Lucca - Mimosa Strobiliflora TCC
Lucca - Mimosa Strobiliflora TCC
Lucca - Mimosa Strobiliflora TCC
CAMPO
LARGO 2023
Lucca Eduardo Sganzerla de Carvalho
Campo Largo
2023
Dedico este trabalho ao Bruno,
professor que viveu a agroecologia e
passou um pouco dela para todos nós.
AGRADECIMENTOS
Concluir esta etapa é o primeiro passo para muito do que ainda está por vir. E
não tem como passar por tudo isso sem se rodear por pessoas que te influenciam e
incentivam a continuar apesar das dificuldades.
Agradeço a minha noiva, Luiza, sem ela não teria a motivação de continuar a
buscar aquilo que sonho. Seu incentivo e paciência para lidar comigo, e só tenho
que agradecer, obrigado pelo amor e carinho.
A meu pai, Izaias, por me direcionar sempre no melhor caminho e sempre
frisar a importância de terminar o que comecei. A minha mãe e meu pai, Eliana e
Danilo, por estarem sempre me apoiando em minhas decisões. Aos meus irmãos,
Lunna e Bruno que me acompanharam durante meu processo de criação.
Aqueles que dispuseram de seu tempo para me ensinar e colaboraram com
todo o meu caminho, sendo eles meus professores, que acompanharam todo o meu
crescimento dentro do curso superior. Ao pessoal da Sociedade Chauá, Pablo,
Patrícia, André, Nene, Rogério e Bruno, que além de ceder tempo e recursos para a
realização desse trabalho, realizam um trabalho nobre de recomposição de nossa
Floresta Ombrófila Mista.
A meu professor Bruno que começou o meu processo de orientação, porém
que nos deixou cedo. E ao Emílio, que aceitou essa tarefa de terminar a orientação,
sempre me centrando no projeto e confiando em minhas capacidades para concluir
o trabalho.
“Eu sou pessoa
A palavra pessoa hoje não soa
bem Pouco me importa”
Belchior
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
sobre que fatores afetariam a sua frequência, entre eles o alto índice de
desmatamento verificado no estado, com o alastramento de espécies invasoras e, por
outro lado, aspectos de sua fenologia que dificultam sua dispersão, como fatores
necessários para quebra de dormência de suas sementes (BIONDI & LEAL, 2008).
Assim, o objetivo do presente estudo foi testar diferentes substratos na
produção de mudas de Mimosa stobiliflora e determinar a eficiência de cada um deles
no desenvolvimento das mudas em estágio inicial em condições controladas.
1.1 OBJETIVOS
2 DESENVOLVIMENTO
A Sociedade Chauá fica localizada na Rua Júlio Gorski, 2000, CEP 83607-314,
bairro Fazendinha, município de Campo Largo no estado do Paraná. O início de
suas atividades se deu a partir de 1998 de modo informal na conscientização para a
recuperação e preservação dos remanescentes da Mata Atlântica, mas somente em
2003 formou-se como personalidade jurídica dando origem à Sociedade Chauá, uma
ONG sem fins lucrativos.
Hoje a ONG desenvolve pesquisas, atua na produção de mudas e
reflorestamento dedicados à conservação da floresta Ombrófila Mista, que é um dos
ecossistemas mais ameaçados do planeta. Apresenta um conjunto de mais de 200
espécies nativas, algumas de difícil reprodução, com mais de 70.000 mudas de
espécies provenientes das mais de 2.800 matrizes cadastradas para a coleta de
sementes em 40 remanescentes da região, incluindo 50 espécies raras e ameaçadas
2.1.4 ENRIQUECEDORES
de micronutrientes: Fe, Zn, Cu, Mn e Na. A cama de frango passa por um processo
chamado de normalização, onde é pego o material “cru” e realizado um processo de
decomposição com finalidade de evitar a presença de agentes patogênicos, bem
como a diminuição do gás amônia presente (GUIMARÃES et al. 2016; MILLE; MILAN,
1993).
2.1.4.3 BIOCHAR
2800 matrizes de coleta cadastradas, produzindo mais de 70 mil mudas por ano,
sendomais de 200 espécies nativas (VIVEIRO).
Para o preparo inicial da propagação seminal é importante atentar-se a
questões que influenciarão na qualidade da muda final. De acordo com Biondi & Leal
(2008) esses fatores podem ser extrínsecos ou ambientais, como: luz, temperatura,
umidade, agentes químicos, gases e agentes biológicos; e intrínsecos ou internos à
semente, como morfologia, viabilidade e dormência.
Para algumas espécies é necessário a quebra de dormência para a
germinação das sementes. A dormência em sementes é uma estratégia reprodutiva
das plantas que criam um banco de sementes, e que através dele irão se regenerar
na área quando atingir condições propícias à germinação (SPERANDIO; LOPES;
MATHEUS, 2013. BIONDI; LEAL, 2008. BRUNO et al. 2001).
As possíveis causas de dormência em sementes se dá por: embriões imaturos,
quando a semente precisa de um tempo após a maturação para tornar-se
fisiologicamente viável para o desenvolvimento; Impermeabilidade da membrana:
quando a casca da semente tornam-se mais densa e rígida, impedindo a penetração
de água e do ar; substâncias inibidoras; quando partes do fruto podem conter
substâncias químicas que inibem a germinação (BIONDI; LEAL, 2008).
A partir das causas destaca-se três tipos de dormências em sementes:
tegumentar, embrionária e a combinada. A tegumentar se dá pela impermeabilidade
do tegumento à água pela presença de inibidores químicos e pela resistência
mecânica que impede o crescimento do embrião. A embrionária relaciona-se à
imaturidade do embrião da semente. Enquanto que a combinada apresenta os dois
tipos de dormência. (BIONDI; LEAL, 2008).
A dormência por impermeabilidade do tegumento à água é uma característica
comumente encontrada nas sementes da família das Leguminosas. Buscando-se
superar essa etapa dois métodos são amplamente utilizados, sendo a escarificação,
aumento a permeabilidade à água, podendo induzir a um aumento da sensibilidade à
luz e influenciando o metabolismo da semente e, consequentemente, na dormência.
A embebição da semente à água quente ou fervente é um processo, que demonstra
alta efetividade na superação da dormência de semente de várias espécies florestais
(BRUNO et al. 2001, BIONDI; LEAL, 2008. SPERANDIO; LOPES; MATHEUS, 2013).
17
Segundo Carvalho & Carpanezzi (1982), a maioria das espécies da família das
Fabáceas, são suscetíveis à nodulação, e a nodulação é quase total em
Mimosoideae e Papilionoideae. A nodulação está sujeita a presença do agente
nodulador, em geral bactérias do gênero Rhizobium.
Espécies nodulíferas, apresentam a possibilidade de estarem noduladas na
natureza, para ocorrer uma nodulação a espécie vegetal tem de ser compatível a
espécies inoculantes de bactérias. A nodulação de Fabáceas pode ocorrer de forma
espontânea ou induzida, através do preparo das sementes com o inoculante. A forma
espontânea depende da ocorrência natural dos inoculantes no solo (PINHEIRO et al.
2023).
18
2.2 METODOLOGIA
Os tratamentos que receberam a cama de frango (C.F.) a 30%(T2, T4, T6, T10,
T12, T14), apresentaram uma baixa emergência e após cerca de um mês todas
morreram, por esse motivo, esses tratamentos foam excluídos da análise estatísticas
(APÊNDICE C) . Esse processo que observou nesses tratamentos com a cama de
frango, são similares a resultados obtidos por Torres et al. (2011), onde utilizou
diferentes doses de cama de frango não decomposta, e valores acima de 10%,
resultou em uma regressão quadrática decrescente, diminuindo as variáveis
analisadas conforme o aumento da dosagem do adubo.
De acordo com Torres et al. (2011), fatores que podem influenciar uma baixa
emergência é que na medida em que se aumenta a quantidade de cama de frango,
proporciona dentro do substrato condições ideais para a decomposição dessa
matéria orgânica por bactérias, que resultam na diminuição de oxigênio, elemento
essencial para uma boa germinação.
Lucena et al. (2006), observaram que aplicações de 30% e 50% de proporção
de cama de frango não decomposta, inferiram em baixos índices de germinação da
espécie Mimosa caesalpiniafolia. E ressaltam que uma proporção mais adequada
seria de 10%.
Vieira & Weber (2015) observaram para a produção de Jatobá (Hymenaea
courbaril L.) que o tratamento que possuía composição de 50% substrato comercial,
Plantmax , e 50% cama de frango decomposta, mostrou ser o mais viável para a
produção. Resultados parecidos foram encontrados por Faria et al. (2016), onde na
busca por substratos alternativos para a produção de Mimosa setosa Benth,
concluíram que a utilização de 25% de substrato comercial + 35% de cama de frango
+ 40% de terra de subsolo, proporcionou os melhores resultados na produção de
22
mudas.
O que difere os resultados de Torres et al. (2011) dos realizados por Vieira &
Weber (2015) e Faria et al. (2016), está no tratamento de normalização ou
estabilização desse composto orgânico. Esse processo é uma forma de acelerar a
decomposição da matéria orgânica através da atividade dos microrganismos
(bactérias e fungos). Ocorre a proliferação desses microrganismos, provocando o
aumento da temperatura (fase termofílica), que possui alto poder de destruir
patógenos e sementes de plantas daninhas (JÚNIOR; ORRICO; JÚNIOR, 2010).
No presente trabalho os tratamentos com a utilização da cama de frango
decomposta a 30% apresentou resultados similares a tratamentos com cama de
frango não decomposta em concentração superior a 10%. O que levanta suspeitas de
que o produto utilizado não estava estabilizado corretamente. Um produto não
estabilizado corretamente pode causar toxicidade nas plantas, pelo excesso de
amônia na forma de gás, principalmente quando a semeadura ocorre em seguida do
preparo do substrato (GUIMARÃES et al. 2016).
Quanto aos demais tratamentos, houve interação dos substratos e diferentes
tratamentos com enriquecedores para todas as variáveis analizadas (Tabela 2).
O substrato comercial Florestal -3 apresentou melhor desempenho
comparado com o Mix -2, para todas as variáveis analisadas. Destacando os
tratamentos com uso de FLC (T3) e 10% Solo (T7) que obtiveram melhores resultado.
No quesito altura (H) obrserva-se na Tabela 3 que os tratamentos T3 e T7
obtiveram os melhores resultados, e os tratamentos Mix 2 com Biochar (T13) e o
Florestal-3 testemunha (T1) obtiveram bons resultados mas não superiores e iguais aos
já citados. Os tratamentos Florestal-3 FLC repicagem (T8) e Mix 2 FLC repicagem
(T16), apresentaram um desempenho mediano quando comparado aos demais.
Enquanto o tratamento Florestal-3 e biochar (T5)e os Mix 2 testemunha (T9), FLC (T11)
e 10% Solo (T15) apresentaram os resultados mais baixos para essa variável.
Quanto a variável número de folhas encontra-se como melhores tratamentos
os T3, T7 e T13, os três não diferindo signitificamente entre eles. Para valores
medianos os T1, T8 e T16 encaixam-se sendo superiores aos T5, T9, T11 e T15 que
apresentaram os piores desempenho.
Para o diâmetro (D) os melhores resultados são expressos por T3 e T13 onde
não há diferença significativa, e apresentando valores medianos os T1, T5, T7 e T8,
enquanto os piores resultados expressos por T9, T11, T15 e T16.
23
TRATAMENTOS
H (cm)
SUBSTRATOS Testemunha FLC Biochar 10% Solo FLC repicagem
Florestal-3 5,9986 aB 7,5474 aA 4,2881 bC 7,6363 aA 3,7456 aC
Mix 2 2,4391 bD 6,4125 bA 5,0936 aB 3,0619 bCD 3,9576 aC
Nº FOLHAS
SUBSTRATOS Testemunha FLC Biochar 10% Solo FLC repicagem
Florestal-3 15,375 aAB 17,125 aA 13,75 bB 16,625 aA 9,375 aC
Mix 2 5 bC 14 bA 15,25 aA 9 bB 10,625 aB
D (cm)
SUBSTRATOS Testemunha FLC Biochar 10% Solo FLC repicagem
Florestal-3 0,0934 aAB 0,1015 aA 0,0718 aC 0,0874 aB 0,055 aD
Mix 2 0,0483 bBC 0,0749 bA 0,0748 aA 0,0514 bB 0,0424 bC
Valores seguidos da mesma letra não diferem entre si, a nível de 5% de significância
pelo teste de Tukey. Letras minúsculas representam o eixo vertical e letras
maiúsculas representa o eixo horizontal.
24
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
BOLETIM CHAUÁ, n.18, 1 ed., Campo Largo, Sociedade Chauá, 2020. ISSN 2595-
654X. Disponível em: https://18b0b7c4-b6bf-4e45-
b7c81997897a65fe.filesusr.com/ugd/eacbf4_dec0a2653c83493295d6de420b20ef98.pdf
?index=true. Acesso em: 22 ago 2023.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Portaria MMA nº148. Brasília, DF: Ministério do
Meio Ambiente, 2022. Disponível em:
https://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/Portaria/2020/P_mma_14
28
8_2022_altera_anexos_P_mma_443_444_445_2014_atualiza_especies_ameacada
s_extincao.pdf. Acesso em: 23 ago 2023.
JUNIOR, Joel Ferreira Penteado; GOULART, Ives Clayton Gomes dos Reis. Sistema
de produção de erva-mate. Embrapa, Brasília, 152 p., 2019. Disponível em:
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1106677/1/2019Manua
lErva20web.pdf. Acesso em: 13 nov. 2023.
JÚNIOR, Marco Antonio Previdelli Orrico; ORRICO, Ana Carolina Amorim; JÚNIOR,
Jorge de Lucas. Compostagem dos resíduos da produção avícola: cama de frangos e
carcaças de aves. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, SP., v.30, n.3, p. 538 -545, maio-
jun. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/eagri/a/HBYQjtDrYhc3GNzMQfC4Cgm/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 26 nov. 2023.
KRATZ, Dagma; NOGUEIRA, Antonio Carlos; WENDLING, Ivar; SOUZA, Paulo Vitor
Dutra de. Substratos renováveis para a produção de mudas de Mimosa scabrella.
Floresta, Curitiba, v.45, n.2, p.393-408, abr.-jun. 2015. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/126165/1/2015-Ivar-F-Substrato
s.pdf. Acesso em: 05 nov. 2023.
LOPES, Jane Luíza Wadas et al. Atributos químicos e físicos de dois substratos para
produção de mudas de eucalipto. Cernes, v.14, n.4, out. -dez. p.358-367, 2008.
Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/744/74411119010.pdf. Acesso em: 04 nov.
2023.
MAIA, Claudia Maria Branco de Freitas. Uso de casca de Pinus e lodo biológico como
substrato para a produção de mudas de Pinus taeda. Boletim de Pesquisa Florestal,
Colombo, n. 39, p.81-92, jul. -dez. 1999. Disponível em:
https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/282215/1/maia.pdf. Acesso em:
02 nov. 2023.
MATTOS, Adriano Lincoln et al. Painéis elaborados com resíduos da Casca de Coco-
Verde. Circular técnica, Fortaleza, v.35, dez. 2011. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/55353/1/CIT11004.pdf. Acesso
em: 02 nov. 2023.
MEDEIROS, João de Deus; SAVI, Maurício; BRITO, Bernardo Ferreira Alves. Seleção
de áreas de Unidades de Conservação na Floresta Ombrófila Mista. Biotemas, 18,
p.33-55, 2005. Disponível em: https://www.conexaoambiental.pr.gov.br/sites/conexao-
ambiental/arquivos_restritos/fi les/documento/2018-
11/selecao_de_areas_para_a_criacao_de_unidades_de_conservacao_na_floresta_omb
rofila_mista.pdf. Acesso em: 23 ago. 2023.
SCHAFER, Gilmar, SOUZA; Paulo Vitor Dutra; FIOR, Claudimar Sidnei. Um panorama
das propriedades físicas e químicas de substratos utilizados em horticultura no sul do
Brasil. Ornamental Horticulture, Porto Alegre, v.21, n.3, p.299-306, 2015. Disponível
em: https://ornamentalhorticulture.emnuvens.com.br/rbho/article/view/735/592. Acesso
em: 02 nov. 2023.
STANFORD, Newton Pereira et al. Microbiota dos Solos Tropicais. In: MICHEREFF,
Sami Jorge; ANDRADE, Domingo Eduardo Guimarães Tavares; MENEZES, Maria.
Ecologia e Manejo de Patógenos Radiculares em Solos Tropicais, Recife: UFRPE,
Imprensa Universitária, 2005. p. 61 – 91.
Nutrição Florestal,Santa Maria, RS., v.3, n.2, p.40 -47, maio -ago. 2015. Disponível
em: https://periodicos.ufsm.br/enflo/article/view/18613/pdf_1. Acesso em: 28 nov. 2023.
APÊNDICES