Dissertação - Enilson Da Silva Sousa
Dissertação - Enilson Da Silva Sousa
Dissertação - Enilson Da Silva Sousa
Manaus – Amazonas
Março - 2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
Programa de Pós-Graduação em Geociências
Manaus – Amazonas
Março - 2009
SOUSA, E.
USO INTEGRADO DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO PARA O
ESTUDO DA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA DA FOZ RIO
TAPAJÓS, SANTARÉM, PARÁ – Manaus, AM – UFAM, 2008. 119 p.
A minha amada esposa Patrícia e meus filhos João Victor, Pedro Enilson e Ana Patrícia e
todas minhas irmãs;
Ao meu orientador, Prof. Dr. Albertino de Souza Carvalho, que aceitou o desafio de orientar
um Geógrafo em Geociências, sabendo das possíveis limitações de minha formação
acadêmica;
Ao Prof. Dr. Pedro Walfir Martins Souza Filho, por ter contribuído no meu trabalho de
processamento das imagens LANDSAT no Laboratório de Análises de Imagem do Trópico
Úmido – LAIT, no Campus do Guamá da Universidade Federal do Pará – UFPA/Belém;
Aos meus eternos amigos Ivan e Vanda Bastos, além de seus filhos Breno e Bruno Silva que
me receberam em Manaus.
PRÓLOGO
Ainda não existe, nem existirá tão cedo, sobre a Mata Amazônica,
um trabalho de conjunto, que seja capaz de dar uma boa idéia não
só dos seus aspectos variados, como também da sua composição
florística, das fases de vida e da sua importância como fator
econômico. Muito já se tem escrito sobre um ou outro desses
assuntos, mas geralmente sem as bases suficientes de observação
ou de conhecimento científico. A nossa mata equatorial é um
mundo por si, cuja organização de vida íntima só por diversas
gerações de investigadores poderão ser desvendados... A vida dum
homem mal chegaria para ter idéia exata da composição dum
quilômetro quadrado de mata virgem, quanto menos duma área
mais de três milhões de vezes maior.
The Amazon floodplain is an important strategic region of the planet and for the
scientific-technological development of Brazil. From the research we know little of the
geology and geography of the region. The use of satellite imagery can be considered
indispensable tool to promote the progress in this direction.
In this context, the main objective of this work is to present the details of the
geomorphology and geology of the mouth of the River Tapajós, between 2 ° 20'S to 2 ° 40'S
and the meridians of 54 °, 35'W to 55 do 05'We a temporal analysis of the depositional
history of this complex river system, located in the municipality of Santarém, Pará.
In general, the approach run was characterized by intense review, the pre stages of
processing images, stages of the field survey, a significant step further processing and
analysis of multitemporal satellite images.
The data used in this research include images of LANDSAT series, LANDSAT images
ortorretificadas obtained on the website of the University of Maryland, interferometric radar
topographic data of the Shuttle Radar Topography Mission, and mosaic of radar images of
the JERS-1. The treatment and processing of digital images were made in the orbital Software
PCI 10.1 and Arc GIS (Arc Map 9.2).
In the western portion of the State of Pará lithostratigraphic touch on a few units of
regional distribution, these are mainly representatives of land of rocks of Alter do Chão
Formation of Meso-cenozoic age, and younger sedimentary terrain of plains Cenozoic the
Amazon and Tapajós rivers , and modern alluvial deposits roof overburden-Lateritic. Among
these units only two regional geomorphological have significance within the study area: The
Plains and Plateau Amazon lowered the Amazon.
The visual interpretation of the set of images generated in this study allowed to obtain
more detailed information that the regionally available, including some physiographic,
geomorphological and geological area of study.
In this study it was possible the delineation and characterization of at least three (03)
distinct geomorphological areas: the Flood Plain of the Amazon / Tapajos, the dissected area
of the valley of the River Tapajós and plateaus Pediplanizados.
The analysis of all the information directly linked to systematic surveys of the field has
achieved recognition, individualization and characterization of three (03) distinct geological
units: In the study area dominated lithologies associated with Alter do Chão Formation and
inconsolidated sedimentary deposits of cenozoic age (former and recent) and modern floods.
Not less frequent are also the materials related to the deposits of detritus-Lateritic roof. The
information in the field and numerous geological and path points visited, allowed the
organization and presentation of the general stratigraphy of the studied area and
stratigraphic correlation between the various profiles of rocks belonging to the Alter do Chão
Formation.
Regarding the results of the multitemporal analysis of LANDSAT images, aimed at
establishing the depositional evolution rate (increase and erosion) of the study area, in the
time interval studied (1975 and 2007) and respecting the limitations presented we could say
that the bar in the Tapajos region showed dominance of erosion processes (positive rate of
erosion), and on the other hand, islands in the river Amazon River show depositional process
of growth (acresção).
Lista de tabelas
Tabela 2.1 - Dados dos sensores utilizados e das condições sazonais durante o imageamento.
Tabela 2.2 - Imagens Ortorretificadas da Universidade de Maryland.
Tabela 2.3 - Caracterização das imagens LANDSAT da área de estudo.
Tabela 2.4 - Tabela com os pontos de receptor GPS coletados durante etapa de campo.
Tabela 2.5 - Tabela com pontos de coletados durante a etapa de campo no rio Arapixunas.
Tabela 3.1 - Parâmetros climáticos médios mensais e anuais da estação meteorológica de
Belterra.
Tabela 4.1 - Tabela com espécies da savana (Cerrado).
Tabela 4.2 - Tabela de correlação dos domínios, características e as principais associações
litológicas da área de estudo.
Tabela 4.3 - Coluna estratigráfica simplificada da área de estudo.
Tabela 4.4 - Características litológicas e estratigráficas sedimentares dos níveis presentes
estratigráficos da Formação Alter do Chão na área estudada.
Tabela 5.1 - Área e perímetro das ilhas do Amazonas e barra do Tapajós.
Tabela 5.2 - Área e perímetro das ilhas do rio Amazonas que aparecem por completo nas
cenas dos diferentes anos do sensor LANDSAT.
Tabela 5.3 - Área e perímetro das duas ilhas em frente a Santarém.
Tabela 5.4 - Área e perímetro apenas da ilha em frente a Santarém.
Tabela 5.5 - Valores de taxas de acresção e erosão entre os anos de 1975-1981.
Tabela 5.6 - Valores de taxas de acresção e erosão entre os anos de 1981-1986.
Tabela 5.7 - Valores de taxas de acresção e erosão entre os anos de 1986-2001.
Tabela 5.8 - Valores de taxas de acresção e erosão entre os anos de 2001-2007.
Tabela 5.9 - Valores de taxas de acresção e erosão das ilhas no Amazonas entre 1986-2000.
Tabela 5.10 - Valores de taxas de acresção e erosão das ilhas no Amazonas entre 2000-2007.
Tabela 5.11 - Tabela com a diferença entre acresção e erosão da barra do Tapajós e ilhas dos
Amazonas em Santarém.
Tabela 5.12 - Acresção e erosão: Ilhas, 1986-2000.
Tabela 5.13 - Acresção e erosão: Ilhas, 2000-2007.
Lista de pranchas
Prancha 4.1 - Aspectos da vegetação de cerrados.
Prancha 4.2 - Aspectos da vegetação de cerrados sobre os terrenos mais acidentados.
Prancha 4.3 - Aspectos da vegetação essencialmente de gramíneas.
Prancha 4.4 - Aspectos do relevo na foz do rio.
Prancha 4.5 - Aspectos do relevo na foz do rio Tapajós
Prancha 4.6 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico a0.
Prancha 4.7 - Fotos ilustrativas das características do topo do nível estratigráfico a0.
Prancha 4.8 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico a.
Prancha 4.9 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico b.
Prancha 4.10 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico c1.
Prancha 4.11 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico c2.
Prancha 4.12 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico d.
Prancha 4.13 - Fotos ilustrativas dos depósitos atuais nas barras do rio Amazonas.
Pranchas 4.14 - Fotos ilustrativas das características dos depósitos arenosos modernos.
APRESENTAÇÃO
Amazonas.
Dedicatória
Agradecimentos
Prólogo
Resumo/Abstract
Apresentação
Listas de Figuras, Tabelas e Pranchas
ANEXOS 115
USO INTEGRADO DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO
PARA O ESTUDO DA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA
DA FOZ RIO TAPAJÓS, SANTARÉM-PARÁ
indispensável para dinamizar o avanço dos estudos que permitam compreender esse mosaico
geomorfológico. No entanto, mesmo para estes produtos surgem limitações, pois, devido às
condições meteorológicas da área, onde sempre se tem cobertura de nuvens muito intensa,
aquisição de imagens de boa qualidade a partir de sensores que operam na faixa do visível do
espectro eletromagnético. Para contornar essa limitação, além da pesquisa de campo que é
satélites de alta resolução espacial, temporal, ou que superem as limitações impostas pelas
ativos (radar imageadores) podem ser a alternativa para estes estudos em ambientes
Amazônicos, porém seu alto custo e baixa disponibilidade no mercado acabam por restringir
as pesquisas.
imageamento.
1975 até o ano de 2007, assim como imagens do SAR JERS-1 e dados topográficos do Shuttle
geomorfologia e da geologia da foz do rio Tapajós e fazer uma análise temporal da história
confluência com o rio Amazonas, trecho também conhecido como médio Amazonas Paraense.
• Mapear a expansão e distribuição das ilhas fluviais ao longo do rio Amazonas próximo
Santarém, entre os paralelos 2º 20’S e 2º 40’S e os meridianos 54º 35’W e 55º 05’W. A
Figura 1.2 mostra a localização da área de estudo em relação ao limite estadual (AM/PA) e
O acesso à Santarém pode ser feito por via aérea, através do Aeroporto Maestro
Wilson Fonseca, por via terrestre, pela rodovia BR-163 (Santarém-Cuiabá), seguindo pela
BR-230 (Transamazônica) ou BR-010 (Belém-Brasília) também por via fluvial, pelo rio
Amazonas, que liga a cidade às duas metrópoles da região, e eventualmente também pelo rio
Tapajós que dá saída ao sudoeste do Pará e norte do Mato Grosso. (Figura 1.1).
O município de Santarém tem uma área de 24.314,4 km2, uma população de 274.285
IBGE, 2007). Situada na confluência do rio Tapajós com o Amazonas, a sede municipal é um
antigo centro urbano cuja existência remonta a ocupação colonial. Trata-se ainda hoje de
importante base entre Manaus e Belém, papel reforçado pela inauguração, em 2003, de
terminal portuário da empresa Cargill para o embarque de soja e outros grãos produzidos na
A Figura 1.3 mostra mapa de detalhamento da área de estudo com as principais feições
geográficas locais, sedes municipais e ainda a delimitação dos terrenos de várzea e terra
firme. A área pertence à mesorregião No. 011 do Baixo Amazonas e a microrregião No. 032 de
Santarém (Tancredi, 1996). Do ponto de vista administrativo a área estudada está inclusa na
1996).
Figura 1.1 – Localização geográfica regional da cidade de Santarém-Pa, na foz do rio Tapajós.
Fonte: Modificada da Figura de http://www.cnpm.embrapa.br e PROVARZEA (2000)
Figura 1.2 - Mapa de localização da área de estudo.
5
USO INTEGRADO DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO
PARA O ESTUDO DA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA
DA FOZ RIO TAPAJÓS, SANTARÉM-PARÁ
2.1 - Introdução
desde a escolha do tema até a obtenção dos resultados finais. As técnicas e métodos aplicados
a cada uma das etapas do trabalho procuram seguir uma ordem lógica dentro do
multitemporal das imagens de satélite e por fim a seleção dos produtos com melhor
A seguir cada uma destas etapas desenvolvidas, após a revisão bibliográfica, foi
monitoramento dos diferentes vetores de acresção e erosão ao longo do tempo (França &
Souza-Filho, 2003). As mudanças dos limites e das formas podem ser compiladas,
6
Vários fenômenos ambientais apresentam a propriedade de variar no tempo e no
geomorfológicos de uma determinada área. Para França & Souza-Filho (2003), a aplicação do
sensoriamento remoto e SIG, nos estudos das mudanças costeiras de médio período,
constituiu uma das mais importantes técnicas para registrar, monitorar, mapear e comparar
áreas em diferentes locais sujeitos a recuo e acresção da linha de costa, nas últimas décadas.
Daí o interesse em averiguar tais fenômenos na foz do rio Tapajós e região do rio Amazonas
em Santarém.
órbita 227 / ponto 062, adquiridas nos anos de 1975, 1981, 1986, 2001 e 2007. A seleção
destas datas foi feita com objetivo de espaçar igualmente no tempo as imagens disponíveis ao
Desta forma, as imagens de 1975, 1981, 2001 e 2007 foram adquiridas no site INPE
(http://www.inpe.br) (Tabela 2.1) e duas imagens dos anos de 1986 e 2001, para completar a
tempo a ser analisado é de 32 anos, utilizando no detalhe, com será visto adiante, as variações
de traçado do delta, das linhas de barras do rio Tapajós e do traçado do limite das ilhas
7
Muitos autores destacam os desafios relacionados ao uso do de sensoriamento remoto
em regiões tropicais. O prolongado período de chuvas em que a região está sujeita, a intensa e
fatores que devem ser levados em consideração em qualquer estudo amazônico. Porém, estes
A região estudada é caracterizada pelo clima tropical úmido onde ocorre precipitação
alta e constante (> 1.500 mm/ano), alta temperatura (> 20º) com baixa variação térmica e
elevada nebulosidade (Souza-Filho, et al., 2005). Devido a esse fato, o uso de dados de
sensores remotos ópticos é limitado e deve ser auxiliado por outras imagens de outros tipos de
Tabela 2.1 – Dados dos sensores utilizados e das condições sazonais durante o imageamento.
Fonte: http://www.inpe.br
As imagens usadas nesta pesquisa e que englobam a área de interesse deste trabalho
disponíveis são da série LANDSAT (órbita ponto 227/062). Paralelamente, foram baixadas as
imagens LANDSAT ortorretificadas disponíveis para esta mesma órbita/ponto, a partir do site
8
(ftp://e0srp01u.ecs.nasa.gov), da Agência Espacial dos Estados Unidos – NASA, onde estão
JERS-1 apenas para caracterizar a rede hidrografia local, em especial as características dos
local. A aquisição dessas imagens deu-se junto ao IBAMA - Instituto Brasileiro dos Recursos
Naturais Renováveis. Estudo Matriz para o Projeto “Manejo Sustentável dos Recursos
digital.
Software PCI 10.1 e Arc Gis (Arc Map 9.2) no Laboratório de Análise de Imagens do Tropico
raramente usam-se os datum locais. No Brasil, o SAD 69 é utilizado como datum oficial, em
substituição ao Córrego Alegre, especialmente pelo IBGE. Neste trabalho o datum usado no
georrefenciamento das imagens foi o WGS 84, já que as imagens adquiridas da Universidade
9
de Maryland encontram-se georeferenciadas com este datum, daí reforçar a escolha deste em
cientistas como a melhor estratégia para a discriminação dos alvos da superfície terrestre,
imageamento algumas das cenas/datas da série LANDSAT não foram utilizadas devido à
Tabela 2.3 – Caracterização das imagens LANDSAT da área de estudo, disponíveis no site do
INPE. - Fonte: http://www.inpe.br
10
2.4 - O Processamento das imagens
iluminação do alvo e perda da sensibilidade espectral dos sensores ao longo do tempo. Para
atmosféricas específicas.
análise da mudança de uso da terra (Espírito-Santo, 2003). O principal objetivo é inserir nas
imagens uma projeção cartográfica e escala, (Espírito-Santo, 2003), ou seja, é necessário que
cada imagem tenha uma correspondência geométrica com precisão mínima entre elas,
Este processo pode ser realizado com base em pontos coletados em campo a partir de
receptores GPS (Global Positioning System) ou de coordenadas geográficas obtidas nas cartas
terrestre (GPS) e a imagem de sensoriamento remoto pode-se ajustar uma função polinomial
realizada, então, a interpolação dos pixels da imagem a ser registrada. O melhor método de
mais próximos, os números digitais originais da imagem são preservados após o registro
(Espírito-Santo, 2003).
Neste trabalho optou-se por uma metodologia mista entre a utilização de pontos de
11
Maryland. Para tanto foi usado o software PCI 10.1, licenciado ao Laboratório de Análises de
encontram-se listados na Tabela 2.4. Outros pontos de controle ao longo do delta do Tapajós
também foram usados para efeito de localização espacial e localização dos grandes elementos
de Maryland.
Para plotagem dos pontos em todos os mapas foi utilizado o software livre
Tabela 2.4 – Tabela com os pontos de receptor GPS coletados durante etapa de campo.
(destaque em negrito para os pontos extremos da área de estudo).
12
PT 16 – Ponta da Ilha Ponta Negra / Foz do rio Tapajós 9.734.369m/753.523mN
PT 17 – Aeroporto de Santarém 9.731.794m/746.205m
Continuação da Tabela 2.4
Tabela 2.5 - Tabela com pontos de coletados durante a etapa de campo no rio Arapixunas.
PONTOS / DESCRIÇÃO LAT. / LONG. em UTM LAT. / LONG. em GEO
PT 01A – Baia do Tapajós 9.737.505,137m/744.716,871m 02º 22’ 23,155’’/54º 47’ 58,053’’
PT 02A – Rio Arapixunas – Trecho 01 9.743.449,582m/737.812,171m 02º 19’ 10,034’’/54º 51’ 41,759’’
PT 03A – Rio Arapixunas – Trecho 02 9.746.946,185m/738.001,161m 02 º 17’ 16,221”/54º 51’ 35,814”
PT 04A – Rio Arapixunas – Trecho 03 9.749.845,626m/739.414,540m 02º 15’ 41,785”/54º 50’ 50,224”
PT 05A – Rio Arapixunas – Trecho 04 9.753.829,794m/739.004,437m 02º 13’ 32,133’’/54º 51’ 03,682”
PT 06A – Rio Arapixunas – Boca do rio 9.759.206,920m/735.066,829m 02º 10’ 37,306”/54º 53’ 11,326”
Amazonas
imagens, das diferentes datas disponíveis, os limites externos delimitados pela lâmina d’água
tanto do entorno da linha de barra principal do rio Tapajós, quanto para o delta do rio Tapajós
e para o perímetro das ilhas fluviais no rio Amazonas, correspondendo: a) linha de barra do
Tapajós, contato entre os rios Tapajós e o Amazonas; b) delta do Tapajós, furo que liga os rios
Tapajós ao Amazonas, conhecido como rio Arapixunas; c) ilhas fluviais no rio Amazonas
formadas ao longo do seu curso próximo a área urbana do município e na área de estudo.
Para quantificar os processos de acresção e/ou erosão local foi feita a sobreposição dos
Semelhantes técnicas foram utilizadas para mensurar a linha de costa nos municípios
de Soure e Salvaterra no Pará, por França & Filho (2003). Os autores obtiveram importantes
13
do Marajó, no Estado do Pará, em médio período de tempo. Observando os avanços e recuos
retrogradacionais.
Considerando os resultados obtidos por França & Filho (2003), neste trabalho será
Para Oliveira (2001) foi Horton (1945) quem primeiro fez a primeira interpretação de
bacias hidrográficas com base quantitativa, gerando um sistema relacionando números com o
comprimento de rios (canais). Esta relação foi chamada de ordem de ramificação da rede de
drenagem, que mais tarde, foi aperfeiçoada por Strahler (1957), de maneira que todo
tributário menor (rio) é um rio ou segmento de 1ª ordem; enquanto que um rio de 2ª ordem
nasceria da junção de dois rios de 1ª ordem e assim por diante, ou seja, quando dois rios de
ordem diferente se juntam, prevalece o de ordem maior, seguindo essa seqüência até os
A extração detalhada da rede drenagem na área pesquisada foi realizada com imagens
SRTM (2001), por meio do software Arc Gis (Arc Map 9.2) e comparada com a base
hidrográfica existente. A drenagem obtida adotou o conceito de Strahler (1957), e a base para
este trabalho leva em consideração apenas rios a partir de 6ª ordem. O resultado desta
operação gerou o mapa de hidrografia (Figura 2.1). A lei dos comprimentos totais de rios de
Strahler (1957) expressa à relação entre os comprimentos total de rios de cada ordem e a
comprimento total é a base. Com base nesta metodologia foi criado um mapa de drenagem da
região de Santarém que serviu de padrão para todos os mapas temáticos desta pesquisa, em
15
2.7 - A Extração de dados topográficos (altimetria)
dados da extração de drenagem, utilizando a imagem SRTM, por meio do software Arc Gis
(Arc Map 9.2), pois os levantamentos topográficos existentes não são adequados a escala de
trabalho adotada nesta pesquisa. A altimetria obtida foi usada como base para todos os demais
mapas gerados neste trabalho. As isolinhas utilizadas nos mapas altimétricos levam em
Estatística – IBGE a cota média de referência é de 100 metros para serra localizada na estrada
IBGE.Estes dados referem-se a Folha G04 SA21, obtida pelo shape que pode ser adquirido no
site www.ibge.gov.br.
16
Figura 2.2 - Mapa topográfico (curvas de nível) da área de estudo, obtido a partir de dados SRTM,2001.
17
2.8 - Metodologia para Cálculo de áreas e perímetros
O cálculo das áreas e perímetros de acresção e/ou erosão foi realizado através da
para 30 dias.
Para aumentar a qualidade cartográfica deste trabalho foi utilizado shape files do
encontram-se disponíveis diversos shapes digitalizados por este instituto, tendo por base as
18
USO INTEGRADO DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO
PARA O ESTUDO DA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA
DA FOZ RIO TAPAJÓS, SANTARÉM-PARÁ
3.1 - Clima
Por estar localizada entre o alto e baixo Amazonas e entre os Cratons Guianense e
Brasil Central, esta área mostra uniformidade climática que se imaginava ocorrer na planície
do rio Amazonas, onde, apenas por nuances pode-se perceber diferenciações climáticas.
Segundo Tancredi, 1996, a SUDAM, caracterizam o clima da região de Santarém como clima
A região do médio Amazonas paraense possui uma pluviosidade anual que é sempre
superior á 2000 mm e com uma média mensal de temperatura mínima superior a 18ºC. A
estação seca de pequena duração e amplitude térmica mensal inferior a 5ºC, com temperatura
média anual de 25,6ºC e valores médios para as máximas de 31ºC e para as mínimas de
22,5ºC. A umidade relativa apresenta valores acima de 80% em quase todos os meses do ano
menos chuvosa entre julho e novembro. O excedente de água no solo, segundo o balanço
hídrico, corresponde aos meses de fevereiro a julho, com excedente de mais de 750 mm,
19
sendo março o mês de maior índice. A redução intensifica entre agosto e dezembro, sendo
meteorológica de Belterra, no período de 1967 a 1990, (DNMET, 1992, IN: Tancredi, 1996).
Na região da cidade de Santarém é percebida a ação de um micro clima mais seco, o qual
permite, inclusive, a ocorrência de manchas de savanas estépicas que contrastam com o bioma
amazônico de floresta. A Figura 3.1 mostra o mapa de classificação climática para o estado
do Pará.
20
Figura 3.1 – Mapa de Classificação Climática para o Estado do Pará, com destaque para a área de estudo.
(Modificado de SEFOPA, 2008).
21
3.2 - Hidrografia
A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo, com mais de sete milhões
de km2, dos quais mais de 3,9 milhões encontra-se em território brasileiro. É uma bacia
Escudo das Guianas; ao sul, pelo Escudo Brasileiro; a oeste, pelo Arco do Purus; e a leste,
O rio Amazonas é o maior rio do mundo em vazão de água, com uma vazão anual
Possui sete mil afluentes e diversos cursos de água menores e canais fluviais criados pelos
processos de cheia e vazante (ABRAGE e CESP, 2008). Nasce nos Andes peruano, recebe
diversas denominações até entrar em território brasileiro com o nome de Solimões. Após
receber o rio Negro em frente à cidade de Manaus, passa a chamar-se Amazonas, que percorre
Macapá e Belém.
faixa deprimida dentro da qual ocorre o rio, constituída por seus depósitos de canal e
inundação.
Entre a foz do rio Trombetas e o Tapajós a várzea tende para leste até a cidade de
Santarém e depois descreve uma curva menor com cerca de 200 km de comprimento. Até
pouco maior e a barranca apresentando vales afogados curtos, largos e freqüentes em frente
Na área da foz do rio Tapajós o Amazonas divide-se em vários braços ativos, com alto
índice de divagação e forte atividade morfogenética (Figura 3.2). A largura é muito variável,
22
entre 2 a 7 km, as ilhas são numerosas e irregulares, sendo a maior delas a ilha Grande do
Tapará. Depois passa a trechos retos, com escassas ilhas e largura de 4 a 8 km. (Iriondo, 1982)
Segundo Iriondo (1982) ao longo do trecho que corta a área de estudo do rio
Amazonas apresenta bancos de areia muito estreitos e quase retos que emergem de grandes
pouco mais a jusante reaparece em forma de bancos longos, muito estreitos e paralelos ao
canal. Estas unidades são originadas por processos de colmatação que ocorrem durante as
direta do canal.
irregulares não conectados. Os lagos geralmente são isolados, sem comunicação permanente
com o sistema fluvial. A 54º 30’ W encontram-se a ilha Ituqui, que é formada por terras
emersas e numerosos lagos pequenos vinculados entre si, de formas irregulares (Iriondo,
1982).
divagantes do canal, mudanças angulares de direção, ausência de lagos e bancos com fraca
curvatura.
23
Figura 3.2 - Vista em imagem mosaico SAR/JERS-1
24
3.2.1 - Os vales afogados
Na área de estudo ocorrem também os chamados vales afogados que estão diretamente
ligados à planície do rio Amazonas em quase todo seu percurso. Analisando um percurso de
2.500km de várzea, Iriondo (1982) indica que se trata de fenômeno complexo, vinculado a
causas prováveis da existência dos afogamentos podem ser encontradas em outros autores,
a) barragem das desembocaduras dos tributários por sedimentos do rio principal. Esta
considerado o sexto maior rio brasileiro, com cerca 13.500m de extensão (ANA e SNRH,
2008) e tem uma idade definida como meso-pleistocênica. O rio possui boa parte de curso
navegável e potencial hidráulico no médio e alto curso. Na margem direita do rio encontra
extensa superfície tabular erosiva com altitudes entre 120 e 170m, enquanto a margem
1976).
líquida anual média do rio Tapajós em sua foz, localizada em Santarém é de 13.540m3/seg. e a
descarga líquida anual média do rio Amazonas na cidade de Óbidos, é de 165.740m3/seg. (IN:
Tancredi, 1996).
25
Na região do município de Santarém podem ser observadas diversas sub-bacias
hidrográficas, que alimentam diversos igarapés, os quais deságuam no rio Tapajós e no rio
Amazonas. Essa área é drenada pelos igarapés Grande, São Brás, Irurá, Urumari, Mararu e
outros menores, com base de drenagem associados ao nível dos rios Tapajós e Amazonas
(Tancredi, 1996).
tem seu curso alargado a partir do contato das litologias paleozóicas e terciárias, mantendo-se
26
O rio Tapajós corta o município de Santarém no sentido SW-NE. Em sua foz, na
margem direita, está localizada a sede municipal. O principal afluente pela margem esquerda
é o rio Arapiuns (Figura 3.3), que tem como seus afluentes o rio Aruã e os igarapés Braço
Grande do Arapiuns, Curí, Caranãe, Amarim e outros. Pela margem direita, possui apenas um
afluente importante: o rio Mentaí. O Amazonas e seus furos, ilhas, paranás e lagos limitam o
oriental, destaca-se o rio Curuá-una onde se encontra a hidrelétrica do mesmo nome e tem
27
Figura 3.4 - A hidrografia da área de estudo, vista nas imagens de radar SAR/JERS-1. Período de (a) Seca e (b) Cheia.
28
3.3 - Os Solos
A Figura 3.5 mostra o mapa de distribuição regional dos principais tipos de solo que
ocorrem na região de Santarém. Na área de estudo são identificados, portanto, cinco tipos de
O mapa de solos regional abaixo foi elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa
http://zeebr163.cpatu.embrapa.br.
29
Figura 3.5 – Mapa de distribuição regional dos principais tipos de solos da foz do rio Tapajós.
Fonte: www.embrapa.gov.br - Embrapa Amazônia Oriental – CPATU – Mod. nossa.
30
3.4 - A Vegetação
formada por:
1 - Floresta equatorial latifoliada que ocupa a maior porção, cobrindo uma superfície de
2 - Por campos cerrados localizados em áreas tanto de terra firme quanto em áreas sob
“quatro regiões ecológicas: savana, formações pioneiras, floresta densa e floresta aberta,
além de áreas de tensão e refúgio ecológico, bem como áreas submetidas à ação antrópica.”
vegetação de grande porte, onde ocorrem tipos vegetativos arbustivos, tortuosos e de pequeno
porte com cerca 314,25 km2. Representa 1,18% da área do município e está bem caracterizado
na porção norte e na foz do rio Tapajós. As áreas de cerrado ou campos naturais apresentam
(PRIMAZ/CPRM, 1996).
as gramíneas (pastos naturais), desenvolvidas sobre glei solos, em geral com grande
aluviais.
31
Apesar de ser uma área de ocupação relativamente antiga a vegetação nativa ainda é a
área de maior representatividade na região de estudo com cerca 18.334 km2, o que representa
32
Figura 3.6 – Mapa de distribuição dos principais tipos de vegetação da área de estudo.
Fonte: www.embrapa.gov.br - Embrapa Amazônia Oriental – CPATU - Mod. nossa.
33
3.5 - Contextos Geomorfológicos e Geológicos Regionais
critérios utilizados para delimitar as províncias e subprovíncias, além das principais unidades
com suporte de campo limitado e em escala muitas vezes inadequadas. Este tipo de
entre as suas áreas de ocorrência. O mesmo acontece com as unidades geomorfológicas, que
informações geológicas obtidas para esta porção da Amazônia, dentre as quais se destacam a
alta densidade da cobertura vegetal, o grau de alteração das rochas, dificuldade de acesso aos
locais de interesse. Estes problemas acabam por interferir nos resultados das interpretações
geológicas e geomorfológicas.
Na porção oeste do Estado do Pará, onde fica localizada a área de estudo, afloram
Formação Alter do Chão, mas, por outro lado é uma área que mostra grande diversidade de
uma síntese dos principais aspectos geomorfológicos e geológicos regionais, com base nos
34
3.5.1 - Aspectos da Geomorfologia Regional
Neste sentido, a Folha Santarém, assim como as demais mapeadas pelo Projeto
Pediplano rio Branco-rio Negro. Dentre estas unidades regionais somente duas têm
Amazônia, estes, nesta porção da folha, quase coincidentes, respectivamente, com o traçado
A Planície Amazônica tem seu eixo principal no rio Amazonas e forma alongada na
afetadas pelo pulso de cheia e vazante do rio Amazonas, que foram dividas em áreas alagadas
volume de água do rio Amazonas, estão sempre submersos, ainda que por lâmina d´água bem
delgada. Já as áreas inundáveis são aquelas alagadas apenas no período de enchentes. São
feições típicas deste domínio os paranás, furos, igarapés, vales fluviais de foz afogadas, ou
35
rias fluviais, lagos com formas e gêneses diferenciadas, diques aluviais, canais e cordões de
areia, brejos, igapós, e rios com cursos anastomosados, com numerosas ilhas.
morfoestrutural, entretanto, ressaltam-se lagos de maior tamanho (diâmetro maior que 15km),
as ilhas mostram efeito de colmatagem e muitas delas abrigam lagos no seu interior, os quais
se ligam aos rios exteriores. Nesta porção da Planície Amazônica percebe-se o efeito do Alto
Estrutural de Monte Alegre, localizado a sul da área estudada, sobre as diferenças na forma do
Tapajós-Xingu. Esta é uma das unidades mais extensas mapeada na Folha Santarém. De um
modo geral, as altitudes deste Planalto oscilam entre 120 e 170m. Esta unidade apresenta-se
com extensas superfícies tabulares ou platôs, como em Belterra-PA, localizado na porção sul
da área de estudo. Geralmente estes platôs apresentam rebordos erosivos, por vezes com forte
vegetação típica de cerrado. No baixo curso do rio Tapajós, nas proximidades de sua foz (e,
portanto dentro da área de estudo) ocorre um delta interno, ocasionado pela invasão do rio
a idéia (Cunha, 1994) de que o Tapajós possui foz afogada (Figura 2.10), e que a espessura
dos sedimentos da Formação Alter do Chão atingem valores superiores a 500m, indicando
36
3.5.1.1 - Características dos rios Tapajós e Amazonas na área da pesquisa
materiais em suspensão, são ricos em matéria orgânica e apresentam verdadeiras rias fluviais
em seus baixos cursos, caso bastante evidente no baixo Tapajós. Os rios de água branca, como
rápidos dos paleovales, muitos das vezes obstruem os vales dos rios de água preta que ficam
(Franzinelli e Ori, 1988). Souza-Filho et al. 2005, cita que no caso do rio Amazonas sua
A obstrução das bocas dos paleovales dos rios de água preta pelos rios de água branca,
induz a pensar a altíssima razão de acresção vertical, que ocorre somente quando há intensa
transportada para o interior das planícies através dos canais durante os longos períodos de
Ori, 1988).
A acresção vertical dos depósitos de várzea pode ocorrer também pela disponibilidade
de sedimentos na planície e pelo efeito da captura dos sedimentos pela vegetação. A elevada
quantidade deposicional na planície da foz rio Tapajós com o Amazonas se deve ao alto
depositados pelos rios nas áreas de várzea Franzinelli e Ori, 1988, cita Allen (1970) e Absy
Tapajós, a partir da resposta espectral dos objetos. Outro processo de acresção e erosão
operando na área da pesquisa é a transferência dos materiais das margens côncavas para as
possui um regime mais regular do que o Tapajós. Este último por nascer em área tropical com
duas estações bem definidas apresenta-se com maior volume d’água no período de cheia,
servindo-se de um furo como condutor de parte de suas águas para o rio Amazonas. Na
vazante, o nível de água do rio Tapajós é mais baixo, permitindo que através do mesmo furo o
rio Amazonas despeje parte de suas águas nas proximidades da foz daquele rio. Desta maneira
delta fluvial digitado. Este furo citado pelo projeto RADAMBRASIL em 1976, na verdade se
trata do furo conhecido como rio Arapixunas, que liga os rios Tapajós ao Amazonas a partir
da baía do Tapajós. (Figuras 3.7). Na Figura 3.8, é mostrada uma visão panorâmica do delta
38
Figura 3.7 – O Delta interno e a barra do rio Tapajós. Fusão IHS: SRTM e LANDSAT de 1986.
39
Figura 3.8 - Panorâmica do delta, barra do Tapajós e rio Amazonas, em imagem 3D/SRTM (2001).
40
Assim como nos levantamentos geológicos que será visto a seguir, a geomorfologia só
locais sejam objetos no âmbito desse trabalho e serão abordados detalhadamente no item de
final do Mesozóico e outros depósitos cenozóicos da Bacia Amazônica. Essa bacia está
limitada a leste pelo arco de Gurupá e a oeste pelo arco do Purus e compreende também as
bacias pode ser vista na Figura 3.9, em especial, a Sub-bacia Amazonas (Figura 3.10), onde a
Figura 3.11.
+
+
Ar co
+ + Presidente + + +
eGurupa
+ + + + +
Figueiredo +
nas
Arc o
Manaus Am azo + + +
Bacia do cia do +
+
do Purus
Ba +
Ar c
Solimões + +
+
o
+
de
+
Iquit
0 300 km
Figura 3.11 - Carta Estratigráfica regional da Bacia do Amazonas - Fonte: Cunha et al., 1994.
42
Na área de estudo, as unidades litoestratigráficas estão exclusivamente relacionadas às
rochas formadas na era Mesozóica e na era Cenozóica. Na Era Mesozóica houve a deposição
Grupo Javari (Cunha et al., 1994). Destacam-se, neste conjunto, as rochas da Formação Alter
De um modo geral, as litologias que compõem a Formação Alter do Chão são tidas
como de idade Cretácea, muito embora a idade neógena tenha sido sugerida para o topo da
formação (Cunha et al., 1994). O não reconhecimento local de depósitos desta idade deve-se a
vários fatores como: a falta de estudos estratigráficos de detalhe das unidades sedimentares de
cobertura, a ausência de material adequado para datação, e a difícil distinção entre sedimentos
cretácea, dada para os níveis inferiores e intermediários da Formação Alter do Chão, foi
como crostas lateríticas, que são amplamente utilizadas como guias estratigráficos do
da Folha SA.-21. Estes trabalhos revelaram, através do estudo de imagens de radar (banda X),
43
No âmbito da Folha Santarém está representada unidades precambrianas, bem distintas
e separadas entre si por discordâncias de natureza angular e paralela. Na porção mais sul da
por rochas metamórficas de grau alto a médio, dobramentos de direções preferenciais NW-SE
e NN-SSE. Sobre esta unidade ocorre uma seqüência de xistos e outras rochas de grau baixo a
médio, regionalmente denominada de Grupo Vila Nova. Sobre estas unidades repousam
prolongada fase erosiva com sedimentação rápida, formada por depósitos de conglomerados,
Permiano (Formação Andirá, vide Figura 3.11). Esta etapa deposicional inclui, portanto,
Triássico, desencadeou-se vulcanismo de natureza toleítica, sob a forma de diques e sills, que
especial da Formação Alter do Chão e dos Depósitos Aluvionares Cenozóicos, para os quais
44
serão feitas algumas descrições e considerações regionais mais detalhadas, já que a descrição
geológica de detalhe da área de estudo será abordada no item que trata dos resultados deste
trabalho.
A distribuição das unidades que compõem o Grupo Javari (Formação Alter do Chão e
suas unidades correlatas, as formações Solimões e Içá) devido a sua grande extensão espacial
se recoberta parcialmente por sedimentos quaternários (vide Figura 3.11). No âmbito da Folha
geralmente com estratificação cruzada, caulínicos, friáveis, podendo ter bancos silicificados,
grãos e seixos de quartzo esparsos, bolas de argila. Os argilitos possuem cores vermelho
tijolo, são maciços, laminados com bolsas de areia. Os conglomerados possuem seixos sub-
platôs que ocorrem preferencialmente nos setores norte e centro da área do projeto.
inconsolidados, ora síltico, ora com cascalho, ocorrentes no extremo oeste da área do projeto,
junto ao rio Tapajós. Os depósitos aluvionares recentes estão intimamente associados aos
45
sistemas fluviais atuais. Representam-se por sedimentos arenosos, siltosos e argilosos
interpretação geológica de imagens de radar (banda X). Estas estruturas, que foram mapeadas
local e regional e são mais evidentes nos terrenos mais antigos, que, por sua vez, são
truncados pela sinéclise do Amazonas, com poucas estruturas destacadas, geralmente reflexas
hipótese e do baixo curso do rio Tapajós ter se desenvolvido em um sistema de graben está
baseada na grande quantidade de diques básicos e no aspecto retilíneo das margens deste rio,
O que se percebe, portanto, é que, apesar de se tratar de uma área de fácil acesso e
com bom grau de preservação das exposições das unidades geológicas, poucos trabalhos
46
USO INTEGRADO DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO
PARA O ESTUDO DA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA
DA FOZ RIO TAPAJÓS, SANTARÉM-PARÁ
4.1 – Introdução
baseadas, portanto, em um complexo de feições originais de cada dado utilizado. No caso das
imagens do sensor LANDSAT enfatizou-se a análise dos padrões de drenagem e relevo, tanto
nas bandas isoladas quanto nas composições coloridas. No caso das imagens de radar do
47
se tratar de um conjunto vegetal fisionômico diferenciado da floresta tropical densa da região
amazônica.
As Pranchas 4.1, 4.2 e 4.3 mostram, já como produtos deste trabalho, os aspectos mais
importantes da vegetação na área de estudo, com destaque para a vegetação típica de várzea,
A tabela 4.1 mostram algumas das espécies encontradas nas regiões de ocorrência da
Savana.
48
Prancha 4.1 - Aspectos da vegetação de cerrados desenvolvida sobre os terrenos
topograficamente mais acidentados da área de estudo. Em A, B, C e D cerrado com árvores de
porte pequeno a médio; em E visão ampla dos cerrados e em F parte com cerrado mais denso.
49
Prancha 4.2 - Aspectos da vegetação de cerrados desenvolvida sobre os terrenos
topograficamente mais acidentados da área de estudo. Em A, B, C e E cerrado com árvores de
porte pequeno a médio, localizados nas margens do rio Tapajós; em D e F visão ampla dos
cerrados sobre bancos arenosos.
50
Prancha 4.3 - Aspectos da vegetação essencialmente de gramíneas desenvolvida sobre os
terrenos topograficamente mais baixos e planos da planície de inundação do rio Amazonas
(Em A, B, C, e E e F); em D gramíneas sobre as coberturas detrito-lateríticas encontradas na
área de estudo.
51
4.3 - A Geomorfologia da área de estudo
Neste estudo foi possível a delimitação e caracterização de pelo menos três (03)
estudo. O resultado desta interpretação foi avaliado e verificado nos levantamentos de campo
trabalhos de cunho regional pode ser observada na Figura 4.1. Este produto foi gerado a partir
dos dados de radar interferométrico aeroespacial (SRTM, 2001) e a partir dele foram geradas
as curvas de nível da área de estudo, assim como vários perfis topográficos locais que foram
auxiliares na definição dos domínios geomorfológicos acima referidos (Figuras 4.2. e 4.3).
Figura 4.1 – Composição colorida mostrando a altimetria da área de estudo, elaborada com
base nos dados SRTM, 2001.
52
(I)
(II)
53
(I)
(II)
Figura 4.3 – Perfis topográficos da área de estudo. Em I perfil N-S da Planície do rio
Amazonas (A) até os platôs (B) e em II perfil W-E do domínio da Zona Dissecada do vale do
Tapajós.
54
Assim sendo, após reunir várias informações destas imagens e outros produtos de
sensoriamento remoto gerados e somados as informações obtidas nas etapas de campo, foram
de erosão e deposição imposto pela dinâmica do rio Amazonas e Tapajós e de sua interação:
aos terrenos de relevo dissecado das margens do rio Tapajós, que está representada na área de
estudo, mas se prolonga para sul, formando uma faixa que alcança localmente mais de 15 km
de largura em cada margem do rio. As Pranchas 4.4 e 4.5 mostram as principais feições deste
domínio. Geralmente nesta zona é observado um relevo mais acidentados, com morros
limite norte desta zona, já próximo as margens do rio Tapajós e Amazonas, as feições
dominantes são as falésias, que atingem localmente até 30 m de altura, onde se expõem as
superfícies de pediplanos e platôs, que se estendem para sul, para fora dos limites da área
estudada. A densidade de drenagem é menor que nos dois outros domínios e os vales são
55
amplos e pouco escavados. A este domínio estão associadas às coberturas lateríticas e de solos
melhor desenvolvidos.
56
Figura 4.4 - Mapa geomorfológico interpretado da área de estudo.
57
Prancha 4.4 - Aspectos do relevo na foz do rio Tapajós. Em A e B pontões e falésias com
vegetação mais densa; em C e D morros residuais (Serra do Cruzeiro) com vegetação de
campos cerrados e em E e F pontões sustentados por camadas de argilitos e em G e H visões
panorâmicas do relevo.
58
Prancha 4.5 -: Aspectos do relevo na foz do rio Tapajós. Em A e B pontões e falésias com
vegetação mais densa; em C e D morros residuais com vegetação de campos cerrados e em E
e F pontões e falésias sustentados na base por camada de argilitos e, em G e H visões
panorâmicas do relevo da área.
59
O índice visual de correlação entre os domínios identificados na área de estudo e as
associações litológicas é grande (sempre maior que 50% e na maioria dos casos superior a
80%) e foi de grande auxílio no mapeamento destas unidades. Tabela 4.1 abaixo mostra estes
índices. A compartimentação altimétrica dos domínios identificados foi estabelecida com base
em critérios múltiplos, inclusive utilizando as curvas de nível (vide Figura 2.2, Cap. II).
Associações Índice de
Domínios Características Litológicas Correlação
(Visual)
Relevo plano com ilhas, furos, cordões,
Planície de barras, praias (barras arenosas), etc., Sedimentos 50 – 100%
Inundação associado com vegetação de várzea. inconsolidados
Amazonas/Tapajós (Altitude entre 0m* a 15m). recentes
Relevo dimensional com falésias,
Zona Dissecada do morros testemunhos, topos ondulados, Litologias da Fm. 80 – 100%
vale do rio vales cavados, associados com Alter do Chão
Tapajós vegetação de cerrado. (Altitude entre
16m e 115m).
Relevo plano com colinas, platôs e
Planaltos vales amplos, associado à vegetação de Litologias da Fm. 100%
Pediplanizados. floresta densa. (Altitude entre superior Alter do Chão e
a 115m/Cota máxima local 197m). Coberturas
*Cota zero é igual ao nível médio do rio Amazonas em relação ao nível do mar.
60
Tabela 4.3 – Coluna estratigráfica simplificada da área de estudo
cenozóicos mais antigos e recentes (aluviões modernos) associados ao regime dos rios
desde a porção mais ao sul da área de estudo em direção a foz do rio Tapajós, a norte,
mostrando leve basculamento para sul (< 3º), sem evidências locais de falhamentos,
61
Figura 4.5 - Mapa geológico da área de estudo.
62
O conjunto estratigráfico é representado por pacote onde dominam arenitos brancos a
contínuos lateralmente e, que assim como outros níveis estratigráficos, permitem o fácil
Ampliando o estudo geológico local foram realizados vários perfis estratigráficos nos
encontrada na Formação Alter do Chão. Eles foram executados nas localidades do Morro do
perfis da Serra do Cruzeiro/Piroca, na vila de Alter do Chão. Muitos outros pontos visitados
vistos nos perfis mais completos, como ao longo das rodovias estaduais, de muitas e comuns
voçorocas ao longo da BR-163, ao longo das margens dos igarapés, frentes de exploração de
material para uso na construção civil, e ao longo da rodovia que dá acesso a vila de Alter do
Chão.
pontos localizados da área de estudo, permitiu a identificação de seis (06) níveis constantes e
contínuos e correlacionáveis entre si, que foram designados de a0, a, b, c1, c2 e d. A visão
geral e a individualização de cada um deles pode ser observada nas Figuras 4.7 a 4.11.
63
Figura 4.6 – Perfis estratigráficos da Formação Alter do Chão e correspondentes correlações: Em (A) Perfil do Morro do Santarenzinho; (B)
Perfil da Serra da Cambuquira; (C) Perfil do Morro da Lixeira; (D) Ponta do Cururu/rio Tapajós e (E) Rio Tapajós/Morro do Cruzeiro.
64
Figura 4.7 – (Perfil estratigráfico panorâmico do morro do Santarenzinho, zona urbana de
Santarém-Pa. a0 = arenitos ferruginosos vermelhos; a = pacote de argilitos brancos; b = nível
delgado de conglomerado ferruginoso (não visível nesta escala); c1 = pacote de arenitos
conglomeráticos; c2 = arenitos arcoseanos, friáveis com estratificação cruzada acanalada; d =
arenito maciços, estratificação plano-paralela, amarela e brancos).
65
Figura 4.8 - Perfil estratigráfico da Serra da Cambuquira, próxima ao Depósito da Coca-
Cola (início da BR163, zona periférica de Santarém). LAT: 2º. 27´57,7´´S/ LONG 54º
43´49,5´´W.
66
Figura 4.9 - Perfil estratigráfico panorâmico do morro da Lixeira, localizada as margens da
Rodovia Estadual Everaldo Martins (Santarém-Alter do Chão). Ocorrência dos mesmos níveis
observados em outros pontos. b = nível delgado de conglomerado ferruginoso (não visível nesta
escala); c1 = pacote de arenitos conglomeráticos; c2 = arenito arcoseanos, friáveis com
estratificação cruzada acanalada; d = arenito maciço, estratificação plano-paralela, amarelo a
branco. Localização: LAT: 54º 2º 27’ S/LONG: 54º 46’21’’ W.
67
Figura 4.10 - Perfil da Formação Alter do Chão ao longo da margem do rio Tapajós as proximidades do morro do Cruzeiro,
Alter do Chão/Pa. Destaque pontilhado para limite entre camada argilosa (a) e arenosa (c1).
68
Figura 4.11 - Perfil na margem do rio Tapajós nas imediações da Ponta do Cururu, Alter do Chão/Pa. Destaque para o
pontilhado limite entre a camada arenosa (topo) e argilosa (base).
69
4.4.1 - Descrição detalhada dos níveis estratigráficos identificados na Formação Alter do
Chão.
dos diferentes níveis observados ao longo dos inúmeros afloramentos e cortes encontrados na
sedimentares, (Tabela 4.3) que envolvem a sua constituição e estruturas presentes. As Pranchas
70
Prancha 4.6 - Fotos ilustrativas das características: nível estratigráfico a0, o mais inferior
encontrado na área de estudo. Trata-se de arenitos grossos, ferruginosos, com estratificação
cruzada de pequeno a médio porte e alto ângulo. Nas ilustrações A e B aspecto geral do nível e
em C, D, E e F detalhes das estruturas sedimentares presentes.
71
Prancha 4.7 - Fotos ilustrativas das características do topo do nível estratigráfico a0, da área de
estudo. Trata-se de arenitos finos e médios friáveis, pouco ferruginosos, com estratificação plano-
paralela. Nas ilustrações A e B aspecto geral do nível e em C, D, E e F detalhes das intercalações
de níveis argilosos pouco espessos, próximos ao topo do nível.
72
Prancha 4.8 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico a, um do mais
contínuo em toda a área de estudo. Trata-se de argilitos brancos e cinza, maciços. As ilustrações
A e B mostram aspectos gerais do pacote no morro da fábrica de brita/BR-163, em C e D detalhes
da base do pacote, no contato com o nível a0; em E detalhe fraturamento local do pacote e em F
detalhe do topo do pacote, com delgado nível de conglomerado ferruginoso (nível b).
73
Prancha 4.9 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico b. Trata-se de nível
bem marcante em todos os afloramentos e cortes visitados, constituído de arenito ferruginoso
grosso com fragmentos pouco arredondados de material ferruginoso escuro a avermelhados.
Observar que este nível delgado sempre recobre o nível argiloso branco (a).
74
Prancha 4.10 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico c1. Trata-se de nível
bem contínuo na área estudada. São freqüentes intercalações de níveis de argilitos (B) e de
conglomerados monolíticos (F), geralmente exibem estratificações cruzadas, plano paralelo ou
acanalada de pequeno porte (C e D) e outras estruturas sedimentares convolutas (E).
75
Prancha 4.11 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico c2. Trata-se de
arenitos grossos, imaturos, friáveis, com típica estratificação cruzada acanalada de grande porte.
Nas ilustrações A e B aspectos geral do nível e em C, D, E e F detalhes das estruturas
sedimentares presentes, níveis conglomeráticos e argilosos e seu contato com o nível c1.
76
Prancha 4.12 - Fotos ilustrativas das características do nível estratigráfico d. Trata-se de nível
bem contínuo na área estudada, que sustenta os altos topográficos (A, B), como os morros do
Santarenzinho, Cambuquira, Cururu, Cruzeiro, etc.. São arenitos finos e médios, de coloração
esbranquiçada, imaturo (C), friáveis às vezes silicificados. Sempre mostram estratificações
cruzadas plano-paralelas de pequeno (D, E, F) e médio porte.
77
4.4.2 – Descrição dos depósitos de Planície de inundação e aluviões modernos
Alter do Chão, principalmente ao longo da barra do Tapajós e ao longo da calha e margem do rio
inundação destes rios. Trata-se de depósitos essencialmente siltosos cinzentos, arenosos finos e
argilosos, por vezes com níveis delgados de cascalhos e comumente associados à matéria
orgânica, que confere coloração escura a estes materiais. As Pranchas 4.13 e 4.14 mostram
praias, barras e cordões arenosos e, eventualmente, delgados bancos arenosos brancos em meio
aos sedimentos do rio Amazonas (vide Prancha 4.13, fotos C e F), ou formando extensos lençóis
arenosos, inclusive com retrabalhamento eólico atual na proximidade de furos, lagos e igarapés.
78
Prancha 4.13 - Fotos ilustrativas dos depósitos atuais nas barras do rio Amazonas, nas
proximidades da foz do rio Tapajós. Trata-se de areias e siltes inconsolidados, que exibem
estratificação plano paralela e associação com níveis arenosos finos e de matéria orgânica
cinzenta.
79
Pranchas 4.14 - Fotos ilustrativas das características dos depósitos arenosos modernos. Trata-se
de areias brancas inconsolidadas, bem selecionadas. Nas ilustrações A, B, C e D mostram o
aspecto geral destes corpos arenosos nos arredores da lagoa da comunidade do Itapari, no rio
Tapajós (note-se o trabalho eólico atual sobre estes depósitos). Nas ilustrações E e F os depósitos
arenosos/siltosos recentes em pequenas barras e praias na comunidade de Ponta de Pedra.
80
USO INTEGRADO DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO PARA O
ESTUDO DA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA DA FOZ RIO
TAPAJÓS, SANTARÉM-PARÁ
5.1 - Introdução
Ressalte-se que este tipo de estudo que envolva a análise multitemporal de feições
climáticas e geomorfológicas, devem ser realizados com bastante critério, pois alguns fatores
Universidade de Maryland, somente cinco cenas puderam ser trabalhadas: 1975 (INPE), 1981
(INPE), 1986 (Maryland), 2001 (Maryland) e 2007 (INPE), sendo que a cena referente ao ano de
2000, foi fornecida pelo INPE e utilizada apenas para ajustar algumas diferenças no cálculo da
vetores da cena e ano anterior, sob a cena e ano posterior, em seguida é feito a digitalização da
acresção e/ou erosão quando for o caso, gerando com isso um novo produto, ora da acresção, ora
da erosão.
81
Após extrair os valores dos vetores digitalizados nas cenas utilizadas na pesquisas, (1975
a 2007), assim, o total da área a ser quantificada, em quilômetros quadrados para área e
quilômetro linear (km) para o perímetro da área em questão. As tabelas a seguir mostram as áreas
e tamanhos dos vetores extraídos nas regiões das ilhas do rio Amazonas e barra e delta do rio
Um fato chama atenção na Tabela 5.1. No ano de 2001, os valores apresentados para as
ilhas do Amazonas, área e perímetro, são baixos em comparação aos demais, isto é devido ao fato
da cena apresentar considerável número de nuvens sobre a região das ilhas do Amazonas e parte
da barra do Tapajós, o que de certa forma comprometeu as informações nesta cena. Para
compensar tais problemas, foi utilizada a cena do ano anterior do INPE, pois a diferença temporal
entre a imagem de 2001 de Maryland e 2000 do INPE é muito baixa, 01 (um) ano, não
Tabela 5.1 - Área e perímetro das ilhas do Amazonas e barra do Tapajós, nos diferentes anos
analisados.
ÁREA TOTAL DAS ILHAS E BARRA
EVENTO/ANO ÁREA/km2 PERÍMETRO/km
ILHAS 1975 51,04 129,58
BARRA 1975 72,91 270,92
ILHAS 1986 19,44 158,53
BARRA 1986 91,09 444,62
ILHAS 2000 19,75 136,68
BARRA 2000 73,86 339,81
ILHAS 2001 2,46 31,90
BARRA 2001 78,02 356,03
ILHAS 2007 27,72 233,08
BARRA 2007 70,37 444,31
82
Os valores apresentados são absolutos e para todas as ilhas que aparecem na área de
estudo, de cada cena, partindo de Santarém subindo em direção oeste (à montante) e para a barra
Para efeito explicativo (Tabela 5.1) a cena do ano de 1975 apresenta área das ilhas muito
elevada com 51,04 km2, isso se deve ao período de aquisição da imagem, em outubro, que é pico
As ilhas mais à montante de Santarém não aparecem por completo em todas as datas. Para
evitar distorções e possíveis incorreções, outras quantificações foram propostas para as ilhas do
rio Amazonas em Santarém, no sentido de apresentar e dar mais evidência aos dos processos
erosivos deposicionais fluvial dessas ilhas. Na Tabela 5.2, e Figura 5.1, pode-se observar a
quantificação de todas as ilhas que aparecem por completo na cena, desprezando aquelas que
Na Tabela 5.3 e Figura 5.2, são apresentados os valores absolutos da acresção e erosão
das duas ilhas do Amazonas mais próximas à Santarém e por último a Tabela 5.4 e Figura 5.3,
temos os dados estatísticos somente da ilha da Ponta Negra que fica em frente à cidade.
A evolução deposicional no intervalo dos dois elementos (ilhas e barra) analisados é visto
nas Figuras 5.1, 5.2 e 5.3 e nas Figuras 5.4, 5.5 e 5.6 é apresentado as imagens LANDSAT
usadas na pesquisa.
83
Tabela 5.2 – Área e perímetro das ilhas do rio Amazonas que aparecem por completo nas cenas
dos diferentes anos do sensor LANDSAT.
84
Figura 5.1 – Mapeamento das ilhas do rio Amazonas que aparecem por completo nas cenas LANDSAT (1975 – 2007).
85
Figura 5.2 – Mapeamento das 2 ilhas em frente a Santarém e primeira ilha a montante (1975 – 2007).
86
Figura 5.3 - Mapeamento da ilha da Ponta Negra, em frente à cidade de Santarém, (1975 – 2007).
87
ANO 1975 ANO 1981
88
ANO 1986 ANO 2000
89
ANO 2001 ANO 2007
90
5.2 – Considerações iniciais sobre o cálculo das taxas de acresção e erosão das ilhas fluviais
Tapajós e das ilhas fluviais do Amazonas. Na primeira coluna tem-se a área em km2 e na
No momento da quantificação e extração dos valores das feições estudadas não foram
levadas em consideração as ilhas que aparecem mais a oeste da cena e não estão por completo na
No conjunto de cenas entre os anos 1981 e 1986 é observado que no ano de 1981, parte da
Barra do Tapajós foi “retirada” propositadamente no momento da extração dos valores, pois a
imagem deste ano apresenta intensa cobertura de nuvens. Do mesmo modo a quantificação da
acresção da barra do rio Tapajós ficou comprometida, em função de que a cena adquirida junto ao
INPE apresentar falha de captação de dados que impossibilitou digitalização na região do delta
do rio Tapajós. Muita distorção geométrica na imagem não garantiu a confiabilidade das
Entre 1986 e 2001a extração dos valores pode ser feita tanto para as ilhas como para a
barra do Tapajós. No entanto, só as ilhas mais próximas a Santarém foram consideradas para fim
de cálculo de área e perímetro, pois as nuvens do ano de 2001 reduziram a sua utilidade. Apenas
as ilhas que estavam sem cobertura foram quantificadas, tanto para o ano de 1986, como para
2001.
91
Como se pode observar nos dados da Tabela 5.10 e Figura 5.13, a extração dos
indicadores de acresção e erosão entre os anos de 2001 e 2007 só foram analisados e comparados
para as ilhas que estavam em condições de serem quantificadas, devido aos fatos já expostos
A análise temporal foi realizada, portanto em quatro (04) intervalos temporais (1975-1981
Após a análise destes intervalos é feita a comparação geral dos dados, apresentado-se o
resultado conjunto, especificamente para as ilhas do rio Amazonas e para a barra do Tapajós, já
A linha de barra do Tapajós teve uma acresção de 53,49 km2 em relação a esse período,
enquanto que a erosão ficou em torno de 7,43 km2, apresentando um acréscimo de 46,06
km2; a acresção das ilhas fluviais ao longo do rio Amazonas foi de 11,96 km2, a erosão foi
de 5,60 km2, o que resultou em um crescimento de 6,36 km2. A conclusão desse período é
que houve um crescimento significativo, como pode ser observado na Tabela 5.5, porém,
deve-se lembrar que a imagem de 1975 foi adquirida no mês de outubro de 1975, período
de maior estiagem, que contribuiu para maior exposição das terras emersas, e isto
92
Tabela 5.5 - Valores de taxas de acresção e erosão entre os anos de 1975-1981.
Entre 1981 e 1986, a acresção da linha de barra do Tapajós foi de 10,56 km2 e erosão
16,07 km2, o que nos levam a concluir que houve uma erosão de 5,51 km2, as ilhas fluviais nesse
período teve acresção de 7,51 km2 enquanto que a erosão foi de 12,27 km2, com isso tivemos uma
erosão de 4,76 km2. A Tabela 5.6 mostra o resultado do processo de extração de tais informações:
Entre 1986 e 2001, a acresção da linha de barra do Tapajós foi de 12,70 km2, a erosão no
período foi de 28,17 km2, registrando uma erosão de 15,47 km2; as ilhas fluviais tiveram acresção
de 3,40 km2 e erosão de 0,381 km2, a acresção das ilhas no Amazonas foi de 3,01 km2, conforme
A linha de barra nesse período teve uma acresção de 11,55 km2e 19,73 km2de erosão,
obtendo 8,18 km2de erosão, enquanto que as ilhas fluviais no rio Amazonas tiveram um
crescimento de 1,64 km2e erosão de 1,60 km2, obtendo um crescimento de 0,04 km2 (Tabela 5.8).
Os dados gerais podem ser visualizados em dois blocos distintos: de 1986-2000 (Tabela
a partir de um sensor ótico como a série LANDSAT pode-se concluir no geral que as ilhas
1975 a 2007, fato que pode ser observado pelos cálculos apresentados na Tabela 5.11.
94
Tabela 5.9 – Valores de taxas de acresção e erosão das ilhas no Amazonas entre 1986-2000.
Tabela 5.10 – Valores de taxas de acresção e erosão das ilhas no Amazonas entre 2000-2007.
No intervalo de tempo estudado neste trabalho foi possível observar que entre os anos de
1975 e 1981 houve acresção das duas feições propostas para o estudo, da região da barra do rio
Tapajós acresceu 46,60 km2, enquanto as ilhas tiveram um crescimento de 6,36 km2 e, como
imagem de 1975, outubro desse ano; entre 1981 e 1986, houve erosão tanto na região da barra
5,51 km2 quanto na região das ilhas 6,36 km2; em 1986 e 2001, a barra do Tapajós teve 15,47
km2de erosão, as ilhas nesse mesmo período cresceram 3,01 km2e nos anos de 2001 a 2007, a
Infelizmente devido alguns problemas técnicos citados nos capítulos anteriores os dados
Respeitando a problemática apresentada, pode-se afirmar com base nesses dados, que a
Barra do Tapajós no intervalo de tempo analisado apresentou erosão significativa, podendo ser
que, por outro lado, as ilhas fluviais no rio Amazonas apresentaram processo de crescimento
95
Tabela 5.11 - Tabela com a diferença entre acresção e erosão da barra do Tapajós e ilhas dos
Amazonas em Santarém.
TABELA COM DADOS DE EROSÃO DE 1975-2007
ANOS/PERÍODO ACRESÇÃO EROSÃO EROSÃO ACRESÇÃO
BARRA BARRA ILHAS ILHAS
1975-1981 46,60 6,36
1981-1986 5,51 4,76
1986-2001 15,47 3,01
2001-2007 8,18 0,04
considerado para os dois elementos (ilhas e barra) que subsidiaram os cálculos apresentados com
96
ACRESÇÃO BARRA: 1975-1981 (A) EROSÃO BARRA: 1975-1981 (B) ACRESÇÃO ILHAS: 1975-1981 (C)
97
ACRESÇÃO BARRA: 1981-1986 (A) EROSÃO BARRA: 1981-1986 (B) ACRESÇÃO ILHAS: 1981-1986 (C)
99
ACRESÇÃO BARRA: 1986-2001 (A) EROSÃO BARRA: 1986-2001 (B) ACRESÇÃO ILHAS: 1986-2001 (C)
101
ACRESÇÃO BARRA: 2001-2007 (A) EROSÃO BARRA: 2001-2007 (B) ACRESÇÃO ILHAS: 2001-2007 (C)
obtenção da cena do ano de 2001 (disponibilizado pela Universidade de Maryland), fez com
que a imagem a quantificação das ilhas fluviais no rio Amazonas se tornasse mais viável na
cena do ano 2000 (disponibilizada pelo INPE), como podemos observar a seguir.
Ao extrair a diferença entre uma cena e sua subseqüente foi observado que em alguns
casos houve acresção, em outro houve erosão. Isso pode ser devido à variação do nível das
águas do rio em relação à data da aquisição da imagem, pois o período de cheia e vazante do
rio é sazonal, onde as terras emersas passam cerca de seis meses encobertas e outros seis
expostas.
nas ilhas fluviais no rio Amazonas foram também extraídos os valores entre todos os vetores
das cenas pesquisadas e também da imagem do ano de 2000, pois a cena deste ano oferece
melhores condições de extração dos valores do perímetro e área das ilhas em função da
No intervalo de 1986 a 2000, as ilhas tiveram taxa de acresção de 16,79 km2e erosão
de 13,06 km2, havendo, portanto, crescimento conjunto de 3,73 km2 (Tabela 5.12); entre
2000 e 2007 a acresção foi de 8,54 km2 e a erosão de 17,58 km2, resultando em diminuição
de 9,04 km2 (Tabela 5.13). Esses resultados foram obtidos em separado os dados de acresção
e erosão das ilhas que estavam na cena e não puderam ser quantificadas devido a intensa
presença de nuvens na porção norte na cena de 2001 (Figura 5.13) e na porção sul da cena
2000 (Figura 5.14). Na Figura 5.15 é apresentado os vetores de acresção e erosão dessas ilhas
fluviais.
103
Tabela 5.12 - Acresção e erosão: Ilhas, 1986-2000.
Figura 5.13 - Imagem LANDSAT, ano de aquisição, 2001, com intensa cobertura na porção
norte da área.
104
Figura 5.14 - Imagem LANDSAT, ano de aquisição, 2000, com intensa cobertura de nuvens
porção sul.
Figura 5.15 - Vetores de acresção e erosão das ilhas fluviais no Amazonas, 1986, 2000 e
2007.
105
USO INTEGRADO DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO
PARA O ESTUDO DA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA
DA FOZ RIO TAPAJÓS, SANTARÉM-PARÁ
a conclusão geral de que foi ampliado o conhecimento geológico local, a partir do uso
abordagem metodológica; o segundo bloco está vinculado aos resultados obtidos em relação
recomendações.
qualidade do trabalho;
área da pesquisa no contexto regional, enquanto que os dados SRTM foram usados no
texturais de relevo;
também foram utilizados neste trabalho, porém devido à baixa qualidade geométrica
dos vetores que apresentam inúmeras distorções, sua utilização foi apenas como
grandes elementos;
• Para chegar ao resultado final desse trabalho foram executadas várias rotinas no
software Arc Map 9.2, o que resultou em produtos com excelente nível de
interpretação;
107
• As principais contribuições da abordagem metodológica executada estão relacionadas
em estabelecer a quantificação das taxas erosão e acresção das ilhas fluviais no rio
do Tapajós;
para escalas bem maiores, e que podem ser utilizados em outros estudos mais
Pediplanizados.
unidades litológicas locais, onde foram delimitadas três grandes unidades lito-
108
• O detalhamento de diferentes perfis estratigráficos acrescentou à estratigrafia local
elementos para a continuidade deste tipo de estudos, que poderiam avançar na direção
significativos para o entendimento do domínio fluvial desta região estudada, por meio
área de estudo os tipos de vegetação foram facilmente identificados, porém, como este
produto não estava incluso nos objetivos desta pesquisa, eles não foram detalhados;
objetivos;
109
• A utilização dessa abordagem metodológica oferece importante contribuição ao
importância aos bons resultados final deste trabalho passa pela disponibilidade de
• Ainda que não estivesse incluído nos objetivos específicos desta pesquisa, as
informações sobre taxas de acresção e erosão calculada podem ser utilizadas para
navegabilidade;
históricas, este tipo de dado (que não sofre influência da cobertura de nuvens) poderia
Finalmente, numa análise crítica, pode-se afirmar que esta pesquisa atingiu todos os
objetivos previstos e, na verdade foi além apresentando grande contribuição não só para o
110
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ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas
http://www.santarem.pa.gov.br/
http://www.cnpm.embrapa.br
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http://glcf.umiacs.umd.edu/index.shtml
http://www2.jpl.nasa.gov/srtm/
http://glcf.umiacs.umd.edu
http://www.xtoolspro.com/download.html,
114
ANEXOS
115
ANEXO I
116
ANEXO II
117
ANEXO III
ANTENA - Parte do sistema de radar que transmite e/ou recebe a energia eletromagnética
refletida pela superfície imageada.
ÂNGULO DE INCIDÊNCIA - É o ângulo definido entre o feixe do radar e a superfície do
terreno imageado. O ângulo de incidência local é tomado em relação à declividade local do
terreno e influencia na intensidade do sinal que retorna ao radar.
AZIMUTE (RADAR) - É a posição angular de um objeto dentro do campo de visada da antena
do sistema de imageamento por radar em relação à linha de vôo. O termo é comumente utilizado
para indicar a distância linear ou escala de imageamento na direção paralela ao traço de vôo da
plataforma.
DIGITAL - Dado representado por uma série de dígitos binários.
GEORREFENCIAMENTO - Localização geográfica relativa de uma cena pela incorporação na
imagem de informações de longitude e latitude.
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Brasil.
IMAGEM - Representação pictorial de dados adquiridos em qualquer comprimento de onda do
espectro eletromagnético. Para os sistemas de radar, os tons de cinza das imagens representam à
refletividade dos objetos imageados.
MHz - Megahertz, mil hertz.
MOSAICO - Arranjo final de múltiplas cenas de imagens de satélite que são digitalmente
coladas.
NADIR - Pontos na superfície terrestre diretamente abaixo (projeção vertical) da plataforma
imageadora.
NASA - National Aeronautics and Space Administration, com sede em Washington, DC, USA. É
a agência espacial americana.
ONDA ELETROMAGNÉTICA - É uma onda descrita pelas variações dos campos elétricas e
magnéticas. Estas ondas movem-se através da atmosfera com a velocidade da luz (3 x 108
m/segundo).
PIXEL - Termo derivado de picture element. Representação digital para indicar a posição
espacial de uma amostra de um arquivo-imagem.
118
RADAMBRASIL - (Radar da Amazônia-Brasil), Projeto de aerolevantamento por radar
efetuado na região Amazônica durante a década de 70.
RADAR - Sensor eletromagnético derivado do termo Radia Detection And Ranging.
SAR - Synthetic Aperture Radar. Radar de abertura sintética.
SISTEMA ATIVO - Sistema de sensoriamento remoto que gera e transmite sua própria energia
eletromagnética e, então, grava a energia refletida ou refratada pelos objetos.
SISTEMA PASSIVO - Sistema de sensoriamento remoto que detecta ou mede a radiação
emitida pelos alvos.
UTM - Sistema internacional de projeção cartográfica. Universal Transversa de Mercator.
119
120