ANalise de Solo
ANalise de Solo
ANalise de Solo
ANÁLISE DE SOLO
Davi José Silva'
1. Amostragem de solo
Exitem vários conceitos para amostra. Todos, basicamente, referem-se à amostra como
uma parte de um todo, ou melhor, de uma população. O processo de coleta de amostra é
denominado amostragem. Uma das características mais importantes da amostra é a sua
representatividade, ou seja, o quão bem a amostra representa a população. A facilidade para
uma boa representatividade depende da homogeneidade da população, ou seja, quanto mais
homogênea for a população, mais facilmente a sua amostra será representativa.
Os solos são corpos heterogêneos que apresentam variabilidade em superficie
(horizontal) e em profundidade (vertical). Portanto, na sua amostragem alguns cuidados
deverão ser tomados no sentido de se obter amostras representativas.
A ciência do solo subdivide-se em vários campos de estudo, tais como gênese,
classificação, química e fertilidade do solo, dentre outros. Nestes, existem técnicas
apropriadas para amostragem dos solos. Como este curso tratará de aspectos de amostragem
de solos para fins de química e/ou fertilidade do solo, serão dadas maiores informações a esse
respeito.
1 Eng". Agr?., D.Se., Pesquisador da Embrapa Senti-Árido, Caixa Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE. E-mail:
davi@epatsa.embrapa.br
1.1. Objetivos da Amostragem em Química e em Fertilidade do Solo
Considerando o destino dos resultados das análises das amostras, estas terão como
finalidade a pesquisa e a assistência aos agricultores.
Os objetivos das pesquisas em química e/ou fertilidade de solos são vários. Desse
modo, o método de amostragem deverá atender a estes objetivos. Quando o resultado das
análises destina-se à assistência aos agricultores, o objetivo básico será a avaliação da
fertilidade do solo. Assim, as características da amostra serão generalizadas para a unidade de
amostragern (UA2). Portanto, a amostra também deverá ser representativa da população.
Na avaliação da fertilidade de um solo. é necessário o conhecimento dos niveiscriticos
de nutrientes para que não haja limitações na produção pela sua fertilidade. Estes níveis
críticos permitem que os diversos nutrientes existentes em níveis inadequados sejam
corrigidos pela adubação.
2 Por unidade de amostragem entende-se uma área com caractcrfsticas relativamente homogêneas em relaçlo a
topografia, vegetação. cor, textura, umidade.
3
Esses fatores de formação do solo não atuam de maneira isolada, mas sim em conjunto
e, dependendo das condições locais, a ação de um fator pode sobrepujar a de outro.
A variabilidade é, também, influenciada pelos processos de formação do solo. Esses
processos proporcionam o desenvolvimento de características com diferenciados graus de
similaridade, que conforme a sua semelhança, permitem que os solos sejam agrupados em
diferentes unidades taxonômicas (unidades de classificação). Os fatores e processos de
formação do solo ocasionam uma variação nas características químicas, fisicas e
mineralógicas em três dimensões: superficie e profundidade.
As variações em superficie podem ser classificadas em função da distância na qual
elas ocorrem (Tabela 1).
CHA
AI /
/
COM I
CALAGEM/ A2
-- - I
/ ...
.• A5
SEM EN.C.oS1A ....
CALAGEM
.....
A6
A 7 ,
VARZEA
Figura 2. Representação de uma tJi\, onde pode-se colher amostras simples e uma amostra
cornposta/U i\
n - (tuCV/l)l
Baixo O O O 5 O O
Cálcio Médio 6 1 O 17 10 5
Alto 24 9 5 8 O O
Baixo 10 5 O 10 2 O
Potássio Médio 17 5 5 9 7 5
Alto 3 O O 11 1 O
30s = 30 amostras simples por UA; 10/5 e 5/20 = n° de amostras compostas por UNn° de
amostras simples para formar a amostra composta.
Fonte: Adaptado de Catani et aI. (1954)
A retirada de amostras pode seguir vários processos. Entretanto, os mais comuns são
os métodos sistemáticos e o aleatório (Figura 3). Quando o método a ser utilizado é o
sistemático, existem vários processos para demarcação dos pontos de amostragem, que _são
adotados em trabalhos de pesquisa
O método aleatório é o mais comum para se retirarem subamostras de uma UA para
formar uma amostra composta. Na obtenção de uma amostra composta, as subamostras
devem ser distribuídas em toda a área da UA o mais uniforme possível e ao acaso. O
caminhamento em zigue-zague, preferencialmente, deve ser o escolhido.
7
" 20
19
18
21 .
22 8 1.6 .17
7 15
6 9 ..10 14
.5
2 :11 13
4
'- 3 1 12
Sistemático
Aleatório
Pastagem o- 7 ou 8 e O- 10 Condução
Perene 0- 30 e 30 - 60 Implantação
0- 20 e 20 - 40
0-20,20 - 40 e 40 - 60
1.6. Equipamentos
Uma vez definida qual a profundidade de amostragem, cada subamostra deverá ter o
mesmo volume, a fim de que a amostra composta seja formada por subamostras que
apresentem, cada uma, a mesma porção de solo, condição indispensável para que esta seja
representativa da unidade de amostragem. Para se ter esse mesmo volume, o prisma (enxada,
pá, faca) ou o cilindro (trado, sonda) além da mesma profundidade, deve ter a mesma
superfície na coleta das amostras simples.
O que ocorre na prática é que o agricultor retira as amostras de solo com o
equipamento disponível na propriedade. Deve-se atentar para a adequação do equipamento ao
tipo de solo. O trado holandês tem apresentado bom desempenho para qualquer tipo de solo.
A pá de corte reto representa uma boa opção para a operação de amostragem em áreas
pequenas. As sondas podem ser utilizadas para a amostragern em terra fofa e ligeiramente
úmida. Além do tipo de solo, deve-se observar que tipo de análise será realizada na amostra
de terra. Para a análise de micronutrientes, recomenda-se que o equipamento de amostragem
seja de aço inoxidável, para evitar contaminações com zinco e ferro. Atualmente, já existe
disponibilidade destes materiais no mercado. O manuseio da amostra, também, deve ser
evitado para prevenir contaminações com sódio e potássio.
sistemas de manejo, como adubação verde, plantio adensado, cobertura vegetal viva ou morta,
roçada das plantas daninhas, uso de esterco ou outros materiais orgânicos, etc. Em geral, essas
técnicas agronômicas proporcionam acúmulo de matéria orgânica e de nutrientes
(principalmente fósforo, cálcio, magnésio e potássio), aumentam o pH e a capacidade de troca
catiônica efetiva e diminuem o teor de alumínio no solo. Isso torna necessário que se avalie
um maior número de camadas para o diagnóstico da fertilidade.
Com relação ao local de amostragem, recomenda-se coletar amostras de solo
separadas: uma no local da adubação (normalmente na projeção da copa das plantas) e outra
entre as linhas de plantio ou no centro das ruas (Figura 5).
O~------------~
10
20
40
E
60
u 3 4 5
pH CoCI2
w o
o
4(
1o
o
20
o
z
::> 40
u,
o
a:
~ 6ü+-----..-:-----r-----I---r----r---r----,----,
0.0 1.0 2.0 0.0 1.0 2.0
1O.---~---'
20
AI (meq.
I 100t]
)
40
DSEM N
.360KO/ho-N
60+--.--.--.--,--r--+--.--r--.--~~
O 2 4 5 O 1 2 3 4 5
Co t MQ (meq'/100Q)
solução do solo aumenta do primeiro para o último extrator. Assim, para uma mesma amostra
de solo, espera-se que o pH em água seja maior que o pH em CaCho Esta diferença,
denominada de Apl-l, está relacionada com várias características do solo, e pode dar
informações importantes a respeito de sua química e fertilidade. Em solos de regiões semi-
áridas, é de se esperar que esta diferença seja muito pequena. Na Figura 6 pode-se observar o
efeito do pH do solo na disponibilidade dos nutrientes. A faixa de pH 6 a 6,5 é considerada
adequada para a maioria das culturas.
FERRO
COBRE
MANGANÊS
ZINCO
'\
w
-. / MOllBDENIO
I- CLORO
Z
w
o \
(f)
w
a:
\ _. --e FÓSFORO
o
<,
"'~
w -, '\ NITROGENIO
o
<t _-~__ • ENXOFRE
o -, <,- ----- , IBORO
-.J .•..... "
rn
.•.....
<,
'"
z <,
o
a.
(f)
... - ... - ... -
<,
.••...
A condutividade elétrica do solo é uma análise que deve ser realizada em todas as
amostras nos laboratórios de regiões semi-áridas. É obtida pelo método da pasta de saturação
e fornece informações sobre a presença de sais no solo.
Tradicionalmente expressa em mmhos/cm, com a adoção do SI, passou a ser expressa
em Siemens por metro (Sim). Contudo, a magnitude do valor não foi alterada, ou seja,
mmhos/cm = mS/cm = dS/m
Na Tabela 4 é apresentada uma aplicação da condutividade elétrica do extrato de
saturação.
12
A concentração de cátions trocáveis presentes no solo pode ser obtida por diferentes
extratores e métodos de determinação. Tradicionalmente expressa em mEq/lOO g,
mEq/100 em" ou mEql1 00 ml, esta unidade foi modificada com a adoção do SI.
A unidade usada para medir concentração no SI é o moi. Assim, o conceito de
miliequivalente (mEq) deixou de ser utilizado para a expressão de resultados de análise de
solo, sendo substituído pelo rnol.zkg ou mol./dm'' (com base em peso ou em volume,
respectivamente). Estas unidades possuem a seguinte equivalência:
Para evitar o uso deste fator de conversão, a maior parte dos Programas de análise adota como
múltiplo, o cmol., sendo que:
Da mesma forma que são expressas em relação a volume, estas unidades também podem ser
expressas em relação a peso, ou seja:
1 emolc/kg = 1 mEq/l00 g
Da mesma maneira,
1 cmol./kg x 10 = 1 mmol.zkg
Estas unidades são, ainda, utilizadas para expressar os resultados de análise de todo o
complexo sortivo do solo (AI3+, H+AI, Sb, t e T)
A forma de apresentação das unidades também foi alterada. A unidade que ficava no
denominador, sob a barra, passou para o numerador, sendo elevada a potência negativa.
Contudo, as duas formas de expressão podem ser utilizadas.
Exemplos:
g/kg = g kg'
cmol.zdrrr' = cmol, drn"
mg/kg = mg kg'
3. Bibliografia
ALVAREZ v., V'H. Avaliação da fertilidade do solo. Brasília: ABEAS, 1994. 98p.
Apostila do Curso de Fertilidade e Manejo do Solo.
RAlJ, B. van. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Ceres, POTAFOS, 1991. 343p.