Trabalho de Ética
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O Sigilo profissional
Preâmbulo
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Publicação: Diário da República n.º 47/2011, Série II de 2011-03-08, páginas 11112 - 11113
Emissor: Ordem dos Enfermeiros
Parte: E - Entidades administrativas independentes e Administração autónoma
Data de Publicação: 2011-03-08
SUMÁRIO
Capítulo I
Disposições gerais
Artigo 1.º
Objecto
O presente Regulamento estabelece os princípios e as regras para obtenção pelo enfermeiro do
aconselhamento ético e deontológico para efeitos de divulgação de informação sujeita a segredo
profissional, previsto na alínea c) do artigo 85.º, do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, aprovado
pelo Decreto-Lei n.º 104/98, de 21 de Abril, alterado e republicado pela Lei n.º 111/2009, de 16 de
Setembro.
Artigo 2.º
Âmbito
O presente Regulamento é aplicável a todos os Enfermeiros que exerçam ou que tenham exercido a
profissão no território da República Portuguesa, independentemente da relação contratual
estabelecida com a entidade empregadora ou com a pessoa, da prestação efectiva de cuidados à
pessoa e da natureza gratuita ou onerosa da prestação.
Capítulo II
Sigilo Profissional
Artigo 3.º
Dever de sigilo
O enfermeiro encontra-se obrigado a guardar segredo profissional sobre toda a informação de que
tenha tido conhecimento no exercício da profissão, em respeito pelo disposto no Código
Deontológico, no presente Regulamento e nas demais disposições legais aplicáveis.
Artigo 4.º
Âmbito do dever de sigilo
1 - O dever de sigilo abrange toda a informação sobre a pessoa ou seus familiares, que o enfermeiro
tenha tomado conhecimento no exercício da sua profissão ou por causa dele, independentemente da
fonte, e compreende, designadamente, os seguintes:
a) As informações reveladas directamente pela pessoa, por outrem a seu pedido ou por terceiro com
quem tenha contactado durante a prestação de cuidados ou por causa dela;
b) As informações recolhidas pelo enfermeiro, por efeito da observação da pessoa ou de terceiro
durante a prestação de cuidados;
c) As informações constantes dos suportes de informação relativos à pessoa a que tenha acesso no
exercício da sua profissão;
d) As informações comunicadas por outro enfermeiro ou profissional de saúde, obrigado, quanto aos
mesmos, a segredo;
e) As informações produzidas, no âmbito da prestação de cuidados.
2 - O dever de guardar segredo por parte do enfermeiro vigora durante todo o tempo, não se
extinguindo com a cessação do exercício profissional ou com a morte da pessoa.
Artigo 5.º
Quebra do segredo
1 - O enfermeiro deve partilhar a informação pertinente só com aqueles que estão implicados no
plano terapêutico, usando como critérios orientadores o bem-estar, a segurança física, emocional e
social do indivíduo e família, assim como os seus direitos.
2 - A divulgação de informação aos familiares ou pessoas significativas, fica sujeita aos critérios
enunciados no número anterior.
3 - A divulgação de informação sujeita a segredo, fora dos casos previstos nos números anteriores,
está limitada aos casos previstos na lei com a prévia obtenção de aconselhamento ético e
deontológico pelo enfermeiro junto da Ordem dos Enfermeiros, nos termos do presente
Regulamento.
4 - O enfermeiro, após obter o aconselhamento ético e deontológico, é livre de decidir divulgar a
informação e assume, em exclusivo, a responsabilidade pela sua decisão.
5 - Nas situações em que o enfermeiro exerce a sua actividade profissional em entidades que
mantenham protocolos para partilha de informação de saúde das pessoas com outras entidades,
haverá dispensa de aconselhamento, desde que os protocolos ou normas existentes tenham obtido
prévio parecer positivo do Conselho Jurisdicional da Ordem dos Enfermeiros e disponham
claramente sobre a dispensa.
Artigo 6.º
Denúncia a entidades policiais ou autoridades judiciárias de factos sujeitos a segredo
A denúncia de factos sujeitos a segredo susceptíveis de consubstanciar a prática de crime, não
dispensa o enfermeiro do dever de aconselhamento deontológico nos termos deste Regulamento.
Artigo 7.º
Intervenção em juízo
1 - O enfermeiro que seja notificado ou que se apresente a quaisquer agente ou órgão policial ou a
autoridade judiciária (juiz, juiz de instrução e Ministério Público, nos termos da alínea b) do n.º 1 do
Código de Processo Penal) deve escusar-se da divulgação de informação abrangida por segredo
profissional, sempre que não tenha obtido previamente aconselhamento deontológico pelo
Conselho Jurisdicional da Ordem dos Enfermeiros, invocando para esse efeito o artigo 85.º do
Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, na redacção dada pela Lei n.º 111/2009, de 16 de Setembro.
2 - A legitimidade da escusa é apreciada nos termos da lei processual penal ou outra aplicável e
decidida após prévia audição do Conselho Jurisdicional da Ordem dos Enfermeiros.
3 - A audição da Ordem dos Enfermeiros nos termos da lei sobre a legitimidade da escusa de
divulgação, não dispensa o enfermeiro do dever de obtenção do aconselhamento, nos termos do
presente Regulamento.
Artigo 8.º
Cobrança de honorários
1 - O enfermeiro encontra-se vinculado ao dever de sigilo na cobrança extrajudicial ou judicial de
honorários ou de importâncias a que tenha direito pela prestação de serviços.
2 - Nas acções judiciais para cobrança de honorários e de outras importâncias o enfermeiro apenas
pode divulgar o que for estritamente necessário à defesa da dignidade, da honra e dos seus legítimos
interesses, e após prévio aconselhamento ético e deontológico nos termos do presente
Regulamento.
Capítulo III
Aconselhamento Deontológico
Artigo 9.º
Princípios
1 - O aconselhamento ético e deontológico para a divulgação de informação sujeita a segredo,
prevista na lei, rege-se pelos princípios da resposta em tempo útil, da análise casuística e da não
vinculação.
2 - A informação conhecida no âmbito de pedidos de aconselhamento encontra-se sujeita a
segredo, vinculando todos os enfermeiros que tomem conhecimento dessa informação.
Artigo 10.º
Competência
1 - O Conselho Jurisdicional é responsável por prestar o aconselhamento deontológico para a
divulgação de informação sujeita a segredo.
2 - Em situações cujo aconselhamento não tenha efeito útil na data da sessão plenária, compete ao
Presidente do Conselho Jurisdicional prestar o aconselhamento ético e deontológico, ou designar
um outro conselheiro do Conselho Jurisdicional, para o fazer por si.
3 - O Presidente do Conselho Jurisdicional, ou quem o substituir nessa função, informará o Plenário
do Conselho Jurisdicional de todos os actos de aconselhamento ético e deontológico praticados no
sentido da divulgação de informação sujeita a segredo profissional, na reunião ordinária desse órgão
imediatamente seguinte à prática desses aconselhamentos.
Artigo 11.º
Pedido de aconselhamento
1 - O enfermeiro deve solicitar o aconselhamento ético e deontológico sempre que confrontado
com uma situação de quebra do segredo e, obrigatoriamente, antes da decisão de divulgação.
2 - O pedido de aconselhamento deve ser requerido ao Presidente do Conselho Jurisdicional,
preferencialmente por escrito, com menção obrigatória dos seguintes elementos:
a) Nome e número de cédula profissional do enfermeiro requerente;
b) Descrição sucinta dos factos cuja divulgação foi solicitada ou se pretende divulgar, sem
identificação dos dados relativos às pessoas e aos lugares onde a situação ocorreu;
c) Fim e destinatário da divulgação;
d) Forma de contacto.
Artigo 12.º
Resposta ao pedido
1 - A resposta ao pedido de aconselhamento deve ser fundamentada e prestada por escrito, após
deliberação do Conselho Jurisdicional na sessão plenária imediata ao pedido.
2 - Nas situações previstas no n.º 2 do artigo 10.º do presente Regulamento, o Presidente do
Conselho Jurisdicional prestará o aconselhamento deontológico pela via que se revelar mais eficaz.
Capítulo IV
Disposições Especiais
Artigo 13.º
Notificações judiciais
A resposta às notificações judiciais da Ordem dos Enfermeiros para intervir em incidentes
processuais relacionados com a quebra do sigilo é da competência do Conselho Jurisdicional, ou, em
situações cuja resposta não tenha efeito útil na data da sessão plenária, do Presidente do Conselho
Jurisdicional.
Capítulo V
Disposições Finais
Artigo 14.º
Aplicação no tempo
1 - O presente Regulamento é aplicável aos pedidos apresentados após a sua entrada em vigor.
2 - O presente Regulamento entra em vigor no dia seguinte à sua aprovação pela Assembleia Geral.
Artigo 15.º
Omissões
As situações omissas serão resolvidas pelo Conselho Jurisdicional, considerando o previsto no
Estatuto da Ordem e a demais legislação aplicável na matéria do sigilo profissional.
Aprovado em Assembleia Geral de 29 de Maio de 2010.
29 de Maio de 2010. - A Bastonária, Maria Augusta Purificação Rodrigues de Sousa.
30440133
1-possíveis quebras do sigilo e as suas
consequências:
Perante a lei portuguesa, a quebra do sigilo profissional por parte de um enfermeiro pode
ter várias consequências legais, conforme o que está estabelecido no Regulamento de
Aconselhamento Deontológico para Efeitos de Divulgação de Informação Confidencial e
Dispensa do Segredo Profissional da Ordem dos Enfermeiros entre outras disposições
legais relevantes.
Tais como:
Sanções Disciplinares pela Ordem dos Enfermeiros:
Perante a violação do dever de sigilo profissional, conforme estabelecido no seu Estatuto e
Regulamento, a Ordem dos Enfermeiros pode iniciar procedimentos disciplinares contra o
enfermeiro, resultando em sansões disciplinares tais como advertência, suspensão
temporária de funções ou até mesmo a perda do direito de exercer a profissão.
Responsabilidade Civil:
Civilmente, e como resultado da quebra do sigilo profissional o enfermeiro pode ser
responsabilizado por danos causados a terceiros. Por exemplo, se a divulgação de
informações confidenciais levar a danos financeiros, emocionais ou psicológicos a pessoa
ou a terceiros, levando a que o enfermeiro seja processado e que lhe seja imputado o
pagamento de uma indeminização
Responsabilidade Penal:
Se um enfermeiro for considerado culpado de violação do segredo profissional, ele pode
ser alvo de um processo criminal. . Por exemplo, se a quebra do sigilo constituir um crime
previsto na legislação penal portuguesa, como violação do segredo profissional (artigo
198.º do Código Penal), o enfermeiro pode ser alvo de um processo criminal e, caso seja
condenado, pode enfrentar uma pena de prisão ou multa.
Processo Judicial: A pessoa alvo de cuidados ou terceiros afetados pela quebra do sigilo
profissional podem mover ações judiciais contra o enfermeiro procurando compensação
pelos danos sofridos, o que pode resultar em litígios de duração prolongada levando a
avultados custos para o enfermeiro, além das possíveis sanções disciplinares e ou penais.
É importante que os enfermeiros estejam cientes das suas obrigações legais e éticas em
relação ao sigilo profissional e ajam de acordo para evitar consequências adversas. O
respeito ao sigilo profissional é fundamental para manter a confiança dos pacientes e
preservar a integridade da profissão de enfermagem.
Situações em que o enfermeiro pode
ser obrigado a revelar o segredo
profissional:
Aconselhamento Deontológico:
Segundo o regulamento de Aconselhamento Deontológico para Efeitos de Divulgação de
Informação Confidencial e Dispensa do Segredo Profissional n.º 338/2017
O enfermeiro deve recorrer ao aconselhamento deontológico e jurídico caso considere
estar perante uma situação em que, segundo a lei, tem o dever de divulgar informação
confidencial.
Alguns dos exemplos de situações incluem crimes como violência doméstica ou maus-
tratos de vítimas vulneráveis, em que a revelação da informação se justifique segundo o
princípio da prevalência de um interesse maior ou mais importante.
Dispensa do Dever de Sigilo:
O enfermeiro com tudo revelar informação confidencial com autorização do Presidente do
Conselho Jurisdicional, desde que esta seja necessária para a defesa da dignidade, direitos
e interesses legítimos do enfermeiro, do alvo de cuidados(pessoa) ou dos seus
representantes.
O enfermeiro também pode revelar informação confidencial com o consentimento do alvo
de cuidados(pessoa) ou, do seu representante legal (caso esta esteja impedida de dar o
consentimento), desde que essa revelação não prejudique terceiros com interesse na
manutenção do sigilo.
Intervenção em Juízo:
De acordo com os códigos de ética e regulamentos profissionais, um enfermeiro geralmente
pode e deve-se recusar a divulgar informações confidenciais a uma autoridade judiciária
ou judicial, a não ser que tenha obtido aconselhamento deontológico ou que esteja
dispensado do sigilo profissional por uma adequada decisão, tal como uma decisão do
Presidente do Conselho Jurisdicional.
Estas medidas são importantes para o direito à privacidade da pessoa alvo dos cuidados, e
garantem que as informações confidenciais sejam mantidas de forma apropriada e que as
quebras de sigilo sejam justificadas e realizadas de acordo com as leis e as diretrizes éticas.
Cobrança de Honorários:
O enfermeiro está vinculado ao dever de sigilo na cobrança extrajudicial ou judicial de
honorários ou de importâncias a que tenha direito pela prestação de serviços.
Nas ações judiciais para cobrança de honorários, o enfermeiro apenas pode divulgar o
estritamente necessário à defesa da sua dignidade, honra e interesses, após autorização do
Presidente do Conselho Jurisdicional.
De acordo com as disposições deste regulamento da Ordem dos Enfermeiros em Portugal,
estas são algumas das situações em que o enfermeiro pode ser obrigado a quebrar
(revelar),o segredo profissional,.