de área de Ciências Farmacêuticas
Abreu argumenta que as “Farmá- dutos de dermocosmética, pro- abastecimento do mercado de são os principais desafios enfren-
cias de Angola” pretendem dis- dutos de maquilhagem e itens as- venda a grosso, que não conse- tados por esta empresa.

Farmácias Central

KÁTIA PAULO “O nosso compromisso consiste em apresentar a mais vasta oferta de produtos farmacêuticos do mercado e, com técnicos especializados
disponíveis 24 horas, proporcionar aos nossos utentes a informação em termos de profilaxia, prevenção e tratamento nas áreas de saúde”

A ajudar ao desenvolvimento do para o futuro mas com bases sus- ventivos de saúde básicos, como diabetes (aconselhamento).
país com a criação de novos pos- tentáveis, de forma a garantir que medição do peso, medição da “O nosso compromisso con-
tos de trabalho, a promover um não haja problemas de abasteci- massa muscular, teste de glice- siste em apresentar a mais vasta
serviço farmacêutico de qualida- mento de medicamentos e meios mia, colesterol e triglicerídeos, oferta de produtos farmacêuti-
de aos utentes, centrado num médicos hospitalares, assim co- testes auditivos, programa de cos do mercado e, com técnicos
atendimento altamente profis- mo resolver as eventuais carên- desabituação tabágica, teste de especializados disponíveis 24
sional e cuidado, a aconselhar a cias de medicação específica aos controlo e prevenção dos níveis horas, proporcionar aos nossos
correcta e adequada utilização doentes que afluem às suas insta- de ácido úrico e medição da ten- utentes a informação em termos
dos medicamentos de forma a lações. De igual modo, tem sido são arterial. Presta ainda cuida- de profilaxia, prevenção e trata-
promover a saúde e a prevenir a desenvolvido um trabalho árduo dos farmacêuticos na área da mento nas áreas de saúde. Tam-
doença está a empresa Central no sentido de preservar a imagem bém alargamos o nosso compro-
Farmacêutica, uma instituição e continuar a disponibilizar méto- misso a áreas como a dermocos-
sólida e de direito angolano, cons- dos e respostas a quem necessita
“A Central Farmacêutica mética, ortopedia, veterinária, fi-
tituída em 2005. Actualmente, a dos seus serviços. não se limita à venda de toterapia e higiene oral” afirma
Central Farmacêutica possui as medicamentos e outros Kátia Paulo, não deixando de re-
farmácias Central (Largo Serpa Cuidados preventivos produtos farmacêuticos, ferir os vários desafios que as
Pinto), a da Gamek (Rua Direita de saúde mas tem também Farmácias Central têm enfrenta-
da Samba), a do Golf 2, a do Fu- Para atingir os objectivos preco- disponíveis serviços que do no mercado, principalmente
tungo de Belas, a Central de Viana nizados, a empresa Central Far- com a burocracia em algumas
e uma representação também no macêutica não se limita à venda
garantem os cuidados questões e as contingências para
Bengo. de medicamentos e outros pro- preventivos de saúde conseguir estar presente todos
Segundo a directora técnica dutos farmacêuticos, mas tem básicos” os dias nas sete unidades, garan-
das Farmácias Central, Kátia Pau- também disponíveis serviços tindo o abastecimento a esses
lo, estas têm a sua visão voltada que garantem os cuidados pre- postos.
2 | Revista
22 | Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola Janeiro/Março
Abril/Junho 2014

Editorial
Espaço AFPLP
RESOLUÇÃO AFPLP

Prestação de Serviços
Considerando que:
a)Em muito países a farmácia é
o estabelecimento de saúde
mais acessível à população,
funcionando com uma estrutu-
ra avançada de saúde junto das
comunidades locais e uma das
principais portas de entrada no
sistema de saúde;
b) O farmacêutico, profissional
de saúde em quem a popula-
ção deposita elevado grau de
confiança, tem competências e
conhecimentos específicos,
que associados à sua proximi-
dade com a população, lhe per-
mitem garantir a qualidade no
acesso ao medicamento, pro-
mover a utilização racional do
medicamento e a adesão à te-
rapêutica e, desenvolver pro-
gramas de promoção da saúde
e prevenção da doença;
c) O farmacêutico é elemento
agregador entre todos os inter-
venientes no sistema de saúde,
participando na recolha de in-
formação e acompanhamento
dos doentes, sendo vários os
estudos que demonstram a
mais-valia da sua intervenção;
d) Um dos principais objectivos
da farmácia é a dispensa de me-
dicamentos em condições que
minimizem os riscos do uso do
medicamento e que permitam
a avaliação dos resultados clíni-
cos dos medicamentos de mo-
do a reduzir a elevada morbi-
mortalidade associada ao me-
dicamento;
e) O princípio basilar da activi- A farmácia deve evoluir na prestação
dade farmacêutica consiste em de serviços farmacêuticos
auxiliar o doente na melhor uti- de educação e promoção da
lização do medicamento; saúde e do bem-estar dos utentes.
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 23

pelas Farmácias
A Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa (AFPLP), que reúne os profissionais de Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, reunida em Assembleia-Geral, em Luanda,
Angola, a 29 de Maio de 2013, aprovou a seguinte Resolução:

A farmácia deve evoluir na pres- A intervenção na área do diag- Deve ser promovida a comunica-
tação de serviços farmacêuticos nóstico precoce deverá incluir a ção e colaboração entre profis-
1 de educação e promoção da
saúde e do bem-estar dos uten-
6 detecção precoce de indivíduos
suspeitos de patologias de eleva-
10 sionais de saúde,
incluindo no acesso e partilha de
tes, consolidando-se como um im- da prevalência, como, por exem- informação clínica relevante para
portante espaço de saúde reconhecido plo, doenças cardiovasculares, diabetes uma intervenção informada e adequa-
pelos cidadãos e pelos Governos; e infecção pelo VIH/sida; da, de acordo com as especificidades de
cada doente em particular;
A prestação desses serviços far- A intervenção na área da terapêu-
macêuticos é de particular rele- tica deverá incluir a administra- O doente deve ser sempre envol-
2 vância em comunidades locais
com dificuldades de acesso a
7 ção de medicamentos, (em al-
guns casos, através da Toma de 11 vido nas decisões relacionadas
com a sua terapêutica e plano de
outros cuidados e profissionais Observação Directa), as estraté- cuidados;
de saúde; gias de incentivo e monitorização da
adesão à terapêutica, a monitorização de As Associações Profissionais
A farmácia deve disponibilizar doentes e a farmacovigilância, tendo em membros da AFPLP são incenti-
cuidados de saúde de elevada di- vista a utilização correcta, efectiva e segu- 12 vadas a integrar na sua missão:
3 ferenciação técnico-científica,
optimizados e baseados na
ra da terapêutica; a. A definição de metodologias e
ferramentas de apoio à interven-
evidência, correspondendo A prestação de serviços farma- ção profissional;
às necessidades das comunidades cêuticos às populações deverá b. O apoio aos seus membros na imple-
que servem;
8 ser realizada com qualidade e
segurança, por profissionais
mentação de programas e serviços na
farmácia;
Os serviços prestados na farmácia com formação específica para o c. A monitorização a avaliação da imple-
devem centrar-se numa estraté- efeito, em instalações adequadas e mentação destes programas e serviços

4 gia de desenvolvimento da far-


mácia enquanto centro de pre-
com recurso aos equipamentos recomen-
dados para a prestação de cada serviço;
nas farmácias;

venção e terapêutica, com três ei- As Associações Profissionais


xos principais de intervenção: A intervenção profissional deve membros da AFPLP comprome-
a. Prevenção, ser documentada, utilizar meto- 13 tem-se a colaborar entre si ten-
b. Detecção Precoce,
c. Terapêutica;
9 dologias e ferramentas específi-
cas – fluxogramas, protocolos,
do em vista a partilha de meto-
dologias, ferramentas, experiên-
manuais e/ou recomendações – cias e resultados na implementação de
A intervenção na área da preven- desenvolvidas em articulação com serviços farmacêuticos, bem como na for-
ção deverá incluir a participação instituições nacionais de referência, com a mação de profissionais para a prestação

5 da farmácia em campanhas e
programas de educação para a
colaboração de especialistas nas diferen-
tes áreas;
de serviços nas farmácias;

saúde e em programas de vacina- As Associações Profissionais


ção, em colaboração com entida- membros da AFPLP são incenti-
des oficiais e/ou privadas; 14 vadas a apoiar os seus membros
na definição de uma remunera-
ção adequada aos serviços farma-
cêuticos prestados.

Desta resolução será dado conhecimento à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), aos Governos e à população da comuni-
dade lusófona. Aprovado em Assembleia Geral da Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa
Luanda, 29 de Maio de 2013
2 | Revista
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daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola Janeiro/Março
Abril/Junho 2014

Editorial Farmacêutico
Conselho

Como manter medicamentos


seguros no domicílio
Saiba como devemos acondicionar os medicamentos
em casa.

Os medicamentos são substâncias especiais com finalidade profilática, cura-


tiva, paliativa, ou para fins de diagnóstico, que requerem cuidados especiais de
armazenamento.
Os medicamentos encontram-se inseridos em quase todos os campos de aten-
ção a saúde. Essa ampla inserção faz com que tenhamos mais facilmente acesso
aos fármacos levando ao uso inadequado dos mesmos, o que constitui um sério
problema de saúde pública.
Dr.ª Helena Vilhena
O fácil acesso aos fármacos faz com se que crie uma farmácia caseira. A criação
de stocks nas residências é preocupante pois incentiva a automedicação, po-
dendo levar ao uso desnecessário de medicamentos vencidos, sem rótulos, sem
folhetos informativos entre outros.
Os stocks de medicamentos promovem o uso indiscriminado de determinadas
classes terapêuticas como os antibióticos e psicotrópicos, favorecendo o au-
mento da resistência bacteriana e no caso dos psicotrópicos pode levar a de-
pendência.
Dr.ª Lucinda Figueiredo

Cuidados a ter em conta


Para melhor conservar os medicamentos em casa há alguns cuidados a ter em
conta: devem ser armazenados longe de cosméticos, produtos de limpeza, per-
fumes; fora do alcance das crianças; a indicação da validade deve constar na
caixa do medicamento; deve-se conservar o folheto informativo e a embalagem
original; dependendo do medicamento, existem várias formas de descarte, em
caso de dúvida podemos entregar os medicamentos numa farmácia ou posto
de saúde mais próximo para que eles entreguem a uma empresa , que está ha-
bilitada para realizar o descarte adequado; conservar sempre os seus medica-
mentos num lugar seco,fresco, mantido ao abrigo da luz da humidade e de tem-
peraturas elevadas. Deve evitar-se a cozinha e a casa de banho. Alguns medica-
mentos requerem cuidados adicionais como as insulinas e vacinas que devem
ser conservadas no frigorífico.

Composição da farmácia caseira


A farmácia caseira deve ter o mínimo de itens possível e pode ser composta ape-
nas por analgésicos, anti-ácidos, anti-sépticos, anti-histaminicos e materiais
de primeiros socorros.
Quando se adquire quantidades maiores de medicamentos do que de facto se
necessita, além do risco da automedicação, acaba por levar ao desperdício de
recursos com impacto na economia familiar.
O fraccionamento de medicamentos e a atenção farmacêutica eficaz podem
contribuir para a redução de stocks nas residencias e, consequentemente, na
melhoria da saúde e da qualidade de vida dos utentes.

Referências
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5. http://www.sequipe.com.br/site/bem-estar/como-armazenar-medicamentos-em-casa/117
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Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 25

Formação

A história do ensino
farmacêutico em Angola
Judith Béllise SARDINHA KAMGNO Farmacêutica

A necessidade de haver profissionais especiali-


zados em Ciências Farmacêuticas (vulgo Far-
mácia) em Angola surge logo após a proclama-
ção da independência nacional, em 1975, para
colmatar o vazio que existia nesta especialida-
de e a falta de instituições de formação. Os jo-
vens nacionais, com bolsas de estudo, foram en-
viados para Cuba, ex-URSS, RD Congo, Brasil,
Portugal e outros países para serem bem forma-
dos.
Em 2001, foi aberta a Universidade Jean Pia-
get de Angola, com o curso de licenciatura em
Ciências Farmacêuticas no seu leque de oferta.
Já formou especialistas em Farmácia que estão
a participar em acções pedagógicas e profissio-
nais, havendo uma cobertura ainda insuficien-
te para as tarefas que lhes são inerentes. Entre
os pioneiros, destacam-se farmacêuticos como
o Dr. André Pedro Neto (UniPiaget) e outros,
que muito contribuíram para o crescimento
desta especialidade das Ciências da Saúde.
Actualmente, várias outras instituições – co-
mo a Universidade Agostinho Neto, a UPRA–
Universidade Privada de Angola e outros Insti-
tutos Superiores Politécnicos – apostaram na
formação dos profissionais farmacêuticos, pelo
que urge encontrar uma plataforma de unifor-
mização de currículos, de modo a não haver
disparidades formativas e de maneira a falar- “Esperamos corresponder, no fu- — Indústria cosmética
mos uma só linguagem. Esta uniformização é turo, às expectativas de um ensino — Indústria alimentar
parte das competências da Ordem dos Farma- globalmente eficiente, no que con- —Fitoterapia
cêuticos de Angola, o órgão reitor da regulação — Regulamentação e avaliação de medi-
da profissão farmacêutica em Angola.
cerne a pós-graduações, mestra- camentos
As Directrizes Curriculares Nacionais de- dos, doutoramentos, especializa- —Saúde pública ( farmacoepidemiologia) e
vem ser feitas de maneira a formar um farma- ção dos profissionais e formação vigilância sanitária
cêutico “sete estrelas”, que focalize as seguintes contínua” —Administração hospitalar
atitudes e habilidades que lhe permitem inse- —Pesquisa clínica e laboratórios de análise
rir-se no seio de uma equipa de Saúde, nomea- clínicas
damente: — Controlo ambiental
1. Atenção à saúde — Auditoria farmacêutica
2. Tomada de decisão — Farmacovigilância
3. Comunicação ca, preparações magistrais, dispensação, Concluímos que estamos no bom cami-
4. Liderança banco de sangue e de órgãos, de sémen e de nho e, por isso, esperamos corresponder no
5. Administração e gerenciamento leite humano, assistência domiciliar em equi- futuro às expectativas de um ensino global-
6. Educação permanente pas multidisciplinares, citoquímica, farmá- mente eficiente, no que concerne a pós-gra-
7. Ensino e pesquisa cia clínica, gases medicais e misturas de uso duações, mestrados, doutoramentos, espe-
terapêutica, gestão de resíduos dos serviços cialização dos profissionais e formação con-
Inserção profissional de saúde, hemoterapia, imunoterapia, nutri- tínua.
A inserção profissional deve ser feita, entre ção parentérica, análises clínicas, rádio-far- Que o poder de Deus esteja com os farma-
outros, nos seguintes sectores: mácia, aprovisionamento e sistemas racio- cêuticos de Angola e do Mundo e que os fár-
—Farmácia hospitalar e clínica (sector de nais de distribuição, farmacovigilância, etc.) macos tenham o real e esperado poder sobre
esterilização, higiene e controlo de infecção —Farmácia de oficina ou comunitária as doenças.
hospitalar, toxicologia, investigação científi- —Indústria farmacêutica Bem-haja a Ciência Farmacêutica.
2 | Revista
26 | Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola Janeiro/Março
Abril/Junho 2014

Editorial
Formação

Alunos da UniPiaget Angola


recebem formação na Bluepharma
A Bluepharma recebeu, Cadeia de valor
Criada em 2001, a actividade
em Dezembro, na sua
da Bluepharma engloba actual-
sede em Portugal, a visita mente toda a cadeia de valor do
de 17 alunos do curso de medicamento, estruturada nas
Farmácia da UniPiaget An- seguintes áreas distintas: investi-
gola, no âmbito do pro- gação, desenvolvimento e registo
grama de cooperação de medicamentos; produção de
medicamentos próprios e para
promovido entre a
terceiros; investigação, desenvol-
instituição de ensino, a vimento e registo de medicamen-
Bluepharma e a Bayer. tos; comercialização de medica-
mentos genéricos.
Através das empresas do gru-
po, oferece ainda uma aborda-
gem integrada do processo de
Com o objectivo de promover a tenciar a modernização do sec- descoberta e desenvolvimento
ligação dos estudantes angola- tor farmacêutico angolano. de medicamentos que inclui in-
nos ao mercado de trabalho, Ao incentivar o contacto dos vestigação inovadora em novas
possibilitando-lhes o contacto futuros e/ou actuais farmacêu- entidades químicas e novas enti-
com as práticas e metodologias ticos angolanos com trabalha- dades terapêuticas, baseadas em
da indústria farmacêutica euro- dores e actividades dos diver- plataformas inovadoras para a
peia, a Bluepharma recebe, des- sos sectores de uma unidade in- entrega de moléculas já conheci-
de 2010, alunos da UniPiaget. dustrial de ponta como é a da dos.
Desde a primeira edição – em Bluepharma, a empresa procu- A unidade da Bluepharma é
que contou com a visita de seis ra, por um lado, compreender certificada segundo os mais im-
alunos – tem-se verificado um as necessidades e oportunida- portantes parâmetros de quali-
incremento de ano para ano, o des de melhoria do sector do dade, estando inclusivamente
que denota o sucesso desta ini- medicamento em Angola e, por aprovada pela autoridade ameri-
ciativa. outro, complementar o currí- cana FDA. Trata-se da única uni-
O programa de formação culo dos alunos com experiên- dade portuguesa autorizada a ex-
dos alunos abrange as mais di- cia prática na área da indústria. portar formas farmacêuticas só-
versas áreas, desde a investiga- A rede de cooperação criada no lidas para os Estados Unidos,
ção e desenvolvimento, à quali- âmbito desta iniciativa tem apenas um dos mais de 30 territó-
dade, passando pelos aspectos possibilitado à Bluepharma rios para onde actualmente ex-
regulamentares. Também as continuar a ajudar os jovens porta.
áreas da logística, distribuição farmacêuticos mesmo após a Através da sua parceria com a
e venda ao público são cobertas sua estadia em Portugal, escla- BLPH Angola, a Bluepharma está
de forma exaustiva, por forma a recendo as suas dúvidas e res- presente no território angolano
fomentar novas competências pondendo aos seus pedidos de desde 2012, com um portfólio que
profissionais que possam po- apoio. abrange mais de 60 produtos.

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