DM JorgeFranca 2020 MEESE
DM JorgeFranca 2020 MEESE
DM JorgeFranca 2020 MEESE
2020
Relatório elaborado para satisfação parcial dos requisitos da Unidade Curricular de DSEE -
Dissertação do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos de Energia
Empresa: SIEMENS SA
2020
A todos os que ao meu lado caminharam…
i
ii
Agradecimentos
O presente documento reflete todo o esforço desenvolvido ao longo dos últimos 18 anos e
encerra aquilo que será, por agora, o ciclo de estudos.
Durante este ciclo que agora finda muitas foram as pessoas que me ajudaram, apoiaram e
acompanharam este meu percurso sendo por isso necessário agradecer e destacar alguma
dessas pessoas.
Aqueles que são para mim os meus companheiros de vida e que caminham ao meu lado
sempre assumem um papel relevante e por isso o meu maior agradecimento à minha
família, em especial à minha namorada, ao meu irmão e aos meus pais. Foram estes que
muitas vezes saíram prejudicados durante o meu caminho, mas que ao mesmo tempo
sempre me deram força para ir mais além.
Para o meu orientador, conforme já referido, o Engenheiro António Gomes, uma palavra
de agradecimento dedicada pois sem o apoio, incentivo, disponibilidade e compreensão da
parte dele não seria possível atingir este marco.
Também durante o percurso profissional tenho encontrado colegas e amigos dos quais
muito me orgulho. O meu muito obrigado para o João Couto Sá e para o José Alexandre
Fernandes que têm me guiado na reta final desta minha caminhada e sempre me motivaram
para fazer mais e melhor.
iii
A todas as pessoas em cima referidas, uma vez mais, o meu sincero agradecimento e o voto
de continuar a querer evoluir e a cada dia que passe ser uma pessoa e um profissional
melhor e mais capaz.
iv
Resumo
Numa época de globalização, na qual as indústrias necessitam de garantir competitividade
a nível internacional, as instalações necessitam de ser dotadas de infraestruturas e
tecnologias de suporte que garantam o seu correto funcionamento e lhes forneçam todas as
valências necessárias à sua atividade.
O projeto eletrotécnico é um ato de engenharia que para ser realizado requer uma formação
sólida formação em termos técnicos, tecnológicos e regulamentares, e que pode ter níveis
de complexidade muito diversos, dependendo das características das instalações e dos
requisitos funcionais, de segurança e de gestão, devendo a sua realização traduzir-se no
encontrar da melhor solução técnico-económica para a instalação em questão,
considerando como fator preponderante a segurança de pessoas, bens e instalações,
assegurando a funcionalidade, fiabilidade, flexibilidade, expansibilidade, utilização
racional de energia, gestão técnica e integração de sistemas, assim como a compatibilidade
entre especialidades.
Com o passar dos tempos o mercado nacional da energia eletrotécnica tem se revelado
insuficiente para as empresas continuarem a crescer naquilo que é denominado como
“negócio tradicional” sendo isto definido como a venda e a instalação/comissionamento do
equipamento clássico de média tensão e por este motivo, países menos desenvolvidos
como os existentes no continente africano são considerados como um mercado bastante
atrativo para as empresas operantes neste ramo.
v
A direção de obra exige capacidade de planeamento, conhecimentos técnicos, tecnológicos
de materiais e equipamentos, mas também a capacidade de liderança, interação com os
diversos intervenientes em obra, fiscalização e dono de obra.
Palavras-Chave
vi
Abstract
Nowadays where globalization is a reality and when the industries need ensure competitive
market between each other’s, all installations need build infrastructures and technologies
for support correct operation and give them all conditions to her perfect execution.
To ensure the expected and correct operation of anyone installation, the electrical engineer
may have real and perfect overview of installation’s goals. For this the experience will be
strong quality but also will be needed update frequently know-how, legislation and last
materials and equipment’s that are frequently launched on market with great features and
will have big impact in final decision. The most important projects around all world are
appreciated with huge attention in budget but also in terms of technology’s quality
proposed during the project phase.
The electrical project should be considered as action where to be executed the owner might
be solid graduate not just in technical terms but also in technologies and main laws topics.
This project can have different levels of complexity, depending on final solution, but result
will be totally focused on achievement best relation between technical and economics
topics to this installation. Other of important point is persons’ safety that will explore all
equipment and installation. The electrical project also should ensure that all quality
requirements are implemented.
Over time the traditional market of energy has been showed insufficient for companies’
development of traditional business. The traditional business could be defined as the sell
and installation/commissioning of all medium voltage equipment’s and due the
underdevelopment of African’s region this is one of the most attractive market for these
companies.
The site manager’s function requires many abilities such time and team’s management,
technical know-how but also inter-personal skills to improve relation between teams and
customers.
vii
In this document, without in consideration of academic topics, is approached all process
since project phase to execution phase of electrical solution of brewery company in
Mozambique.
Keywords
viii
Índice
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................... III
RESUMO ............................................................................................................................................. V
ÍNDICE ............................................................................................................................................... IX
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1
1.1.CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................................................... 1
1.2.OBJETIVOS .................................................................................................................................... 2
1.3.CALENDARIZAÇÃO ........................................................................................................................ 3
1.4.ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO ..................................................................................................... 3
2.1.ENQUADRAMENTO ......................................................................................................................... 5
2.2.SISTEMA ELÉTRICO MOÇAMBICANO ................................................................................................ 7
2.3.PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ......................................................................................... 21
2.4.DIREÇÃO DE OBRA ..................................................................................................................... 107
ix
5.3.COMPONENTE ACADÉMICA ......................................................................................................... 253
5.4.PERSPETIVAS DE TRABALHO FUTURO .......................................................................................... 254
x
Índice de Figuras
Figura 1: Consumo por tipo de consumidor (GWh) em Moçambique 15
xi
Figura 19: Quadro de média tensão do tipo "Metal enclosed" [19] 66
Figura 21: Quadro de média tensão do tipo "Ring Main Unit" [21] 68
Figura 28: Outros equipamentos nos postos de transformação e seccionamento. [30] [31]
[32] 84
Figura 34: Relação entre valor da resistência de terra e o valor da corrente diferencial [35]
92
xii
Figura 39: Esquema de ligação à terra – IT [35] 95
Figura 40: Circuito de primeiro defeito no esquema de ligação à terra - IT com neutro não
distribuído [35] 97
Figura 41: Circuito de segundo defeito no esquema de ligação à terra - IT com neutro não
distribuído [35] 97
Figura 44: Identificação e localização das diversas instalações da unidade industrial 122
Figura 47: Área prevista para instalação da futura central fotovoltaica 127
Figura 53: Esquema unifilar dos painéis de linha da rede pública 143
xiii
Figura 58: Exemplo de uma vala usada para a instalação do cabo 153
Figura 61: Exemplo de um cabo instalado dentro de tubagens enterradas no solo 164
Figura 64: Diagrama unifilar do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 1250 A
172
Figura 65: Diagrama unifilar do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 630 A173
Figura 66: Vista frontal do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 1250 A 175
Figura 67: Vista frontal do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 630 A 176
Figura 73. Portas ventiladas a serem instaladas nas cabines metálicas 185
xiv
Figura 78: Exemplo de menu representativo do Simaris Design 196
xv
Figura 99: Definição do modo de simulação 244
xvi
Índice de Tabelas
Tabela 1: Níveis de tensão da rede pública [5] 28
Tabela 15: Perdas por efeito de Joule nos cabos do Anel 1 157
Tabela 16: Cálculo das perdas por efeito capacitivo no Anel 1 158
xvii
Tabela 19: Fator de correção no cabo do Anel 1 160
Tabela 29: Áreas a serem alimentadas por cada um dos postos de transformação 170
Tabela 37: Comparação das distâncias entre AutoCAD e mapa de cargas 199
xviii
Tabela 40: Lista de cargas para o quadro de distribuição da UPS da área de produção206
Tabela 42: Diferenças de metragem entre fase de projeto e fase de execução no anel 1223
Tabela 43: Diferenças de metragem entre fase de projeto e fase de execução no anel 2224
Tabela 45: Resistividade dos terrenos de acordo com a sua natureza [36] 236
Tabela 46: Resistividade média dos terrenos de acordo com a sua natureza[36] 237
xix
xx
Acrónimos
AT – Alta tensão
BT – Baixa tensão
xxi
MT – Média tensão
xxii
SE – Subestação
xxiii
xxiv
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Após a conclusão da Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos de
Energia pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto surgiu a possibilidade e o interesse
do candidato ingressar no mercado de trabalho. O seu percurso profissional começou no
gabinete de projeto OHM-E Gabinete de Engenharia Eletrotécnica, Lda desde abril de
2018 até abril de 2019 sendo nesta data que aconteceu a transição para uma outra empresa,
a SIEMENS SA.
1
O período de estágio pressupõe uma expectativa de potenciar a consolidação e o
desenvolvimento de conhecimentos, assim como a demonstração de qualidades que irão
sempre permitir o bom desempenho nas tarefas inerentes ao exercício da profissão de
engenheiro.
1.2. OBJETIVOS
Durante a realização da presente dissertação o estagiário desenvolveu, entre outras
atividades, a função de projetista eletrotécnico e a função de gestor de projeto e diretor de
obra.
2
− Desenvolver e acompanhar a evolução do projeto.
Foi ainda, com base na experiência adquirida, desenvolvida uma aplicação informática
para estimação do valor da resistência de terra em instalações elétricas.
1.3. CALENDARIZAÇÃO
O presente documento e conteúdo do mesmo foi desenvolvido em contexto profissional e
por isso todas estas atividades começaram a ser desenvolvidas no dia um (1) de maio de
dois mil e dezanove (2019) e prolongaram-se até ao momento da apresentação e defesa do
trabalho, outubro de 2020.
3
O capítulo seguinte, o quinto, “conclusões” apresenta todos os comentários gerais e
aborda, de forma sucinta outros projetos desenvolvidos durante o período de estágio,
apresenta também as componentes académicas que se mostraram fundamentais para o
ingresso no mercado de trabalho e as perspetivas de trabalho futuro. É ainda neste capitulo
que são apresentadas todas as referências bibliográficas necessárias para a construção do
presente documento.
4
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
SOBRE AS TEMÁTICAS DO
TRABALHO
2.1. ENQUADRAMENTO
O projeto eletrotécnico pode ser definido como um conjunto de peças escritas e desenhadas
ordenadas que têm como o principal objetivo de definir e caracterizar uma solução técnica,
que, com o menor custo possível, vá de encontro às características da instalação, aos
requisitos do dono de obra e que cumpra todos os aspetos regulamentares e normativos
aplicáveis.
5
Uma das funções do projetista é também ter um papel proactivo na aplicação de novos
aparelhos, equipamentos e conceitos que até então não tinham sido explorados. Para isso, e
porque a inovação tem sempre associada algum risco, o bom senso e o sentido critico que
tem de estar sempre presente de modo a ser possível perceber se a solução será de facto
vantajosa ou acarretará desvantagens para a exploração futura.
Existe também o gestor de projeto geral da obra (multidisciplinar) que deverá assumir o
papel de mediador entre todas as especialidades envolvidas e garantir desta forma uma
correta e assertiva comunicação entre as diversas áreas.
Quando se fala em executar projetos, para outros países, que não Portugal, é exigido ao
projetista um esforço complementar, pois necessita de conhecer todo o corpo legislativo,
regulamentar e normativo aplicável no país em questão. No entanto, os desafios vão para
além de questões administrativas, regulamentares e normativas, pois, o fator cultural, o
fator logístico ou o simples fator de mudança de fuso-horário altera o normal
6
desenvolvimento do projeto e isso acarreta dificuldades e particularidades no normal
desenvolvimento do projeto que têm de ser ultrapassadas da melhor forma possível.
Um projeto não pode ser realizado com o único objetivo de obter o licenciamento da
instalação, mas, deve conferir uma garantia de qualidade, segurança e eficiência na solução
final. Para estes objetivos serem cumpridos o projeto é obrigado a cumprir todos os
requisitos legais e regulamentares que sejam aplicados à sua natureza.
Este conjunto legislativo tem de estar em constante atualização devido a toda a evolução
tecnológica que as técnicas, os materiais e os equipamentos estão sujeitos. As dinâmicas de
utilização das instalações também se alteram assim como os hábitos dos utilizadores.
7
2.2.1.1. LEGISLAÇÃO
Aplica-se aos projetos de produção de energia elétrica que têm por base fontes renováveis,
desenvolvidos por pessoas singulares ou coletivas, públicas ou providas ao abrigo do
presente regulamento, tendo por objetivo a ligação à rede elétrica.
Tem por objetivo estabelecer o modelo de tarifário aplicável para as novas e renováveis
fontes de energias com vista à sua promoção e garantia da diversificação da matriz
energética e o seguro fornecimento da energia elétrica.
8
- Decreto n.º 42/2005, de 29 de novembro
9
- Decreto n.º 10/2020, de 23 de março
2.2.1.2. REGULAMENTOS
O Regulamento de Segurança das Linhas Elétricas de Alta Tensão (RSLEAT) foi aprovado
a 11 de novembro de 2011 através da publicação do Decreto n.º 57/2011.
Tem como objetivo fixar um conjunto de condições técnicas que devem ser cumpridas no
caso de construção e exploração das linhas de alta tensão. Este regulamento é também
aplicado às linhas de telecomunicações existentes no apoio do equipamento elétrico.
10
- Regulamento de Redes de Distribuição de Energia Elétrica de Baixa Tensão
11
Esta herança obrigou a EDM a desenvolver um conjunto de ações procurando dar resposta
aos referidos problemas, tendo:
A eletricidade foi usada como elemento de promoção política e foi disponibilizada a toda a
população a um custo muito baixo durante vários anos. Medida esta que fez com que a
produção e distribuição fosse realizada a custos que eram impossíveis de serem
recuperados originando assim ao longo dos anos um declínio da qualidade da energia.
Se desde a sua origem a EDM era uma empresa estatal em 1995, e já dentro do contexto de
reestruturação da economia do país, passou a ser uma empresa pública tendo assim direito
a um fundo nacional de investimento. Com esta mudança, mudou também o nome
passando a denominar-se EDM – E.P onde o seu foco passou a ser a melhoria da qualidade
da rede fornecida aos utilizadores finais e a gestão eficiente dos seus recursos.
12
A EDM – E.P ficou dividida em quatro grandes áreas de comando sendo assim possível
otimizar a dinâmica da empresa com vista a que o peso operacional dos administradores
seja usado para desenvolver assuntos estratégicos para a empresa. Esta mudança exigiu
também um trabalho extenso de reorganização que teve de ter em conta todos as
condicionantes de cada momento e as perspetivas e desafios bem como as orientações
definidas para o futuro da eletricidade no país. Orientações essas que assentavam nos
seguintes pilares:
Para o cumprimento destes objetivos tiveram de ser criados os seguintes recursos para uma
correta progressão da empresa sempre com vista à promoção da empresa e melhoramento
da gestão, nomeadamente:
Ao longo do tempo a empresa foi-se sempre preparando para uma fase de expansão e
consolidação no mercado que resulta do crescimento/evolução económico do país e
também na possibilidade legislativa do sector elétrico poder começar a ter vários
operadores e não apenas monopolizado pela EDM, à semelhança do que acontece em
muitos dos outros países.
13
2.2.3. CARATERIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE MOÇAMBIQUE
2.2.3.1. GENERALIDADES
14
A Figura 1 mostra a distribuição e evolução dos consumos energéticos em Moçambique,
entre os anos de 2011 e 2014.
15
Figura 2: Capacidade energética instalada em Moçambique [3]
16
situada província de Tete, ilustrada na Figura 3, sendo esta uma das maiores barragens de
todo o continente Africano com uma capacidade instalada de dois mil e setenta e cinco
(2075) MW [3].
A potência instalada, no ano de 2014, totalizava dois mil seiscentos e vinte e seis (2626)
MW, no entanto apenas novecentos e cinquenta e sete (957) MW estavam disponíveis para
a EDM, sendo este um bom indicador sobre o potencial económico do país pois existe um
grande volume de exportação.
17
2.2.3.3. TRANSPORTE
− 220 kV – Nível de tensão utilizado no Norte do país com duas linhas. Uma linha
com aproximadamente mil (1 000) km entre a subestação do Songo e Nampula e
uma outra linha entre a cidade de Tete e Chibata, embora esta última seja operada a
110 kV;
− 100 kV – Nível de tensão usado na região Centro e com linhas responsáveis por
ligar a central de Chicamba à cidade de Mavuzi e abastecer eletricamente a região
da Beira – Manica.
Verifica-se que não existe uma interligação entre a capital, Maputo, e a maior central
hidroelétrica do país tendo por este motivo que importar energia ao país vizinho, neste caso
África do Sul. Outra das particularidades é que apenas uma linha de transmissão é
responsável por entregar energia na região norte conforme se pode constatar na Figura 4:
18
Figura 4: Rede de transporte de Moçambique, abril de 2016 [3]
19
Em toda a rede elétrica estão instaladas setenta e duas (72) subestações em que sete (7) têm
a particularidade de serem móveis, permitindo assim estabelecer pontos provisórios de
ligação à rede. Para além destas subestações existem também dois (2) postos de
seccionamento que permitem realizar reconfigurações da rede.
Desde o ano de 2015 que tem existido a intenção do governo Moçambicano junto do
Banco Mundial de desenvolver e evoluir o sector elétrico nacional. Nesse ano, 2015, o
Banco Mundial lançou o desafio para que o desenvolvimento elétrico assentasse em três
pontos chaves, sendo eles:
Esta interação com o banco mundial, com o objetivo de conseguir investimentos externos,
mostra a atitude atenta e preocupada do governo Moçambicano em investir na expansão do
acesso à energia elétrica em todo o território.
Relativamente a projetos com investimento a longo prazo é expectável que o país seja
capaz de explorar ainda mais três mil (3000) MW de recursos hídricos, com especial foco
na expansão de mil duzentos e quarenta e cinco (1245) MW da central de Cahora Bassa e
ainda uma nova central de mil e quinhentos (1500) MW denominada de Mphanda Nkuwa.
Um dos outros grandes interesses do país é a exploração de recursos fósseis locais como é
o caso do gás natural ou centrais a carvão sendo que estes recursos estão previstos para
serem alvos de novas instalações na ordem dos mil e quatrocentos (1400) MW e dois (2)
GW respetivamente.
20
Todos os projetos acima descritos irão certamente, a longo prazo, fortalecer a geração de
energia mista que é atualmente dominada pelos recursos hídricos.
2.3.1. ENQUADRAMENTO
Este corpo legal está em constante evolução e atualização, por um lado, devido à
permanente evolução tecnológica de materiais e equipamento, mas, por outro lado, devido
às cada vez maiores exigências impostas às instalações, em termos de segurança de pessoas
e bens, flexibilidade, fiabilidade, funcionalidade, conforto e eficiência.
21
Assim, um projeto deve desenvolver-se de acordo com as fases a seguir indicadas,
podendo, algumas delas, ser dispensadas de apresentação formal, por especificação do
caderno de encargos ou acordo entre o Dono da Obra e o Projetista:
− Programa preliminar;
− Programa base;
− Estudo prévio;
− Projeto de execução.
− Objetivos da obra;
22
2.3.2.2. PROGRAMA BASE
De modo a que seja possível o dono de obra compreender facilmente todas as soluções
propostas pelo projetista e os elementos que constam no programa base, este deve incluir:
23
2.3.2.4. PROJETO PARA LICENCIAMENTO
Concluída a etapa anterior, o estudo prévio, e sendo aprovado pelo dono de obra, entra-se
na fase de projeto para licenciamento. Será nesta fase que se desenvolvem todas as
soluções previamente descritas. É também nesta fase que é submetido o projeto aos
diferentes organismos.
24
2.3.2.5. PROJETO DE EXECUÇÃO
A classificação das instalações elétricas que tem como principal função agrupar as variadas
instalações elétricas em função das suas caraterísticas e de acordo com a sua alimentação,
definindo assim a regulamentação que se deve ter em conta aquando da elaboração dos
projetos, e na execução das instalações o processo e as entidades que intervém no mesmo,
pois os processos burocráticos são específicos de cada tipologia é realizada em
Moçambique tendo por base o definido no Regulamento de Licenças para Instalações
Elétricas, aprovado pelo Decreto n.º 10/2020, de 23 de março.
25
− 1ª categoria – Instalações elétricas de interesse público geral. Estão englobadas
nesta categoria as instalações de caminhos de ferro, as instalações de produção de
energia elétrica com base em combustíveis fosseis, biomassa e/ou quaisquer outras
fontes renováveis;
26
− 10ª categoria – Instalações elétricas de carater provisório de curta duração como é o
caso de espetáculos cénicos e outros semelhantes.
A alimentação normal é a rede responsável por fornecer energia elétrica em regime normal
de funcionamento, e normalmente será disponibilizada por parte do distribuidor público.
Pode acontecer que existam instalações de utilização isoladas e muito distantes das
infraestruturas de distribuição existente que necessitem de uma rede isolada com produção
própria.
A alimentação normal através da rede pública pode ser realizada em diferentes níveis de
tensão consoante as caraterísticas de cada alimentação. Esta escolha é bastante importante
pois terá um impacto significativo na qualidade de serviço, nos custos da energia e nos
custos iniciais e de exploração da instalação.
27
A ligação à rede pública pode ser realizada em qualquer nível de tensão, em conformidade
com o descrito na
Tabela 1.
28
Por vezes em edifícios de grande altura, em estabelecimentos de recebendo público e em
certos estabelecimentos industriais é obrigatória, conforme o estabelecido nos
regulamentos aplicáveis, a existência de uma alimentação de segurança.
Existem circuitos onde se pretende evitar a interrupção da alimentação pois as cargas que
estes alimentam são importantes para a normal exploração da instalação sendo isto
frequente em processos industriais de laboração continua ou instalações de tratamento de
informação.
Para os circuitos que se enquadrem no parágrafo anterior é possível dimensionar uma rede
que irá manter em funcionamento a instalação, ou parte desta, por razões que não sejam a
segurança das pessoas em caso de falha da alimentação normal.
2.3.4.4.1. ENQUADRAMENTO
Um grupo gerador pode ser definido como o conjunto de equipamentos tais como a
caldeira, a turbina, o gerador, o transformador e um motor de combustão, que quando
alimentado com combustíveis fósseis que irá acionar o gerador que será responsável por
produzir energia elétrica.
Os grupos eletrogéneos são vulgarmente utilizados como segunda ou terceira rede nos
sistemas elétricos de energia mais desenvolvidos, mas nos países em que o mercado
elétrico ainda não está tão explorado por vezes é usado como rede principal. Isto pode
acontecer devido a diversos fatores tais como a inexistência de rede elétrica nos locais da
instalação, a fraca qualidade de serviço, entre outros, sendo esta uma opção do explorador
da instalação.
29
Esta solução pode tomar diversas configurações tais como fontes de socorro, geralmente
apresentados com canópias, quando para utilização exterior, representado na Figura 5, ou
como fonte de alimentação primária, com um ar bem mais robusto devido às exigências
inerentes.
Conforme já referido a instalação de um grupo gerador pode ser idealizada para diversos
fins de acordo com as características da instalação e a rede de distribuição de energia a
montante. Estes fins podem ser classificados de acordo com os tipos de sistemas adotados,
sejam eles em “Alimentação Normal”, “Alimentação de segurança” ou em “Alimentação
de socorro” conforme já descrito.
− Potência de emergência;
− Energia Principal;
− Energia continua.
30
Estas características podem ser encontradas na chapa de caraterísticas de um grupo onde é
possível visualizar a capacidade máxima de funcionamento de cada equipamento. Esta
informação, representada na Figura 6 permite perceber qual a potência disponível quando o
equipamento é usado no modo de funcionamento “Continuos”. A chapa permite também
consultar de forma rápida outras informações/caraterísticas de igual importância.
31
Esta solução pode também ser utilizada em instalações em que a interrupção de energia
elétrica tenha impactos técnicos e/ou económicos irrecuperáveis e aí os grupos geradores
são usados como redes de “backup” evitando assim que as máquinas, se for caso disso,
parem o processo de produção.
32
- Prime Power (PRP)
Os sistemas usados classificados como energia prime podem ser utilizados em duas
configurações distintas:
Dentro desta categoria podemos ver dois tipos de funcionamento. Funcionamento com
energia por tempo ilimitado em que, de acordo com a Figura 8, é exigido que o grupo
esteja disponível num número ilimitado de horas para aplicações com carga variável. Nesta
situação, de carga variável, o fator de carga médio não deve exceder os 70% da sua
classificação de “Energy prime”.
Relativamente a sobrecargas esta é aceite até 10% para um valor máximo de 1 hora por
cada 12 horas de operação nunca excedendo o valor total de 25 horas anuais. Se porventura
for necessário fazer o paralelo com a rede pública esta circunstância já ocorre com
limitações temporais.
33
A Figura 8 representa o funcionamento por tempo ilimitado.
Neste caso em específico os grupos podem operar em simultâneo com a rede até um
máximo de 750 horas por ano. [8] Existe a salvaguarda de que se o motor for utilizado
constantemente para alimentar grandes cargas este valor deverá diminuir.
34
A Figura 9 ilustra o regime de funcionamento por tempo limitado.
35
- Continuous power operating (COP)
Conforme o nome indica, a operação em energia continua, este sistema utiliza toda a
energia disponível no gerador e é geralmente escolhida em situações em que necessitamos
da energia para alimentar 100% de uma determinada carga durante um período
indeterminado de tempo, conforme é possível ver na Figura 10.
2.3.4.4.4. INSTALAÇÃO
Um grupo eletrogéneo pode ser instalado tanto no espaço interior como num espaço
exterior o que esta definição durante a fase de projeto acarreta consequências de forma
direta.
A decisão do local de instalação irá acarretar custos durante todo o período de exploração
do equipamento sendo que este fator é um conjunto de decisões relativamente à localização
do grupo, à localização do tanque de combustível e à disposição de condutas de extração
de gases.
36
Existem alguns fatores a ter em conta tais como:
Canópia exterior para proteção do Área de trabalho – tem de existir pelo menos 1 metro
equipamento; livre para a livre circulação de pessoas
Temperatura ambiente baixa pode dificultar o Sistema de arrefecimento – pode ser através de
arranque; radiador ou ventiladores
Locais com temperaturas muito baixas podem Escape do motor – deverá ser instalada o mais alto
tornar o combustível mais viscoso; possível;
37
2.3.4.4.5. CONSTITUIÇÃO
A Figura 11 mostra de forma sucinta todos os equipamentos que fazem parte de um grupo
gerador.
38
- Motor de combustão
Nos geradores a solução mais usual é o motor a quatro tempos e esta definição deriva das
etapas que ocorrem no ciclo de combustão sendo estas:
− 3ª etapa – Explosão;
− 4ª etapa – Escape.
- Alternador
39
Os alternadores são considerados máquinas síncronas, sendo isto definido como tendo a
rotação diretamente relacionada com o número de polos e a frequência. Este equipamento
pode funcionar de forma reversível, quer isto dizer que se estiver acoplado a um motor
assim que receber energia mecânica vai produzir energia elétrica, mas se receber energia
elétrica pode produzir também energia mecânica, mantendo o mesmo rendimento nos dois
processos.
Em relação à parte elétrica esta máquina é constituída por dois componentes, uma primeira
parte constituída pelos polos, local este onde é criado o campo magnético e uma segunda
parte denominada por induzido que é onde aparece a força eletromotriz.
- Componentes de controlo
Estes grupos eletrogéneos funcionam de forma automática, mas para isso requerem
automatismos que o permitam ligar e desligar de forma independente e corrigir o valor da
tensão e/ou frequência.
40
Existem vários fatores críticos tais como a pressão do óleo, a temperatura da água, entre
outros, que necessitam de ser monitorizados constantemente pois uma deficiência nestes
sistemas pode resultar na indisponibilidade dos grupos no momento em que a rede que este
alimenta necessite. De modo a prevenir estas falhas são instalados diversos equipamentos
de controlo para monotorização do equipamento, consoante os requisitos impostos pelo
cliente. As opções disponíveis são:
− Sensor de pressão do óleo – Responsável por verificar a pressão do óleo sendo que
sempre que esta baixar de um valor pré-estabelecido deverá desligar o grupo.
− Sensor de rutura de correia – Serve para evitar que em caso de rutura da correia,
esta desligue a bomba de água, evitando assim que a temperatura do grupo atinga
valores indesejáveis;
41
2.3.5. SUBESTAÇÕES
2.3.5.1. ENQUADRAMENTO
Uma Subestação (SE) é uma instalação de alta tensão destinada a algum ou alguns dos fins
seguintes:
42
Tabela 3: Níveis de tensão normalizados [14]
Tensão (V)
Nominal Mais elevada Designação (EN 60038)
230 para
- o
230/400 equipamento
-
Baixa Tensão
400/690 -
1000 -
Tensão (kV)
3,3 3 3,6
6,6 6 7,2
11 10 12
- (15) (17,5) Média Tensão
22 20 24
33 30 36
- 35 40,5
(45) - (52)
66 69 72,5
90 - 100
110 115 123
132 138 145
(150) (154) (170)
220 230 245
Alta Tensão e Muito Alta Tensão
- (300)
- 362
- 420
- 550
- 800
- 1 100
- 1 200
43
Em Portugal os níveis de tensão mais utilizados são:
- Transporte
No transporte são utilizadas linhas de muito alta tensão, sendo os níveis de tensão mais
utilizados em Portugal: 150, 220 e 400 kV;
- Transporte
No transporte são utilizadas linhas de muito alta tensão, sendo os níveis de tensão mais
utilizados em Moçambique: 66, 110, 220, 275 e 400 kV.
44
- Distribuição em baixa tensão
− Movel – equipamento montado numa estrutura portátil com o intuito de fazer face a
uma urgência. Deverá ser usado como equipamento provisório.
As subestações de média tensão estas são geralmente instaladas no interior. Por vezes há
situações em que o espaço é bastante confinado ou com condições atmosféricas bastante
agressivas e por isso opta-se por soluções mais compactas tais como equipamentos com
invólucro metálico e com o gás isolante a SF6, obedecendo assim ao que está indicado na
norma IEC 62271-203 [15].
45
As principais vantagens destas subestações de interior são vastas, tais como:
Esta tecnologia, “Gas Insulated Substations (GIS)” requer alguns cuidados principalmente
nas caixas de fim de cabo (estas devem sempre obedecer ao normativo IEC 62271-209
sendo que quando utilizarem óleo ou gás como o material isolante devem sempre dispor de
um sistema de selagem para evitar que este material em contacto com o gás de isolamento,
GIS.
Existe também uma outra tecnologia: as subestações híbridas que geralmente são
implementadas quando o espaço exterior é reduzido e os equipamentos de MAT/AT
(transformadores, seccionadores de linha, seccionadores de terra e disjuntores) são todos
instalados num invólucro metálico, e este por sua vez é isolado a SF6. No entanto a ligação
entre diversos equipamentos enclausurados acontece por meio aéreo com os barramentos
isolados, da mesma forma que acontece nas subestações “Air Insulated Substation – AIS”.
− Redução de espaço;
46
Existem também ocasiões em que a subestação tem de ser enterrada, esta solução é
predominante nos grandes centros urbanos pois o espaço exterior para a instalação é
bastante reduzido. Tendo em conta a localização onde normalmente estas subestações se
encontram, necessitam de cuidados especiais tais como:
47
- Circuitos principais
Nas subestações existe normalmente sempre o mesmo tipo de equipamento composto por
equipamentos de proteção (disjuntores), isolamento (seccionadores), medida
(transformadores de corrente e/ou tensão) e descarregadores de sobre tensões. Os painéis
normalmente são os seguintes:
48
Os painéis previamente descritos são equipados com os seguintes equipamentos de média
tensão:
− Interruptores;
− Disjuntores;
− Seccionadores de linha;
− Seccionadores de terra;
− Transformadores de medida;
− Contactores;
− Detetores capacitivos.
No caso dos interruptores associados a fusíveis, para fazer a função de proteção, estes são
responsáveis por fazer a proteção dos cabos dos transformadores (com potência até 630
kVA) recorrendo a bobines de disparo que quando acionadas devem permitir a atuação da
proteção intrínseca do transformador.
49
Os fusíveis devem ser equipados com um percutor, representado na Figura 14, sendo que
quando este é percorrido por um defeito o percutor é acionado e irá ser o responsável direto
por provocar a abertura do interruptor.
50
O dimensionamento dos calibres de fusíveis deve ocorrer de acordo com os valores
normativos presentes nas normas IEC que podem ser observadas na Tabela 4.
250 40 – 80 25 – 40 31.5 16 – 25 10 – 20
51
Em relação aos disjuntores de média tensão, ilustrado na Figura 15, estes diferem em
alguns aspetos, no entanto a função é igual aos disjuntores de alta tensão. O corte elétrico
neste aparelho é realizado por SF6 ou então em camaras de vácuo, sendo que estes últimos
têm aumentado a sua quota de mercado devido a questões ambientais. Existe ainda uma
tecnologia mais antiga, que são os disjuntores a óleo em que têm os seus contactos
submersos no óleo e será aí que o arco elétrico será extinto, assim como o isolamento das
partes metálicas.
52
Para os disjuntores de MT, e dependendo da tensão e do fabricante a sua gama de valores é
a seguinte:
− Corrente nominal:
o 400 A;
o 630 A;
o 800 A;
o 1250 A.
− Poder de corte:
o 12,5 kA;
o 16 kA;
o 20 kA;
o 25 kA.
Quando se fala em seccionadores de média tensão estes permitem apenas manobras sem
carga, sendo que não têm poder de corte e suas intensidades estipuladas estão
compreendidas entre os 400 A, 630 A e os 1250 A.
53
- Circuitos secundários
o Iluminação e climatização;
54
− Circuitos auxiliares de medida: Têm por função dar indicação das grandezas
elétricas em jogo do circuito principal:
o Correntes;
o Tensões;
o Potências;
o Energia.
- Barramento
− Barramento simples;
− Disjuntor e meio;
− Triplo barramento.
Por vezes é possível verificar-se numa mesma instalação (subestação) diversas tipologias
sendo cada uma delas a mais adequada a cada nível de tensão.
55
Em instalações industriais próprias e não pertencentes à rede publica o mais comum é usar
a configuração de “barramento simples”, presente na Figura 16, sendo que nesta situação a
continuidade de serviço nem sempre é um fator decisivo. Por sua vez a configuração
“duplo barramento” é utilizado em instalações onde se pretende que haja garantia de
continuidade de serviço, logo, com a instalação de um painel de inter-barras é possível
garantir o normal funcionamento em caso de avaria de algum equipamento, pois o
barramento que irá ficar em serviço será responsável por continuar a garantir o
fornecimento de energia à restante instalação.
Com a solução presente na Figura 17, duplo barramento com inter-barras, é possível
efetuar-se a mudança de barramento sem cortes de energia tendo também a vantagem de
que é possível fazer uma melhor distribuição de cargas (painéis) de modo a que o impacto,
em caso de necessidade de intervenção, seja menor. Abaixo podemos ver um esquema
unifilar representativo dessa mesma tipologia.
Em instalações que requerem uma maior fiabilidade da rede e uma redução de custos,
principalmente nas manutenções, normalmente usa-se a configuração de “disjuntor e meio”
embora esta configuração necessite de um estudo de proteções consideravelmente mais
complexo.
56
Sempre que é impossível deixar um painel momentaneamente fora de serviço a solução a
adotar passa por usar a solução de “triplo barramento”. Esta solução costuma ser utilizada
nas subestações de muito alta tensão, no entanto só permite colocar um painel em
manutenção de cada vez.
2.3.5.5. NORMALIZAÇÃO
− IEC 60953: 1990 – Recomendações para turbinas a vapor – Regras para receção
provisória;
− IEC 62271: 2011 – Interruptores para tensões acima de 1kV e até, incluindo, 52kV;
57
2.3.6. POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO E SECCIONAMENTO (PTS)
2.3.6.1. ENQUADRAMENTO
Os postos de transformação estão inseridos nas redes próximos dos centros de cargas. Estes
centros de cargas são caraterizados por diferentes áreas geográficas, com densidade
populacional distinta e com a atividade empresarial, económica e social também distinta.
− Ao serviço prestado;
− À função;
− À instalação;
− Ao tipo de alimentação;
− Ao modo de alimentação;
− Ao modo de exploração.
58
- Classificação quanto ao serviço prestado
59
- Classificação quanto à instalação
o Em edifício próprio;
▪ Cabine alta;
▪ Cabine baixa;
• Construção pré-fabricada.
o Betão;
o Involucro metálico.
▪ Subterrâneos.
60
- Classificação quanto ao tipo de alimentação
− Linhas aéreas – linha elétrica que é constituída por condutores a uma altura
conveniente do solo;
− Linha subterrânea – linha elétrica constituída por cabos isolados enterrada no solo
ou instalada em galerias, em tuneis ou em caleiras;
− Rede mista – rede que é constituída por linhas aéreas e por linhas subterrâneas.
− Rede fechada – rede que possui mais do que um ponto de alimentação podendo por
isso ser formada por um anel ou por várias malhas;
− Manual;
− Automática.
61
- Classificação quanto ao tipo de equipamento de média tensão
o Quadros modulares;
A utilização dos quadros pré-fabricados metálicos é cada vez mais uma realidade quer nos
postos de transformação públicos como nos postos de transformação privados tendo por
este motivo alterado de forma significativa a conceção dos postos de transformação.
62
2.3.6.3. EQUIPAMENTO
Todos os quadros de média tensão, exemplo representado na Figura 18, são constituídos
por celas modulares com tamanhos normalizados tendo em cada painel normalmente os
seguintes compartimentos.
− Barramento;
− Disjuntor;
− Cabos;
63
Vulgarmente as celas contém diversos equipamentos como parte constituinte do seu
esqueleto sendo estes:
− Seccionadores e disjuntores;
− Seccionadores de terra;
− Detetores capacitivos.
No caso dos interruptores e dos disjuntores estes dispõem de um circuito de comando que
irá ser sempre responsável pela comutação do seu estado visto que ao contrário do que
acontece nos disjuntores de baixa tensão estes não trabalham de forma autónoma (sem
circuitos de comando).
64
- Tensão estipulada:
− 12kV;
− 17.5kV;
− 24 kV;
− 36 kV;
− 40,5 kV.
- Intensidade estipulada:
− 400 A;
− 630 A;
− 1250 A;
− 2500 A.
− 12,5 kA;
− 16 kA;
− 20 kA;
− 25 kA.
− IP 3X;
65
2.3.6.3.2. TIPOS DE QUADROS DE MÉDIA TENSÃO
- Metal enclosed
Os quadros do tipo “metal enclosed”, ilustrados na Figura 19, são constituídos totalmente
por celas modulares sendo a esta a solução mais económica e normalmente a que é usada
nas soluções comuns. Estes quadros têm por sua vez celas tipo, modelos previamente
desenhados por forma a uniformizar a instalação, tais como:
66
- Metal Clad
No que toca à tecnologia “metal clad” estes são semelhantes ao anterior, no entanto têm os
disjuntores extraíveis que reforçam a função de corte e proteção quando se encontram
extraídos, tendo também a vantagem de serem mais práticos na questão da manutenção, e
estão representados na Figura 20.
Esta solução é a mais flexível, mais robusta e mais segura uma vez que é permitido retirar
o disjuntor para fora do painel e toda a sua construção é feita tendo em conta “arcproof”.
Este disjuntor tem três posições:
− Inserido;
− Extraído;
− Teste.
67
- Ring Main Unit – Bloco Rede Anel
Os quadros vulgarmente utilizados e denominados como bloco rede anel (BRA), ilustrados
na Figura 21, são quadros bastante compactos e totalmente isolados a SF6 para tensões até
aos 24 kV e que facilmente pode ser expansível numa fase posterior. A sua utilização é
predominante em postos de transformação (públicos ou privados) que permite fazer uma
otimização no espaço necessário para a sua instalação.
Figura 21: Quadro de média tensão do tipo "Ring Main Unit" [21]
Os transformadores, de uma forma resumida, são usados para diminuir o valor da tensão
entre os dois lados dos terminais deste, geralmente entre o lado da rede de transporte e o
lado da rede de distribuição, mas, o transformador, como máquina reversível também
poderá ser usado para aumentar a tensão, sendo esta função usada frequentemente em
subestações de centrais elétricas que elevam de, normalmente, MT para MAT ou AT.
68
Os transformadores deverão ser classificados quanto ao tipo de dielétrico utilizado
podendo ser do seguinte tipo, e ilustrados na Figura 22:
Todos os transformadores a óleo têm sido descontinuados sendo que apesar de ainda
estarem a ser utilizados em PTS de cliente e privados para potências sempre superiores a 3
MVA estão a ser substituídos e os novos já são transformadores secos uma vez que estes
têm algumas vantagens como o facto de não usar óleo, logo, consequentemente apresentam
um menor risco de incêndio e menor poluição. Mas também têm desvantagens como o
facto, devido ao seu IP 00, de não poder ser instalado no exterior sem uma canópia.
Nos locais com grande afluência de público como centros comerciais, estádios e hospitais é
de boa pratica e comum o uso de transformadores secos, no entanto, o regulamento técnico
de segurança contra incêndios em nada obriga o seu uso ficando a cargo do projetista.
69
Os transformadores têm geralmente os seguintes acessórios:
− Chapa de caraterísticas;
− Proteções intrínsecas;
− Rodas;
− Terminais de terra.
No caso das proteções intrínsecas estas variam de acordo com o transformador e atuam a
dois níveis, o primeiro apenas um alarme e o segundo a abertura do equipamento de
proteção, sendo estas proteções, no caso de transformadores com conservador, um
analisador de gás. No caso de transformadores herméticos um DGPT2 que analisa a
temperatura e por fim, se forem transformadores secos utilizam sondas PT100 ou PTC.
- Grupos de ligações
70
Outra das caraterísticas do transformador é a relação de transformação, representada pela
letra “a” que é relação entre o número de espiras, e não só, pode também ser obtida através
da relação de tensão e da corrente, dos dois enrolamentos tendo em conta que:
(1)
71
Figura 23: Grupo de ligações transformadores [23]
Na rede de distribuição não existem muitas configurações possíveis sendo apenas provável
concretizar duas configurações, a Dyn11 e a Dyn5 em que a última é obrigatória se forem
PTS de serviço público.
- Potência nominal
72
Nas redes de distribuição é invulgar ver transformadores com potências superiores aos
1250 kVA e se atentarmos para o exemplo de Portugal, a potência nunca ultrapassa os 630
kVA. No entanto, por vezes os consumidores obrigam à prática de uma potência superior e
nesses casos geralmente opta-se por uma solução com dois transformadores em paralelo,
ficando assim também salvaguardada a instalação no caso de defeito pois o outro
transformador conseguirá garantir a continuidade de serviço.
E as perdas totais são obtidas pelo somatório das duas variáveis anteriores obtendo-se a
seguinte relação:
(2)
73
As perdas totais são influenciadas por diversos fatores tais como a tensão de serviço e a
potência do mesmo, sendo que é expectável que este valor esteja descrito na chapa de
caraterísticas do fabricante, conforme Figura 24. A EDP, de acordo com a DMA – C52 –
125/N, tem como requisito que todos os PTS de serviço público tenham perdas extras
reduzidas.
74
- Tensão de curto circuito
A tensão de curto circuito é definida como a tensão que ao ser aplicada num dos
enrolamentos com o outro terminal em curto-circuito este irá fazer aparecer uma corrente
nominal no primeiro enrolamento. Este valor é apresentado em percentagem e tem que
estar obrigatoriamente representada na chapa de caraterísticas do transformador.
75
- Regulação de tensão
De uma forma geral as redes podem sofrer variações de tensão que são resultantes de
diversos fatores tais como a carga, a produção e a própria configuração da rede e por essa
razão é necessário proceder-se à regulação do nível de tensão de modo a que nos diversos
pontos da rede a tensão esteja definida entre os parâmetros normais. Esta regulação deverá
ser sempre feita com o transformador em vazio.
Esta variação da tensão deverá ser feita no enrolamento primário, lado de maior tensão, e
para esse efeito são usadas tomadas ligadas em vários pontos do enrolamento.
Naturalmente o ponto central corresponde à tensão de valor nominal e os restantes pontos
correspondem a variações, em geral de 2.5%. Este equipamento deverá estar instalado no
exterior do transformador recorrendo a comutadores de tomadas, representado na Figura 26
em que este equipamento apenas pode ser manobrado manualmente e em vazio.
Os transformadores de forma standard têm duas tomadas acima do valor nominal e mais
duas abaixo do valor nominal, expressão essa escrita da seguinte forma:
(3)
Nas redes de distribuição não é usual serem observadas estas configurações, no entanto
deverá ser sempre realizado um primeiro ajuste quer às redes quer aos consumidores finais.
76
- Refrigeração dos transformadores
O calor emitido pelos transformadores necessita de ser evacuado de forma a que este não
entre em sobreaquecimento provocando assim danos. Como tal, foram sendo
desenvolvidos vários processos que deverão ser selecionados tendo em consideração a
potência, a tensão, a carga e ainda as condições onde estes serão instalados. Estes
processos de refrigeração são:
− Arrefecimento a ar;
− Arrefecimento a óleo;
− Arrefecimento híbrido.
77
A refrigeração dos transformadores pode ser classificada de acordo com vários símbolos de
acordo com a Tabela 5.
Refrigeração:
Óleo mineral O
Ar A
Água W
SF6 G
Isolante sólido S
Circulação:
Natural N
Forçada F
Este símbolo é fulcral para a designação deste equipamento sendo que este pode tomar as
seguintes configurações [26]:
78
Se analisarmos as redes de distribuição os modelos mais frequentes são os ONAN nos
transformadores herméticos e AN nos transformadores a seco.
Os transformadores são preparados para terem um tempo de vida útil bastante extenso, no
entanto podem sempre serem observados defeitos, ainda que não estejam previstos. Estes
geralmente têm três locais predominantes [27]:
− Enrolamentos;
− Óleo.
− Formação de gases;
Quando se refere a defeitos no núcleo, e salvaguardando que estes são os mais raros, estes
geralmente acontecem por curtos circuitos nas estruturas metálicas que provém de
materiais condutores mal isolados que vão provocando sobreaquecimentos.
Já os defeitos mais comuns são os defeitos que acontecem nos enrolamentos que podem ser
divididos em dois grupos:
79
A carga do transformador deverá ser sempre avaliada de acordo com a temperatura do óleo
sendo que esta deverá rondar os 65ºC em que o ponto mais quente admissível dos
enrolamentos é 80ºC, à plena carga.
Os quadros gerais de baixa tensão, QGBT, também são parte integrante dos PTS e sempre
que falamos na utilização destes em postos de transformação serviço público estes deverão
obedecer a regulamentos especificados pela DGEG, denominados como projetos-tipo,
sendo que o seu invólucro para Portugal terá sempre de ser superior a IP45 e IK10 [24].
Se os PTS forem equipados com dois transformadores deverão também ser equipados com
dois QGBTs, um para cada transformador correspondente.
80
Neste último tipo de QBGT, representado na Figura 27 a proteção dos circuitos é feita por
disjuntores e/ou equipamentos de proteção diferencial e ainda poderá acoplar
equipamentos de descarregadores de sobre tensão.
2.3.6.4. ENCRAVAMENTOS
Existem, portanto, vários encravamentos normalizados que são descritos na tabela abaixo:
81
Tabela 6: Encravamentos [29]
Painéis de saída
Painéis de anel
82
2.3.6.5. TERRAS DE SERVIÇO E PROTEÇÃO
Em áreas de grandes densidades urbanas nem sempre é possível garantir que os dois
sistemas de terras fiquem distantes o suficiente para se tornarem eletricamente distintas e
nessas situações opta-se por um sistema de terra única desde que o valor da resistência de
terra única seja inferior a 1 Ω [24].
83
2.3.6.6. OUTROS EQUIPAMENTOS NOS POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO E
SECCIONAMENTO
Figura 28: Outros equipamentos nos postos de transformação e seccionamento. [30] [31] [32]
84
No entanto também o sistema de iluminação deverá seguir requisitos impostos tais como o
nível médio de iluminância que se deverá situar entre os 250 lux (imposto pela EN 12464-
1) e deverão sempre ser usadas armaduras salientes com a proteção mínima de IP 54
equipadas com lâmpadas LED. No caso da iluminação de emergência esta deverá ser
realizada por intermédio de blocos autónomos permanentes sobre as portas e ainda deverá
ser comtemplada a instalação de uma lanterna de emergência com redundância, duas
lâmpadas.
As redes de distribuição em baixa tensão são realizadas numa topologia radial nas quais a
partir de um PT, nascem um ou vários distribuidores, cada um podendo ter um ou mais
ramais derivados, a partir dos quais a energia elétrica é levada até às instalações de
utilização, entre outros pelos seguintes motivos:
− Economicamente vantajosas;
− Simplicidade na análise;
85
Dos três níveis de tensão existentes, ou quatro se for contabilizada a muito alta tensão, a
baixa tensão é aquela que é usada na grande maioria dos consumidores finais.
No território português existem quatro regulamentos que têm um caráter importante e que
assumem um papel predominante sendo eles:
Todos estes regulamentos deverão ser articulados com outros documentos nomeadamente
aqueles redigidos pela direção geral de energia e geologia, e pela EDP distribuição,
entendida exploradora da rede, que estabelece os seus próprios documentos normativos
para os equipamentos instalados na rede e ainda normas como:
86
2.3.7.2. ESTRUTURA DA REDE
Nas redes de distribuição um dos fatores mais importantes é o fator de fiabilidade e para
assegurar esse parâmetro podem ser adotadas várias estruturas da rede. Esta opção requer
investimentos com vista a estabelecer um objetivo entre o custo e o benefício de se obter
redundância na rede no caso de ocorrer uma falha num dos equipamentos da rede.
Esta opção diminui custos de instalação sendo geralmente escolhida para fazer as
alimentações em zonas mais rurais onde o consumo é mais baixo.
As redes em anel são caraterizadas por poderem incluir várias fontes de alimentação para
uma determinada carga sendo que estas podem receber energia provenientes de dois fluxos
de potência diferentes. Esta solução permite que em caso de defeito na rede nenhum dos
consumidores corre o risco de ficar comprometido visto que o outro sentido de energia está
disponível e operacional.
87
Esta solução apresenta, portanto, uma taxa de fiabilidade superior embora o custo também
seja consideravelmente superior, mas em caso de uma avaria o número de consumidores
afetados também desce consideravelmente o que em situações adequadas pode valer o
investimento.
Esta é a solução da rede que permite uma maior fiabilidade visto que dá a possibilidade de
todos os consumidores serem alimentados de várias formas. A fonte de produção está
ligada de forma a que o fluxo de energia possa tomar diversas opções requerendo isto que
todas as canalizações de distribuição de energia estejam preparadas para transmitir a
energia necessária no pior cenário.
De todas as opções esta é a que apresenta uma maior fiabilidade, o que naturalmente está
relacionada com um custo extra, sendo usada principalmente para as redes de transporte de
energia.
Esta tipologia de rede foi das primeiras a ser desenvolvida sendo que foi arquitetada com
condutores de cobre nu sendo que ao longo do tempo foram sendo substituídos por
condutores nu, mas de alumínio apoiados em postes por intermédio de isoladores de
porcelana. Também esta construção foi sendo descontinuada embora ainda seja possível
ver alguns ramais com esta configuração em serviço.
88
Nos dias que correm é usual ver estas redes em zonas com menos população, mas com
cabos isolados de alumínio agrupados em feixe cableado – esta solução é geralmente
denominada de cabos em torçada, representada na Figura 30.
As redes de distribuição subterrâneas, embora tenham o mesmo fim que as áreas, têm
algumas particulares relativamente a estas.
São constituídos por cabos, enterrados diretamente no solo e têm de ser isolados e
armados. Estes são geralmente de alumínio com o isolamento em PVC e existem dois tipos
bastante frequentes:
Neste equipamento, os cabos devem seguir diversas normais tais como a IEC 60502 e
CENELEC HD 603 S1/A [24], onde no primeiro regulamento se encontra discriminado o
89
código de cores, sendo este preto, castanho e cinzento para as fases e azul para o condutor
de neutro.
O esquema de ligação à terra, ELT, é um ponto fundamental de uma instalação. Uma boa
escolha dos elementos de proteção de uma instalação elétrica ajuda na prevenção de
incêndios, explosões ou choques elétricos na exploração da mesma.
A forma de ligação do neutro e das massas está regulamentada através da norma IEC
60364 pois a escolha deste ELT determina a escolha das proteções que podem ser
utilizadas de forma a proteger as pessoas contra contactos indiretos. Esta escolha obedece a
diversos critérios como as condições de exploração, proteção necessária de pessoas e bens,
instalações com/sem risco de incêndio e/ou explosão, continuidade e compatibilidade
eletromagnética.
Existem três tipos de ELT, também designados por regimes de neutro, e estes são
identificados por duas letras, conforme descrito na Tabela 7. A primeira letra indica a
alimentação em relação à terra e a segunda indica a situação das massas em relação à terra.
Isolamento de todas as partes ativas em relação à terra Ligação elétrica direta das massas ao
I ou ligação de um ponto à terra por meio de uma N ponto de alimentação ligado à terra
impedância
O regime de neutro TT, representado na Figura 32, é caracterizado por ter o neutro e a
massa ligados de forma independente à terra. Normalmente este esquema é usado em redes
de distribuição.
90
Figura 32: Esquema de ligação à terra – TT [35]
Se não se verificar diferenças entre o solo ou entre as massas e neutro isto significa que a
impedância da malha de terra é praticamente zero, originando desta forma uma corrente
que se assemelha a um curto-circuito. Esta corrente tem o valor bastante elevado e para que
seja possível efetuar o seu corte tem de ser usado um dispositivo diferencial, desde que este
tenha capacidade de cortar essa corrente, em segurança.
91
O dispositivo mencionado anteriormente irá entrar em funcionamento assim que a corrente
de defeito atingir o valor da sua corrente nominal, tendo necessariamente de atuar num
tempo reduzido de forma a não colocar a vida das pessoas em risco.
(4)
Resultando assim alguns dos seguintes valores, conforme é possível verificar na Figura 34:
Figura 34: Relação entre valor da resistência de terra e o valor da corrente diferencial [35]
Existe ainda uma questão que é necessário analisar, a proteção do neutro. Se a secção do
condutor do neutro for igual à das fases não é necessário colocar proteção específica, no
entanto, se existir uma redução no neutro em relação às fases já deverá ser considerada
uma proteção contra os curto circuitos adequados a essa secção.
Apesar de serem tomados todos os cuidados é de boa prática colocar proteção em todos os
condutores ativos, incluindo o neutro, reduzindo assim a hipótese de contacto.
O ELT TN é caraterizado por ter o neutro ligado à terra e as massas também elas ligadas ao
neutro. Sendo assim, as correntes de defeito á massa são consideradas como um curto-
circuito.
Este regime de neutro tem três variantes: o TN-C; TN-S e por fim o TN-C-S.
92
- TN – C
93
- TN – S
- TN – C – S
Neste caso a função de neutro e de proteção é concentrada num único condutor, PEN,
estando este descrito na Figura 38.
94
Nos dois outros regimes que integram o ELT TN, TN-C e TN-S a proteção deverá ser feita
recorrendo a disjuntores ou dispositivos diferenciais. Este último deverá ser usado no caso
de a corrente de defeito não ter um valor de grandeza suficiente para ativar os disjuntores
ou então no caso em circuitos finais onde é difícil haver um controlo sobre a exploração
dos mesmos.
Nos regimes abordados anteriormente o condutor de proteção não deverá ser ligado ao
dispositivo diferencial, no entanto, no caso do TN-C-S a conexão do condutor PE, de
proteção, e do condutor N, neutro, deverá ser feita antes do dispositivo diferencial. O
condutor de proteção não deverá ser ligado de forma independente ao diferencial nem
passar pelos relés do mesmo.
O esquema de ligação à terra IT pode ser efetivado de duas formas distintas, representadas
ambas na Figura 39, uma primeira com neutro distribuído e uma segunda sem neutro
distribuído.
- Neutro distribuído
O neutro nesta situação não está ligado à terra, encontra-se ligado através de uma
impedância com um valor muito alto, vulgarmente denominado de “neutro impedante”.
95
Todas as ligações entre as massas são efetuadas recorrendo à utilização de um condutor de
proteção.
Neste regime de neutro distribuído é necessário proteger o condutor com um disjuntor que
consiga cortar todos os polos e também é necessário um controlador permanente de
isolamento. Este controlador deve ser ligado ao neutro da instalação e o mais próximo
possível do início da instalação.
A proteção das correntes de defeito deverá ser realizada por meio de disjuntores. No caso
de serem usados diferenciais a sua sensibilidade deverá permitir e realizar a abertura ao
primeiro defeito.
A melhor solução para que esteja garantida a continuidade em toda a instalação é usar o
neutro isolado. Por essa mesma razão, este esquema é frequentemente usado em hospitais,
inclusive blocos operatórios, redes elétricas em aeroportos, minas e outras instalações onde
um defeito na instalação que obrigue a interrupção da energia é bastante dispendiosa.
Assim que ocorra um primeiro defeito, como é o caso da Figura 40, a tensão de contacto
deve ser limitada devendo o seu valor ser inferior a 50V. Nos sistemas em que o neutro que
vem do PT, este está ligado à terra por meio de uma impedância que deverá passar a estar
incluída no circuito de defeito.
96
Figura 40: Circuito de primeiro defeito no esquema de ligação à terra - IT com neutro não distribuído
[35]
Pela lei de OHM, quanto maior for o valor da impedância mais pequeno será a tensão de
contacto.
Figura 41: Circuito de segundo defeito no esquema de ligação à terra - IT com neutro não distribuído
[35]
Como regra de boa prática é aconselhável que o defeito seja limitado rapidamente, isto
porque uma situação de segundo defeito levaria obrigatoriamente ao disparo das proteções.
No caso de existirem dois defeitos envolvendo fases diferentes a corrente será analisada
como um curto-circuito entre elas.
97
2.3.7.5. INSTALAÇÕES DE UTILIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM BAIXA
TENSÃO
Para este processo a base de partida deverá ser o cálculo da corrente de serviço, Ib. A
corrente de serviço corresponde ao valor máximo de potência que é transportado para a
carga. Se estivermos perante um circuito monofásico toda a corrente irá circular apenas por
uma fase, sendo possível calcular Ib através da seguinte fórmula:
S
Ib=
Us
(5)
No caso de termos um circuito trifásico a corrente irá estar distribuída por três fases e, por
isso, o cálculo de Ib deverá ser feito da seguinte forma:
𝑆
Ib =
3 ∗ 𝑈𝑐
(6)
98
Um valor de corrente de serviço superior ao valor da corrente máxima admissível irá
resultar em que o cabo, após entrada em serviço, irá aquecer de forma excessiva levando
assim à sua degradação.
(7)
(8)
(9)
99
- Condição da queda de tensão
Um equipamento elétrico é dimensionado para funcionar com um valor de tensão aos seus
terminais, o que porventura, se este estiver sujeito a valores inferiores ao valor previamente
determinado pode danificá-lo ou mesmo impedir que este entre em funcionamento. Por
essa razão as RTIEBT determinaram os seguintes limites máximos para o desvio que
poderá existir nesse valor de tensão:
− 0,5% Para o troço que faz a interligação entre o quadro de entrada e a coluna
montante, sendo que isto é aplicado no caso de edifícios coletivos;
É importante referir que os últimos dois pontos podem ser ultrapassados, desde que em
conjunto e devidamente justificados não ultrapassem o valor de 1,5%.
100
Para o cálculo deste valor é usada a seguinte equação:
(10)
(11)
Onde:
Cobre 0,017241
Alumínio 0,028264
101
- Condição fadiga térmica
(12)
(13)
Onde:
− T - Tempo (s);
102
− Z- Impedância do transformador.
De forma a garantir o bom funcionamento das instalações torna-se necessário cumprir estas
duas condições:
(14)
O poder de corte está relacionado com a capacidade de extinção do arco elétrico e para tal
é calculado o valor da corrente de curto-circuito máximo:
(15)
Onde:
− Z – Impedância do transformador.
103
2.3.7.5.2. QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO
1 2 3 4
Existem também os quadros de controlo de motores que são para usos específicos de
alimentações aos variadores de velocidade e é usual ver o seu uso em instalações
industriais.
104
- Tecnologias de quadros de distribuição
O uso deste quadro é, portanto, transversal a todos os níveis desde o consumidor industrial
até ao quadro de distribuição final devido à sua polivalência, e como tal podemos enumerar
as seguintes vantagens:
105
Dentro destes quadros modulares estes podem ainda ser de dois sistemas, um de gavetas
extraíveis em que todo o módulo é extraído e substituído por um novo de acordo com as
novas necessidades e outro de “Us” em que é substituída a estrutura metálica, mas a parte
exterior, a tampa frontal, permanece a mesma.
106
2.4. DIREÇÃO DE OBRA
A gestão e direção de obra é um tema que assenta em diversas particularidades, uma vez
que é uma atividade que envolve muitos e diversos recursos, desde mão de obra, máquinas,
materiais e recursos económicos, assim como envolve diversos serviços para que uma dada
empreitada seja realizada.
Para que um projeto tenha sucesso, em todos os aspetos que este engloba, é essencial que
haja uma estreita relação entre todos os recursos e serviços, e para tal é crucial uma boa
gestão e direção de obra.
Para além de gerir todos os recursos é também necessário estabelecer objetivos técnicos,
económicos, financeiros e administrativos sendo que o diretor de obra terá o objetivo de
estudar todos os detalhes e meios necessários, desde o projeto, controlo de custos, controlo
de prazos e controlo de qualidade e segurança para que a obra se conclua respeitando todos
os condicionalismos.
107
2.4.2. FASES OBRA
Quando se decide avançar com um projeto saber exatamente quais são as etapas da obra
faz toda a diferença, conseguindo-se traçar um plano tanto em relação a um orçamento,
como a materiais e recursos humanos. De uma forma geral pode-se dividir em duas etapas:
a conceção e a execução.
A conceção engloba:
Após decorridas estas fases acima descritas procede-se à preparação inicial da obra, onde o
diretor de obra reúne toda a documentação a fim de verificar a necessidade de alguma
alteração da proposta, uma vez que estas são normalmente realizadas sob pressão sendo
imprescindível uma segunda revisão sobre a proposta apresenta a fim de detetar omissões,
erros de orçamentação (valores de matéria prima errados) e confirmação das condições de
execução.
Assim, o diretor de obra poderá efetuar uma re-orçamentação cuidada da obra excluindo
qualquer erro, conseguindo assim programar de uma forma mais eficaz os proveitos, custos
e resultados da obra. Após este processo inicia-se o planeamento da obra onde se
estabelece o plano de aprovisionamento dos materiais e a distribuição da mão de obra,
organizando as equipas de trabalho, incluindo as chefias. Define-se também o plano de
trabalhos para aprovação da fiscalização e um plano financeiro para que possam ser
realizados os mapas de produção e a sua orçamentação. Caso seja necessário podem ser
108
propostas ao dono da obra alterações ao projeto sempre com vista a melhorar a execução
da obra e minimizar os custos garantindo assim um equilíbrio financeiro do projeto.
Será nesta fase de estudo e preparação do projeto e como irá ser executado que deve ser
proposto ao dono de obra algumas alterações à solução inicialmente prevista com o
objetivo de:
109
Deve também nesta fase de início dos trabalhos haver uma documentação organizada sobre
os todos aspetos, criando-se um dossiê de empreitada onde se organiza toda a informação
inerente à obra, e também um estaleiro onde se possa reunir os materiais e equipamentos,
os trabalhadores e todos os outros recursos necessários.
O diretor de obra desempenha uma função fulcral no desenrolar do projeto uma vez que
será ele que estará no na primeira linha da execução a lidar diretamente com os operários,
os equipamentos e o cliente. Será ele a ponte entre o produto final e a gestão do projeto.
É ao diretor de obra, em conjunto com o gestor do projeto, que compete dirigir a obra em
todos os aspetos administrativos, técnicos e económicos, sendo ele responsável por garantir
o cumprimento do caderno de encargos dentro dos prazos estabelecidos contratualmente e
dentro do orçamento inicialmente previsto. Este cargo tem também a responsabilidade de
orientar as equipas de modo a que a execução ocorra dentro dos parâmetros normais de
segurança para todos os intervenientes.
Numa primeira fase, o diretor de obra tem diversas funções tais como:
110
Na fase de execução do projeto o diretor de obra detém as seguintes funções:
Já no fim da obra será ele o responsável para, em conjunto com o cliente, proceder a toda a
vistoria da instalação e elaborar o respetivo auto de receção.
O trabalho não termina com o auto de receção, sendo que nos dois anos seguintes, qualquer
defeito encontrado pelo dono de obra deverá ser articulado pela direção de obra.
O estaleiro é denominado como o local fixo onde existem todas as condições para se
realizar as atividades de apoio à execução do projeto. Este local deve estar munido de
equipamentos auxiliares e infraestruturas auxiliares sanitárias, de armazenamento entre
outras. Uma boa organização deste local permite que todas as pessoas usem este espaço de
forma prática e otimizada facilitando o decorrer da execução.
111
Num projeto o estaleiro pode ser dividido em dois tipos:
O diretor de obra deve ter diversos aspetos em conta na organização do estaleiro tais como:
− Dimensão das equipas que iram estar a trabalhar no projeto com o objetivo de criar
espaços do tamanho adequado às necessidades.
O prazo, apesar de não ser um fator decisivo, para a organização de estaleiro deve ser tido
em conta com o objetivo de esta atividade ser o mais expedito possível com o propósito de
arrancar com a empreitada o quanto antes.
O diretor de obra é também responsável por assegurar que existem estruturas de apoio aos
trabalhadores como refeitórios, posto médico, vestiários etc. Estas últimas estruturas
podem ser articuladas em conjunto com o dono de obra criando assim uma estrutura
comum para diversas empreitadas.
112
2.4.5. SEGURANÇA E SAÚDE DOS TRABALHADORES
113
2.4.5.2. PLANO DE SEGURANÇA E SAÚDE
Este documento deve sofrer diversas iterações ao longo de toda a empreitada conseguindo
assim cobrir e avaliar todos os riscos associados a cada uma das tarefas.
114
2.4.6. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO
Posto isto cabe ao diretor de obra definir o plano de controlo de qualidade e submeter ao
dono de obra os ensaios previstos evidenciando o uso de equipamento adequado e o
pessoal tecnicamente capaz de verificar a conformidade das instalações.
Infelizmente é frequente que durante a execução dos processos, por diversos fatores, não se
consiga cumprir todo o plano de qualidade criado pelo diretor de obra sendo as principais
causas as seguintes:
O diretor de obra deve estudar todos os pontos acima descritos e arranjar alternativa de
modo a obter a melhor solução final possível. Uma comunicação simples, eficaz e assertiva
com todas as equipas, inclusive o dono de obra, é um dos pontos chaves para o
desenvolvimento do projeto e atingir o sucesso do mesmo.
115
2.4.7. COMISSIONAMENTO
o Inspeção visual;
o Verificação de encravamentos;
− Transformadores de medida:
o Inspeção visual;
− Rede de terras:
116
− Quadro de média tensão:
o Inspeção visual;
o Verificação de encravamentos;
− Cabos de potência:
o Ensaios de isolamento entre cada uma das fases e entre cada fase e a massa;
o Inspeção visual;
o Verificação de apertos.
117
118
3. PROJETO E GESTÃO DE
OBRA: FÁBRICA DE
CERVEJA (MOÇAMBIQUE)
3.1. GENERALIDADES
O desenvolvimento de projetos, a execução e fiscalização de obras, na área eletrotécnica,
para um país terceiro exige, por um lado, um conhecimento completo acerca do seu corpo
legislativo, regulamentar e normativos, assim como de materiais e equipamentos mas, por
outro lado, exige também o conhecimento da disponibilidade e fiabilidade da sua rede
elétrica, da capacidade de fornecimento de materiais e equipamentos e, obriga ainda, a que
se tenha o conhecimento da realidade social, em termos de capacidade de contratação de
mão-de-obra local para a execução das obras.
119
cota de venda de cerveja mundial, num investimento total de aproximadamente 200
milhões de euros.
A gestão de obra, nas suas diversas vertentes: técnica, logística, financeira, contratual,
exigiu uma presença efetiva e quase permanente em obra, pois há determinados aspetos
que devido à sua complexidade de execução e necessidade de supervisão exigem a
presença no local de obra.
120
Trata-se de uma instalação industrial de grande dimensão, com uma capacidade de
produção anual de 200 milhões de litros de cerveja [42], instalada num lote de
aproximadamente 714 232 m2 e com uma área de construção de aproximadamente 419 326
m2 .
− Zona produção;
− Subestação;
− Zona de caleiras;
− Entrada de camiões;
− Zona de fermentação;
− Oficina;
− Zona de embalamento;
121
A Figura 44 mostra uma vista geral de implantação da instalação, com a identificação da
localização das diversas instalações da unidade industrial.
A Figura 45 mostra uma vista geral da execução da unidade industrial, à data de junho de
2020.
122
3.3. PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
A realização de um projeto para uma unidade industrial de produção de cerveja, é um
desafio extremamente exigente para a engenharia em geral e para a engenharia
eletrotécnica em particular, quer pela sua dimensão, quer pela quantidade e complexidade
de sistemas que estão presentes neste tipo de instalação.
Dada a dimensão física da instalação, assim como a elevada potência necessária para
assegurar o esperado funcionamento da instalação, a distribuição de energia dentro do
complexo industrial é realizada através de dois (2) anéis de média tensão.
É prevista uma subestação que fará a interligação entre a central geradora e os anéis de
distribuição em média tensão, e permitirá também a futura interligação da instalação com a
rede pública de distribuição, quando esta for desenvolvida e assegurar os níveis de
fiabilidade necessários.
123
A distribuição de energia em média tensão é realizada por intermédio das duas linhas em
anel que irá permitir alimentar doze Postos de Transformação (PT) localizados no interior
da unidade industrial.
A estimativa de potência foi realizada tendo por base a definição de cargas definidas numa
fase de anteprojeto, sendo especificada no caderno de encargos do cliente, bem como as
principais guidelines que devem ser seguidas no projeto e dimensionamento das diversas
instalações e infraestruturas.
Atendendo à definição de cargas para a instalação, foram instalados dois (2) anéis de
média tensão, nos quais serão instalados doze (12) postos de transformação, conforme
definido no parágrafo 3.3.4 do presente relatório. A potência instalada nos postos de
transformação do anel um (1) é de 12 MVA e a potência instalada no anel dois (2) é de
4,75 MVA, num total 16,75 MVA.
124
3.3.3. ALIMENTAÇÃO DA INSTALAÇÃO
Por um lado, dada a não existência de rede pública no local de implantação deste tipo de
unidades industriais ou, se esta existir, a falta de capacidade da mesma para assegurar
alimentação das instalações e, por outro lado, os reduzidos índices de fiabilidade da rede
pública, seja em termos de continuidade da alimentação, seja em termos de qualidade da
onda de tensão, projetos com as caraterísticas, dimensão e importância do desenvolvido no
âmbito da presente dissertação, são em regra, dotados de instalações locais de produção de
energia, com capacidade para assegurar o funcionamento normal da instalação.
Como não será realizada a interligação da instalação com a rede pública de transporte e
distribuição de Moçambique, a instalação será dotada de uma central geradora de produção
local de energia elétrica, com recurso a grupos eletrogéneos.
Serão instalados cinco (5) grupos geradores, quatro (4) de 2,2 MVA e um (1) de 0,5 MVA,
num total de 8,85 MVA, com tensão de produção de 11 kV, permitindo a interligação
direta com a rede de distribuição interna em média tensão, não havendo necessidade de
instalação de transformadores elevadores na subestação.
125
A Figura 46 mostra o local previsto para a instalação da central de produção de energia
com recurso a grupos eletrogéneos.
A central de produção local de energia elétrica não será desenvolvida no presente trabalho,
pois não é um objetivo do mesmo.
Atendendo à elevada radiação solar a que o continente africano está exposto e, ao cada vez
menor custo dos sistemas de produção solar fotovoltaica, foi previsto, na subestação, um
(1) painel para futura interligação do parque de produção de energia solar fotovoltaica, que
de acordo com informação disponibilizada pelo dono de obra, tendo por base um estudo
prévio realizado, será de 9 MVA.
126
A Figura 47 mostra o local previsto para a futura instalação da central fotovoltaica.
A central de produção fotovoltaica não será desenvolvida no presente trabalho, pois não é
um objetivo do mesmo.
3.3.3.4. SUBESTAÇÃO
3.3.3.4.1. GENERALIDADES
A instalação será dota de uma subestação com a função de, por um lado, permitir a
interligação da central de produção local (grupos eletrogéneos), a rede pública de
transporte e distribuição e a futura central fotovoltaica e, por outro lado, a distribuição de
energia em média tensão na instalação.
127
A subestação será do tipo interior, equipada com um (1) quadro modular de média tensão,
QMMT – denominado pelo cliente de Main Switchgear com o nível de tensão de 11 kV, e
um (1) sistema de serviços auxiliares de corrente continua.
O Main Switchgear será do tipo “Metal Enclosed” constituído por celas modulares de
seccionadores e disjuntores que desempenham a função de proteção e corte. Esta solução é
caraterizada por ser a solução mais económica uma vez que tem uma operação bastante
mais simples da que existe quando estamos perante um equipamento extraível.
A subestação tem um (1) barramento simples interruptivel, de forma permitir uma maior
flexibilidade na instalação visto que assim é possível realizar uma melhor distribuição de
cargas (painéis). Além do equilíbrio de cargas esta solução permite aumentar o nível de
fiabilidade da instalação uma vez que assegura a mudança de barramento de alimentação
sem que haja corte de energia nas cargas.
128
A subestação será dotada de dezassete (17) painéis distribuídos pelos dois (2) semi-
barramentos: painéis destinados à distribuição de energia, painéis destinados à interligação
das fontes locais de produção de energia, painéis de interligação futura com a rede de
transporte e distribuição pública, painéis de contagem e consignação e painel de
interligação de barramentos. Atendendo à possibilidade de expansão futura da instalação e,
por solicitação do dono de obra, foram ainda previstos dois (2) painéis de reserva para a
instalação de grupos geradores e outras centrais de produção.
129
Os painéis constituintes da subestação são:
− Painel 1 – Anel 1;
− Painel 2 – Anel 2;
− Painel 9 – Inter-Barras;
− Painel 16 – Anel 2;
− Painel 17 – Anel 1.
130
Figura 49: Esquema unifilar simplificado da subestação (Semi–barramento I em cima e Semi–
barramento II em baixo)
131
3.3.3.4.3. BARRAMENTO
Foi definida esta tipologia para o barramento de modo a garantir que as cargas nunca
fiquem sem energia quando um (1) dos painéis de qualquer semi-barramento tivesse de ser
intervencionado.
O barramento será dimensionado para a potência máxima estimada para a instalação que é
de16.75 MVA.
(16)
Foi ainda considerado um fator de expansão futura da instalação de 30% face à potência
atual, totalizando assim uma corrente máxima de 1142 A sendo normalizado um
barramento com a corrente nominal de 1250 A.
132
3.3.3.4.4. PAINEL DE ACOPLAMENTO E MEDIÇÃO
- Disjuntor
133
- Seccionador - Interruptor
Este equipamento é constituído por um (1) Three Position Switch (TPS) que permite a
operação em três (3) modos distintos:
− Seccionador OFF
− Seccionador ON
− Terras ON
Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter de garantir que a outra extremidade não está em tensão.
- Transformador de intensidade
134
No caso do painel do inter-barras foi considerado um (1) transformador de corrente com
1250 A no primário, uma vez que é este o valor máximo do quadro. No secundário do TI
foram dimensionados dois (2) enrolamentos. Um (1) enrolamento para a medida e um (1)
enrolamento para a proteção ambos de 1A. Este valor do secundário foi dimensionado em
detrimento do de 5A uma vez que:
− A correntes são menores com 1A e por isso as perdas são necessárias menores nos
condutores com 1A, permitindo assim equipamentos com uma menor potência;
- Transformador de tensão
O transformador de tensão (TT) é responsável por permitir medir o valor da tensão elétrica,
neste caso, no Semi-Barramento II. Esta informação deverá ser enviada para os aparelhos
de medida e contagem e para as unidades de proteção, comando e controlo, sendo para isso
ligado em paralelo com o barramento.
A subestação integra quatro (4) painéis de linha de média tensão, para alimentação aos dois
(2) anéis internos de média tensão.
135
Este painel é destinado à alimentação das duas redes internas de
média tensão.
- Disjuntor
(17)
(18)
136
- Seccionador - Interruptor
− Seccionador OFF
− Seccionador ON
− Terras ON
Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter de garantir que a outra extremidade não está em tensão.
- Transformador de intensidade
Para medição da corrente no painel de linha das redes internas de média tensão foram
considerados TIs de 1000 A e 300 A, conforme o painel (anel um (1) ou anel dois (2)) em
que estes seriam instalados.
137
A Tabela 11 indica as características dos transformadores de intensidade existentes nos
diversos painéis de linha da subestação.
In
Potência Máxima Corrente Máxima In Secundário
Painel Alimentação
Prevista (MVA) Admissível (A) (A)
Primário (A)
− A correntes são menores com 1 A e por isso as perdas são necessárias menores nos
condutores com 1 A, permitindo assim equipamentos com uma menor potência;
138
3.3.3.4.6. PAINEL DE ENTRADA – GRUPO GERADOR
- Disjuntor
(19)
(20)
139
- Seccionador - Interruptor
O seccionador destina-se ao isolamento deste painel não tendo qualquer poder de corte
sendo que apenas deverá ser manobrado em vazio. Este equipamento é, constituído por um
Three Position Switch (TPS) que permite a operação em três (3) modos distintos:
− Seccionador OFF
− Seccionador ON
− Terras ON
Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter de garantir que a outra extremidade não está em tensão.
- Transformador de intensidade
Por forma a ser possível medir com exatidão a corrente injetada por cada um dos geradores
e a garantir a proteção das cablagens foram considerados TIs adequados aos geradores
nestes painéis.
140
Na Tabela 12 está representado o dimensionamento dos transformadores de corrente nos
painéis de entrada.
Corrente In
Potência Máxima In Secundário
Painel Alimentação Máxima
Prevista (MVA) (A)
Admissível (A) Primário (A)
A corrente nominal do primário foi uniformizada de acordo com a corrente injetada pelo
equipamento de maior potência, gerador de 2,2 MVA, sendo por isso dimensionado um
equipamento de 150 A com dois (2) enrolamentos de secundários de 1 A.
− A correntes são menores com 1 A e por isso as perdas são necessárias menores nos
condutores com 1 A, permitindo assim equipamentos com uma menor potência;
141
- Transformador de tensão
142
3.3.3.4.7. PAINEL DE LINHA – REDE PÚBLICA
- Disjuntor
- Seccionador - Interruptor
Figura 53: Esquema unifilar equipamento é, constituído por um (1) Three Position Switch
dos painéis de linha da (TPS) que permite a operação em três (3) modos distintos:
rede pública
143
− Seccionador OFF
− Seccionador ON
− Terras ON
Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter de garantir que a outra extremidade não está em tensão.
- Transformador de intensidade
No caso dos transformadores de corrente, os TIs, não havendo uma informação clara de
qual a potência da rede que iria alimentar a instalação foram considerados equipamentos
com um fator de simultaneidade de 50% da capacidade do barramento. Esta decisão foi
tomada tendo em conta o conhecimento da empresa na realização de projetos similares no
mesmo mercado.
− A correntes são menores com 1 A e por isso as perdas são necessárias menores nos
condutores com 1 A, permitindo assim equipamentos com uma menor potência;
144
- Transformador de tensão
O transformador de tensão integrado neste painel tem como principal função garantir que
no caso de haver um fluxo de energia proveniente da rede pública esta se encontra ao
mesmo potencial antes de ser interligada com o barramento da subestação.
145
3.3.3.4.8. PAINEL TRANSFORMADOR DE TENSÃO
- Seccionador - Interruptor
− Seccionador OFF
146
− Terras ON
Este modo tem o interruptor de linhas aberto enquanto o interruptor de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar o
cabo tendo por isso ter que garantir que a outra extremidade não está em tensão.
- Transformador de tensão
Será o TT o responsável por medir o valor da tensão elétrica, neste caso, no semi-
barramento I. Esta informação deverá ser enviada para os aparelhos de medida e contagem
e para as unidades de proteção, comando e controlo, sendo para isso ligado em paralelo
com o barramento.
147
3.3.3.4.9. SERVIÇOS AUXILIARES
Este quadro foi dimensionado para ter os seus serviços auxiliares, responsáveis por
alimentar os compartimentos de baixa tensão, as motorizações dos disjuntores, os relés de
proteção e os indicadores luminosos que indicam o estado de cada painel, a funcionar a
110 VDC.
Como medida de segurança foram ainda dimensionados os painéis com bobines de mínima
tensão para que no caso de falhar a alimentação à instalação por mais de cinquenta (50)
minutos a bobine irá ser responsável pela abertura dos painéis.
Devido ao facto de esta ser uma instalação localizada no continente africano onde nem
sempre os técnicos têm qualificações adequadas para a exploração deste equipamento foi
desenvolvido uma solução que permite desligar/ligar o painel de quadro localmente a uma
distância segura de pelo menos 20 metros.
148
Para isso foi projetada uma (1) “Caixa de comando à distância”, ilustrada na Figura 55 que
depois de conectada ao painel, permite abrir ou fechar o painel a uma distância superior a
vinte (20) metros.
No que toca ao funcionamento interno da ficha de comando esta apresenta uma filosofia de
funcionamento bastante simples. É composta por dois (2) contactos normalmente abertos –
NO que quando pressionados fecham e permitem passar a polaridade para a bobine de
abertura e/ou de disparo, ou no caso desta instalação para a proteção.
Usando um conector macho de uma ficha trifásica ligada à ficha de comando, assim que
clicamos no botão ON o contacto L3 – PE será fechado e sua vez irá ativar a BI, Binary
Input, do relé de proteção que através da parametrização irá fazer atracar a bobine de fecho
do disjuntor. Uma engenharia semelhante acontece para a abertura do disjuntor L1 – L2,
terá de ser fechada através do botão OFF da ficha e uma outra BI é ativada que faz ativar
novamente ativar uma bobina, mas tratando-se desta vez de uma bobine de abertura.
149
Na Figura 56 está representado o esquema elétrico da Caixa de Comando à distância.
3.3.4.1. GENERALIDADES
Dado o elevado valor da potência especificada para a instalação, assim como a elevada
distância entre cargas/áreas a alimentar, foi necessário realizar uma rede de distribuição
interna de média tensão.
A distribuição interna em média tensão será realizada através de duas redes em anel.
Um anel, dimensionado para uma potência de 12 MVA, que integrará seis (6) postos de
transformação de 2000 kVA cada e, um outro anel, dimensionado para uma potência de
4,75 MVA, que integrará seis (6) postos de transformação, mas, neste caso, de menor
potência: um (1) transformador de 1500 kVA, três (3) transformadores de 800 kVA, um (1)
transformador de 500 kVA e um (1) transformador de 350 kVA.
A opção pela construção de dois (2) anéis justifica-se pelo facto de termos dois (2)
objetivos distintos na alimentação. O anel de 12 MVA é totalmente dedicado à alimentação
do equipamento essencial na produção, enquanto o segundo anel, é um anel exterior que
150
percorrerá toda a periferia da unidade industrial e é responsável por alimentar aquilo que
serão considerados os serviços auxiliares para o funcionamento da instalação.
151
3.3.4.2. ANEL 1
3.3.4.2.1. CONSTITUIÇÃO
A alimentação a este anel é realizada por intermédio do painel +K01 e +K17 do quadro
SIMOSEC, quadro modular de média tensão (QMMT) da subestação, alimentando seis (6)
postos de transformação (PT) de 2000 kVA cada um.
Por requisito do cliente, os troços de cabos da rede interna de média tensão deverão ser
dimensionados para permitir no futuro a ligação de mais dois (2) transformadores de 2
MVA e dois (2) de 1,5 MVA.
Potência Transformadores
Postos de Transformação Alimentação
(kVA)
152
3.3.4.2.2. TIPO DE CANALIZAÇÃO
A rede de média tensão terá métodos de instalação diferentes consoante o anel a que se
refere.
No anel um (1) esta será realizada enterrada diretamente no solo. Esta solução apesar de
levar à diminuição da capacidade de condução dos cabos foi a selecionada com o objetivo
de diminuir o custo da instalação, nomeadamente da tubagem e a otimização do tempo de
instalação uma vez que o tempo necessário para instalar o troço de cabo enterrado ser
significativamente menor do que se o mesmo fosse entubado.
153
3.3.4.2.3. DIMENSIONAMENTO DA CANALIZAÇÃO
- Corrente de serviço
O cenário de expansão foi tido em consideração uma vez que este anel é considerado o
anel principal da instalação, responsável por alimentar as áreas de produções em que se
prevê a necessidade de expansão devido ao crescimento da unidade industrial.
(21)
154
- Seleção do cabo
Um dos primeiros fatores a ter em conta foi o tipo de cabo a ser considerado.
Pelo motivo anteriormente descrito foi selecionado um cabo tripolar de forma a poder
simplificar esses mesmos processos. A vantagem desta escolha cifra-se na redução dos
volumes de transporte pois com uma menor quantidade de bobines estamos a fornecer cabo
para três (3) fases.
Sendo este cabo instalado diretamente no solo o mesmo foi também dimensionado com
proteção mecânica, armado, uma vez que esta opção permite ter uma maior resistência
mecânica a que este estará sujeito uma vez que não existirá nenhuma tubagem de proteção.
155
Para a seleção do cabo foi necessário recorrer a um catálogo de fabricante onde é possível
ter acesso às caraterísticas técnicas do mesmo conforme a Tabela 14.
Corrente Máxima
Admissível – Iz
Resistência em
Tensão Secção Reatância
Corrente Alternada
(kV) (mm2) Capacitiva (Ω*Km)
Enterrado (Ω/Km)
Diretamente no Solo
(A)
Pela análise da tabela acima podemos concluir que de forma rápida para uma corrente de
serviço de 699 A as opções possíveis são dois (2) condutores por fase de 240 mm2 ou 300
mm2.
156
Como ponto de partida é necessário calcular as perdas por efeito de Joule para estas duas
seções:
(22)
Onde:
Resistência em
Corrente Corrente Perdas por Efeito
Secção (mm2)
Nominal (A) Alternada de Joule (W/Km)
(Ω/Km)
Para calcular as perdas totais do cabo é necessário ainda calcular as perdas por efeito
capacitivo presentes na Tabela 16.
(23)
Onde:
− Xc → Reatância capacitiva.
157
Tabela 16: Cálculo das perdas por efeito capacitivo no Anel 1
Perdas por
Reatância
Tensão Fase- Fator de Perdas Efeito
Secção (mm2) Capacitiva
Terra (V) no Dielétrico Capacitivo
(Ω*Km)
(W/Km)
O valor total das perdas é o somatório das perdas por efeito de Joule e das perdas por efeito
capacitivo, resultando assim no valor representado na Tabela 17.
(24)
158
As perdas nos cabos calculadas anteriormente levam a que a temperatura no interior das
valas, com uma profundidade de cento e cinquenta centímetros (150cm) e uma largura de
cem (100) centímetros, aumente sendo para isso necessário calcular o acréscimo de
temperatura de acordo com a fórmula seguinte e o resultado presente na Tabela 18.
(25)
Onde:
(26)
Onde:
159
Resultando no fator de correção presente na Tabela 19:
Tendo em conta que serão cabos em paralelo deverá ser considerado um fator de
agrupamento consoante o nível de condutores e um fator de temperatura tendo em conta a
temperatura ambiente média do local da instalação. No caso de Moçambique foi
considerado 25ºC.
160
Estando os três (3) fatores considerados, fator de correção, fator de temperatura e fator de
agrupamento, estes terão de ser multiplicados pela corrente máxima admissível para ser
possível analisar quais os cabos que conseguem suportar a corrente nominal do circuito
conforme Tabela 20.
Agrupam
Admissível – Iz
Corrente Final
Fator de
ento - fa
Secção (mm2)
Temperatura
corrigida (A)
(25ºC) - ft
Cabos em
Correção
Corrente
Corrente
Fator de
Fator de
Máxima
Paralelo
(A)
1 1,00 479,34 479,34
Tendo em conta os dados acima a escolha recaiu num cabo tripolar de 240 mm2 com dois
(2) condutores por fase. Esta escolha foi baseada no preço de aquisição do cabo, no peso
do transporte e na facilidade da instalação do mesmo.
Para o condutor de terra do anel, responsável por toda a equipotêncialização, optou-se por
instalar um cabo monopolar de 120 mm2, metade da seção do condutor ativo.
161
Posto isto na Figura 60 estão representados um dos cabos que poderão ser instalados no
anel um (1).
3.3.4.3. ANEL 2
3.3.4.3.1. CONSTITUIÇÃO
O segundo anel da instalação, conforme já descrito, tem uma potência de 4.75 MVA.
Apesar de ter uma potência menor quando comparado com o anel um (1), tem uma
distância significativamente maior.
Este será o anel que irá fazer todo o perímetro exterior da fábrica e alimentar aquilo que
podem ser considerados como os serviços auxiliares da instalação como cantina, entradas,
gabinetes administrativos, oficinas, ETAR etc.
162
Ao contrário do que aconteceu no anel principal, anel um (1), este anel tem postos de
transformação com diferentes potências, naturalmente de acordo com a área que
alimentam. Estas diferenças variam entre os 350 kVA e os 1500 kVA, de acordo com a
Tabela 21 e com a particularidade de não se prever expansão neste anel.
Potência Transformador
Posto de
Alimentação
Transformação
(kVA)
Este anel, por ser uma alimentação secundária e que faz toda a periferia da instalação tem
uma distância significativamente maior (cerca de três (3) km) sendo que por esse motivo
foi instalado dentro de tubagens construídas especificamente para a linha de média tensão.
163
A Figura 61 representa o esquema de uma instalação de cabos instalados dentro de
tubagens enterradas no solo.
Sendo que a potência deste anel é de 4.75 MVA, para fins de dimensionamento e conforme
o usado no anel anterior foi considerado um valor de fator de simultaneidade de 70%. Este
valor foi uma vez mais definido tendo em conta a informação recolhida junto do cliente e a
experiência da empresa em projetos similares.
(27)
A Figura 62 mostra as correntes de serviços nos diversos troços do anel dois (2), em
função do ponto de abertura do mesmo.
164
- Seleção do cabo
Para a seleção do cabo a ser instalado no anel dois (2) a caraterística da “portabilidade” foi
igualmente importante pelo que foi novamente selecionado, e pelo mesmo motivo, um
cabo tripolar.
Apesar deste cabo ser instalado maioritariamente dentro de tubagens foi novamente
dimensionado um cabo armado por forma a manter o padrão do cabo selecionado no anel
anterior e oferecer uma maior resistência mecânica ao mesmo.
Corrente
Máxima
Admissível – Resistência
Iz Reatância
Tensão Secção em Corrente
Capacitiva
(kV) (mm2) Alternada
(Ω*Km)
Entubado (Ω/Km)
Diretamente
no Solo (A)
25 98 10,067 0,970
165
Pelas informações constantes na tabela acima pode-se concluir que para a corrente de
serviço de 175 A as opções válidas são os condutores com 95 mm2 ou 120 mm2. Neste caso
não iremos necessitar de instalar cabos em paralelo pelo que apenas um (1) condutor por
fase será suficiente.
Resistência em
Perdas por
Corrente Corrente
Secção (mm2) Efeito de Joule
Nominal (A) Alternada
(W/Km)
(Ω/Km)
95 0,259 7 888
175
120 0,206 6 274
Posto isto, deve-se calcular de seguida as perdas por efeito capacitivo de acordo com a
Tabela 24.
Perdas
Tensão Reatância
Fator de Perdas por Efeito
Fase-Terra Secção (mm2) Capacitiva
no Dielétrico Capacitivo
(V) (Ω*Km)
(W/Km)
166
Tendo já calculado o valor de ambas as perdas, o valor total das perdas do cabo será o
somatório das perdas por efeito de Joule e das perdas por efeito capacitivo conforme
Tabela 25.
Perdas por
Perdas por Efeito Capacitivo
Secção (mm2) Efeito de Joule Perdas Totais (W/Km)
(W/Km)
(W/Km)
Uma vez mais com o valor das perdas totais é possível determinar o acréscimo de
temperatura que os cabos irão provocar no interior das tubagens.
À semelhança do que acontece com o anel um (1) as valas projetadas com cento e
cinquenta (150) centímetros de profundidade e uma largura de cem (100) centímetros
obteve-se o valor de acréscimo de temperatura presente na Tabela 26.
Acréscimo de
Secção (mm2) Perdas Totais (W/Km) Perímetro da Vala (m)
Temperatura (ºC)
95 58 574 4 7,8
167
Estando o valor do acréscimo de temperatura definido é possível determinar o fator de
correção que deverá ser aplicado, sendo este o presente na Tabela 27.
Acréscimo de
2 Temperatura de Temperatura Fator de
Secção (mm ) Temperatura
Operação (ºC) Ambiente (ºC) Correção
(ºC)
95 90 25 7,8 0,94
Estando este último fator calculado temos todas as condições para que seja possível
determinar qual a seção a ser usada em função da Tabela 28.
Fator de
Corrente
Cabos Agrupamento Fator de Corrente
Secção Máxima Fator de Corrente
2 em - fa Temperatura Corrigida
(mm ) Admissível Correção final (A)
Paralelo (25ºC) - ft (A)
– Iz
Pelos dados da tabela acima ambas as seções poderiam ser utilizadas, contudo, por forma a
salvaguardar a instalação a equipa considerou que a redução para o cabo de 95 mm2 poderia
comprometer uma futura expansão, ainda não prevista, pelo que foi selecionado o cabo
com uma secção de 120 mm2.
168
Todas as especificações acima referidas culminaram na seleção dos cabos presentes na
Figura 63.
1 kV, 1 C x 70 Cu (Cl2)/PVC-70°/PVC
3.3.5.1. GENERALIDADES
Os Postos de Transformação (PT) são os responsáveis por fazer a interligação entre a rede
interna de média tensão, composta por dois (2) anéis, abordada anteriormente e a rede de
distribuição de baixa tensão que irá ser abordada posteriormente. Sendo este um
equipamento que tem um papel fundamental na instalação existe o interesse que seja
descrito e analisado com detalhe.
No âmbito do presente trabalho foram projetados doze (12) postos de transformação, cada
um destinado à alimentação de uma área e instalações de utilização específicas.
A Tabela 29 mostra as áreas a serem alimentadas por cada um dos postos de transformação.
169
Tabela 29: Áreas a serem alimentadas por cada um dos postos de transformação
Potência
Transformador
Anel Posto de Transformação Alimentação
(kVA)
170
3.3.5.2. TIPO DE POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO
Optou-se por este tipo de PT porque deste modo foi possível reduzir a área ocupada pelo
mesmo e diminuir também os encargados com a empreitada de construção civil uma vez
que para a solução dimensionada é apenas necessário construir uma base de assentamento
e não um edifício inteiro simplificando a execução do projeto.
A utilização dos blocos rede anel deveu-se ao facto de esta ser uma solução compacta e
que permite economizar o espaço necessário para a instalação do mesmo.
O bloco rede anel com aparelhagem de 1250 A a instalar nos postos de transformação
integrantes do anel um (1) e o bloco rede anel, com aparelhagem de 630 A, a instalar nos
postos de transformação integrantes do anel dois (2).
171
A função de corte e proteção ao transformador será sempre realizada com aparelhagem
com corrente estipulada de 630 A, pois apenas depende da potência do transformador que
alimenta.
A Figura 64 mostra o esquema unifilar do bloco rede anel, equipado com aparelhagem com
uma corrente estipulada de 1250 A.
Figura 64: Diagrama unifilar do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 1250 A
172
A Figura 65 mostra o esquema unifilar do bloco rede anel, equipado com aparelhagem com
uma corrente estipulada de 630 A.
Figura 65: Diagrama unifilar do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 630 A
Os blocos rede anel são motorizados para permitir o comando à distância das celas dos
seus diversos equipamentos.
173
Os seccionadores especificados foram do tipo Three Position Switch (TPS) que permitem a
operação em três (3) modos distintos:
− Seccionador OFF
− Seccionador ON
− Terras ON
Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter que garantir que a outra extremidade não está em tensão.
174
Recorrendo ao portfólio da SIEMENS SA o equipamento que permite dar resposta aos
requisitos para os postos de transformação equipados com transformadores de 1500 e 2000
kVA e, que apresentam as dimensões mais reduzidas, visto ser para instalar no interior de
uma cabine, é a família do NxPlus C, tendo este quadro 1754 mm por 2250 mm, como se
pode observar na Figura 66.
Figura 66: Vista frontal do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 1250 A
175
Recorrendo ao portfólio da SIEMENS SA o equipamento que permitia dar resposta aos
requisitos para os postos de transformação equipados com transformadores de 350 kW e,
que apresentam as dimensões mais reduzidas, visto ser para instalar no interior de uma
cabine, é a família do 8DJH, tendo este quadro 1050 mm por 2250 mm, como se pode
observar na Figura 67.
Figura 67: Vista frontal do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 630 A
176
Na função +K03, painel de alimentação ao transformador, o compartimento de baixa
tensão (CBT) foi dimensionado com mais equipamento, nomeadamente: um relé de
proteção, uma “Caixa de comando à distância”, um analisador de rede e ainda
sinalizadores luminosos que indicam o estado do painel. O relé de proteção, depois de
parametrizado, deverá dar o disparo em caso de sobreintensidades e curto circuito neste
troço (RMU – Transformador).
Abaixo, na Figura 68, é possível ver todos os equipamentos que foram posteriormente
instalados nos compartimentos de baixa tensão:
Apesar do seccionador não ter poder de corte e com isto não possibilitar ser manobrado em
carga a instalação da “caixa de comando à distância” em todos os painéis é um acréscimo
de segurança na manobra do quadro uma vez que permite ao operador se distanciar do
equipamento durante a realização das manobras.
177
Este QMMT foi projetado para ser equipado com encravamentos do tipo P1 para evitar o
fecho do seccionador de terra enquanto o interruptor do painel que o alimenta não estiver
encravado na posição de aberto, nos painéis de entrada e saída e encravamentos do tipo C1
de forma a impedir o acesso ao compartimento do transformador enquanto o seccionador
de terra do painel de proteção ao transformador não estiver encravado na posição de
fechado.
3.3.5.4. TRANSFORMADOR
Foram usados transformadores com isolamento a óleo porque estes serão instalados no
interior de um compartimento específico pelo que não existe a necessidade de serem
usados transformadores secos podendo assim otimizar o custo da solução.
Outro dos fatores que levou à utilização de transformadores a óleo é que apesar destes
equipamentos serem instalados no interior da cabine metálica estas serão colocados no
exterior das salas pelo que irão estar expostos a temperaturas elevadas.
A potência dos transformadores foi definida tendo em consideração as cargas que cada
quadro geral de baixa tensão (QGBT) deveria alimentar.
178
A Tabela 30 mostra as potências totais instaladas em cada QGBT e a respetiva potência
definida para cada um dos transformadores da instalação.
Potência
Potência Corrigida
Carga Potência (kVA) Transformadores
(80%)
(kVA)
179
3.3.5.5. CABINE
Outra das vantagens e um dos motivos que levaram a que fosse considerada esta solução é
o peso da estrutura final, uma vez que teriam de ser transportadas até ao país da instalação.
Em relação à cabine metálica existe também a vantagem que a estrutura metálica permite
trocas térmicas muito mais rápidas do que se a mesma construção fosse feita em betão.
Apesar de a chapa metálica exterior aquecer mais rapidamente a mesma irá também
arrefecer com bastante mais rapidez enquanto que no caso do betão existe uma maior
inércia no aquecimento e consequentemente no arrefecimento.
A Figura 69 mostra uma vista geral de uma cabine com duas portas com lamelas no acesso
ao compartimento do transformador.
180
3.3.5.5.2. DIMENSÕES E COMPARTIMENTAÇÃO
Com a potências dos transformadores e dos QMMT a variarem o seu tamanho o espaço
necessário para albergar o equipamento também varia o que resulta na possibilidade de
otimização das dimensões de construção das cabines metálicas.
Posto isto foram dimensionados dois (2) tipos de estruturas metálicas, com diferentes
tamanhos, adaptadas às necessidades de cada área.
As cabines metálicas do tipo um (1), usados anel um (1), onde são instalados os
transformadores de maior potência, têm as dimensões representadas na Figura 70:
181
Relativamente às cabines metálicas do tipo dois (2), instalados no segundo anel estes são
bastante idênticos aos anteriores, diferindo apenas no tamanho uma vez que os
equipamentos neles instalados têm menos potência e são consequentemente mais
pequenos. Esta redução de dimensões pode ser verificada na Figura 71.
182
As cabines estão compartimentadas em duas áreas, uma parte destinada à instalação da
aparelhagem de média tensão e uma outra parte destinada à instalação do transformador
conforme se pode ver na Figura 72.
A parte destinada à instalação da aparelhagem de média tensão tem, no caso das estruturas
do tipo um (1), 1800 mm por 1950 mm e no caso das estruturas do tipo dois (2) este
compartimento tem 1350 mm por 1950 mm. Esta redução no compartimento destinado ao
equipamento de média tensão foi a principal razão para a redução de tamanho entre os dois
(2) tipos de estruturas metálicas.
A parte destinada à instalação do transformador tem, no caso das estruturas do tipo um (1),
1450 mm por 1950 mm. No caso das estruturas do tipo dois (2) este compartimento tem
1400 mm por 1950 mm.
183
3.3.5.5.3. VENTILAÇÃO
A estrutura metálica que irá albergar o equipamento de média tensão terá de garantir a
proteção contra a entrada de poeiras/humidades de modo a salvaguardar toda a integridade
do QMMT e restantes equipamentos.
Tendo em conta que este equipamento está instalado num ambiente tão adverso como é o
continente africano com temperaturas elevadíssimas, um SUB dimensionamento na
capacidade de dissipação poderia levar a disparos intempestivos do equipamento, o que
poderia acarretar custos extra para o cliente.
A Tabela 31 mostra a potência dissipada nos diversos tipos de transformadores que vão
equipar os postos de transformação a instalar na unidade industrial.
(kVA) (W)
2000 30 000
1500 21 500
800 11 900
500 9000
350 6700
Verifica-se, assim, a necessidade de desenvolver alterações nas cabines, por forma a que as
mesmas tenham capacidade de dissipação das potências indicadas na Tabela 31.
184
Um primeiro aspeto considerado, foi a especificação de portas com ventilação, através da
colocação de lamelas, conforme mostra a Figura 73.
Esta solução, segundo dados do fabricante, permitiu um aumento de dissipação de 8,5 kW,
por parte da porta, face à solução de cabine standard.
A porta de acesso ao transformador do PT será sempre constituída por duas partes, sendo
que de acordo com as necessidades de dissipação poderão ser as duas partes equipadas com
lamelas ou apenas uma delas.
Contudo, a colocação de lamelas nas portas ainda não permite dar resposta às necessidades
de dissipação dos transformadores de 1500 kVA e de 2000 kVA.
185
Devido às pequenas dimensões da cabina e ao elevado atravancamento existente nos
equipamentos instalados na mesa, os cabos de interligação entre o transformador e o
QGBT não poderiam circular no interior da cabine. Houve assim, a necessidade de criação
de um compartimento exterior de passagem de cabos entre o transformador e o quadro
geral de baixa tensão, conforme mostra a Figura 74.
186
A Figura 75 mostra um pormenor do compartimento exterior de passagem de cabos para
acoplamento à cabine.
187
A Tabela 32 mostra as configurações a considerar para as diversas cabines em função da
potência do transformador que equipa o posto de transformação.
Cabine
Potência a Dissipar (kW)
Transformador (kVA)
Porta Esquerda
Porta Direita
Potência do
Canópia
6,8 kW
8,5 kW
8,5 kW
6,5 kW
Dimensões
Tipo
2000 30 x x x x 30,3 1 3250x2250
3250x2250
1500 21,5 x x x 21,8 1e2
2750x2250
188
O projetista de especialidade definiu os valores de potência instalada nos QGBT indicados
na Tabela 33 do presente trabalho.
Potência Instalada
Carga
(kVA)
189
Atendendo às caraterísticas da instalação, nomeadamente ao facto de no futuro o quadro
necessitar de ser expandido, foi definido que os quadros a instalar seriam do tipo
modulares, sem gavetas extraíveis e agrupados por painéis com as várias saídas
compartimentadas.
Dado o princípio de dimensionamento e o projeto dos Quadros Gerais de Baixa Tensão ser
o mesmo para todos eles, apenas será apresentado um estudo de caso, o do QGBT 1.1,
representativo da metodologia empregue e das soluções de projeto desenvolvidas.
- Potência instalada
190
Tabela 34: Lista de cargas de baixa tensão do QGBT 1.1
QGBT 1.1 Tensão 400
Calibre Fator de Potência Fator de Potência
Carga
Disjuntor Potência kW kVA Simultaneidade Corrigida
Correção do fator de (A) (kVA)
1 potência (futura 1000 0,85 500 588 0,00 0
instalação)
Controlo principal
2 400 0,85 200 235 0,80 188
das caldeiras
Quadro de
3 100 0,85 50 59 0,70 41
distribuição - Entrada
4 Reserva 160 0,85 80 94 0,70 66
Quadro de
5 distribuição – 160 0,85 80 94 0,70 66
Caldeira e Gerador
Serviços auxiliares
6 100 0,85 50 59 1,00 59
média tensão
Quadro de
7 400 0,85 200 235 0,70 165
distribuição - Aux 1
8 Reserva 400 0,85 200 235 0,80 188
9 Reserva 630 0,85 300 353 0,80 282
10 Reserva 400 0,85 200 235 0,80 188
11 Reserva 250 0,85 125 147 0,80 118
12 Reserva 200 0,85 100 118 0,80 94
13 Reserva 200 0,85 100 118 0,80 94
14 Reserva 160 0,85 80 94 0,80 75
15 Reserva 160 0,85 80 94 0,80 75
16 Reserva 100 0,85 50 59 0,80 47
17 Reserva 100 0,85 50 59 0,80 47
TOTAL 2445 2876 1794
Fator de simultaneidade do quadro 0,80 1435
Potência normalizada 1500
191
Atendendo aos valores e coeficientes de simultaneidade definidos, a potência estimada
para o QGBT1.1 era de 1794 kVA.
Por se entender que não irá haver uma utilização simultânea da potência nominal em todos
os circuitos, foi definido ainda um fator de simultaneidade global para o quadro de 80%,
obtendo-se uma potência de 1 435 kVA.
Para fins de normalização, foi atribuída uma potência para fins de dimensionamento e
projeto do quadro e elétrico de 1500 kVA.
- Corrente de serviço
(27)
Após a definição do disjuntor de corte geral, foi definido o barramento, tendo o mesmo
uma corrente admissível de 2500 A
Tendo por base as potências e fatores de simultaneidade definidos para cada um dos
circuitos, forma dimensionadas as canalizações e respetivas proteções desses mesmos
circuitos.
192
A Tabela 35 faz um resumo das características dos circuitos de saída do QGBT1.1.
Corrente
Corrente
Potência Estipulada
Carga Máxima
(kVA) Disjuntor
(A)
(A)
16 Reserva 59 85 100
17 Reserva 59 85 100
193
- Layout do quadro
Conforme referido anteriormente, o QGBT será um quadro de gavetas, sendo cada gaveta
definida em função da corrente estipulada para o respetivo circuito de saída.
194
A Figura 77 mostra o layout do QGBT 1.1.
3.3.6.1. GENERALIDADES
− Aquecimento;
− Sobrecarga;
− Queda de tensão;
− Curto-circuitos.
195
Dada a quantidade de canalizações a dimensionar e a necessidade de realizar estudos de
seletividade, o dimensionamento foi realizado com recurso ao software Simaris Design da
SIEMENS AG.
Todos os resultados são baseados nas normas DIN VDE e IEC sendo por isso os resultados
apresentados pelo Simaris Design altamente confiáveis e representam as soluções mais
atuais com uma vasta gama de produtos selecionados anteriormente.
196
3.3.6.2. METODOLOGIA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
A distribuição de energia em baixa tensão será realizada com recurso a redes radiais,
instaladas, de um modo geral, em caminhos de cabos.
A opção pelo caminho de cabos justifica-se devido ao tipo ao facto de a instalação ter
cargas com elevadas distâncias entre a alimentação e o consumidor final e ainda por esta
ser uma solução flexível e de baixo custo.
No caso do QGBT 1.1 as distâncias a serem consideradas serão as indicadas na Tabela 36.
Distância
Carga Cabo
(m)
Os caminhos de cabos podem ser instalados no interior das diversas salas da unidade
industrial, mas também no exterior, com o apoio dos pipes bridges que são estruturas
metálicas construídas por cima de obstáculos que permitem a instalação de tubagens
elétricas e/ou fluidos. A Figura 79 mostra o exemplo de um pipe bridge.
197
3.3.6.3. DIMENSIONAMENTO
Foi necessário determinar o comprimento das canalizações, tendo sido disponibilizada uma
planta em formato AutoCAD com a localização aproximada das cargas.
Na Figura 80 está ilustrada uma pequena parte da planta em duas (2) dimensões da
instalação.
A informação obtida a partir do AutoCAD teve posteriormente de ser cruzada com o mapa
de cargas e foi considerada a maior distância, ou seja, o cenário mais desfavorável, para
cada uma das cargas com um fator adicional de 20% devido ao desencontro entre as
distâncias no caderno de encargos e no AutoCAD.
198
A comparação entre todos os valores obtidos pode ser visualizada na Tabela 37.
Nas canalizações de baixa tensão foram usados cabos não armados pelo facto de estes não
estarem sujeitos a esforços mecânicos significativos e colocados em caminho de cabo.
199
Foram usados os seguintes tipos de cabos:
− Neutro – Preto;
− Fase 1 – Vermelho;
− Fase 2 – Amarelo;
− Fase 3 – Azul;
− Terra – Amarelo/verde.
Foram definidas as cores indicadas de acordo com a indiciação recebida por parte do
cliente uma vez que esta é uma codificação standard que o dono de obra tem e utiliza nas
suas restantes instalações. Esta caraterística estava imposta no caderno de encargos pelo
que não foi possível alterar.
200
A Tabela 38 faz um resumo das canalizações do QGBT 1.1.
QGBT 1.1
Calibre
Distância
Carga Cabo Disjuntor
(m)
(A)
4 Reserva NA 160 NA
8 Reserva NA 400 NA
9 Reserva NA 630 NA
10 Reserva NA 400 NA
11 Reserva NA 250 NA
12 Reserva NA 200 NA
13 Reserva NA 200 NA
14 Reserva NA 160 NA
15 Reserva NA 160 NA
16 Reserva NA 100 NA
17 Reserva NA 100 NA
201
3.3.6.4. QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO
Do QGBT são também alimentados os quadros de distribuição, que são objeto do projeto
de especialidade das instalações de distribuição, não sendo enquadrados no presente
trabalho.
Tendo em conta o texto da unidade industrial foi definida uma rede de alimentação de
socorro que irá assegurar as cargas que o cliente definiu como prioritárias.
Para assegurar que as cargas críticas não são objeto de qualquer corte da alimentação,
foram projetadas Unidades de Alimentação Ininterrupta (UPS), capazes de assegurar a
continuidade da alimentação no caso de falha da alimentação normal.
O caderno de encargos da empreitada definia cinco (5) zonas de cargas prioritárias, para as
quais deveriam ser projetadas UPS.
Para definição da potência a instalar nas UPS, foi definido um fator de simultaneidade de
80% para todas as cargas. Este fator foi atribuído tendo em conta a opinião e perceção do
cliente em relação à necessidade das cargas e a importância das mesmas na instalação.
202
A Tabela 39 mostra as zonas nas quais existiam cargas críticas, a potência total instalada
em cada uma das zonas, o fator de simultaneidade definido e a potência corrigida a ser
considerada para cada UPS.
Os dois (2) tipos de potências do equipamento levam a que a envergadura dos mesmos seja
diferente e com isso foi possível otimizar o espaço necessário para a sua instalação.
203
A Figura 82 mostra uma vista
frontal da UPS de 60 kVA.
204
A Figura 83 mostra uma vista
frontal da UPS de 40 kVA.
205
Tabela 40: Lista de cargas para o quadro de distribuição da UPS da área de produção
Tipo do Calibre
Carga
disjuntor Disjuntor (A)
6 Reserva 2-P 60
7 Reserva 2-P 20
11 Reserva 3-P 10
12 Reserva 3-P 10
13 Reserva 3-P 10
14 Reserva 2-P 10
Segundo análise deste exemplo, o quadro de distribuição da UPS 3.1 terá quatorze (14)
cargas nele ligadas sendo por isso necessário considerar equipamentos para o seu corte e
proteção.
Neste exemplo específico foram criados dois (2) barramentos iguais. Um (1) barramento
para cargas já identificadas e outro para cargas de reserva, cada um protegido por um (1)
interruptor diferencial de média sensibilidade (300 mA) e com uma corrente nominal de
100 A. Estes dois (2) barramentos são alimentados por um disjuntor de entrada tripolar
com 160 A.
206
Relativamente às canalizações com a informação presente na tabela anterior e recorrendo
ao método anterior, utilização do software Simaris Design. O resultado do
dimensionamento pode ser observado na Figura 3.41.
A execução de uma obra num país terceiro coloca um conjunto de dificuldades que não se
verificam quando a mesma é realizada num país em que o mercado é conhecido da
entidade executante.
207
Nesta fase, procurement, foram disponibilizadas às empresas consultadas todo o conjunto
de informações/documentos que permitiam ter uma visão global do projeto tais como
caderno de encargos, esquemas unifilares, Technical Data Sheets dos equipamentos,
planeamento contratualizado e condições contratuais. Foram também desenvolvidos
contactos para esclarecimentos técnicos colocados pelas diversas empresas.
A estratégia adotada com todos os fornecedores em fase de procurement foi realizar Back-
to-back, processo esse que consiste em passar a informação/condições contratuais que o
cliente final, ABinBev impõe à entidade fornecedora, SIEMENS ficando desta forma
contratualmente salvaguardo.
Apesar das vantagens desta estratégia, devido ao menor âmbito de trabalho associado a
este fornecedor, apenas a instalação e não qualquer tipo de fornecimento significativo, a
maior parte do risco contratual ainda estava sobre a alçada da SIEMENS SA. No entanto o
passar, da forma mais fiel possível a condição para a empresa subcontratada coloca pressão
e uma atenção maior no projeto que se espera revelar benéfica durante a execução.
Um dos elementos que foi necessário ser entregue juntamente com a proposta foi também
uma breve apresentação da empresa onde mostrasse projetos anteriores em que estiveram
envolvidos.
No que toca à seleção da empresa subcontratada, apesar de não ser a proposta com o valor
monetário mais baixo, optou-se por uma empresa local, subsidiária de um instalador
Português, que deu todas as seguranças que teria as competências necessárias.
208
3.4.1.2. PLANO DE APROVISIONAMENTO DO EQUIPAMENTO
A estratégia de divisão de fornecimento, foi adotada uma vez que não é possível
determinar em fase de projeto/preparação de obra todos os acessórios necessários para a
instalação por não ser possível ter uma visão exata de todas as condições da instalação e a
completa natureza dos trabalhos.
209
O fornecimento deste equipamento não seguiu uma ordem lógica uma vez que entre eles
existiram variados períodos de definição de engenharia/aprovação/produção e transporte.
Foi feito, no entanto o esforço para que no momento de entrada em obra todo este
equipamento estivesse já entregue no local de modo a permitir uma empreitada continua e
sem realocações de frente de obra.
Entre os processos logísticos o dos cabos de média e baixa tensão foi aquele que exigiu
uma maior atenção.
210
As bobines do cabo de média tensão, devido ao seu grande tamanho, o seu transporte teve
que ser ajustado, tendo que se recorrer a contentores “40’ Open top” (ilustrados na Figura
85) que são semelhantes a um contentor de 40 pés, mas sem o topo permitindo assim
transportar cargas mais altas.
Também o transporte dos cabos de baixa tensão foi um processo bastante complexo uma
vez que a lista de material necessário contemplava mais de 80km de cabo que seriam
necessários para a instalação. A quantidade total de cabos de baixa tensão foi distribuída
por mais de 100 bobines obrigando a que fosse feito um controlo dos 6 contentores onde
este equipamento iria entre os Emirados Árabes Unidos e a instalação. Na Figura 86 está
ilustrado um exemplo dos contentores com cabos de baixa tensão.
211
Figura 86: Transporte de bobines de cabo de baixa tensão
Após esta análise optou-se por alugar diversos meios mecânicos tais como:
212
− Manitou –Equipamento essencial durante todo o projeto para a movimentação de
todo o tipo de cargas desde bobines de cabos a quadros elétricos e painéis e
representado na Figura 87;
Para além dos meios anteriormente referidos houve também outros meios não mecânicos
essenciais para a realização das atividades como os andaimes para trabalhos em altura e os
macacos hidráulicos para a instalação de cabo.
213
A Figura 88 mostra um exemplo de um macaco hidráulico para a instalação de cabo.
Este projeto, não requeria que fosse apresentado e submetido qualquer tipo de layout de
estaleiro para aprovação.
Neste caso, pelo facto de a gestão do projeto estar a ser realizada em Portugal e não a
tempo inteiro na obra a responsabilidade de desenvolvimento e organização do estaleiro
ficou a cargo do subcontratado de modo a que o estaleiro esteja organizado consoante as
suas necessidades. Este processo foi sempre coordenado em conjunto com a entidade
responsável pela execução da obra.
Antes de entrar em obra o estaleiro foi preparado para ter todas as condições necessárias e
para isso houve a necessidade de alugar um contentor de escritório, um contentor de
vestiário e um contentor de ferramentaria, sendo estes três (3) os principais espaços do
214
estaleiro. Adicionalmente aos espaços destinados à execução dos trabalhos, e por exigência
do plano de saúde e higiene no trabalho foi ainda alugado um módulo de casa de banho.
215
3.4.1.5. PLANEAMENTO DA OBRA (EM PARCERIA COM O GESTOR DO
PROJETO)
O adequado planeamento da obra é também de elevada importância, pois, será sempre esse
o documento principal que permitirá perceber em que estado a empreitada se encontra e em
que estado era suposto estar.
A elaboração do planeamento foi constituída por diversas fases em que o ponto de partida
foi o realizado como anexo à proposta final aquando da adjudicação da empreitada.
Durante a fase preparação de projeto o planeamento inicial foi descortinado e foi criado um
documento com uma quantidade maior de detalhe de cada tarefa de modo a que o
documento fosse o mais fidedigno possível. Para a elaboração desse documento o Gestor
de Projeto foi quem assumiu a figura predominante, contudo a informação de fornecedores
e parceiros teve um papel relevante uma vez que as datas apresentadas devem ser validadas
por terceiros.
Apesar do rigor apresentado este documento durante o desenrolar do projeto teve que ir
sendo constantemente atualizado devido a diferentes informações recebidas por parte dos
stakeholders, conjunto de pessoas e organizações envolvidas no mesmo processo,
envolvidos.
216
3.4.2. EXECUÇÃO DE OBRA
No início do projeto teve que ser definido com o cliente e com a empresa subcontratada
quais seriam os processos para a elaboração do plano de qualidade durante o projeto sendo
que neste ponto o cliente transferiu toda a responsabilidade para a SIEMENS SA.
− Realizar uma primeira inspeção visual a fim de detetar eventuais danos durante o
transporte;
− Confirmar que os relatórios dos testes em fábrica são entregues juntamente com o
quadro.
217
Depois de todos os equipamentos aceites e instalados, a empresa subcontratada, que é a
responsável pelos trabalhos de IEG perante a empresa contrante, teve de apresentar os
relatórios de ensaios e testes feitos durante a instalação e na fase de comissionamento.
Uma obra desta envergadura obriga a que seja considerado um, ou vários, técnico de
segurança a tempo inteiro e à semelhança do que aconteceu com a empresa responsável
pelo trabalho de instalação foi também lançado o processo de procurement para a empresa
responsável pela Higiene e Segurança no Trabalho - HST.
Uma vez mais o processo foi semelhante uma vez que tanto a experiência tida em projetos
semelhantes e o preço apresentados foram os fatores decisivos na escolha do fornecedor.
Após este processo estar concluído foi selecionada uma empresa local que deslocaram três
(3) técnicos para acompanhar o processo a full-time e garantir que as normas de higiene e
segurança eram cumpridas de forma rigorosas.
Por forma a manter o projeto com as melhores ações de forma a não correr riscos e evitar
acidentes de trabalho menos agradáveis foi estabelecido entre a empresa escolhida para
desempenhar as funções de HST e a entidade contratante o envio de um relatório semanal
218
onde era feito o registo das atividades desempenhadas e os pontos que necessitariam de ser
melhorados.
Existiam também outros pontos que faziam parte deste plano de segurança e saúde e que
tinham de ser continuamente aplicados como a elaboração de palestras diárias de
sensibilização e programação das atividades, sinalização das atividades, vedação de
espaços confinados, verificação do equipamento entre outros. Alguns dos procedimentos
descritos acima estão ilustrados na Figura 90.
219
Na Figura 91 podemos ver a movimentação de carga de forma indevida que podia ter
resultado em acidente, felizmente foi abortada pelo Gestor de Projeto em tempo útil.
220
Existem 5 regras de ouro que estão aplicadas à execução de projetos elétricos e devem
sempre ser executadas com rigor evitando assim situações que podem resultar em acidentes
ou incidentes, sendo estas:
3. Testar – Comprovar a ausência de tensão nos circuitos que ser irá intervencionar.
Para este teste devemos de agir como se houvesse energia garantindo todos os
procedimentos de segurança;
221
3.4.2.3. ANÁLISE DE ERROS E OMISSÕES
Devido à elevada pressão existente durante a fase de oferta e preparação de obra é natural
que em projetos com um grande nível de complexidade existam pontos que não estejam
claros ou especificados o que podem conduzir a erros durante a execução.
- Quantidades de cabos
Um dos pontos que merece destaque durante a execução foi o dimensionamento das
quantidades de cablagem elétrica necessárias uma vez que se optou por considerar uma
margem de segurança de 25% em todos os troços de média tensão.
O anel um (1) de média tensão tem um comprimento total relativamente curto, perfazendo
um total de 626 metros. Na fase de projeto apenas estava pressuposto que o anel teria 530
metros, mas por decisão da equipa de gestão de projeto, e de modo evitar a falta de cabos
no momento de execução de obra, estes troços foram sobre dimensionados em 25%. Desta
forma, foram comprados na totalidade 1326 metros, resultando então dois cabos de 663
metros para usar em cada uma das fases.
222
Esta análise pode ser feita através da Tabela 42 em que é possível perceber que entre a fase
de projeto e a fase de execução houve um aumento de 18% entre o que estava definido no
projeto e o que foi utilizado na realidade.
Tabela 42: Diferenças de metragem entre fase de projeto e fase de execução no anel 1
3.3 – 3.2 15 19 20
3.2 – 3.1 15 19 19
5.1 – 5.2 10 13 20
A situação repetiu-se no anel dois (2) que tendo este anel uma distância bastante superior
ao anel principal.
Na fase de projeto estava previsto ser necessário 2861 metros de cabo, no entanto, e uma
vez mais por precaução, foi adicionada uma margem de 25% para não correr o risco de
com as alterações normais no terreno não haver a necessidade de comprar cabo de urgência
e com isso comprometer o projeto quer a nível financeiro quer a nível de planeamento.
223
Na Tabela 43 é possível ver a diferença de metragens entre a fase de projeto e a fase de
execução.
Tabela 43: Diferenças de metragem entre fase de projeto e fase de execução no anel 2
SIMOSEC – 1.1 16 20 45
Neste anel existiu uma diferença entre a fase de projeto e a fase de execução sendo que
neste caso a diferença ultrapassou os 13%.
- Caminhos de cabo
Outros dos aspetos que em durante a fase de projeto não foi tida em conta foi o
dimensionamento dos caminhos de cabo devido ao facto de não haver rigor suficiente para
ser feito este levantamento. Por essa razão foi apenas contratualizado 500 metros lineares.
Esta distância foi definida por estimativa sendo em caso de necessidade de incrementar a
distância teria de ser negociado um valor adicional para este equipamento.
224
Ao longo de todo o projeto foram instalados mais de 4 km de caminhos de cabos para
albergar todas as cablagens de média e baixa tensão.
Outra das omissões presentes no contrato foi referente à instalação do cabo de média
tensão nas valas, instalação essa que conforme já foi referido é da responsabilidade da
entidade responsável pela empreitada, no entanto nunca foi claro de quem era a
responsabilidade do fornecimento das telas de aviso de cabo em tensão, semelhantes à
Figura 93.
Estas telas devem ser instaladas 20 centímetros acima do cabo evitando deste modo que
quando ocorram escavações com o uso de maquinaria pesada o cabo instalado abaixo não
seja atingido pelo equipamento de escavação.
Apesar de não ser discriminado de forma clara de quem seria a responsabilidade o cliente
exigiu que fosse instalado sem ser apresentado qualquer maior valia para este serviço pois
foi considerado como “boa prática da instalação”.
225
- Canalizações danificadas
Durante o processo de instalação foi impossível para o dono de obra ter o controlo total
sobre a mesma e ocorreram vários episódios de cabos danificados por outras empresas
subcontratadas.
Abaixo, na Figura 94, é possível visualizar algumas fotografias tiradas no local da obra
onde se observam alguns exemplos das reparações realizadas nestes troços.
226
3.4.2.4. ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS DA EVOLUÇÃO DOS TRABALHOS
Conforme já foi sendo referido ao longo do documento existiu sempre uma grande pressão
ao longo de toda a execução no que toca ao prazo de instalação, muitas vezes em
detrimento da qualidade, pois o existia a meta por parte do cliente do arranque da
instalação antes do final do ano 2020.
Esta meta temporal colocou na entidade instaladora uma pressão para que os trabalhos
fossem desenvolvidos de forma expedita.
Para que fosse possível monitorizar o avanço dos trabalhos foi criado o compromisso de
envio de um relatório semanal com a atualização dos progressos da obra.
Esta pressão não foi sempre constante uma vez que existiram períodos da execução do
projeto que o cliente exigiu a apresentação de relatórios diários, em detrimento dos
anteriores relatórios semanais, colocando assim uma pressão acrescida no Gestor de
Projeto.
Apesar da gestão de projeto ter sido totalmente realizada em Portugal a equipa de Gestão
de Projeto esteve em obra por mais de 6 meses de modo a que fosse feito um
acompanhamento de perto da execução da mesma.
227
3.4.2.5. COMISSIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
3.4.2.5.1. GENERALIDADES
Este é um ato de elevado responsabilidade para a equipa de instalação sendo também esta
uma momento chave que a equipa de gestão de projetos escolheu para acompanhar de
perto os ensaios.
Os ensaios realizados foram sempre os necessários para garantir que a instalação tinha
ocorrido da melhor maneira e adequados aos equipamentos.
Abaixo estão descritos em detalhe alguns, dos mais importantes, ensaios realizados em
obra.
Este teste, devido à sua importância, deve ser realizado periodicamente e na época em que
o terreno se encontre mais seco uma vez que a humidade poderá conduzir a valores de
resistência falsos.
Este ensaio obriga a que o cabo de terra seja desligado da restante instalação e devido ao
facto de a instalação deixar de ter momentaneamente terras das massas esta também deverá
ser desligada.
O ensaio foi realizado com recurso ao Método Volt Amperimétrico que consiste em fazer
circular uma corrente alternada com valor constante entre o elétrodo de terra a medir e um
outro elétrodo de terra auxiliar de corrente colocado a uma distância suficientemente
grande em que as superfícies de influência não se intercetam.
228
Um terceiro elétrodo, o elétrodo de terra auxiliar de tensão deve ser instalado a meio da
distância entre os outros dois permitindo assim medir a tensão entre o elétrodo de terra a
medir e o elétrodo de terra auxiliar de tensão.
Para que seja garantido que não existe influência entre os elétrodos de terra, os elétrodos
auxiliares quer de corrente quer de tensão devem ser colocados o mais longe possível do
elétrodo de terra a medir e sem canalizações de água, vedações metálicas, tubagens etc.
Como regra pode ser considerada uma distância de 10 metros para o elétrodo de terra mais
próximo, o de tensão e 20 metros para o elétrodo de terra de corrente, o mais corrente.
Por regra de boa prática, e com o objetivo de confirmar o valor obtido devem ser
realizados diversas medições deslocando os elétrodos lateralmente cerca de 6 metros. Se os
3 resultados obtidos se encontrarem dentro da mesma ordem de grandeza pode ser
considerado a média destes.
229
- Teste de isolamento a barramento e cabos
Este ensaio deve ser realizado antes da instalação entrar ao serviço, sem tensão ou com o
aparelho de corte geral desligado e permite verificar que não existem curto circuitos e que
os valores mínimos regulamentares estão a ser cumpridos. Por forma a garantir que é
verificador todo o circuito os fusíveis/disjuntores intermédios devem estar fechados assim
como o disjuntor da carga final.
Estas medições devem sempre ser feitas em corrente continua devendo o equipamento de
teste ser capaz de fornecer as tensões de ensaios conforme presente na Tabela 44 e corrente
de 1 mA.
230
- Teste de rotação de fases
Este teste deve ser realizado com recurso a um equipamento próprio em que irá determinar
e mostrar no display se o sentido das fases é o correto, conforme visível na Figura 3.53.
231
232
4. APLICAÇÃO INFORMÁTICA
PARA ESTIMAÇÃO DO
VALOR DA RESISTÊNCIA
DE TERRA EM
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
4.1. GENERALIDADES
A estimativa do valor da resistência de terra é de extrema importância numa fase de projeto
pois será o seu correto funcionamento que permitirá proteger os utilizados e os
equipamentos de tensões diferencias perigosas.
Da pesquisa realizada não foi possível verificar a existência de aplicações informáticas que
de uma forma intuitiva e rápida permitissem a determinação de qual o valor estimado para
a rede de terra que se irá obter caso se escolha determinada solução/configuração de
elétrodo de terra.
233
Assim, com o propósito de auxiliar na elaboração do projeto, nomeadamente peças escritas
e desenhadas, foi desenvolvida a aplicação informática que tem como objetivo ser um
primeiro elemento de aproximação à solução final.
O especto superficial do solo e da sua vegetação podem dar indicações sobre o carácter
mais ou menos favorável do terreno para a instalação de elétrodos de terra, constituindo as
medições em elétrodos de terra realizadas em terrenos análogos um meio mais exato para
fazer essa avaliação.
Os elétrodos de terra não devem, em caso algum, ser constituídos por uma peça metálica
simplesmente mergulhada na água nem devem ser estabelecidos em poças de água ou em
rios. Esta proibição justifica-se não apenas pela medíocre condutibilidade da água, mas
principalmente pelo risco de secagem e pelo perigo a que poderiam ficar sujeitas as
pessoas que entrassem em contacto com a água no momento em que se produzisse um
defeito.
As camadas do subsolo percorridas por cursos de água subterrâneos, como é o caso das
proximidades dos rios, só raramente devem ser usadas, para instalação de elétrodos de terra
pois são, em regra, formadas por terrenos pedregosos, muito permeáveis, lavados por uma
água purificada pela filtragem natural, apresentando elevados valores de resistividade. Para
tal, seria necessário atravessá-los por meio de varetas profundas para encontrar, em
camadas mais profundas terrenos, melhores condutores, caso existam.
234
O gelo aumenta consideravelmente a resistividade dos terrenos, que pode atingir vários
milhares de ohm x metros na camada gelada, podendo essa camada, em certas regiões
atingir 1 m de profundidade.
235
4.1.2. RESISTIVIDADE DOS TERRENOS
Tabela 45: Resistividade dos terrenos de acordo com a sua natureza [36]
Terreno pantanoso 1 a 30
Lama 20 a 100
Húmus 10 a 150
Turfa húmida 5 a 100
Argila plástica 50
Mármores e argilas compactas 100 a 200
Mármores do Jurássico 30 a 40
Areia argilosa 50 a 500
Areia silicosa 200 a 3 000
Solo pedregoso nu 1 500 a 3 000
Solo pedregoso recoberto de relva ou erva curta 300 a 500
calcários macios 100 a 300
calcários compactos 1 000 a 5 000
calcários fissurados 500 a 1 000
xistos 50 a 300
Micaxistos 800
Granito e grés 1 500 a 10 000
Granito muito alterado 100 a 600
Betão com 1 de cimento e 3 de inertes 150
Betão com 1 de cimento e 5 de inertes 400
Betão com 1 de cimento e 7 de inertes 500
236
Pode ainda ser feita uma aproximação grosseira de acordo com os valores presentes na
Tabela 46.
Tabela 46: Resistividade média dos terrenos de acordo com a sua natureza [36]
Resistividade
Natureza dos Terrenos
(xm)
Os elétrodos de terra são elementos físicos enterrados no solo em que estes podem ser do
tipo:
A escolha de qual o elétrodo de terra a utilizar deve estar diretamente relacionado com o
tipo de solo onde este irá ser instalado. Esta seleção implica a definição da solução a
adotar, horizontal ou vertical, e com isso determinados aspetos devem ser tidos em conta
tais como as caraterísticas presentes na Tabela 47.
237
Tabela 47: Características dos elétrodos de terra [36]
Superfície de contacto
Dimensão transversal
Material constituinte
constituintes (mm)
Tipos de elétrodos
Diâmetro exterior
Comprimento (m)
Espessura (mm)
Secção (mm2)
(mm)
(mm)
Cobre 1 25 1,8
Cabos
nus Aço
1 100 1,8
galvanizado
Horizontal
Cobre 1 2 25
Fitas
Aço
1 3 100
galvanizado
Aço
Varões 1 10
galvanizado
Cobre 1 2
Chapas
Aço
1 3
galvanizado
cobre 15 2
aço revestido
0,7 15 2
Varetas a cobre
Vertical
Aço
15 2
galvanizado
Cobre 2 20 2
Tubos
Aço
2,5 25 2
galvanizado
perfilado Aço
3 2 60
s galvanizado
238
4.1.4. INSTALAÇÃO DOS ELÉTRODOS TERRA
Aquando da instalação dos elétrodos terra devem ser seguidas várias regras,
nomeadamente:
− Unifilares ou multifilares em cobre revestidos por cobre com uma seção não
inferior a vinte e cinco (25) mm2;
− Alumínio revestidos por uma bainha de chumbo e de secção não inferior a trinta e
cinco (35) mm2;
− Fitas de cobre de secção superior a vinte e cinco (25) mm2 e uma espessura superior
a dois (2) mm;
− Fitas de aço macio galvanizado com uma secção superior a cem (100) mm2 e uma
espessura superior a três (3) mm;
− Cabos de aço galvanizado de secção superior a cem (100) mm2, sendo que os cabos
com fios finos não são aconselháveis.
A resistência de um elétrodo de terra constituído por um condutor deste tipo pode ser
prevista, aproximadamente, através do cálculo seguinte:
(28)
Onde:
239
A resistência sofre interferência caso estes condutores sejam colocados em terrenos com
traçados sinuosos. Estes condutores podem ser colocados das seguintes formas:
anéis localizados nas bases das valas dos alicerces dos edifícios, ocupando normalmente
todo o seu perímetro (nesse caso, o valor de L a considerar é o desse perímetro);
Valas horizontais, sendo que nestes casos os condutores são enterrados a uma
profundidade de cerca de um (1) metro em covas abertas expressamente para este efeito.
De salientar que estas valas não devem ser preenchidas com materiais como pedras ou
cinzas, mas sim com terra capaz de incorporar a humidade.
Quando são utilizadas estas chapas, estas têm normalmente uma forma retangular com 0,5
metros x 1 metros enterrados de forma a que o bordo superior fique a uma profundidade de
cerca de oitenta (80) cm. Em relação à espessura dessas chapas esta deve ser superior a
dois (2) mm caso sejam constituídas por cobre, ou superior a três (3) mm, se forem de aço
galvanizado.
De forma a favorecer o máximo contacto entre as duas faces e solo, as chapas devem ser
enterradas verticalmente.
A resistência de um elétrodo de terra constituído por uma chapa enterrada de forma vertical
no solo pode ser calculada, aproximadamente, através do seguinte cálculo:
(28)
Onde:
240
- Elétrodos verticais (exceto chapas)
Com exceção dos elétrodos em chapa descritos na alínea anterior, os elétrodos verticais
podem ser:
− Varetas de cobre ou de aço com um diâmetro mínimo de quinze (15) mm; no caso
de varetas em aço, sendo que estas devem ter uma camada protetora aderente de
cobre como revestimento ou serem galvanizadas;
− Tubos de aço galvanizado com um diâmetro exterior superior a vinte e cinco (25)
mm;
(29)
Onde:
Caso os elementos verticais sejam ligados em paralelo e afastados com uma distância
superior ao comprimento dos elementos, é possível diminuir o valor da resistência do
elétrodo terra.
Quando as condições atmosféricas forem extremas com risco de gelo ou seca dos terrenos
o comprimento das varetas deve ser maior. No caso de varetas de grande comprimento,
como o solo é raramente homogéneo, é possível que sejam atingidas camadas de terreno de
resistividade baixa.
241
4.2. APLICAÇÃO INFORMÁTICA
4.2.2. TECNOLOGIAS
O Microsoft Excel é um software de cálculo produzido pela Microsoft que através dos seus
recursos é possível realizar diversos cálculos matemáticos, desenvolvimento de tabelas e
gráficos e ainda aplicações informáticas com recurso à linguagem Visual Basic.
A opção por esta ferramenta deveu-se a ela permitir desenvolver a ferramenta com todas as
funcionalidades que eram exigidas e por ser o Microsoft Office, e consequentemente o
Microsoft Excel, um dos aplicativos standards em todos os computadores, sendo estes de
uso profissional ou pessoal.
A ferramenta informática para a obtenção do valor estimado para a resistência de terra foi
desenvolvida com o intuito de ser bastante simples e intuitiva para o utilizador permitindo
assim o estudo de forma rápida otimizando o desenvolvimento da solução.
242
Neste sentido e procurando uma solução simples e rápida, a arquitetura da ferramenta pode
ser resumida ao fluxograma apresentado na Figura 97.
A aplicação foi desenvolvida de forma a que de uma forma sequencial seja solicitada ao
utilizador a informação relativa à solução técnica a ser simulada. Serão solicito um
conjunto de dados técnicos dos elétrodos de terra mas também da instalação onde estes
serão instalados.
O menu de entrada na aplicação foi desenvolvido para ser o mais simples e intuitivo
possível tendo apenas as informações necessárias para o utilizador.
243
Na Figura 98 é possível ver o menu inicial da aplicação informática desenvolvida.
Será este o primeiro contacto do utilizador com a ferramenta em que após a seleção da
opção para iniciar o aplicativo aparece de que modo é que pretende desenvolver o projeto,
se como “Novo projeto” em que se cria uma simulação totalmente nova ou se pretende
“Consultar projeto” em que é possível visualizar o históricos dos projetos já simulados.
244
Sendo selecionado um novo projeto é importante começar por caraterizar o mesmo tendo
que ser definido o tipo de instalação e a sua localização. Outros dados como o nome do
cliente e a data serão importantes para uma definição mais precisa da simulação. Na Figura
100 está representado esse menu.
Dos quatro (4) campos presentes no menu anterior apenas dois (2) são considerados como
obrigatórios, “Tipo de instalação” e “Localização” pois serão estes que irão permitir reunir
dados necessários para o cálculo.
No menu seguinte terá que ser selecionado de que modo é que se pretenda que seja feita a
obtenção da resistividade do solo, havendo três (3) opções disponíveis: “Medição” – caso
tenha sido feita medições no terreno; “Conhecimento do tipo de solo” – onde não foram
feitas medições no terreno mas o tipo de solo é conhecido e a ultima opção é “Sem
informação” – não foram feitas medições e não se conhece o tipo de solo pelo que
recorresse à localização da instalação para se obter um valor da resistividade do solo.
245
O menu acima descrito está representado na Figura 101.
246
Estando a resistividade do solo determinada, seja por que método for, tem de ser definido
que tipo de elétrodo se pretende instalar aparecendo deste modo o menu presente na Figura
103 com três (3) opções disponíveis: “Horizontal”; “Vertical” ou “Horizontal c/ piquetas
verticais”.
247
Estando este passo concluído é necessário definir as caraterísticas técnicas dos elétrodos a
utilizar desde o seu material, o seu comprimento, a quantidade entre outros sendo para isso
apresentados diversos menus tais como os presentes na Figura 105.
4.2.5. RESULTADOS
A apresentação dos resultados será um dos últimos menus da aplicação informática uma
vez que para isso o utilizador já teve que introduzir um conjunto de caraterísticas técnicas
que levaram a que fosse possível obter-se o resultado final. Este valor é apresentado
através do menu presente na Figura 106.
248
Após ter sido apresentado o resultado da simulação existe a possibilidade de ser gerado um
relatório com a estrutura apresentada na Figura 107.
249
250
5. CONCLUSÕES
Todos os principais objetivos foram cumpridos pois o estágio foi encarado com um
objetivo extra de finalizar uma componente letiva e como tal este serviu para o candidato
crescer e evoluir como cidadão e como profissional tendo este tido um contacto mais
profundo com o mundo empresarial.
O período de estágio foi sempre aproveitado de modo a que fosse possível tirar o máximo
partido de toda a envolvente e o facto de ter sido realizado numa empresa como a
SIEMENS SA ajudou a que fossem obtidos métodos de trabalho, responsabilidades, mas
251
principalmente adquirir novas competências que certamente serão valorizadas e
reconhecidas no futuro.
Desde o primeiro dia de estágio que o candidato tentou sempre ser esforçado, responsável
e assertivo no desenrolar da atividade profissional e a integração num projeto com a
envergadura do aqui apresentado é de facto um motivo de orgulho. O projeto apresentado
tem a particularidade de ser demasiado extenso e demasiado complexo para ser fielmente
252
retratado num documento, mas o ter a oportunidade de estar em obra e ver as decisões que
este tomou terem consequências, positivas e negativas vale todos os esforços realizados até
esse momento.
− Gestão de Projetos – Foi a unidade curricular que permitiu ter o primeiro contacto
com as técnicas de gestão e conceitos relacionados com esta atividade. A
frequência desta unidade curricular permitiu iniciar a atividade profissional com
algum conhecimento prévio.
253
5.4. PERSPETIVAS DE TRABALHO FUTURO
Um projeto eletrotécnico desta envergadura não termina com a saída de estaleiro, existe
sempre a necessidade de acompanhar a instalação tendo ainda esta a particularidade de
desde o inicio estar a ser prensada uma segunda fase de expansão pelo que é de todo o
interesse da empresa poder estar presente nessa expansão e certamente o conhecimento
adquirido pelo candidato nesta primeira fase será uma mais valia no desenrolar do projeto.
254
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