TCC_GeologiaGranitoChaval

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
FACULDADE DE GEOLOGIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

GEOLOGIA DO GRANITO CHAVAL – DOMÍNIO MÉDIO


COREAÚ: ESTADO DA ARTE SOBRE O CONHECIMENTO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado por:

NOME: Mozaniel Clemetino dos Santos


Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Matos de Abreu
(2018/UFPA)

BELÉM – PA
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
FACULDADE DE GEOLOGIA
_________________________________________________

GEOLOGIA DO GRANITO CHAVAL – DOMÍNIO MÉDIO


COREAÚ: ESTADO DA ARTE SOBRE O CONHECIMENTO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado por:

NOME: Mozaniel Clemetino dos Santos


Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Matos de Abreu
(2018/UFPA)

BELÉM – PA
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Pará
Gerada automaticamente pelo módulo Ficat, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

C626g Clementino dos Santos, Mozaniel.


Geologia do Granito Chaval – Domínio Médio Coreaú: estado da arte sobre o conhecimento / Mozaniel
Clementino dos Santos. — 2018.
xv, 57 f. : il. color.
Orientador(a): Prof. Dr. Francisco de Assis Matos de Abreu
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Faculdade de Geologia, Instituto de Geociências,
Universidade Federal do Pará, Belém, 2018.

1. Granito Chaval. 2. Domínio Médio Coreaú. 3. Estado da Arte. 4. Aerogamaespectrometria. 5.


Diferenças composicionais. I. Título.

CDD 553.52097134
iv

Aos meus pais, Antônio e


Januária.
v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste


trabalho. No entanto, alguns nomes merecem serem citados aqui.

Ao professor Dr. Francisco de Assis Matos de Abreu, por ter aceitado me orientar para
que este trabalho se concretizasse. Também por sua paciência e disposição de sempre se fazer
presente nos momentos em que as dúvidas surgiram. Também a todo corpo acadêmico do curso
de geologia da UFPA que de alguma forma contribuíram para meu conhecimento geológico.

Aos meus pais Antônio e Januária, que sempre fizeram o possível para que eu pudesse
me dedicar aos estudos, e me apoiaram de diferentes formas. Também, aos meus irmãos e irmãs,
sobrinhos e sobrinhas, e minha tinha Fatinha.

Ao investimento por parte do CNPq para realização de intercâmbio, o que era, dentro da
minha realidade, um sonho, que se tornou realidade. Este foi um período que me fez crescer
muito além do campo profissional, me fez crescer como pessoa.

Aos amigos que fiz durante a graduação e que levarei para a vida Alan Silva, Allan
Lima, Lívia, Ronny, Tuanny, Jonhatan e Rosany. Obrigado pelos momentos de risadas, mas
também pelos momentos de reflexão. Pelas trocas de informações e nos ajudarmos dentro e fora
do meio acadêmico. Também a Beatriz por pelo apoio e ajuda com banco de dados sobre o
Granito Chaval.
vi

“Algumas pessoas lêem "Guerra e Paz" e acham que é um simples


romance. Outras pessoas lêem uma embalagem de chiclete e
desvendam os segredos do universo...”
- Lex Luthor
vii

RESUMO

O Granito Chaval tem sido estudado ao longo das últimas décadas como mostram várias
publicações, as quais, individualmente, tratam de diferentes tópicos de sua geologia. Dessa
constatação surgiu a ideia da compilação de parte dessas obras com o objetivo de estabelecer o
estado da arte sobre o conhecimento desse corpo ao que se adicionaram novas informações a
partir da análise de produtos de sensoriamento remoto. A pesquisa bibliográfica aos mais
variados tipos de publicações, a partir da internet, teve como ferramenta o software Adobe
Reader para a filtragem dos trabalhos encontrados. Uma contribuição para melhorar os aspectos
cartográficos do corpo utilizou a análise de imagem aerogamaespectrométrica, infelizmente
restrita, por insuficiência de dados, à porção do granito que ocorre na Folha Chaval. O Granito
Chaval é assim, uma rocha que aflora principalmente em forma de inselbergs, cuja classificação
petrográfica, o situa como granito, com extensão para os campos do monzogranito, sienito e
metamonzogranito, com duas texturas principais, ígnea (a oeste) e milonítica (a leste). O Chaval
é resultado da cristalização de um magma Neoproterozóico, o qual encerra uma grande
população de zircões herdados de litotipos Paleo a Mesoproterozóico, bem como registra a
influência de evento termal que levou a abertura do sistema mineral do corpo no Paleozóico. A
organização espacial no qual o corpo se estabelece é o da geometria-cinemática do domínio
Médio Coreaú, marcada por uma configuração de leques de rochas imbricadas com vergência
para o cráton São Luis. As interpretações sobre dados e informações compiladas nesse trabalho
reafirmam as observações apresentadas nos estudos já realizados. No entanto elas sugerem a
possibilidade de um detalhamento cartográfico, definindo a espacialidade de texturas, estruturas
tectogenas, diferenças composicionais e sítios mais destacados de influência de protólitos
quando da formação do magma gerador do corpo, o que pode trazer contribuições mais robustas
ao conhecimento sobre o Granito Chaval e a sua importância no contexto da evolução
geotectônica do Domínio Médio Coreaú.

Palavras-chave: Granito Chaval. Domínio Médio Coreaú. Estado da Arte.


Aerogamaespectrometria. Diferenças composicionais.
viii

ABSTRACT

The Chaval granite has been studied over the last decades as shown by several publications,
which individually deal with different topics of their geology. From this finding came the idea of
compiling some of these works with the objective of establishing the state of the art about the
knowledge of this body to which new information was added from the analysis of remote sensing
products. The bibliographical research to the most varied types of publications, from the internet,
had as a tool the Adobe Reader software for the filtering of the works found. A contribution to
improve the cartographic aspects of the body used the aerogammaspectrometry image analysis,
unfortunately restricted, due to insufficient data, to the portion of the granite that occurs in
Chaval Sheet. The Chaval granie is thus a rock that emerges mainly in the form of inselbergs,
whose petrographic classification, situates it as granite, extending to the fields of monzogranite,
syenite and metamonzogranite, with two main textures, igneous (to the west) and milonítica ( to
the east). The Chaval is the result of the crystallization of a Neoproterozoic magma, which
encloses a large population of zircons inherited from Paleo to Mesoproterozoic lithotypes, as
well as records the influence of thermal event that led to the opening of the body mineral system
in the Paleozoic. The spatial organization in which the body is established is that of the
kinematics geometry of the Médio Coreaú dominion, marked by a configuration of rocks fans
imbricated with vergence for the São Luis craton. The interpretations of data and information
compiled in this paper reaffirm the observations presented in the studies already carried out.
However, they suggest the possibility of a cartographic detailing, defining the spatiality of
textures, tectonic structures, compositional differences and more prominent sites of influence of
protoliths when the body's generating magma is formed, which can bring more robust
contributions to the knowledge about the Chaval granite and its importance in the context of geo-
tectonic evolution of the Médio Coreaú Domain.

Key-words: Chaval granite. Médio Coreaú Domain. State of art. Aerogammaspectrometry.


Compositional differences.
ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1.1 – Mapa de localização do Granito Chaval, região NW Ceará e NE do Piauí. Na


parte superior da imagem esta a posição dos estados do Ceará e Piauí dentro do
território brasileiro. Fonte: Do autor ........................................................................ 3
Figura 1.2 – Fluxograma sumarizando as seis etapas da metodologia aplicada para a pesquisa
de publicações sobre o Granito Chaval, desde as consultas iniciais nos trabalhos
relacionados a Província Borborema até os estudos finais que fazem referência
direta ao Chaval. Fonte: Do autor ............................................................................ 5
Figura 1.3 - Fluxograma de processamento de dados de gamaespectrometria. A imagem de
contagem total é separada em K, eU e eTh para então ser gerado o mapa de
composição ternário RGB, onde o branco indica ocorrência dos três
radioelementos e o preto a ausência dos três. Fonte: Baseado no fluxograma de
Silva (2014). ............................................................................................................ 6
Figura 2.1 - Separação da Província Borborema em domínios (Médio Coreaú, Cearense, Rio
Grande do Norte, Zona Transversal e Externo) e terrenos tectono-estratigráficos.
Fonte: Oliveira (2008). ............................................................................................ 8
Figura 2.2 – Mapa do Domínio Médio Coreaú, NW da Província Borborema. Percebe-se a
predominância do Complexo Granja e Grupo Martinópole. O Granito Chaval se
apresenta no extremo NW deste domínio. Fonte: Adaptado de Hasui (2011). ....... 9
Figura 3.1 – Folha Buriti dos Lopes (SA.24-Y-C-I) mapeada através Projeto Jaibaras , o
Granito Chaval é o corpo de cor marrom em NE do mapa. Fonte: Costa et al.
(1973)..................................................................................................................... 14
Figura 3.2 – Mapa da Folha Chaval (SA.24-Y-C-II) proposto pelo Projeto Jaibaras, com o
Granito Chaval em marrom no região NW do mapa. Fonte: Costa et al. (1973). . 15
Figura 3.3 – Seção geológica esquemática Chaval-Sobral proposta por Goraryeb e Lima
(2014) mostrando a relação do Granito Chaval com o Grupo Martinópole,
limitado pela zona de cisalhamento Santa Rosa. Fonte: Gorayeb & Lima (2014).
............................................................................................................................... 16
Figura 3.4 – Em A, Folha Fortaleza (SA.24) mapeada através do Programa Geologia do
Brasil. Em B, foco no Granito Chaval (em rosa). Fonte: Vasconcelos et al. (2004).
............................................................................................................................... 17
x

Figura 3.5 - Modelo esquemático da seção geológica de Camocim (CE) a Rosário (MA) com
base na análise de gravimetria, com Granito Chaval mais a B da seção. Fonte:
Jorge (2013). .......................................................................................................... 17
Figura 3.6 – Mapa geológico da região onde se localiza o Granito Chaval, digitalizado a
partir das Folhas Chaval (SA.24-Y-C-II) e Buriti dos Lopes (AS.24-Y-C-I)
publicadas no Projeto Jaibaras (1973). A NE têm-se os pontos estudados por
Nogueira (2013) e Oliveira (2016), a CO está a região estudada por Lima (1997).
............................................................................................................................... 18
Figura 3.7 – Imagens microscópicas do Granito Chaval. Em A nota-se a matriz granular
hipidiomórfica com cristais de microclínio com intercrescimento micropertítico.
Em B e C há intercrescimento mimerquítico. Em D ocorrem cristais de quartzo
sem recristalização em matriz granular hipidiomórfica. Em E têm-se cristais de
biotita subédricos. Por fim, em F percebe-se cristais de titanita formando
agregados com a biotita. Fonte: Adaptado de Nogueira (2013). ........................... 21
Figura 3.8 – Imagem das duas feições típicas do Granito Chaval. Em A o Chaval se apresenta
com estrutura primária de origem ígnea plutônica, nota-se os megacristais
tabulares de álcali feldspato. Já em B este granito se mostra com feições de
zoneamento oscilatório, em destaque ocorre álcali feldspato de comportamento
frágil-dúctil, levemente deformado. Fonte: Adaptado de Gorayeb & Lima (2014).
............................................................................................................................... 22
Figura 3.9 – Imagens microscópicas do granito Chaval mostrando as fácies biotita
metamonzogranito e muscovita metamonzogranito , respectivamente. Em A
ocorre quartzo recristalizado, policristalino, de extinção ondulante, agregados
microcristalinos. Em B percebe-se a foliação milonítica definida pelos cristais de
muscovita orientados. Fonte: Adaptado de Oliveira (2016). ................................. 23
Figura 3.10 – Imagem do Granito Chaval com enclave magmático bordeados por biotita e
anfibólio, podendo tal fenômeno ser resultado da mistura de magmas basálticos e
graníticos. Fonte: Gorayeb & Lima (2014). .......................................................... 25
Figura 3.11 – Representação gráfica da análise geoquímica do Granito Chaval, onde observa-
se a característica cálcio-alcalina desta rocha. Fonte: Aragão (2018). .................. 26
Figura 3.12 – Granito Chaval com foliação protomilonítica definida por porfiroclastos de K-
feldspato no sentido dextral com cisalhamento strike-slip. Fonte: Santos et al.
(2008)..................................................................................................................... 29
xi

Figura 3.13 – Mapa de domínios estruturais do Granito Chaval proposto por Gorayeb e Lima
(2014), com os domínios A e B, e subdomínios B1e B2. Fonte: Gorayeb & Lima
(2014)..................................................................................................................... 30
Figura 3.14 – Fotos panorâmicas de afloramentos do Granito Chaval no município de
Chaval/PI. Percebe-se o relevo em forma de inselbergs. Fonte: Do autor. ........... 31
Figura 3.15 – Fotos do Granito Chaval dentro dos limites da cidade de Chaval/PI. Em A e B
têm-se a ocorrência do sienogranito com fenocristais de plagioclásio. Em C nota-
se a coloração acinzentada da rocha, classificada como monzogranito. Em D há
ocorrência de veio félsico no sienogranito. Fonte: Do autor. ................................ 32
Figura 3.16 - Carta Cronoestratigráfica mostrando os métodos de datação geocronológicos
aplicados no Granito Chaval e as idades encontradas. Fonte: Do autor. ............... 33
Figura 3.17 – Mapa do Granito Chaval mostrando suas classificações e idades através de
dados coletados por diferentes autores através dos anos. Fonte: Do autor. ........... 34
Figura 4.1 – Variação nos teores médios de U e Th nas rochas ígneas em relação ao teor de
sílica. Fonte: Ribeiro et al. (2013). ........................................................................ 37
Figura 4.2 - Mapa de contagem total de radiação gama da Folha Chaval, adaptado do Projeto
aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o
mapeamento das Folhas Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do
autor. ...................................................................................................................... 40
Figura 4.3 - Mapa do teor do radioelemento tório da Folha Chaval, adaptado do Projeto
aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o
mapeamento das Folhas Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do
autor. ...................................................................................................................... 41
Figura 4.4 - Mapa do teor do radioelemento urânio da Folha Chaval, adaptado do Projeto
aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o
mapeamento das Folhas Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do
autor. ...................................................................................................................... 42
Figura 4.5 - Mapa do teor do radioelemento potássio da Folha Chaval, adaptado do Projeto
aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o
mapeamento das Folhas Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do
autor. ...................................................................................................................... 43
xii

Figura 4.6 - Mapa ternário da Folha Chaval, adaptado do Projeto aerogeofísico Norte do
Ceará. A Forma do Granito Chaval tem como base o mapeamento das Folhas
Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do autor. .......................... 44
Figura 4.7 - Mapa gamaespectrométrico da razão Th/K da Folha Chaval, adaptado do Projeto
aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o
mapeamento das Folhas Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do
autor. ...................................................................................................................... 46
Figura 4.8 - Mapa gamaespectrométrico da razão U/K da Folha Chaval, adaptado do Projeto
aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o
mapeamento das Folhas Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do
autor. ...................................................................................................................... 47
Figura 4.9 - Mapa gamaespectrométrico da razão U/Th da Folha Chaval, adaptado do Projeto
aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o
mapeamento das Folhas Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do
autor. ...................................................................................................................... 48
Figura 5.1 - Foco nos teores dos radioelementos K e Th, e nas razões U/K e Th/K em parte da
região NE do Granito Chaval. Nota-se uma abrupta variação nos teores desses
radioelementos, assim como suas razões, podendo tal fenômeno ser um indicador
de fonte magmática distinta. Fonte: Do autor ........................................................ 52
xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Tabela de classificação do Granito Chaval segundo os autores citados neste
tópico, com suas respectivas mineralogias principais. Fonte: Do autor. ............... 24
Tabela 3.2 – Idades encontradas para o Granito Chaval, com os autores que publicaram os
dados e seus respectivos métodos utilizados para tais resultados. Fonte: Do autor.
............................................................................................................................... 28
Tabela 4.1 – Variação da concentração média dos radioelementos em rochas e solos na
Austrália. Fonte: Ribeiro et al. (2013). .................................................................. 38
xiv

SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ......................................................................................................................iv

AGRADECIMENTOS .............................................................................................................v

EPÍGRAFE ..............................................................................................................................vi

RESUMO ................................................................................................................................vii

ABSTRACT ...........................................................................................................................viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ..................................................................................................ix

LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................xiii

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

1.1 APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 1

1.2 PROBLEMÁTICA DO TRABALHO ......................................................................... 1

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................ 2

1.4 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ...................................................................................... 2

1.5 METODOLOGIA DO TRABALHO .......................................................................... 3

2 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ..................................................................... 7

2.1 PROVÍNCIA BORBOREMA ..................................................................................... 7

2.1.1 Domínio Médio Coreaú ...................................................................................... 7

2.1.1.1 Embasamento ......................................................................................................9

2.1.1.2 Grupo Martinópole ...............................................................................................9

2.1.1.3 Grupo Ubajara ....................................................................................................10

2.1.1.4 Características estruturais e tectônicas do Domínio Médio Coreaú ...................10

2.1.1.5 Granitogênese no Domínio Médio Coreaú ........................................................11

2.1.2 Domínio Ceará Central .................................................................................... 12

2.1.3 Domínio Rio Grande do Norte ........................................................................ 12

2.1.4 Domínio da Zona Transversal ......................................................................... 13

2.1.5 Domínio Externo ............................................................................................... 13

3 GRANITO CHAVAL: ESTADO DA ARTE ................................................................ 14


xv

3.1 FORMA E OCORRÊNCIA ....................................................................................... 14

3.2 PETROGRAFIA DO GRANITO CHAVAL ............................................................ 19

3.3 GEOQUÍMICA DO GRANITO CHAVAL .............................................................. 24

3.4 GEOCRONOLOGIA DO GRANITO CHAVAL ..................................................... 26

3.5 GEOLOGIA ESTRUTURAL DO GRANITO CHAVAL ........................................ 27

3.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTADO DA ARTE DA GEOLOGIA DO


GRANITO CHAVAL .............................................................................................................. 30

4 ANÁLISE DO GRANITO CHAVAL POR GAMAESPECTROMETRIA .............. 35

4.1 GAMAESPECTROMETRIA .................................................................................... 35

4.2 OCORRÊNCIA DOS RADIOELEMENTOS K, U E TH ........................................ 35

4.3 GAMAESPECTROMETRIA DO GRANITO CHAVAL ........................................ 38

4.4 INTERSEÇÃO DO ESTADO DA ARTE DO GRANITO CHAVAL E SUA


ANÁLISE GAMAESPECTROMÉTRICA .............................................................................. 49

5 GRANITO CHAVAL: UMA PROPOSTA INTEGRATIVA - CONCLUSÕES ...... 50

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 54
1

INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

O Granito Chaval é um corpo rochoso localizado no contexto geológico do Noroeste


da Província Borborema, no Domínio Médio Coreaú, na região limítrofe dos estados do Piauí
e Ceará, nas Folhas Buriti dos Lopes e Chaval, o qual vem sendo estudado desde a década de
1970. O grande número de publicações sobre este granito compreende uma variedade de
dados e informações, os quais vêm sendo gerados ao longo dos anos.

Neste Trabalho de Conclusão Curso é feito uma apreciação sobre o estado da arte
acerca do conhecimento relativo ao Granito Chaval. As informações dizem respeito
principalmente à petrografia, geoquímica, geocronologia e geologia estrutural deste corpo. Os
dados, sempre que disponibilizado pelos autores, são espacializadas, geograficamente.

Também é empregada neste estudo a análise de imagem de gamaespectrometria,


aplicada somente à porção do corpo referente a Folha Chaval, uma vez que não se tem dados
da parte oeste do granito. Foi observado o comportamento dos radioelementos K, U e Th, e a
partir deles gerado interpretações sobre diferentes aspectos desse corpo.

Assim, nesse trabalho, se faz a integração de informações a partir da análise do estado


da arte do conhecimento, bem como da analise de imagens aéreas sobre o Granito Chaval,
para assim, chegar a discussão sobre a sua geologia nos campos da ocorrência, petrografia,
geoquímica, geocronologia e dados estruturais. Servindo como um compilado do estado da
arte sobre o Chaval até a concretização deste trabalho e como base para futuras pesquisas na
região em que o granito se encontra.

1.2 PROBLEMÁTICA DO TRABALHO

O mapeamento geológico da área de ocorrência do Granito Chaval foi realizado


primeiramente pela CPRM, como parte do Projeto Jaibaras, em 1973. Desde então, muitos
estudos foram realizados neste corpo granítico com enfoque em vários aspectos da sua
geologia (petrologia, geocronologia, geologia estrutural, entre outros), ensejando uma grande
variedade de dados publicados, de cuja pluralidade nasceu a iniciativa de se realizar uma
compilação deste conhecimento, assim como o cruzamento destas informações.
2

Há ainda, uma carência da aplicação de técnicas modernas de mapeamento, como a


gamaespectrometria, no estudo do Granito Chaval, para obter novas informações, ou mesmo
ratificar os dados geológicos já conhecidos.

1.3 OBJETIVOS

O principal objetivo deste estudo é fazer uma compilação dos dados já publicados
sobre o Granito Chaval e associa-los, criando assim, um banco de dados sobre o corpo, ao que
se associa uma análise de dados gamaespectrométricos deste granito, na área de cobertura da
Folha Chaval.

Os objetivos específicos incluem:

 Pesquisar dados do Granito Chaval na literatura;


 Fazer levantamento sobre a petrografia, geoquímica, geocronologia e geologia
estrutural do granito Chaval;
 Cruzar informações publicadas por diferentes autores;
 Fazer levantamento dos mapas do Granito Chaval já publicados;
 Fazer análise gamaespectrométrica do Granito Chaval na Folha homônima.

1.4 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA

O Granito Chaval está localizado na porção nordeste do Estado do Ceará – extremo


norte do estado do Piauí, dentro das Folhas Chaval e Buriti dos Lopes. Devido a sua grande
extensão territorial, este corpo está presente no espaço geográfico de diferentes municípios,
sendo estes Chaval, Carneiro, Camurupim, Campos e Bom Princípio do Piauí. A BR-402, um
dos principais acessos às áreas de ocorrência do corpo, o recorta transversalmente, na direção
E-W.
3

Figura 1.1 – Mapa de localização do Granito Chaval dentro do território brasileiro, com foco no noroeste da região nordeste
do Brasil . O granito se encontra na região NW Ceará e NE do Piauí. Fonte: Do autor

1.5 METODOLOGIA DO TRABALHO

Os procedimentos metodológicos utilizados no trabalho foram divididos em duas


partes: a pesquisa bibliográfica e sistematização de dados a partir da literatura para
levantamento do estado da arte; e uso de dados de sensoriamento remoto para elaboração de
mapas.

De acordo com Köche (2011) o objetivo da pesquisa bibliográfica é avançar no


conhecimento e analisar as contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema.
Assim, pode ser utilizada para diferentes fins, entre eles está a função de descrever ou
sistematizar o estado da arte, daquele momento, pertinente a um determinado tema ou
problema.

Corrêa et al. (2013) classifica a revisão bibliográfica em três tipos: narrativa,


integrativa e sistemática. Neste trabalho será aplicado o método integrativo. Este método
funciona por meio de uma metodologia pré-estabelecida, com critérios de inclusão e exclusão
4

dos textos analisados, sendo observadas publicações de diversos delineamentos, ocorrendo


assim à integração de vários conceitos e resultados.

Dentro desta metodologia, será utilizado aqui o método multicritério proposto por
Treinta et al. (2014). Neste processo é formada uma base de dados preliminar bruta, sendo
esta dos mais variados tipos de publicações (livros, artigos, resumos, entre outros). A partir
desta base de dados aplicam-se filtros para chegar a dados convergentes com os objetivos da
pesquisa.

Para o levantamento da base de dados bruta foi feito pesquisa tanto em meio digital,
como impresso pelo termo “Província Borborema”. A partir destes dados foi aplicado o
primeiro filtro, utilizando o software Adobe Reader foi feito busca pelo termo “Domínio
Médio Coreaú”. Por fim, fez-se pesquisa sobre o Granito Chaval, usando a mesma ferramenta
citada anteriormente.

Como resultado deste procedimento foi criado um conjunto de publicações das mais
diferentes vertentes (artigos, teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso, entre outros)
que sejam focadas diretamente no estudo do Granito Chaval, ou que tenha referências a este
de forma secundaria.

Finalizada a etapa que foca no estado da arte relativo ao Granito Chaval, foi feito
análise de aerogamaespectrometria deste corpo rochoso. As imagens de gamaespectrometria
analisadas neste estudo têm como fonte a CPRM, a qual torna público tais imagens por meio
do Programa Geologia do Brasil, Projeto Aerogeofísico Norte do Ceará (2009). O
levantamento foi feito no Norte do Estado do Ceará. Esta análise se deu através de perfis
aeromagnetométrico e aerogamaespectrométricos, sendo as linhas de voo direcionadas
segundo N-S e E-W com os respectivos espaços entre as linhas de voo de 0,5 km e 10 km, o
qual teve altura de 100 m.

Silva (2014) detalha o processo pós-aquisição dos dados aerogamaespectrométricos.


Primeiramente, os valores dos canais dos radioelementos U, Th e K são corrigidos. Então,
estes dados são homogeneizados para em seguida serem gerados mapas de cada canal, para
então chegar-se ao produto final: o mapa de composição ternário RGB. Neste mapa cada
elemento recebe uma cor primária (vermelho, verde e azul), formando um mapa colorido, no
qual o número digital de cada pixel varia de acordo com a proporção apresentada dos
radioelementos em questão (Fig. 1.3).
5

O Granito Chaval mapeado no Projeto Jaibaras foi sobreposto aos mapas de imagem
gamaespectrométrica. A partir desta junção foram analisadas diferentes questões sobre esta
rocha, sendo principalmente a sua composição e forma.

Por fim, foi feito cruzamento do estado da arte do Granito Chaval com as análises de
gamaespectrometria, afim de não somente retificar as informações geológicas já conhecidas
deste corpo, mas também de levar a novas conclusões e levantar novas discussões.

Figura 1.2 – Fluxograma sumarizando as seis etapas da metodologia aplicada para a pesquisa de publicações sobre o Granito
Chaval, desde as consultas iniciais nos trabalhos relacionados a Província Borborema até os estudos finais que fazem
referência direta ao Chaval. Fonte: Do autor
6

Figura 1.3 - Fluxograma de processamento de dados de gamaespectrometria. A imagem de contagem total é separada em K,
eU e eTh para então ser gerado o mapa de composição ternário RGB, onde o branco indica ocorrência dos três
radioelementos e o preto a ausência dos três. Fonte: Baseado no fluxograma de Silva (2014).
7

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

2.1 PROVÍNCIA BORBOREMA

A Província Borborema (PB) está localizada a nordeste do Brasil. Recobre os


territórios dos estados de Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Sergipe e parte da Bahia.
De acordo com Almeida et al (1981) ela coincide com o Cinturão de Dobramento Nordeste, o
qual se desenvolveu durante o Ciclo Brasiliano. Para Santos et al. (2004) a Província
Borborema tem cerca de 450.000 km².

Hasui (2012) afirma que esta província se limita a oeste com a Bacia do Parnaíba, a
sul com o Cráton São Francisco, a leste pela Província da Margem Continental Leste e a norte
pela Província de Margem Continental Equatorial. Este mesmo autor diz que a Província
Borborema é um aglomerado de porções do embasamento, microcontinentes e faixas
orogênicas do Arqueano ao Neoproterozóico, separadas por zonas de cisalhamento
transcorrente e de empurrão. São as feições transcorrentes mais expressivas, os lineamentos
Patos e Pernambuco.

A PB é subdividida em cinco domínios, sendo estes o Domínio Médio Coreaú, Ceará


Central, rio Grande do Norte, zonas transversal e externo (Fig. 2.1). De acordo com Peulvast
& Betard (2015), essa subdivisão é feita com base nas zonas de cisalhamento, as quais têm
um trend EW e NE.

2.1.1 Domínio Médio Coreaú

É dentro do contexto do Domínio Médio Coreaú (Fig. 2.2) que se encontra o Granito
Chaval. Este Domínio está localizado no extremo NE da PB, a norte limita-se ao Cráton São
Luís, a sul estende até o Domínio Ceará Central e a oeste termina junto a Bacia do Parnaíba
(Mendizábal 2013). De acordo com Santos et al. (2004) o embasamento do Médio Coreaú é
formado por gnaisses. Estas formações do embasamento foram, durante a Orogenia
Brasiliana, intrudidas por granitoides sin e pós-tectônicos. Sobrepostos ao embasamento estão
as sequências supracrustais dos grupos Ubajara e Martinópole (ambos Neoproterozóicos).
8

Figura 2.1 - Classificação da Província Borborema em domínios (Médio Coreaú, Cearense, Rio Grande do Norte, Zona
Transversal e Externo) e terrenos tectono-estratigráficos. Fonte: Brito Neves (2008).
9

Figura 2.2 – Mapa do Domínio Médio Coreaú, NW da Província Borborema. Percebe-se a predominância do Complexo
Granja e Grupo Martinópole. O Granito Chaval se apresenta no extremo NW deste domínio. Fonte: Adaptado de Hasui
(2011).

2.1.1.1 Embasamento

De acordo com Fetter et al. (2004) o embasamento do Domínio Médio Coreaú é


formado por um complexo de rochas de alto grau, onde predominam ortognaisses com
afinidade tonalitica-trondhjemitica-granodioritica, anfibolitos, anfibólio gnaisses,
leucogranitos, granulitos e ainda leptinititos, enderbitos, migmatitos e kinzigitos.

Datações usando métodos U-Pb e Sm-Nd feitas por Fetter et al. (1995, 2000)
indicam idades de 2.36-2.3 Ga, o que os coloca no Paleoproterozoico Iinferior. Sendo suas
idades modelo entre 2.61-2.38 Ga e com valores de ƐNd positivos, conclui-se que estas rochas
representam crosta juvenil, possivelmente gerada em ambiente de arc-type.

2.1.1.2 Grupo Martinópole

O Grupo Martinópole é, conforme Fetter et al. (2004), constituído de quatro


formações: Goiabeira, São Joaquim, Covão e Santa Terezinha. Estas formações foram
submetidas a vários graus de metamorfismo durante a orogenia Brasiliano.
10

Em contato tectônico com embasamento está a Formação Goiabeira. Este conjunto


de rochas é constituído por biotita xisto, granada-clorita xisto, granada-biotita xisto,
muscovita-clorita xisto, estaurolita xisto, cianita xisto e quartzo-feldspato paragnaisses. A
assembleia mineral dessas rochas indicam fácies metamórfica anfibolito barroviana (Fetter et
al., 2004).

A Formação São Joaquim é composta por rochas calciosilicáticas e metavulcânicas, e


intercalações de quartzito com xisto, com predominância do primeiro. O pico metamórfico
desta formação é registrado pela presença de silimanita, apontando para a fácies metamórfica
anfibolito intermediário (Fetter et al., 2004).

A Formação Covão se caracteriza por uma sequencia de quartzitos e xistos


intercalados, com predominância do segundo, sendo este um muscovita-quartzo-sericita-
clorita xisto. As características microtectônicas observadas no quartzito somadas a paragênese
do xisto indicam fácies metamórfica prenita-pumpeleita a xisto verde (Fetter et al., 2004).

A Formação Santa Terezinha consiste de xistos, metapelitos, carbonatos associados a


grauvacas, ritmitos e quartzitos intercalados com metariolitos (Fetter et al, 2004). Datações de
U-Pb em zircão realizadas por Fetter et al. (1997) nos riolitos, indicam vulcanismo e
sedimentação em 775 +- 11 Ma.

2.1.1.3 Grupo Ubajara

O Grupo Ubajara é uma unidade metassedimentar, onde se observam as formações


Frecheirinha, Coreaú, Traipiá e Caiçaras. Sendo a primeira composta por calcários, margas,
siltitos e arenitos. A segunda é formada por arenitos arcosianos, grauvacas e conglomerados.
A terceira é constituída por arenitos e arenitos conglomeráticos. E a quarta é caracterizada por
ardósias, arenitos e siltitos (Hasui, 2012).

Fetter et al. (2004) consideram as formações Trapiá e Frecheirinha uma só, citando a
ocorrência da sequência vulcano-sedimentar entre as formações Caiçaras e Trapiá-
Frecherinha. Esta sequência é uma ocorrência de rochas vulcânicas félsicas a intermediarias,
onde observa-se traqui-andesitos, riodacitos, riolitos, brechas vulcânicas e tufos.
11

Datações pelo método U-Pb foram feitas em rochas metarioliticas da sequencia


vulcano-sedimentar, indicando idades de 1785 +- 2 Ma, considerada a idade de cristalização
(Fetter et al., 2004).

2.1.1.4 Características estruturais e tectônicas do Domínio Médio Coreaú

Conforme Santos et al. (2004), o primeiro evento tectônico a ocorrer no Domínio


Médio Coreaú afetou somente as rochas do embasamento, preservando uma foliação de
mergulho SE e baixo ângulo. O segundo evento é caracterizado por foliações de mergulho SE
de baixo a médio ângulo, com lineações SE. O terceiro evento tectônico desenvolveu a grande
zona de cisalhamento e indicadores cinemáticos como mica-fish e feldspatos assimétricos. E
por fim, o quarto evento é uma fase deformacional relacionada a movimentos
transpressionais.

2.1.1.5 Granitogênese no Domínio Médio Coreaú

A formação de granitoides na região do Domínio Médio Coreaú, assim como na PB


em geral, está diretamente relacionada ao Evento Orogênico Brasiliano. Brito Neves et al.
(2003) diz que este ciclo orogênico é caracterizado pela formação de fragmentos litosféricos
oriundos da fissão diacrônica do Supercontinente Gondwana, levando ao fechamento de
paleoceanos e resultando na formação dos orógenos.

A granitogênese Brasiliana na PB ocorreu em quatro momentos de pulso de


magmático, divididos por Hasui (2012) nas seguintes suítes: pré- a sintecteônicas (Tamboril-
Santa Quitéria, Rajada e Garrote-Serra Negra), sin- a tarditectônicas (Conceição, Itaporanga,
Chaval, Catingueira e Serrita), tardi- a pós-tectônicas (Teixeira-Solidão, Esperança, Triunfo,
Salgueiro Leste-Terra Nova, Xingó, Serra da Aldeia e Cabloco) e pós-tectônicas (Umarizal e
Prata).

Hasui (2012) enfatiza ainda que as suítes pré- a sintecteônicas foram gnaissificadas e
constituem parte de jazimento estratoide. Nas suítes sin- a tarditectônicas há ocorrência de
enclaves máficos no Grupo Cachoeirinha e Complexo Salgueiro-Riacho Gravatá, sendo as
demais porfiríticas. E as suítes pós-tectônicas são subalcalinas a alcalinas.
12

2.1.2 Domínio Ceará Central

O Domínio Ceara Central posiciona-se entre as zonas de cisalhamento Sobral-Pedro


II ( Lineamento Transbrasiliano) e a de Senador Pompeu, onde se limita com o Domínio Rio
Grande do Norte. Tem um embasamento constituído por ortognaisses, de composição
tonalítica a grandiorítica, granitos migmatíticos, e migmatitos, e restos de anfibolitos e
metassedimentos de cinturões greenbelts anteriores (porção sul do Ceará), de idade
paleoproterozoica, porém, representando produtos retrabalhados de um embasamento,
principalmente Arqueano (Peulvast & Bètard 2015). Dados de Sm-Nd indicam que parte do
embasamento Paleoproterozoico é característico de crosta juvenil (Neves 2003).

A orientação geral das estruturas internas observadas nas rochas, assim como seus
alongamentos, seguem a direção geral NE, observada nas porções norte e sudeste (Hasui,
2012). Entretanto, na região próxima ao batólito Tamboril-Santa Quitéria, assim como nas
regiões oeste e nordeste, há desvios significativos para direções variadas. Ainda de acordo
com Hasui (2012), na sua maioria, as foliações e contatos destas rochas apresentam
mergulhos de baixo a médio ângulo e próximo as zonas de cisalhamento transcorrente tendem
a se distorcer em função do deslocamento, adquirindo posturas verticalizadas.

2.1.3 Domínio Rio Grande do Norte

Dispostos entre a zona de cisalhamento Senador Pompeu e o lineamento Patos, há


uma série de blocos que recebem diferentes designações conforme alguns autores, porém o
presente trabalho trata as subdivisões de Hasui (2012) como subdomínios, envolvidos pelo
domínio maior Rio Grande do Norte.

De acordo com Hasui (2012), o alongamento dos corpos litológicos deste domínio,
assim como suas estruturas internas e zonas de cisalhamento apresentam um padrão
geométrico que acompanham a geometria geral de arco com convexidade voltada para
noroeste, constituídos de lascas lentiformes e sigmoides justapostos.
13

2.1.4 Domínio da Zona Transversal

Ocorre principalmente nos estados da Paraíba e Pernambuco, delimitado pelos


lineamentos Patos e Pernambuco. Conforme Hasui (2012), este domínio é compartimentado
em 6 subdomínios, sendo eles: 1) Domínio Cachoeirinha, o qual apresenta um embasamento
Paleoproterozoico, formado durante o Ciclo Transamazônico, com rochas supracrustais e
granitoides derivadas do Ciclo Brasiliano; 2) e 3) domínios Itaizinho e Icaiçaras que
correspondem a núcleos de rochas paleoproterozoicas e granitoides brasilianos; 4) Domínio
Alto Pajeú constituído por supracrustais e granitoides derivados do Evento Cariris Velho; o 5)
Domínio Alto Moxotó é formado por rochas transamazônicas e o 6) Domínio Rio Capibaribe
apresentando supracrustais brasilianas.

Estruturas regionais de direção E-W a NE-SW tornam-se dominantes nas porções


norte e sul deste domínio, assim como a curvatura de estruturas desta zona indica
deslocamento transcorrente dextral ao longo das zonas de cisalhamento Patos e Pernambuco
(Ebert 1962, 1970 apud Van Schmus et al. 2011).

2.1.5 Domínio Externo

Ao sul do lineamento Pernambuco até o Cráton São Francisco tem-se o Domínio Sul
ou Externo, composta por três principais subdomínios (Van Schmus et al., 2011): Riacho do
Pontal, Pernambuco-Alagoas e Sergipano.

O Subdomínio Riacho do Pontal (DRP) consiste em sequências supracrustais


metassedimentares e metavulcânicas com granitoides do Brasiliano e alguns gnaisses mais
antigos. O Subdomínio Pernambuco-Alagoas localiza-se a leste do DRP e é caracterizado por
uma ampla região constituída de gnaisses de alto grau, migmatitos e granitoides do ciclo
Brasiliano, que atuou como um grande maciço estrutural durante a deformação tardia do
Brasiliano. Ao Sul deste domínio, tem-se o Subdomínio Sergipano, composto por vários
blocos/subdomínios e que se estendem em direção à leste, da Plataforma Sul-americana, até o
noroeste africano (Trompette 1997, 2000 apud Oliveira et al. 2010). Esta é constituída por
unidades metassedimentares e metavulcanossedimentares, de idade neoproterozoica, da Faixa
Sergipana, embora a estratigrafia desta não seja muito bem definida e consensual (Hasui
2012).
14

GRANITO CHAVAL: ESTADO DA ARTE

3.1 FORMA E OCORRÊNCIA:

Em 1973, no Projeto Jaibaras, Costa et al. foram os primeiros a citar as rochas da


região de Chaval (CE) com formas de relevo tipo inselbergs arredondados, os quais foram
apresentados como granitos grosseiros e denominados de granitoides tipo Chaval.
Geograficamente, se encontra a sudeste da falha Santa Rosa na Folha Chaval (SA.24-Y-C-II)
(Fig. 3.2), adentrando a Folha Buriti dos Lopes (SA.24-Y-C-I) (Fig. 3.1). À norte, seus
afloramentos se limitam pelas coberturas cenozoicas.

Figura 3.1 – Folha Buriti dos Lopes (SA.24-Y-C-I) mapeada através Projeto Jaibaras , o Granito Chaval é o corpo de cor
marrom em NE do mapa. Fonte: Costa et al. (1973).
15

Figura 3.2 – Mapa da Folha Chaval (SA.24-Y-C-II) proposto pelo Projeto Jaibaras, com o Granito Chaval em marrom no
região NW do mapa. Fonte: Costa et al. (1973).

Abreu (1990) se refere ao Granito Chaval como um corpo granitoide de dimensões


batolíticas, limitado a sudeste pela Zona de Cisalhamento Santa Rosa, justaposto às rochas
gnáissico-migmatítico-granulíticas de Granja-Senador Sá.

Gorayeb & Lima (2014) relatam que o Granito Chaval é um batólito de cerca de
2.000 km², o qual aflora principalmente em drenagens e morros de baixa expressão
topográfica, com altitudes de até 350 m. A norte tem uma considerável porção coberta por
depósitos cenozoicos costeiros. Ao se distanciar da costa, o Chaval se mostra em morros e
serras de topos abaulados. Tem relação intrusiva com os ortognaisses tonalíticos e
16

granodioríticos do Complexo Granja, no flanco Leste se apresentam intrusivos nos granada-


biotita xistos e quartzitos do Grupo Matinópole (Fig 3.3).

Figura 3.3 – Seção geológica esquemática Chaval-Sobral proposta por Goraryeb e Lima (2014) mostrando a relação do
Granito Chaval com o Grupo Martinópole, limitado pela zona de cisalhamento Santa Rosa. Fonte: Gorayeb & Lima (2014).

Em 2004, através do Programa Geologia do Brasil, foi feito, pela CPRM,


mapeamento da Folha Fortaleza (Folha SA.24) na escala de 1:1.000.000, incluindo a área
onde se localiza o granito Chaval (Fig. 3.4). No entanto, há poucas alterações em relação as
formas do Granito Chaval apresentado no Projeto Jaibaras, sendo perceptível um
arredondamento nas extremidades do corpo, com perca de detalhes, devido a escala adotada.

Percebe-se que grande parte dos autores estudou o Granito Chaval como um todo,
adotando resultados generalistas em relação à localização geográficas das análises realizadas.
No entanto, há alguns autores que indicam a região em que a análise foi realizada ou até
mesmo apontam as coordenadas dos pontos estudados, como foi feito por Lima (1997),
Nogueira (2013) e Oliveira (2016), a localização das áreas estudadas por estas autoras estão
na figura 3.6.

Foi elaborado por Jorge (2013) um perfil geológico, com base em análise
gravimétrica desde Camocim (CE) até Rosário (MA) (Fig. 3.5). Este perfil corta o Granito
Chaval ao longo da direção W-E, logo, através da observação deste perfil podem-se conhecer
os limites leste e oeste do Chaval. Assim, têm-se que no limite W o Chaval faz contato com as
rochas do embasamento do cráton São Luis, além de rochas sedimentares da bacia do
Parnaíba. Já para leste, o Chaval se limita nas rochas do embasamento do Domínio Médio
Coreaú, Complexo Granja.
17

Figura 3.4 – Em A, Folha Fortaleza (SA.24) mapeada através do Programa Geologia do Brasil. Em B, foco no Granito
Chaval (em rosa). Fonte: Vasconcelos et al. (2004).

Figura 3.5 - Modelo esquemático da seção geológica de Camocim (CE) a Rosário (MA) com base na análise de gravimetria,
com Granito Chaval mais a B da seção. Fonte: Jorge (2013).
18

Figura 3.6 – Mapa geológico da região onde se localiza o granito Chaval, digitalizado a partir das Folhas Chaval (SA.24-Y-C-II) e Buriti dos Lopes (AS.24-Y-C-I) publicadas no Projeto Jaibaras (1973). A
NE têm-se os pontos estudados por Nogueira (2013) e Oliveira (2016), a CO está a região estudada por Lima (1997).
19

3.2 PETROGRAFIA DO GRANITO CHAVAL

Costa et al. (1973) descreve petrograficamente o granitoide tipo Chaval como


porfiróide grosseiro, mesocrático, com profiroblastos de feldspato de até 5 cm, distribuídos
aleatoriamente em uma matriz escura de biotita, quartzo e feldspato. É ainda observado
textura mimerquítica.

Abreu (1990) diz que, em visão regional, o corpo do Granito Chaval apresenta
variações no tamanho dos minerais e na orientação destes, podendo ser observado porções
com cristais orientados ou não. Este autor classifica o Chaval como quartzo-monzogranito,
granodiorito e quartzo-sienito. Há porções com perceptível orientação dos cristais, não muito
grandes, os quais tiveram seu tamanho reduzido por processos de deformação, nas porções
com menor deformação, há a ocorrência de fenocristais de feldspato.

Para Abreu (1990) podem ser observadas duas fácies distintas no granitoide Chaval,
fácies porfirítica e fácies milonítica. A primeira apresenta uma matriz média a grossa,
suportando megacristais de microclínio (de até 15 cm). Na matriz se destacam anfibólio,
biotita e quartzo, com formas idiomórficas a subdiomórficas. Também ocorrem segregações
de cristais máficos. A fácies milonítica ocorre nas porções onde há deformação. Já em regiões
que se percebe o processo de redução dos grãos, a matriz é fina a média, sendo perceptível a
ocorrência de milonitização em alguns trechos. Ainda segundo Abreu (1990) nas
proximidades das faixas de cisalhamento os contatos entre a fácies milonítica e porfirítica são
bruscos.

De acordo com Lima (1997), de uma forma geral, a porção não deformada do
Granito Chaval é uma rocha fanerítica, grossa, cinza claro, leucocrática, de textura porfirítica
marcante, com um conjunto mineral formado por quartzo, microclina, plagioclásio e biotita.
São caracterizados dois litotipos o biotita-microclina granito e o monzogranito porfirítico.
Podem ser observado no microclina-quartzo sienito, variações composicionais localizadas,
pois há porções mais félsicas onde se notam fenocristais de álcali-feldspato acumulados,
ocupando cerca de 90% da rocha. No entanto, também são observadas porções menos
félsicas.

Lima (1997) diz também que na região do município de Bom Princípio (PI) foram
observados três fácies no Granito Chaval, as quais são microclina granito, monzogranito e
20

quartzo sienito. A primeira tem coloração róseo-acinzentada, de matriz composta por álcali-
feldspato, quartzo e plagioclásio, com fenocristais de microclina, podendo ter mais que 10 cm.
A fácies monzogranito tem coloração cinza-esbranquiçada, de matriz hipidiomórfica
composta por quartzo, plagioclásio, biotita e microclina, com fenocristais de microclina e
plagioclásio. Por fim, a fácies quartzo sienito é mais esbranquiçada, enriquecida em álcali-
feldspato e empobrecida em quartzo, chegando a apresentar 97% de microclina.

Para Delgado et al. (2003) a formação do Granito Chaval se deu por uma supersuíte
intrusiva sin a tardiorogênica. Esta suíte é composta principalmente por granodiorito, com
litofácies quartzo-monzonito e quartzo-sienito. Apresenta também foliação milonítica em suas
bordas.

Segundo Santos et al. (2008) o Granito Chaval é uma intrusão sinorogênica e com
fortes indícios de cisalhamento. Este pluton intrudiu o embasamento Granja e o Grupo
Martinópole, com afinidade crustal e composição abrangendo granito, granodiorito, quartzo
monzonito e quartzo sienito porfirítico.

Nogueira (2013) apresenta o Granito Chaval como uma rocha leucocrática, cinza
levemente rosada, inequigranular grossa, hipidiomórfica. A matriz é porfirítica com
fenocristais de álcali-feldspato. Composta por feldspato (microclínio), plagioclásio, quartzo e
biotita. Esta autora identificou o Chaval como biotita monzogranito e biotita sienogranito
porfirítico. Na figura 3.7 há mais observações microscópicas feitas por esta mesma autora.

O biotita sienogranito porfirítico é isotrópico com cristais de até 6 cm, de textura


porfirítica e matriz fanerítica grossa. A assembleia mineral predominante é formada por álcali
feldspato, plagioclásio, quartzo e biotita. A partir da análise microscópica foi observado
também matriz granular hipidiomórfica. Como minerais acessórios ocorrem titanita, apatita,
zircão e opacos (Nogueira 2013).

O biotita monzogranito apresenta foliação milonítica marcada pelo estiramento dos


minerais. É composto por plagioclásio, álcali feldspato, quartzo e biotita. Com base na análise
microscópica observou-se textura granoblástica. Os minerais acessórios são titanita, epídoto,
apatita, zircão e opacos (Nogueira 2013).
21

Figura 3.7 – Imagens microscópicas do Granito Chaval. Em A destacamos a matriz granular hipidiomórfica com cristais de
microclínio com intercrescimento micropertítico. Em B e C há intercrescimento mimerquítico. Em D ocorrem cristais de
quartzo sem recristalização em matriz granular hipidiomórfica. Em E têm-se cristais de biotita subédricos. Por fim, em F
percebe-se cristais de titanita formando agregados com a biotita. Fonte: Adaptado de Nogueira (2013).

Em continuidade as afirmações de Nogueira (2013) é possível estabelecer uma


sequência de cristalização para o Chaval. A princípio houve a formação dos minerais
acessórios, como por exemplo, o zircão, seguidos pela cristalização do plagioclásio e
microclínio, os quais tiveram sua gênese em um magma de baixa razão cristal/líquido,
proporcionando o crescimento dos fenocristais. Em outro momento de cristalização mais lenta
e a razão cristal/líquido é mais alta, formando a matriz fanerítica.
22

Concordantemente com Gorayeb & Lima (2014), o Granito Chaval se apresenta em


duas porções distintas, sendo uma com feições tipicamente plutônicas (região central a oeste)
e outras com registros de deformação cisalhante (central ao leste) (Fig. 3.8). Pode-se afirmar
que na porção com feições plutônicas, o Chaval se apresenta megaporfirítico, matriz fanerítica
grossa, cinza e leucocrático; com predominância de fenocristais de K-feldspato euédricos, os
quais definem uma foliação de fluxo magmático. As rochas deste batólito foram classificadas
como hornblenda-biotita monzogranito porfirítico, biotita-microclina granito porfirítico,
quartzo-microclina sienito cumulado e biotita sienogranito.

Figura 3.8 – Imagem das duas feições típicas do Granito Chaval. Em A o Chaval se apresenta com estrutura primária de
origem ígnea plutônica, nota-se os megacristais tabulares de álcali feldspato. Já em B este granito se mostra com feições de
zoneamento oscilatório, em destaque ocorre álcali feldspato de comportamento frágil-dúctil, levemente deformado. Fonte:
Adaptado de Gorayeb & Lima (2014).

Gorayeb & Lima (2014) dizem que por consequência do fluxo magmático há
ocorrência de alinhamento preferencial de megacristais euédricos de K-feldspato em matriz
grossa, ocorrendo também acumulação de cristais de K-feldspato, causados pela migração dos
movimentos convectivos do magma residual. Há variações composicionais e granulométricas
no acamamento e bandamento magmático. Ainda, ocorrem pegmatitos.

Para Gorayeb & Lima (2014) nas porções em que o Chaval se apresenta deformado,
quanto mais a leste, o granito vai se mostrando em tons de cinza mais escuros, e apesar deste
permanecer porfiróide, há uma diminuição no tamanho dos cristais, tornando-se notório uma
trama milonítica, com porfiroclastos de K-feldspato e biotita amendoados e fitas de quartzo.

Conforme Oliveira (2016) o Granito Chaval, na pedreira São Domingos, é uma rocha
porfirítica e holocristalina, de coloração branca acinzentada com matriz levemente orientada.
Fenocristais centimétricos são cercados por matriz fanerítica. A mineralogia dominante é
composta por feldspato, biotita e quartzo. A rocha apresenta ainda veios pegmatíticos de
23

granulação muito grossa, com muscovita, turmalina e berilo. Contém também veios apliticos
de cor amarela-rosada, granulação fina e composição sienítica.

Oliveira (2016), com base em análise mesoscópica e microscópica, apresenta duas


fácies para o Granito Chaval, biotita metamonzogranito e muscovita metamonzogranito (Fig.
3.9).

Figura 3.9 – Imagens microscópicas do Granito Chaval mostrando as fácies biotita metamonzogranito e muscovita
metamonzogranito , respectivamente. Em A ocorre quartzo recristalizado, policristalino, de extinção ondulante, agregados
microcristalinos. Em B percebe-se a foliação milonítica definida pelos cristais de muscovita orientados. Fonte: Adaptado de
Oliveira (2016).

Com base na observação macroscópica, o biotita metamonzogranito é porfirítico com


matriz fanerítica, holocristalina, melanocrática (cinza claro). É composta por plagioclásio,
quartzo, álcali feldspato, biotita e outros minerais máficos. O feldspato ocorre em fenocristais
e na matriz. Na forma de fenocristais eles são subédricos a euédricos, na matriz eles são
anédricos a subédricos. Já microscopicamente, se observam plagioclásio, microclínio, quartzo
e biotita. Como minerais acessórios ocorrem apatita, muscovita, allanita, zircão e opacos.
Nota-se foliação bem desenvolvida em uma matriz milonítica. A foliação é definida
principalmente pelo quartzo e biotita. Há ocorrência de foliação milonítica. Há também
ocorrência de intercrescimento mimerquítico, granofírico e pertítico.

O muscovita metamonzogranito, com base na observação mesoscópica, é porfirítico


de matriz fanerítica fina, leucocrático (cinza claro). É composto por plagioclásio, quartzo,
muscovita e máficos. Já microscopicamente, foram observados além dos minerais já citados,
biotita, zircão, apatita e opacos.

Para Aragão (2018) o Granito Chaval é petrograficamente homogêneo, com


megacristais de álcali-feldspato, matriz formada por uma assembleia mineral de álcali-
24

feldspato, plagioclásio, quartzo e biotita. Segundo este autor, o Chaval é classificado como
monzogranito e granodiorito.

De uma forma geral, a classificação do Granito Chaval fica entre monzogranito,


granodiorito e sienito, havendo variações somente em relação aos percentuais minerais que
dão nome a rocha, como pode ser observado na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Tabela de classificação do Granito Chaval segundo os autores citados neste tópico, com suas respectivas
mineralogias principais. Fonte: Do autor.

Autor Mineralogia principal Classificação


Costa et al. (1973) Feldspato, biotita e quartzo

Microclínio, anfibólio, Quartzo monzogranito,


Abreu (1990)
biotita e quartzo granodiorito e quartzo sienito
K-feldspato, quartzo,
Microclina granito,
Lima (1997) plagioclásio e microclina,
monzogranito e quartzo sienito
biotita
Delgado et al. Quartzo monzonito e quartzo
(2003) sienito
Granito, granodiorito, quartzo
Santos et al. (2008) monzonito e quartzo sienito
porfirítico
Microclínio, plagioclásio, Biotita monzogranito e biotita
Nogueira (2013)
quartzo e biotita sienogranito porfirítico
Hornblenda-biotita
monzogranito porfirítico,
Gorayeb & Lima K-feldspato, botita,
biotita-microclina granito
(2014) hornblend e, quartzo
porfirítico, quartzo-microclina
sienito e biotita sienogranito

Feldspato, biotita e Biotita metamonzogranito e


Oliveira (2016) quartzo muscovita
metamonzogranito

Álcali-feldspato,
plagioclásio, quartzo e
Aragão (2018) Monzogranito e granodiorito
biotita

3.3 GEOQUÍMICA DO GRANITO CHAVAL:

Em relação a geoquímica do Granito Chaval, Gorayeb & Lima (2014) citam que
podem ser observados rastros de migração de fases magmáticas residuais tardias em direção
25

as regiões de menor pressão. Estes autores também levantam a hipótese da reação entre um
magma basáltico e outro granítico, o que seria evidenciado pela ocorrência de enclaves
microgranitoides que são contornados por uma concentração de biotita e anfibólio (Fig.3.10).

Figura 3.10 – Imagem do Granito Chaval com enclave magmático bordeados por biotita e anfibólio, podendo tal fenômeno
ser resultado da mistura de magmas basálticos e graníticos. Fonte: Gorayeb & Lima (2014).

Oliveira (2016) apresenta análise geoquímica do Granito Chaval, em amostradas


tomadas na localidade da pedreira São Domingos. Com base nos resultados de saturação de
alumina a rocha é classificada como peraluminosa. Para classificação em relação aos álcalis, o
granito é um álcali-cálcico. Já em referência a série magmática o Chaval se divide entre o
campo magnesiano e ferroso. Para o ambiente tectônico de formação desta rocha, os
resultados apresentados por Oliveira (2016) indicam para um ambiente tectônico sin-
colisional e arco vulcânico.

Uma análise geoquímica do Chaval também é apresentada por Aragão (2018), onde
são encontrados valores entre 64 a 75% de SiO2, 14 a 16% de Al2O3, 7 a 8.5% de álcalis e 3.5
a 5.5% de K2O. Adicionalmente, a maioria das amostras analisadas por este autor são
peraluminosas gradando para metaluminosas. Em relação ao diagrama AFM, o Chaval está
dentro da série cálcio-alcalina (Fig. 3.11).

A classificação petrográfica do Granito Chaval é reafirmada através da análise


geoquímica realizada por Aragão (2018). Este autor diz que esta rocha é majoritariamente
granodioritica, mas também tonalitica e granítica. Adicionalmente, os dados geoquímicos
26

apontam para um granito tipo I e S. Em acordo com os dados de Oliveira (2016), Aragão
(2018) afirma que o ambiente de formação do Chaval indica para um arco magmático
compatível com granitos de arco continental normal.

Figura 3.11 – Representação gráfica da análise geoquímica do Granito Chaval, onde observa-se a característica cálcio-
alcalina desta rocha. Fonte: Aragão (2018).

3.4 GEOCRONOLOGIA DO GRANITO CHAVAL:

A primeira citação para uma idade do Granito Chaval é feita no Projeto Jaibaras
(Costa et al., 1973), onde a idade é estimada como Pré-cambriana. No entanto, não se utiliza
de método geocronológico específico para tal afirmação. Em 1989, Nogueira Neto et al. apud
Lima (1997) usou o método Rb-Sr para datação deste granito, encontrando idade de 507+-29
Ma.

Na década de noventa, em 1995, Gorayeb et al. através do método Pb²⁰⁷-Pb²⁰⁶ em


zircão, encontrou idade de 1990+-18 Ma. Lima (1997) datou o Granito Chaval na região de
Bom Princípio (PI) e na Pedreira Jandira (CE). No primeiro caso, foi utilizado o método Pb-
Pb, o qual resultou em duas idades, 544+-17 Ma e 630+-19 Ma. Este mesmo método foi
aplicado nas amostras da Pedreira Jandira, resultando em idade de 1913+-16 Ma. Nesta
mesma localização, houve datação pelo método Kober, indicando idade de 1971+-67 Ma. Já
em 1999, Fetter et al. através da datação U-Pb, encontraram idade de 580+-8 Ma.
27

Em 2008, Santos et al. utilizou o método U-Pb em monazita para datar o Granito
Chaval, encontrando idade de 563+-17 Ma. No entanto, este autor afirma que idade deste
granito é controversa principalmente pela ocorrência de zircões herdados. Já em 2013,
Nogueira aplicou, na região nordeste do Chaval, o método Pb-Pb por evaporação em zircão,
que resultou em idades de 633+-3.3 Ma.

Mais recentemente, em 2016, Oliveira apresentou três grupos de idades para a


análise de 27 zircões pelo método U-Pb, as quais são ~2,2-2,0 Ga; 1,9-1,7 Ga; 1,2 a 0,8 Ga.
Adicionalmente, Aragão (2018) também usou o método U-Pb para datar o Chaval,
encontrando a idade de 632 +- 4 Ma.

Como observado na tabela 3.2, há dois grupos principais de idade, sendo um


Neoproterozoico (com idades entre 544 e 633 Ma) e outro Paleoproterozoico (com idades
entre 1913 e 1990 Ma), ainda, há ocorrência isolada de uma idade de 507 Ma. De acordo com
Lima (1997) o grupo de idades Neoproterozóicas indica a cristalização do corpo granítico, já
as idades Paleoproterozóicas seriam provenientes de zircões herdados. Na análise de Oliveira
(2016) há idade fora dos dois grupos citados. No entanto, esta autora assume que as idades
encontradas também são de zircões herdados. Ainda, a idade de 507 Ma seria referente a
algum evento que reabriu o sistema.

3.5 GEOLOGIA ESTRUTURAL DO GRANITO CHAVAL:

De acordo com Abreu (1990) o Granito Chaval segue a tendência de foliação do


Domínio Noroeste da Província Borborema, onde há um caimento para SE, com variação
entre 50°-75°. Apresenta também lineações de estiramento com caimento entre 5°-10° para
S30°-50°W.

Santos et al. (2008) diz que o Granito Chaval apresenta uma foliação incipiente. Na
porção norte do corpo ocorre foliação tectônica subparalela a foliação magmática de alta
temperatura, com deformação plástica do quartzo e biotita. Já na porção sul do granito, este é
mais afetado por um tectonismo transcorrente, o que levou a rotação dextral e paralela ao
trend da zona de cisalhamento strike-slip de Santa Rosa.
28

Tabela 3.2 – Idades encontradas para o Granito Chaval, com os autores que publicaram os dados e seus respectivos métodos
utilizados para tais resultados. Fonte: Do autor.

Autor Idade Éon/Era Método


Costa et al. (1973) Pré-Cambriano Estimado
Nogueira et al. (1989) 507+-29 Ma Paleozóico Rb-Sr
Gorayeb et al. (1995) 1990+-18 Ma Paleoproterozóico Pb²⁰⁷-Pb²⁰⁶
544+-17 Ma 630+-
19 Ma Neoproterozóico/
Lima (1997) Pb-Pb/Kober
1913+-16 Ma Paleoproterozóico
1971+-67 Ma
Fetter et al. (1999) 580+-8 Ma Neoproterozóico U-Pb

Santos et al. (2008) 563+-17 Ma Neoproterozóico U-Pb

Nogueira (2013) 633+-3.3 Ma Neoproterozóico Pb-Pb

2200-2000 Ma
Paleoproterozóico/
Oliveira (2016) 1900-1700 Ma U-Pb
Mesoproterozóico
1200-800 Ma

Aragão (2018) 632+-4Ma Neoproterozóico U-Pb

Ainda em concordância com Santos et al. (2008) ocorre no granito Chaval, ao se


aproximar da zona de cisalhamento Santa Rosa, foliação subvertical, com lineação definida
pelo feldspato (Fig. 3.12) e muscovita. Uma pequena zona de cisalhamento NE-SW cruza
este corpo, formando texturas proto a ultramiloníticas. Os dobramentos ocasionados pelo
processo colisional Brasiliano/Pan-Africano afetaram o Chaval, gerando estruturas que
quando comparadas as demais rochas do Grupo Martinópole, levam a conclusão de que a
colocação do granito ocorreu no final de um evento tangencial e de condições de deformação
fraca.

Em (2014) Gorayeb & Lima propuseram dois domínios estruturais para o Granito
Chaval, Domínio A e Domínio B (Fig. 3.13). O primeiro está localizado a Noroeste do corpo
e é marcado pela trama ígnea. Já o Domínio B, a Sudeste é caracterizado por apresentar
deformação e foi separado em dois subdomínios B1 e B2. O domínio transicional (B1) é
marcado por deformação fraca à média, tornado possível a identificação da trama magmática.
29

O domínio milonítico (B2) apresenta forte deformação, mudando a classificação das rochas
para granito milonitizado.

Oliveira (2016) fez uma análise microestrutural do Granito Chaval, afirmando que as
principais estruturas observadas são de caráter dúctil. Este processo é marcado pelo contato
irregular entre os cristais, defeito no retículo cristalino dos minerais, resultando em cristais
com extinção ondulante e alongados. Também foi notado cristais com contatos serrilhados e
lobados. Foram identificadas texturas granular hipidiomórfica, poiquilítica e foliação
milonítica. Por fim, esta autora conclui que a porção do Granito Chaval aflorante na pedreira
São Domingos, em decorrência da implantação da Zona de Cisalhamento Santa Rosa, foi
submetida a metamorfismo de baixo grau metamórfico.

Figura 3.12 – Granito Chaval com foliação protomilonítica definida por porfiroclastos de K-feldspato no sentido dextral com
cisalhamento strike-slip. Fonte: Santos et al. (2008).
30

Figura 3.13 – Mapa de domínios estruturais do Granito Chaval proposto por Gorayeb & Lima (2014), com os domínios A e
B, e subdomínios B1e B2. Fonte: Gorayeb & Lima (2014).

3.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTADO DA ARTE DA GEOLOGIA DO GRANITO


CHAVAL

Desde as suas primeiras aparições na literatura, o Granito Chaval reúne até esse
momento uma diversidade de dados, principalmente em relação a sua classificação
petrográfica e geocronologia. Esses dados diversos, por vezes distintos, muito podem ajudar
no sentido de construir conclusões para o entendimento da geologia desse corpo. No entanto,
um problema para compilação mais consistente destes dados é a ausência da localização
precisa de onde as informações foram coletadas pelos autores.
31

Em relação a sua geomorfologia o granito Chaval aflora em drenagens e morros de


baixa expressão topográfica, com altitudes de até 350 m, com formas de relevo do tipo
inselbergs (Fig.3.14). Seus limites, aflorantes, são formados (em sua maioria) com depósitos
recentes.

Figura 3.14 – Fotos panorâmicas de afloramentos do Granito Chaval no município de Chaval/PI. Percebe-se o relevo em
forma de inselbergs. Fonte: Do autor.

Os dados petrográficos do Chaval indicam para uma variação textural ao longo do


granito. A porção oeste do corpo apresenta feições mais plutônicas, enquanto o lado leste se
mostra uma foliação tectônica (Fig 3.17). Este fenômeno ocorre devido a implantação da
Zona de Cisalhamento Santa Rosa que também está localizada a leste do Chaval.

Em relação a classificação petrografica, é clara a variação composicional, não sendo


perceptível um padrão ou relação da composição petrografica com a geografia do corpo ou
suas encaixantes. Nos arredores da cidade Bom Princípio do Piauí (noroeste do corpo) o
Chaval é classificado como granito, monzogranito e sienito. Na região nordeste desta rocha,
além das três classificações já citadas, ocorrem também metamonzogranito. Na figura 3.15
pode-se notar a variação composicional deste granito em afloramento observado na cidade de
Chaval/PI.
32

Figura 3.15 – Fotos do Granito Chaval dentro dos limites da cidade de Chaval/PI. Em A e B têm-se a ocorrência do
sienogranito com fenocristais de plagioclásio. Em C nota-se a coloração acinzentada da rocha, classificada como
monzogranito. Em D há ocorrência de veio félsico no sienogranito. Fonte: Do autor.

O Granito Chaval apresenta idades que vão desde 2200 Ma a 507 Ma. Percebe-se o
agrupamento destas idades em dois grupos principais (Fig 3.16). O grupo Neoproterozoico é
referente a cristalização do corpo granítico, que está aproximadamente entre 633 Ma a 544
Ma. O outro grupo é Paleoproterozóico, sendo estes zircões herdados das rochas encaixantes,
com idades entre 2200 Ma a 1700 Ma. Ainda, são registradas duas idades que não se
encaixam nos grupos citados, sendo uma Mesoproterozoica e outra Paleozóica. A primeira
também é referente a zircões herdados, já a segunda é resultado de abertura no sistema.
33

Figura 3.16 - Carta Cronoestratigráfica mostrando os métodos de datação geocronológicos aplicados no Granito Chaval e as
idades encontradas. Fonte: Do autor.

Em relação a sua geologia estrutural, a proposta apresentada por Gorayeb & Lima
(2014) é que abrange o corpo de forma mais ampla e inclui as ideias apresentadas por outros
autores. Esta proposta estabelece dois domínios estruturais para o Granito Chaval. O Domínio
A de trama ígnea e o Domínio B com feições de milonitização.
34

Figura 3.17 – Mapa do Granito Chaval mostrando suas classificações e idades através de dados coletados por diferentes autores através dos anos. Fonte: Do autor.
35

ANÁLISE DO GRANITO CHAVAL POR GAMAESPECTROMETRIA

4.1 GAMAESPECTROMETRIA

De acordo com Dentith & Mudge (2014) a gamaespectrometria é um método de


sensoriamento remoto geofísico muito utilizado no mapeamento geológico por ter diferentes
assinaturas radioativas que são emitidas pelos diversos minerais. Este método capta a emissão
de raios gama (ɣ) das rochas superficiais.

A (International Atomic Energy Agency - IAEA 2003) diz que a radiação com maior
poder de penetração, vinda tanto de meios naturais quanto antrópicos, são os raios gama.
Radionuclídeos individuais emitem raios gama de energia específica que são características de
um elemento e isótopo que são captados pelos diferentes espectrômetros. As pesquisas com
raios gama permitem a interpretação de características regionais em grandes áreas. São usadas
na geologia, geoquímica ou mapeamento ambiental. Nem todos os radioisótopos produzem
raios gama com energia de intensidade suficiente para ser usado em mapeamento destes raios.
O potássio (⁴⁰K), urânio (²³⁸U e ²³⁵U) e tório (²³³Th) produzem raios de alta intensidade
suficiente para serem usados em mapeamento. Os espectrômetros leem os raios gama
emitidos por estes isótopos.

4.2 OCORRÊNCIA DOS RADIOELEMENTOS K, U E TH

Os radioelementos de maior contribuição no processo de radioatividade natural das


rochas são o potássio, urânio e tório. Estes três elementos tem comportamento litófilo, logo, são
mais facilmente observados em rochas ígneas ácidas, como os granitos (Soares 2001).

O potássio é um dos elementos mais ricos na crosta terrestre. Este elemento ocorre
principalmente associado a feldspatos potássicos, como ortoclásio e microclínio, com teores em
torno de 13%, mas também pode ser observado em algumas micas, como biotita e muscovita
com teores médio de 8%, e argilominerais. Logo, em relação a litologia, o potássio está presente
com valores mais elevados em rochas ígneas félsicas e suas equivalentes vulcânicas, assim como
em rochas metamórficas micáceas e em algumas rochas sedimentares como folhelhos e argilitos
(Ribeiro et al. 2013). Adicionalmente, Soares (2001) complementa que o intemperismo pode
influenciar nos teores de potássio nas rochas. Ao ser liberado por processos intempéricos, o K
pode formar ilita ou argilominerais.
36

O urânio e o tório são elementos menos abundantes na crosta, em relação ao potássio. O


urânio tem seus maiores valores na crosta em torno de 2,7 ppm e o tório tem concentração em
cerca de 1,2 ppm. Estes dois elementos ocorrem principalmente associados a minerais acessórios
em rochas ígneas e metamórficas quartzo-feldspáticas (Ribeiro et al. 2013).

De acordo com Soares (2001) o urânio é um dos elementos com menor concentração na
crosta. Os minerais com urânio primário mais comuns são monazita, xenotímio e zircão, mas
também ocorre em minerais a óxidos e silicatos, como a uraninita e uranotorita. Quando exposto
ao intemperismo, o urânio é liberado de alguns minerais e retido em óxidos de ferro autigênicos
e argilominerais.

Em relação ao tório, Soares (2001) diz que este também é um elemento de baixo teor na
crosta. Sua ocorrência está relacionada as minerais allanita, xenotímio, monazita e zircão, sendo
os dois últimos os principais minerais de tório primário e estáveis durante o intemperismo. No
entanto, o tório também pode ser liberado durante o intemperismo, quando este fenômeno
ocorre, este elemento é retido em minerais hidratados ou oxidados a base de Fe, Ti ou
argilominerais.

Ribeiro et al (2013) cita os estudos de Dickson & Scott (1997) para afirmar que o teor
médio dos radioelementos nas rochas ígneas é diretamente relacionado ao teor de sílica (Fig.
4.1). Logo, as rochas félsicas apresentam teores mais elevados de radioelementos do que as
rochas máficas (tabela 4.1). É possível afirmar também que as rochas formadas nos últimos
estágios de colocação ígnea apresentam valores mais altos de potássio e menores quantidades de
tório e urânio.
37

Figura 4.1 – Variação nos teores médios de U e Th nas rochas ígneas em relação ao teor de sílica. Fonte: Ribeiro et al.
(2013).

Ribeiro et al. (2013) diz que a análise de dados gamaespectrométricos adiciona


importantes informações em relação a composição das rochas de uma região, sendo que esta
informação se limita as rochas superficiais. Ainda conforme este autor, a interpretação de
dados radiométricos leva a uma variedade de interpretações, e assim a geração de diferentes
mapas, como o mapa razão e o mapa ternário. O primeiro é gerado a partir da contagem
individual dos radioelementos, para então se ter as razões U/Th, U/K e Th/K. Este tipo de
mapa, além de mostrar diferença entre as concentrações de radioelementos em rochas
graníticas, também pode identificar áreas de forte alteração hidrotermal do tipo potássica e/ou
sílica. Já o mapa ternário é formado por uma associação de cores que atribuídas aos
radioelementos. No caso deste estudo o padrão de cores adotado é o RGB, associando as cores
verde, azul e vermelho a concentração em porcentagem do tório, urânio e potássio
respectivamente. Assim, este tipo de mapa ressalta contrastes destes três elementos em uma
área.
38

Tabela 4.1 – Variação da concentração média dos radioelementos em rochas e solos na Austrália. Fonte: Ribeiro et al. (2013).

4.3 GAMAESPECTROMETRIA DO GRANITO CHAVAL

O levantamento de dados de gamaespectrometria na região do Granito Chaval foi


realizada pela CPRM na escala de 1:250.000. No entanto, por se tratar de projeto relacionado
ao mapeamento do Estado do Ceará, este levantamento abrange somente a Folha Chaval, não
sendo possível a análise de gamaespectrometria da porção do Granito Chaval na Folha Buriti
dos Lopes, no Estado do Piauí.

A figura 4.2 mostra a forma do Granito Chaval com base no mapeamento realizado
pelo Projeto Jaibaras sobreposta ao mapa de contagem total de radiação gama. Nota-se um
grande contraste gamaespectométrico nesta região. O Granito Chaval é caracterizado por
valores entre 4.18 e 16.87. Este tipo de imagem é decomposta nos valores de Th, U e K para
posteriormente formar o mapa ternário.

A figura 4.3 apresenta a forma do Granito Chaval com base no mapeamento


realizado pelo Projeto Jaibaras sobreposta ao mapa do teor do radioelemento tório. Pode-se
observar, de uma forma geral, que os teores de tório nos limites do Granito Chaval ficam em
torno de 10 ppm, com exceção de uma pequena porção a NE do corpo, onde os valores
permeiam entre 20 ppm. O alto valor de tório pode indicar a alta ocorrência de minerais
39

acessórios como zircão, epídoto, allanita e apatita. Sua ocorrência pode também estar
relacionada a presença do mineral biotita e a composições pegmatíticas.

De acordo com Klepper & Wyant (1957) entre os diversos tipos de rochas, as ígneas
ácidas são as que apresentam maior porcentagem de uranio, com 0,0004%. Ainda conforme
estes autores, o teor de urânio em rochas ígneas segue o mesmo caminho da sílica, aumentado
a sua proporção na rocha cristalizada de um magma da mais velha para mais nova. A
ocorrência de urânio se dá principalmente em minerais acessórios como zircão, monazita e
allanita, podendo ocorrer também em biotita.

A figura 4.4 apresenta a forma do Granito Chaval com base no mapeamento


realizado pelo Projeto Jaibaras sobreposta ao mapa do teor do radioelemento urânio. Observa-
se neste mapa que de uma forma geral os valores de urânio no Chaval ficam em torno de 1.73
ppm, com exceção da região ENE, onde a proporção de urânio chega até cerca de 3.22 ppm.
Estes valores podem indicar que a porção ENE deste granito é mais ácida do que o restante do
corpo, visto que o urânio tende a permanecer mais tempo na fase líquida.

A figura 4.5 apresenta a forma do Granito Chaval com base no mapeamento


realizado pelo Projeto Jaibaras sobreposta ao mapa do teor do radioelemento potássio. A
partir da análise do mapa, observam-se três padrões de ocorrência de potássio do Chaval. O
primeiro, com média porcentagem de 1.13%, se concentram principalmente no centro-norte
do corpo e está associado a drenagens. O segundo, com valor médio de 3%, são observados
tanto no centro-sul quanto em NE do corpo. O terceiro, com até 5.5%, se concentra no centro-
leste do granito.

A figura 4.6 apresenta o mapa ternário da Folha Chaval. A partir da análise desta
imagem fica perceptível a forma do Granito Chaval, principalmente em relação a ocorrência
de potássio. Adicionalmente, os limites do Chaval mapeados através do Projeto Jaibaras tem
forte identificação com a imagem ternária, com exceção da porção do granito no centro-norte
do corpo, onde há baixa ocorrência dos três radioelementos analisados.
40

Figura 4.2 - Mapa de contagem total de radiação gama da Folha Chaval, adaptado do Projeto aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o mapeamento das Folhas
Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do autor.
41

Figura 4.3 - Mapa do teor do radioelemento tório da Folha Chaval, adaptado do Projeto aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o mapeamento das Folhas Buriti
dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do autor.
42

Figura 4.4 - Mapa do teor do radioelemento urânio da Folha Chaval, adaptado do Projeto aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o mapeamento das Folhas Buriti
dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do autor.
43

Figura 4.5 - Mapa do teor do radioelemento potássio da Folha Chaval, adaptado do Projeto aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o mapeamento das Folhas Buriti
dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do autor.
44

Figura 4.6 - Mapa ternário da Folha Chaval, adaptado do Projeto aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o mapeamento das Folhas Buriti dos Lopes e Chaval do
Projeto Jaibaras. Fonte: Do autor.
45

Além da análise individual dos radioelementos, a gamaespectrometria permite a


interpretação das imagens de razões Th/K, U/Th e U/K. Este tipo de estudo apresenta
informações que somam as demais análises de gamaespectrometria.

O tório é um elemento pouco móvel, de difícil remoção por processos pós-


cristalização, como hidrotermalismo ou processos supergênicos, por isso é fortemente
correlacionável a sua rocha fonte, apresentado mais condizente com os teores equivalentes a
gênese da rocha (Soares 2001). Ainda conforme este mesmo autor, na contramão do tório, o
potássio é um elemento com alta capacidade de remobilização, podendo facilmente sofrer
alterações durante processos hidrotermais ou metamórficos, logo, é menos correlacionável
com as proporções da rocha fonte.

Para Carvalho (1999) a razão entre a concentração de tório e potássio é tendenciosa a


representar zonas de ocorrência de depleção ou concentração de potássio sem enriquecimento
de tório. Assim, os baixos valores para a razão Th/K podem indicar zonas de alteração
hidrotermal.

O mapa gamaespectrométrico Th/K da Folha Chaval (Fig. 4.7) mostra, de uma forma
geral, baixo valores para esta razão. Este resultado pode ser associado a zona de cisalhamento
Santa Rosa. A ocorrência desta zona pode ter desequilibrado o sistema mineral do Granito
Chaval levando a alterações hidrotermais, com remobilização do radioelemento potássio, mas
sem alterações no tório.

De acordo com Soares (2001) tanto o urânio quanto o potássio são fortemente
influenciados por hidrotermalismo, magmatismo e intemperismo. O mapa
gamaespectrométrico U/K (Fig. 4.8) mostra a baixa ocorrência de urânio em relação ao
potássio, também auxilia na demarcação dos limites do Granito Chaval.

A razão U/Th é, geralmente, utilizada para determinar a lixiviação do urânio na


rocha, onde o desequilíbrio nesta razão pode ser um indicador da intensidade do intemperismo
(Soares 2001). O mapa gamaespectrométrico U/Th do Granito Chaval na porção da Folha
Chaval (Fig. 4.9) mostra, em geral, altos valores desta razão, expressando um equilíbrio entre
os teores de urânio e tório, podendo-se concluir que houve baixa influência do intemperismo
nesta rocha, com pouca lixiviação.
46

Figura 4.7 - Mapa gamaespectrométrico da razão Th/K da Folha Chaval, adaptado do Projeto aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o mapeamento das Folhas
Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do autor.
47

Figura 4.8 - Mapa gamaespectrométrico da razão U/K da Folha Chaval, adaptado do Projeto aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o mapeamento das Folhas
Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do autor.
48

Figura 4.9 - Mapa gamaespectrométrico da razão U/Th da Folha Chaval, adaptado do Projeto aerogeofísico Norte do Ceará. A forma do Granito Chaval tem como base o mapeamento das Folhas
Buriti dos Lopes e Chaval do Projeto Jaibaras. Fonte: Do autor.
49

4.4 INTERSEÇÃO DO ESTADO DA ARTE DO GRANITO CHAVAL E SUA ANÁLISE


GAMAESPECTROMÉTRICA

A análise de gamaespectrometria do Granito Chaval acrescenta informações,


principalmente, sobre a sua composição e forma. Assim, a relação destas informações com os
dados dos estudos prévios sobre este granito é uma poderosa ferramenta para sua análise
geológica.

Em relação a sua forma, os mapas ternário (Fig. 4.6) e de concentração do


radioelemento potássio (Fig. 4.5) são os que mais acrescentam. Nos dois casos a resposta
encontrada é fortemente concordante a forma do Granito Chaval proposta pelo Projeto
Jaibaras. Sendo tal resultado positivo, pode-se inferir que a porção do Chaval na Folha Buriti
dos Lopes representada no Projeto Jaibaras é correspondente a real forma do corpo rochoso.

O mapa ternário (Fig. 4.6) apresenta o Chaval como uma rocha quase uniformemente
rica em potássio, uma pequena porção em ENE com teores relevantes de tório, reforçando as
afirmativas de Nogueira (2013) sobre a ocorrência de monzogranito nesta região, pois os altos
teores de tório podem indicar a cristalização de magma evoluído.

O mapa gamaespectrométrico Th/K da Folha Chaval (Fig. 4.7) mostra informações


condizentes com as propostas por Gorayeb & Lima (2014). Sendo os baixos valores desta
razão um forte indicador de alteração hidrotermal, podendo tal evento ser resultante da zona
de cisalhamento proposta pelos autores citados.
50

GRANITO CHAVAL: UMA PROPOSTA INTEGRATIVA – CONCLUSÕES

Os mapas geológico-geofísicos mostram claramente que o limite leste do Granito


Chaval é demarcado pela Zona de Cisalhamento Santa Rosa e pelas rochas do embasamento
do Domínio Médio Coreaú, Complexo Granja (Fig. 3.5). Com relação ao limite oeste apenas
uma indicação gravimétrica parece indicar a sua continuidade até o limite com a bacia do
Parnaíba e rochas do embasamento (tonalitos e rochas supracrustais), como apresentado por
Jorge (2013). Para norte e para sul não existem elementos indicativos para que sejam
definidos os seus contatos.

Se comparado à situações semelhantes de natureza petrográfica do corpo e sua


configuração espacial ele poderia ser assemelhado ao corpo Quixeramobim. O qual também é
limitado por uma zona de cisalhamento (Senador Pompeu). De uma forma geral, assim como
o Granito Chaval, o Quixeramobim tem textura porfiróide, com cristais médios a grosseiros,
fenocristais de feldspato, foliação magmática e tectônica, sendo granítico, granodiorítico,
monzogranítico e diorítico (Marques 2014).

As variedades petrográficas apresentadas pelo corpo, às quais se associam diferenças


em termos de idade, podem ter significados distintos. Poderá ser o corpo na sua totalidade, um
grande batólito, formado por intrusões polidiapíricas que teriam assim composições
diferentes. Ou poderia ser também o batólito não um corpo único, formado em um único
evento, mas um complexo com rochas de diferentes origens e idades, embora em sua
expressão máxima, magmáticas.

Analisando as idades e suas distribuições espaciais, é possível intuir que o corpo


Chaval é o resultado de um hibridismo, no qual se juntariam magma primário que ao assimilar
rochas encaixantes de idades diversas guardariam dos mesmos zircões herdados que
permitiram o encontro de idades distintas de um magma essencialmente brasiliano, como dão
conta muitas idades.

Se assim for, deveriam existir nessa área do Domínio Médio Coreaú rochas pretéritas
do Paleoproterozoico, como encontrado na região de Granja e na Pedreira da Jandira, mas
também e isso seria um novidade, rochas do Mesoproterozóico, correlacionáveis àquelas
geradas no Ciclo Cariris Velhos e descritas por Campos Neto et al. 1994 e Brito Neves et al.
1995, principalmente no contexto da Zona Transversal (idades entre 1,2 – 0,8 Ga).
51

A idade Mesoproterozóica encontrada por Oliveira (2016) é de amostras localizadas


a NE do Chaval, como pode ser observado na figura 5.1 esta porção do granito apresenta uma
brusca mudança nos teores dos radioelementos K e Th, assim como nas razões U/K e Th/K.
Estas alterações abruptas podem indicar fontes distintas para o magma que deu origem a esta
rocha, assim como processos geológicos que levaram a alguma alteração mineral.

Sendo o tório um elemento de baixa mobilidade, há uma grande probabilidade de


este ser representante da rocha fonte do magma. Logo, esta diferença nos valores de Th pode
indicar fontes magmáticas distintas para esta porção do Chaval. Adicionalmente, o baixo
valor da razão Th/K na porção oeste do corpo em destaque na figura 5.1 pode indicar
retrabalhamento mineral nesta região. Sendo necessária uma pesquisa localizada nesta região
para a confirmação de tal informação.

As feições estruturais mesoscópicas marcantes encontradas no Granito Chaval são


principalmente foliações descritas como magmáticas, principalmente pela ausência de
modificação de forma de cristais de feldspato; foliações metamorfo-deformacionais em
contexto de deformação plástica gerando foliações caracteristicamente miloníticas; clivagem
de fratura desenvolvida em deformação cataclástica, relacionadas à zonas de falhas. Lineações
minerais de estiramento mineral são também feições por vezes marcantes, descritas por vários
autores, normalmente com baixos valores de mergulho, indicativas de movimentação
marcadamente transcorrente.

A presença dessas estruturas no corpo, principalmente estruturas da fase dúctil


associada à textura porfirítica que o corpo apresenta em vários locais suscita levantar a
suposição de uma história de colocação do corpo em um contexto cinemático no qual se
distinguem duas fases distintas, a saber: a) a primeira em condições mecânicas em que a
relação cristal – líquido no magma gerador do corpo agregou características de sólidos cujas
condições cinemáticas reinantes permitiram o desenvolvimento de foliações miloníticas
deformando e amendoando cristas incialmente formados; b) um segundo evento de
cristalização no qual não mais existiriam a situação de movimento, o que permitiriam a
formação de uma segunda geração de cristais perfeitamente bem formados e estabelecendo
relações secantes com a foliação milonítica.

Nessas condições a descrição de texturas porfirítica no sentido estrito do termo não


se sustentariam. Sendo que de acordo com Lapidus (1990) a textura porfirítica é interpretada
52

em termos de um processo de resfriamento de dois estágios distintos: um período inicial de


resfriamento lento, onde os grandes cristais são formados, seguido por uma fase de
cristalização mais dinâmica, resultando na formação de cristais mais finos.

Figura 5.1 - Foco nos teores dos radioelementos K e Th, e nas razões U/K e Th/K em parte da região NE do Granito Chaval.
Nota-se uma abrupta variação nos teores desses radioelementos, assim como suas razões, podendo tal fenômeno ser um
indicador de fonte magmática distinta. Fonte: Do autor

A organização estrutural na qual se insere o Granito Chaval é, cartograficamente, a


de faixas alongadas de rochas, de resto presente em todo o Domínio Médio Coreaú, no caso
orientadas NE-SW e com mergulhos persistentemente para SE, desenhando assim um sistema
imbricado, o qual favoreceu a justaposição lateral, de conjuntos tectônicos de idades,
composição e histórias distintas, configurando o que Abreu (1990) denominou Cinturão de
Cisalhamento Noroeste do Ceará.

Essa mesma configuração é encontrada no seio do Granito Chaval, uma vez que
internamente o corpo é recortado por varias faixas miloníticas métricas à decamétricas que em
escala meso a macroscópica configuram um complexo sistema anastomosado, definindo meso
a macroamendoas, nas quais as texturas ígneas ocorrem com maior destaque. Isso indica que
o corpo, provavelmente se colocou em um tempo tardi a pós cinemático como dão conta suas
texturas e estruturas internas.
53

Esse sistema teria vergência no sentido do Cráton São Luis- Oeste Africano, no lado
americano, situado á Noroeste dessa área. Tal imbricação – vergência muito provavelmente
teria tido sua fase principal durante o Ciclo Brasiliano, talvez mimetizando uma estruturação
mais antiga do Paleoproterozoico.

Finalizando, pode-se dizer que muito ainda falta para um conhecimento mais
abrangente do Granito Chaval o que deixa em aberto a possibilidade de um detalhamento
cartográfico, definindo a espacialidade de texturas, estruturas tectôgenas, diferenças
composicionais e sítios mais destacados de influência de protólitos quando da formação do
magma gerador do corpo, o que pode trazer contribuições mais robustas ao conhecimento
sobre esse corpo e a sua importância no contexto da evolução geotectônica do Domínio
Médio Coreaú.
54

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