Revista Da Ordem Dos Farmaceuticos de Angola - n2 - BR
Revista Da Ordem Dos Farmaceuticos de Angola - n2 - BR
Revista Da Ordem Dos Farmaceuticos de Angola - n2 - BR
REVISTA da
Trimestral | Ano I
Número 2
Farmacêuticos
ANGOLA de
ABR-JUN 2014
Director:
Boaventura
Moura
África com
medicamentos
de qualidade
Segundo o director re-
gional da OMS para
África, Luís Gomes Sam-
bo, a Agência Africana
de Medicamentos vai
contribuir para au-
mentar a capacidade
dos países em matéria
de regulamentação
farmacêutica e de
produção local de
medicamentos
essenciais, com uma
atenção muito es-
pecial ao aspecto
da qualidade. A
sua criação foi de-
cidida pelos min-
istros africanos
da Saúde, no fi-
nal da reunião
que realizaram
recentemente
em Luanda.
www.ordemfarmaceuticosangola.org
2 | Revista
Abril/Junho da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
2014 Revista da Ordem dos FarmacêuticosJaneiro/Março
de Angola2014|3
Editorial
Índice
Actualidade
Boaventura Moura OFA abre a sua sede, define valor das quotas, cria as Comissões
Bastonário e Presidente do Conselho Nacional Científicas e nomeia os seus membros.
|Pags. 4 e 6
mais saudável essencial para o seu uso efectivo e para a assistência médica de alta
qualidade. O órgão informativo do CINFARMA traz-lhe, nesta
edição, o essencial sobre esta disciplina clínica que contribui para a
ética de segurança e serve como indicador dos padrões de assistên-
O facto mais relevante que ocorreu neste segundo tri-
O
cia clínica praticados num país. | Pág. 13 a 16
mestre no nosso sector foi, porventura, a primeira reu-
nião dos ministros africanos da saúde, em Luanda. Reportagem
Organizada conjuntamente pela Comissão da União Casos de sucesso de farmácias em Angola
Africana e OMS, com o patrocínio do governo angolano, Os jornalistas da revista da OFA sairam à rua e foram conhecer de
perto alguns bons exemplos de farmácias em Angola. Saiba como
o evento incidiu nas áreas temáticas prioritárias para o
são geridas, quais as suas estratégias, princípios orientadores, ob-
continente e abordou os problemas de saúde mais proe- jectivos e como se preparam para o futuro. |Pág. 17 a 20
minentes e complexos, responsáveis pelo peso das doen-
ças em África. Espaço AFPLP
A Declaração de Luanda é o documento final que sin- A prestação de serviços pelas farmácias
tetiza as deliberações substantivas tomadas pelos Em muito países a farmácia é o estabelecimento de saúde mais
ministros, entre as quais as estratégias para acabar com acessível à população, funcionando com uma estrutura avançada
as mortes maternas e infantis evitáveis, para enfrentar de saúde junto das comunidades locais. Ciente desta realidade, a
Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa
os factores de risco nas doenças não transmissíveis, a co- (AFPLP) adoptou, na sua Assembleia-Geral realizada em Luanda,
bertura universal de saúde em África, os mecanismos de uma Resolução sobre a prestação de serviços pelas farmácias.
responsabilização para avaliar a implementação dos |Págs. 22 e 23
compromissos assumidos pelos ministros, a criação de
um Centro Africano de Controlo e Prevenção das Doen- Formação
ças e da Agência Africana dos Medicamentos. A história do ensino
Seleccionámos este último tópico para desenvolver- farmacêutico em Angola
mos nesta edição, juntamente com as declarações sobre A necessidade de haver profissionais especializados em Ciências
Farmacêuticas em Angola surge logo após a proclamação da inde-
o mesmo do director regional da OMS para África, Luís pendência nacional, em 1975, para colmatar o vazio que existia
Gomes Sambo. nesta especialidade e a falta de instituições de formação. Conheça
Entretanto, a OFA também deu passos neste período o percurso do ensino farmacêutico até aos nossos dias . |Pág. 25
com vista ao reforço da sua organização: abriu a sua se-
de, definiu os valores da jóia e das quotas, criou as co- Ficha Técnica
missões científicas, nomeou os seus integrantes, e ini-
ciou a preparação da 1ª Semana da Farmácia Angolana, Propriedade: Ordem dos Farmacêuticos de Angola | Director:Boaventura
Moura | Conselho editorial: João Novo, Helena Vilhena, Pedro Zangulo e San-
que celebrará o primeiro aniversário da sua constitui- tos Nicolau | Endereço: Rua Kwame Nkrumah, nº 52 / 53, Maianga, Luanda, An-
ção, entre outros. gola. Tel.: (+244) 935 333 709 / 912 847 892 | E-mails: ofangola@gmail.com
ofangola@hotmail.com | Web site: www.ordemfarmaceuticosangola.org | Ed-
itor: Marketing For You, Lda / Jornal da Saúde www.marketingforyou.co.ao |
Envie-nos as suas sugestões e comentários para que Publicidade: Márcia da Costa Tel.: (+244) 949 265 229 / 923 276 837 | Periodi-
cidade: trimestral | Design e maquetização: Fernando Almeida | Impressão
possamos melhorar. Boa leitura! e acabamento: Damer Gráficas, SA | Tiragem: 3.000 exemplares
2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
4 Janeiro/Março
Abril/Junho 2014
Editorial
Actualidade
OFA já criou
as comissões
científicas
Para cuidar dos diversos assuntos
que ocorrem no exercício da pro-
fissão farmacêutica no país, o
Conselho Nacional da Ordem dos
Farmacêuticos de Angola criou as
Comissões Científicas e nomeou
os seguintes farmacêuticos para
integrá-las:
COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO,
ÉTICA E DEONTOLOGIA
Dr. Daniel António
Coordenador Dr. Carlos Almeida Dr. João Lelessa Dr. Fernando Kuatoko
Dr. Miguel Ferreira Redactor Membro Coordenador-adjunto
Coordenador Adjunto Dr. Rui Vaz Sub-comissão Dra. Rosa Barros
Dra. Maria Júlia Simão Membro da Indústria Membro
Redactora Dr. Emília Major Farmacêutica Dr. Félix do Amaral Filipe da Costa
Dr. Bernabé Baptista Membro Dr. Sadi Sambo Membro
Membro Dr. António Quinta Coordenador Dr. Joltim Quivinja - Redactor
Dra. Judith Belize Sardinha Membro Dr. Manuel Londa COMISSÃO DE ENSINO
Membro Sub-Comissão de Farmácia Membro E CAPACITAÇÃO
Dra. Ana Aguiar Hospitalar – Farmácia Clínica Dra. Suzana Sambo Dr. Santos Moras Nicolau
Membro Dra. Beatriz Lello Coordenadora adjunta Coordenador
Dr. Boaventura Moura Coordenador Dr. Pombal Mayembe Dr. Abel Sunda
Membro Dra. Violeta Chimuco Membro Coordenador – Adjunto
Redactora Dr. Narciso Fernandes Dr. André Neto
COMISSÃO DE ASSISTÊNCIA Dra. Emília Cariango Membro Membro
FARMACÊUTICA Membro Dr. André Sucami Dr. António Pedro Kutala Zangulo
Sub-Comissão de Farmácia Dra. Genoveva Coelho Redactor Membro
de Oficina e Atenção Membro Dra. Isabel Deolinda Pedro Dr. José Joveta
Farmacêutica Dra. Estefânia N`guenga Manuel -Membro Membro
Dra. Teresa Piriquita Coordenadora adjunta Sub-Comissão de Análises Dr. Augusto Alberto João
Coordenadora Dra. Epifania Clarice Clínicas Redactor
Dr. José Sebastião de Almeida Dra. Cheilla Marisa Manuel Dra. Evelize Nascimento
Coordenador Adjunto Membro Coordenador Membro
A Ordem dos
Farmacêuticos
de Angola abriu a sua
sede, a 6 de Janeiro, no
edifício do Laboratório
Farmacotécnico, na Rua
Kwame Nkrumah
nº 52/53,
Maianga, em Luanda
Editorial
Actualidade
A formação ao serviço Conselho Nacional
deliberou sobre o
dos profissionais de saúde valor da jóia e quotas
para os seus
membros
1Produtos médicos incluem medicamentos, vacinas, meios de diagnóstico e dispositivos médicos. 2“Reforçar a capacidade para a regulação dos produtos médicos na Região Africana”. 3www.ema.europa.eu.
4WHO/EMP/QSM/2010.4, Assessment of medicines regulatory systems in sub-Saharan African countries: an overview of findings from 26 assessment reports, Geneva, World Health Organization, 2010.
5 AU/NEPAD, Situational analysis study on medicines registration harmonization in Africa. Final report for the East 6AU/NEPAD, Situational analysis study on medicines registration harmonization in Africa.
Final report for the Economic 7UEMOA, Étude de faisabilité sur le changement de statut des autorités de réglementation pharmaceutique des États 8 http://www.who.int/medicines /areas/coordination/coor-
dination_assessment/en/; accessed; 21 February 2014.
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 13
Folha Farmacoterapêutica
Órgão informativo
CINFARMA– Centro de Informação Farmacêutica no
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL
DE MEDICAMENTOS E EQUIPAMENTOS
Departamento de Farmacovigilância
DNME/MINSA
ANO 1, N.º2, Abril a Junho de 2014
INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre a segurança de um fármaco é um compartilham a responsabilidade pelos seus medica-
processo dinâmico e o aprofundamento desse conheci- mentos. Quando efeitos adversos e toxicidade surgem –
MENSAGEM mento só pode ser assegurado com a participação dos
profissionais de saúde.
em particular quando previamente desconhecidos em
associação com o medicamento –, é essencial que sejam
DE ABERTURA Este trabalho constitui uma estratégia essencial para analisados e comunicados efectivamente a uma audiên-
a promoção do uso racional de medicamentos e suscita cia que tenha o conhecimento necessário para interpre-
Todo o nosso esforço tem um um impacto directo nas políticas de prevenção de danos, tar a informação. Esse é o papel da farmacovigilância.
único objectivo: melhores dias através da disseminação de informação. A monitorização da segurança de medicamentos é
para você, para a sua família, O mundo reconhece a tragédia de cerca de 10.000 um elemento essencial para o uso efectivo de medica-
para a nossa profissão. Com o crianças com focomelia por exposição intra-uterina à ta- mentos e para a assistência médica de alta qualidade. Ela
seu apoio e amizade temos lidomida, um hipnótico suave e profilático dos enjoos tem a capacidade de inspirar segurança e confiança en-
conseguido muito e chegare- matinais da gravidez – aquilo que viria a ser internacio- tre pacientes e profissionais da saúde em relação aos me-
mos ainda mais longe. Senti- nalmente conhecido como o “Drama ou Desastre da Ta- dicamentos, contribuindo para elevar os padrões da prá-
mo-nos realizados com a sua lidomida”, em 1961. Só então se assumiu a verdadeira tica médica.
alegria, prosperidade e felicida- consciencialização do problema. A farmacovigilância é uma disciplina clínica por di-
de, bem como com a valoriza- Porém, o risco de danos é menor quando os medica- reito - ela contribui para a ética de segurança e serve co-
ção da nossa profissão. mentos são usados por profissionais da saúde informa- mo indicador dos padrões de assistência clínica pratica-
dos e por pacientes que, por si mesmos, entendem e dos num país.
Nós acreditamos que
é preciso acreditar.
Nós acreditamos que só O QUE É A FARMACOVIGILÂNCIA
acreditando é possível
construir. Anteriormente a 1969, este termo era definido como “a para uma pronta libertação de novos medicamentos,
Nós acreditamos notificação, o registo e avaliação sistemática das reacções com a promessa de avanços terapêuticos. A legislação
que só construindo adversas aos medicamentos dispensados com ou sem que governa o processo regulador, na maioria dos países,
conseguiremos vencer. prescrição”. Depois, em 1972, o conceito é alargado a “to- permite o estabelecimento de condições para registo, tal
Nós acreditamos na nossa da a actividade tendente a obter indicações sistemáticas como a exigência de que deve haver farmacovigilância
profissão. Em você. sobre os laços de causalidade provável entre o medica- minuciosa nos primeiros anos da libertação do medica-
mentos e reacções adversas numa população.” (1) mento para o mercado.
Por isso, apresentamos-lhe Há outros aspectos da segurança de medicamentos
mais uma realização farmacêu- NOÇÃO DE REACÇÃO ADVERSA que têm sido bastante negligenciados até então e que de-
tica que gostaríamos que fizes- “É uma qualquer resposta a um fármaco que seja preju- veriam ser incluídos na monitorização dos efeitos laten-
se parte do seu quotidiano la- dicial, de forma não intencional, e que ocorra nas doses tes e de longo prazo dos medicamentos. Incluem:
boral, para sua actualização normalmente utilizadas em seres humanos para profila- — Identificação das interacções medicamentosas;
profissional. Pedimos-lhe que xia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou seja, para a — Medição do impacto ambiental dos medicamentos
contribua para a sua melhoria. modificação de uma função fisiológica.” (EDWARDS & utilizados em grandes populações;
Esta folha Farmacoterapêutica BIRIELL, 2001)(1) — Avaliação da contribuição dos “componentes inacti-
estará sempre presente nesta vos” (excipientes) para o perfil de segurança;
sua revista da Ordem dos Far- A MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇA — Sistemas para comparar perfis de segurança de medi-
macêuticos. Abrace esta causa. PÓS-COMERCIALIZAÇÃO camentos da mesma classe terapêutica;
Quanto mais forte for o sistema nacional de farmacovi- — Vigilância dos efeitos adversos à saúde humana de re-
O Director Nacional gilância e de notificações de RAMs, mais provável será síduos de medicamentos em animais, antibióticos e har-
Boaventura Moura que decisões reguladoras equilibradas sejam tomadas mónios.
14 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014
Folha Farmacoterapêutica
Os profissionais da saúde estão em condições de MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS Para se alcançar algo mais próximo da prática
fazer bom uso das experiências positivas e negativas E TRADICIONAIS ideal, é necessária mais atenção na capacitação dos
de tratamento dos seus pacientes de forma a con- O uso de medicamentos fitoterápicos e tradicio- profissionais da saúde no que se refere ao diagnós-
tribuir para a ciência médica e melhorar a com- nais traz preocupações quanto à sua segurança. tico, gestão e prevenção de RAMs. Nem todos os si-
preensão das doenças e seus medicamentos. (5,6) Há uma concepção equivocada, amplamente nais são tão específicos, dramáticos e prontamente
Um novo medicamento deve atender a três exi- difundida, de que “natural”significa “seguro”. Existe diagnosticados como foram a focomelia e micro-
gências antes da sua aprovação pela autoridade regu- a crença comum de que o uso prolongado de um melia causadas pela talidomida. O reconhecimento
ladora nacional. Exige-se a demonstração de evidên- medicamento, baseado na tradição, assegura a sua de efeitos adversos menos óbvios requer atenção,
cias suficientes de que o novo medicamento seja: eficácia e segurança. Há exemplos de medicamen- agilidade, diagnóstico preciso e compreensão dos
— de boa qualidade; tos tradicionais e fitoterápicos que foram adultera- princípios da avaliação da causalidade. (7)
— eficaz; dos ou contaminados com medicamentos alopáti- É mais provável que os profissionais da saúde
— seguro para o objectivo ou objectivos para os cos, substâncias químicas como corticosteróides, identifiquem e informem RAMs importantes se eles
quais é proposto. agentes anti-inflamatórios não-esteroidais e metais tiverem confiança na sua habilidade para diagnos-
Enquanto os primeiros dois critérios devem ser pesados. Muitos medicamentos tradicionais são fa- ticar, gerenciar e prevenir tais reacções. Os centros
atendidos antes que qualquer consideração possa bricados para uso global e vão além do cenário cul- nacionais de farmacovigilância e as instituições de
ser feita quanto à aprovação, a questão da segurança tural e tradicional para o qual foram originalmente capacitação desempenham um papel central nesse
é menos exacta. A segurança não é absoluta e pode destinados. A automedicação agrava os riscos dos contexto, com o encorajamento da inclusão dos
ser julgada somente em relação à eficácia, sendo ne- pacientes. Quando medicamentos tradicionais e fi- princípios e métodos da farmacovigilância e do es-
cessária uma análise por parte dos reguladores para toterápicos são usados juntamente com outros me- tudo de doenças iatrogénicas nos cursos de gradua-
decidir quanto aos limites aceitáveis de segurança. dicamentos, existe potencial para graves interac- ção e pós-graduação em escolas de Medicina, Far-
Há possibilidade de que eventos adversos raros, ções adversas entre medicamentos. mácia e Enfermagem.
porém graves (como os que ocorrem com a frequên- Os currículos de farmacologia deveriam dar a
cia de, digamos, um em cinco mil) não sejam iden- A FARMACOVIGILÂNCIA mais alta prioridade ao estudo da segurança de me-
tificados no desenvolvimento do medicamento an- NA PRÁTICA CLÍNICA dicamentos. Isso conduziria a uma maior conscien-
terior ao registo. Por exemplo, a discrasia sanguínea A monitorização da segurança de medicamentos cialização do equilíbrio entre os benefícios e possí-
fatal, que ocorre em um entre cada 5.000 pacientes de uso comum deveria ser parte integrante da prá- veis danos dos medicamentos. Deveria ser encora-
tratados com um medicamento novo, só é provável tica clínica. A forma como os clínicos gerais são in- jada uma abordagem integrada à tomada de deci-
que seja identificada depois de 15.000 pacientes te- formados sobre os princípios da farmacovigilância sões no âmbito terapêutico. O uso excessivo e irra-
rem sido tratados e observados, contanto que a in- e sobre o modo como tais profissionais as usam tem cional de medicamentos contribui para as reacções
cidência prévia de tal reacção seja zero ou que haja um grande impacto na qualidade da assistência mé- adversas. (7) O uso equivocado de medicamentos é,
uma associação causal clara com o medicamento. dica. A educação e a capacitação dos profissionais em grande parte, causado pela baixa qualidade e
da saúde com respeito à segurança de medicamen- inacessibilidade de informações sobre medicamen-
A FARMACOVIGILÂNCIA E A AUTORIDADE RE- tos, a troca de informações entre centros nacionais, tos disponíveis aos profissionais da saúde. Esses
GULADORA NACIONAL DE MEDICAMENTOS a coordenação de tais trocas e a conexão de expe- problemas são agravados por:
As limitações dos dados de segurança de medica- riências clínicas sobre segurança de medicamentos — Divulgação e propagandas imprecisas e agressi-
mentos na fase de pré-comercialização são bem co- com pesquisas e políticas de saúde - tudo serve para vas;
nhecidas. (2) Elas são agravadas pela crescente pres- tornar efectiva a atenção ao paciente. Programas — Uso de medicamentos sem a informação devida
são exercida sobre os reguladores de medicamentos nacionais de farmacovigilância estão perfeitamente por parte do paciente e sua demanda por medica-
por parte da indústria farmacêutica para abreviar o posicionados para identificar pesquisas necessárias mentos mais recentes;
tempo de revisão para a libertação de medicamen- à melhor compreensão e tratamento de doenças in- — Falta de informações precisas sobre o medica-
tos novos. A aprovação do registo de um medica- duzidas por medicamentos. mento.
mento novo será, provavelmente, seguida por inten- Há três abordagens que podem servir para au- Os indicadores sobre o uso impróprio de medi-
sa propaganda e exposição rápida a milhares ou até mentar a consciencialização e o interesse pela se- camentos podem ser obtidos a partir de notifica-
milhões de pacientes. (3) As implicações do desen- gurança de medicamentos entre clínicos gerais e pa- ções espontâneas de RAMs.
volvimento gradual dessa situação para a segurança ra tratar de questões de pesquisa: No momento de formar profissionais da saúde
dos medicamentos precisam de ser analisadas. (7), é importante desenvolver competência da ava-
A farmacovigilância tornou-se uma componen- EDUCAÇÃO, CAPACITAÇÃO E ACESSO liação e comunicação de informações sobre os be-
te essencial na regulação de medicamentos. (4) A INFORMAÇÕES FIÁVEIS nefícios, danos, eficiência e riscos da medicação pa-
Futuramente, nos países em desenvolvimento, As reacções adversas tendem a ser vistas, incorrec- ra o paciente. As dificuldades de comunicação entre
é provável que ela assuma a forma convencional de tamente, como “efeitos colaterais” e, sendo assim, os pacientes e profissionais da saúde representam
notificação espontânea, embora esteja longe de ser como desvios das prioridades de pacientes e médi- uma importante fonte potencial de problemas evi-
um sistema perfeito. Muitos países em desenvolvi- cos. A aprendizagem sobre a extensão e a severida- táveis. Os elementos seguintes apresentam a proba-
mento não têm sistemas básicos organizados para de das RAMs deveria começar numa fase inicial da bilidade de reduzir significativamente os riscos dos
tal propósito, e, até mesmo nos locais em que os sis- capacitação profissional. A boa monitorização da efeitos adversos e sua severidade:
temas de farmacovigilância existem, é provável que segurança encoraja os profissionais da saúde a as- — Anaminese farmacológica dos medicamentos
falte apoio e participação activa dos profissionais da sumir uma responsabilidade mais completa pelos usados pelo paciente;
saúde, reguladores e administradores. medicamentos que usam. Ela melhora a efectivi- — Prescrição e dispensa racionais;
A subnotificação de RAMs por parte dos profis- dade clínica e aumenta a confiança com que tanto — Orientação apropriada;
sionais da saúde continua a ser o problema princi- eles como os seus pacientes utilizam os medica- — Fornecimento de informações claras e com-
pal em todos os países. mentos. preensíveis sobre medicamento.
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 15
A COMUNICAÇÃO COM OS PROFISSIONAIS bém precisam ser levados em conta. (7) planos mais elevados.
DA SAÚDE As RAMs têm o potencial de propiciar ideias so- Para que isso seja alcançado, é necessário que as
Uma estratégia adicional para integrar a farmaco- bre a relação estrutura-actividade, factores farma- informações sobre os programas de segurança de
vigilância na prática clínica é a criação de linhas cocinéticos, farmacodinâmicos e genéticos que medicamentos estejam facilmente disponíveis ao
abertas, mais amplas, de comunicação e colabora- afectam a acção dos medicamentos. público, para que o papel central do paciente no uso
ção entre profissionais da saúde e centros nacionais. Elas podem sinalizar outras novas indicações. seguro e racional de medicamentos seja compreen-
Para que isto ocorra, o centro nacional ou os regio- Por isso, é importante que a conotação negativa de dido.
nais precisam de ser preparados de forma que a co- uma RAM seja removida e que sistemas sejam de- Nos últimos anos, o público tem cada vez mais
municação em mão-dupla entre os profissionais da senvolvidos para possibilitar que as informações influenciado a prescrição por parte dos profissio-
saúde e a equipa profissional do centro seja facilita- médicas, farmacêuticas e químicas sejam aplicadas nais da saúde, assim como os padrões de consumo
da. Os centros de informações sobre medicamentos construtivamente, para um melhor entendimento e uso de medicamentos. Essa influência e a maior
e intoxicação são locais ideais para esse propósito, de como os medicamentos funcionam. (7) consciencialização por parte do público são, em
uma vez que muitas notificações de intoxicação e parte, atribuíveis ao papel dos meios de comunica-
dúvidas sobre informações de medicamento são, na UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS ção social e da Internet.
realidade, RAMs. (7) As equipas desses centros estão Os padrões de consumo e uso de medicamentos são Nem sempre as informações disponíveis são fiá-
numa posição ideal para apoiar o trabalho da far- um determinante fundamental na segurança de veis ou cientificamente válidas. Propagandas de
macovigilância. medicamentos. Por exemplo, o uso de medicamen- medicamentos feitas directamente ao consumidor
Os centros de farmacovigilância devem propi- tos injectáveis é mais comum em países em desen- tornaram-se comuns em muitos países. Com essas
ciar um acesso imediato ao conhecimento clínico e volvimento. (7) A via parenteral está, provavelmen- informações, os pacientes sentem-se mais capazes
compartilhar os recursos, incluindo as bases de da- te, associada a um alto risco de efeitos adversos de tomar as próprias decisões terapêuticas sem a
dos. Os materiais de comunicação desenvolvidos quando as injecções são administradas por equipa- assistência de médicos ou farmacêuticos. O resul-
pelos centros de informações sobre medicamentos mentos inadequadamente esterilizados ou funcio- tado é a automedicação crescente, a venda lícita e
e intoxicação, com inclusão de boletins informati- nários insuficientemente capacitados. Estima-se ilícita de medicamentos pela Internet e o excesso de
vos e outras publicações, podem ser utilizados para que a prática insegura de injecções possa conduzir prescrições por parte dos médicos devido à exigên-
disseminar alertas sobre medicamentos e outras in- a entre 780.000 a 1,56 milhões de casos de hepatite cia dos pacientes. Isso tem provocado um aumento
formações de segurança de medicamentos aos di- B, 250.000 a 500.000 casos de hepatite C e 50.000 a considerável das prescrições. (7)
versos profissionais. 100.000 casos de HIV em África, anualmente. (7) Programas de saúde pública e a cobertura res-
Uma legislação de medicamentos abrangente, ponsável dos meios de comunicação social, com o
RELACIONANDO DESCOBERTAS uma política e um programa de medicamentos es- objectivo de potenciar o acesso crescente a infor-
CLÍNICAS COM PESQUISA E POLÍTICA senciais que incluam a educação dos profissionais mações sobre medicamentos, possibilitaram aos
O estudo cuidadoso de eventos adversos de medi- da saúde e pacientes quanto ao uso racional de me- pacientes, em muitos países, assumir uma maior
camento pode identificar características diagnós- dicamentos são medidas que devem assegurar me- responsabilidade quanto à sua própria saúde e às
ticas, síndromes ou mecanismos patogénicos. Além lhor assistência à saúde em todos os países. Os pro- decisões que tomam.
disso, informações clínicas, patológicas e epidemio- gramas de farmacovigilância podem aprender a Em alguns lugares, é muito bem-vinda a ideia de
lógicas relativas a reacções adversas são necessárias partir das práticas de mobilização social que foram que as preocupações dos pacientes são agora reco-
à completa compreensão da natureza de uma reac- introduzidas em programas de prática segura de in- nhecidas como algo que tem papel legítimo a de-
ção adversa e à identificação de pacientes em risco. jecções durante a imunização. (7) sempenhar no centro do processo de decisão. A
Embora a notificação espontânea seja o esteio A mobilização social inclui a abordagem tríplice construção dessa consciencialização e as iniciativas
da vigilância passiva, as informações obtidas são de: educacionais deveriam incluir as crianças e popu-
inerentemente limitadas e provavelmente insufi- — Elevar a consciencialização pública; lações idosas e poderiam ser fortemente facilitadas
cientes para a tomada de decisões clínicas e regula- — Assegurar a defesa para responsáveis pela toma- por parcerias com os meios de comunicação social,
doras. da de decisões; instituições educacionais e outras organizações go-
As informações recebidas dos centros de farma- — Sensibilizar os profissionais da saúde. vernamentais e não-governamentais.
covigilância devem ser directamente incorporadas Isso encoraja a demanda por medicamentos se-
na política de medicamentos e na prática de consu- guros por parte de um consumidor informado sobre PROTEGENDO A CONFIDENCIALIDADE
mo e uso de medicamentos. o perfil de segurança dos medicamentos que usa. DO PACIENTE
As informações sobre segurança dos centros na- A incorporação da farmacovigilância nessas ac- Na maioria dos países, a legislação não exige que as
cionais têm influência nos programas de medica- tividades deve assegurar que tais medidas sejam RAMs sejam notificadas, e, nessas circunstâncias,
mentos essenciais, nas directrizes padronizadas de pertinentes relativamente ao local em questão, as- os centros nacionais não têm a protecção legal dis-
tratamento e nos compêndios médicos nacionais e sim como ainda promover confiança pública no ponível em que há sistemas obrigatórios de notifi-
institucionais. processo. cação. É essencial que os profissionais da saúde ob-
A mensuração do impacto de tais informações tenham o consentimento do paciente quando a sua
no consumo e uso de medicamentos e na qualidade UMA PARCERIA COM OS PACIENTES identidade for divulgada num formulário de RAM
da atenção ao paciente tem um potencial conside- A disponibilidade imediata de medicamentos ou num estudo de vigilância de medicamentos.
rável para pesquisas. É necessário que as decisões mais seguros e mais eficientes, de boa qualidade, Afinal, é do interesse do paciente que os profis-
sobre regulação de medicamentos estejam pauta- inspira confiança e segurança entre os pacientes. sionais da saúde tenham acesso a boas informações
das em informações sobre segurança, que reflictam A farmacovigilância é uma parte essencial dos de outros pacientes que foram expostos ao medica-
experiências nacionais bem como internacionais, programas públicos que subjazem à disponibili- mento. Só por meio do incentivo de notificações, as
e que isto seja revisto de forma completa e hábil. Os dade confiável de bons medicamentos e precisa agências reguladoras e os fabricantes poderão ser
padrões de consumo e uso de medicamentos tam- de ser compreendida, apoiada e promovida nos levados a assumir responsabilidade pela segurança,
16 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014
Folha Farmacoterapêutica
eficácia e qualidade dos medicamentos que apro- fiança dos pacientes nos medicamentos que utili- e uso racional de medicamentos entre os profissio-
varam ou comercializaram para consumo público. zam, que se estenderia para confiança no serviço de nais da saúde e o público;
saúde em geral. 3)Integrar as actividades da farmacovigilância com
RESPOSTA INTERNACIONAL ÀS QUESTÕES A disciplina da farmacovigilância desenvolveu- as políticas nacionais de medicamentos e as activi-
RELATIVAS À SEGURANÇA se consideravelmente, desde o relatório técnico da dades que elas originam (por exemplo, protocolos
DE MEDICAMENTOS OMS, em 1972, e permanece como disciplina clínica clínicos padrão, listas de medicamentos essenciais,
Determinadas questões de segurança provavel- e científica dinâmica. Tem sido essencial para se en- etc.);
mente têm impacto global com graves consequên- frentarem os desafios da crescente gama e potência 4) Incorporar com mais vigor os princípios da far-
cias para a saúde pública. Quando isso acontece, há dos medicamentos (vacinas inclusive), que carre- macovigilância na prática clínica e nos cursos de
necessidade de respostas coesas e uma avaliação in- gam consigo um inevitável e, às vezes, imprevisível graduação em medicina;
tencional. (7) Tal sistema precisa de ser apoiado pe- potencial para dano. 5)Encorajar os princípios de certificação de produ-
los países-membros. Os seus termos de referência Os principais desafios são: tos entre os vários parceiros no âmbito da assistên-
devem estar bastante claros e acordados de uma cia à saúde;
forma geral. IDENTIFICAÇÃO DE RAMS 6) Aprimorar a regulação e a farmacovigilância de
É preciso ter acesso a todos os dados relativos ao 1)Aprimorar a identificação e preciso diagnóstico medicamentos tradicionais e fitoterápicos;
produto em consideração, até mesmo às informa- de RAMs por parte dos profissionais 7) Desenvolver sistemas que avaliem o impacto de
ções protegidas por leis de sigilo e registos de casos da saúde e pacientes; acções preventivas executadas em resposta aos pro-
de pacientes, quando necessário. 2)Incentivar a vigilância activa de questões especí- blemas de segurança de medicamentos.
A comercialização agressiva de medicamentos ficas da segurança de medicamentos, por meio de
novos por empresas farmacêuticas e a consequente métodos epidemiológicos como estudos de caso- COMUNICAÇÃO
rápida exposição a eles de um grande número de pa- controlo, conexão de registos entre diferentes bases 1) Melhorar a comunicação e a colaboração entre
cientes num curto período de tempo corrobora a de dados e estudos epidemiológicos: parceiros-chave da farmacovigilância, tanto local
necessidade da elaboração de um sistema global de 3)Considerar actividades especiais e conhecimen- quanto internacionalmente;
avaliação de questões de segurança de medicamen- tos necessários para a identificação de questões de 2) Encorajar os princípios de boas práticas de co-
tos. A OMS apoiou a criação de um comité acessor segurança relacionadas a vacinas, produtos bioló- municação em farmacovigilância e a regulação de
independente de consultores, formada por amplo gicos, medicamentos veterinários, medicamentos medicamentos e produzir, em conjunto, recursos
espectro de disciplinas médicas que incluem farma- fitoterápicos, produtos de biotecnologia e medica- e conhecimentos para tal. Soluções diferentes se-
cêuticos clínicos, reguladores, cientistas e epidemio- mentos investigações; rão, provavelmente, desenvolvidas em países e re-
logistas. A função desse comité será aconselhar a 4) Melhorar os sistemas de identificação de sinais, giões diferentes, e a experiência deve ser comparti-
OMS em assuntos de segurança relativos a medica- facilitando a rápida disponibilização de dados de lhada;
mentos, incluindo-se seu Centro Colaborador para RAMs que possam ter relevância internacional; 3) Desenvolver uma melhor compreensão dos pa-
Monitorização Internacional de Medicamentos (the 5)Rever as definições dos termos usados no campo cientes face às suas expectativas sobre os medica-
UMC), e, por intermédio dele, orientar os estados- da farmacovigilância, incluindo as definições de mentos e sua percepção de risco associado ao uso
membros da OMS. RAMs específicas, para assegurar a fiabilidade e de medicamentos, para facilitar os programas que
compreensão universal dos dados obtidos por meio informarão melhor o público a respeito dos bene-
CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES dos sistemas de notificação de RAMs; fícios e danos associados a medicamentos;
PARA O FUTURO 6) Desenvolver e implementar sistemas de identifi- 4) Desenvolver relações contínuas e activas com os
Para todos os medicamentos, há uma relação entre cação de RAMs que possam beneficiar populações meios de comunicação social para facilitar a comu-
os benefícios e o potencial para danos. Para minimi- com acesso restrito à assistência à saúde. nicação efectiva e precisa de informações sobre me-
zar os danos, é necessário que medicamentos de dicamentos ao público;
boa qualidade, segurança e eficácia sejam usados PREVENÇÃO 5) Encorajar a harmonização de actividades regu-
racionalmente, e que as expectativas e preocupa- 1) Melhorar o acesso a informações seguras e im- ladora e de farmacovigilância de medicamentos
ções do paciente sejam levadas em conta quando parciais sobre medicamentos em todas as esferas por meio da incorporação mais ampla da comuni-
decisões terapêuticas são tomadas. Alcançar isso é da assistência à saúde; dade internacional no desenvolvimento de políti-
servir a saúde pública e alimentar o senso de con- 2)Encorajar a consciencialização sobre segurança cas de harmonização.
Fontes Bibliográficas 5.Barnes J, Mills SY, Abbot NC, Willoughby M, Ernst E., Dif- Direcção Técnica
1. ANES, A. Marta et al, A Farmacovigilância Em Portugal, ferent standards for reporting RAMs to herbal remedies Dr. Boaventura Moura -Director Nacional de Medicamen-
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a regulatory authority. Drug Information Journal, 1991; Mundial da Saúde Brasília: Organização Pan-Americana
25:191-5. da Saúde, 2005. (Monitorização da segurança dos medi-
camentos).
Cantinho Ser-lhe-emos gratos por suas críticas construtivas e sugestões para futuras publicações da
Folha Farmacoterapêutica, no nosso endereço: Rua Dr. Américo Boavida nº 81, 1º andar,
do leitor Luanda, Angola. Ou para o E-mail: cinfarmaangola@gmail.com
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 17
Reportagem
Casos de sucesso
de farmácias em Angola
Mara Mota
JOSÉ MONIZ SILVA“Revolucionámos o mercado de farmácias no nosso país ao criar espaços não só comerciais mas também modernos e agradáveis, onde todos
se sentem bem, principalmente os doentes”
Criado a partir do desejo de ofe- cia só foi possível graças a uma princípios participativos para Maianga, Novassol e Vitória), em
recer ao público um serviço dife- equipa especializada, com cerca obtermos resultados capazes de Benguela (Acácias), no Huambo
renciado e especializado na área de 300 quadros, todos nacionais assegurar o cumprimento da (Huambo) e na Huíla (Lubango).
da distribuição grossista e na co- e com bastante experiência no missão e dos objectivos organi- Para esta maratona, o slogan
mercialização retalhista de pro- sector. zacionais. O respeito e a aposta definido – “O medicamento cer-
dutos farmacêuticos, produtos na formação contínua dos nos- to, no lugar certo, no tempo cer-
de ortopedia, saúde oral, bem- Os três princípios sos quadros são factores basila- to, com a qualidade certa, com o
estar e da medicina complemen- Os três princípios que definem o res da competitividade da nossa preço certo” – traduz o compro-
tar, o Grupo Moniz Silva nasceu seu posicionamento no mercado estrutura”, acrescenta José Mo- misso de colocar o produto far-
da iniciativa do empresário José são a inovação ( farmácias mo- niz Silva. macêutico acessível ao utente no
Moniz Silva. dernas, funcionais e diversifica- local mais próximo e no mais
Fomos ao encontro deste em- das pelo mix de produtos), o na- O slogan do grupo curto período, ou seja, em todas
preendedor angolano para saber cional (gestão feita por quadros A inovação tecnológica, elevada as farmácias do território nacio-
mais sobre a sua história de su- nacionais, jovens e dinâmicos) e qualidade, personalização na nal, independentemente da sua
cesso e descobrimos que tudo a proximidade (localização de distribuição grossista e na pres- localização geográfica.
começou em 2005 com comér- fácil acesso). tação dos cuidados de saúde são Brevemente será inaugurada
cio grossista longe do centro da “Queremos contribuir de for- as principais metas do grupo, a Farmácia Mix Center, localiza-
cidade de Luanda. Posterior- ma significativa para melhorar o que é composto por dez farmá- da no Talatona, uma infra-estru-
mente, foi aberto um armazém estado de saúde da população cias, em Luanda (Belas, Cine S. tura que resultou de um grande
mais próximo para melhorar a angolana, proporcionando um Paulo, Coqueiros, Maculusso, investimento do Grupo Moniz
eficácia do processo de entrega serviço com o mais elevado pa- Silva.
das mercadorias. drão de qualidade e a acessibili-
“Revolucionámos o mercado dade à tecnologia de saúde mais
“A inovação tecnológi- Repensar a distribuição
de farmácias no nosso país ao recente. Para se alcançar este ob- ca, elevada qualidade, Questionado sobre as estratégias
criar espaços não só comerciais jectivo, bem como a liderança no personalização na dis- para se distinguirem face à con-
mas também modernos e agra- mercado retalhista, estamos tribuição grossista e na corrência, Moniz Silva reconhece
dáveis, onde todos se sentem conscientes de que o reforço da prestação dos cuidados que o mercado da comercializa-
bem, principalmente os doen- conjugação de esforços com os de saúde são as princi- ção por grosso e a retalho dos
tes”, enaltece Moniz Silva. nossos parceiros e colaborado- produtos farmacêuticos e de
Este projecto de vendas a re- res é um factor fundamental pa-
pais metas do grupo” puericultura está cada vez mais
talho com farmácias de referên- ra o sucesso. Pautamo-nos por competitivo e exigente. Por isso,
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Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola Janeiro/Março
Abril/Junho 2014
Reportagem
Editorial
foi necessário repensar a distri- dos produtos transportados. “Es- uma entrega na cidade de Luan- de e rapidez de entrega e do acon-
buição, reduzindo os tempos de tamos em condições de garantir da (existindo produto em stock) dicionamento, armazenagem e
entrega e investindo numa frota a entrega dos produtos em segu- demora, no máximo, 24 horas. transporte dos produtos farma-
própria e totalmente equipada rança e em bom estado de con- Asseguramos, desta forma, o cêuticos”, acrescentou o líder e
para o devido acondicionamento servação. A título de exemplo, mais elevado padrão de qualida- fundador do grupo Moniz Silva.
Mecofarma
JOÃO CARLOS LOPES “A criação de farmácias com design moderno, dotadas das mais recentes condições técnicas e de elevado padrão, estrategicamente localizadas, e
a disponibilização à população de medicamentos da mais elevada qualidade é o segredo do sucesso da Mecofarma”
"A Mecofarma surgiu, em 1997, qualidade, bem como os produ- abrangem diversas áreas de co- de informação capazes de dar
com o objectivo de criar uma re- tos mais sofisticados na área da nhecimento e incluem mestres resposta às novas exigências".
de de farmácias que promovesse puericultura, cosmética e saúde em ciências farmacêuticas, li- As farmácias do futuro "deve-
o acesso a medicamentos e pro- em geral". Para tal, "procurámos cenciados e técnicos médios de rão procurar aproveitar siner-
dutos de saúde de qualidade a trabalhar com medicamentos farmácia. "É com base nesta se- gias que apenas poderão ser ob-
toda a população angolana", diz- com origem nos laboratórios de lecção de profissionais de saúde tidas pelo ganho de dimensão
nos o seu administrador, João referência internacional, apos- dotados das mais elevadas e das cadeias de distribuição. Isto
Carlos Lopes, em entrevista à támos na contratação de qua- abrangentes competências e o permitirá uma redução dos cus-
Revista da OFA. Hoje, com uma dros qualificados e na formação investimento na sua formação tos de estrutura e a consequente
experiência e know-how com constante dos nossos colabora- contínua, que a Mecofarma, passagem de parte substancial
mais de 15 anos, "a rede Meco- dores". possibilita o melhor aconselha- desses proveitos para o cliente",
farma conta com dez farmácias, mento ao utente", revela João conclui.
oito na região de Luanda e arre- Investimento na formação Carlos Lopes.
dores e duas na província do Lu- Hoje, a rede Mecofarma conta
"As farmácias do futuro
bango, bem como de três pet- com mais de 130 colaboradores Caminhos do futuro
shops". "motivados para um projecto Para o administrador da Meco- deverão procurar
comum e marcar a diferença na farma, "com a aposta na melho- aproveitar sinergias que
O segredo do sucesso área da saúde em Angola", ga- ria da saúde realizada pelo go- apenas poderão ser
De acordo com João Carlos Lo- rante o administrador. "A Meco- verno angolano nos últimos obtidas pelo ganho de
pes, a estratégia adoptada que farma dispõe de uma equipa al- anos, acredito numa melhoria dimensão das cadeias
conduziu ao sucesso obtido tamente qualificada que, com substancial no sector e na conse-
de distribuição. Isto per-
consistiu na aposta feita na um elevado nível de dedicação, quente qualidade de vida do po-
"criação de farmácias com de- rigor e profissionalismo, garante vo angolano". O mercado "será mitirá uma redução dos
sign moderno, dotadas das mais um serviço de qualidade e um cada vez mais competitivo, fruto custos de estrutura e a
recentes condições técnicas e de atendimento personalizado rea- do desenvolvimento acelerado consequente passagem
elevado padrão, estrategica- lizado por profissionais de saú- do país. A Mecofarma procurará de parte substancial
mente localizadas". Ao mesmo de angolanos especializados em apoiar este esforço das autorida- desses proveitos para o
tempo "sempre disponibilizá- diversas áreas". des, aprimorando a eficiência lo-
cliente"
mos à população angolana me- As equipas que integram ca- gística das operações, bem co-
dicamentos da mais elevada da farmácia e cada pet-shop mo, desenvolvendo tecnologias
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 19
Farmácias de Angola
FILIPA ABREU “Há um grande caminho a fazer para trazer o farmacêutico – como profissional de saúde, altamente credenciado e qualificado – para o seio da população”
As Farmácias de Angola são um ciar a nossa vida e o nosso cuida- tos nefastos para a saúde”, asse- “Portanto este profissional
projecto dedicado exclusiva- do com a saúde”, destaca Filipa vera. tem uma importância muito re-
mente ao retalho farmacêutico, Abreu. levante em factores como a ade-
da autoria da empresa Ki-Far- A aceitação tem sido muito O papel do farmacêutico são à terapêutica, a certeza de
mácias, que arrancou em Feve- boa. Segundo alguns clientes Este projecto não deixa de ser que o utente sabe como fazer a
reiro deste ano, na galeria co- presentes no recinto enquanto uma novidade em Angola pois, medicação, de que forma é que
mercial do Hipermercado Kero decorria a nossa reportagem, a há alguns anos, as farmácias res- ele vai sentir o efeito dessa medi-
Kilamba. eficácia é notável e as vantagens tringiam-se à venda de medica- cação e isso implica que haja
Em entrevista exclusiva, Fili- do serviço disponível são muitas, mentos, alguns cosméticos e ar- uma maior confiança por parte
pa Abreu, farmacêutica e direc- sobretudo porque os testes estão tigos de puericultura. Como de- dos doentes neste profissional
tora do projecto Farmácias de certificados pela Organização fende a directora das Farmácias da saúde”, explica Filipa Abreu.
Angola, começa por explicar Mundial de Saúde (OMS) e, por- de Angola, “há um grande cami- Uma das grandes preocupa-
que, desde a sua abertura, além tanto, não são de origem duvido- nho a fazer para trazer o farma- ções das Farmácias de Angola é
da venda de medicamentos e ou- sa. cêutico – como profissional de colocar este profissional à dispo-
tros produtos, a farmácia oferece O número de testes efectua- saúde, altamente credenciado e sição da comunidade. Por isso a
também serviços que têm como dos superou muito as expectati- qualificado – para o seio da po- empresa faz questão de ter sem-
principal objectivo sensibilizar a vas e a adesão continua a ser pulação. Ou seja, ele tem tudo pre disponível, durante o perío-
população para a importância grande, com um saldo de mais para ser um profissional de saú- do de abertura, um técnico supe-
da actuação individual na pre- de 750 exames por mês. de de primeira linha, pois é o pri- rior formado em Ciências Far-
venção das doenças. Por isso, “A questão de ter de ir à clíni- meiro que deve ser consultado macêuticas, para atender situa-
destaca os testes rápidos, que ca, aguentar uma fila enorme e no caso de uma situação sim- ções mais delicadas e para que a
vão de uma simples determina- demorar muitas horas para fazer ples. Muitas vezes é suficiente comunidade possa sentir uma
ção da glicemia ou tensão arte- um simples teste está a ser ultra- uma visita à farmácia para resol- maior confiança no aconselha-
rial até outros mais complexos passada. Aproveitando uma visi- ver o problema. E é também o úl- mento e naquilo que é dado co-
como os testes de malária, den- ta rápida ao supermercado para timo que o doente contacta de- mo benefício à saúde em geral.
gue, febre tifóide, determinação comprar leite ou carne, pode- pois de iniciar o seu processo de
de valores de PSA (marcador tu- mos medir o nível de açúcar no consulta no hospital.” Técnicos angolanos
moral da próstata) e infecção sangue. Quando sentimos algum Fazem parte do quadro de pes-
urinária. incómodo ao urinar, antes de soal das Farmácias de Angola
comprar um antibiótico pode- “Tentamos propor- onze técnicos angolanos e a for-
Testes rápidos mos certificar-nos se existe mes- cionar ao consumidor mação destes profissionais é
“Tentamos proporcionar ao con- mo uma infecção urinária. Caso que nos visita o maior uma grande aposta. Recente-
sumidor que nos visita o maior o resultado seja positivo, aconse- número de testes rápi- mente, foi promovido um curso
número de testes rápidos possí- lhamos o cliente a fazer primeiro intensivo de capacitação e ac-
vel, de forma que ele consiga des- uma consulta com um médico,
dos possível, de forma tualização, com a duração de 15
pistar alguma situação mais de- para saber qual a dose correcta que ele consiga despis- dias, tendo sido contratada uma
licada com a sua saúde. E, ao de antibiótico a tomar. Nós não tar alguma situação empresa especializada, com o
mesmo tempo, sensibilizamos a contribuímos para a venda des- mais delicada com a sua apoio de técnicos de laboratório
população em geral sobre o controlada de antibióticos e ou- saúde” presentes no mercado nacional.
quanto é simples fazer um teste tros medicamentos sujeitos a re- Este projecto envolve um pla-
rápido e como isso pode benefi- ceita médica, que podem ter efei- no de expansão ambicioso, a
20 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014
Reportagem
curto prazo. Segundo Filipa tinguir-se pelo atendimento, sociados ao bem-estar e à preo- gue garantir estabilidade, nem na
Abreu, dentro de pouco tempo com presença permanente de cupação adicional com a beleza, quantidade nem no preço, cau-
estarão na centralidade de Ca- técnicos qualificados, pelas ino- das linhas líderes no mundo e sando grandes flutuações, e o fac-
cuaco e no centro da cidade de vações e pelo conceito de beleza. que, até agora, não eram comer- to de haver, por enquanto, um
Luanda mas também se preten- Para que a saúde possa e deva es- cializadas com grande visibilida- número ainda reduzido de técni-
de chegar às restantes províncias. tar associada à beleza, têm à dis- de no país. cos formados superiormente na
Face à concorrência, Filipa posição uma vasta gama de pro- A irregularidade na cadeia de área de Ciências Farmacêuticas
Abreu argumenta que as “Farmá- dutos de dermocosmética, pro- abastecimento do mercado de são os principais desafios enfren-
cias de Angola” pretendem dis- dutos de maquilhagem e itens as- venda a grosso, que não conse- tados por esta empresa.
Farmácias Central
KÁTIA PAULO “O nosso compromisso consiste em apresentar a mais vasta oferta de produtos farmacêuticos do mercado e, com técnicos especializados
disponíveis 24 horas, proporcionar aos nossos utentes a informação em termos de profilaxia, prevenção e tratamento nas áreas de saúde”
A ajudar ao desenvolvimento do para o futuro mas com bases sus- ventivos de saúde básicos, como diabetes (aconselhamento).
país com a criação de novos pos- tentáveis, de forma a garantir que medição do peso, medição da “O nosso compromisso con-
tos de trabalho, a promover um não haja problemas de abasteci- massa muscular, teste de glice- siste em apresentar a mais vasta
serviço farmacêutico de qualida- mento de medicamentos e meios mia, colesterol e triglicerídeos, oferta de produtos farmacêuti-
de aos utentes, centrado num médicos hospitalares, assim co- testes auditivos, programa de cos do mercado e, com técnicos
atendimento altamente profis- mo resolver as eventuais carên- desabituação tabágica, teste de especializados disponíveis 24
sional e cuidado, a aconselhar a cias de medicação específica aos controlo e prevenção dos níveis horas, proporcionar aos nossos
correcta e adequada utilização doentes que afluem às suas insta- de ácido úrico e medição da ten- utentes a informação em termos
dos medicamentos de forma a lações. De igual modo, tem sido são arterial. Presta ainda cuida- de profilaxia, prevenção e trata-
promover a saúde e a prevenir a desenvolvido um trabalho árduo dos farmacêuticos na área da mento nas áreas de saúde. Tam-
doença está a empresa Central no sentido de preservar a imagem bém alargamos o nosso compro-
Farmacêutica, uma instituição e continuar a disponibilizar méto- misso a áreas como a dermocos-
sólida e de direito angolano, cons- dos e respostas a quem necessita
“A Central Farmacêutica mética, ortopedia, veterinária, fi-
tituída em 2005. Actualmente, a dos seus serviços. não se limita à venda de toterapia e higiene oral” afirma
Central Farmacêutica possui as medicamentos e outros Kátia Paulo, não deixando de re-
farmácias Central (Largo Serpa Cuidados preventivos produtos farmacêuticos, ferir os vários desafios que as
Pinto), a da Gamek (Rua Direita de saúde mas tem também Farmácias Central têm enfrenta-
da Samba), a do Golf 2, a do Fu- Para atingir os objectivos preco- disponíveis serviços que do no mercado, principalmente
tungo de Belas, a Central de Viana nizados, a empresa Central Far- com a burocracia em algumas
e uma representação também no macêutica não se limita à venda
garantem os cuidados questões e as contingências para
Bengo. de medicamentos e outros pro- preventivos de saúde conseguir estar presente todos
Segundo a directora técnica dutos farmacêuticos, mas tem básicos” os dias nas sete unidades, garan-
das Farmácias Central, Kátia Pau- também disponíveis serviços tindo o abastecimento a esses
lo, estas têm a sua visão voltada que garantem os cuidados pre- postos.
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22 | Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola Janeiro/Março
Abril/Junho 2014
Editorial
Espaço AFPLP
RESOLUÇÃO AFPLP
Prestação de Serviços
Considerando que:
a)Em muito países a farmácia é
o estabelecimento de saúde
mais acessível à população,
funcionando com uma estrutu-
ra avançada de saúde junto das
comunidades locais e uma das
principais portas de entrada no
sistema de saúde;
b) O farmacêutico, profissional
de saúde em quem a popula-
ção deposita elevado grau de
confiança, tem competências e
conhecimentos específicos,
que associados à sua proximi-
dade com a população, lhe per-
mitem garantir a qualidade no
acesso ao medicamento, pro-
mover a utilização racional do
medicamento e a adesão à te-
rapêutica e, desenvolver pro-
gramas de promoção da saúde
e prevenção da doença;
c) O farmacêutico é elemento
agregador entre todos os inter-
venientes no sistema de saúde,
participando na recolha de in-
formação e acompanhamento
dos doentes, sendo vários os
estudos que demonstram a
mais-valia da sua intervenção;
d) Um dos principais objectivos
da farmácia é a dispensa de me-
dicamentos em condições que
minimizem os riscos do uso do
medicamento e que permitam
a avaliação dos resultados clíni-
cos dos medicamentos de mo-
do a reduzir a elevada morbi-
mortalidade associada ao me-
dicamento;
e) O princípio basilar da activi- A farmácia deve evoluir na prestação
dade farmacêutica consiste em de serviços farmacêuticos
auxiliar o doente na melhor uti- de educação e promoção da
lização do medicamento; saúde e do bem-estar dos utentes.
Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 23
pelas Farmácias
A Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa (AFPLP), que reúne os profissionais de Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, reunida em Assembleia-Geral, em Luanda,
Angola, a 29 de Maio de 2013, aprovou a seguinte Resolução:
A farmácia deve evoluir na pres- A intervenção na área do diag- Deve ser promovida a comunica-
tação de serviços farmacêuticos nóstico precoce deverá incluir a ção e colaboração entre profis-
1 de educação e promoção da
saúde e do bem-estar dos uten-
6 detecção precoce de indivíduos
suspeitos de patologias de eleva-
10 sionais de saúde,
incluindo no acesso e partilha de
tes, consolidando-se como um im- da prevalência, como, por exem- informação clínica relevante para
portante espaço de saúde reconhecido plo, doenças cardiovasculares, diabetes uma intervenção informada e adequa-
pelos cidadãos e pelos Governos; e infecção pelo VIH/sida; da, de acordo com as especificidades de
cada doente em particular;
A prestação desses serviços far- A intervenção na área da terapêu-
macêuticos é de particular rele- tica deverá incluir a administra- O doente deve ser sempre envol-
2 vância em comunidades locais
com dificuldades de acesso a
7 ção de medicamentos, (em al-
guns casos, através da Toma de 11 vido nas decisões relacionadas
com a sua terapêutica e plano de
outros cuidados e profissionais Observação Directa), as estraté- cuidados;
de saúde; gias de incentivo e monitorização da
adesão à terapêutica, a monitorização de As Associações Profissionais
A farmácia deve disponibilizar doentes e a farmacovigilância, tendo em membros da AFPLP são incenti-
cuidados de saúde de elevada di- vista a utilização correcta, efectiva e segu- 12 vadas a integrar na sua missão:
3 ferenciação técnico-científica,
optimizados e baseados na
ra da terapêutica; a. A definição de metodologias e
ferramentas de apoio à interven-
evidência, correspondendo A prestação de serviços farma- ção profissional;
às necessidades das comunidades cêuticos às populações deverá b. O apoio aos seus membros na imple-
que servem;
8 ser realizada com qualidade e
segurança, por profissionais
mentação de programas e serviços na
farmácia;
Os serviços prestados na farmácia com formação específica para o c. A monitorização a avaliação da imple-
devem centrar-se numa estraté- efeito, em instalações adequadas e mentação destes programas e serviços
5 da farmácia em campanhas e
programas de educação para a
colaboração de especialistas nas diferen-
tes áreas;
de serviços nas farmácias;
Desta resolução será dado conhecimento à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), aos Governos e à população da comuni-
dade lusófona. Aprovado em Assembleia Geral da Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa
Luanda, 29 de Maio de 2013
2 | Revista
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daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola Janeiro/Março
Abril/Junho 2014
Editorial Farmacêutico
Conselho
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Abril/Junho 2014 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 25
Formação
A história do ensino
farmacêutico em Angola
Judith Béllise SARDINHA KAMGNO Farmacêutica
Editorial
Formação