Tema 3 - Lógica Digital

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Universidade Rovuma

Faculidade de Engenharia Ciencia e Teccnologia


Curso: Engenharia Eletrónica 5° Ano Minor Computação
Disciplina: Arquitectura e Sistema de Computacionais
Tema 3: Lógica Digital
Objectivos :
 Apresentar conceitos sobre as portas lógicas;
 Fazer uma breve abordagem sobre a algebra de Boole;
 Realizar operações com portas e expressões lógicas.
Actividades: Docente:
MSc AMILAI,Belarmino Miguel
Lógica Digital

Todos as operações (complexas e simples) de um computador digital são fisicamente realizadas


por circuitos electrónicos, chamados circuitos lógicos (ou portas lógicas). Os sistemas lógicos
foram inventados, pelo conceituado matemático inglês George Boole que construiu sua lógica a
partir de símbolos.

Computador digital: é uma máquina projectada para armazenar e manipular informações


representadas apenas por algarismos ou dígitos e que só podem assumir dois valores distintos
(binários), 0 e 1, razão por que é chamado “máquina digital binária”. Internamente a informação é
trabalhada por sinais eléctricos, campo magnético ou sinais ópticos.

Porta (gate) : É um elemento de hardware, mais precisamente um circuito electrónico, que recebe
um ou mais sinais de entrada e produz um sinal de saída, cujo valor depende do tipo de regra lógica
existente no elemento.

Porta lógica: Em qualquer sistema digital, a unidade básica construtiva é o elemento denominado
“Porta lógica”.

De acordo com Monteiro (2007), um computador é constituído de elementos electrônicos, como


resistores, capacitores e principalmente transistores. Nesses computadores, os transistores são, em

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geral, componentes de determinados circuitos electrônicos que precisam armazenar os sinais
binários e realizar certos tipos de operações com eles. Esses circuitos, chamados de
circuitos digitais, são formados por pequenos elementos capazes de manipular grandezas apenas
binárias. Os pequenos elementos referidos são conhecidos como portas (gates) lógicas, por
permitirem ou não a passagem desses sinais, e os circuitos que contêm as portas lógicas são
conhecidos como circuitos lógicos. Assim, circuitos lógicos são montados a partir da combinação
de uma unidade básica construtiva denominada porta lógica, a qual é obtida mediante a
combinação de transistores e dispositivos semicondutores auxiliares. Portanto, a porta lógica é a
base para a construção de qualquer sistema digital (ex.: o microprocessador). Em geral, os circuitos
lógicos são agrupados e embutidos em um Circuito Integrado (CI). Esses dispositivos
implementam uma determinada função com o objectivo de cumprir uma tarefa específca.

Na construção do circuito: Utiliza-se conceitos de álgebra booleana. A álgebra booleana é uma


área da matemática que trata de regras e elementos de lógica. O nome “booleana” é uma retribuição
da comunidade científica ao matemático inglês George Boole (1815 – 1864), que desenvolveu
uma análise matemática sobre a lógica. Os conceitos desta álgebra são utilizados na electrônica e
na lógica digital.

Associando os conceitos, pode-se afirmar que um computador é formado por milhões de Portas
Lógicas (circuitos eletrônicos) distribuídos convenientemente e organizados, a fim de permitir o
funcionamento dos diversos componentes do equipamento tais como processadores,
controladores, discos, cpu..etc. Passaremos a descrever, então, o conjunto básico de portas lógicas
utilizadas na Eletrônica Digital bem como a forma em que são comercialmente disponíveis.

A facilidade do processamento de números binários decorre da existência de apenas dois dígitos,


0 e 1 (bit), que podem ser representados por 2 níveis de tensão (por exemplo 0 = 0 volt e 1 = 5
volts), aonde o bit zero representa “falso” e o bit 1 representa “verdadeiro” de acordo com a álgebra
booleana. Os símbolos representam um bloco lógico com uma ou mais entradas lógicas A, B, etc.
e uma saída lógica S. As entradas e saídas lógicas só assumem valores correspondentes aos níveis
lógicos 0 e Um bloco lógico executa uma determinada função lógica para a qual foi projectado.
Essa função determina os valores que as saídas assumem para cada combinação de valores das
entradas. Tais relações são muitas vezes exibidas sob a forma de tabelas verdade.

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Dessa forma, segundo Monteiro (2007), o projecto de circuitos digitais e a análise de seu
comportamento em um computador podem ser realizados por meio da aplicação de conceitos e
regras estabelecidas por uma disciplina conhecida como Álgebra de Chaveamentos, a qual é um
ramo da Álgebra de Boole ou Álgebra Booleana. Semelhante à álgebra tradicional (estudada no
ensino médio), torna-se necessário defnir símbolos matemáticos e gráfcos para representar as
operações lógicas e seus operadores.

Uma operação lógica qualquer (ex.: soma ou multiplicação de dígitos binários) sempre irá resultar
em dois valores possíveis: 0 (falso) ou 1 (verdadeiro). Assim, pode-se pre-defnir todos os possíveis
resultados de uma operação lógica, de acordo com os possíveis valores de entrada. Para representar
tais possibilidades, utiliza-se de uma forma de organizá-las chamada Tabela Verdade. Dessa
forma, cada operação lógica possui sua própria tabela verdade (MONTEIRO, 2007). A seguir será
apresentado o conjunto básico de portas lógicas e suas respectivas tabelas verdade.

Variáveis Lógicas

As variáveis lógicas assumem estados distintos, e podem representar situações da


vida real.

A álgebra boleana tem somente três operações básicas (operações lógicas): AND (E), OR (OU)
e NOT (NÃO).

Tabela verdade

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Técnica para determinar como a saída lógica de um circuito depende dos níveis lógicos presentes
nas entradas do circuito.

Funções e portas lógicas básicas

1. Função E (AND)

Executa a multiplicação (conjunção) booleana de duas ou mais variáveis binárias para representar
a expressão S = A e B. Adota-se a representação S = A.B, onde se lê S = A e B.

Porém, existem notações alternativas

 S=A&B
 S = A, B
 S=A∧B

1.1.Tabela Verdade E (AND)


A tabela verdade é um mapa onde são colocadas todas as possíveis interpretações (situações),
com seus respectivos resultados para uma expressão booleana qualquer.

Conforme é possível observar, a regra é: “se o primeiro operando é 1 e o segundo operando é 1, o


resultado é 1 (Verdadeiro), senão o resultado é 0 (Falso)”. Um exemplo de aplicação de uma porta

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AND seria na composição de um circuito para a transferência de bits de dados de um local para
outro (ex.: da memória para a CPU).

1.2.Porta AND

A porta E (AND) é um circuito que executa a função E (AND). A porta E executa a tabela verdade
da função E(AND). A operação lógica de uma porta AND se caracteriza pela saída em nível 1
somente quando todas as entradas estão no nível lógico 1. Em qualquer outro caso, a saída da porta
estará no nível lógico zero.

Trata-se de uma operação que aceita dois operandos ou duas entradas (A e B) e uma saída,
conforme mostra a figura abaixo. Os operandos são binários simples (0 e 1).

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Pode-se dizer que a operação AND simula uma multiplicação binária, permitindo os possíveis
resultados conforme mostra as tabelas verdades acima.

1.3.Circuito E (AND)

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2. Função OU (OR)
Executa a soma (disjunção) booleana de duas ou mais variáveis binárias para representar a
expressão S = A ou B. Adota-se a representação S = A+B, onde se lê S = A ou B

Obs: O sinal + não representa adição convencional, mas sim a operação OR.

Porém, existem notações alternativas

 S=A|B
 S = A; B
 S=A∨B

2.1.Tabela Verdade OU (OR)


No sistema de numeração binário, a soma 1+1=0 com 1 de transporte. Na álgebra booleana,
1+1=1, já que somente dois valores são permitidos (0 e 1). Pode-se dizer que a operação OR simula
uma soma de binários, permitindo os possíveis resultados conforme mostra a tabela verdade
abaixo.

Conforme pode-se observar, a regra é: “se o primeiro operando é 1 ou o segundo operando é 1, ou


se os dois operandos forem 1, o resultado é 1, senão o resultado é 0”. As operações lógicas OR são
muito utilizadas em lógica digital ou mesmo em comandos de decisão de algumas linguagens de
programação (ex.: Se (X=1 OU Y=1) Então Executa uma ação) (MONTEIRO, 2007).

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2.2.Porta Lógica OU (OR)
A porta OU é um circuito que executa a função OU, a porta OU executa a tabela verdade da função
OU. Portanto, a saída será 0 somente se ambas as entradas forem iguais a 0, nos demais casos, a
saída será 1.

Trata-se de uma operação que aceita dois operandos ou duas entradas (A e B), conforme mostra a
figura abaixo. Os operandos são binários simples (0 e 1).

2.3.Circuito OU(OR)

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3. Função NÃO (NOT)
Executa o complemento (negação) de uma variável binária

 Se a variável estiver em 0, o resultado da função é 1;


 Se a variável estiver em 1, o resultado da função é 0.

Essa função também é chamada de Inversora. Diferentemente das operações OR e AND


anteriormente descritas, a operação NOT opera sobre uma única variável de entrada, fornecendo
como resultado o valor negado (complementado) da variável de entrada.

Para representar a expressão S = não A, adota-se a representação S = Ā, onde se lê S = não A.

Notações alternativas

 S = A’
 S=¬A
 S=Ã

3.1.Tabela verdade NÃO (NOT)

Pode-se dizer que a operação NOT realiza a inversão de um dígito binário, permitindo os possíveis
resultados conforme mostra a tabela verdade abaixo.

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Conforme é possível observar, a regra é: “se o operando for 1, o resultado é 0, senão o resultado é
1”.
Entre as principais aplicações dos circuitos inversores está a representação de números negativos
no formato binário, quando se usa o que é chamado de complemento a 1 ou complemento a 2,
fazendo-se necessária a inversão de um grupo de bits representativos de um número negativo
(MONTEIRO, 2007).

3.2.Porta Lógica NÃO (NOT)

A porta NOT representa um inversor. Essa operação aceita apenas um operando ou uma entradas
(A), conforme mostra a figura abaixo. O operando pode ser um dígito binário (0 ou 1).

A porta lógica NÃO, ou inversor, é o circuito que executa a função NÃO, o inversor executa a
tabela verdade da função NÃO. Se a entrada for 0, a saída será 1; se a entrada for 1, a saída será 0.

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3.3.Circuito NÃO (NOT)

Outras portas lógicas e circuitos combinatórios

Existem outras portas lógicas derivadas das portas lógicas apresentadas acima, tais como as portas
NAND (porta AND invertida), a porta NOR (porta OR invertida) e a porta XOR (porta
EXCLUSIVE OR). Ambas são apresentadas nas figuras abaixo, respectivamente.

Porta lógica NAND (NÃO E)

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Porta lógica NOR (NÃO OU)

As operações lógicas são realizadas em dois passos: primeiro a operação AND ou OR e, em


seguida, o seu resultado é invertido. Esse tipo de portas lógicas também possui diversas aplicações,
sendo utilizado para reduzir a complexidade e a quantidade de portas lógicas necessárias a um
determinado circuito lógico.

Porta XOR

A denominação XOR é a abreviação do termo EXCLUSIVE OR. Trata-se de uma operação que
aceita dois operandos ou duas entradas (A e B), conforme mostra a figura abaixo. Os operandos
são binários simples (0 e 1).

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Pode-se dizer que a operação XOR possui como principal função a verifcação de igualdade,
permitindo os possíveis resultados conforme mostra a tabela verdade abaixo.

Conforme é possível observar, a regra é: “se o primeiro operando ou o segundo operando for igual
a 1, o resultado é 1; senão, o resultado é 0”. Ou seja, para entradas iguais a saída será 0 e para
entradas diferentes a saída será 1. A porta XOR possui inúmeras aplicações, sendo um elemento
lógico bastante versátil, permitindo, por exemplo, a fabricação de um testador de igualdade entre
valores, para testar, de modo rápido, se duas palavras de dados são iguais (MONTEIRO, 2007).

Não esqueça de que um circuito lógico pode possuir diversas portas lógicas e, portanto, suas
tabelas verdade poderão ter inúmeras entradas e inúmeras saídas (as quais poderão ser
representadas por suas respectivas equações booleanas). A figura abaixo mostra o resumo dos
símbolos gráfcos e matemáticos (equação booleana) de portas lógicas.

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Símbolos gráfcos e equações booleanas de portas lógicas

A partir das portas lógicas básicas, é possível interligar diversas de suas unidades, de modo a
construir redes lógicas, também chamadas de circuitos combinatórios. Monteiro (2007) explica
que um circuito combinatório é defnido como um conjunto de portas lógicas cuja saída em
qualquer instante de tempo é função somente das entradas. O autor afrma ainda que existe outra
categoria de circuitos que combina portas lógicas, denominada circuitos sequenciais, os quais,
além de possuir portas, contêm elementos de armazenamento (uma espécie de memória). A figura
abaixo exemplifca um circuito combinatório implementado para uma determinada função.

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Dentre os exemplos de circuitos combinatórios, destaca-se o das funções essenciais da maioria dos
computadores e sistemas digitais, ou seja, a realização de operações aritméticas tais como: adição,
subtração, multiplicação e divisão. Essas operações são realizadas na Unidade Lógica Aritmética
(ULA) destes sistemas digitais, onde uma série de portas lógicas são combinadas para adicionar,
subtrair, multiplicar ou dividir números binários. No caso das operações de multiplicação e
divisão, além das portas lógicas, há a necessidade de circuitos sequenciais.

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Associações de portas

Usando-se expressões booleanas, pode-se determinar a expressão lógica de saída.

Avaliando a saída dos circuitos lógicos: pode-se substituir as variáveis pelos valores desejados
e obter o resultado da expressão.

Determinando o nível lógico na saída dos diagramas: Analisa-se a saída de cada porta
separadamente.

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Implementando circuitos a partir de expressões booleanas:

Montando a tabela verdade a partir de um circuito: Primeiro deriva-se a expressão de saída.

Extraindo a expressão apartir do circuito:


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Exercícios de fixação da aula

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Bibliografia

FÁVERO, Eliane Maria de Bortoli. (2011). Organização e Arquitetura. Brasil: Pato Branco-PR.

SILVEIRA, D. D. (19 de Fevereiro de 2010). Circuitos Lógicos. Brasil.

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