DM JorgeFranca 2020 MEESE

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Projeto e direção de obra de instalações

elétricas de média e baixa tensão: Fábrica


de Cerveja - Moçambique

JORGE MIGUEL ROCHA FRANÇA


novembro de 2020
PROJETO E DIREÇÃO DE OBRA DE INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS DE MÉDIA E BAIXA TENSÃO:
FÁBRICA DE CERVEJA – MOÇAMBIQUE

Jorge Miguel Rocha França

Departamento de Engenharia Eletrotécnica


Mestrado em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos de Energia

2020
Relatório elaborado para satisfação parcial dos requisitos da Unidade Curricular de DSEE -
Dissertação do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos de Energia

Candidato: Jorge Miguel Rocha França, Nº 1151401, 1151401@isep.ipp.pt


Orientação científica: António Augusto Araújo Gomes, aag@isep.ipp.pt

Empresa: SIEMENS SA

Departamento de Engenharia Eletrotécnica


Mestrado em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos de Energia

2020
A todos os que ao meu lado caminharam…

i
ii
Agradecimentos
O presente documento reflete todo o esforço desenvolvido ao longo dos últimos 18 anos e
encerra aquilo que será, por agora, o ciclo de estudos.

Durante este ciclo que agora finda muitas foram as pessoas que me ajudaram, apoiaram e
acompanharam este meu percurso sendo por isso necessário agradecer e destacar alguma
dessas pessoas.

Aqueles que são para mim os meus companheiros de vida e que caminham ao meu lado
sempre assumem um papel relevante e por isso o meu maior agradecimento à minha
família, em especial à minha namorada, ao meu irmão e aos meus pais. Foram estes que
muitas vezes saíram prejudicados durante o meu caminho, mas que ao mesmo tempo
sempre me deram força para ir mais além.

No percurso académico também tive a honra de conhecer profissionais exímios e de ter


tido um acompanhamento de excelência. O meu mais sincero agradecimento ao ISEP –

Instituto Superior de Engenharia do Porto e todo o seu corpo docente em especial à


Engenheira Maria Judite Ferreira e ao orientador da presente dissertação Engenheiro
António Gomes.

Para o meu orientador, conforme já referido, o Engenheiro António Gomes, uma palavra
de agradecimento dedicada pois sem o apoio, incentivo, disponibilidade e compreensão da
parte dele não seria possível atingir este marco.

Também durante o percurso profissional tenho encontrado colegas e amigos dos quais
muito me orgulho. O meu muito obrigado para o João Couto Sá e para o José Alexandre
Fernandes que têm me guiado na reta final desta minha caminhada e sempre me motivaram
para fazer mais e melhor.

iii
A todas as pessoas em cima referidas, uma vez mais, o meu sincero agradecimento e o voto
de continuar a querer evoluir e a cada dia que passe ser uma pessoa e um profissional
melhor e mais capaz.

iv
Resumo
Numa época de globalização, na qual as indústrias necessitam de garantir competitividade
a nível internacional, as instalações necessitam de ser dotadas de infraestruturas e
tecnologias de suporte que garantam o seu correto funcionamento e lhes forneçam todas as
valências necessárias à sua atividade.

Para garantir o esperado correto funcionamento das instalações, o engenheiro eletrotécnico


deverá possuir uma visão conceptual pragmática das futuras instalações, onde a
experiência constitui uma maior valia, mas onde a constante atualização de conhecimentos,
relativamente a normas, regulamentos, materiais, equipamentos, soluções técnicas e novas
tecnologias surgem cada vez mais como fatores decisivos para a sobrevivência e afirmação
nesta área de trabalho.

O projeto eletrotécnico é um ato de engenharia que para ser realizado requer uma formação
sólida formação em termos técnicos, tecnológicos e regulamentares, e que pode ter níveis
de complexidade muito diversos, dependendo das características das instalações e dos
requisitos funcionais, de segurança e de gestão, devendo a sua realização traduzir-se no
encontrar da melhor solução técnico-económica para a instalação em questão,
considerando como fator preponderante a segurança de pessoas, bens e instalações,
assegurando a funcionalidade, fiabilidade, flexibilidade, expansibilidade, utilização
racional de energia, gestão técnica e integração de sistemas, assim como a compatibilidade
entre especialidades.

Com o passar dos tempos o mercado nacional da energia eletrotécnica tem se revelado
insuficiente para as empresas continuarem a crescer naquilo que é denominado como
“negócio tradicional” sendo isto definido como a venda e a instalação/comissionamento do
equipamento clássico de média tensão e por este motivo, países menos desenvolvidos
como os existentes no continente africano são considerados como um mercado bastante
atrativo para as empresas operantes neste ramo.

v
A direção de obra exige capacidade de planeamento, conhecimentos técnicos, tecnológicos
de materiais e equipamentos, mas também a capacidade de liderança, interação com os
diversos intervenientes em obra, fiscalização e dono de obra.

Ao longo do presente trabalho, para além de toda a envolvente teórica, é abordado o


desenvolvimento do projeto desde a fase de projeto até à fase de
instalação/comissionamento da implementação da solução elétrica instalada numa indústria
cervejeira em Moçambique.

Palavras-Chave

Sistema Elétrico de Energia; Subestações; Postos de Transformação; Redes de Média


Tensão; Redes de Baixa Tensão; Grupos Geradores; Projeto de Instalações Elétricas.

vi
Abstract
Nowadays where globalization is a reality and when the industries need ensure competitive
market between each other’s, all installations need build infrastructures and technologies
for support correct operation and give them all conditions to her perfect execution.

To ensure the expected and correct operation of anyone installation, the electrical engineer
may have real and perfect overview of installation’s goals. For this the experience will be
strong quality but also will be needed update frequently know-how, legislation and last
materials and equipment’s that are frequently launched on market with great features and
will have big impact in final decision. The most important projects around all world are
appreciated with huge attention in budget but also in terms of technology’s quality
proposed during the project phase.

The electrical project should be considered as action where to be executed the owner might
be solid graduate not just in technical terms but also in technologies and main laws topics.
This project can have different levels of complexity, depending on final solution, but result
will be totally focused on achievement best relation between technical and economics
topics to this installation. Other of important point is persons’ safety that will explore all
equipment and installation. The electrical project also should ensure that all quality
requirements are implemented.

Over time the traditional market of energy has been showed insufficient for companies’
development of traditional business. The traditional business could be defined as the sell
and installation/commissioning of all medium voltage equipment’s and due the
underdevelopment of African’s region this is one of the most attractive market for these
companies.

The site manager’s function requires many abilities such time and team’s management,
technical know-how but also inter-personal skills to improve relation between teams and
customers.

vii
In this document, without in consideration of academic topics, is approached all process
since project phase to execution phase of electrical solution of brewery company in
Mozambique.

Keywords

Electrical system; Substation; Medium voltage; Low Voltage; Generators; Electrical


Project Design.

viii
Índice
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................... III

RESUMO ............................................................................................................................................. V

ABSTRACT ...................................................................................................................................... VII

ÍNDICE ............................................................................................................................................... IX

ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................................................... XI

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................. XVII

ACRÓNIMOS ................................................................................................................................. XXI

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1

1.1.CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................................................... 1
1.2.OBJETIVOS .................................................................................................................................... 2
1.3.CALENDARIZAÇÃO ........................................................................................................................ 3
1.4.ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO ..................................................................................................... 3

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE AS TEMÁTICAS DO TRABALHO ........................... 5

2.1.ENQUADRAMENTO ......................................................................................................................... 5
2.2.SISTEMA ELÉTRICO MOÇAMBICANO ................................................................................................ 7
2.3.PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ......................................................................................... 21
2.4.DIREÇÃO DE OBRA ..................................................................................................................... 107

3. PROJETO E GESTÃO DE OBRA: FÁBRICA DE CERVEJA (MOÇAMBIQUE) .............. 119

3.1.GENERALIDADES ....................................................................................................................... 119


3.2.DESCRIÇÃO DA INSTALAÇÃO ..................................................................................................... 120
3.3.PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ....................................................................................... 123
3.4.DIREÇÃO DE OBRA .................................................................................................................... 207

4. APLICAÇÃO INFORMÁTICA PARA ESTIMAÇÃO DO VALOR DA RESISTÊNCIA DE


TERRA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ................................................................................... 233

4.1.GENERALIDADES ....................................................................................................................... 233


4.2.APLICAÇÃO INFORMÁTICA ......................................................................................................... 242

5. CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 251

5.1.CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................................................ 251


5.2.CONTRIBUTOS DO CANDIDATO ................................................................................................... 252

ix
5.3.COMPONENTE ACADÉMICA ......................................................................................................... 253
5.4.PERSPETIVAS DE TRABALHO FUTURO .......................................................................................... 254

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 255

x
Índice de Figuras
Figura 1: Consumo por tipo de consumidor (GWh) em Moçambique 15

Figura 2: Capacidade energética instalada em Moçambique [3] 16

Figura 3: Central hidroelétrica de Cahora Bassa [4] 17

Figura 4: Rede de transporte de Moçambique, abril de 2016 [3] 19

Figura 5: Grupo gerador canopiado [6] 30

Figura 6: Chapa de caraterísticas de um grupo gerador [7] 31

Figura 7: Funcionamento em Emergency Stand By Power (ESP) [8] 32

Figura 8: Funcionamento em Prime Power (PRP) [8] 34

Figura 9: Funcionamento por tempo limitado [8] 35

Figura 10: Funcionamento em regime continuo [8] 36

Figura 11: Principais elementos constituintes de um do grupo gerador [9] 38

Figura 12: Constituição do motor de combustão [10] 39

Figura 13: Constituição de alternador [12] 40

Figura 14: Fusíveis de média tensão [16] 50

Figura 15: Disjuntor de média tensão [17] 52

Figura 16: Barramento simples [18] 56

Figura 17: Duplo barramento com inter-barras [18] 56

Figura 18: Quadro de média tensão [19] 63

xi
Figura 19: Quadro de média tensão do tipo "Metal enclosed" [19] 66

Figura 20: Quadro de média tensão do tipo "Metal clad" [20] 67

Figura 21: Quadro de média tensão do tipo "Ring Main Unit" [21] 68

Figura 22: Tipos de transformadores [22] 69

Figura 23: Grupo de ligações transformadores [23] 72

Figura 24: Chapa de características de um transformador – Perdas 74

Figura 25: Chapa de características de um transformador - Tensão de curto-circuito 75

Figura 26: Comutador de tomada [25] 76

Figura 27: Quadro geral de baixa tensão [28] 81

Figura 28: Outros equipamentos nos postos de transformação e seccionamento. [30] [31]
[32] 84

Figura 29: Estrutura de redes de distribuição de baixa tensão [13] 87

Figura 30: Cabos em torçada [33] 89

Figura 31: Cabo LSVAV [34] 89

Figura 32: Esquema de ligação à terra – TT [35] 91

Figura 33: Circuito de defeito no esquema de ligação à terra – TT [35] 91

Figura 34: Relação entre valor da resistência de terra e o valor da corrente diferencial [35]
92

Figura 35: Esquema de ligação à terra - TN – C [35] 93

Figura 36: Circuito de defeito no esquema de ligação à terra - TN – C [35] 93

Figura 37: Esquema de ligação à terra - TN – S [35] 94

Figura 38: Esquema de ligação à terra - TN – C – S [35] 94

xii
Figura 39: Esquema de ligação à terra – IT [35] 95

Figura 40: Circuito de primeiro defeito no esquema de ligação à terra - IT com neutro não
distribuído [35] 97

Figura 41: Circuito de segundo defeito no esquema de ligação à terra - IT com neutro não
distribuído [35] 97

Figura 42: Tipos de quadro de distribuição [37] [38] 104

Figura 43: Quadros de distribuição funcional [39] 106

Figura 44: Identificação e localização das diversas instalações da unidade industrial 122

Figura 45: Vista geral da unidade industrial, junho de 2020 122

Figura 46: Área prevista para a instalação da central de Autoprodução 126

Figura 47: Área prevista para instalação da futura central fotovoltaica 127

Figura 48: Área prevista para a instalação da subestação 128

Figura 49: Esquema unifilar simplificado da subestação (Semi–barramento I em cima e


Semi–barramento II em baixo) 131

Figura 50: Esquema unifilar do painel Inter-Barras. 133

Figura 51: Esquema unifilar de um painel de linha de média tensão 136

Figura 52: Esquema unifilar dos painéis de grupo geradores 139

Figura 53: Esquema unifilar dos painéis de linha da rede pública 143

Figura 54: Esquema unifilar do painel de medida 146

Figura 55: Caixa de comando à distância 149

Figura 56: Esquema elétrico da caixa de comando à distância 150

Figura 57: Diagrama unifilar de média tensão da instalação 151

xiii
Figura 58: Exemplo de uma vala usada para a instalação do cabo 153

Figura 59: Corrente de serviço nos diversos troços do Anel 1 154

Figura 60: Cabo de média tensão do anel 1 162

Figura 61: Exemplo de um cabo instalado dentro de tubagens enterradas no solo 164

Figura 62: Corrente de serviço nos diversos troços do Anel 2 164

Figura 63: Cabo de média tensão do anel 2 169

Figura 64: Diagrama unifilar do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 1250 A
172

Figura 65: Diagrama unifilar do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 630 A173

Figura 66: Vista frontal do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 1250 A 175

Figura 67: Vista frontal do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 630 A 176

Figura 68: Compartimento de baixa tensão dos RMUs 177

Figura 69: vista geral de uma cabine metálica 180

Figura 70: Dimensões das cabines metálicas do tipo 1 181

Figura 71: Dimensões das cabines metálicas do tipo 2 182

Figura 72: Compartimentação das cabines de média tensão 183

Figura 73. Portas ventiladas a serem instaladas nas cabines metálicas 185

Figura 74: Compartimento exterior de passagem de cabos 186

Figura 75: Compartimento exterior de passagem de cabos 187

Figura 76: Compartimento exterior de passagem de cabos 187

Figura 77: Vista frontal do QGBT 1.1 195

xiv
Figura 78: Exemplo de menu representativo do Simaris Design 196

Figura 79: Exemplo de Pipe Bridge 197

Figura 80: Exemplo da planta da AutoCAD 198

Figura 81: Dimensionamento de canalizações elétricas – QGBT 1.1 199

Figura 82; Vista frontal da UPS de 60 kVA 204

Figura 83: Vista frontal da UPS de 40 kVA 205

Figura 84: Dimensionamento de canalizações elétricas – Quadro Distribuição UPS 3.1207

Figura 85: Transporte de cabo de média tensão do anel 2 211

Figura 86: Transporte de bobines de cabo de baixa tensão 212

Figura 87: Manitou - equipamento usado para movimentação de cargas 213

Figura 88: Macacos hidráulicos para a instalação de cabo 214

Figura 89: Layout do estaleiro 215

Figura 90: Implementação do plano de segurança e saúde 219

Figura 91: Movimentação de cargas de forma indevida 220

Figura 92: Sinalização de quadro em tensão 221

Figura 93: Telas de aviso de cabo em tensão [43] 225

Figura 94. Processo de reparação de cabo de média tensão 226

Figura 95. Método Volt-Amperimétrico 229

Figura 96: Equipamento de análise do sentido de rotação [44] 231

Figura 97: Fluxograma da ferramenta informática desenvolvida 243

Figura 98: Menu inicial da ferramenta informática desenvolvida 244

xv
Figura 99: Definição do modo de simulação 244

Figura 100: Caraterização da instalação a simular 245

Figura 101: Determinação da resistividade do solo 246

Figura 102: Diferentes opções para se obter a resistividade do solo 246

Figura 103: Seleção da solução a adotar 247

Figura 104: Escolha do tipo de elétrodo a utilizar 247

Figura 105: Caraterísticas técnicas dos elétrodos 248

Figura 106: Menu de apresentação de resultados 248

Figura 107: Relatório de resultados da ferramenta informática 249

xvi
Índice de Tabelas
Tabela 1: Níveis de tensão da rede pública [5] 28

Tabela 2: Fatores a ponderar entre instalação em local externo e local interno 37

Tabela 3: Níveis de tensão normalizados [14] 43

Tabela 4: Dimensionamento de fusíveis [15] 51

Tabela 5: Classificação da refrigeração dos transformadores [15] 78

Tabela 6: Encravamentos [29] 82

Tabela 7: Designação de regimes de neutro 90

Tabela 8: Queda de tensão máxima admissível [36] 100

Tabela 9: Resistividade elétrica condutores [36] 101

Tabela 10: Constante K [36] 102

Tabela 11: Dimensionamento dos Transformadores de Correntes nos painéis de Linha138

Tabela 12; Dimensionamento dos Transformadores de Corrente nos painéis de entrada141

Tabela 13: Postos de transformação alimentados pelo Anel 1 152

Tabela 14: Caraterísticas do cabo de média tensão do Anel 1 156

Tabela 15: Perdas por efeito de Joule nos cabos do Anel 1 157

Tabela 16: Cálculo das perdas por efeito capacitivo no Anel 1 158

Tabela 17: Perdas totais dos cabos no Anel 1 158

Tabela 18: Acréscimo de temperatura no interior da vala do Anel 1 159

xvii
Tabela 19: Fator de correção no cabo do Anel 1 160

Tabela 20: Definição da secção de cabo a ser usada no Anel 1 161

Tabela 21: Descrição de áreas alimentadas pelo Anel 2 163

Tabela 22: Caraterísticas do cabo de média tensão do anel 2 165

Tabela 23: Perdas por efeito de Joule no cabo do Anel 2 166

Tabela 24: Perdas por efeito capacitivo no cabo do Anel 2 166

Tabela 25: Perdas totais do cabo no Anel 2 167

Tabela 26: Acréscimo de temperatura no interior da vala do Anel 2 167

Tabela 27: Fator de correção no cabo do Anel 2 168

Tabela 28: Definição da secção a ser usada no Anel 2 168

Tabela 29: Áreas a serem alimentadas por cada um dos postos de transformação 170

Tabela 30: Dimensionamento de transformadores 179

Tabela 31: Potência dissipada pelos transformadores 184

Tabela 32: Mapa dissipação de calor nas cabines metálicas 188

Tabela 33: Potência instalada nos QGBT 189

Tabela 34: Lista de cargas de baixa tensão do QGBT 1.1 191

Tabela 35: Dimensionamento de saídas do QGBT 1.1 193

Tabela 36: Distâncias a considerar no QGBT 1.1 197

Tabela 37: Comparação das distâncias entre AutoCAD e mapa de cargas 199

Tabela 38: Lista de cargas com a informação do cabo a instalar 201

Tabela 39: Descrição das alimentações socorridas 203

xviii
Tabela 40: Lista de cargas para o quadro de distribuição da UPS da área de produção206

Tabela 41: Listagem de equipamento fornecido 209

Tabela 42: Diferenças de metragem entre fase de projeto e fase de execução no anel 1223

Tabela 43: Diferenças de metragem entre fase de projeto e fase de execução no anel 2224

Tabela 44: Resultados esperados no ensaio de isolamento 230

Tabela 45: Resistividade dos terrenos de acordo com a sua natureza [36] 236

Tabela 46: Resistividade média dos terrenos de acordo com a sua natureza[36] 237

Tabela 47: Características dos elétrodos de terra [36] 238

xix
xx
Acrónimos

AIS – Air insulated substation

AT – Alta tensão

AVAC – Aquecimento, ventilação e ar condicionado

BRA – Bloco rede anel

BT – Baixa tensão

COP – Continuous power operating

DGEG – Direção Geral de Energia e Geologia

EDM – Eletricidade de Moçambique

EDP – Eletricidade de Portugal

ELT – Esquema de ligação à terra

EPC – Engineering – procurement – construction

ESP – Emergency Stand By power

GIS – Gas insulated substations

IEG – Instalações elétricas gerais

ITED – Infraestruturas de telecomunicações de edifício

– Infraestruturas de telecomunicações em loteamentos, urbanizações e


ITUR
conjuntos de edifícios

MAT – Muito alta tensão

xxi
MT – Média tensão

OFAF – Óleo forçado / Ar forçado

ONAN – Óleo natural / Ar natural

PRP – Prime power

PTS – Postos de transformação e seccionamento

QGBT – Quadro geral de baixa tensão

QMT – Quadro de média tensão

REN – Rede elétrica nacional

RMD-BT – Rede Municipal de Distribuição em Baixa Tensão

RND – Rede Nacional de Distribuição em Alta-Tensão

RNT – Rede Nacional de Transporte

RPM – Rotações por minuto

– Regulamento de Redes de Distribuição de Energia Elétrica de Baixa


RRDEEBT
Tensão

RSLEAT – Regulamento de Segurança das Linhas Elétricas de Alta Tensão

– Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de


RSSPTS
Transformação e Seccionamento

RTIEBT – Regras Técnicas de instalações elétricas em baixa tensão

SACC – Serviço Auxiliares de Corrente Continua

SADI Sistema automático de deteção de incêndios

SCADA Supervisory Control and Data Acquisition

xxii
SE – Subestação

SF6 – Hexafluoreto de enxofre

UPS – Unit power supply

xxiii
xxiv
1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Após a conclusão da Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos de
Energia pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto surgiu a possibilidade e o interesse
do candidato ingressar no mercado de trabalho. O seu percurso profissional começou no
gabinete de projeto OHM-E Gabinete de Engenharia Eletrotécnica, Lda desde abril de
2018 até abril de 2019 sendo nesta data que aconteceu a transição para uma outra empresa,
a SIEMENS SA.

As atividades de estágio aqui apresentadas foram desenvolvidas dentro do âmbito do


segundo empregador, no entanto em ambas as situações foram facilitadas todas as
condições necessárias para a prática da profissão e também para a posterior redação da
dissertação.

Durante a realização do presente trabalho o estagiário teve a oportunidade de desenvolver


inúmeras competências tanto técnicas como pessoais.

A execução das tarefas diárias exigiu do candidato a aplicação de conhecimentos técnicos,


tecnológicos, normativos, regulamentares, criatividade, inovação e sentido de
responsabilidade. Por um lado, devido à diversidade de tarefas propostas; por outro lado,
devido à necessidade de estudo e implementação de soluções técnicas/tecnológicas
adequadas às especificidades e requisitos dos diversos trabalhos realizados.

1
O período de estágio pressupõe uma expectativa de potenciar a consolidação e o
desenvolvimento de conhecimentos, assim como a demonstração de qualidades que irão
sempre permitir o bom desempenho nas tarefas inerentes ao exercício da profissão de
engenheiro.

1.2. OBJETIVOS
Durante a realização da presente dissertação o estagiário desenvolveu, entre outras
atividades, a função de projetista eletrotécnico e a função de gestor de projeto e diretor de
obra.

Relativamente ao caso de estudo este engloba a realização do projeto eletrotécnico de


infraestruturas de uma unidade industrial de produção de cerveja. Para esta instalação
foram desenvolvidos os seguintes projetos eletrotécnicos:

− Projeto do quadro metálico da Subestação;

− Projeto da rede de distribuição em média tensão;

− Projeto dos postos de transformação;

− Projeto da rede de distribuição de baixa tensão.

O candidato integrou a equipa de gestão de projeto da SIEMENS SA, nos escritórios da


cidade do Porto, onde, em conjunto com uma equipa de engenheiros eletrotécnicos
desempenha funções de:

− Desenvolvimento de soluções adequadas às necessidades do cliente com o especial


foco em gerir o cronograma geral;

− Identificar, gerir e resolver os principais problemas que resultam do normal


desenvolvimento de obra;

− Gerir pró-ativamente o âmbito do contrato garantindo que é apenas entregue o


solicitado, e aprovado, pelo cliente;

− Garantir a boa execução técnica/financeira do projeto;

2
− Desenvolver e acompanhar a evolução do projeto.

Foi ainda, com base na experiência adquirida, desenvolvida uma aplicação informática
para estimação do valor da resistência de terra em instalações elétricas.

1.3. CALENDARIZAÇÃO
O presente documento e conteúdo do mesmo foi desenvolvido em contexto profissional e
por isso todas estas atividades começaram a ser desenvolvidas no dia um (1) de maio de
dois mil e dezanove (2019) e prolongaram-se até ao momento da apresentação e defesa do
trabalho, outubro de 2020.

1.4. ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO


A presente dissertação está organizada em seis (6) capítulos, seguindo uma ordem lógica e
coerente ao longo de todo o documento.

O primeiro capítulo, a “Introdução”, tem como objetivo a contextualização da proposta de


trabalho, apresentar de forma clara os objetivos e descrever a solução.

No capítulo seguinte, “Fundamentos teóricos sobre as temáticas do trabalho”, foi


desenvolvido um estado da arte sobre a temática do projeto e uma breve introdução ao
trabalho desenvolvido.

No terceiro capítulo “Projeto e Gestão de Obra: Fábrica de Cerveja - Moçambique”, e após


ter sido feita uma introdução teórica ao mesmo, são descritos os trabalhos que foram
executados em obra, apresentando todas as decisões e as justificações técnicas que levaram
às mesmas. Paralelamente são demonstrados os conhecimentos adquiridos na área da
engenharia e são também abordadas algumas dificuldades enfrentadas resultante da
execução de um projeto num país e continente diferente, o que acarreta diferenças e
barreiras técnicas e culturais que necessitam de ser ultrapassadas.

O quarto capítulo, “Aplicação informática para estimação do valor de resistência de terra”


é onde é apresentado e dissecado o desenvolvimento de uma aplicação informática para a
estimação do valor da resistência de terra em instalações elétricas. Este capítulo apresenta a
arquitetura e software da aplicação assim como o princípio de utilização da mesma.

3
O capítulo seguinte, o quinto, “conclusões” apresenta todos os comentários gerais e
aborda, de forma sucinta outros projetos desenvolvidos durante o período de estágio,
apresenta também as componentes académicas que se mostraram fundamentais para o
ingresso no mercado de trabalho e as perspetivas de trabalho futuro. É ainda neste capitulo
que são apresentadas todas as referências bibliográficas necessárias para a construção do
presente documento.

4
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
SOBRE AS TEMÁTICAS DO
TRABALHO

2.1. ENQUADRAMENTO

A atividade profissional desenvolvida por um engenheiro eletrotécnico responsável pelo


projeto, execução e exploração de instalações elétrica é, cada vez mais, uma atividade de
elevada responsabilidade do ponto de vista técnico, mas também do ponto de vista
financeiro, o que justifica a necessidade de estes possuírem elevados conhecimentos
científicos, técnicos, tecnológicos, regulamentares e normativos.

O projeto eletrotécnico pode ser definido como um conjunto de peças escritas e desenhadas
ordenadas que têm como o principal objetivo de definir e caracterizar uma solução técnica,
que, com o menor custo possível, vá de encontro às características da instalação, aos
requisitos do dono de obra e que cumpra todos os aspetos regulamentares e normativos
aplicáveis.

5
Uma das funções do projetista é também ter um papel proactivo na aplicação de novos
aparelhos, equipamentos e conceitos que até então não tinham sido explorados. Para isso, e
porque a inovação tem sempre associada algum risco, o bom senso e o sentido critico que
tem de estar sempre presente de modo a ser possível perceber se a solução será de facto
vantajosa ou acarretará desvantagens para a exploração futura.

A existência de um projeto é, por si só, uma garantia de qualidade e um primeiro esboço


daquilo que será a solução final. No entanto, o projeto deverá ser considerado um elemento
dinâmico pelo que durante a execução este poderá sofrer alterações obrigando deste modo
a que sejam enfrentados desafios e mudanças de última hora que deverão ser sempre
analisadas com cautela e com a certeza de que a decisão tomada tem em conta as melhores
soluções técnicas e económicas.

O gestor do projeto da especialidade é responsável por analisar toda a conjuntura


envolvente e todos os componentes que a compõe, sendo o projeto parte constituinte desta.
Este deverá sempre ter em conta a informação recebida por outras especialidades e avaliar
que impacto essa mesma informação deverá ter no seu trabalho e se necessário ajustar a
solução final de modo a compatibilizar todas as vertentes em prol da solução final. É
também responsável por garantir que todos os regulamentos e documentos normativos
estão a ser cumpridos.

Existe também o gestor de projeto geral da obra (multidisciplinar) que deverá assumir o
papel de mediador entre todas as especialidades envolvidas e garantir desta forma uma
correta e assertiva comunicação entre as diversas áreas.

A realização de um projeto obriga a um conhecimento profundo de todos os regulamentos


e normas aplicáveis ao país em questão e com a necessidade de prever todos os riscos
associados a essa execução.

Quando se fala em executar projetos, para outros países, que não Portugal, é exigido ao
projetista um esforço complementar, pois necessita de conhecer todo o corpo legislativo,
regulamentar e normativo aplicável no país em questão. No entanto, os desafios vão para
além de questões administrativas, regulamentares e normativas, pois, o fator cultural, o
fator logístico ou o simples fator de mudança de fuso-horário altera o normal

6
desenvolvimento do projeto e isso acarreta dificuldades e particularidades no normal
desenvolvimento do projeto que têm de ser ultrapassadas da melhor forma possível.

O presente capítulo deverá ser considerado elemento de consulta e de apresentação dos


fundamentos teóricos sobre a temática do trabalho apresentando os conceitos teóricos
relacionados com os atos de engenharia.

O caso de estudo apresentado no presente documento é referente ao desenvolvimento de


um projeto desde a fase de projeto até à fase de instalação/comissionamento da
implementação da solução elétrica instalada numa indústria cervejeira em Moçambique.
No entanto a legislação deste país sofre influência por parte da legislação Portuguesa pelo
que sempre que necessário será feita referência a essa mesmo.

2.2. SISTEMA ELÉTRICO MOÇAMBICANO

2.2.1. ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO

Um projeto não pode ser realizado com o único objetivo de obter o licenciamento da
instalação, mas, deve conferir uma garantia de qualidade, segurança e eficiência na solução
final. Para estes objetivos serem cumpridos o projeto é obrigado a cumprir todos os
requisitos legais e regulamentares que sejam aplicados à sua natureza.

Este conjunto legislativo tem de estar em constante atualização devido a toda a evolução
tecnológica que as técnicas, os materiais e os equipamentos estão sujeitos. As dinâmicas de
utilização das instalações também se alteram assim como os hábitos dos utilizadores.

O enquadramento legislativo e regulamentar é sempre específico de acordo com a


localização da instalação. No caso de Moçambique estes documentos seguem as principais
diretrizes dos que são aplicados em Portugal. Apesar de semelhantes aos portugueses,
torna-se imperativo referir os seguintes regimes jurídicos e regulamentos.

7
2.2.1.1. LEGISLAÇÃO

- Lei nº. 21/97, de 7 de outubro

Estabelece a Lei de Energia, que se aplica à atividade de produção, transporte, distribuição


e comercialização de energia elétrica no território da República de Moçambique, bem
como a sua importação e exportação para ou do território nacional e tem por objetivo
definir, em relação a energia elétrica:

− A política geral da organização do sector elétricos e a gestão do fornecimento de


energia elétrica;

− O regime jurídico geral aplicável às atividades de produção, transporte, distribuição


e comercialização da energia elétrica no território Moçambicano, assim como a sua
importação e exportação para ou do território nacional e o regime de concessão das
referidas atividades.

- Decreto nº 8/2000, de 20 de abril

Regulamenta a Lei n.º 21/97, de 7 de outubro.

Aprova o Regulamento da Lei da Energia, que estabelece as competências e os


procedimentos para atribuição, controlo e extinção de concessões de produção, transporte,
distribuição e comercialização de energia elétrica, bem como a sua importação e
exportação.

- Decreto n.º 58/2014, de 17 de outubro

Aprova o Regulamento que estabelece o Regime Tarifário para Energias Novas e


Renováveis.

Aplica-se aos projetos de produção de energia elétrica que têm por base fontes renováveis,
desenvolvidos por pessoas singulares ou coletivas, públicas ou providas ao abrigo do
presente regulamento, tendo por objetivo a ligação à rede elétrica.

Tem por objetivo estabelecer o modelo de tarifário aplicável para as novas e renováveis
fontes de energias com vista à sua promoção e garantia da diversificação da matriz
energética e o seguro fornecimento da energia elétrica.

8
- Decreto n.º 42/2005, de 29 de novembro

Aprova o Regulamento de Competências dos Técnicos Responsáveis pelas Instalações


Elétrica de Serviço Particular.

- Diploma Ministerial n.º 184/2014, de 12 de novembro

Aprova o Código da Rede Elétrica Nacional de Moçambique.

Estabelece as condições técnicas de ligação das instalações da Rede Elétrica Nacional,


REN, bem como as condições técnicas de planeamento e de exploração da REN

- Lei n.º 11/2017, de 8 de setembro

Cria a Autoridade Reguladora de Energia, abreviadamente designada por ARENE, com os


objetivos de:

− Assegurar a regulação da atividade dos subsetores de energia incluindo a


distribuição e comercialização de produtos petrolíferos e seus derivados;

− Garantir o cumprimento rigoroso dos princípios e normas aplicáveis ao setor de


energia, em conformidade com a legislação nacional e os padrões e boas práticas
internacionais;

− Promover a concorrência leal entre os operadores públicos e privados do setor de


energia;

− Tornar o mercado de energia mais competitivo, eficiente, económico e


ambientalmente sustentável;

− Assegurar a satisfação do interesse público e a defesa dos direitos dos


consumidores de energia elétrica e dos combustíveis;

− Reforçar o controlo dos impactos decorrentes do uso de energia sobre o ambiente;

− Contribuir para a segurança energética nacional.

9
- Decreto n.º 10/2020, de 23 de março

Este decreto atualiza o Regulamento de Licenças para Instalações Elétricas e revoga os


Decretos n.º 48/2007, de 22 de outubro, que aprova o Regulamento de Licenças para
Instalações Elétricas e o Decreto n.º 10/16, de 25 de abril, que introduz alterações ao
Regulamento de Licenças para Instalações Elétricas, tendo por objetivo fixar as normas a
seguir nas concessões de licenças para o estabelecimento e exploração de instalações
destinadas à produção, transporte, transformação, distribuição e utilização de energia
elétrica para qualquer fim ou serviço.

2.2.1.2. REGULAMENTOS

Os principais regulamentos aplicáveis ao território moçambicano tiveram por base a


regulamentação portuguesa, pelo que se verifica bastantes semelhanças entre eles.

- Regulamento de Segurança das Linhas Elétricas de Alta Tensão

O Regulamento de Segurança das Linhas Elétricas de Alta Tensão (RSLEAT) foi aprovado
a 11 de novembro de 2011 através da publicação do Decreto n.º 57/2011.

Tem como objetivo fixar um conjunto de condições técnicas que devem ser cumpridas no
caso de construção e exploração das linhas de alta tensão. Este regulamento é também
aplicado às linhas de telecomunicações existentes no apoio do equipamento elétrico.

- Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de Transformação e


Seccionamento

O Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de Transformação e Seccionamento


(RSSPTS) foi aprovado a 21 de dezembro de 2011 [1] pelo Decreto-Lei n.º 66/2011.

Pretende regulamentar todos os aspetos associados à instalação e exploração dos postos de


transformação e seccionamento instalados na rede pública ou em rede particulares. Um dos
principais focos deste documento é manter a segurança dos utilizadores e da rede onde o
equipamento é parte integrante.

10
- Regulamento de Redes de Distribuição de Energia Elétrica de Baixa Tensão

O Regulamento de Redes de Distribuição de Energia Elétrica de Baixa Tensão


(RRDEEBT) foi aprovado a 21 de dezembro de 2011, através da publicação do Decreto n.º
67/2011.

Tem por objetivo:

− Fixar as condições técnicas a que deve obedecer o estabelecimento e a exploração


das redes de distribuição de energia elétrica em baixa tensão, de corrente alternada
ou corrente continua, com vista à proteção de pessoas e bens e à salvaguarda dos
interesses coletivos;

− Obedecer as demais prescrições de segurança em vigor e às normas técnicas.

2.2.2. ELETRICIDADE DE MOÇAMBIQUE (EDM)

A empresa responsável pela exploração da rede elétrica de Moçambique é a Eletricidade de


Moçambique (EDM), sendo responsável pela produção, transporte e distribuição da
energia elétrica em todo o território Moçambicano.

Trata-se de uma empresa fundada em 1977, dois anos depois da independência de


Moçambique, cuja constituição procurou a incorporação de todos os centros produtores de
energia num único sistema de modo a melhorar as necessidades elétricas e com esta
medida impulsionar o desenvolvimento de diversos fatores tais como a agricultura, a
indústria e mesmo a vida doméstica.

A EDM herdou, por um lado, um grande património de equipamento, no entanto, aa


maioria dele, encontrava-se em muito mau estado de conservação e, sem stock de peças
para manutenção e reparação [2]. Por outro lado, também os recursos humanos eram
poucos e, de um modo geral, pouco qualificados.

11
Esta herança obrigou a EDM a desenvolver um conjunto de ações procurando dar resposta
aos referidos problemas, tendo:

− Realizado um investimento em equipamento novo e adequado às suas necessidades;

− Realizado um investimento em técnicos internos e externos qualificados;

− Redirecionado os investimentos energéticos para os recursos hídricos.

A permanente instabilidade política existente em Moçambique atrasou o desenvolvimento


da rede elétrica nacional, tendo mesmo motivado a que os investimentos já realizados
fossem deixados ao abandono e expostos a atos de vandalismos.

A eletricidade foi usada como elemento de promoção política e foi disponibilizada a toda a
população a um custo muito baixo durante vários anos. Medida esta que fez com que a
produção e distribuição fosse realizada a custos que eram impossíveis de serem
recuperados originando assim ao longo dos anos um declínio da qualidade da energia.

Se desde a sua origem a EDM era uma empresa estatal em 1995, e já dentro do contexto de
reestruturação da economia do país, passou a ser uma empresa pública tendo assim direito
a um fundo nacional de investimento. Com esta mudança, mudou também o nome
passando a denominar-se EDM – E.P onde o seu foco passou a ser a melhoria da qualidade
da rede fornecida aos utilizadores finais e a gestão eficiente dos seus recursos.

12
A EDM – E.P ficou dividida em quatro grandes áreas de comando sendo assim possível
otimizar a dinâmica da empresa com vista a que o peso operacional dos administradores
seja usado para desenvolver assuntos estratégicos para a empresa. Esta mudança exigiu
também um trabalho extenso de reorganização que teve de ter em conta todos as
condicionantes de cada momento e as perspetivas e desafios bem como as orientações
definidas para o futuro da eletricidade no país. Orientações essas que assentavam nos
seguintes pilares:

− Melhoria da qualidade de serviço;

− Expansão da rede elétrica;

− Desenvolvimento interno da empresa;

− Desenvolvimento e incremento na partição da exploração hídrica do país.

Para o cumprimento destes objetivos tiveram de ser criados os seguintes recursos para uma
correta progressão da empresa sempre com vista à promoção da empresa e melhoramento
da gestão, nomeadamente:

− Criação de áreas regionais de direção e áreas de operação para delegar maior


autonomia nas decisões;

− Criação de departamentos comerciais;

− Desenvolvimento de ações para tornar a EDM uma empresa economicamente


viável.

Ao longo do tempo a empresa foi-se sempre preparando para uma fase de expansão e
consolidação no mercado que resulta do crescimento/evolução económico do país e
também na possibilidade legislativa do sector elétrico poder começar a ter vários
operadores e não apenas monopolizado pela EDM, à semelhança do que acontece em
muitos dos outros países.

13
2.2.3. CARATERIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE MOÇAMBIQUE

2.2.3.1. GENERALIDADES

Um sistema elétrico é caraterizado como o conjunto dos elementos produtores, de


transporte e de distribuição de energia elétrica.

Em Moçambique a produção é caraterizada pela vasta utilização de recursos hídricos,


sendo que a maior parte da energia produzida em território Moçambicano não é usada
internamente resultando assim na exportação para países vizinhos como a África do Sul e o
Zimbabué.

Moçambique é ainda um país com um elevado défice no que concerne ao acesso à


eletricidade. Nas zonas urbanas estima-se que apenas 67% [3] da população tenha acesso à
energia elétrica, no entanto em zonais mais rurais este valor não vai além dos 27% [3]
ficando assim com um valor global de apenas 40% [3] da população de todo o país com
acesso à energia elétrica.

Um dos grandes objetivos de Moçambique, no que concerne ao acesso de energia elétrica


até 2030 é ter cerca de 50% de todas as habitações familiares conectadas à rede elétrica.
Para atingir este propósito, será necessário a EDM procurar garantir a expansão da rede a
uma média de cento e setenta e cinco (175) mil novos consumidores por cada ano. No
entanto, este objetivo está a ter alguns contratempos visto que os planos da EDM apenas
contemplam cerca de cem (100) mil habitações anuais, o que resultará em apenas 38% de
habitações familiares ligadas à rede elétrica ficando aquém dos previstos 50%. A energia
comercializada pela EDM ultrapassou no ano de 2014, os três mil e quinhentos (3500)
GWh, representando assim um aumento gradual ao longo dos anos explicado pelo
desenvolvimento social. Nesse mesmo ano a potência instalada atingiu um máximo de
oitocentos (831) MW. [3]

14
A Figura 1 mostra a distribuição e evolução dos consumos energéticos em Moçambique,
entre os anos de 2011 e 2014.

Figura 1: Consumo por tipo de consumidor (GWh) em Moçambique

2.2.3.2. CAPACIDADE INSTALADA

A Figura 2 mostra as principais centrais produtoras de Moçambique, com discriminação do


tipo de central, relativamente ao ano de 2014.

15
Figura 2: Capacidade energética instalada em Moçambique [3]

Conforme é possível ver na figura anterior a potência instalada em Moçambique é


principalmente proveniente dos recursos hidroelétricos de Moçambique e este valor de
aproveitamento hidroelétrico está entre um dos mais altos de todo o continente africano
tendo o seu valor anual de geração na casa dos dezanove mil (19 000) MW.

A principal central responsável por este grande valor de aproveitamento hidroelétrico é a


central de Cahora Bassa, património da empresa HCB - Hidroelétrica de Cahora Bassa,

16
situada província de Tete, ilustrada na Figura 3, sendo esta uma das maiores barragens de
todo o continente Africano com uma capacidade instalada de dois mil e setenta e cinco
(2075) MW [3].

Figura 3: Central hidroelétrica de Cahora Bassa [4]

Embora situada em solo Moçambicano, devido a interesses políticos e económicos, a


central de Cahora Bassa é responsável por produzir energia para cinco (5) países, sendo
estes Moçambique, áfrica do Sul, Zimbabué, Botsuana e ainda para o Southern African
Power Pool (SAPP) – mercado sul africano de energia.

Da produção resultante desta barragem, Moçambique apenas consome cerca de quinhentos


(500) MWh sendo a restante energia consumida pelos países vizinhos, contribuindo assim
de forma significativa para a economia do país.

A empresa EDM é apenas detentora de parte da potência disponível da central hídrica de


Cahora Bassa, sendo, no entanto, responsável por várias outras centrais de geração hídricas
e térmicas.

A potência instalada, no ano de 2014, totalizava dois mil seiscentos e vinte e seis (2626)
MW, no entanto apenas novecentos e cinquenta e sete (957) MW estavam disponíveis para
a EDM, sendo este um bom indicador sobre o potencial económico do país pois existe um
grande volume de exportação.

17
2.2.3.3. TRANSPORTE

A rede elétrica nacional de Moçambique é essencialmente explorada por três empresas. A


EDM, já descrita anteriormente, e pela empresa proprietária da central de Cahora Bassa, a
HCB e pela empresa responsável pela rede de transmissão em Moçambique, MOTRACO.

A rede de transmissão está desenvolvida através de três grandes níveis de tensão:

− 220 kV – Nível de tensão utilizado no Norte do país com duas linhas. Uma linha
com aproximadamente mil (1 000) km entre a subestação do Songo e Nampula e
uma outra linha entre a cidade de Tete e Chibata, embora esta última seja operada a
110 kV;

− 110 kV – Nível de tensão explorado na área de transporte do Sul do país. Esta


região é também caraterizada por ser a mais evoluída sendo constituída por diversas
linhas cento e dez (110) kV entre a cidade de Maputo e a cidade de XaiXai,
Chokwe na Inhambane. Tem ainda uma linha de duzentos e setenta e cinco (275)
km que liga a cidade de Maputo a Komatipoort onde acontecem as trocas
energéticas entre Moçambique e Africa do Sul caraterizada por ser a principal
alimentação da capital do país; [3]

− 100 kV – Nível de tensão usado na região Centro e com linhas responsáveis por
ligar a central de Chicamba à cidade de Mavuzi e abastecer eletricamente a região
da Beira – Manica.

Verifica-se que não existe uma interligação entre a capital, Maputo, e a maior central
hidroelétrica do país tendo por este motivo que importar energia ao país vizinho, neste caso
África do Sul. Outra das particularidades é que apenas uma linha de transmissão é
responsável por entregar energia na região norte conforme se pode constatar na Figura 4:

18
Figura 4: Rede de transporte de Moçambique, abril de 2016 [3]

19
Em toda a rede elétrica estão instaladas setenta e duas (72) subestações em que sete (7) têm
a particularidade de serem móveis, permitindo assim estabelecer pontos provisórios de
ligação à rede. Para além destas subestações existem também dois (2) postos de
seccionamento que permitem realizar reconfigurações da rede.

2.2.3.4. PERSPETIVA DE EVOLUÇÃO FUTURA

Desde o ano de 2015 que tem existido a intenção do governo Moçambicano junto do
Banco Mundial de desenvolver e evoluir o sector elétrico nacional. Nesse ano, 2015, o
Banco Mundial lançou o desafio para que o desenvolvimento elétrico assentasse em três
pontos chaves, sendo eles:

− Fornecer energia renovável e eficiente;

− Expandir o sistema de geração e transmissão da energia;

− Assegurar o acesso à energia elétrica à maioria populacional.

Esta interação com o banco mundial, com o objetivo de conseguir investimentos externos,
mostra a atitude atenta e preocupada do governo Moçambicano em investir na expansão do
acesso à energia elétrica em todo o território.

Ainda de acordo com os dados do Banco mundial o governo de Moçambique está


comprometido em realizar investimentos de forma a aumentar a capacidade de produção
em três mil cento e trinta e oito (3 138) MW até 2022 e quatro mil cento e trinta e seis
(4136) MW até 2030 [3].

Relativamente a projetos com investimento a longo prazo é expectável que o país seja
capaz de explorar ainda mais três mil (3000) MW de recursos hídricos, com especial foco
na expansão de mil duzentos e quarenta e cinco (1245) MW da central de Cahora Bassa e
ainda uma nova central de mil e quinhentos (1500) MW denominada de Mphanda Nkuwa.

Um dos outros grandes interesses do país é a exploração de recursos fósseis locais como é
o caso do gás natural ou centrais a carvão sendo que estes recursos estão previstos para
serem alvos de novas instalações na ordem dos mil e quatrocentos (1400) MW e dois (2)
GW respetivamente.

20
Todos os projetos acima descritos irão certamente, a longo prazo, fortalecer a geração de
energia mista que é atualmente dominada pelos recursos hídricos.

2.3. PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

2.3.1. ENQUADRAMENTO

Na realização de qualquer projeto é fundamental o conhecimento total de todo o conjunto


legislativo, regulamentar e normativo, que se aplica às instalações a projetar.

Este corpo legal está em constante evolução e atualização, por um lado, devido à
permanente evolução tecnológica de materiais e equipamento, mas, por outro lado, devido
às cada vez maiores exigências impostas às instalações, em termos de segurança de pessoas
e bens, flexibilidade, fiabilidade, funcionalidade, conforto e eficiência.

2.3.2. FASES DE REALIZAÇÃO E TIPOS DE PROJETOS DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Um projeto deve ser sempre considerado um elemento onde é estabelecida a melhor


relação técnica, económica e de segurança para a instalação indo assim ao encontro das
necessidades e expectativas do cliente. A sua realização requer, além do conhecimento
técnico de todos os temas necessários, métodos que serão imprescindíveis tanto na sua
conceção como na elaboração do processo que o constitui.

De um modo geral a realização de um determinado projeto deve seguir sempre um


cronograma, que pode ser adaptado consoante a complexidade e a importância da obra.

A Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de julho, embora pertencendo ao corpo legislativo de


Portugal, traduz de uma forma clara, e aplicável em qualquer país, os procedimentos e
normas a adotar na elaboração e faseamento de projetos.

21
Assim, um projeto deve desenvolver-se de acordo com as fases a seguir indicadas,
podendo, algumas delas, ser dispensadas de apresentação formal, por especificação do
caderno de encargos ou acordo entre o Dono da Obra e o Projetista:

− Programa preliminar;

− Programa base;

− Estudo prévio;

− Projeto Base ou projeto de licenciamento;

− Projeto de execução.

2.3.2.1. PROGRAMA PRELIMINAR

Esta é a primeira etapa na realização de um projeto e tem como objetivo reunir um


conjunto de informações reunidas pelo dono de obra que futuramente irão ser entregues ao
projetista. Estas informações centram-se essencialmente em factos para se obter as
respostas aos seguintes pontos:

− Objetivos da obra;

− Caraterísticas gerais da obra;

− Dados sobre a localização da obra;

− Elementos topográficos, cartográficos e geotécnicos, levantamento das construções


existentes e das redes de infraestruturas locais, coberto vegetal, caraterísticas
ambientais e outros eventualmente disponíveis, a escalas convenientes;

− Dados básicos relativos às exigências de comportamento, funcionamento,


exploração e conservação da obra, tendo em atenção as regulamentações existentes;

− Estimativa de custos e respetivo limite dos desvios;

− Indicação geral dos prazos para a elaboração do projeto e execução da obra.

22
2.3.2.2. PROGRAMA BASE

Depois de reunida toda a informação referida no parágrafo anterior é elaborado um


documento, pelo projetista, onde será apresentado de forma clara e sucinta ao dono de obra
todas as soluções propostas pelo projetista. Este documento deve incluir:

− Esquema de obra e programação das diversas tarefas a realizar;

− Definição dos critérios gerais de dimensionamento das diferentes partes que


constituem a obra;

− Peças escritas e desenhadas, e outros elementos informativos que sejam necessários


para o perfeito esclarecimento do programa Base;

− Estimativa geral do custo de obra.

2.3.2.3. ESTUDO PRÉVIO

Em fase posterior à aprovação do dono de obra ao Programa Base é altura de desenvolver


todas as soluções nele apresentado.

De modo a que seja possível o dono de obra compreender facilmente todas as soluções
propostas pelo projetista e os elementos que constam no programa base, este deve incluir:

− Memória descritiva e justificativa;

− Elementos gráficos elucidativos sob a forma de plantas, alçados, cortes, esquemas


de princípio e outros elementos das soluções propostas;

− Dimensionamento aproximado e caraterísticas principais dos elementos


fundamentais da obra;

− Estimativa do custo e o seu prazo de execução.

23
2.3.2.4. PROJETO PARA LICENCIAMENTO

Concluída a etapa anterior, o estudo prévio, e sendo aprovado pelo dono de obra, entra-se
na fase de projeto para licenciamento. Será nesta fase que se desenvolvem todas as
soluções previamente descritas. É também nesta fase que é submetido o projeto aos
diferentes organismos.

Esta fase deve conter os seguintes elementos:

− Memórias descritivas e justificativas;

− Avaliação das quantidades de trabalho a realizar por grandes itens e respetivos


mapas;

− Estimativa de custo atualizada;

− Peças desenhadas e outros elementos gráficos necessários;

− Os elementos de estudo que serviram de base às opções tomadas;

− Programa geral dos trabalhos.

24
2.3.2.5. PROJETO DE EXECUÇÃO

Esta última etapa irá desenvolver o projeto de licenciamento e é constituído por um


conjunto de informações escritas e desenhas, obedecendo ao disposto na legislação
aplicável. Este deve incluir as seguintes peças:

− Memória descritiva e justificativa;

− Cálculos relativos às diferentes partes da obra apresentados de modo a justificarem


as soluções adotadas;

− Medições e mapas de quantidades de trabalho;

− Orçamento baseado nas quantidades e qualidades de trabalho constantes das


medições;

− Peças desenhadas de acordo com o estabelecido para cada tipo de obra na


regulamentação aplicável;

− Condições técnicas do caderno de encargos.

2.3.3. CLASSIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM MOÇAMBIQUE

A classificação das instalações elétricas que tem como principal função agrupar as variadas
instalações elétricas em função das suas caraterísticas e de acordo com a sua alimentação,
definindo assim a regulamentação que se deve ter em conta aquando da elaboração dos
projetos, e na execução das instalações o processo e as entidades que intervém no mesmo,
pois os processos burocráticos são específicos de cada tipologia é realizada em
Moçambique tendo por base o definido no Regulamento de Licenças para Instalações
Elétricas, aprovado pelo Decreto n.º 10/2020, de 23 de março.

Diferente do que é realizado em Portugal, em Moçambique, as instalações elétricas estão


classificadas em 10 categorias de acordo com a descrição seguidamente realizada:

25
− 1ª categoria – Instalações elétricas de interesse público geral. Estão englobadas
nesta categoria as instalações de caminhos de ferro, as instalações de produção de
energia elétrica com base em combustíveis fosseis, biomassa e/ou quaisquer outras
fontes renováveis;

− 2ª categoria – Instalações elétricas de interesse público sob alçada de entidades


publicas locais e destinadas a serviços contidos na própria região como a
iluminação pública;

− 3ª categoria – Instalações elétricas alimentadas por energia própria;

− 4ª categoria – Instalações elétricas de carater permanente alimentadas por redes


elétricas já existentes de baixa ou alta tensão;

− 5ª categoria – Instalações elétricas de carater permanente alimentadas por fontes de


energia própria;

− 6ª categoria – Instalações elétricas de carater permanente, alimentadas por uma de


baixa tensão já existente, estabelecidas com fins lucrativos como recintos
destinados a espetáculos públicos, teatros, cinemas, praças de touros, circos,
estádios, casinos, clubes, casas de jogo e outros locais semelhantes e, ainda, em
depósitos de matérias explosivas ou inflamáveis e vedações eletrificadas:

− 7.ª categoria – Instalações elétricas de carácter permanente, alimentadas por uma


rede de distribuição já existente em baixa tensão e não estejam compreendidas em
qualquer das categorias anteriores;

− 8ª categoria – Instalações elétricas de carácter permanente e, alimentadas por uma


rede de distribuição já existente em baixa tensão ou por sistemas isolados, tais
como as estabelecidas em habitações particulares e respetivas dependências, bem
como instalações em que não se praticam atos de comércio, sociedade recreativas
ou desportivas e outros locais semelhantes e ainda as estabelecidas nas fábricas ou
telhados dos edifícios para reclames luminosos;

− 9ª categoria – Instalações elétricas de carater provisório e duração não superior a 3


meses normalmente definidas como obras ou intervenções na via pública;

26
− 10ª categoria – Instalações elétricas de carater provisório de curta duração como é o
caso de espetáculos cénicos e outros semelhantes.

2.3.4. ALIMENTAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

As instalações elétricas são, em regra, alimentadas pela rede pública de distribuição de


energia elétrica, em que o nível de tensão depende da potência requisitada para as mesmas,
dependendo das suas características, do fim a que se destinam e dos requisitos
regulamentares aplicáveis às mesmas, poderão ainda ser dotadas de uma alimentação de
socorro e de um alimentação de segurança.

Nos parágrafos seguintes serão caraterizadas as referidas soluções de alimentação das


instalações elétricas.

2.3.4.1. ALIMENTAÇÃO NORMAL

A alimentação normal é a rede responsável por fornecer energia elétrica em regime normal
de funcionamento, e normalmente será disponibilizada por parte do distribuidor público.
Pode acontecer que existam instalações de utilização isoladas e muito distantes das
infraestruturas de distribuição existente que necessitem de uma rede isolada com produção
própria.

A alimentação normal através da rede pública pode ser realizada em diferentes níveis de
tensão consoante as caraterísticas de cada alimentação. Esta escolha é bastante importante
pois terá um impacto significativo na qualidade de serviço, nos custos da energia e nos
custos iniciais e de exploração da instalação.

27
A ligação à rede pública pode ser realizada em qualquer nível de tensão, em conformidade
com o descrito na

Tabela 1.

Tabela 1: Níveis de tensão da rede pública [5]

Designação Tensão (kV)

Baixa Tensão (BT) Uc ≤ 1kV

Média Tensão (MT) 1kV < Uc ≤ 45kV

Alta Tensão (AT) 45kV < Uc ≤ 110kV

Muito Alta Tensão (MAT) Uc > 110kV

Em instalações de potência elevada, com previsão de evolução em termos de potência


contratada e necessidade de uma qualidade de serviço elevada, é aconselhável a
alimentação ser realizada em MT, AT ou MAT.

A alimentação, em MT, AT e MAT, é vantajosa no sentido em que existe mais


disponibilidade de potência, o serviço é de melhor qualidade e as tarifas aplicadas também
são mais interessantes, no entanto existem também algumas desvantagens inerentes tais
como:

− O projeto sofre um custo adicional relativamente à construção e exploração;

− Detenção da responsabilidade civil pela exploração das instalações

2.3.4.2. ALIMENTAÇÃO DE SEGURANÇA (EMERGÊNCIA)

Esta alimentação trata-se da energia fornecida de modo a manter em funcionamento os


equipamentos essenciais à segurança das pessoas, como quando requisitado em
necessidade de evacuação. Esta inclui a fonte e os circuitos até às cargas terminais.

28
Por vezes em edifícios de grande altura, em estabelecimentos de recebendo público e em
certos estabelecimentos industriais é obrigatória, conforme o estabelecido nos
regulamentos aplicáveis, a existência de uma alimentação de segurança.

A alimentação aqui mencionada pode ser obtida através de grupos geradores ou de


unidades de alimentação elétrica ininterrupta (UPS’s).

2.3.4.3. ALIMENTAÇÃO DE SOCORRO (RESERVA)

Existem circuitos onde se pretende evitar a interrupção da alimentação pois as cargas que
estes alimentam são importantes para a normal exploração da instalação sendo isto
frequente em processos industriais de laboração continua ou instalações de tratamento de
informação.

Para os circuitos que se enquadrem no parágrafo anterior é possível dimensionar uma rede
que irá manter em funcionamento a instalação, ou parte desta, por razões que não sejam a
segurança das pessoas em caso de falha da alimentação normal.

À semelhança da alimentação de segurança os meios para garantir esta alimentação são os


grupos geradores e as unidades de alimentação elétrica ininterrupta (UPS’s).

2.3.4.4. GRUPOS ELETROGÉNEOS

2.3.4.4.1. ENQUADRAMENTO

Um grupo gerador pode ser definido como o conjunto de equipamentos tais como a
caldeira, a turbina, o gerador, o transformador e um motor de combustão, que quando
alimentado com combustíveis fósseis que irá acionar o gerador que será responsável por
produzir energia elétrica.

Os grupos eletrogéneos são vulgarmente utilizados como segunda ou terceira rede nos
sistemas elétricos de energia mais desenvolvidos, mas nos países em que o mercado
elétrico ainda não está tão explorado por vezes é usado como rede principal. Isto pode
acontecer devido a diversos fatores tais como a inexistência de rede elétrica nos locais da
instalação, a fraca qualidade de serviço, entre outros, sendo esta uma opção do explorador
da instalação.

29
Esta solução pode tomar diversas configurações tais como fontes de socorro, geralmente
apresentados com canópias, quando para utilização exterior, representado na Figura 5, ou
como fonte de alimentação primária, com um ar bem mais robusto devido às exigências
inerentes.

Figura 5: Grupo gerador canopiado [6]

2.3.4.4.2. TIPOS DE SISTEMA

Conforme já referido a instalação de um grupo gerador pode ser idealizada para diversos
fins de acordo com as características da instalação e a rede de distribuição de energia a
montante. Estes fins podem ser classificados de acordo com os tipos de sistemas adotados,
sejam eles em “Alimentação Normal”, “Alimentação de segurança” ou em “Alimentação
de socorro” conforme já descrito.

2.3.4.4.3. REGIMES DE FUNCIONAMENTO

Os geradores podem ser classificados de acordo com o seu regime de funcionamento


estabelecido na norma ISO 8528 – 1 sendo que esta classificação ocorre através da
potência em que a sua base é o tempo de funcionamento e a percentagem de sobrecarga.

Os regimes de funcionamento podem ser os seguintes:

− Potência de emergência;

− Energia Principal;

− Energia continua.

30
Estas características podem ser encontradas na chapa de caraterísticas de um grupo onde é
possível visualizar a capacidade máxima de funcionamento de cada equipamento. Esta
informação, representada na Figura 6 permite perceber qual a potência disponível quando o
equipamento é usado no modo de funcionamento “Continuos”. A chapa permite também
consultar de forma rápida outras informações/caraterísticas de igual importância.

Figura 6: Chapa de caraterísticas de um grupo gerador [7]

- Emergency Stand By Power (ESP)

Este modo de funcionamento, é definido como a potência de emergência em que


geralmente são instalados por obrigação legal e a sua função passa por fornecer energia
elétrica durante curtos períodos de tempo. Este cenário pode acontecer devido a falhas na
rede elétrica em que existem equipamentos que não podem de forma alguma falhar, como
é o caso de sistemas de tratamento de informação e/ou equipamentos de suporte básico de
vida.

Quando estamos perante estas instalações geralmente existem regulamentos normativos


que determinam quais os requisitos mínimos que estes devem cumprir por forma a não
falhar em momentos críticos.

31
Esta solução pode também ser utilizada em instalações em que a interrupção de energia
elétrica tenha impactos técnicos e/ou económicos irrecuperáveis e aí os grupos geradores
são usados como redes de “backup” evitando assim que as máquinas, se for caso disso,
parem o processo de produção.

Esta classificação não tem associada a si qualquer capacidade de funcionamento em


sobrecarga, conforme informação gráfica disponível na Figura 7. Esta classificação é
apenas válida em instalações com alimentação proveniente da rede pública e que
representam um fator médio de consumo de 80% da carga consumida até 500 horas por
ano ou então um fator médio de consumo de 100% num período de 25 horas anuais em
relação à energia em “stand-by”. [8] Esta classificação deverá também ser apenas usada em
instalações em que os grupos geradores funcionam como reservas da rede normal não
sendo permitido o seu funcionamento em paralelo com a rede principal.

Na Figura 7 é possível visualizar o cálculo da energia “stand-by”.

Figura 7: Funcionamento em Emergency Stand By Power (ESP) [8]

32
- Prime Power (PRP)

Os sistemas usados classificados como energia prime podem ser utilizados em duas
configurações distintas:

− Fonte principal de energia – A energia da rede elétrica é substituída pelos grupos


geradores, tendo no mínimo dois equipamentos em que um deles irá funcionar
continuamente com carga variável e o outro deve estar disponível para entrar ao
serviço no caso de falha pontual de energia, ou episódios de manutenção. Em
situações particulares pode ser também estudado o fornecimento alternado de
grupos geradores;

− Durante picos de consumos – Esta solução é usada para suprimir picos de


consumos e deste modo reduzir os encargos financeiros. Esta solução requer um
controlador que irá ativar o gerador assim que a rede, cargas ligadas, o exija.

Dentro desta categoria podemos ver dois tipos de funcionamento. Funcionamento com
energia por tempo ilimitado em que, de acordo com a Figura 8, é exigido que o grupo
esteja disponível num número ilimitado de horas para aplicações com carga variável. Nesta
situação, de carga variável, o fator de carga médio não deve exceder os 70% da sua
classificação de “Energy prime”.

Relativamente a sobrecargas esta é aceite até 10% para um valor máximo de 1 hora por
cada 12 horas de operação nunca excedendo o valor total de 25 horas anuais. Se porventura
for necessário fazer o paralelo com a rede pública esta circunstância já ocorre com
limitações temporais.

33
A Figura 8 representa o funcionamento por tempo ilimitado.

Figura 8: Funcionamento em Prime Power (PRP) [8]

Outro dos tipos de funcionamento, ilustrado na Figura 9, é o funcionamento com tempo


limitado em que este garante que o gerador esteja disponível por um tempo limitado em
aplicações com carga constante tal como o que pode acontecer em cortes de energia,
redução da carga ou outras situações em que seja necessário o paralelo com a rede pública.

Neste caso em específico os grupos podem operar em simultâneo com a rede até um
máximo de 750 horas por ano. [8] Existe a salvaguarda de que se o motor for utilizado
constantemente para alimentar grandes cargas este valor deverá diminuir.

34
A Figura 9 ilustra o regime de funcionamento por tempo limitado.

Figura 9: Funcionamento por tempo limitado [8]

35
- Continuous power operating (COP)

Conforme o nome indica, a operação em energia continua, este sistema utiliza toda a
energia disponível no gerador e é geralmente escolhida em situações em que necessitamos
da energia para alimentar 100% de uma determinada carga durante um período
indeterminado de tempo, conforme é possível ver na Figura 10.

Figura 10: Funcionamento em regime continuo [8]

2.3.4.4.4. INSTALAÇÃO

Um grupo eletrogéneo pode ser instalado tanto no espaço interior como num espaço
exterior o que esta definição durante a fase de projeto acarreta consequências de forma
direta.

A decisão do local de instalação irá acarretar custos durante todo o período de exploração
do equipamento sendo que este fator é um conjunto de decisões relativamente à localização
do grupo, à localização do tanque de combustível e à disposição de condutas de extração
de gases.

36
Existem alguns fatores a ter em conta tais como:

− O local de instalação do grupo;

− O local da instalação do quadro de distribuição;

− Segurança das instalações;

− Medidas contra o derramamento acidental de combustível;

− Facilidade de acesso para manutenção e inspeções.

A opção de o local de instalação ser interior ou exterior necessita de diferentes cuidados


tais como o especificado na Tabela 2.

Tabela 2: Fatores a ponderar entre instalação em local externo e local interno

Local Externo Local Interno

Emissão de ruídos – necessidade de usar Espaço com resistência ao fogo de 2 horas, no


barreiras de som; mínimo;

Canópia exterior para proteção do Área de trabalho – tem de existir pelo menos 1 metro
equipamento; livre para a livre circulação de pessoas

Temperatura ambiente baixa pode dificultar o Sistema de arrefecimento – pode ser através de
arranque; radiador ou ventiladores

Locais com temperaturas muito baixas podem Escape do motor – deverá ser instalada o mais alto
tornar o combustível mais viscoso; possível;

Cercas de segurança; Fácil acesso;

Cuidados extras nas lajes devido às vibrações do


Distanciamento de instalações vizinhas.
sistema.

37
2.3.4.4.5. CONSTITUIÇÃO

Um grupo gerador é fundamentalmente por dois subsistemas básicos. O primeiro sistema é


onde está o gerador (junção do motor com o alternador) e o segundo sistema é constituído
pelo comutador de transferência de carga.

A Figura 11 mostra de forma sucinta todos os equipamentos que fazem parte de um grupo
gerador.

Figura 11: Principais elementos constituintes de um do grupo gerador [9]

38
- Motor de combustão

O motor de combustão é o responsável por converter a energia proveniente de


combustíveis fósseis em energia mecânica através das suas principais partes móveis. Isto
acontece assim que se mistura o ar com o combustível e é criada uma explosão interna,
denominada de combustão, que por sua vez dá origem a uma pressão responsável por
mover os cilindros. Este princípio está graficamente explicado na Figura 12.

Figura 12: Constituição do motor de combustão [10]

Nos geradores a solução mais usual é o motor a quatro tempos e esta definição deriva das
etapas que ocorrem no ciclo de combustão sendo estas:

− 1ª etapa – Admissão de ar e combustível;

− 2ª etapa – Compressão da mistura;

− 3ª etapa – Explosão;

− 4ª etapa – Escape.

- Alternador

O alternador é o principal responsável por fornecer energia elétrica através do


fornecimento de energia mecânica proveniente do motor. Esta transformação acontece
através da Lei de Lenz enunciada da seguinte forma: “O sentido da corrente elétrica
induzida gera um campo magnético oposto ao que lhe deu origem”. [11]

39
Os alternadores são considerados máquinas síncronas, sendo isto definido como tendo a
rotação diretamente relacionada com o número de polos e a frequência. Este equipamento
pode funcionar de forma reversível, quer isto dizer que se estiver acoplado a um motor
assim que receber energia mecânica vai produzir energia elétrica, mas se receber energia
elétrica pode produzir também energia mecânica, mantendo o mesmo rendimento nos dois
processos.

Este equipamento é constituído por partes mecânicas e elétricas. Relativamente à parte


mecânica esta tem duas partes, uma fixa que é constituída por toda a estrutura não movel,
como a carcaça e os pés de fixação, denominada por estator e uma parte móvel usualmente
denominada por rotor, representado na Figura 13.

Figura 13: Constituição de alternador [12]

Em relação à parte elétrica esta máquina é constituída por dois componentes, uma primeira
parte constituída pelos polos, local este onde é criado o campo magnético e uma segunda
parte denominada por induzido que é onde aparece a força eletromotriz.

- Componentes de controlo

Estes grupos eletrogéneos funcionam de forma automática, mas para isso requerem
automatismos que o permitam ligar e desligar de forma independente e corrigir o valor da
tensão e/ou frequência.

40
Existem vários fatores críticos tais como a pressão do óleo, a temperatura da água, entre
outros, que necessitam de ser monitorizados constantemente pois uma deficiência nestes
sistemas pode resultar na indisponibilidade dos grupos no momento em que a rede que este
alimenta necessite. De modo a prevenir estas falhas são instalados diversos equipamentos
de controlo para monotorização do equipamento, consoante os requisitos impostos pelo
cliente. As opções disponíveis são:

− Sensor de pressão do óleo – Responsável por verificar a pressão do óleo sendo que
sempre que esta baixar de um valor pré-estabelecido deverá desligar o grupo.

− Termostato para a água de refrigeração – Responsável por analisar a


temperatura da água sendo que se esta subir acima de determinados valores deverá
desligar o equipamento;

− Sensor de velocidade – Responsável por não deixar o equipamento ultrapassar


20% [13], valor usual, da sua rotação nominal, protegendo assim o equipamento.

− Sensor do nível do líquido de refrigeração – Aciona um alarme de indicação que


é necessário à reposição do sistema de refrigeração;

− Relé taquimétrico – Equipamento é usado com a finalidade de desligar o moto


quando os motores ultrapassam as quinhentas (500) rotações por minuto (RPM),
[13] valor geralmente pré-estabelecido;

− Sensor de rutura de correia – Serve para evitar que em caso de rutura da correia,
esta desligue a bomba de água, evitando assim que a temperatura do grupo atinga
valores indesejáveis;

− Sensor de frequência – Responsável por monitorizar a frequência do gerador e da


rede permitindo o sincronismo;

− Painel de instrumentos – Painel utilizado para acompanhar a performance do


motor recorrendo à visualização de vários parâmetros configuráveis.

− Quadro de comando – local onde estão instalados todos os componentes


relacionados com o equipamento.

41
2.3.5. SUBESTAÇÕES

2.3.5.1. ENQUADRAMENTO

Uma Subestação (SE) é uma instalação de alta tensão destinada a algum ou alguns dos fins
seguintes:

− Transformação da corrente elétrica por um ou mais transformadores estáticos,


quando o secundário de um ou mais desses transformadores se destine a alimentar
postos de transformação ou outras subestações;

− Transformação da corrente por retificadores, onduladores, conversores ou máquinas


conjugadas;

− Compensação do fator de potência por compensadores síncronos ou condensadores.

As subestações são instalações extremamente importantes no Sistema Elétrico de Energia


(SEE), uma vez que podem ser aplicadas às diversas vertentes. Na produção são utilizadas
subestações elevadoras para estabelecer a ligação entre os equipamentos geradores e as
linhas de alta tensão (AT). Na rede de transporte são caraterizadas como subestações
abaixadoras de interligação uma vez que interligam as linhas de alta tensão e/ou as de
média tensão, diretamente se tiverem o mesmo nível de tensão ou através de
transformadores. Na rede de distribuição são também utilizadas SE abaixadoras de
distribuição que estabelecem a ligação entre a rede de AT e as linhas de distribuição de MT
que irão alimentas os postos de transformação.

2.3.5.2. NÍVEIS DE TENSÃO

Por requisitos de ordem técnica e motivos de ordem económica e de segurança, os sistemas


elétricos de energia dispõem, no transporte e distribuição, de redes com vários níveis de
tensão.

A norma EN 60038 define os valores de tensão para redes de transporte, distribuição e


utilização, em corrente alternada, 50 Hz, tensão nominal superior a 100 V e equipamentos
a elas ligados, conforme o indicado na Tabela 3.

42
Tabela 3: Níveis de tensão normalizados [14]

Tensão (V)
Nominal Mais elevada Designação (EN 60038)
230 para
- o
230/400 equipamento
-
Baixa Tensão
400/690 -
1000 -
Tensão (kV)
3,3 3 3,6
6,6 6 7,2
11 10 12
- (15) (17,5) Média Tensão
22 20 24
33 30 36
- 35 40,5
(45) - (52)
66 69 72,5
90 - 100
110 115 123
132 138 145
(150) (154) (170)
220 230 245
Alta Tensão e Muito Alta Tensão
- (300)
- 362
- 420
- 550
- 800
- 1 100
- 1 200

43
Em Portugal os níveis de tensão mais utilizados são:

- Transporte

No transporte são utilizadas linhas de muito alta tensão, sendo os níveis de tensão mais
utilizados em Portugal: 150, 220 e 400 kV;

- Distribuição em alta tensão

Na distribuição em alta tensão o nível de tensão utilizado em Portugal é: 60 kV;

- Distribuição em média tensão

Na distribuição em média tensão os níveis de tensão mais utilizados em Portugal: 10, 15 e


30 kV;

O nível de tensão nominal de 6 kV existe pontualmente em redes de distribuição urbanas


muito antigas, estando progressivamente a ser substituído pelos níveis de tensão acima
referidos

- Distribuição em baixa tensão

Na distribuição em baixa tensão o nível de tensão utilizado em Portugal é: 400 V (230/400


V).

O Reino Unido já adotou a tensão nominal 230/400 V, no sentido da harmonização


europeia, substituindo o antigo valor de 240/415 V.

Em Moçambique os níveis de tensão mais utilizados são:

- Transporte

No transporte são utilizadas linhas de muito alta tensão, sendo os níveis de tensão mais
utilizados em Moçambique: 66, 110, 220, 275 e 400 kV.

- Distribuição em média tensão

Na rede de distribuição os níveis de tensão mais utilizados em Moçambique são: 11 e 33


kV.

44
- Distribuição em baixa tensão

Na distribuição em baixa tensão o nível de tensão utilizado em Moçambique é: 400 V


(230/400 V).

2.3.5.3. TIPOS DE SUBESTAÇÕES

Quanto ao tipo as subestações podem ser classificadas como:

− Exterior – instalação que tem todo o equipamento localizado no exterior do edifício


de comando;

− Interior – instalação que tem todo o equipamento instalado no interior de edifícios


sendo que estas podem ser:

o Blindada convencional – painéis separados por muros que não permitem o


acesso;

o Blindada compacta – Todo o equipamento, barramento e equipamento de


manobra está isolado a SF6.

− Movel – equipamento montado numa estrutura portátil com o intuito de fazer face a
uma urgência. Deverá ser usado como equipamento provisório.

As subestações de média tensão estas são geralmente instaladas no interior. Por vezes há
situações em que o espaço é bastante confinado ou com condições atmosféricas bastante
agressivas e por isso opta-se por soluções mais compactas tais como equipamentos com
invólucro metálico e com o gás isolante a SF6, obedecendo assim ao que está indicado na
norma IEC 62271-203 [15].

45
As principais vantagens destas subestações de interior são vastas, tais como:

− Maior facilidade na manutenção;

− Menor custo na manutenção preventiva e de rotina;

− Dimensões mais reduzidas (entre 10% a 25%);

− Menor poluição (não usa óleo).

Esta tecnologia, “Gas Insulated Substations (GIS)” requer alguns cuidados principalmente
nas caixas de fim de cabo (estas devem sempre obedecer ao normativo IEC 62271-209
sendo que quando utilizarem óleo ou gás como o material isolante devem sempre dispor de
um sistema de selagem para evitar que este material em contacto com o gás de isolamento,
GIS.

Existe também uma outra tecnologia: as subestações híbridas que geralmente são
implementadas quando o espaço exterior é reduzido e os equipamentos de MAT/AT
(transformadores, seccionadores de linha, seccionadores de terra e disjuntores) são todos
instalados num invólucro metálico, e este por sua vez é isolado a SF6. No entanto a ligação
entre diversos equipamentos enclausurados acontece por meio aéreo com os barramentos
isolados, da mesma forma que acontece nas subestações “Air Insulated Substation – AIS”.

Esta última solução tem diversas vantagens tais como:

− Redução de espaço;

− Redução de investimento de construção civil;

− Redução do tempo de montagem em obra.

46
Existem também ocasiões em que a subestação tem de ser enterrada, esta solução é
predominante nos grandes centros urbanos pois o espaço exterior para a instalação é
bastante reduzido. Tendo em conta a localização onde normalmente estas subestações se
encontram, necessitam de cuidados especiais tais como:

− O equipamento tem de ser resistente ao fogo e não poluente;

− Tem de ser instalado um sistema de Aquecimento, ventilação e Ar Condicionado


(AVAC);

− Tem de ser instalado um sistema de Sistema Automático de Deteção de Incêndios


(SADI).

2.3.5.4. CONSTITUIÇÃO DAS SUBESTAÇÕES

As subestações são constituídas por:

− Circuitos principais (potência) – circuitos geralmente colocados no exterior,


constituindo o denominado “parque de linhas” reunindo-se nesse local a
aparelhagem e as ligações necessárias para assegurar a interligação das diferentes
linhas segundo um determinado esquema;

− Circuitos secundários – circuitos destinados a assegurar o controlo e o bom


funcionamento dos circuitos principais.

− Barramento - Sistema de barras coletoras e repartidoras que assegura a conjugação


das diversas chegadas de energia e das várias linhas de saída pelas quais a energia é
veiculada para outras instalações.

47
- Circuitos principais

Nas subestações existe normalmente sempre o mesmo tipo de equipamento composto por
equipamentos de proteção (disjuntores), isolamento (seccionadores), medida
(transformadores de corrente e/ou tensão) e descarregadores de sobre tensões. Os painéis
normalmente são os seguintes:

− Painel de linha – assegura a ligação entre o secundário do transformador de


potência (TP) e o barramento de média, alta ou muito alta tensão;

− Painel de transformador - assegura a ligação entre o secundário do TP e o


barramento MT, AT ou MAT;

− Painel de inter-barras - assegura a ligação de dois barramentos entre si;

− Painel da bateria de condensadores - assegura a ligação entre o barramento MT e a


bateria de condensadores;

− Painel reactância de neutro e transformador de serviços auxiliares (TSA) -


Assegura a ligação entre o barramento MT e o TSA e a reactância de neutro;

− Painel de potencial de barras - Assegura a ligação entre o barramento MT e os TP


do barramento.

A disposição deste equipamento deverá sempre depender da configuração da SE e do tipo


de barramento instalado.

48
Os painéis previamente descritos são equipados com os seguintes equipamentos de média
tensão:

− Interruptores;

− Disjuntores;

− Seccionadores de linha;

− Seccionadores de terra;

− Transformadores de medida;

− Contactores;

− Detetores capacitivos.

Os interruptores são sempre considerados equipamentos de corte e de manobra que tem


capacidade para retirar ou colocar o painel em serviço. É este equipamento que tem
capacidade de extinguir o arco elétrico numa câmara construída para o efeito com
isolamento a ar ou a SF6. Este equipamento pode ser manobrado de forma manual ou de
forma motorizada. Este equipamento tem intensidades de corrente estipuladas entre os
200A, 400A, 630 A.

No caso dos interruptores associados a fusíveis, para fazer a função de proteção, estes são
responsáveis por fazer a proteção dos cabos dos transformadores (com potência até 630
kVA) recorrendo a bobines de disparo que quando acionadas devem permitir a atuação da
proteção intrínseca do transformador.

49
Os fusíveis devem ser equipados com um percutor, representado na Figura 14, sendo que
quando este é percorrido por um defeito o percutor é acionado e irá ser o responsável direto
por provocar a abertura do interruptor.

Figura 14: Fusíveis de média tensão [16]

50
O dimensionamento dos calibres de fusíveis deve ocorrer de acordo com os valores
normativos presentes nas normas IEC que podem ser observadas na Tabela 4.

Tabela 4: Dimensionamento de fusíveis [15]

Tensão de serviço (kV)


Potência nominal do
Posto de transformação 6 – 7.2 10 - 12 15 – 17.5 20 – 24 30 – 36
(kVA)
Intensidade estipulada dos fusíveis (A)

50 10 – 16 10 6.3 - 10 6.3 4 – 6.3

100 16 – 31.5 16 – 25 16 10 6.3 – 10

125 20 – 40 16 – 31.5 20 10 – 16 6.3 – 10

160 31.5 – 50 20 – 31.5 20 – 25 16 – 20 10 – 16

200 31.5 – 63 25 – 40 20 – 3.15 16 – 20 10 – 16

250 40 – 80 25 – 40 31.5 16 – 25 10 – 20

500 80 – 125 50 – 80 40 – 80 25 – 50 20 – 31.5

630 100 - 160 63 – 100 63 – 100 31.5– 63 20 – 40

800 125 –160 80 – 125 63 – 100 40 – 63 25 – 50

1000 160 – 200 100 - 160 100 50 - 80 31.5 – 50

1250 250 160 125 80 50

51
Em relação aos disjuntores de média tensão, ilustrado na Figura 15, estes diferem em
alguns aspetos, no entanto a função é igual aos disjuntores de alta tensão. O corte elétrico
neste aparelho é realizado por SF6 ou então em camaras de vácuo, sendo que estes últimos
têm aumentado a sua quota de mercado devido a questões ambientais. Existe ainda uma
tecnologia mais antiga, que são os disjuntores a óleo em que têm os seus contactos
submersos no óleo e será aí que o arco elétrico será extinto, assim como o isolamento das
partes metálicas.

Figura 15: Disjuntor de média tensão [17]

52
Para os disjuntores de MT, e dependendo da tensão e do fabricante a sua gama de valores é
a seguinte:

− Corrente nominal:

o 400 A;

o 630 A;

o 800 A;

o 1250 A.

− Poder de corte:

o 12,5 kA;

o 16 kA;

o 20 kA;

o 25 kA.

Quando se fala em seccionadores de média tensão estes permitem apenas manobras sem
carga, sendo que não têm poder de corte e suas intensidades estipuladas estão
compreendidas entre os 400 A, 630 A e os 1250 A.

53
- Circuitos secundários

Os circuitos secundários permitem efetuar as manobras e/ou modificar o comportamento


da aparelhagem sobre a estrutura da rede de acordo com as perturbações surgidas ou com
as condições de exploração da rede. Para isso conta com os seguintes equipamentos:

− Comandos e sinalizações da posição da aparelhagem - equipamento próprio para


assegurar a qualidade e a segurança da exploração;

− Equipamento de controlo - equipamento que permite a operação, controlo e


comando das instalações;

− Aparelhagem de medida e contagem - equipamento destinado a fornecer


permanentemente informações acerca das grandezas características, da rede em
causa;

− Aparelhagem de proteção - equipamento que se destina a garantir a proteção dos


diversos componentes das instalações;

− Sistema auxiliar de corrente alternada (SACA) – equipamento destinado a


alimentar os órgãos de controlo e manobra que funcionam a CA, por exemplo:

o Iluminação e climatização;

o Regulação em carga dos transformadores;

o Compressores de ar, bombas de óleo e de água;

o Retificadores (carregadores de baterias de CC);

o Conversores estáticos que alimentam impressoras e terminais.

− Sistema auxiliar de corrente continua (SACC) - destina-se à alimentação de todos


os circuitos que necessitam de alimentação de forma ininterrupta. Normalmente
estes circuitos estão destinados a todos os equipamentos dos sistemas de comando e
telecomando, controlo e telecontrolo, proteção e telecomunicação;

54
− Circuitos auxiliares de medida: Têm por função dar indicação das grandezas
elétricas em jogo do circuito principal:

o Correntes;

o Tensões;

o Potências;

o Energia.

- Barramento

O barramento de uma subestação pode tomar diversas configurações tais como:

− Barramento simples;

− Duplo barramento, com ou sem inter-barras;

− Duplo barramento com inter-barras e seccionadores de bypass;

− Disjuntor e meio;

− Triplo barramento.

Alguns dos fatores que levam à escolha do barramento é a simplicidade de exploração, a


facilidade de substituição de qualquer elemento, a características dos transformadores e
número dos mesmos, a importância da instalação dentro da rede em que se integra, as
características das linhas de chegada e/ou saída e número das mesmas, a eliminação de
defeitos, os custos de instalação e de exploração e a possibilidade de ampliação.

Por vezes é possível verificar-se numa mesma instalação (subestação) diversas tipologias
sendo cada uma delas a mais adequada a cada nível de tensão.

55
Em instalações industriais próprias e não pertencentes à rede publica o mais comum é usar
a configuração de “barramento simples”, presente na Figura 16, sendo que nesta situação a
continuidade de serviço nem sempre é um fator decisivo. Por sua vez a configuração
“duplo barramento” é utilizado em instalações onde se pretende que haja garantia de
continuidade de serviço, logo, com a instalação de um painel de inter-barras é possível
garantir o normal funcionamento em caso de avaria de algum equipamento, pois o
barramento que irá ficar em serviço será responsável por continuar a garantir o
fornecimento de energia à restante instalação.

Figura 16: Barramento simples [18]

Com a solução presente na Figura 17, duplo barramento com inter-barras, é possível
efetuar-se a mudança de barramento sem cortes de energia tendo também a vantagem de
que é possível fazer uma melhor distribuição de cargas (painéis) de modo a que o impacto,
em caso de necessidade de intervenção, seja menor. Abaixo podemos ver um esquema
unifilar representativo dessa mesma tipologia.

Figura 17: Duplo barramento com inter-barras [18]

Em instalações que requerem uma maior fiabilidade da rede e uma redução de custos,
principalmente nas manutenções, normalmente usa-se a configuração de “disjuntor e meio”
embora esta configuração necessite de um estudo de proteções consideravelmente mais
complexo.

56
Sempre que é impossível deixar um painel momentaneamente fora de serviço a solução a
adotar passa por usar a solução de “triplo barramento”. Esta solução costuma ser utilizada
nas subestações de muito alta tensão, no entanto só permite colocar um painel em
manutenção de cada vez.

2.3.5.5. NORMALIZAÇÃO

Todo o equipamento de média tensão segue diversas normas tais como:

− IEC 62271-102: 2001 – Seccionadores de corrente alternada e seccionadores de


terra;

− IEC 60953: 1990 – Recomendações para turbinas a vapor – Regras para receção
provisória;

− IEC 60255: 2009 - Aparelhos de medida e de proteção;

− IEC 62271: 2008 – Aparelhos de manobra de controlo de alta tensão;

− IEC 62271: 2011 – Contactores de corrente alternada e contactores de arranque


motor;

− IEC 62271: 2011 – Interruptores para tensões acima de 1kV e até, incluindo, 52kV;

− IEC 60282: 1968 – Fusíveis de alta tensão;

− IEC 60529: 1989 – Índices de proteção mecânica (IP);

− IEC 62262: 2002 – Índices de proteção contra impactos externos (IK);

− IEC 61000: 2020 – Compatibilidade eletromagnética.

57
2.3.6. POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO E SECCIONAMENTO (PTS)

2.3.6.1. ENQUADRAMENTO

Embora seja o termo “Posto de transformação” utilizado mais frequentemente, dependendo


do tipo de instalação esta poderá enquadrar um Posto de Transformação (PT), um Posto de
Seccionamento (PS) ou um Posto de Transformação e Seccionamento.

O PT é uma instalação destinada à transformação de corrente elétrica por intermédio de um


ou mais transformadores estáticos. O PS é uma instalada que tem como finalidade a
operação e o seccionamento das linhas elétricas. O PTS é por sua vez uma instalação que
conjuga as funções de posto de transformação e de posto de seccionamento.

Os postos de transformação estão inseridos nas redes próximos dos centros de cargas. Estes
centros de cargas são caraterizados por diferentes áreas geográficas, com densidade
populacional distinta e com a atividade empresarial, económica e social também distinta.

Pelos motivos acima descritos é justificável a diversidade de soluções para os postos de


transformação que permitam a seleção do equipamento em função das caraterísticas do
local e das instalações que este irá servir.

2.3.6.2. CLASSIFICAÇÃO DE PTS

Os postos de transformação adequados a cada instalação podem ser classificados quanto:

− Ao serviço prestado;

− À função;

− À instalação;

− Ao tipo de alimentação;

− Ao modo de alimentação;

− Ao modo de exploração.

De seguida são apresentados cada um dos aspetos de classificação do posto de


transformação e seccionamento:

58
- Classificação quanto ao serviço prestado

Relativamente ao tipo de serviço prestado os postos de transformação e seccionamento


dividem-se em:

− Postos de transformação publico – Posto de transformação de serviço publico que é


propriedade de um distribuidor vinculado;

− Postos de transformação de cliente – Posto de transformação de serviço particular,


propriedade de um cliente.

- Classificação quanto à função desempenhada

Quanto à função desempenhada por este equipamento é possível distinguir:

− Posto de transformação - instalação destinada à transformação de corrente elétrica


por intermédio de um ou mais transformadores estáticos;

− Posto de transformação e seccionamento - instalação destinada à transformação de


corrente elétrica por intermédio de um ou mais transformadores estáticos e a operar
o seccionamento das linhas elétricas.

59
- Classificação quanto à instalação

No que concerne à instalação os postos de transformação podem ser classificados como:

− De interior – equipamento com construção que seja suficientemente capaz de


proteger contra as intempéries e depósitos excessivo de poeiras, podendo estes ser:

o Em edifício próprio;

▪ Cabine alta;

▪ Cabine baixa;

• Construção em alvenaria no local;

• Construção pré-fabricada.

o Betão;

o Involucro metálico.

▪ Subterrâneos.

o Em edifício para outros usos;

− De exterior – equipamento capaz de ser instalado ao ar livre e que geralmente não


possui proteção contra intempéries e depósitos de poeiras.

o Postos de transformação aéreos.

60
- Classificação quanto ao tipo de alimentação

Quanto ao tipo de alimentação os postos de transformação podem ser alimentados por:

− Linhas aéreas – linha elétrica que é constituída por condutores a uma altura
conveniente do solo;

− Linha subterrânea – linha elétrica constituída por cabos isolados enterrada no solo
ou instalada em galerias, em tuneis ou em caleiras;

− Rede mista – rede que é constituída por linhas aéreas e por linhas subterrâneas.

- Classificação quanto ao modo de alimentação

Relativamente ao modo de alimentação, os postos de transformação serão do tipo:

− Rede aberta - rede constituída a partir de um ponto de alimentação por várias


artérias que se vão ramificando sem se encontrarem em outro ponto comum. Esta
solução tem um baixo índice de fiabilidade e um menor custo;

− Rede fechada – rede que possui mais do que um ponto de alimentação podendo por
isso ser formada por um anel ou por várias malhas;

- Classificação quanto ao modo de exploração

O modo de exploração dos postos de transformação podem ser:

− Manual;

− Automática.

61
- Classificação quanto ao tipo de equipamento de média tensão

No que concerne ao tipo de aparelhagem de média tensão os postos de transformação


podem ser equipados com:

− Aparelhagem de corte ao ar;

− Quadros metálicos pré-fabricados

o Quadros modulares;

o Quadros modulares compactos.

Com os avanços tecnológicos verificou-se que a aparelhagem de corte e proteção


tradicional, solução de instalação e aparelhagem de corte ao ar, terá tendência a ser
progressivamente substituída por soluções de quadros metálicos pré-fabricados equipados
com aparelhagem de corte em hexafluoreto de enxofre (SF6) ou em vácuo.

A utilização dos quadros pré-fabricados metálicos é cada vez mais uma realidade quer nos
postos de transformação públicos como nos postos de transformação privados tendo por
este motivo alterado de forma significativa a conceção dos postos de transformação.

62
2.3.6.3. EQUIPAMENTO

2.3.6.3.1. QUADROS DE MÉDIA TENSÃO

Todos os quadros de média tensão, exemplo representado na Figura 18, são constituídos
por celas modulares com tamanhos normalizados tendo em cada painel normalmente os
seguintes compartimentos.

− Barramento;

− Disjuntor;

− Cabos;

− Compartimento de baixa tensão.

Figura 18: Quadro de média tensão [19]

63
Vulgarmente as celas contém diversos equipamentos como parte constituinte do seu
esqueleto sendo estes:

− Seccionadores e disjuntores;

− Seccionadores de terra;

− Transformadores de medida e proteção;

− Detetores capacitivos.

No caso dos interruptores e dos disjuntores estes dispõem de um circuito de comando que
irá ser sempre responsável pela comutação do seu estado visto que ao contrário do que
acontece nos disjuntores de baixa tensão estes não trabalham de forma autónoma (sem
circuitos de comando).

Os quadros modulares de média tensão também apresentam valores normalizados em


diversos campos tais como tensão, corrente, corrente de curto-circuito e índices de
proteção sendo estes os seguintes:

64
- Tensão estipulada:

− 12kV;

− 17.5kV;

− 24 kV;

− 36 kV;

− 40,5 kV.

- Intensidade estipulada:

− 400 A;

− 630 A;

− 1250 A;

− 2500 A.

- Corrente de curto circuito (3s):

− 12,5 kA;

− 16 kA;

− 20 kA;

− 25 kA.

- Índice de proteção mínimo:

− IP 3X;

65
2.3.6.3.2. TIPOS DE QUADROS DE MÉDIA TENSÃO

- Metal enclosed

Os quadros do tipo “metal enclosed”, ilustrados na Figura 19, são constituídos totalmente
por celas modulares sendo a esta a solução mais económica e normalmente a que é usada
nas soluções comuns. Estes quadros têm por sua vez celas tipo, modelos previamente
desenhados por forma a uniformizar a instalação, tais como:

− Interruptores (função de corte);

− Interruptores com fusíveis (função de corte de proteção);

− Seccionadores e disjuntores fixos (função de corte e proteção).

Figura 19: Quadro de média tensão do tipo "Metal enclosed" [19]

66
- Metal Clad

No que toca à tecnologia “metal clad” estes são semelhantes ao anterior, no entanto têm os
disjuntores extraíveis que reforçam a função de corte e proteção quando se encontram
extraídos, tendo também a vantagem de serem mais práticos na questão da manutenção, e
estão representados na Figura 20.

Figura 20: Quadro de média tensão do tipo "Metal clad" [20]

Esta solução é a mais flexível, mais robusta e mais segura uma vez que é permitido retirar
o disjuntor para fora do painel e toda a sua construção é feita tendo em conta “arcproof”.
Este disjuntor tem três posições:

− Inserido;

− Extraído;

− Teste.

67
- Ring Main Unit – Bloco Rede Anel

Os quadros vulgarmente utilizados e denominados como bloco rede anel (BRA), ilustrados
na Figura 21, são quadros bastante compactos e totalmente isolados a SF6 para tensões até
aos 24 kV e que facilmente pode ser expansível numa fase posterior. A sua utilização é
predominante em postos de transformação (públicos ou privados) que permite fazer uma
otimização no espaço necessário para a sua instalação.

Figura 21: Quadro de média tensão do tipo "Ring Main Unit" [21]

2.3.6.3.3. TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Os transformadores, de uma forma resumida, são usados para diminuir o valor da tensão
entre os dois lados dos terminais deste, geralmente entre o lado da rede de transporte e o
lado da rede de distribuição, mas, o transformador, como máquina reversível também
poderá ser usado para aumentar a tensão, sendo esta função usada frequentemente em
subestações de centrais elétricas que elevam de, normalmente, MT para MAT ou AT.

68
Os transformadores deverão ser classificados quanto ao tipo de dielétrico utilizado
podendo ser do seguinte tipo, e ilustrados na Figura 22:

− Transformadores a óleo com depósito de expansão ou conservador (1);

− Transformadores a óleo hermeticamente selado (2);

− Transformadores secos (3).

(1) (2) (3)

Figura 22: Tipos de transformadores [22]

Todos os transformadores a óleo têm sido descontinuados sendo que apesar de ainda
estarem a ser utilizados em PTS de cliente e privados para potências sempre superiores a 3
MVA estão a ser substituídos e os novos já são transformadores secos uma vez que estes
têm algumas vantagens como o facto de não usar óleo, logo, consequentemente apresentam
um menor risco de incêndio e menor poluição. Mas também têm desvantagens como o
facto, devido ao seu IP 00, de não poder ser instalado no exterior sem uma canópia.

Nos locais com grande afluência de público como centros comerciais, estádios e hospitais é
de boa pratica e comum o uso de transformadores secos, no entanto, o regulamento técnico
de segurança contra incêndios em nada obriga o seu uso ficando a cargo do projetista.

No entanto, e apesar de não ser o modelo mais usado os transformadores hermeticamente


fechados possuem uma cuba em que a principal função é a dissipação de calor durante a
circulação do óleo.

69
Os transformadores têm geralmente os seguintes acessórios:

− Chapa de caraterísticas;

− Comutador de regulação de tensão em vazio;

− Proteções intrínsecas;

− Rodas;

− Terminais de terra.

No caso das proteções intrínsecas estas variam de acordo com o transformador e atuam a
dois níveis, o primeiro apenas um alarme e o segundo a abertura do equipamento de
proteção, sendo estas proteções, no caso de transformadores com conservador, um
analisador de gás. No caso de transformadores herméticos um DGPT2 que analisa a
temperatura e por fim, se forem transformadores secos utilizam sondas PT100 ou PTC.

- Grupos de ligações

Este equipamento, os transformadores, têm no lado primário e no lado secundário três


enrolamentos, um por cada fase perfazendo um total de seis, e estão ligados entre si de
formas diferentes e cada diferente configuração altera o seu funcionamento.

De uma forma genérica o primeiro enrolamento, denominado de primário, deverá ser


considerado o que está do lado da fonte enquanto o enrolamento secundário deverá ser o
responsável pela alimentação da carga. Estas ligações, entre enrolamentos, normalmente
são em estrela (Y:y) ou em triângulo (D:d) em que a letra maiúscula representa o maior
nível de tensão e a letra minúscula o menor nível de tensão. Se necessário, no caso do
neutro estar acessível, pode-se adicionar o N ou n dependendo do nível de tensão.

70
Outra das caraterísticas do transformador é a relação de transformação, representada pela
letra “a” que é relação entre o número de espiras, e não só, pode também ser obtida através
da relação de tensão e da corrente, dos dois enrolamentos tendo em conta que:

− N1 – número de espiras do lado primário;

− N2 - número de espiras do lado secundário.

(1)

O grupo das ligações do transformador em que é definido o desfasamento entre as duas


tensões do lado primário e secundário pode ser observado na Figura 23.

71
Figura 23: Grupo de ligações transformadores [23]

Na rede de distribuição não existem muitas configurações possíveis sendo apenas provável
concretizar duas configurações, a Dyn11 e a Dyn5 em que a última é obrigatória se forem
PTS de serviço público.

- Potência nominal

Relativamente às potências, todas estas estão normalizadas e os transformadores MT/BT


devem seguir uma das seguintes potências: 25, 50, 100, 125, 160, 200, 250, 315, 400, 500,
630, 800, 1000, 1250, 1600, 2000 e 2500 kVA [24];

72
Nas redes de distribuição é invulgar ver transformadores com potências superiores aos
1250 kVA e se atentarmos para o exemplo de Portugal, a potência nunca ultrapassa os 630
kVA. No entanto, por vezes os consumidores obrigam à prática de uma potência superior e
nesses casos geralmente opta-se por uma solução com dois transformadores em paralelo,
ficando assim também salvaguardada a instalação no caso de defeito pois o outro
transformador conseguirá garantir a continuidade de serviço.

- Perdas dos transformadores

Este tipo de máquinas, os transformadores, apresentam dois tipos de perdas:

− Perdas em vazio – perdas magnéticas;

− Perdas no cobre – Perdas por efeito de joule.

E as perdas totais são obtidas pelo somatório das duas variáveis anteriores obtendo-se a
seguinte relação:

(2)

73
As perdas totais são influenciadas por diversos fatores tais como a tensão de serviço e a
potência do mesmo, sendo que é expectável que este valor esteja descrito na chapa de
caraterísticas do fabricante, conforme Figura 24. A EDP, de acordo com a DMA – C52 –
125/N, tem como requisito que todos os PTS de serviço público tenham perdas extras
reduzidas.

Figura 24: Chapa de características de um transformador – Perdas

74
- Tensão de curto circuito

A tensão de curto circuito é definida como a tensão que ao ser aplicada num dos
enrolamentos com o outro terminal em curto-circuito este irá fazer aparecer uma corrente
nominal no primeiro enrolamento. Este valor é apresentado em percentagem e tem que
estar obrigatoriamente representada na chapa de caraterísticas do transformador.

Figura 25: Chapa de características de um transformador - Tensão de curto-circuito

75
- Regulação de tensão

De uma forma geral as redes podem sofrer variações de tensão que são resultantes de
diversos fatores tais como a carga, a produção e a própria configuração da rede e por essa
razão é necessário proceder-se à regulação do nível de tensão de modo a que nos diversos
pontos da rede a tensão esteja definida entre os parâmetros normais. Esta regulação deverá
ser sempre feita com o transformador em vazio.

Esta variação da tensão deverá ser feita no enrolamento primário, lado de maior tensão, e
para esse efeito são usadas tomadas ligadas em vários pontos do enrolamento.
Naturalmente o ponto central corresponde à tensão de valor nominal e os restantes pontos
correspondem a variações, em geral de 2.5%. Este equipamento deverá estar instalado no
exterior do transformador recorrendo a comutadores de tomadas, representado na Figura 26
em que este equipamento apenas pode ser manobrado manualmente e em vazio.

Figura 26: Comutador de tomada [25]

Os transformadores de forma standard têm duas tomadas acima do valor nominal e mais
duas abaixo do valor nominal, expressão essa escrita da seguinte forma:

(3)

Nas redes de distribuição não é usual serem observadas estas configurações, no entanto
deverá ser sempre realizado um primeiro ajuste quer às redes quer aos consumidores finais.

76
- Refrigeração dos transformadores

O calor emitido pelos transformadores necessita de ser evacuado de forma a que este não
entre em sobreaquecimento provocando assim danos. Como tal, foram sendo
desenvolvidos vários processos que deverão ser selecionados tendo em consideração a
potência, a tensão, a carga e ainda as condições onde estes serão instalados. Estes
processos de refrigeração são:

− Arrefecimento a ar;

− Arrefecimento a óleo;

− Arrefecimento híbrido.

O arrefecimento híbrido é geralmente adotado nas subestações MAT/MAT ou MAT/AT de


modo a que em cargas mais elevadas, os ventiladores, posicionados próximos dos
radiadores forcem a circulação de ar enquanto em cargas mais pequenas os radiadores
cumprem a sua função. A ativação, ou não, destes ventiladores é controlada através da
temperatura interna do óleo sendo que quanto maior é a carga maior será a temperatura do
óleo.

Na chapa de caraterísticas dos transformadores é recorrente vermos dois valores para a


potência nominal. Os fabricantes definem um valor de potência para a ventilação natural e
uma outra para a ventilação forçada.

77
A refrigeração dos transformadores pode ser classificada de acordo com vários símbolos de
acordo com a Tabela 5.

Tabela 5: Classificação da refrigeração dos transformadores [15]

Refrigeração:

Óleo mineral O

Ar A

Água W

SF6 G

Isolante sólido S

Circulação:

Natural N

Forçada F

Forçada com distribuição dirigida D

Este símbolo é fulcral para a designação deste equipamento sendo que este pode tomar as
seguintes configurações [26]:

− ONAN – Óleo Natural/Ar Natural – Transformador em banho de óleo com


circulação natural e circulação natural do ar;

− OFAF - Óleo Forçado/Ar Forçado – Transformador em banho de óleo com


circulação forçada e refrigerada a ar com ventilação forçada também;

− OFAN/OFAF – transformadores com circulação forçada de óleo e ventilação


forçada ou natural, variando consoante a carga imposta.

78
Se analisarmos as redes de distribuição os modelos mais frequentes são os ONAN nos
transformadores herméticos e AN nos transformadores a seco.

- Defeitos nos transformadores

Os transformadores são preparados para terem um tempo de vida útil bastante extenso, no
entanto podem sempre serem observados defeitos, ainda que não estejam previstos. Estes
geralmente têm três locais predominantes [27]:

− Núcleo – são considerados os defeitos mais raros;

− Enrolamentos;

− Óleo.

Os defeitos no óleo, nomeadamente o envelhecimento precoce, são usualmente provocadas


por sobreaquecimentos resultantes das variações das cargas e resultam em:

− Formação de gases;

− Degradação do papel de isolamento e consequentemente contaminação do óleo;

− Fugas na cuba do transformador.

Quando se refere a defeitos no núcleo, e salvaguardando que estes são os mais raros, estes
geralmente acontecem por curtos circuitos nas estruturas metálicas que provém de
materiais condutores mal isolados que vão provocando sobreaquecimentos.

Já os defeitos mais comuns são os defeitos que acontecem nos enrolamentos que podem ser
divididos em dois grupos:

− Curto circuitos entre espiras do mesmo enrolamento;

− Curto circuito entre espiras de enrolamentos diferentes.

Estes defeitos são provocados pela degradação do isolamento dos enrolamentos.


Degradação esta que acontece devido a acontecimentos consecutivos de sobrecarga em que
diferem dos valores que estão previamente definidos.

79
A carga do transformador deverá ser sempre avaliada de acordo com a temperatura do óleo
sendo que esta deverá rondar os 65ºC em que o ponto mais quente admissível dos
enrolamentos é 80ºC, à plena carga.

2.3.6.3.4. QUADROS GERAIS DE BAIXA TENSÃO

Os quadros gerais de baixa tensão, QGBT, também são parte integrante dos PTS e sempre
que falamos na utilização destes em postos de transformação serviço público estes deverão
obedecer a regulamentos especificados pela DGEG, denominados como projetos-tipo,
sendo que o seu invólucro para Portugal terá sempre de ser superior a IP45 e IK10 [24].

Se analisarmos os PTS de cabine e os pré-fabricados os QGBT são construídos por perfis


em chapa, com tratamento corrosivo e é nesse perfil em chapa que serão instalados o
interruptor de corte geral de entrada e os diversos equipamentos de proteção para cada
circuito.

Se os PTS forem equipados com dois transformadores deverão também ser equipados com
dois QGBTs, um para cada transformador correspondente.

Se estivermos a falar de PTS do cliente ou privado este já pode assumir configurações


diferentes e já deverá ser protegido, com IP 40 e IK 08 ou superior. Para tal geralmente
usam-se painéis com portas de espessura mínima de 1.5 mm (preferencialmente de
material isolante auto – extinguível e não propagador da chama – de acordo com a EN
60695-2-1).

80
Neste último tipo de QBGT, representado na Figura 27 a proteção dos circuitos é feita por
disjuntores e/ou equipamentos de proteção diferencial e ainda poderá acoplar
equipamentos de descarregadores de sobre tensão.

Figura 27: Quadro geral de baixa tensão [28]

2.3.6.4. ENCRAVAMENTOS

Os postos de transformação deverão ser dotados de encravamentos mecânicos, elétricos ou


eletromecânicos de forma a evitar a realização de manobras erradas impossibilitando assim
a exposição da vida humana a riscos.

Algumas das manobras que não poderão ser realizadas são:

− Manobrar seccionadores em carga;

− Ligação á terra do equipamento de forma indevida.

Existem, portanto, vários encravamentos normalizados que são descritos na tabela abaixo:

81
Tabela 6: Encravamentos [29]

Painéis de saída

Impedir o fecho do seccionador de terra nas celas de proteção ao transformador enquanto o


A1
interruptor de corte geral do lado do secundário não estiver na posição de aberto;

Impedir o acesso ao transformador enquanto o seccionador de terra do painel de proteção


C1
ao transformador não estiver fechado;

C4 Compilação do encravamento A1 + C1;

Painéis de anel

Impossibilitar o fecho do seccionador de terra de um painel de alimentação enquanto o


A3
interruptor desse painel não estiver na posição de aberto;

A4 Impedir o fecho simultâneo de dois interruptores;

Impossibilitar o fecho de um seccionador de terra enquanto o interruptor do outro painel


P1
não estiver na posição de aberto;

Impedir a manobra em carga do seccionador enquanto o disjuntor não estiver na posição de


aberto;
P2
Impedir o fecho do seccionador de terra enquanto o seccionador e o interruptor não
estiverem na posição de aberto;

Possibilitar manobrar o seccionador em vazio;


Evitar a manobra em carga do seccionador enquanto o interruptor não estiver na posição de
P3 aberto;

Impossibilitar o fecho do seccionador de terra com a cela em tensão;

Desabilitar o fecho do seccionador de terra da cela de alimentação enquanto o seccionador


P5
e o interruptor não estiverem na posição de aberto.

82
2.3.6.5. TERRAS DE SERVIÇO E PROTEÇÃO

De acordo com o imposto no Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de


Transformação e Seccionamento (RSSPTS) e também na norma DRE-C11-040/N cada
PTS deverá ter obrigatoriamente dois sistemas de terras eletricamente diferentes de acordo
com a seguinte descrição:

− Terra de proteção – sistema de terras destinada à equipotencialização de todas as


estruturas metálicas e deverá ter um valor inferior a 20 Ω;

− Terra de serviço – Sistema de terras destinada a ligação do neutro do transformador


com a rede de terras, normalmente instalada no exterior. Este sistema deverá ser
sempre com um valor inferior a 10 Ω.

Em áreas de grandes densidades urbanas nem sempre é possível garantir que os dois
sistemas de terras fiquem distantes o suficiente para se tornarem eletricamente distintas e
nessas situações opta-se por um sistema de terra única desde que o valor da resistência de
terra única seja inferior a 1 Ω [24].

83
2.3.6.6. OUTROS EQUIPAMENTOS NOS POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO E
SECCIONAMENTO

Em todos os PTS deverão ser considerados equipamentos que permitem a manobra do


equipamento e/ou segurança dos seus utilizadores. Esse equipamento é descrito abaixo e
ilustrado na Figura 28:

− Luvas de borracha adequadas à tensão de isolamento; (1)

− Vara de manobra para a tensão de isolamento; (3)

− Livro de registo das medições de terra;

− Quadro de primeiros socorros;

− Placas de sinalização de acordo com NP-608 e NP-609;

− Tapete de borracha para a tensão de isolamento – aplicado apenas em PTS de


cabine; (2)

− Extintor portátil – aplicado apenas em PTS de cabine;

− Balde de areia – aplicado apenas em PTS de cabine.

(1) (2) (3)

Figura 28: Outros equipamentos nos postos de transformação e seccionamento. [30] [31] [32]

84
No entanto também o sistema de iluminação deverá seguir requisitos impostos tais como o
nível médio de iluminância que se deverá situar entre os 250 lux (imposto pela EN 12464-
1) e deverão sempre ser usadas armaduras salientes com a proteção mínima de IP 54
equipadas com lâmpadas LED. No caso da iluminação de emergência esta deverá ser
realizada por intermédio de blocos autónomos permanentes sobre as portas e ainda deverá
ser comtemplada a instalação de uma lanterna de emergência com redundância, duas
lâmpadas.

Quanto à instalação de tomadas esta é livre relativamente à sua quantidade, no entanto,


terão sempre de ser do tipo Schuko 10/16 A, com tomadas convencionais [24].

2.3.7. REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM BAIXA TENSÃO

A rede de distribuição de energia elétrica em baixa tensão é constituída por instalações


elétricas de baixa tensão destinadas à transmissão de energia elétrica a partir de um posto
de transformação ou de uma central geradora, constituída por canalizações principais e
ramais.

As redes de distribuição em baixa tensão deverão ser estabelecidas de modo a eliminar


todo o perigo previsível para as pessoas e a acautelar de danos os bens materiais, não
devendo perturbar a livre e regular circulação nas vias públicas ou particulares, nem afetar
a sua segurança, prejudicar outras linhas de energia ou de telecomunicação ou causar dano
às canalizações de água, gás ou outras.

As redes de distribuição em baixa tensão são realizadas numa topologia radial nas quais a
partir de um PT, nascem um ou vários distribuidores, cada um podendo ter um ou mais
ramais derivados, a partir dos quais a energia elétrica é levada até às instalações de
utilização, entre outros pelos seguintes motivos:

− Economicamente vantajosas;

− Simplicidade na análise;

− Desempenho previsível (trânsito de potências, quedas de tensão);

− Facilidade na deteção de avarias.

85
Dos três níveis de tensão existentes, ou quatro se for contabilizada a muito alta tensão, a
baixa tensão é aquela que é usada na grande maioria dos consumidores finais.

2.3.7.1. REGULAMENTOS E NORMAS

Todo o projeto de construção das redes de distribuição tem obrigatoriamente de obedecer a


requisitos legais e documentos normativos que são redigidos pelas entidades competentes
para o efeito.

No território português existem quatro regulamentos que têm um caráter importante e que
assumem um papel predominante sendo eles:

− Regulamento de segurança de linhas elétricas de alta tensão (RSLEAT);

− Regulamento de segurança de subestações e postos de seccionamento (RSSPTS);

− Regulamento de segurança de redes de distribuição em baixa tensão (RSRDEEBT);

− Regras técnicas das instalações elétricas em baixa tensão (RTIEBT).

Todos estes regulamentos deverão ser articulados com outros documentos nomeadamente
aqueles redigidos pela direção geral de energia e geologia, e pela EDP distribuição,
entendida exploradora da rede, que estabelece os seus próprios documentos normativos
para os equipamentos instalados na rede e ainda normas como:

− Normas portuguesas e normas harmonizadas com as normas europeias (NP e NP


EN);

− Normas europeias (EN);

− Normas de comissão elétrica internacional (IEC);

− Comité europeu de normas eletrotécnicas (CENELEC);

− Organização internacional de normas (ISO).

86
2.3.7.2. ESTRUTURA DA REDE

Nas redes de distribuição um dos fatores mais importantes é o fator de fiabilidade e para
assegurar esse parâmetro podem ser adotadas várias estruturas da rede. Esta opção requer
investimentos com vista a estabelecer um objetivo entre o custo e o benefício de se obter
redundância na rede no caso de ocorrer uma falha num dos equipamentos da rede.

As estruturas mais utilizadas na rede distribuição são representadas na Figura 29.

Figura 29: Estrutura de redes de distribuição de baixa tensão [13]

2.3.7.2.1. REDE RADIAL

Esta estrutura de rede é também vulgarmente designada de “Rede em Antena” por


apresentar uma disposição das cargas em cascata sendo fundamentalmente caraterizada por
uma única alimentação sendo que em caso de defeito poderá prejudicar os restantes
consumidores. Neste caso o fluxo de potência será apenas num só sentido entre a produção
e as cargas.

Esta opção diminui custos de instalação sendo geralmente escolhida para fazer as
alimentações em zonas mais rurais onde o consumo é mais baixo.

2.3.7.2.2. REDE EM ANEL

As redes em anel são caraterizadas por poderem incluir várias fontes de alimentação para
uma determinada carga sendo que estas podem receber energia provenientes de dois fluxos
de potência diferentes. Esta solução permite que em caso de defeito na rede nenhum dos
consumidores corre o risco de ficar comprometido visto que o outro sentido de energia está
disponível e operacional.

87
Esta solução apresenta, portanto, uma taxa de fiabilidade superior embora o custo também
seja consideravelmente superior, mas em caso de uma avaria o número de consumidores
afetados também desce consideravelmente o que em situações adequadas pode valer o
investimento.

2.3.7.2.3. REDE EMALHADA

Esta é a solução da rede que permite uma maior fiabilidade visto que dá a possibilidade de
todos os consumidores serem alimentados de várias formas. A fonte de produção está
ligada de forma a que o fluxo de energia possa tomar diversas opções requerendo isto que
todas as canalizações de distribuição de energia estejam preparadas para transmitir a
energia necessária no pior cenário.

De todas as opções esta é a que apresenta uma maior fiabilidade, o que naturalmente está
relacionada com um custo extra, sendo usada principalmente para as redes de transporte de
energia.

2.3.7.3. TIPOS DE REDES

2.3.7.3.1. REDES AÉREAS

Esta tipologia de rede foi das primeiras a ser desenvolvida sendo que foi arquitetada com
condutores de cobre nu sendo que ao longo do tempo foram sendo substituídos por
condutores nu, mas de alumínio apoiados em postes por intermédio de isoladores de
porcelana. Também esta construção foi sendo descontinuada embora ainda seja possível
ver alguns ramais com esta configuração em serviço.

88
Nos dias que correm é usual ver estas redes em zonas com menos população, mas com
cabos isolados de alumínio agrupados em feixe cableado – esta solução é geralmente
denominada de cabos em torçada, representada na Figura 30.

Figura 30: Cabos em torçada [33]

2.3.7.3.2. REDES SUBTERRÂNEAS

As redes de distribuição subterrâneas, embora tenham o mesmo fim que as áreas, têm
algumas particulares relativamente a estas.

São constituídos por cabos, enterrados diretamente no solo e têm de ser isolados e
armados. Estes são geralmente de alumínio com o isolamento em PVC e existem dois tipos
bastante frequentes:

− LSVAV 4 x 95 mm2 - representado na Figura 31

− LVAV 3 x 185 mm2 + 95 mm2 .

Figura 31: Cabo LSVAV [34]

Neste equipamento, os cabos devem seguir diversas normais tais como a IEC 60502 e
CENELEC HD 603 S1/A [24], onde no primeiro regulamento se encontra discriminado o

89
código de cores, sendo este preto, castanho e cinzento para as fases e azul para o condutor
de neutro.

2.3.7.4. REGIMES DE NEUTRO

O esquema de ligação à terra, ELT, é um ponto fundamental de uma instalação. Uma boa
escolha dos elementos de proteção de uma instalação elétrica ajuda na prevenção de
incêndios, explosões ou choques elétricos na exploração da mesma.

A forma de ligação do neutro e das massas está regulamentada através da norma IEC
60364 pois a escolha deste ELT determina a escolha das proteções que podem ser
utilizadas de forma a proteger as pessoas contra contactos indiretos. Esta escolha obedece a
diversos critérios como as condições de exploração, proteção necessária de pessoas e bens,
instalações com/sem risco de incêndio e/ou explosão, continuidade e compatibilidade
eletromagnética.

Existem três tipos de ELT, também designados por regimes de neutro, e estes são
identificados por duas letras, conforme descrito na Tabela 7. A primeira letra indica a
alimentação em relação à terra e a segunda indica a situação das massas em relação à terra.

Tabela 7: Designação de regimes de neutro

Primeira Letra Segunda letra

T Ligação direta de um ponto à terra T Massas ligadas diretamente à terra

Isolamento de todas as partes ativas em relação à terra Ligação elétrica direta das massas ao
I ou ligação de um ponto à terra por meio de uma N ponto de alimentação ligado à terra
impedância

2.3.7.4.1. ESQUEMA DE LIGAÇÃO À TERRA – TT

O regime de neutro TT, representado na Figura 32, é caracterizado por ter o neutro e a
massa ligados de forma independente à terra. Normalmente este esquema é usado em redes
de distribuição.

90
Figura 32: Esquema de ligação à terra – TT [35]

Aquando da existência de um defeito à terra, identificado na Figura 33, como o contacto


entre as massas e um condutor ativo, o circuito de defeito é estabelecido pelo condutor de
fase. Neste caso será o condutor de proteção que irá ligar à terra e o enrolamento do
secundário do transformador que está ligado à terra.

Figura 33: Circuito de defeito no esquema de ligação à terra – TT [35]

Quando a instalação usa este esquema de ligação os dispositivos de proteção mais


adequados são os interruptores diferencias, disjuntores diferencias ou então os relés
diferenciais.

Se não se verificar diferenças entre o solo ou entre as massas e neutro isto significa que a
impedância da malha de terra é praticamente zero, originando desta forma uma corrente
que se assemelha a um curto-circuito. Esta corrente tem o valor bastante elevado e para que
seja possível efetuar o seu corte tem de ser usado um dispositivo diferencial, desde que este
tenha capacidade de cortar essa corrente, em segurança.

91
O dispositivo mencionado anteriormente irá entrar em funcionamento assim que a corrente
de defeito atingir o valor da sua corrente nominal, tendo necessariamente de atuar num
tempo reduzido de forma a não colocar a vida das pessoas em risco.

Para o bom funcionamento da instalação é necessário saber qual a proteção diferencial a


escolher e para tal, com base no valor da resistência de terra e por forma a não exceder o
valor máximo da tensão de contacto, os 50V, deve ser feito o seguinte cálculo:

(4)

Resultando assim alguns dos seguintes valores, conforme é possível verificar na Figura 34:

Figura 34: Relação entre valor da resistência de terra e o valor da corrente diferencial [35]

Existe ainda uma questão que é necessário analisar, a proteção do neutro. Se a secção do
condutor do neutro for igual à das fases não é necessário colocar proteção específica, no
entanto, se existir uma redução no neutro em relação às fases já deverá ser considerada
uma proteção contra os curto circuitos adequados a essa secção.

Apesar de serem tomados todos os cuidados é de boa prática colocar proteção em todos os
condutores ativos, incluindo o neutro, reduzindo assim a hipótese de contacto.

2.3.7.4.2. ESQUEMA DE LIGAÇÃO À TERRA – TN

O ELT TN é caraterizado por ter o neutro ligado à terra e as massas também elas ligadas ao
neutro. Sendo assim, as correntes de defeito á massa são consideradas como um curto-
circuito.

Este regime de neutro tem três variantes: o TN-C; TN-S e por fim o TN-C-S.

92
- TN – C

Se um condutor assumir também a função de condutor de proteção fica deste modo


proibido de cortar o neutro, assumindo que não está protegido. Se este condutor for
seccionado, o circuito de defeito não se irá fechar pelo neutro podendo levar a que o
dispositivo de proteção não atue, colocando a segurança dos utilizadores em risco.

Na Figura 35 podemos encontrar a representação gráfica deste esquema de ligação à terra:

Figura 35: Esquema de ligação à terra - TN – C [35]

No TN-C a proteção contra contactos indiretos é assegurada pelos dispositivos de proteção


contra sobreintensidades tais como disjuntores ou fusíveis. No entanto deve sempre ser
calculada a corrente de defeito, circuito desta representado na Figura 36, de forma a
verificar se a atuação da proteção é realizada em tempo útil.

Figura 36: Circuito de defeito no esquema de ligação à terra - TN – C [35]

93
- TN – S

A distribuição do condutor neutro é separada do condutor de proteção sendo neste caso


seccionado o condutor de neutro, conforme se pode ver na Figura 37.

Figura 37: Esquema de ligação à terra - TN – S [35]

Este regime poderá ser apropriado quando:

− A secção das fases é superior a 10 mm2, se for cobre, ou 10 mm2, no caso do


alumínio;

− A carga é alimentada por uma canalização móvel.

- TN – C – S

Neste caso a função de neutro e de proteção é concentrada num único condutor, PEN,
estando este descrito na Figura 38.

Figura 38: Esquema de ligação à terra - TN – C – S [35]

94
Nos dois outros regimes que integram o ELT TN, TN-C e TN-S a proteção deverá ser feita
recorrendo a disjuntores ou dispositivos diferenciais. Este último deverá ser usado no caso
de a corrente de defeito não ter um valor de grandeza suficiente para ativar os disjuntores
ou então no caso em circuitos finais onde é difícil haver um controlo sobre a exploração
dos mesmos.

Nos regimes abordados anteriormente o condutor de proteção não deverá ser ligado ao
dispositivo diferencial, no entanto, no caso do TN-C-S a conexão do condutor PE, de
proteção, e do condutor N, neutro, deverá ser feita antes do dispositivo diferencial. O
condutor de proteção não deverá ser ligado de forma independente ao diferencial nem
passar pelos relés do mesmo.

2.3.7.4.3. ESQUEMA DE LIGAÇÃO À TERRA – IT

O esquema de ligação à terra IT pode ser efetivado de duas formas distintas, representadas
ambas na Figura 39, uma primeira com neutro distribuído e uma segunda sem neutro
distribuído.

Neutro Não Distribuído Neutro distribuído

Figura 39: Esquema de ligação à terra – IT [35]

- Neutro distribuído

No caso de estarmos perante o um esquema do tipo IT com neutro distribuído o neutro é


isolado e as massas são interligadas por meio de um condutor de proteção.

O neutro nesta situação não está ligado à terra, encontra-se ligado através de uma
impedância com um valor muito alto, vulgarmente denominado de “neutro impedante”.

95
Todas as ligações entre as massas são efetuadas recorrendo à utilização de um condutor de
proteção.

No caso de se verificar um defeito de isolamento no condutor ativo a corrente de defeito


terá um valor pequeno o que fará com que não seja obrigatório a abertura automática do
circuito no primeiro defeito.

O valor da impedância do isolamento varia de acordo com as cargas, com o comprimento e


com a idade da instalação assim como com as condições de humidade.

Neste regime de neutro distribuído é necessário proteger o condutor com um disjuntor que
consiga cortar todos os polos e também é necessário um controlador permanente de
isolamento. Este controlador deve ser ligado ao neutro da instalação e o mais próximo
possível do início da instalação.

A proteção das correntes de defeito deverá ser realizada por meio de disjuntores. No caso
de serem usados diferenciais a sua sensibilidade deverá permitir e realizar a abertura ao
primeiro defeito.

A melhor solução para que esteja garantida a continuidade em toda a instalação é usar o
neutro isolado. Por essa mesma razão, este esquema é frequentemente usado em hospitais,
inclusive blocos operatórios, redes elétricas em aeroportos, minas e outras instalações onde
um defeito na instalação que obrigue a interrupção da energia é bastante dispendiosa.

- Neutro não distribuído

Assim que ocorra um primeiro defeito, como é o caso da Figura 40, a tensão de contacto
deve ser limitada devendo o seu valor ser inferior a 50V. Nos sistemas em que o neutro que
vem do PT, este está ligado à terra por meio de uma impedância que deverá passar a estar
incluída no circuito de defeito.

96
Figura 40: Circuito de primeiro defeito no esquema de ligação à terra - IT com neutro não distribuído
[35]

Pela lei de OHM, quanto maior for o valor da impedância mais pequeno será a tensão de
contacto.

Figura 41: Circuito de segundo defeito no esquema de ligação à terra - IT com neutro não distribuído
[35]

Como regra de boa prática é aconselhável que o defeito seja limitado rapidamente, isto
porque uma situação de segundo defeito levaria obrigatoriamente ao disparo das proteções.
No caso de existirem dois defeitos envolvendo fases diferentes a corrente será analisada
como um curto-circuito entre elas.

97
2.3.7.5. INSTALAÇÕES DE UTILIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM BAIXA
TENSÃO

2.3.7.5.1. CANALIZAÇÕES ELÉTRICAS

As canalizações elétricas são as responsáveis pela ligação entre os equipamentos e a sua


fonte de energia, sendo que têm que ser dimensionadas respeitando normas
regulamentares. A estas normas juntam-se requisitos técnicos e físicos dos cabos e das
respetivas proteções.

O dimensionamento e proteção das canalizações tem como principal objetivo a


determinação da secção do cabo e o calibre da proteção que assegurará o seu bom
funcionamento. Este exercício estabelece uma relação que se pretende que seja a mais
vantajosa tanto economicamente como tecnicamente.

Para este processo a base de partida deverá ser o cálculo da corrente de serviço, Ib. A
corrente de serviço corresponde ao valor máximo de potência que é transportado para a
carga. Se estivermos perante um circuito monofásico toda a corrente irá circular apenas por
uma fase, sendo possível calcular Ib através da seguinte fórmula:

S
Ib=
Us
(5)

No caso de termos um circuito trifásico a corrente irá estar distribuída por três fases e, por
isso, o cálculo de Ib deverá ser feito da seguinte forma:

𝑆
Ib =
3 ∗ 𝑈𝑐
(6)

Depois de o valor de Ib ser conhecido está-se em condições de definir o valor da seção do


cabo em questão. Para tal é importante ter conhecimento do valor da corrente máxima
admissível, Iz, pois este valor não pode ser inferior ao valor da corrente de serviço,
previamente calculado.

98
Um valor de corrente de serviço superior ao valor da corrente máxima admissível irá
resultar em que o cabo, após entrada em serviço, irá aquecer de forma excessiva levando
assim à sua degradação.

Após esta situação, existe um conjunto de condições em que as canalizações devem


obedecer de forma a garantirmos o bom dimensionamento da mesma.

- Condição de aquecimento e sobrecarga

(7)

(8)

As equações acima representam a condição de aquecimento e sobrecarga em que In, a


corrente convencional do dispositivo de proteção, é nada mais e nada menos do que o valor
máximo da corrente que o dispositivo de proteção permite que circule pelo condutor sem
este ser disparado.

No valor da corrente convencional de funcionamento, I2 pode ser calculado através da


seguinte fórmula:

(9)

99
- Condição da queda de tensão

Um equipamento elétrico é dimensionado para funcionar com um valor de tensão aos seus
terminais, o que porventura, se este estiver sujeito a valores inferiores ao valor previamente
determinado pode danificá-lo ou mesmo impedir que este entre em funcionamento. Por
essa razão as RTIEBT determinaram os seguintes limites máximos para o desvio que
poderá existir nesse valor de tensão:

Tabela 8: Queda de tensão máxima admissível [36]

Utilização Iluminação Outros usos

A – Instalações alimentadas diretamente de uma rede de


3% 5%
distribuição pública em Baixa tensão

B - Instalações alimentadas a partir de um posto de


6% 8%
transformação MT/BT

No caso de instalações coletivas, as RTIEBT impõem valores um pouco diferentes, sendo


estes:

− 1,5% Para a canalização entre o fim da portinhola e origem do quadro elétrico, no


caso de instalações individuais;

− 0,5% Para o troço que faz a interligação entre o quadro de entrada e a coluna
montante, sendo que isto é aplicado no caso de edifícios coletivos;

− 1% é o valor máximo da queda de tensão na coluna montante.

É importante referir que os últimos dois pontos podem ser ultrapassados, desde que em
conjunto e devidamente justificados não ultrapassem o valor de 1,5%.

100
Para o cálculo deste valor é usada a seguinte equação:

(10)

(11)

Onde:

− b – Coeficiente igual a 1 para os circuitos trifásicos e 2 para os circuitos


monofásicos;

− p1 – resistividade elétrica dos condutores à temperatura em serviço normal (Ω mm2


/m);

Tabela 9: Resistividade elétrica condutores [36]

Material P20ºC (Ωxmm2/m)

Cobre 0,017241

Alumínio 0,028264

− L – Comprimento da canalização (m);

− s – Secção dos condutores (mm2);

− Ɵ – Ângulo de desfasamento entre tensão e a corrente;

− ƛ – Reactância linear dos condutores (Ω/m);

− Ib – corrente de serviço (A).

101
- Condição fadiga térmica

O disparo de uma proteção durante um curto-circuito que ocorra em qualquer ponto da


instalação não deve ser superior ao tempo que levará o condutor a atingir a temperatura
máxima admissível. Este valor não pode ser superior a cinco segundos, pois é o tempo
necessário para que uma corrente de curto-circuito eleve a temperatura dos condutores até
ao seu valor máximo.

Este tempo pode ser calculado através das seguintes fórmulas:

(12)

(13)

Onde:

− T - Tempo (s);

− S - Secção dos condutores (mm2);

− Iccmin - Corrente de curto-circuito mínima;

− K – é uma constante com os seguintes valores:

Tabela 10: Constante K [36]


Material K
Cobre 115
Alumínio 76

− Uo – Tensão simples (V);

− Rneutro- Resistência do neutro (Ω);

− Rfase- Resistência de fase (Ω);

102
− Z- Impedância do transformador.

O fator multiplicativo de 1,5 no denominador aparece para efetuar a correção para a


temperatura de 20ºC, temperatura normal de funcionamento, para a temperatura de curto-
circuito.

De forma a garantir o bom funcionamento das instalações torna-se necessário cumprir estas
duas condições:

(14)

O valor da variável tap é o tempo de atuação da proteção para o valor previamente


calculado de Iccmin e pode ser lido na característica tempo/corrente normalmente presente
na ficha técnica da proteção.

- Condição do poder de corte

O poder de corte está relacionado com a capacidade de extinção do arco elétrico e para tal
é calculado o valor da corrente de curto-circuito máximo:

(15)

Onde:

− Uo – Tensão simples (V);

− Rfase – Resistência de fase (Ω);

− Z – Impedância do transformador.

103
2.3.7.5.2. QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO

- Tipos de quadros de distribuição

Os quadros de distribuição deverão ser adaptados ao seu tipo de aplicação e instalação


podendo estes adotar vários tipos de configurações, representados na Figura 42, tais como:

− Quadros de distribuição secundária (1);

− Quadros de controlo de motores (2);

− Quadros de distribuição intermédia (3);

− Quadros de distribuição final (4).

1 2 3 4

Figura 42: Tipos de quadro de distribuição [37] [38]

Os primeiros, os quadros de distribuição secundária, estão geralmente instalados logo após


os postos de transformação de seccionamento e assumem dimensões consideravelmente
grandes devido ao calibre necessário dos seus equipamentos de proteção. Estes aparelhos
por vezes atingem os milhares de amperes.

Existem também os quadros de controlo de motores que são para usos específicos de
alimentações aos variadores de velocidade e é usual ver o seu uso em instalações
industriais.

Os restantes já são bem mais frequentes de se encontrar quer em instalações domésticas


quer em pequenas seções de instalações industriais.

104
- Tecnologias de quadros de distribuição

Os quadros, atualmente, podem recorrer a dois tipos de tecnologia de funcionamento em


que a principal diferença está no sistema de fixação dos equipamentos à estrutura do
quadro. Estas tecnologias são denominadas de acordo com a lista abaixo e apresentadas
nos subcapítulos seguintes.

− Quadro de distribuição tradicional – Neste equipamento todos os seus


equipamentos estão fixados à estrutura principal do quadro, normalmente através
de calha DIN, enquanto que na parte frontal estão montados equipamentos de
controlo e medida.

A instalação dos equipamentos na estrutura do quadro deverá ter em consideração as


dimensões de cada área disponível/pretendida, mas também todas as conexões que são
necessárias fazer para tornar o quadro funcional.

− Quadro de distribuição funcional – Este tipo de quadro, representado na Figura 43,


é geralmente usado para soluções muito especificas tais como indústrias
petrolíferas etc. Este quadro é composto por vários módulos extraíveis permitindo
assim uma grande capacidade de redundância e fiabilidade no sistema.

O uso deste quadro é, portanto, transversal a todos os níveis desde o consumidor industrial
até ao quadro de distribuição final devido à sua polivalência, e como tal podemos enumerar
as seguintes vantagens:

o Sistema modular permite adotar diferentes configurações ao longo do


tempo;

o Pode ser facilmente expansível;

o Rapidez na substituição de módulos devido a serem soluções standards.

105
Dentro destes quadros modulares estes podem ainda ser de dois sistemas, um de gavetas
extraíveis em que todo o módulo é extraído e substituído por um novo de acordo com as
novas necessidades e outro de “Us” em que é substituída a estrutura metálica, mas a parte
exterior, a tampa frontal, permanece a mesma.

Figura 43: Quadros de distribuição funcional [39]

106
2.4. DIREÇÃO DE OBRA

2.4.1. ASPETOS GERAIS

A gestão e direção de obra é um tema que assenta em diversas particularidades, uma vez
que é uma atividade que envolve muitos e diversos recursos, desde mão de obra, máquinas,
materiais e recursos económicos, assim como envolve diversos serviços para que uma dada
empreitada seja realizada.

Para que um projeto tenha sucesso, em todos os aspetos que este engloba, é essencial que
haja uma estreita relação entre todos os recursos e serviços, e para tal é crucial uma boa
gestão e direção de obra.

Para além de gerir todos os recursos é também necessário estabelecer objetivos técnicos,
económicos, financeiros e administrativos sendo que o diretor de obra terá o objetivo de
estudar todos os detalhes e meios necessários, desde o projeto, controlo de custos, controlo
de prazos e controlo de qualidade e segurança para que a obra se conclua respeitando todos
os condicionalismos.

Com uma boa gestão de obra é possível melhorar a produtividade na construção,


conseguindo executar os trabalhos com a exigível qualidade obtendo os lucros desejados.
Para uma boa gestão de obra é necessário um bom diretor de obra, sendo que este deverá
ter ao seu dispor todos os meios necessários para cumprir os objetivos pré-definidos.
Deverá ser alguém com grandes conhecimentos técnicos e com a capacidade de resolver
quaisquer imprevistos de forma racional, para além de ser alguém com uma boa
capacidade de relação com os outros conseguindo ser a ponte entre as várias
especialidades, gerindo todos os recursos humanos e materiais e dirigindo o modo de
execução da obra. É também o diretor de obra o responsável pelo cumprimento das
cláusulas do contrato, do caderno de encargos e da execução de todas as partes do projeto.

As funções de gestão e direção de obra não podem ser separadas e trabalhar


individualmente uma vez que a primeira irá ser o ponto de arranque para a segunda em que
esta irá retificar pontos em aberto da primeira criando assim uma simbiose. Estas duas
funções funcionam com o mesmo objetivo comum, otimização de recursos.

107
2.4.2. FASES OBRA

Quando se decide avançar com um projeto saber exatamente quais são as etapas da obra
faz toda a diferença, conseguindo-se traçar um plano tanto em relação a um orçamento,
como a materiais e recursos humanos. De uma forma geral pode-se dividir em duas etapas:
a conceção e a execução.

A conceção engloba:

− Fases de projeto – é descrita como a fase em que é idealizada a solução final;

− Concurso – após a obtenção da licença camarária de construção; inclui propostas


para a escolha dos empreiteiros que irão executar a obra;

− Adjudicação da obra – escolha da melhor proposta do concurso pelo dono da obra


atestada pela assinatura de um contrato;

− Consignação da obra – assinatura do auto de consignação que determina o início da


contagem do prazo acordado para execução da obra e obrigações do empreiteiro.
Pode ser descrita como abertura do estaleiro e entrada em obra.

Após decorridas estas fases acima descritas procede-se à preparação inicial da obra, onde o
diretor de obra reúne toda a documentação a fim de verificar a necessidade de alguma
alteração da proposta, uma vez que estas são normalmente realizadas sob pressão sendo
imprescindível uma segunda revisão sobre a proposta apresenta a fim de detetar omissões,
erros de orçamentação (valores de matéria prima errados) e confirmação das condições de
execução.

Assim, o diretor de obra poderá efetuar uma re-orçamentação cuidada da obra excluindo
qualquer erro, conseguindo assim programar de uma forma mais eficaz os proveitos, custos
e resultados da obra. Após este processo inicia-se o planeamento da obra onde se
estabelece o plano de aprovisionamento dos materiais e a distribuição da mão de obra,
organizando as equipas de trabalho, incluindo as chefias. Define-se também o plano de
trabalhos para aprovação da fiscalização e um plano financeiro para que possam ser
realizados os mapas de produção e a sua orçamentação. Caso seja necessário podem ser

108
propostas ao dono da obra alterações ao projeto sempre com vista a melhorar a execução
da obra e minimizar os custos garantindo assim um equilíbrio financeiro do projeto.

Neste processo é o diretor de obra quem assume a responsabilidade da obra avaliando,


entre muitas outras, as seguintes questões:

− Objetivos da obra e os projetos de especialidades realizados em fase anterior, assim


como o plano de inspeção e ensaios;

− Elementos disponibilizados em fase de concurso: caderno de encargos, pormenores


técnicos e jurídicos e orçamentos;

− Contrato assinado entre a empresa construtora e o dono da obra;

− Organograma do dono da obra, fiscalização, segurança e plano de qualidade de


construção;

− Organização de recursos humanos e plano de segurança e saúde para os mesmos.

Será nesta fase de estudo e preparação do projeto e como irá ser executado que deve ser
proposto ao dono de obra algumas alterações à solução inicialmente prevista com o
objetivo de:

− Diminuir o custo de execução do projeto;

− Propor novas soluções que tenham vantagens técnicas e/ou financeiras;

− Melhorar e otimizar a solução final.

Durante a fase de preparação de obra a compra dos materiais e aluguer de equipamento


deve merecer a atenção do diretor de obra uma vez que tem de existir uma primeira
verificação dos aspetos exigidos contratualmente pelo dono de obra e posteriormente
avançar para a seleção de fornecedores e negociação dos preços.

É também um processo bastante importante o de seleção/constituição de equipas que deve


estar sempre de acordo com a exigência do trabalho a ser executado, o timing necessário e
orçamento disponível (mais recursos custam logicamente mais tempo).

109
Deve também nesta fase de início dos trabalhos haver uma documentação organizada sobre
os todos aspetos, criando-se um dossiê de empreitada onde se organiza toda a informação
inerente à obra, e também um estaleiro onde se possa reunir os materiais e equipamentos,
os trabalhadores e todos os outros recursos necessários.

2.4.3. FUNÇÕES DO DIRETOR DE OBRA

O diretor de obra desempenha uma função fulcral no desenrolar do projeto uma vez que
será ele que estará no na primeira linha da execução a lidar diretamente com os operários,
os equipamentos e o cliente. Será ele a ponte entre o produto final e a gestão do projeto.

É ao diretor de obra, em conjunto com o gestor do projeto, que compete dirigir a obra em
todos os aspetos administrativos, técnicos e económicos, sendo ele responsável por garantir
o cumprimento do caderno de encargos dentro dos prazos estabelecidos contratualmente e
dentro do orçamento inicialmente previsto. Este cargo tem também a responsabilidade de
orientar as equipas de modo a que a execução ocorra dentro dos parâmetros normais de
segurança para todos os intervenientes.

Numa primeira fase, o diretor de obra tem diversas funções tais como:

− Definir as equipas necessárias para a realização do trabalho;

− Elaborar o plano de aprovisionamento de materiais;

− Decidir sobre a aquisição/aluguer de equipamento necessário;

− Estudar a melhor organização de estaleiro;

− Proceder, em parceria com o gestor do projeto, ao planeamento da obra.

No momento da execução, particularmente em obras de grandes dimensões, os pontos


acima têm de ser revistos várias vezes ao longo do projeto. Sendo o planeamento de obra
talvez o ponto que mais alterações sofre devido a todos os diferentes condicionamentos
que são introduzidos ao longo da fase de execução. O diretor de obra será sempre o
responsável máximo pela correta e rigorosa execução do projeto.

110
Na fase de execução do projeto o diretor de obra detém as seguintes funções:

− Elaborar todo o programa de garantia de qualidade com base nos requerimentos do


caderno de encargos;

− Cumprir os prazos previamente acordados;

− Elaborar e colaborar na implementação do plano de segurança e de saúde para a


fase de execução;

− Reclamar quanto a erros e omissões do projeto das diferentes empreitadas;

− Informar constantemente o gestor do projeto da evolução dos trabalhos;

− Realizar todos os ensaios previstos.

Já no fim da obra será ele o responsável para, em conjunto com o cliente, proceder a toda a
vistoria da instalação e elaborar o respetivo auto de receção.

O trabalho não termina com o auto de receção, sendo que nos dois anos seguintes, qualquer
defeito encontrado pelo dono de obra deverá ser articulado pela direção de obra.

2.4.4. ORGANIZAÇÃO DO ESTALEIRO

O estaleiro é denominado como o local fixo onde existem todas as condições para se
realizar as atividades de apoio à execução do projeto. Este local deve estar munido de
equipamentos auxiliares e infraestruturas auxiliares sanitárias, de armazenamento entre
outras. Uma boa organização deste local permite que todas as pessoas usem este espaço de
forma prática e otimizada facilitando o decorrer da execução.

111
Num projeto o estaleiro pode ser dividido em dois tipos:

− Central – Estaleiro implementado em lote pertencente à empresa de construção e


são instaladas as oficinas especializadas e estruturas administrativas;

− Local – Estaleiro instalado no local de execução da obra, geralmente pertencente ao


dono de obra, em que apenas estão instalados os meios estritamente necessários ao
desenvolvimento da execução.

Independentemente do projeto o estaleiro deve ser sempre adequado ao projeto e às


necessidades do mesmo tendo em conta o equipamento que irá ser utilizado e as
caraterísticas do terreno disponível. Pode acontecer, em obras complexas, quando não há
muito espaço necessário a organização do estaleiro pode, e deve alterar-se de acordo com a
fase de execução em que o projeto se encontra.

O diretor de obra deve ter diversos aspetos em conta na organização do estaleiro tais como:

− O tipo de solo onde o estaleiro deverá ser construído no sentido de perceber os


acessos de viaturas, acessos de infraestruturas (água, eletricidade,
telecomunicações) e também o acesso a pessoal não autorizado;

− Escolher a melhor localização possível tendo em conta o decorrer da execução –


aplicável em projetos grandes com várias frentes de obra;

− Dimensão das equipas que iram estar a trabalhar no projeto com o objetivo de criar
espaços do tamanho adequado às necessidades.

O prazo, apesar de não ser um fator decisivo, para a organização de estaleiro deve ser tido
em conta com o objetivo de esta atividade ser o mais expedito possível com o propósito de
arrancar com a empreitada o quanto antes.

O diretor de obra é também responsável por assegurar que existem estruturas de apoio aos
trabalhadores como refeitórios, posto médico, vestiários etc. Estas últimas estruturas
podem ser articuladas em conjunto com o dono de obra criando assim uma estrutura
comum para diversas empreitadas.

112
2.4.5. SEGURANÇA E SAÚDE DOS TRABALHADORES

Em Portugal o documento que define os parâmetros a seguir no que diz respeito à


segurança e saúde no trabalho é o Decreto-Lei n.º 273/2003, de 29 de outubro, no entanto o
conteúdo do documento é transversal a todos os países visto que o tema é de âmbito
mundial e deverá sempre agir-se em conformidade com os maiores padrões de higiene e
saúde no trabalho. Este documento legislativo obriga a que sejam redigidos três
documentos com vista a redução de acidentes de trabalho, sendo estes:

2.4.5.1. COMUNICAÇÃO PRÉVIA (CP)

A comunicação prévia serve para comunicar antecipadamente a abertura de estaleiro e


deve conter os seguintes elementos:

− A morada completa completo do estaleiro;

− A natureza e a utilização previstas para a instalação;

− O dono da obra, o autor ou autores do projeto e a entidade executante, bem como as


respetivas moradas;

− O fiscal ou fiscais da obra, o coordenador de segurança do projeto e o coordenador


de segurança em obra;

− O diretor técnico da empreitada e o representante da entidade executante, se for


nomeado para permanecer no estaleiro durante a execução da obra;

− O responsável pela direção técnica da obra;

− As datas previstas para início e termo dos trabalhos no estaleiro;

− A estimativa do número máximo de trabalhadores por conta de outrem e


independentes que estarão presentes em simultâneo no estaleiro;

− A estimativa do número de empresas e de trabalhadores independentes a operar no


estaleiro;

− A identificação dos subempreiteiros já selecionados.

113
2.4.5.2. PLANO DE SEGURANÇA E SAÚDE

O plano de segurança e saúde (PSS) é definido como um documento destinado à definição


das medidas preventivas que têm como o objetivo de minimizar os riscos de acidentes
durante a execução do projeto. O PSS é elaborado pelo técnico de higiene e segurança
antes do início do projeto e é um documento de referência para a elaboração das fichas de
procedimentos de segurança e autorizações de trabalho que terão que ser deliberadas
durante a execução.

Este documento deve sofrer diversas iterações ao longo de toda a empreitada conseguindo
assim cobrir e avaliar todos os riscos associados a cada uma das tarefas.

2.4.5.3. COMPILAÇÃO TÉCNICA

A compilação técnica (CT) da obra é um documento de extrema importância pois este


agrega todos os elementos que devem ser tomados em conta nas intervenções posteriores à
conclusão da obra.

A compilação técnica da obra deve incluir os seguintes elementos:

− Identificação completa de todos os intervenientes da obra tais como o dono da obra,


o autor do projeto, os técnicos de higiene e segurança, entre outros;

− Peças escritas e desenhadas de todos os projetos de diversas especialidades assim


como as telas finais;

− Informações técnicas relativamente aos equipamentos instalados e que possam ter


associados à sua utilização, conservação e manutenção;

− Informações úteis para a planificação da segurança e saúde na realização de


trabalhos em locais da obra.

114
2.4.6. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO

O não cumprimento do planeamento, a derrapagem do orçamento ou a existência de


acidentes são indicadores que podem afetar a qualidade de um projeto pelo que nos dias de
hoje o dono de obra exige cada vez mais que estes fatores tenham um acompanhamento
rigoroso de modo a que não se desviem dos parâmetros expectáveis.

Posto isto cabe ao diretor de obra definir o plano de controlo de qualidade e submeter ao
dono de obra os ensaios previstos evidenciando o uso de equipamento adequado e o
pessoal tecnicamente capaz de verificar a conformidade das instalações.

Infelizmente é frequente que durante a execução dos processos, por diversos fatores, não se
consiga cumprir todo o plano de qualidade criado pelo diretor de obra sendo as principais
causas as seguintes:

− Falta de rigor nos projetos de especialidades;

− Fraca e lenta comunicação entre todos os intervenientes;

− Falta de mão de obra qualificada;

− Pressão constante relativamente a prazos e orçamentos;

− Uso de materiais e processos inadequados.

O diretor de obra deve estudar todos os pontos acima descritos e arranjar alternativa de
modo a obter a melhor solução final possível. Uma comunicação simples, eficaz e assertiva
com todas as equipas, inclusive o dono de obra, é um dos pontos chaves para o
desenvolvimento do projeto e atingir o sucesso do mesmo.

115
2.4.7. COMISSIONAMENTO

Ainda dentro do plano de qualidade da obra deve estar o plano de comissionamento em


que consiste na avaliação, inspeção e realização de testes sendo esta a atividade que deve
acontecer em fase posterior à instalação e em fase anterior à entrada ao serviço sendo por
isso um procedimento de extrema importância para o perfeito desempenho dos
equipamentos.

O comissionamento contempla diversos ensaios adequados aos mais diversos


equipamentos tais como:

− Disjuntores Média Tensão:

o Inspeção visual;

o Verificação de encravamentos;

o Verificação do funcionamento do comando local/remoto;

o Verificação do funcionamento do motor de carregar as molas;

o Verificação da pressão do SF6 – disparos associados;

− Transformadores de medida:

o Inspeção visual;

o Verificação da relação de transformação;

o Verificação da polaridade, curva de magnetização, classe e erro de medida


através de ensaios primários e secundários;

− Rede de terras:

o Medição da resistência de terra;

116
− Quadro de média tensão:

o Inspeção visual;

o Verificação da equipotencialização do equipamento;

o Ensaios de isolamento e rigidez dielétrica;

o Verificação de encravamentos;

o Verificação dos circuitos de comando e controlo;

o Verificação da existência dos esquemas atualizados;

− Cabos de potência:

o Ensaios de isolamento entre cada uma das fases e entre cada fase e a massa;

− Quadros de baixa tensão:

o Inspeção visual;

o Verificação da equipotencialização do equipamento;

o Ensaios de isolamento e rigidez dielétrica;

o Verificação de apertos.

117
118
3. PROJETO E GESTÃO DE
OBRA: FÁBRICA DE
CERVEJA (MOÇAMBIQUE)

3.1. GENERALIDADES
O desenvolvimento de projetos, a execução e fiscalização de obras, na área eletrotécnica,
para um país terceiro exige, por um lado, um conhecimento completo acerca do seu corpo
legislativo, regulamentar e normativos, assim como de materiais e equipamentos mas, por
outro lado, exige também o conhecimento da disponibilidade e fiabilidade da sua rede
elétrica, da capacidade de fornecimento de materiais e equipamentos e, obriga ainda, a que
se tenha o conhecimento da realidade social, em termos de capacidade de contratação de
mão-de-obra local para a execução das obras.

Neste capítulo do relatório apresenta-se o trabalho realizado relativo ao desenvolvimento


de projeto e gestão de obra na área eletrotécnica, no âmbito de um contrato de Empreitada
EPC (Engineering – Procurement – Construction) [40] de uma unidade industrial para
produção de cerveja em Moçambique, promovida pela ABinBev, subsidiária em
Moçambique da maior cervejeira do mundo, a ABinBev, detentora de mais de 30% [41] da

119
cota de venda de cerveja mundial, num investimento total de aproximadamente 200
milhões de euros.

O contrato EPC, cujo acrônimo significa Engineering (projeto, design), Procurement


(compras, aquisições) e Construction (construção), em que após um concurso, é
selecionada uma empresa que será responsável por todas estas etapas.

Para a instalação objeto do presente trabalho de dissertação, a empresa selecionada para o


fornecimento da solução de engenharia e da execução de todo o sistema de distribuição de
energia em média e baixa tensão, foi a SIEMENS SA.

Numa primeira fase do trabalho foi desenvolvida a solução de engenharia eletrotécnica


relativa ao sistema de distribuição de energia em média e baixa tensão e, numa segunda
fase do trabalho, foi realizada a gestão de obra da execução do projeto desenvolvido.

Embora tratando-se de um projeto para uma obra em Moçambique, o desenvolvimento da


solução técnica foi, de uma forma geral, realizado em Portugal, sendo o contacto com o
cliente, ou seu representante legal, realizado, sempre que necessário, à distância,
telefonicamente e por videoconferência, mas dada a dimensão e complexidade da
instalação, também obrigou a deslocações pontuais ao local da obra, para reuniões de
coordenação de projeto

A gestão de obra, nas suas diversas vertentes: técnica, logística, financeira, contratual,
exigiu uma presença efetiva e quase permanente em obra, pois há determinados aspetos
que devido à sua complexidade de execução e necessidade de supervisão exigem a
presença no local de obra.

3.2. DESCRIÇÃO DA INSTALAÇÃO


O trabalho de engenharia desenvolvido no âmbito da presente dissertação, teve por base
uma instalação industrial de produção de cerveja, situada no distrito de Marracuene, em
Moçambique, promovida pela CDM, Cervejas de Moçambique, como subsidiária da
AbinBev.

120
Trata-se de uma instalação industrial de grande dimensão, com uma capacidade de
produção anual de 200 milhões de litros de cerveja [42], instalada num lote de
aproximadamente 714 232 m2 e com uma área de construção de aproximadamente 419 326
m2 .

A unidade industrial é constituída pelas seguintes instalações principais:

− Estação de tratamento de água;

− Zona produção;

− Subestação;

− Zona de caleiras;

− Entrada de camiões;

− Zona de fermentação;

− Zona de furos de água;

− Oficina;

− Zona de carga e descarga;

− Zona de embalamento;

− Área de suporte (clínicas, receção, cantina, vestiários).

121
A Figura 44 mostra uma vista geral de implantação da instalação, com a identificação da
localização das diversas instalações da unidade industrial.

Figura 44: Identificação e localização das diversas instalações da unidade industrial

A Figura 45 mostra uma vista geral da execução da unidade industrial, à data de junho de
2020.

Figura 45: Vista geral da unidade industrial, junho de 2020

122
3.3. PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
A realização de um projeto para uma unidade industrial de produção de cerveja, é um
desafio extremamente exigente para a engenharia em geral e para a engenharia
eletrotécnica em particular, quer pela sua dimensão, quer pela quantidade e complexidade
de sistemas que estão presentes neste tipo de instalação.

Nos parágrafos seguintes será apresentado o trabalho de projeto de instalações elétricas


desenvolvido no âmbito desta instalação, assim como a apresentação e justificação das
soluções de engenharia adotadas ao longo do mesmo.

3.3.1. DESCRIÇÃO GERAL DA SOLUÇÃO DE ENGENHARIA

Um projeto EPC incorpora o desenvolvimento da solução, o fornecimento de equipamento,


e também a execução da instalação.

A primeira fase, de projeto, é onde ocorre a realização do trabalho de engenharia com o


desenvolvimento da solução técnica, tendo por base as condições especificadas pelo dono
de obra no caderno de encargos da empreitada.

Em termos de solução geral de engenharia, destaca-se o facto da instalação, devido à falta


de capacidade e à baixa fiabilidade da rede pública de transporte e distribuição de energia
elétrica Moçambicana, no geral e, em particular, no local de implantação da instalação, ser
dotada de uma central local de produção de energia, que assegura a alimentação em regime
normal de funcionamento da instalação.

Dada a dimensão física da instalação, assim como a elevada potência necessária para
assegurar o esperado funcionamento da instalação, a distribuição de energia dentro do
complexo industrial é realizada através de dois (2) anéis de média tensão.

É prevista uma subestação que fará a interligação entre a central geradora e os anéis de
distribuição em média tensão, e permitirá também a futura interligação da instalação com a
rede pública de distribuição, quando esta for desenvolvida e assegurar os níveis de
fiabilidade necessários.

123
A distribuição de energia em média tensão é realizada por intermédio das duas linhas em
anel que irá permitir alimentar doze Postos de Transformação (PT) localizados no interior
da unidade industrial.

Os Quadros Gerais de Baixa Tensão (QGBT) dos Postos de Transformação alimentam a


rede de distribuição em baixa tensão dentro das instalações de utilização.

Por forma a assegurar a ininterrupção da alimentação das cargas críticas existentes na


instalação, esta será dotada de unidades de alimentação ininterrupta (UPS).

3.3.2. ESTIMATIVA DE POTÊNCIA

A estimativa de potência a alimentar para a instalação é de extrema dificuldade e


importância, porque se esta não for realizada de forma adequada poderá condicionar o
correto funcionamento da instalação ou impor custos desnecessários para a obra.

A estimativa de potência foi realizada tendo por base a definição de cargas definidas numa
fase de anteprojeto, sendo especificada no caderno de encargos do cliente, bem como as
principais guidelines que devem ser seguidas no projeto e dimensionamento das diversas
instalações e infraestruturas.

Atendendo à definição de cargas para a instalação, foram instalados dois (2) anéis de
média tensão, nos quais serão instalados doze (12) postos de transformação, conforme
definido no parágrafo 3.3.4 do presente relatório. A potência instalada nos postos de
transformação do anel um (1) é de 12 MVA e a potência instalada no anel dois (2) é de
4,75 MVA, num total 16,75 MVA.

Atendendo à experiência adquirida pela empresa em projetos de instalações similares à


informação obtida junto do dono de obra, na estimativa da potência global para a
instalação, foi considerado um coeficiente de simultaneidade de 50% face à potência
instalada nos postos de transformação, resultante do projeto de detalhe para as cargas, isto
é aproximadamente 8,38 MVA.

Atendendo à normalização da potência dos grupos geradores, a central de autoprodução


será assim prevista para uma potência de 8,85 MVA.

124
3.3.3. ALIMENTAÇÃO DA INSTALAÇÃO

3.3.3.1. REDE PÚBLICA

Por um lado, dada a não existência de rede pública no local de implantação deste tipo de
unidades industriais ou, se esta existir, a falta de capacidade da mesma para assegurar
alimentação das instalações e, por outro lado, os reduzidos índices de fiabilidade da rede
pública, seja em termos de continuidade da alimentação, seja em termos de qualidade da
onda de tensão, projetos com as caraterísticas, dimensão e importância do desenvolvido no
âmbito da presente dissertação, são em regra, dotados de instalações locais de produção de
energia, com capacidade para assegurar o funcionamento normal da instalação.

No local de implantação da unidade industrial, não existe possibilidade de alimentação da


mesma através da rede pública de transporte e distribuição de Moçambique.

Atendendo à perspetiva futura de expansão e reforço da potência da rede elétrica de


Moçambique, foram previstas infraestruturas na Subestação da instalação, para interligação
futura, entre outras, à rede pública de média tensão, a uma tensão de serviço de 33 kV,
sendo que é este o nível de tensão utilizado na zona de implementação da unidade
industrial, conforme descrito no parágrafo 3.3.3.4 do presente trabalho.

3.3.3.2. CENTRAL DE AUTOPRODUÇÃO

Como não será realizada a interligação da instalação com a rede pública de transporte e
distribuição de Moçambique, a instalação será dotada de uma central geradora de produção
local de energia elétrica, com recurso a grupos eletrogéneos.

Serão instalados cinco (5) grupos geradores, quatro (4) de 2,2 MVA e um (1) de 0,5 MVA,
num total de 8,85 MVA, com tensão de produção de 11 kV, permitindo a interligação
direta com a rede de distribuição interna em média tensão, não havendo necessidade de
instalação de transformadores elevadores na subestação.

125
A Figura 46 mostra o local previsto para a instalação da central de produção de energia
com recurso a grupos eletrogéneos.

Figura 46: Área prevista para a instalação da central de Autoprodução

A central de produção local de energia elétrica não será desenvolvida no presente trabalho,
pois não é um objetivo do mesmo.

3.3.3.3. CENTRAL DE PRODUÇÃO FOTOVOLTAICA

Atendendo à elevada radiação solar a que o continente africano está exposto e, ao cada vez
menor custo dos sistemas de produção solar fotovoltaica, foi previsto, na subestação, um
(1) painel para futura interligação do parque de produção de energia solar fotovoltaica, que
de acordo com informação disponibilizada pelo dono de obra, tendo por base um estudo
prévio realizado, será de 9 MVA.

126
A Figura 47 mostra o local previsto para a futura instalação da central fotovoltaica.

Área sem construção

Figura 47: Área prevista para instalação da futura central fotovoltaica

A central de produção fotovoltaica não será desenvolvida no presente trabalho, pois não é
um objetivo do mesmo.

3.3.3.4. SUBESTAÇÃO

3.3.3.4.1. GENERALIDADES

A subestação de uma instalação sendo um elemento de controlo do fluxo de energético


entre a produção e as cargas deverá ser alvo de um complexo estudo de forma a poder
suprimir todas as necessidades atuais e estar preparada para as possíveis expansões que a
instalação possa vir a sofrer.

Se a possibilidade de expansão de uma instalação não for acautelada no seu


dimensionamento uma futura expansão poderá revelar-se uma solução bastante mais
dispendiosa.

A instalação será dota de uma subestação com a função de, por um lado, permitir a
interligação da central de produção local (grupos eletrogéneos), a rede pública de
transporte e distribuição e a futura central fotovoltaica e, por outro lado, a distribuição de
energia em média tensão na instalação.

127
A subestação será do tipo interior, equipada com um (1) quadro modular de média tensão,
QMMT – denominado pelo cliente de Main Switchgear com o nível de tensão de 11 kV, e
um (1) sistema de serviços auxiliares de corrente continua.

O Main Switchgear será do tipo “Metal Enclosed” constituído por celas modulares de
seccionadores e disjuntores que desempenham a função de proteção e corte. Esta solução é
caraterizada por ser a solução mais económica uma vez que tem uma operação bastante
mais simples da que existe quando estamos perante um equipamento extraível.

A Figura 48 mostra o local previsto para a instalação da subestação.

Figura 48: Área prevista para a instalação da subestação

3.3.3.4.2. ESQUEMA UNIFILAR

A subestação tem um (1) barramento simples interruptivel, de forma permitir uma maior
flexibilidade na instalação visto que assim é possível realizar uma melhor distribuição de
cargas (painéis). Além do equilíbrio de cargas esta solução permite aumentar o nível de
fiabilidade da instalação uma vez que assegura a mudança de barramento de alimentação
sem que haja corte de energia nas cargas.

128
A subestação será dotada de dezassete (17) painéis distribuídos pelos dois (2) semi-
barramentos: painéis destinados à distribuição de energia, painéis destinados à interligação
das fontes locais de produção de energia, painéis de interligação futura com a rede de
transporte e distribuição pública, painéis de contagem e consignação e painel de
interligação de barramentos. Atendendo à possibilidade de expansão futura da instalação e,
por solicitação do dono de obra, foram ainda previstos dois (2) painéis de reserva para a
instalação de grupos geradores e outras centrais de produção.

129
Os painéis constituintes da subestação são:

− Painel 1 – Anel 1;

− Painel 2 – Anel 2;

− Painel 3 – Grupo Gerador 1 de 2.2 MVA;

− Painel 4 – Grupo Gerador 2 de 2.2 MVA;

− Painel 5 – Grupo Gerador 3 de 0.5 MVA;

− Painel 6 – Grupo Gerador 6 de 2.2 MVA (futura possível expansão);

− Painel 7 – Ligação 1 à rede EDM (futura possível expansão);

− Painel 8 – Cela de medida;

− Painel 9 – Inter-Barras;

− Painel 10 – Subida de barras e medida;

− Painel 11 – Ligação 2 à rede pública de distribuição da EDM (futura possível


expansão);

− Painel 12 – Central de produção fotovoltaica 9 MVA (futura possível expansão);

− Painel 13 – Gerador 7 de 2.2 MVA (futura possível expansão);

− Painel 14 – Gerador 5 de 2.2 MVA;

− Painel 15 – Gerador 4 de 2.2 MVA;

− Painel 16 – Anel 2;

− Painel 17 – Anel 1.

A Figura 49 mostra o esquema simplificado da subestação.

130
Figura 49: Esquema unifilar simplificado da subestação (Semi–barramento I em cima e Semi–
barramento II em baixo)

131
3.3.3.4.3. BARRAMENTO

O barramento de média tensão é um condutor de baixa impedância ao qual são ligados


vários circuitos elétricos, de tipologia barramento simples interruptível.

Foi definida esta tipologia para o barramento de modo a garantir que as cargas nunca
fiquem sem energia quando um (1) dos painéis de qualquer semi-barramento tivesse de ser
intervencionado.

O barramento será dimensionado para a potência máxima estimada para a instalação que é
de16.75 MVA.

A corrente de serviço no barramento será assim de:

(16)

Foi ainda considerado um fator de expansão futura da instalação de 30% face à potência
atual, totalizando assim uma corrente máxima de 1142 A sendo normalizado um
barramento com a corrente nominal de 1250 A.

132
3.3.3.4.4. PAINEL DE ACOPLAMENTO E MEDIÇÃO

O painel de inter-barras tem por função


interligar os dois (2) semi-barramentos em
caso de necessidade de comutação do fluxo de
energia.

O painel de Inter-barras é constituído


fisicamente por dois (2) painéis.

Na Figura 50 é possível observar que o


primeiro painel é responsável pelo corte e
proteção e o segundo painel é destinado à
medida e contagem e à subida de barras.

Trata-se de um (1) painel constituído pelos


seguintes equipamentos principais:

- Disjuntor

Trata-se do equipamento com a função de


proteção com uma corrente nominal de 1250
A, valor correspondente ao máximo suportado
pelo barramento.

Este equipamento desempenhará a sua função


com o auxílio de um (1) relé de proteção que
permitirá a parametrização dos níveis de
seletividade pretendidos.
Figura 50: Esquema unifilar do painel Inter-Barras.
O disjuntor foi ainda definido como
motorizado de forma a poder ser operado
remotamente.

133
- Seccionador - Interruptor

Trata-se do equipamento de corte, destinado ao isolamento de cada um (1) dos semi-


barramentos. Não tendo este equipamento poder de corte geralmente não pode ser
manobrado em carga, no entanto, neste caso específico do inter-barras isto não é aplicável
uma vez que os dois (2) semi-barramentos têm de estar ao mesmo potencial, logo não há
circulação de corrente.

Este equipamento é constituído por um (1) Three Position Switch (TPS) que permite a
operação em três (3) modos distintos:

− Seccionador OFF

Este modo tem o seccionador de terras aberto e o seccionador de linha aberto;

− Seccionador ON

O seccionador estará fechado e o seccionador de terra deverá estar aberto – Modo


normal de exploração;

− Terras ON

Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter de garantir que a outra extremidade não está em tensão.

- Transformador de intensidade

O transformador de medida é o responsável por fornecer ao relé de proteção todas as


informações necessárias para a contagem e para a proteção do QMMT.

134
No caso do painel do inter-barras foi considerado um (1) transformador de corrente com
1250 A no primário, uma vez que é este o valor máximo do quadro. No secundário do TI
foram dimensionados dois (2) enrolamentos. Um (1) enrolamento para a medida e um (1)
enrolamento para a proteção ambos de 1A. Este valor do secundário foi dimensionado em
detrimento do de 5A uma vez que:

− Resulta num menor aquecimento, principalmente em grandes distâncias dado que a


potência para 5A tem de ser maior;

− Melhores medidas por causa do corrente arranque necessária para os


transformadores de 5A;

− A correntes são menores com 1A e por isso as perdas são necessárias menores nos
condutores com 1A, permitindo assim equipamentos com uma menor potência;

- Transformador de tensão

O transformador de tensão (TT) é responsável por permitir medir o valor da tensão elétrica,
neste caso, no Semi-Barramento II. Esta informação deverá ser enviada para os aparelhos
de medida e contagem e para as unidades de proteção, comando e controlo, sendo para isso
ligado em paralelo com o barramento.

O TT dimensionado tem o enrolamento primário a 11 kV e dois (2) enrolamentos


secundários.

O primeiro enrolamento secundário é destinado à contagem, medida, registo, sincronização


e regulação do valor da tensão e este apresenta o valor de 110/√3 V com uma classe de
precisão de 0.2, valor este que permite uma elevada fiabilidade na medida da tensão.

O segundo enrolamento secundário é dimensionado com o objetivo principal de proteção


tendo para isso o valor de 110/3 V com uma classe normalizada de 3P.

3.3.3.4.5. PAINEL DE LINHA – ANÉIS INTERNOS

A subestação integra quatro (4) painéis de linha de média tensão, para alimentação aos dois
(2) anéis internos de média tensão.

135
Este painel é destinado à alimentação das duas redes internas de
média tensão.

Na Figura 51 é possível observar o esquema unifilar dos painéis


de linha de média tensão.

Trata-se de um painel constituído pelos seguintes equipamentos


principais:

- Disjuntor

Trata-se do equipamento com a função de proteção com uma


corrente nominal de 1250 A, no caso do primeiro anel e 630 A no
caso do segundo anel, auxiliado com um relé de proteção
parametrizado para efetuar o corte aquando do valor
parametrizado fruto do estudo de seletividade da instalação.

(17)

(18)

Foi aplicado um fator de uniformização ao projeto em que apenas


foram dimensionados equipamentos na subestação de 1250 A e
630 A ficando assim salvaguardadas futuras alterações na
instalação.
Figura 51: Esquema
unifilar de um painel de O disjuntor foi ainda dimensionado como motorizado de forma a
linha de média tensão
poder ser operado remotamente.

136
- Seccionador - Interruptor

Trata-se do equipamento de corte, destinado ao isolamento das alimentações de cada um


(1) dos ramais das redes internas de média tensão. Este equipamento, por não ter poder de
corte, nunca deverá ser manobrado em carga e é constituído por um (1) Three Position
Switch (TPS) que permite a operação em três (3) modos distintos:

− Seccionador OFF

Este modo tem o seccionador de terras aberto e o seccionador de linha aberto;

− Seccionador ON

O seccionador estará fechado e o seccionador de terra deverá estar aberto – Modo


normal de exploração;

− Terras ON

Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter de garantir que a outra extremidade não está em tensão.

- Transformador de intensidade

Para medição da corrente no painel de linha das redes internas de média tensão foram
considerados TIs de 1000 A e 300 A, conforme o painel (anel um (1) ou anel dois (2)) em
que estes seriam instalados.

137
A Tabela 11 indica as características dos transformadores de intensidade existentes nos
diversos painéis de linha da subestação.

Tabela 11: Dimensionamento dos Transformadores de Correntes nos painéis de Linha

In
Potência Máxima Corrente Máxima In Secundário
Painel Alimentação
Prevista (MVA) Admissível (A) (A)
Primário (A)

+K01 Anel 1 12 630 1000 1

+K02 Anel 2 4,75 249 300 1

+K16 Anel 2 4,75 249 300 1

+K17 Anel 1 12 630 1000 1

Neste equipamento, os TIs, foram considerados enrolamentos secundários duplos de 1 A.


Um (1) enrolamento deverá ser usado para a medida e outro enrolamento deverá ser usado
para a proteção. A opção do dimensionamento deste valor do secundário em detrimento do
de 5 A acontece uma vez que:

− Resulta num menor aquecimento, principalmente em grandes distâncias dado que a


potência para 5 A tem de ser maior;

− Melhores medidas por causa do corrente arranque necessária para os


transformadores de 5 A;

− A correntes são menores com 1 A e por isso as perdas são necessárias menores nos
condutores com 1 A, permitindo assim equipamentos com uma menor potência;

138
3.3.3.4.6. PAINEL DE ENTRADA – GRUPO GERADOR

A subestação integra cinco (5) painéis de grupos geradores, quatro


(4) de 2,2 MVA e um (1) de 0,5 MVA.

Trata-se de um painel cuja função é interligação dos geradores com


os semi-barramentos que por sua vez irão alimentar as cargas da
instalação.

A Figura 52 mostra o esquema unifilar dos painéis relativos aos


grupos geradores de 2,2 MVA, sendo semelhante para o gerador de
0,5 MVA.

- Disjuntor

O disjuntor tem por função fazer a proteção do equipamento em


caso de curto circuito. Apesar da corrente injetada pelos dois (2)
geradores ser diferente foi considerado o mesmo equipamento
sendo que a seletividade é feita por intermédio do relé de proteção.

(19)

(20)

Nestes painéis foram considerados equipamentos de 630 A uma vez


que é possível ajustar o calibre do mesmo através do Sistema de

Figura 52: Esquema Proteção de Controlo e Comando (SPCC) utilizado.


unifilar dos painéis de
grupo geradores

139
- Seccionador - Interruptor

O seccionador destina-se ao isolamento deste painel não tendo qualquer poder de corte
sendo que apenas deverá ser manobrado em vazio. Este equipamento é, constituído por um
Three Position Switch (TPS) que permite a operação em três (3) modos distintos:

− Seccionador OFF

Este modo tem o seccionador de terras aberto e o seccionador de linha aberto;

− Seccionador ON

O seccionador estará fechado e o seccionador de terra deverá estar aberto – Modo


normal de exploração;

− Terras ON

Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter de garantir que a outra extremidade não está em tensão.

- Transformador de intensidade

Por forma a ser possível medir com exatidão a corrente injetada por cada um dos geradores
e a garantir a proteção das cablagens foram considerados TIs adequados aos geradores
nestes painéis.

140
Na Tabela 12 está representado o dimensionamento dos transformadores de corrente nos
painéis de entrada.

Tabela 12; Dimensionamento dos Transformadores de Corrente nos painéis de entrada

Corrente In
Potência Máxima In Secundário
Painel Alimentação Máxima
Prevista (MVA) (A)
Admissível (A) Primário (A)

+K03 Gerador 1 2,2 115,5 150 1

+K04 Gerador 2 2,2 115,5 150 1

+K05 Gerador 3 0,5 26,2 150 1

+K14 Gerador 5 2,2 115,5 150 1

+K15 Gerador 4 2,2 115,5 150 1

A corrente nominal do primário foi uniformizada de acordo com a corrente injetada pelo
equipamento de maior potência, gerador de 2,2 MVA, sendo por isso dimensionado um
equipamento de 150 A com dois (2) enrolamentos de secundários de 1 A.

A escolha dos enrolamentos secundários de 1 A em vez de 5 A deve-se aos seguintes


fatores:

− Resulta num menor aquecimento, principalmente em grandes distâncias dado que a


potência para 5 A tem de ser maior;

− Melhores medidas por causa do corrente arranque necessária para os


transformadores de 5 A;

− A correntes são menores com 1 A e por isso as perdas são necessárias menores nos
condutores com 1 A, permitindo assim equipamentos com uma menor potência;

141
- Transformador de tensão

No caso dos painéis destinados a receber a alimentação de energia proveniente dos


geradores antes destes serem interligados com o barramento é necessário garantir que os
mesmos se encontram ao mesmo potencial tendo sido por isso equipados com TTs que
permitem garantir o sincronismo entre as unidades de geração.

O TT dimensionado tem o enrolamento primário a 11 kV e dois (2) enrolamentos


secundários.

O primeiro enrolamento secundário é destinado à contagem, medida, registo, sincronização


e regulação do valor da tensão e este apresenta o valor de 110/√3 V com uma classe de
precisão de 0.2, valor este que permite uma elevada fiabilidade na medida da tensão.

O segundo enrolamento secundário é dimensionado com o objetivo principal de proteção


tendo para isso o valor de 110/3V com uma classe normalizada de 3P.

142
3.3.3.4.7. PAINEL DE LINHA – REDE PÚBLICA

A subestação integra dois (2) painéis destinados à integração da


rede pública.

Trata-se de um painel cuja função é garantir o corte e


seccionamento da energia proveniente do distribuidor local de
energia.

A Figura 53 mostra o esquema unifilar dos painéis de linha da


rede pública. Estes painéis são equipados com:

- Disjuntor

O aparelho de corte presente, destinado à proteção da


canalização proveniente da rede pública, foi dimensionado de
acordo com a corrente máxima permitida no quadro uma vez
que não existiu uma indicação atempada e clara, por parte do
distribuidor local de energia, de qual o calibre que deveria ter
sido considerado.

O disjuntor foi ainda definido como motorizado de forma a


poder ser operado remotamente.

- Seccionador - Interruptor

O seccionador destina-se ao isolamento da alimentação externa


à instalação, rede pública, sendo que este não possui qualquer
poder de corte podendo apenas ser manobrado em vazio. Este

Figura 53: Esquema unifilar equipamento é, constituído por um (1) Three Position Switch
dos painéis de linha da (TPS) que permite a operação em três (3) modos distintos:
rede pública

143
− Seccionador OFF

Este modo tem o seccionador de terras aberto e o seccionador de linha aberto;

− Seccionador ON

O seccionador estará fechado e o seccionador de terra deverá estar aberto – Modo


normal de exploração;

− Terras ON

Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter de garantir que a outra extremidade não está em tensão.

- Transformador de intensidade

No caso dos transformadores de corrente, os TIs, não havendo uma informação clara de
qual a potência da rede que iria alimentar a instalação foram considerados equipamentos
com um fator de simultaneidade de 50% da capacidade do barramento. Esta decisão foi
tomada tendo em conta o conhecimento da empresa na realização de projetos similares no
mesmo mercado.

O TI tem o enrolamento primário de 600 A com dois (2) núcleos secundários de 1 A. O


primeiro núcleo é destinado à contagem, medida e leitura de valores enquanto o segundo é
destinado à proteção contra sobreintensidades e sobrecargas.

A opção pelo enrolamento secundário de 1 A foi tomada devido às seguintes vantagens em


relação aos secundários de 5 A:

− Resulta num menor aquecimento, principalmente em grandes distâncias dado que a


potência para 5 A tem de ser maior;

− Melhores medidas por causa do corrente arranque necessária para os


transformadores de 5 A;

− A correntes são menores com 1 A e por isso as perdas são necessárias menores nos
condutores com 1 A, permitindo assim equipamentos com uma menor potência;

144
- Transformador de tensão

O transformador de tensão integrado neste painel tem como principal função garantir que
no caso de haver um fluxo de energia proveniente da rede pública esta se encontra ao
mesmo potencial antes de ser interligada com o barramento da subestação.

O TT dimensionado tem o enrolamento primário a 11 kV e dois (2) enrolamentos


secundários.

O primeiro enrolamento secundário é destinado à contagem, medida, registo, sincronização


e regulação do valor da tensão e este apresenta o valor de 110/√3 V com uma classe de
precisão de 0.2, valor este que permite uma elevada fiabilidade na medida da tensão.

O segundo enrolamento secundário é dimensionado com o objetivo principal de proteção


tendo para isso o valor de 110/3V com uma classe normalizada de 3P.

145
3.3.3.4.8. PAINEL TRANSFORMADOR DE TENSÃO

Trata-se de um painel cuja função é fornecer o valor da tensão a


que o barramento está a ser sujeito para os aparelhos de medida e
contagem e também para o sistema de proteção, controlo e
comando.

A Figura 54 representa o esquema unifilar do painel de medida.

No caso do primeiro semi-barramento teve que ser dimensionado


um painel específico para esta função uma vez que o
equipamento não permite a colocação de transformadores de
tensão diretamente no barramento.

Trata-se de um painel constituído por:

- Seccionador - Interruptor

O interruptor destina-se ao isolamento da ligação aos


transformadores de tensão. Este equipamento não necessita de ser
articulado com equipamento com poder de corte uma vez que a
corrente que por ele irá circular terá um valor residual. O
interruptor é, constituído por um Three Position Switch (TPS)
que permite a operação em três (3) modos distintos:

− Seccionador OFF

Este modo tem o interruptor de terras aberto e o


interruptor de linha aberto;

Figura 54: Esquema


− Seccionador ON
unifilar do painel de
medida
O interruptor estará fechado e o interruptor de terra
deverá estar aberto – Modo normal de exploração;

146
− Terras ON

Este modo tem o interruptor de linhas aberto enquanto o interruptor de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar o
cabo tendo por isso ter que garantir que a outra extremidade não está em tensão.

- Transformador de tensão

Será o TT o responsável por medir o valor da tensão elétrica, neste caso, no semi-
barramento I. Esta informação deverá ser enviada para os aparelhos de medida e contagem
e para as unidades de proteção, comando e controlo, sendo para isso ligado em paralelo
com o barramento.

O cruzamento da informação recebida por este equipamento no semi-barramento I e o


recebido no semi-barramento II irá permitir fazer o sincronismo entre ambos os
barramentos garantindo que no momento de fecho do mesmo este se encontra ao mesmo
potencial.

O TT dimensionado tem o enrolamento primário a 11 kV e dois (2) enrolamentos


secundários.

O primeiro enrolamento secundário é destinado à contagem, medida, registo, sincronização


e regulação do valor da tensão e este apresenta o valor de 110/√3 V com uma classe de
precisão de 0.2, valor este que permite uma elevada fiabilidade na medida da tensão.

O segundo enrolamento secundário é dimensionado com o objetivo principal de proteção


tendo para isso o valor de 110/3V com uma classe normalizada de 3P.

147
3.3.3.4.9. SERVIÇOS AUXILIARES

Este quadro foi dimensionado para ter os seus serviços auxiliares, responsáveis por
alimentar os compartimentos de baixa tensão, as motorizações dos disjuntores, os relés de
proteção e os indicadores luminosos que indicam o estado de cada painel, a funcionar a
110 VDC.

Para corresponder ao caderno de encargos a solução desenvolvida/instalada foi um armário


de Serviços Auxiliares de Corrente Continua (SACC) com um retificador 230 VAC /
110VDC com a incorporação de baterias que permitem uma autonomia de cinquenta (50)
minutos.

Como medida de segurança foram ainda dimensionados os painéis com bobines de mínima
tensão para que no caso de falhar a alimentação à instalação por mais de cinquenta (50)
minutos a bobine irá ser responsável pela abertura dos painéis.

Cinquenta (50) minutos de autonomia do SACC permitem ao explorador da instalação ter


tempo para analisar o defeito e repor a energia sem interferir com o normal funcionamento
do quadro.

3.3.3.4.10. OUTRAS PARTICULARIDADES

Devido ao facto de esta ser uma instalação localizada no continente africano onde nem
sempre os técnicos têm qualificações adequadas para a exploração deste equipamento foi
desenvolvido uma solução que permite desligar/ligar o painel de quadro localmente a uma
distância segura de pelo menos 20 metros.

148
Para isso foi projetada uma (1) “Caixa de comando à distância”, ilustrada na Figura 55 que
depois de conectada ao painel, permite abrir ou fechar o painel a uma distância superior a
vinte (20) metros.

Figura 55: Caixa de comando à distância

No que toca ao funcionamento interno da ficha de comando esta apresenta uma filosofia de
funcionamento bastante simples. É composta por dois (2) contactos normalmente abertos –
NO que quando pressionados fecham e permitem passar a polaridade para a bobine de
abertura e/ou de disparo, ou no caso desta instalação para a proteção.

Usando um conector macho de uma ficha trifásica ligada à ficha de comando, assim que
clicamos no botão ON o contacto L3 – PE será fechado e sua vez irá ativar a BI, Binary
Input, do relé de proteção que através da parametrização irá fazer atracar a bobine de fecho
do disjuntor. Uma engenharia semelhante acontece para a abertura do disjuntor L1 – L2,
terá de ser fechada através do botão OFF da ficha e uma outra BI é ativada que faz ativar
novamente ativar uma bobina, mas tratando-se desta vez de uma bobine de abertura.

149
Na Figura 56 está representado o esquema elétrico da Caixa de Comando à distância.

Figura 56: Esquema elétrico da caixa de comando à distância

3.3.4. REDE INTERNA DE MÉDIA TENSÃO

3.3.4.1. GENERALIDADES

Dado o elevado valor da potência especificada para a instalação, assim como a elevada
distância entre cargas/áreas a alimentar, foi necessário realizar uma rede de distribuição
interna de média tensão.

A distribuição interna em média tensão será realizada através de duas redes em anel.

Um anel, dimensionado para uma potência de 12 MVA, que integrará seis (6) postos de
transformação de 2000 kVA cada e, um outro anel, dimensionado para uma potência de
4,75 MVA, que integrará seis (6) postos de transformação, mas, neste caso, de menor
potência: um (1) transformador de 1500 kVA, três (3) transformadores de 800 kVA, um (1)
transformador de 500 kVA e um (1) transformador de 350 kVA.

A opção pela construção de dois (2) anéis justifica-se pelo facto de termos dois (2)
objetivos distintos na alimentação. O anel de 12 MVA é totalmente dedicado à alimentação
do equipamento essencial na produção, enquanto o segundo anel, é um anel exterior que

150
percorrerá toda a periferia da unidade industrial e é responsável por alimentar aquilo que
serão considerados os serviços auxiliares para o funcionamento da instalação.

A Figura 57 mostra o diagrama unifilar da rede de distribuição de energia elétrica em


média tensão da instalação.

Figura 57: Diagrama unifilar de média tensão da instalação

151
3.3.4.2. ANEL 1

3.3.4.2.1. CONSTITUIÇÃO

A alimentação a este anel é realizada por intermédio do painel +K01 e +K17 do quadro
SIMOSEC, quadro modular de média tensão (QMMT) da subestação, alimentando seis (6)
postos de transformação (PT) de 2000 kVA cada um.

Por requisito do cliente, os troços de cabos da rede interna de média tensão deverão ser
dimensionados para permitir no futuro a ligação de mais dois (2) transformadores de 2
MVA e dois (2) de 1,5 MVA.

A Tabela 13 indica os postos de transformação alimentados pelo anel um (1) de média


tensão.

Tabela 13: Postos de transformação alimentados pelo Anel 1

Potência Transformadores
Postos de Transformação Alimentação
(kVA)

3.1 Área de produção 1 2000

3.2 Área de produção 2 2000

3.3 Área de produção 3 2000

3.4 (futura instalação) Área de produção 4 2000

5.1 Cervejaria 2000

5.2 Área de processamento de cerveja 2000

5.3 (futura instalação) Área de fermentação 2000

6.1 Linha de embalamento 1 2000

6.2 (futura instalação) Linha de embalamento 3 & 4 1500

6.3 (futura instalação) Linha de embalamento 5 & 6 1500

152
3.3.4.2.2. TIPO DE CANALIZAÇÃO

A rede de média tensão terá métodos de instalação diferentes consoante o anel a que se
refere.

No anel um (1) esta será realizada enterrada diretamente no solo. Esta solução apesar de
levar à diminuição da capacidade de condução dos cabos foi a selecionada com o objetivo
de diminuir o custo da instalação, nomeadamente da tubagem e a otimização do tempo de
instalação uma vez que o tempo necessário para instalar o troço de cabo enterrado ser
significativamente menor do que se o mesmo fosse entubado.

Contudo, em caso de defeito no cabo, o custo para a reparação/substituição é


consideravelmente maior mesmo que estejamos a falar de troços relativamente pequenos.

A Figura 58 é um exemplo de uma vala usada para a instalação do cabo.

Figura 58: Exemplo de uma vala usada para a instalação do cabo

153
3.3.4.2.3. DIMENSIONAMENTO DA CANALIZAÇÃO

- Corrente de serviço

A potência total instalada no anel um (1) é de 12 MVA. No entanto, para fins de


dimensionamento, a potência de serviço será igual à potência instalada mais o somatório da
potência que se prevê que possa vir a ser instalada neste anel, totalizando o valor de 19
MVA.

O cenário de expansão foi tido em consideração uma vez que este anel é considerado o
anel principal da instalação, responsável por alimentar as áreas de produções em que se
prevê a necessidade de expansão devido ao crescimento da unidade industrial.

Tendo em conta a experiência da empresa em projetos anteriores e a informação adquirida


junto do cliente foi selecionado um coeficiente de simultaneidade para este anel de 70%.

Assim, a corrente de serviço no anel um (1) é de:

(21)

A Figura 59 mostra as correntes de serviços nos diversos troços do anel, em função do


ponto de abertura do mesmo.

Figura 59: Corrente de serviço nos diversos troços do Anel 1

154
- Seleção do cabo

Um dos primeiros fatores a ter em conta foi o tipo de cabo a ser considerado.

A “portabilidade” do cabo é um fator de grande importância uma vez que a realização de


projetos em Moçambique obriga a processos logísticos bastante complexos pois os grandes
distribuidores encontram-se maioritariamente na Europa ou no continente asiático.

Pelo motivo anteriormente descrito foi selecionado um cabo tripolar de forma a poder
simplificar esses mesmos processos. A vantagem desta escolha cifra-se na redução dos
volumes de transporte pois com uma menor quantidade de bobines estamos a fornecer cabo
para três (3) fases.

Sendo este cabo instalado diretamente no solo o mesmo foi também dimensionado com
proteção mecânica, armado, uma vez que esta opção permite ter uma maior resistência
mecânica a que este estará sujeito uma vez que não existirá nenhuma tubagem de proteção.

155
Para a seleção do cabo foi necessário recorrer a um catálogo de fabricante onde é possível
ter acesso às caraterísticas técnicas do mesmo conforme a Tabela 14.

Tabela 14: Caraterísticas do cabo de média tensão do Anel 1

Corrente Máxima
Admissível – Iz
Resistência em
Tensão Secção Reatância
Corrente Alternada
(kV) (mm2) Capacitiva (Ω*Km)
Enterrado (Ω/Km)
Diretamente no Solo
(A)

25 168 10,067 0,970

35 200 8,993 0,700

50 237 7,991 0,517

70 288 7,139 0,358

95 343 6,366 0,259


8.7/15
120 388 5,816 0,206

150 435 5,355 0,168

185 489 4,936 0,135

240 565 5,061 0,104

300 634 4,636 0,085

Pela análise da tabela acima podemos concluir que de forma rápida para uma corrente de
serviço de 699 A as opções possíveis são dois (2) condutores por fase de 240 mm2 ou 300
mm2.

156
Como ponto de partida é necessário calcular as perdas por efeito de Joule para estas duas
seções:

(22)

Onde:

− Rca → Resistência em corrente alternada (Ω/Km);

− In → Corrente Nominal (A).

Posto isto obtém-se os valores presentes na Tabela 15.

Tabela 15: Perdas por efeito de Joule nos cabos do Anel 1

Resistência em
Corrente Corrente Perdas por Efeito
Secção (mm2)
Nominal (A) Alternada de Joule (W/Km)
(Ω/Km)

240 0,104 50 815


699
300 0,085 41 531

Para calcular as perdas totais do cabo é necessário ainda calcular as perdas por efeito
capacitivo presentes na Tabela 16.

(23)

Onde:

− U0 → Tensão fase-terra do sistema = 11000/√3 = 6351 V;

− tanδ → fator de perdas no dielétrico - Para cabos isolados a XLPE considerar


0.008;

− Xc → Reatância capacitiva.

157
Tabela 16: Cálculo das perdas por efeito capacitivo no Anel 1

Perdas por
Reatância
Tensão Fase- Fator de Perdas Efeito
Secção (mm2) Capacitiva
Terra (V) no Dielétrico Capacitivo
(Ω*Km)
(W/Km)

240 0,008 5,061 63 758


6351
300 0,008 4,636 69 603

O valor total das perdas é o somatório das perdas por efeito de Joule e das perdas por efeito
capacitivo, resultando assim no valor representado na Tabela 17.

(24)

Tabela 17: Perdas totais dos cabos no Anel 1

Perdas por Perdas por Efeito Perdas


Secção (mm2) Efeito de Joule Capacitivo Totais
(W/Km) (W/Km) (W/Km)

240 50 815 63 758 114 573

300 41 531 69 603 111 135

158
As perdas nos cabos calculadas anteriormente levam a que a temperatura no interior das
valas, com uma profundidade de cento e cinquenta centímetros (150cm) e uma largura de
cem (100) centímetros, aumente sendo para isso necessário calcular o acréscimo de
temperatura de acordo com a fórmula seguinte e o resultado presente na Tabela 18.

(25)

Onde:

− P → perímetro da vala considerada.

Tabela 18: Acréscimo de temperatura no interior da vala do Anel 1

Perdas Totais Perímetro da Vala


Secção (mm2) Acréscimo de Temperatura (ºC)
(W/Km) (m)

240 114 573 4 15,3

300 111 135 4 9,3

Considerando todas as informações apresentadas acima é possível calcular o fator de


correção que deverá ser aplicado ao cabo através da seguinte formula:

(26)

Onde:

− Tc → Temperatura máxima admissível em regime normal de operação (ºC);

− Ta → Temperatura ambiente do local de instalação do cabo (ºC).

159
Resultando no fator de correção presente na Tabela 19:

Tabela 19: Fator de correção no cabo do Anel 1

Temperatura de Temperatura Acréscimo de


Secção (mm2) Fator de Correção
Operação (ºC) Ambiente (ºC) Temperatura (ºC)

240 90 25 15,3 0,9

300 90 25 9,3 0,9

Tendo em conta que serão cabos em paralelo deverá ser considerado um fator de
agrupamento consoante o nível de condutores e um fator de temperatura tendo em conta a
temperatura ambiente média do local da instalação. No caso de Moçambique foi
considerado 25ºC.

160
Estando os três (3) fatores considerados, fator de correção, fator de temperatura e fator de
agrupamento, estes terão de ser multiplicados pela corrente máxima admissível para ser
possível analisar quais os cabos que conseguem suportar a corrente nominal do circuito
conforme Tabela 20.

Tabela 20: Definição da secção de cabo a ser usada no Anel 1

Agrupam
Admissível – Iz

Corrente Final
Fator de

ento - fa
Secção (mm2)

Temperatura

corrigida (A)
(25ºC) - ft
Cabos em
Correção
Corrente

Corrente
Fator de

Fator de
Máxima

Paralelo

(A)
1 1,00 479,34 479,34

2 0,83 397,85 795,71


240 565 0,87 0,97
3 0,76 364,30 1092,90

4 0,67 321,16 1284,63

1 1,00 569,49 569,49

2 0,83 472,67 945,35


300 634 0,93 0,97
3 0,76 432,81 1298,43

4 0,67 381,56 1526,22

Tendo em conta os dados acima a escolha recaiu num cabo tripolar de 240 mm2 com dois
(2) condutores por fase. Esta escolha foi baseada no preço de aquisição do cabo, no peso
do transporte e na facilidade da instalação do mesmo.

Para o condutor de terra do anel, responsável por toda a equipotêncialização, optou-se por
instalar um cabo monopolar de 120 mm2, metade da seção do condutor ativo.

161
Posto isto na Figura 60 estão representados um dos cabos que poderão ser instalados no
anel um (1).

8.7/15 kV 3CX240 mm2 CU C2XLPE/CTS/SWA/PVC BK

1 kV, 1 C x 120 Cu (Cl2)/PVC-70°/PVC

Figura 60: Cabo de média tensão do anel 1

3.3.4.3. ANEL 2

3.3.4.3.1. CONSTITUIÇÃO

O segundo anel da instalação, conforme já descrito, tem uma potência de 4.75 MVA.
Apesar de ter uma potência menor quando comparado com o anel um (1), tem uma
distância significativamente maior.

Este será o anel que irá fazer todo o perímetro exterior da fábrica e alimentar aquilo que
podem ser considerados como os serviços auxiliares da instalação como cantina, entradas,
gabinetes administrativos, oficinas, ETAR etc.

162
Ao contrário do que aconteceu no anel principal, anel um (1), este anel tem postos de
transformação com diferentes potências, naturalmente de acordo com a área que
alimentam. Estas diferenças variam entre os 350 kVA e os 1500 kVA, de acordo com a
Tabela 21 e com a particularidade de não se prever expansão neste anel.

Tabela 21: Descrição de áreas alimentadas pelo Anel 2

Potência Transformador
Posto de
Alimentação
Transformação
(kVA)

2.1 ETAR 800

4.1 Furos de água 500

9.1 Oficina de trabalho 350

7.1 Central de incêndio 800

8.1 Cantina 800

1.1 Portão 1500

3.3.4.3.2. TIPO DE CANALIZAÇÃO

Este anel, por ser uma alimentação secundária e que faz toda a periferia da instalação tem
uma distância significativamente maior (cerca de três (3) km) sendo que por esse motivo
foi instalado dentro de tubagens construídas especificamente para a linha de média tensão.

Esta alteração do método de instalação em relação ao anel um (1) aconteceu devido ao


facto de que em caso de defeito onde fosse necessário proceder à reparação/substituição do
cabo a complexidade de rasgar o pavimento implicava transtornos na produção da fábrica,
nomeadamente nas vias de circulação internas.

163
A Figura 61 representa o esquema de uma instalação de cabos instalados dentro de
tubagens enterradas no solo.

Figura 61: Exemplo de um cabo instalado dentro de tubagens enterradas no solo

3.3.4.3.3. DIMENSIONAMENTO DA CANALIZAÇÃO

Sendo que a potência deste anel é de 4.75 MVA, para fins de dimensionamento e conforme
o usado no anel anterior foi considerado um valor de fator de simultaneidade de 70%. Este
valor foi uma vez mais definido tendo em conta a informação recolhida junto do cliente e a
experiência da empresa em projetos similares.

A corrente de serviço no anel dois (2) é de:

(27)

A Figura 62 mostra as correntes de serviços nos diversos troços do anel dois (2), em
função do ponto de abertura do mesmo.

Figura 62: Corrente de serviço nos diversos troços do Anel 2

164
- Seleção do cabo

Para a seleção do cabo a ser instalado no anel dois (2) a caraterística da “portabilidade” foi
igualmente importante pelo que foi novamente selecionado, e pelo mesmo motivo, um
cabo tripolar.

Apesar deste cabo ser instalado maioritariamente dentro de tubagens foi novamente
dimensionado um cabo armado por forma a manter o padrão do cabo selecionado no anel
anterior e oferecer uma maior resistência mecânica ao mesmo.

Tendo as caraterísticas principais do cabo definidas recorreu-se à tabela de caraterísticas


técnicas para começar o dimensionamento da seção a utilizar. Estas caraterísticas estão
resumidas na Tabela 22.

Tabela 22: Caraterísticas do cabo de média tensão do anel 2

Corrente
Máxima
Admissível – Resistência
Iz Reatância
Tensão Secção em Corrente
Capacitiva
(kV) (mm2) Alternada
(Ω*Km)
Entubado (Ω/Km)
Diretamente
no Solo (A)

25 98 10,067 0,970

35 117 8,993 0,700

50 138 7,991 0,517

70 168 7,139 0,358

95 200 6,366 0,259


8.7/15
120 227 5,816 0,206

150 254 5,355 0,168

185 286 4,936 0,135

240 330 5,061 0,104

300 369 4,636 0,085

165
Pelas informações constantes na tabela acima pode-se concluir que para a corrente de
serviço de 175 A as opções válidas são os condutores com 95 mm2 ou 120 mm2. Neste caso
não iremos necessitar de instalar cabos em paralelo pelo que apenas um (1) condutor por
fase será suficiente.

O dimensionamento é em tudo semelhante ao realizado no anel anterior onde começamos


por calcular as perdas por efeito de Joule para as duas secções selecionadas conforme
ilustrado Tabela 23.

Tabela 23: Perdas por efeito de Joule no cabo do Anel 2

Resistência em
Perdas por
Corrente Corrente
Secção (mm2) Efeito de Joule
Nominal (A) Alternada
(W/Km)
(Ω/Km)

95 0,259 7 888
175
120 0,206 6 274

Posto isto, deve-se calcular de seguida as perdas por efeito capacitivo de acordo com a
Tabela 24.

Tabela 24: Perdas por efeito capacitivo no cabo do Anel 2

Perdas
Tensão Reatância
Fator de Perdas por Efeito
Fase-Terra Secção (mm2) Capacitiva
no Dielétrico Capacitivo
(V) (Ω*Km)
(W/Km)

95 0,008 6,366 50 686


6351
120 0,008 5,816 55 479

166
Tendo já calculado o valor de ambas as perdas, o valor total das perdas do cabo será o
somatório das perdas por efeito de Joule e das perdas por efeito capacitivo conforme
Tabela 25.

Tabela 25: Perdas totais do cabo no Anel 2

Perdas por
Perdas por Efeito Capacitivo
Secção (mm2) Efeito de Joule Perdas Totais (W/Km)
(W/Km)
(W/Km)

95 7 888 50 686 58 574

120 6 274 55 479 61 753

Uma vez mais com o valor das perdas totais é possível determinar o acréscimo de
temperatura que os cabos irão provocar no interior das tubagens.

À semelhança do que acontece com o anel um (1) as valas projetadas com cento e
cinquenta (150) centímetros de profundidade e uma largura de cem (100) centímetros
obteve-se o valor de acréscimo de temperatura presente na Tabela 26.

Tabela 26: Acréscimo de temperatura no interior da vala do Anel 2

Acréscimo de
Secção (mm2) Perdas Totais (W/Km) Perímetro da Vala (m)
Temperatura (ºC)

95 58 574 4 7,8

120 61 753 4 5,1

167
Estando o valor do acréscimo de temperatura definido é possível determinar o fator de
correção que deverá ser aplicado, sendo este o presente na Tabela 27.

Tabela 27: Fator de correção no cabo do Anel 2

Acréscimo de
2 Temperatura de Temperatura Fator de
Secção (mm ) Temperatura
Operação (ºC) Ambiente (ºC) Correção
(ºC)

95 90 25 7,8 0,94

120 90 25 5,1 0,96

Estando este último fator calculado temos todas as condições para que seja possível
determinar qual a seção a ser usada em função da Tabela 28.

Tabela 28: Definição da secção a ser usada no Anel 2

Fator de
Corrente
Cabos Agrupamento Fator de Corrente
Secção Máxima Fator de Corrente
2 em - fa Temperatura Corrigida
(mm ) Admissível Correção final (A)
Paralelo (25ºC) - ft (A)
– Iz

95 200 0,94 1 1,00 0,97 181,97 181,97

120 227 0,96 1 1,00 0,97 211,29 211,29

Pelos dados da tabela acima ambas as seções poderiam ser utilizadas, contudo, por forma a
salvaguardar a instalação a equipa considerou que a redução para o cabo de 95 mm2 poderia
comprometer uma futura expansão, ainda não prevista, pelo que foi selecionado o cabo
com uma secção de 120 mm2.

Para o condutor de terra foi dimensionado um cabo de 70 mm2.

168
Todas as especificações acima referidas culminaram na seleção dos cabos presentes na
Figura 63.

6,35/11 kV 3CX120 mm2 CU C2XLPE/CTS/SWA/PVC BK

1 kV, 1 C x 70 Cu (Cl2)/PVC-70°/PVC

Figura 63: Cabo de média tensão do anel 2

3.3.5. POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO

3.3.5.1. GENERALIDADES

Os Postos de Transformação (PT) são os responsáveis por fazer a interligação entre a rede
interna de média tensão, composta por dois (2) anéis, abordada anteriormente e a rede de
distribuição de baixa tensão que irá ser abordada posteriormente. Sendo este um
equipamento que tem um papel fundamental na instalação existe o interesse que seja
descrito e analisado com detalhe.

No âmbito do presente trabalho foram projetados doze (12) postos de transformação, cada
um destinado à alimentação de uma área e instalações de utilização específicas.

A Tabela 29 mostra as áreas a serem alimentadas por cada um dos postos de transformação.

169
Tabela 29: Áreas a serem alimentadas por cada um dos postos de transformação

Potência
Transformador
Anel Posto de Transformação Alimentação

(kVA)

1 1.1 Portão 1500

1 2.1 ETAR 800

2 3.1 Área de produção 1 2000

2 3.2 Área de produção 2 2000

2 3.3 Área de produção 3 2000

2 3.4 (futura instalação) Área de produção 4 2000

1 4.1 Furos de água 500

2 5.1 Cervejaria 2000

2 5.2 Área de processamento de cerveja 2000

2 5.3 (futura instalação) Área de fermentação 2000

2 6.1 Linha de embalamento 1 2000

2 6.2 (futura instalação) Linha de embalamento 3 & 4 1500

2 6.3 (futura instalação) Linha de embalamento 5 & 6 1500

1 7.1 Central de incêndio 800

1 8.1 Cantina 800

1 9.1 Oficina de trabalho 350

170
3.3.5.2. TIPO DE POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO

Neste projeto foram especificados postos de transformação pré-fabricados compactos,


instalados em cabine própria, no exterior.

Optou-se por este tipo de PT porque deste modo foi possível reduzir a área ocupada pelo
mesmo e diminuir também os encargados com a empreitada de construção civil uma vez
que para a solução dimensionada é apenas necessário construir uma base de assentamento
e não um edifício inteiro simplificando a execução do projeto.

A cabine conterá a parte de média tensão e o transformador de potência, sendo que o


Quadro Geral de Baixa Tensão estará instalado dentro dos edifícios de comando e controlo
pois será necessário um acesso mais frequente aos mesmos de forma a ser possível gerir as
cargas da instalação.

3.3.5.3. APARELHAGEM DE MÉDIA TENSÃO

Nos postos de transformação serão usados quadros de média tensão (QMMT), de


isolamento integral a SF6, vulgarmente denominados de Blocos Rede Anel (Ring Main
Unit - RMU), constituídos por dupla entrada/saída de média tensão, uma saída de
alimentação e proteção ao transformador.

A utilização dos blocos rede anel deveu-se ao facto de esta ser uma solução compacta e
que permite economizar o espaço necessário para a instalação do mesmo.

Atendendo à existência de postos de transformação equipados com transformadores de


diversas potências e com o propósito procurar normalizar as soluções, de forma a que os
custos de aquisição, instalação e exploração pudessem ser minimizados, foram definidos
dois (2) modelos de Blocos Rede Anel, idênticos em termos de função desempenhada, mas
diferentes em termos da corrente estipulada dos seccionadores de entrada/saída e
barramento de média tensão: Um bloco rede anel de 1250 A e um bloco rede anel de 630
A.

O bloco rede anel com aparelhagem de 1250 A a instalar nos postos de transformação
integrantes do anel um (1) e o bloco rede anel, com aparelhagem de 630 A, a instalar nos
postos de transformação integrantes do anel dois (2).

171
A função de corte e proteção ao transformador será sempre realizada com aparelhagem
com corrente estipulada de 630 A, pois apenas depende da potência do transformador que
alimenta.

A proteção ao transformador será realizada através de disjuntor, em vez do tradicional


fusível, devido ao facto de ser necessário assegurar a seletividade de funcionamento das
proteções, de forma a garantir a máxima continuidade de serviço da instalação.

A Figura 64 mostra o esquema unifilar do bloco rede anel, equipado com aparelhagem com
uma corrente estipulada de 1250 A.

Figura 64: Diagrama unifilar do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 1250 A

172
A Figura 65 mostra o esquema unifilar do bloco rede anel, equipado com aparelhagem com
uma corrente estipulada de 630 A.

Figura 65: Diagrama unifilar do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 630 A

Os blocos rede anel são motorizados para permitir o comando à distância das celas dos
seus diversos equipamentos.

173
Os seccionadores especificados foram do tipo Three Position Switch (TPS) que permitem a
operação em três (3) modos distintos:

− Seccionador OFF

Este modo tem o seccionador de terras aberto e o seccionador de linha aberto;

− Seccionador ON

O seccionador estará fechado e o seccionador de terra deverá estar aberto – Modo


normal de exploração com o anel;

− Terras ON

Este modo tem o seccionador de linhas aberto enquanto o seccionador de terras está
fechado. Esta manobra acarreta uma atenção extra uma vez que estaremos a aterrar
o cabo tendo por isso ter que garantir que a outra extremidade não está em tensão.

174
Recorrendo ao portfólio da SIEMENS SA o equipamento que permite dar resposta aos
requisitos para os postos de transformação equipados com transformadores de 1500 e 2000
kVA e, que apresentam as dimensões mais reduzidas, visto ser para instalar no interior de
uma cabine, é a família do NxPlus C, tendo este quadro 1754 mm por 2250 mm, como se
pode observar na Figura 66.

Figura 66: Vista frontal do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 1250 A

175
Recorrendo ao portfólio da SIEMENS SA o equipamento que permitia dar resposta aos
requisitos para os postos de transformação equipados com transformadores de 350 kW e,
que apresentam as dimensões mais reduzidas, visto ser para instalar no interior de uma
cabine, é a família do 8DJH, tendo este quadro 1050 mm por 2250 mm, como se pode
observar na Figura 67.

Figura 67: Vista frontal do Bloco Rede Anel equipado com aparelhagem de 630 A

Apesar de no diagrama anterior os compartimentos de baixa tensão não estarem


devidamente detalhados, por se tratar de uma representação standard, os mesmos foram
dimensionados, na função +K01 e na função +K02, para equipar a “Caixa de comando à
distância” que deverá controlar a operação do seccionador. Este equipamento foi instalado
por imposição do cliente como medida de acréscimo de segurança no quadro.

176
Na função +K03, painel de alimentação ao transformador, o compartimento de baixa
tensão (CBT) foi dimensionado com mais equipamento, nomeadamente: um relé de
proteção, uma “Caixa de comando à distância”, um analisador de rede e ainda
sinalizadores luminosos que indicam o estado do painel. O relé de proteção, depois de
parametrizado, deverá dar o disparo em caso de sobreintensidades e curto circuito neste
troço (RMU – Transformador).

O analisador de rede é utilizado para o controlo/visualização dos parâmetros da rede


instantaneamente (e não só) como a tensão, a corrente, a potência, o desfasamento, etc.

Abaixo, na Figura 68, é possível ver todos os equipamentos que foram posteriormente
instalados nos compartimentos de baixa tensão:

+K01 +K02 +K03

Figura 68: Compartimento de baixa tensão dos RMUs

Apesar do seccionador não ter poder de corte e com isto não possibilitar ser manobrado em
carga a instalação da “caixa de comando à distância” em todos os painéis é um acréscimo
de segurança na manobra do quadro uma vez que permite ao operador se distanciar do
equipamento durante a realização das manobras.

177
Este QMMT foi projetado para ser equipado com encravamentos do tipo P1 para evitar o
fecho do seccionador de terra enquanto o interruptor do painel que o alimenta não estiver
encravado na posição de aberto, nos painéis de entrada e saída e encravamentos do tipo C1
de forma a impedir o acesso ao compartimento do transformador enquanto o seccionador
de terra do painel de proteção ao transformador não estiver encravado na posição de
fechado.

3.3.5.4. TRANSFORMADOR

Foram usados transformadores com isolamento a óleo porque estes serão instalados no
interior de um compartimento específico pelo que não existe a necessidade de serem
usados transformadores secos podendo assim otimizar o custo da solução.

Outro dos fatores que levou à utilização de transformadores a óleo é que apesar destes
equipamentos serem instalados no interior da cabine metálica estas serão colocados no
exterior das salas pelo que irão estar expostos a temperaturas elevadas.

O transformador tem uma relação de transformação 11 000 V / 415 V.

A potência dos transformadores foi definida tendo em consideração as cargas que cada
quadro geral de baixa tensão (QGBT) deveria alimentar.

Para a definição da potência do transformador a utilizar em cada um dos postos de


transformação, foi aplicado um fator de simultaneidade de 80% em relação à carga total
instalada em cada QBGT. O valor do coeficiente de simultaneidade foi selecionado tendo
em conta as informações recebidas por parte do dono de obra sobre a forma como este iria
operar a instalação.

178
A Tabela 30 mostra as potências totais instaladas em cada QGBT e a respetiva potência
definida para cada um dos transformadores da instalação.

Tabela 30: Dimensionamento de transformadores

Potência
Potência Corrigida
Carga Potência (kVA) Transformadores
(80%)
(kVA)

MDB 1.1 1794 1435 1500

MDB 2.1 967 774 800

MDB 3.1 2368 1894 2000

MDB 3.2 2314 1851 2000

MDB 3.3 2443 1954 2000

MDB 4.1 614 491 500

MDB 5.1 2182 1746 2000

MDB 5.2 2418 1934 2000

MDB 6.1 1945 1556 2000

MDB 7.1 965 772 800

MDB 8.1 947 758 800

MDB 9.1 379 303 350

O tipo de refrigeração foi definido tendo em consideração o local de instalação do


equipamento. Os transformadores iram estar no interior das cabines metálicas que por sua
vez estão instalados no exterior. Por essas razões foram considerados equipamentos do tipo
ONAN, transformadores de distribuição de banho de óleo com circulação natural do óleo e
do ar.

179
3.3.5.5. CABINE

3.3.5.5.1. ASPETOS GERAIS

Os postos de transformação foram dimensionados em estrutura metálica de modo a ser


possível reduzir a área ocupada pelo mesmo e diminuir os encargos com a estrutura de
construção civil uma vez que apenas é necessário construir uma base de assentamento e
não uma sala inteira.

Outra das vantagens e um dos motivos que levaram a que fosse considerada esta solução é
o peso da estrutura final, uma vez que teriam de ser transportadas até ao país da instalação.

Em relação à cabine metálica existe também a vantagem que a estrutura metálica permite
trocas térmicas muito mais rápidas do que se a mesma construção fosse feita em betão.
Apesar de a chapa metálica exterior aquecer mais rapidamente a mesma irá também
arrefecer com bastante mais rapidez enquanto que no caso do betão existe uma maior
inércia no aquecimento e consequentemente no arrefecimento.

A Figura 69 mostra uma vista geral de uma cabine com duas portas com lamelas no acesso
ao compartimento do transformador.

Figura 69: vista geral de uma cabine metálica

180
3.3.5.5.2. DIMENSÕES E COMPARTIMENTAÇÃO

Com a potências dos transformadores e dos QMMT a variarem o seu tamanho o espaço
necessário para albergar o equipamento também varia o que resulta na possibilidade de
otimização das dimensões de construção das cabines metálicas.

Posto isto foram dimensionados dois (2) tipos de estruturas metálicas, com diferentes
tamanhos, adaptadas às necessidades de cada área.

As cabines metálicas do tipo um (1), usados anel um (1), onde são instalados os
transformadores de maior potência, têm as dimensões representadas na Figura 70:

Figura 70: Dimensões das cabines metálicas do tipo 1

181
Relativamente às cabines metálicas do tipo dois (2), instalados no segundo anel estes são
bastante idênticos aos anteriores, diferindo apenas no tamanho uma vez que os
equipamentos neles instalados têm menos potência e são consequentemente mais
pequenos. Esta redução de dimensões pode ser verificada na Figura 71.

Figura 71: Dimensões das cabines metálicas do tipo 2

182
As cabines estão compartimentadas em duas áreas, uma parte destinada à instalação da
aparelhagem de média tensão e uma outra parte destinada à instalação do transformador
conforme se pode ver na Figura 72.

Figura 72: Compartimentação das cabines de média tensão

A parte destinada à instalação da aparelhagem de média tensão tem, no caso das estruturas
do tipo um (1), 1800 mm por 1950 mm e no caso das estruturas do tipo dois (2) este
compartimento tem 1350 mm por 1950 mm. Esta redução no compartimento destinado ao
equipamento de média tensão foi a principal razão para a redução de tamanho entre os dois
(2) tipos de estruturas metálicas.

A parte destinada à instalação do transformador tem, no caso das estruturas do tipo um (1),
1450 mm por 1950 mm. No caso das estruturas do tipo dois (2) este compartimento tem
1400 mm por 1950 mm.

183
3.3.5.5.3. VENTILAÇÃO

A estrutura metálica que irá albergar o equipamento de média tensão terá de garantir a
proteção contra a entrada de poeiras/humidades de modo a salvaguardar toda a integridade
do QMMT e restantes equipamentos.

Um dos aspetos fundamentais deste tipo de solução é a capacidade de dissipação do calor


uma vez que os transformadores em funcionamento, libertam calor.

Tendo em conta que este equipamento está instalado num ambiente tão adverso como é o
continente africano com temperaturas elevadíssimas, um SUB dimensionamento na
capacidade de dissipação poderia levar a disparos intempestivos do equipamento, o que
poderia acarretar custos extra para o cliente.

A Tabela 31 mostra a potência dissipada nos diversos tipos de transformadores que vão
equipar os postos de transformação a instalar na unidade industrial.

Tabela 31: Potência dissipada pelos transformadores

Potência Transformador Potência Dissipada

(kVA) (W)

2000 30 000

1500 21 500

800 11 900

500 9000

350 6700

Segundo as informações disponibilizadas pelo fabricante as cabines de produção standard


estão preparadas para a dissipação de uma potência de 6,8 kW.

Verifica-se, assim, a necessidade de desenvolver alterações nas cabines, por forma a que as
mesmas tenham capacidade de dissipação das potências indicadas na Tabela 31.

184
Um primeiro aspeto considerado, foi a especificação de portas com ventilação, através da
colocação de lamelas, conforme mostra a Figura 73.

Figura 73. Portas ventiladas a serem instaladas nas cabines metálicas

Esta solução, segundo dados do fabricante, permitiu um aumento de dissipação de 8,5 kW,
por parte da porta, face à solução de cabine standard.

A porta de acesso ao transformador do PT será sempre constituída por duas partes, sendo
que de acordo com as necessidades de dissipação poderão ser as duas partes equipadas com
lamelas ou apenas uma delas.

Contudo, a colocação de lamelas nas portas ainda não permite dar resposta às necessidades
de dissipação dos transformadores de 1500 kVA e de 2000 kVA.

185
Devido às pequenas dimensões da cabina e ao elevado atravancamento existente nos
equipamentos instalados na mesa, os cabos de interligação entre o transformador e o
QGBT não poderiam circular no interior da cabine. Houve assim, a necessidade de criação
de um compartimento exterior de passagem de cabos entre o transformador e o quadro
geral de baixa tensão, conforme mostra a Figura 74.

Figura 74: Compartimento exterior de passagem de cabos

A criação deste compartimento externo e a criação de uma abertura suplementar na cabina


permitiu aumentar a capacidade de dissipação de calor pela mesma em 6,5 kW (informação
disponibilizada pelo fabricante da cabina).

186
A Figura 75 mostra um pormenor do compartimento exterior de passagem de cabos para
acoplamento à cabine.

Figura 75: Compartimento exterior de passagem de cabos

A Figura 76 mostra a abertura na cabine de comunicação entre a mesma e o compartimento


exterior de passagem de cabos.

Figura 76: Compartimento exterior de passagem de cabos

Com esta conjugação de soluções é possível assegurar as necessidades de calor para os


diversos postos de transformação.

187
A Tabela 32 mostra as configurações a considerar para as diversas cabines em função da
potência do transformador que equipa o posto de transformação.

Tabela 32: Mapa dissipação de calor nas cabines metálicas

Cabine
Potência a Dissipar (kW)
Transformador (kVA)

Dissipação Total (kW)


Cabine Standard

Porta Esquerda
Porta Direita
Potência do

Canópia
6,8 kW

8,5 kW

8,5 kW

6,5 kW

Dimensões
Tipo
2000 30 x x x x 30,3 1 3250x2250

3250x2250
1500 21,5 x x x 21,8 1e2
2750x2250

800 11,9 x x 13,2 2 2750x2250

500 9 x x 15,8 2 2750x2250

350 6,7 x 6,8 2 2750x2250

3.3.5.6. QUADRO GERAL DE BAIXA TENSÃO

3.3.5.6.1. ASPETOS GERAIS

A definição da potência a considerar para dimensionamento dos Quadros Gerais de Baixa


Tensão (QGBT) não foi objeto do presente trabalho, tendo sido definida pelo projetista de
especialidade das instalações de utilização e indicado pelo dono de obra no caderno de
encargos.

188
O projetista de especialidade definiu os valores de potência instalada nos QGBT indicados
na Tabela 33 do presente trabalho.

Tabela 33: Potência instalada nos QGBT

Potência Instalada
Carga
(kVA)

MDB 1.1 1500

MDB 2.1 800

MDB 3.1 2000

MDB 3.2 2000

MDB 3.3 2000

MDB 4.1 500

MDB 5.1 2000

MDB 5.2 2000

MDB 6.1 2000

MDB 7.1 800

MDB 8.1 800

MDB 9.1 350

189
Atendendo às caraterísticas da instalação, nomeadamente ao facto de no futuro o quadro
necessitar de ser expandido, foi definido que os quadros a instalar seriam do tipo
modulares, sem gavetas extraíveis e agrupados por painéis com as várias saídas
compartimentadas.

3.3.5.6.2. DIMENSIONAMENTO E PROJETO

Dado o princípio de dimensionamento e o projeto dos Quadros Gerais de Baixa Tensão ser
o mesmo para todos eles, apenas será apresentado um estudo de caso, o do QGBT 1.1,
representativo da metodologia empregue e das soluções de projeto desenvolvidas.

- Potência instalada

No caderno de encargos da empreitada encontrava-se definido que o QGBT 1.1,


alimentaria seis (6) circuitos e, para cada um dos desses circuitos, a respetiva potência e
fator de simultaneidade.

Na Tabela 34 mostra os circuitos alimentados pelo QGBT1.1 e suas as respetivas


características.

190
Tabela 34: Lista de cargas de baixa tensão do QGBT 1.1
QGBT 1.1 Tensão 400
Calibre Fator de Potência Fator de Potência
Carga
Disjuntor Potência kW kVA Simultaneidade Corrigida
Correção do fator de (A) (kVA)
1 potência (futura 1000 0,85 500 588 0,00 0
instalação)
Controlo principal
2 400 0,85 200 235 0,80 188
das caldeiras
Quadro de
3 100 0,85 50 59 0,70 41
distribuição - Entrada
4 Reserva 160 0,85 80 94 0,70 66
Quadro de
5 distribuição – 160 0,85 80 94 0,70 66
Caldeira e Gerador
Serviços auxiliares
6 100 0,85 50 59 1,00 59
média tensão
Quadro de
7 400 0,85 200 235 0,70 165
distribuição - Aux 1
8 Reserva 400 0,85 200 235 0,80 188
9 Reserva 630 0,85 300 353 0,80 282
10 Reserva 400 0,85 200 235 0,80 188
11 Reserva 250 0,85 125 147 0,80 118
12 Reserva 200 0,85 100 118 0,80 94
13 Reserva 200 0,85 100 118 0,80 94
14 Reserva 160 0,85 80 94 0,80 75
15 Reserva 160 0,85 80 94 0,80 75
16 Reserva 100 0,85 50 59 0,80 47
17 Reserva 100 0,85 50 59 0,80 47
TOTAL 2445 2876 1794
Fator de simultaneidade do quadro 0,80 1435
Potência normalizada 1500

191
Atendendo aos valores e coeficientes de simultaneidade definidos, a potência estimada
para o QGBT1.1 era de 1794 kVA.

Por se entender que não irá haver uma utilização simultânea da potência nominal em todos
os circuitos, foi definido ainda um fator de simultaneidade global para o quadro de 80%,
obtendo-se uma potência de 1 435 kVA.

Para fins de normalização, foi atribuída uma potência para fins de dimensionamento e
projeto do quadro e elétrico de 1500 kVA.

- Corrente de serviço

A corrente de serviço do quadro elétrico será:

(27)

- Dimensionamento de barramento e de disjuntor de corte geral

Atendendo ao valor da corrente de serviço e das correntes estipuladas dos disjuntores do


tipo industrial, foi selecionado um disjuntor de 2500 A.

Após a definição do disjuntor de corte geral, foi definido o barramento, tendo o mesmo
uma corrente admissível de 2500 A

- Dimensionamento dos circuitos de saída do QGBT

Tendo por base as potências e fatores de simultaneidade definidos para cada um dos
circuitos, forma dimensionadas as canalizações e respetivas proteções desses mesmos
circuitos.

O procedimento de dimensionamento das canalizações está descrito no paragrafo 3.3.6 do


presente relatório.

192
A Tabela 35 faz um resumo das características dos circuitos de saída do QGBT1.1.

Tabela 35: Dimensionamento de saídas do QGBT 1.1

Corrente
Corrente
Potência Estipulada
Carga Máxima
(kVA) Disjuntor
(A)
(A)

1 Correção do fator de potência (futura instalação) 588 849 1000

2 Controlo principal das caldeiras 235 340 400

3 Quadro de distribuição - Entrada 59 85 100

4 Reserva 94 136 160

5 Quadro de distribuição – Caldeira e Gerador 94 136 160

6 Serviços auxiliares média tensão 59 85 100

7 Quadro de distribuição - Aux 1 235 340 400

8 Reserva 235 340 400

9 Reserva 353 509 630

10 Reserva 235 340 400

11 Reserva 147 212 250

12 Reserva 118 170 200

13 Reserva 118 170 200

14 Reserva 94 136 160

15 Reserva 94 136 160

16 Reserva 59 85 100

17 Reserva 59 85 100

193
- Layout do quadro

Conforme referido anteriormente, o QGBT será um quadro de gavetas, sendo cada gaveta
definida em função da corrente estipulada para o respetivo circuito de saída.

Foram consideradas gavetas do tipo INCOMER para os circuitos de alimentação do quadro


e gavetas do tipo FEEDER para os circuitos de alimentação às cargas.

As gavetas do tipo INCOMER são equipadas, além do equipamento de corte e proteção,


por um analisador de rede responsável por monitorizar as informações do quadro e permitir
o controlo remoto do painel e ainda por indicadores luminosos por forma a ser possível
uma visualização rápida do estado do quadro.

As gavetas do tipo FEEDER são equipadas pelos equipamentos de corte e proteção e


apenas por um analisador de rede que permite visualizar os parâmetros da carga e o
controlo remoto.

Uma particularidade no desenho do layout do quadro foi o facto de todas as entradas/saídas


de alimentação serem realizadas pela parte superior do quadro, devido ao facto das
cablagens serem instaladas através de caminhos de cabos instalados no teto da instalação.

194
A Figura 77 mostra o layout do QGBT 1.1.

Figura 77: Vista frontal do QGBT 1.1

3.3.6. DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA EM BAIXA TENSÃO

3.3.6.1. GENERALIDADES

A distribuição de energia elétrica em baixa tensão nas diversas instalações de utilização,


desenvolve-se a partir dos Quadros Gerais de baixa Tensão (QGBT) dos Postos de
Transformação (PT).

O dimensionamento das canalizações elétricas e dos respetivos dispositivos de proteção é


realizado tendo por base os critérios de:

− Aquecimento;

− Sobrecarga;

− Queda de tensão;

− Curto-circuitos.

195
Dada a quantidade de canalizações a dimensionar e a necessidade de realizar estudos de
seletividade, o dimensionamento foi realizado com recurso ao software Simaris Design da
SIEMENS AG.

O Simaris Design é um software que facilita o dimensionamento de uma rede de


distribuição de energia, incluindo o cálculo de corrente de curto-circuitos, tendo por base
as soluções mais atuais do mercado e com o mínimo imprescindível de informações
necessárias. Este cálculo é feito desde a fonte de média tensão até ao consumidor final. O
software calcula também a corrente de curto circuito, o fluxo de carga, a queda de tensão e
ainda o balanço das potências.

Todos os resultados são baseados nas normas DIN VDE e IEC sendo por isso os resultados
apresentados pelo Simaris Design altamente confiáveis e representam as soluções mais
atuais com uma vasta gama de produtos selecionados anteriormente.

A Figura 78 representa um dos possíveis menus criados no Simaris Design.

Figura 78: Exemplo de menu representativo do Simaris Design

196
3.3.6.2. METODOLOGIA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA

A distribuição de energia em baixa tensão será realizada com recurso a redes radiais,
instaladas, de um modo geral, em caminhos de cabos.

A opção pelo caminho de cabos justifica-se devido ao tipo ao facto de a instalação ter
cargas com elevadas distâncias entre a alimentação e o consumidor final e ainda por esta
ser uma solução flexível e de baixo custo.

No caso do QGBT 1.1 as distâncias a serem consideradas serão as indicadas na Tabela 36.

Tabela 36: Distâncias a considerar no QGBT 1.1

Distância
Carga Cabo
(m)

Controlo principal das caldeiras 1x(3x240/240/120) 42

Quadro de distribuição - Entrada 1x(3x35/35/16) 192

Quadro de distribuição – Caldeira e Gerador 1x(3x70/70/35) 96

Serviços auxiliares média tensão 1x(3x35/35/16) 48

Quadro de distribuição - Aux 1 1x(3x240/240/120) 186

Os caminhos de cabos podem ser instalados no interior das diversas salas da unidade
industrial, mas também no exterior, com o apoio dos pipes bridges que são estruturas
metálicas construídas por cima de obstáculos que permitem a instalação de tubagens
elétricas e/ou fluidos. A Figura 79 mostra o exemplo de um pipe bridge.

Figura 79: Exemplo de Pipe Bridge

197
3.3.6.3. DIMENSIONAMENTO

O dimensionamento das canalizações foi realizado tendo por base a informação


disponibilizada no caderno de encargos relativamente às cargas a alimentar, com recurso
ao software SIMARIS Design.

Foi necessário determinar o comprimento das canalizações, tendo sido disponibilizada uma
planta em formato AutoCAD com a localização aproximada das cargas.

Na Figura 80 está ilustrada uma pequena parte da planta em duas (2) dimensões da
instalação.

Figura 80: Exemplo da planta da AutoCAD

A informação obtida a partir do AutoCAD teve posteriormente de ser cruzada com o mapa
de cargas e foi considerada a maior distância, ou seja, o cenário mais desfavorável, para
cada uma das cargas com um fator adicional de 20% devido ao desencontro entre as
distâncias no caderno de encargos e no AutoCAD.

198
A comparação entre todos os valores obtidos pode ser visualizada na Tabela 37.

Tabela 37: Comparação das distâncias entre AutoCAD e mapa de cargas

Distância Distância Distância


Carga final (120%)
Lista de AutoCAD
(m)
cargas (m) (m)

Controlo principal das caldeiras 35 20 42

Quadro de distribuição - Entrada 160 140 192

Quadro de distribuição – Caldeira e Gerador 60 80 96

Serviços auxiliares média tensão 35 40 48

Quadro de distribuição - Aux 1 150 155 186

A Figura 81 mostra, a título de exemplo, o esquema unifilar do QGBT 1.1 e o respetivo


dimensionamento das canalizações e proteções, realizado com recurso ao Simaris Design.

Figura 81: Dimensionamento de canalizações elétricas – QGBT 1.1

Nas canalizações de baixa tensão foram usados cabos não armados pelo facto de estes não
estarem sujeitos a esforços mecânicos significativos e colocados em caminho de cabo.

199
Foram usados os seguintes tipos de cabos:

− Secção > 120 mm2 – Cabos monopolares pretos;

− 120 mm2 ≥ Secção ≥ 16 mm2 – Cabos tetrapolares, com terra separada;

− Secção < 16 mm2 – Cabos tripolares ou pentapolares, terra incluída no cabo.

Relativamente ao código de cores foi selecionado um código que permitiu uma


uniformidade para toda a instalação de acordo com a seguinte correspondência:

− Neutro – Preto;

− Fase 1 – Vermelho;

− Fase 2 – Amarelo;

− Fase 3 – Azul;

− Terra – Amarelo/verde.

Foram definidas as cores indicadas de acordo com a indiciação recebida por parte do
cliente uma vez que esta é uma codificação standard que o dono de obra tem e utiliza nas
suas restantes instalações. Esta caraterística estava imposta no caderno de encargos pelo
que não foi possível alterar.

200
A Tabela 38 faz um resumo das canalizações do QGBT 1.1.

Tabela 38: Lista de cargas com a informação do cabo a instalar

QGBT 1.1

Calibre
Distância
Carga Cabo Disjuntor
(m)
(A)

1 Correção do fator de potência (futura instalação) Cu 3(3x150/150/70) 1000 NA

2 Controlo principal das caldeiras Cu 1(3x1x240/240/120) 400 35

3 Quadro de distribuição - Entrada Cu 1(3x35/35/16) 100 160

4 Reserva NA 160 NA

5 Quadro de distribuição – Caldeira e Gerador Cu 1(3x70/70/35) 160 60

6 Serviços auxiliares média tensão Cu 1(3x6/6/6) 100 35

7 Quadro de distribuição - Aux 1 Cu 1(3x1x240/240/120) 400 150

8 Reserva NA 400 NA

9 Reserva NA 630 NA

10 Reserva NA 400 NA

11 Reserva NA 250 NA

12 Reserva NA 200 NA

13 Reserva NA 200 NA

14 Reserva NA 160 NA

15 Reserva NA 160 NA

16 Reserva NA 100 NA

17 Reserva NA 100 NA

201
3.3.6.4. QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO

Os principais equipamentos são alimentados diretamente do Quadro Geral de Baixa


Tensão (QGBT) do Posto de Transformação (PT).

Do QGBT são também alimentados os quadros de distribuição, que são objeto do projeto
de especialidade das instalações de distribuição, não sendo enquadrados no presente
trabalho.

3.3.7. ALIMENTAÇÃO DE SOCORRO

3.3.7.1. ASPETOS GERAIS

Tendo em conta o texto da unidade industrial foi definida uma rede de alimentação de
socorro que irá assegurar as cargas que o cliente definiu como prioritárias.

Essa rede de socorro foi dimensionada por intermédio de fontes de alimentação


ininterrupta localizadas na área circundante ao centro de cargas.

3.3.7.2. ALIMENTAÇÃO DE SOCORRO A CARGAS CRÍTICAS

Para assegurar que as cargas críticas não são objeto de qualquer corte da alimentação,
foram projetadas Unidades de Alimentação Ininterrupta (UPS), capazes de assegurar a
continuidade da alimentação no caso de falha da alimentação normal.

O caderno de encargos da empreitada definia cinco (5) zonas de cargas prioritárias, para as
quais deveriam ser projetadas UPS.

Para definição da potência a instalar nas UPS, foi definido um fator de simultaneidade de
80% para todas as cargas. Este fator foi atribuído tendo em conta a opinião e perceção do
cliente em relação à necessidade das cargas e a importância das mesmas na instalação.

202
A Tabela 39 mostra as zonas nas quais existiam cargas críticas, a potência total instalada
em cada uma das zonas, o fator de simultaneidade definido e a potência corrigida a ser
considerada para cada UPS.

Tabela 39: Descrição das alimentações socorridas

Potência Fator de Potência Potência da


Área
Total (kVA) Simultaneidade Corrigida (kVA) UPS (kVA)

Área de produção 73 0.8 59 60

Área de fermentação 72 0.8 58 60

Área de embalamento 72 0.8 58 60

Área de moagem 48 0.8 38 40

Oficinas e Cantina 68 0.8 54 60

De forma a reduzir os custos de manutenção e a possibilidade de intermutabilidade das


UPS, foi realizada normalização da potência das UPS, para 60 kVA. Apenas se usou uma
fonte de 40 kVA devido à grande diferença entre o valor necessário e o valor previamente
normalizado.

Os dois (2) tipos de potências do equipamento levam a que a envergadura dos mesmos seja
diferente e com isso foi possível otimizar o espaço necessário para a sua instalação.

203
A Figura 82 mostra uma vista
frontal da UPS de 60 kVA.

Nestas UPS o painel um (1) é


destinado à alimentação do
transformador de isolamento e o
painel dois (2) será responsável
pelo acoplamento do retificador
e os últimos dois (2) painéis –
painel três (3) e quatro (4) - estão
somente destinados ao
agrupamento das baterias por
forma a totalizar a potência
necessária.

Figura 82; Vista frontal da UPS de 60 kVA

204
A Figura 83 mostra uma vista
frontal da UPS de 40 kVA.

Nesta UPS devido ao menor número


de baterias que são necessárias, e do
retificador, foi possível reduzir as
dimensões do armário e
consequentemente o custo da UPS.

Figura 83: Vista frontal da UPS de 40 kVA

Relativamente aos quadros de alimentação às cargas críticas, foram apenas considerados


quadros de distribuição murais tendo por base a informação proveniente na lista de cargas.
Abaixo, na Tabela 40 podemos ver um exemplo da lista de cargas disponível para o quadro
de distribuição da área de produção.

205
Tabela 40: Lista de cargas para o quadro de distribuição da UPS da área de produção

Tipo do Calibre
Carga
disjuntor Disjuntor (A)

1 Chegada 3-P 100

2 Controlo do sistema de refrigeração 2-P 10

3 Controlo do sistema de CO2 2-P 10

4 Controlo do sistema de Ar comprimido 2-P 10

5 Controlo do sistema WTP 2-P 10

6 Reserva 2-P 60

7 Reserva 2-P 20

Quadro de distribuição - Sala ferramentas


8 2-P 10
NH3/CO2

9 Quadro de distribuição - WTP Socorro 3-P 32

Quadro de distribuição - Sala ferramentas


10 3-P 20
Socorrido

11 Reserva 3-P 10

12 Reserva 3-P 10

13 Reserva 3-P 10

14 Reserva 2-P 10

Segundo análise deste exemplo, o quadro de distribuição da UPS 3.1 terá quatorze (14)
cargas nele ligadas sendo por isso necessário considerar equipamentos para o seu corte e
proteção.

Neste exemplo específico foram criados dois (2) barramentos iguais. Um (1) barramento
para cargas já identificadas e outro para cargas de reserva, cada um protegido por um (1)
interruptor diferencial de média sensibilidade (300 mA) e com uma corrente nominal de
100 A. Estes dois (2) barramentos são alimentados por um disjuntor de entrada tripolar
com 160 A.

206
Relativamente às canalizações com a informação presente na tabela anterior e recorrendo
ao método anterior, utilização do software Simaris Design. O resultado do
dimensionamento pode ser observado na Figura 3.41.

Figura 84: Dimensionamento de canalizações elétricas – Quadro Distribuição UPS 3.1

3.4. DIREÇÃO DE OBRA


No âmbito da direção de obra da empreitada de instalações elétricas de fornecimento e
instalação de equipamento de média e baixa tensão, da unidade industrial de produção de
cerveja em Moçambique, destacam-se as principais atividades a seguir descritas.

3.4.1. PREPARAÇÃO DE OBRA

Antes de entrar em obra é imperativo ser desenvolvido todo um trabalho de preparação


para que o momento de entrada em obra e a execução do projeto aconteça da forma mais
organizada e ordeira possível.

3.4.1.1. CONSTITUIÇÃO DAS EQUIPAS DO TRABALHO

A execução de uma obra num país terceiro coloca um conjunto de dificuldades que não se
verificam quando a mesma é realizada num país em que o mercado é conhecido da
entidade executante.

Posto isto foi necessário iniciar um processo de procurement, negociação e seleção do


fornecedor a ser escolhido, para a seleção da empresa subcontratada sob a qual iria recair a
responsabilidade de fazer as tarefas de instalação no local.

207
Nesta fase, procurement, foram disponibilizadas às empresas consultadas todo o conjunto
de informações/documentos que permitiam ter uma visão global do projeto tais como
caderno de encargos, esquemas unifilares, Technical Data Sheets dos equipamentos,
planeamento contratualizado e condições contratuais. Foram também desenvolvidos
contactos para esclarecimentos técnicos colocados pelas diversas empresas.

A estratégia adotada com todos os fornecedores em fase de procurement foi realizar Back-
to-back, processo esse que consiste em passar a informação/condições contratuais que o
cliente final, ABinBev impõe à entidade fornecedora, SIEMENS ficando desta forma
contratualmente salvaguardo.

Apesar das vantagens desta estratégia, devido ao menor âmbito de trabalho associado a
este fornecedor, apenas a instalação e não qualquer tipo de fornecimento significativo, a
maior parte do risco contratual ainda estava sobre a alçada da SIEMENS SA. No entanto o
passar, da forma mais fiel possível a condição para a empresa subcontratada coloca pressão
e uma atenção maior no projeto que se espera revelar benéfica durante a execução.

Um dos elementos que foi necessário ser entregue juntamente com a proposta foi também
uma breve apresentação da empresa onde mostrasse projetos anteriores em que estiveram
envolvidos.

Após receber as propostas de todos os parceiros que atuam no mercado Moçambicano


seguiu-se a posterior avaliação de preços e competências. Uma obra desta dimensão exige
que o parceiro tenha conhecimento suficiente para poder executá-la de forma exímia e por
esse motivo a experiência do parceiro selecionado assume também um papel
predominante, juntamente com o valor apresentado na proposta.

No que toca à seleção da empresa subcontratada, apesar de não ser a proposta com o valor
monetário mais baixo, optou-se por uma empresa local, subsidiária de um instalador
Português, que deu todas as seguranças que teria as competências necessárias.

208
3.4.1.2. PLANO DE APROVISIONAMENTO DO EQUIPAMENTO

O plano de aprovisionamento de equipamento era da responsabilidade da empresa


fornecedora no que toca aos equipamentos principais, conforme a Tabela 41, no entanto
pequenos acessórios de instalação, como apoios de fixação de caminhos de cabos, caixas
fim de cabo, entre outros ficaram no âmbito de fornecimento da empresa subcontratada.

A estratégia de divisão de fornecimento, foi adotada uma vez que não é possível
determinar em fase de projeto/preparação de obra todos os acessórios necessários para a
instalação por não ser possível ter uma visão exata de todas as condições da instalação e a
completa natureza dos trabalhos.

Relativamente ao aprovisionamento de equipamentos principais um dos primeiros focos da


equipa foi a definição da solução técnica e conseguir chegar a um ponto de Design freeze,
ponto este em que se obtém a aprovação de todos os equipamentos que deverão ser
instalados, de modo a que fosse possível iniciar a produção dos mesmos. Isto aconteceu
devido ao extenso tempo de entrega dos mesmos. Neste caso, de modo a otimizar o tempo
de entrega o processo de produção foi decorrendo á medida que o equipamento foi estando
aprovado pelo cliente.

Tabela 41: Listagem de equipamento fornecido

Equipamento Fornecedor Pais

Subestação SIEMENS SA Portugal/China

Quadros Média tensão SIEMENS SA Turquia/Alemanha

Transformadores SIEMENS SA Hungria

Quadros gerais de Baixa tensão SIEMENS SA Portugal

Quadros distribuição SIEMENS SA Portugal

UPS BORRI Itália

Cabos de média tensão DUCAB UAE

Cabos de baixa tensão DUCAB / Eland UAE / Reino unido

Quadro tensões auxiliares BORRI Itália

209
O fornecimento deste equipamento não seguiu uma ordem lógica uma vez que entre eles
existiram variados períodos de definição de engenharia/aprovação/produção e transporte.
Foi feito, no entanto o esforço para que no momento de entrada em obra todo este
equipamento estivesse já entregue no local de modo a permitir uma empreitada continua e
sem realocações de frente de obra.

Devido à diversidade de equipamentos tiveram que ser desenvolvidos processos logísticos


provenientes de vários países tais como o Dubai, Reino unido, Inglaterra, Turquia,
Alemanha, China, Portugal, Hungria, Itália, etc.

Esta dispersão na localização obrigou a um acréscimo de trabalho significativo,


nomeadamente com questões burocráticas para conseguir despachar os equipamentos, do
que aquele que estava inicialmente previsto. Estes processos tiveram também impactos
diretos na duração do projeto uma vez que o tempo de transporte acabou por não ser
respeitado e verificaram-se desvios, devido aos processos de grupagem e/ou
desalfandegamento, na entrega do equipamento em obra.

Entre os processos logísticos o dos cabos de média e baixa tensão foi aquele que exigiu
uma maior atenção.

210
As bobines do cabo de média tensão, devido ao seu grande tamanho, o seu transporte teve
que ser ajustado, tendo que se recorrer a contentores “40’ Open top” (ilustrados na Figura
85) que são semelhantes a um contentor de 40 pés, mas sem o topo permitindo assim
transportar cargas mais altas.

Figura 85: Transporte de cabo de média tensão do anel 2

Também o transporte dos cabos de baixa tensão foi um processo bastante complexo uma
vez que a lista de material necessário contemplava mais de 80km de cabo que seriam
necessários para a instalação. A quantidade total de cabos de baixa tensão foi distribuída
por mais de 100 bobines obrigando a que fosse feito um controlo dos 6 contentores onde
este equipamento iria entre os Emirados Árabes Unidos e a instalação. Na Figura 86 está
ilustrado um exemplo dos contentores com cabos de baixa tensão.

211
Figura 86: Transporte de bobines de cabo de baixa tensão

3.4.1.3. AQUISIÇÃO/ALUGUER DE EQUIPAMENTO

Durante a fase de preparação de obra a definição e aluguer do equipamento necessário para


a realização total da empreitada ficou definido que seria da responsabilidade empresa
subcontratada uma vez que apenas estes têm uma noção exata e pertinente da realidade.

Após esta análise optou-se por alugar diversos meios mecânicos tais como:

− Camião grua – Alugado durante o momento de chegada dos equipamentos à obra


com o objetivo de agilizar a descarga e em momentos de movimentação de grandes
cargas como bobines de cabo de média tensão e/ou movimentação de Kiosks
metálicos;

− Plataforma elevatória – equipamento essencial para a instalação de caminhos de


cabos e cabos de baixa tensão no teto da instalação;

212
− Manitou –Equipamento essencial durante todo o projeto para a movimentação de
todo o tipo de cargas desde bobines de cabos a quadros elétricos e painéis e
representado na Figura 87;

Figura 87: Manitou - equipamento usado para movimentação de cargas

Para além dos meios anteriormente referidos houve também outros meios não mecânicos
essenciais para a realização das atividades como os andaimes para trabalhos em altura e os
macacos hidráulicos para a instalação de cabo.

213
A Figura 88 mostra um exemplo de um macaco hidráulico para a instalação de cabo.

Figura 88: Macacos hidráulicos para a instalação de cabo

3.4.1.4. DESENVOLVIMENTO E ORGANIZAÇÃO DE ESTALEIRO

O desenvolvimento e organização do estaleiro, é uma atividade extremamente importante


pois, quando realizado corretamente, permite otimizar os prazos das empreitadas uma vez
que não existe momentos de reorganização ou de movimentação de cargas, equipamentos
ou ferramentas que deveriam ser de fácil acesso.

Este projeto, não requeria que fosse apresentado e submetido qualquer tipo de layout de
estaleiro para aprovação.

Neste caso, pelo facto de a gestão do projeto estar a ser realizada em Portugal e não a
tempo inteiro na obra a responsabilidade de desenvolvimento e organização do estaleiro
ficou a cargo do subcontratado de modo a que o estaleiro esteja organizado consoante as
suas necessidades. Este processo foi sempre coordenado em conjunto com a entidade
responsável pela execução da obra.

Antes de entrar em obra o estaleiro foi preparado para ter todas as condições necessárias e
para isso houve a necessidade de alugar um contentor de escritório, um contentor de
vestiário e um contentor de ferramentaria, sendo estes três (3) os principais espaços do

214
estaleiro. Adicionalmente aos espaços destinados à execução dos trabalhos, e por exigência
do plano de saúde e higiene no trabalho foi ainda alugado um módulo de casa de banho.

No caso de armazenamento de equipamento houve também a flexibilidade do cliente para


este tema e este optou por comprar os contentores em que estes os equipamentos chegavam
ao porto de Maputo. Esta opção revelou-se bastante vantajosa uma vez que permitiu
armazenar todo os materiais necessários durante o tempo em que este não fosse instalado
sem haver a preocupação do custo do aluguer mensal de espaços de armazenamento.

Na Figura 89 está representado o Layout do estaleiro em obra.

Figura 89: Layout do estaleiro

215
3.4.1.5. PLANEAMENTO DA OBRA (EM PARCERIA COM O GESTOR DO
PROJETO)

O adequado planeamento da obra é também de elevada importância, pois, será sempre esse
o documento principal que permitirá perceber em que estado a empreitada se encontra e em
que estado era suposto estar.

A elaboração do planeamento foi constituída por diversas fases em que o ponto de partida
foi o realizado como anexo à proposta final aquando da adjudicação da empreitada.

No momento de definição de engenharia foi possível perceber que planeamento


contratualizado não era suficientemente detalhado e preciso para ser transporto para a
execução uma vez que definia que a empreitada iria estar concluída em 3 meses, tempo
esse claramente insuficiente para a natureza do projeto.

Durante a fase preparação de projeto o planeamento inicial foi descortinado e foi criado um
documento com uma quantidade maior de detalhe de cada tarefa de modo a que o
documento fosse o mais fidedigno possível. Para a elaboração desse documento o Gestor
de Projeto foi quem assumiu a figura predominante, contudo a informação de fornecedores
e parceiros teve um papel relevante uma vez que as datas apresentadas devem ser validadas
por terceiros.

Apesar do rigor apresentado este documento durante o desenrolar do projeto teve que ir
sendo constantemente atualizado devido a diferentes informações recebidas por parte dos
stakeholders, conjunto de pessoas e organizações envolvidas no mesmo processo,
envolvidos.

216
3.4.2. EXECUÇÃO DE OBRA

3.4.2.1. ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE GARANTIA DE QUALIDADE

No início do projeto teve que ser definido com o cliente e com a empresa subcontratada
quais seriam os processos para a elaboração do plano de qualidade durante o projeto sendo
que neste ponto o cliente transferiu toda a responsabilidade para a SIEMENS SA.

Esta responsabilidade, apesar de o risco ser internamente da empresa contratada ficou


repartida entre o fornecedor de equipamentos e o subcontratado responsável pelos
trabalhos de instalação.

O fornecedor principal foi responsável por apresentar todos os certificados de qualidades e


testes que foram sendo realizados aos equipamentos durante a fase de produção. Por opção
do cliente, não houve lugar a FAT – Factory acceptance tests e por essa razão os
equipamentos foram enviados diretamente dos fornecedores para obra.

Ao receber o equipamento em obra ainda sobre a responsabilidade da SIEMENS SA foram


tidos em conta diversos aspetos para confirmar que o equipamento estava em condições de
ser aceite em obra. Esses aspetos podem ser descritos abaixo:

− Confirmação de que o material entregue condiz com o packing list;

− Realizar uma primeira inspeção visual a fim de detetar eventuais danos durante o
transporte;

− Confirmar que as caraterísticas técnicas do equipamento entregue condizem com a


encomenda realizada, baseada na documentação aprovada pelo cliente;

− Confirmar que o manual de instalação e operação, em linguagem adequada,


acompanham o equipamento;

− Confirmar que os relatórios dos testes em fábrica são entregues juntamente com o
quadro.

217
Depois de todos os equipamentos aceites e instalados, a empresa subcontratada, que é a
responsável pelos trabalhos de IEG perante a empresa contrante, teve de apresentar os
relatórios de ensaios e testes feitos durante a instalação e na fase de comissionamento.

No entanto este comissionamento foi feito com total conhecimento e cooperação do


cliente. Antes da energização de qualquer equipamento era realizado com o cliente o SAT
– Site Acceptance Tests em que fundamentalmente consistia em realizar inspeção visual e
confirmação de apertos ao equipamento e entregue ao cliente os relatórios dos ensaios
realizados.

Sendo este equipamento energizado o equipamento era transferido para propriedade do


cliente através da assinatura da receção provisória do mesmo.

3.4.2.2. ELABORAÇÃO E COLABORAÇÃO NA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE


SEGURANÇA E DE SAÚDE

Uma obra desta envergadura obriga a que seja considerado um, ou vários, técnico de
segurança a tempo inteiro e à semelhança do que aconteceu com a empresa responsável
pelo trabalho de instalação foi também lançado o processo de procurement para a empresa
responsável pela Higiene e Segurança no Trabalho - HST.

Uma vez mais o processo foi semelhante uma vez que tanto a experiência tida em projetos
semelhantes e o preço apresentados foram os fatores decisivos na escolha do fornecedor.

Após este processo estar concluído foi selecionada uma empresa local que deslocaram três
(3) técnicos para acompanhar o processo a full-time e garantir que as normas de higiene e
segurança eram cumpridas de forma rigorosas.

O projeto contempla uma panóplia de operações/tarefas que requerem um total


conhecimento das mesmas para que possa ser elaborado o plano de segurança e saúde em
conformidade.

Por forma a manter o projeto com as melhores ações de forma a não correr riscos e evitar
acidentes de trabalho menos agradáveis foi estabelecido entre a empresa escolhida para
desempenhar as funções de HST e a entidade contratante o envio de um relatório semanal

218
onde era feito o registo das atividades desempenhadas e os pontos que necessitariam de ser
melhorados.

Existiam também outros pontos que faziam parte deste plano de segurança e saúde e que
tinham de ser continuamente aplicados como a elaboração de palestras diárias de
sensibilização e programação das atividades, sinalização das atividades, vedação de
espaços confinados, verificação do equipamento entre outros. Alguns dos procedimentos
descritos acima estão ilustrados na Figura 90.

Figura 90: Implementação do plano de segurança e saúde

Nos projetos de grandes dimensões, muito devido à natureza do trabalho e à pressão


constante de prazos, é fácil descuidar este ponto e permitir que sejam feitas ações que
ponham em risco o trabalhador e isso, infelizmente, aconteceu, mas sem incidentes.

219
Na Figura 91 podemos ver a movimentação de carga de forma indevida que podia ter
resultado em acidente, felizmente foi abortada pelo Gestor de Projeto em tempo útil.

Figura 91: Movimentação de cargas de forma indevida

220
Existem 5 regras de ouro que estão aplicadas à execução de projetos elétricos e devem
sempre ser executadas com rigor evitando assim situações que podem resultar em acidentes
ou incidentes, sendo estas:

1. Desligar – Desligar todos os circuitos elétricos através dos equipamentos de


seccionamento com indicação visível do estado do equipamento;

2. Consignar – Bloquear o equipamento desligado anteriormente de modo em que em


momento algum seja possível o ligar;

3. Testar – Comprovar a ausência de tensão nos circuitos que ser irá intervencionar.
Para este teste devemos de agir como se houvesse energia garantindo todos os
procedimentos de segurança;

4. Aterrar – Fazer as ligações à terra sempre que seja possível;

5. Sinalizar – Sinalizar o equipamento, conforme o representado na Figura 92, que se


encontra em tensão ou consignado de modo a ser claro para qualquer utilizador que
não conheça a natureza dos trabalhos que se estão a desenvolver

Figura 92: Sinalização de quadro em tensão

221
3.4.2.3. ANÁLISE DE ERROS E OMISSÕES

Devido à elevada pressão existente durante a fase de oferta e preparação de obra é natural
que em projetos com um grande nível de complexidade existam pontos que não estejam
claros ou especificados o que podem conduzir a erros durante a execução.

- Quantidades de cabos

Um dos pontos que merece destaque durante a execução foi o dimensionamento das
quantidades de cablagem elétrica necessárias uma vez que se optou por considerar uma
margem de segurança de 25% em todos os troços de média tensão.

O anel um (1) de média tensão tem um comprimento total relativamente curto, perfazendo
um total de 626 metros. Na fase de projeto apenas estava pressuposto que o anel teria 530
metros, mas por decisão da equipa de gestão de projeto, e de modo evitar a falta de cabos
no momento de execução de obra, estes troços foram sobre dimensionados em 25%. Desta
forma, foram comprados na totalidade 1326 metros, resultando então dois cabos de 663
metros para usar em cada uma das fases.

Este sobre dimensionamento, apesar de um custo extra, resultou, em fase de execução na


mitigação de risco, pois caso não tivesse sido tomada essa decisão na altura da instalação a
execução do projeto estaria comprometida.

222
Esta análise pode ser feita através da Tabela 42 em que é possível perceber que entre a fase
de projeto e a fase de execução houve um aumento de 18% entre o que estava definido no
projeto e o que foi utilizado na realidade.

Tabela 42: Diferenças de metragem entre fase de projeto e fase de execução no anel 1

Distância fase Margem de Distância fase


de Projeto Segurança
de Execução
(m)
(m) (m)

SIMOSEC – 3.3 75 94 123

3.3 – 3.2 15 19 20

3.2 – 3.1 15 19 19

3.1 – 6.1 135 169 149

6.1 – 5.1 145 181 168

5.1 – 5.2 10 13 20

5.2 – SIMOSEC 135 169 127

Total 530 663 626

A situação repetiu-se no anel dois (2) que tendo este anel uma distância bastante superior
ao anel principal.

Na fase de projeto estava previsto ser necessário 2861 metros de cabo, no entanto, e uma
vez mais por precaução, foi adicionada uma margem de 25% para não correr o risco de
com as alterações normais no terreno não haver a necessidade de comprar cabo de urgência
e com isso comprometer o projeto quer a nível financeiro quer a nível de planeamento.

223
Na Tabela 43 é possível ver a diferença de metragens entre a fase de projeto e a fase de
execução.

Tabela 43: Diferenças de metragem entre fase de projeto e fase de execução no anel 2

Distância fase de Margem de Distância fase de


Projeto Segurança Execução

(m) (m) (m)

SIMOSEC – 1.1 16 20 45

1.1 – 8.1 465 581 470

8.1 – 7.1 235 294 221

7.1 – 9.1 330 413 312

9.1 – 4.1 310 388 526

4.1 – 2.1 1015 1269 1168

2.1 – SIMOSEC 490 613 495

Total 2861 3578 3237

Neste anel existiu uma diferença entre a fase de projeto e a fase de execução sendo que
neste caso a diferença ultrapassou os 13%.

Um valor inferior quando comparado com o primeiro anel, no entanto, a compra de


material com uma margem de segurança teve um papel de extrema importância para o
comprimento destas tarefas sem contratempos e no prazo previsto.

- Caminhos de cabo

Outros dos aspetos que em durante a fase de projeto não foi tida em conta foi o
dimensionamento dos caminhos de cabo devido ao facto de não haver rigor suficiente para
ser feito este levantamento. Por essa razão foi apenas contratualizado 500 metros lineares.

Esta distância foi definida por estimativa sendo em caso de necessidade de incrementar a
distância teria de ser negociado um valor adicional para este equipamento.

224
Ao longo de todo o projeto foram instalados mais de 4 km de caminhos de cabos para
albergar todas as cablagens de média e baixa tensão.

- Telas de aviso de cabo em tensão

Outra das omissões presentes no contrato foi referente à instalação do cabo de média
tensão nas valas, instalação essa que conforme já foi referido é da responsabilidade da
entidade responsável pela empreitada, no entanto nunca foi claro de quem era a
responsabilidade do fornecimento das telas de aviso de cabo em tensão, semelhantes à
Figura 93.

Figura 93: Telas de aviso de cabo em tensão [43]

Estas telas devem ser instaladas 20 centímetros acima do cabo evitando deste modo que
quando ocorram escavações com o uso de maquinaria pesada o cabo instalado abaixo não
seja atingido pelo equipamento de escavação.

Apesar de não ser discriminado de forma clara de quem seria a responsabilidade o cliente
exigiu que fosse instalado sem ser apresentado qualquer maior valia para este serviço pois
foi considerado como “boa prática da instalação”.

Sendo este um equipamento que não estava considerado inicialmente no âmbito de


fornecimento, e de prejudicar o plano financeiro devido ao elevado custo de o fornecedor
localmente – única solução possível para não comprometer o prazo de entrega – o Gestor
de Projeto decidiu que este custo teria que ser comportado.

225
- Canalizações danificadas

Durante o processo de instalação foi impossível para o dono de obra ter o controlo total
sobre a mesma e ocorreram vários episódios de cabos danificados por outras empresas
subcontratadas.

Houve troços de cabo de média tensão em que se verificou a necessidade de reparar os


troços usando os equipamentos vulgarmente denominados por “submarinos” com o fim de
reparar o isolamento ou realizar a junção de novos troços de cabo.

Abaixo, na Figura 94, é possível visualizar algumas fotografias tiradas no local da obra
onde se observam alguns exemplos das reparações realizadas nestes troços.

Figura 94. Processo de reparação de cabo de média tensão

226
3.4.2.4. ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS DA EVOLUÇÃO DOS TRABALHOS

Conforme já foi sendo referido ao longo do documento existiu sempre uma grande pressão
ao longo de toda a execução no que toca ao prazo de instalação, muitas vezes em
detrimento da qualidade, pois o existia a meta por parte do cliente do arranque da
instalação antes do final do ano 2020.

Esta meta temporal colocou na entidade instaladora uma pressão para que os trabalhos
fossem desenvolvidos de forma expedita.

Para que fosse possível monitorizar o avanço dos trabalhos foi criado o compromisso de
envio de um relatório semanal com a atualização dos progressos da obra.

Esta pressão não foi sempre constante uma vez que existiram períodos da execução do
projeto que o cliente exigiu a apresentação de relatórios diários, em detrimento dos
anteriores relatórios semanais, colocando assim uma pressão acrescida no Gestor de
Projeto.

Apesar da gestão de projeto ter sido totalmente realizada em Portugal a equipa de Gestão
de Projeto esteve em obra por mais de 6 meses de modo a que fosse feito um
acompanhamento de perto da execução da mesma.

Independentemente de a equipa de gestão portuguesa estar ou não em obra todos os


trabalhos realizados em obra foram reportados de forma regular para que todas as
comunicações necessárias para o cliente fossem efetuadas para entidade responsável, neste
caso a equipa de gestão de projetos.

227
3.4.2.5. COMISSIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

3.4.2.5.1. GENERALIDADES

O comissionamento do equipamento instalado é talvez um dos momentos mais importantes


do projeto pois é nesta altura que é possível certificar que todo o tempo investido na
instalação teve o resultado esperado.

Este é um ato de elevado responsabilidade para a equipa de instalação sendo também esta
uma momento chave que a equipa de gestão de projetos escolheu para acompanhar de
perto os ensaios.

Os ensaios realizados foram sempre os necessários para garantir que a instalação tinha
ocorrido da melhor maneira e adequados aos equipamentos.

3.4.2.5.2. ENSAIOS REALIZADOS NA INSTALAÇÃO

Abaixo estão descritos em detalhe alguns, dos mais importantes, ensaios realizados em
obra.

- Medição da resistência de terra

O valor de resistência de terra assume um papel de extrema importância nas instalações


elétricas sendo ele essencial para o cumprimento da proteção numa instalação elétrica.

Este teste, devido à sua importância, deve ser realizado periodicamente e na época em que
o terreno se encontre mais seco uma vez que a humidade poderá conduzir a valores de
resistência falsos.

Este ensaio obriga a que o cabo de terra seja desligado da restante instalação e devido ao
facto de a instalação deixar de ter momentaneamente terras das massas esta também deverá
ser desligada.

O ensaio foi realizado com recurso ao Método Volt Amperimétrico que consiste em fazer
circular uma corrente alternada com valor constante entre o elétrodo de terra a medir e um
outro elétrodo de terra auxiliar de corrente colocado a uma distância suficientemente
grande em que as superfícies de influência não se intercetam.

228
Um terceiro elétrodo, o elétrodo de terra auxiliar de tensão deve ser instalado a meio da
distância entre os outros dois permitindo assim medir a tensão entre o elétrodo de terra a
medir e o elétrodo de terra auxiliar de tensão.

Este procedimento está ilustrado na Figura 95.

Figura 95. Método Volt-Amperimétrico

Para que seja garantido que não existe influência entre os elétrodos de terra, os elétrodos
auxiliares quer de corrente quer de tensão devem ser colocados o mais longe possível do
elétrodo de terra a medir e sem canalizações de água, vedações metálicas, tubagens etc.

Como regra pode ser considerada uma distância de 10 metros para o elétrodo de terra mais
próximo, o de tensão e 20 metros para o elétrodo de terra de corrente, o mais corrente.

Por regra de boa prática, e com o objetivo de confirmar o valor obtido devem ser
realizados diversas medições deslocando os elétrodos lateralmente cerca de 6 metros. Se os
3 resultados obtidos se encontrarem dentro da mesma ordem de grandeza pode ser
considerado a média destes.

229
- Teste de isolamento a barramento e cabos

O isolamento das instalações elétricas é um requisito fundamental para a proteção das


pessoas contra os contactos diretos e indiretos e a forma de assegurar o cumprimento
destes requisitos é com a realização dos ensaios de enrolamentos.

Este ensaio deve ser realizado antes da instalação entrar ao serviço, sem tensão ou com o
aparelho de corte geral desligado e permite verificar que não existem curto circuitos e que
os valores mínimos regulamentares estão a ser cumpridos. Por forma a garantir que é
verificador todo o circuito os fusíveis/disjuntores intermédios devem estar fechados assim
como o disjuntor da carga final.

Estas medições devem sempre ser feitas em corrente continua devendo o equipamento de
teste ser capaz de fornecer as tensões de ensaios conforme presente na Tabela 44 e corrente
de 1 mA.

Tabela 44: Resultados esperados no ensaio de isolamento

Tensão Nominal do Tensão de Ensaio em Corrente Resistência de Isolamento


Circuito (V) Continua (V) (MΩ)

TRS e TRP 250 ≥ 0.25

Tensão ≤ 500 V 500 ≥ 0.5

Tensão > 500 V 1 000 ≥1

230
- Teste de rotação de fases

Em sistemas trifásicos e com equipamentos como motores ou variadores a sequência de


fases é imprescindível para o bom funcionamento da instalação. Se por lapso, durante a
execução do projeto, forem conectados os cabos com as fases trocas isto pode fazer com
que os motores rodem no sentido inverso podendo provocar danos no equipamento e/ou na
instalação.

Este teste deve ser realizado com recurso a um equipamento próprio em que irá determinar
e mostrar no display se o sentido das fases é o correto, conforme visível na Figura 3.53.

Figura 96: Equipamento de análise do sentido de rotação [44]

231
232
4. APLICAÇÃO INFORMÁTICA
PARA ESTIMAÇÃO DO
VALOR DA RESISTÊNCIA
DE TERRA EM
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

4.1. GENERALIDADES
A estimativa do valor da resistência de terra é de extrema importância numa fase de projeto
pois será o seu correto funcionamento que permitirá proteger os utilizados e os
equipamentos de tensões diferencias perigosas.

Da pesquisa realizada não foi possível verificar a existência de aplicações informáticas que
de uma forma intuitiva e rápida permitissem a determinação de qual o valor estimado para
a rede de terra que se irá obter caso se escolha determinada solução/configuração de
elétrodo de terra.

233
Assim, com o propósito de auxiliar na elaboração do projeto, nomeadamente peças escritas
e desenhadas, foi desenvolvida a aplicação informática que tem como objetivo ser um
primeiro elemento de aproximação à solução final.

4.1.1. RESISTÊNCIA DE TERRA

A resistência de contacto de um elétrodo de terra depende das suas dimensões, da sua


forma e da resistividade do terreno no qual ele for implantado. Essa resistividade, que pode
variar superficialmente (de um ponto para outro) ou em profundidade, é expressa em ohm
x metro (refira-se que a resistividade do terreno é numericamente igual à resistência, em
ohm, de um cilindro de terreno com 1 m² de secção e 1 m de comprimento).

O especto superficial do solo e da sua vegetação podem dar indicações sobre o carácter
mais ou menos favorável do terreno para a instalação de elétrodos de terra, constituindo as
medições em elétrodos de terra realizadas em terrenos análogos um meio mais exato para
fazer essa avaliação.

A resistividade de um terreno depende do seu teor de humidade e da temperatura, as quais


variam sazonalmente, sendo o teor de humidade influenciado pelas dimensões dos grãos do
terreno e pela sua porosidade. Pode dizer-se que, na prática, a resistividade aumenta
quando o teor de humidade diminui.

Os elétrodos de terra não devem, em caso algum, ser constituídos por uma peça metálica
simplesmente mergulhada na água nem devem ser estabelecidos em poças de água ou em
rios. Esta proibição justifica-se não apenas pela medíocre condutibilidade da água, mas
principalmente pelo risco de secagem e pelo perigo a que poderiam ficar sujeitas as
pessoas que entrassem em contacto com a água no momento em que se produzisse um
defeito.

As camadas do subsolo percorridas por cursos de água subterrâneos, como é o caso das
proximidades dos rios, só raramente devem ser usadas, para instalação de elétrodos de terra
pois são, em regra, formadas por terrenos pedregosos, muito permeáveis, lavados por uma
água purificada pela filtragem natural, apresentando elevados valores de resistividade. Para
tal, seria necessário atravessá-los por meio de varetas profundas para encontrar, em
camadas mais profundas terrenos, melhores condutores, caso existam.

234
O gelo aumenta consideravelmente a resistividade dos terrenos, que pode atingir vários
milhares de ohm x metros na camada gelada, podendo essa camada, em certas regiões
atingir 1 m de profundidade.

A secagem do terreno aumenta igualmente a sua resistividade, podendo os seus efeitos


fazerem-se sentir, em certos casos, até a uma profundidade superior de 2 m (os valores da
resistividade, nesses casos, são da ordem de grandeza dos encontrados para o gelo).

235
4.1.2. RESISTIVIDADE DOS TERRENOS

Na Tabela 45 estão indicados todos os valores da resistividade para os diferentes tipos de


terrenos onde é possível ver que para um mesmo tipo de terreno a resistividade pode variar
entre diferentes limites.

Tabela 45: Resistividade dos terrenos de acordo com a sua natureza [36]

Natureza dos Terrenos Resistividade (xm)

Terreno pantanoso 1 a 30
Lama 20 a 100
Húmus 10 a 150
Turfa húmida 5 a 100
Argila plástica 50
Mármores e argilas compactas 100 a 200
Mármores do Jurássico 30 a 40
Areia argilosa 50 a 500
Areia silicosa 200 a 3 000
Solo pedregoso nu 1 500 a 3 000
Solo pedregoso recoberto de relva ou erva curta 300 a 500
calcários macios 100 a 300
calcários compactos 1 000 a 5 000
calcários fissurados 500 a 1 000
xistos 50 a 300
Micaxistos 800
Granito e grés 1 500 a 10 000
Granito muito alterado 100 a 600
Betão com 1 de cimento e 3 de inertes 150
Betão com 1 de cimento e 5 de inertes 400
Betão com 1 de cimento e 7 de inertes 500

236
Pode ainda ser feita uma aproximação grosseira de acordo com os valores presentes na
Tabela 46.

Tabela 46: Resistividade média dos terrenos de acordo com a sua natureza [36]

Resistividade
Natureza dos Terrenos
(xm)

Terrenos aráveis gordos e aterros compactos húmidos 50

Terrenos magros, cascalho e aterros grosseiros 500

Solos pedregosos nus, areia seca e rochas impermeáveis 3 000

4.1.3. ELÉTRODOS DE TERRA

Os elétrodos de terra são elementos físicos enterrados no solo em que estes podem ser do
tipo:

− Elétrodos horizontais – elétrodos enterrados geralmente até a uma profundidade de


um (1) metro, constituídos por condutores de cobre ou aço galvanizado. Estes tipos
de elétrodos podem ser cabos nus, fitas ou varões;

− Elétrodos verticais – elétrodos enterrados normalmente a uma profundidade


superior a um (1) metro sendo que estes podem ser chapas, varetas, tubos ou
perfilados de cobre ou aço galvanizado. As varetas podem ainda ser de aço
revestido a cobre.

A escolha de qual o elétrodo de terra a utilizar deve estar diretamente relacionado com o
tipo de solo onde este irá ser instalado. Esta seleção implica a definição da solução a
adotar, horizontal ou vertical, e com isso determinados aspetos devem ser tidos em conta
tais como as caraterísticas presentes na Tabela 47.

237
Tabela 47: Características dos elétrodos de terra [36]

Superfície de contacto

Dimensão transversal
Material constituinte

constituintes (mm)
Tipos de elétrodos

Diâmetro exterior

Comprimento (m)

Diâmetro dos fios


com a terra (m2)

Espessura (mm)

Secção (mm2)
(mm)

(mm)
Cobre 1 25 1,8
Cabos
nus Aço
1 100 1,8
galvanizado
Horizontal

Cobre 1 2 25
Fitas
Aço
1 3 100
galvanizado

Aço
Varões 1 10
galvanizado

Cobre 1 2
Chapas
Aço
1 3
galvanizado

cobre 15 2

aço revestido
0,7 15 2
Varetas a cobre
Vertical

Aço
15 2
galvanizado

Cobre 2 20 2
Tubos
Aço
2,5 25 2
galvanizado

perfilado Aço
3 2 60
s galvanizado

238
4.1.4. INSTALAÇÃO DOS ELÉTRODOS TERRA

Aquando da instalação dos elétrodos terra devem ser seguidas várias regras,
nomeadamente:

- Condutores enterrados horizontalmente

Em relação a este tipo de condutores, estes podem ser:

− Unifilares ou multifilares em cobre revestidos por cobre com uma seção não
inferior a vinte e cinco (25) mm2;

− Alumínio revestidos por uma bainha de chumbo e de secção não inferior a trinta e
cinco (35) mm2;

− Fitas de cobre de secção superior a vinte e cinco (25) mm2 e uma espessura superior
a dois (2) mm;

− Fitas de aço macio galvanizado com uma secção superior a cem (100) mm2 e uma
espessura superior a três (3) mm;

− Cabos de aço galvanizado de secção superior a cem (100) mm2, sendo que os cabos
com fios finos não são aconselháveis.

A resistência de um elétrodo de terra constituído por um condutor deste tipo pode ser
prevista, aproximadamente, através do cálculo seguinte:

(28)

Onde:

− R – Resistência do elétrodo de terra, expressa em ohm;

− ρ – Resistividade do terreno, expressa em ohm x metro;

− L – Comprimento da vala ocupada pelo condutor, expresso em metros.

239
A resistência sofre interferência caso estes condutores sejam colocados em terrenos com
traçados sinuosos. Estes condutores podem ser colocados das seguintes formas:

anéis localizados nas bases das valas dos alicerces dos edifícios, ocupando normalmente
todo o seu perímetro (nesse caso, o valor de L a considerar é o desse perímetro);

Valas horizontais, sendo que nestes casos os condutores são enterrados a uma
profundidade de cerca de um (1) metro em covas abertas expressamente para este efeito.
De salientar que estas valas não devem ser preenchidas com materiais como pedras ou
cinzas, mas sim com terra capaz de incorporar a humidade.

- Chapas finas enterradas

Quando são utilizadas estas chapas, estas têm normalmente uma forma retangular com 0,5
metros x 1 metros enterrados de forma a que o bordo superior fique a uma profundidade de
cerca de oitenta (80) cm. Em relação à espessura dessas chapas esta deve ser superior a
dois (2) mm caso sejam constituídas por cobre, ou superior a três (3) mm, se forem de aço
galvanizado.

De forma a favorecer o máximo contacto entre as duas faces e solo, as chapas devem ser
enterradas verticalmente.

A resistência de um elétrodo de terra constituído por uma chapa enterrada de forma vertical
no solo pode ser calculada, aproximadamente, através do seguinte cálculo:

(28)

Onde:

− R – Resistência do elétrodo de terra, expressa em ohm;

− ρ – Resistividade do terreno, expressa em ohm x metro;

− L – Perímetro da chapa, expresso em metros.

240
- Elétrodos verticais (exceto chapas)

Com exceção dos elétrodos em chapa descritos na alínea anterior, os elétrodos verticais
podem ser:

− Varetas de cobre ou de aço com um diâmetro mínimo de quinze (15) mm; no caso
de varetas em aço, sendo que estas devem ter uma camada protetora aderente de
cobre como revestimento ou serem galvanizadas;

− Tubos de aço galvanizado com um diâmetro exterior superior a vinte e cinco (25)
mm;

− Perfis de aço macio galvanizado com sessenta (60) mm de lado.

A resistência de um elétrodo de terra constituído por elementos (varetas, tubos ou perfis)


metálico enterrado verticalmente no solo pode ser calculado, aproximadamente, através do
seguinte cálculo:

(29)

Onde:

− R – Resistência do elétrodo de terra, expressa em ohm;

− ρ – Resistividade do terreno, expressa em ohm x metro;

− L – Comprimento do elemento, expresso em metros.

Caso os elementos verticais sejam ligados em paralelo e afastados com uma distância
superior ao comprimento dos elementos, é possível diminuir o valor da resistência do
elétrodo terra.

Quando as condições atmosféricas forem extremas com risco de gelo ou seca dos terrenos
o comprimento das varetas deve ser maior. No caso de varetas de grande comprimento,
como o solo é raramente homogéneo, é possível que sejam atingidas camadas de terreno de
resistividade baixa.

241
4.2. APLICAÇÃO INFORMÁTICA

4.2.1. OBJETIVOS GERAIS

A aplicação informática de Estimação do Valor de Resistência de Terra foi desenvolvida


para ser utilizado como primeiro elemento para o estudo da solução a adotar na execução
da rede de terras de uma instalação.

A utilização desta ferramenta permitirá de forma expedita e aproximada concluir qual a


solução que melhor se irá adequar ao fim pretendido e com isso ser possível executar uma
estimativa orçamental e memória descritiva mais completa.

4.2.2. TECNOLOGIAS

A aplicação informática de Estimação do Valor de Resistência de Terra foi realizada com


suporte da ferramenta Microsoft Excel.

O Microsoft Excel é um software de cálculo produzido pela Microsoft que através dos seus
recursos é possível realizar diversos cálculos matemáticos, desenvolvimento de tabelas e
gráficos e ainda aplicações informáticas com recurso à linguagem Visual Basic.

A opção por esta ferramenta deveu-se a ela permitir desenvolver a ferramenta com todas as
funcionalidades que eram exigidas e por ser o Microsoft Office, e consequentemente o
Microsoft Excel, um dos aplicativos standards em todos os computadores, sendo estes de
uso profissional ou pessoal.

4.2.3. FLUXOGRAMA FUNCIONAL

A ferramenta informática para a obtenção do valor estimado para a resistência de terra foi
desenvolvida com o intuito de ser bastante simples e intuitiva para o utilizador permitindo
assim o estudo de forma rápida otimizando o desenvolvimento da solução.

242
Neste sentido e procurando uma solução simples e rápida, a arquitetura da ferramenta pode
ser resumida ao fluxograma apresentado na Figura 97.

Figura 97: Fluxograma da ferramenta informática desenvolvida

4.2.4. ENTRADA DE DADOS

A aplicação foi desenvolvida de forma a que de uma forma sequencial seja solicitada ao
utilizador a informação relativa à solução técnica a ser simulada. Serão solicito um
conjunto de dados técnicos dos elétrodos de terra mas também da instalação onde estes
serão instalados.

O menu de entrada na aplicação foi desenvolvido para ser o mais simples e intuitivo
possível tendo apenas as informações necessárias para o utilizador.

243
Na Figura 98 é possível ver o menu inicial da aplicação informática desenvolvida.

Figura 98: Menu inicial da ferramenta informática desenvolvida

Será este o primeiro contacto do utilizador com a ferramenta em que após a seleção da
opção para iniciar o aplicativo aparece de que modo é que pretende desenvolver o projeto,
se como “Novo projeto” em que se cria uma simulação totalmente nova ou se pretende
“Consultar projeto” em que é possível visualizar o históricos dos projetos já simulados.

Figura 99: Definição do modo de simulação

244
Sendo selecionado um novo projeto é importante começar por caraterizar o mesmo tendo
que ser definido o tipo de instalação e a sua localização. Outros dados como o nome do
cliente e a data serão importantes para uma definição mais precisa da simulação. Na Figura
100 está representado esse menu.

Figura 100: Caraterização da instalação a simular

Dos quatro (4) campos presentes no menu anterior apenas dois (2) são considerados como
obrigatórios, “Tipo de instalação” e “Localização” pois serão estes que irão permitir reunir
dados necessários para o cálculo.

No menu seguinte terá que ser selecionado de que modo é que se pretenda que seja feita a
obtenção da resistividade do solo, havendo três (3) opções disponíveis: “Medição” – caso
tenha sido feita medições no terreno; “Conhecimento do tipo de solo” – onde não foram
feitas medições no terreno mas o tipo de solo é conhecido e a ultima opção é “Sem
informação” – não foram feitas medições e não se conhece o tipo de solo pelo que
recorresse à localização da instalação para se obter um valor da resistividade do solo.

245
O menu acima descrito está representado na Figura 101.

Figura 101: Determinação da resistividade do solo

As seleções de diferentes opções direcionam a ferramenta informática para diferentes


menus conforme é possível na Figura 102.

Figura 102: Diferentes opções para se obter a resistividade do solo

246
Estando a resistividade do solo determinada, seja por que método for, tem de ser definido
que tipo de elétrodo se pretende instalar aparecendo deste modo o menu presente na Figura
103 com três (3) opções disponíveis: “Horizontal”; “Vertical” ou “Horizontal c/ piquetas
verticais”.

Figura 103: Seleção da solução a adotar

Após a definição da solução segue-se a escolha do tipo de elétrodo a utilizar conforme se


pode ver na Figura 104.

Figura 104: Escolha do tipo de elétrodo a utilizar

247
Estando este passo concluído é necessário definir as caraterísticas técnicas dos elétrodos a
utilizar desde o seu material, o seu comprimento, a quantidade entre outros sendo para isso
apresentados diversos menus tais como os presentes na Figura 105.

Figura 105: Caraterísticas técnicas dos elétrodos

4.2.5. RESULTADOS

A apresentação dos resultados será um dos últimos menus da aplicação informática uma
vez que para isso o utilizador já teve que introduzir um conjunto de caraterísticas técnicas
que levaram a que fosse possível obter-se o resultado final. Este valor é apresentado
através do menu presente na Figura 106.

Figura 106: Menu de apresentação de resultados

248
Após ter sido apresentado o resultado da simulação existe a possibilidade de ser gerado um
relatório com a estrutura apresentada na Figura 107.

Figura 107: Relatório de resultados da ferramenta informática

249
250
5. CONCLUSÕES

5.1. CONCLUSÕES GERAIS


A realização do presente documento teve como função complementar, da melhor forma
possível, o ciclo de estudos do candidato que este tem vindo a desenvolver ao longo dos
últimos anos. Por esse mesmo objetivo foram propostos diversos objetivos com o principal
âmbito de consolidação e aquisição de novas ferramentas além das instruídas durante o
ciclo académico.

Todos os principais objetivos foram cumpridos pois o estágio foi encarado com um
objetivo extra de finalizar uma componente letiva e como tal este serviu para o candidato
crescer e evoluir como cidadão e como profissional tendo este tido um contacto mais
profundo com o mundo empresarial.

O desenvolvimento deste trabalho permitiu ao candidato conhecer uma nova vertente da


que este esteve envolvido anteriormente e que ao qual se tem revelado bastante motivadora
e enriquecedora.

O período de estágio foi sempre aproveitado de modo a que fosse possível tirar o máximo
partido de toda a envolvente e o facto de ter sido realizado numa empresa como a
SIEMENS SA ajudou a que fossem obtidos métodos de trabalho, responsabilidades, mas

251
principalmente adquirir novas competências que certamente serão valorizadas e
reconhecidas no futuro.

Ao longo do período de estágio o candidato teve a oportunidade de contactar com


temáticas novas para ele como tópicos de gestão de projetos, temas e decisões financeiras
mas também teve a oportunidade de desenvolver novas competências técnicas como
estudos de coordenação de média tensão, fazer direção e gestão de obra no terreno da
instalação, aprofundar o conhecimento em equipamento de média tensão e muitos outros
que se revelaram vantajosos.

5.2. CONTRIBUTOS DO CANDIDATO


No seio do ambiente profissional o candidato desenvolveu um estado da arte sobre as
temáticas projeto e gestão obra, áreas essas onde exerce a sua função profissional. Foram
apresentadas algumas das caraterísticas do Sistema Elétrico Moçambicano e algumas
diferenças quando comparado com o Português. Posteriormente foram abordados alguns
tópicos relativos ao projeto eletrotécnico tais como “Subestações”, “Postos de
transformação” e “Redes de distribuição de energia em baixa tensão”. Relativamente à
temática de Direção de obra foi apresentado a sua principal função e os principais aspetos a
ter em conta no desempenho desta função.

Durante o período de estágio o candidato teve a oportunidade de participar na fase de


definição de engenharia e projeto de uma unidade industrial de produção de cerveja
localizada em Moçambique. Foi ainda parte integrante da equipa de gestão de projeto
durante todo o decorrer do mesmo tendo acompanhado os trabalhos no local da instalação
e junto do cliente e das equipas executantes.

Como complemento ao trabalho descrito anteriormente foi ainda desenvolvida uma


aplicação de estimação do valor de Resistência de Terra pensada idealizada para auxiliar
durante a fase de projeto nomeadamente na elaboração de estimativas orçamentais.

Desde o primeiro dia de estágio que o candidato tentou sempre ser esforçado, responsável
e assertivo no desenrolar da atividade profissional e a integração num projeto com a
envergadura do aqui apresentado é de facto um motivo de orgulho. O projeto apresentado
tem a particularidade de ser demasiado extenso e demasiado complexo para ser fielmente

252
retratado num documento, mas o ter a oportunidade de estar em obra e ver as decisões que
este tomou terem consequências, positivas e negativas vale todos os esforços realizados até
esse momento.

5.3. COMPONENTE ACADÉMICA


Sendo este o documento final de um ciclo académico era impossível redigi-lo sem passar
por todo o processo de desenvolvimento inerente á participação na Licenciatura em
Engenharia eletrotécnica – Sistemas Elétricos de Energia e mais recentemente o Mestrado
em Sistemas Elétricos de Energia.

O conhecimento e as metodologias adquiridas nestes dois contextos permitiram ao


candidato se sentir preparado para enfrentar os desafios que o mundo empresarial tem
inerentes ao seu progresso.

De entre as unidades curriculares integrantes do plano de estudo do Mestrado em Sistemas


elétricos de energia o candidato destaca as seguintes cadeiras como as mais relevantes para
o presente documento:

− Gestão de Projetos – Foi a unidade curricular que permitiu ter o primeiro contacto
com as técnicas de gestão e conceitos relacionados com esta atividade. A
frequência desta unidade curricular permitiu iniciar a atividade profissional com
algum conhecimento prévio.

− Aplicações Informáticas em Sistemas Eléctricos – O conhecimento adquirido com a


frequência desta unidade curricular permitiu adquirir competências na área de
programação essenciais para o desenvolvimento da aplicação informática.

− Instalações Elétricas Especiais – Esta unidade curricular permitiu continuar a


aprofundar os conhecimentos adquiridos na Licenciatura em Engenharia
eletrotécnica – Sistemas Elétricos de Energia e que se tem revelado indispensáveis
no desempenho da profissão.

253
5.4. PERSPETIVAS DE TRABALHO FUTURO
Um projeto eletrotécnico desta envergadura não termina com a saída de estaleiro, existe
sempre a necessidade de acompanhar a instalação tendo ainda esta a particularidade de
desde o inicio estar a ser prensada uma segunda fase de expansão pelo que é de todo o
interesse da empresa poder estar presente nessa expansão e certamente o conhecimento
adquirido pelo candidato nesta primeira fase será uma mais valia no desenrolar do projeto.

254
Referências Bibliográficas

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