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V E R S ÃO C O M P L E TA

PROPOSTAS FIRJAN PARA UM

ESFERA FEDERAL | AGO. 2022

Propostas para
alavancar a indústria
nacional e promover
o crescimento
econômico do Brasil.
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
F293p Propostas Firjan para um Brasil 4.0 : esfera federal. / Firjan. –
Rio de Janeiro: Firjan, 2022.
20 p. : il., color.

1. Desenvolvimento econômico. 2. Produtividade industrial.


3. Indústria brasileira. 4. Brasil. I. Título

CDD 338.981

Daisy Margareth Alcáçova de Sá Pimentel – CRB-7 nº 4217


Expediente
Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
Presidente
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
1º Vice-Presidente Firjan
Luiz Césio Caetano
2º Vice-Presidente Firjan
Carlos Erane de Aguiar
1º Vice-Presidente CIRJ
Carlos Fernando Gross
2º Vice-Presidente CIRJ
Raul Eduardo David de Sanson
Grupo de Trabalho Empresarial - Propostas para um Brasil 4.0
Luiz Césio Caetano (Coordenador)
Antonio Carlos Vilela
Carlos Frederico Aguiar
Julio Talon
Leonardo Edde
Marcelo Kaiuca
Marcus Rumen
Marco Saltini
Diretor de Competitividade Industrial e Comunicação Corporativa
João Paulo Alcantara Gomes
Diretor Executivo SESI SENAI
Alexandre dos Reis
Diretora de Compliance e Jurídico
Gisela Pimenta Gadelha
Diretora de Finanças e Serviços Corporativos
Luciana Costa M. de Sá
Diretor de Gestão de Pessoas
Guilherme Cavalieri

ORGANIZAÇÃO
Gerente Geral de Competitividade
Luis Augusto Azevedo
DASCE – Div. Análise Sup. Compet. Empresarial
Júlia Nicolau Butter
Taíssa Farias Soffiatti
CONTEÚDO TÉCNICO
Equipe Técnica da Firjan e Grupo de Trabalho
Empresarial

PROJETO GRÁFICO
GERÊNCIA GERAL DE COMUNICAÇÃO
Gerente Geral
Ingrid Buckmann
Gerente de Comunicação e Marca
Fernanda Marino
Equipe Técnica
AGO. 2022 Amanda Zarife
Luciana Sancho
Patrícia Mendonça Lima
www.firjan.com.br Vanessa Raposeiro
Av. Graça Aranha, 1, 12º andar
Centro, Rio de Janeiro
presidencia@firjan.com.br
Mensagem do presidente
O contexto não poderia ser mais adequado e, ao mes- de Janeiro e coordenado pelo primeiro vice-presidente
mo tempo, desafiador. da Firjan – Luiz Césio Caetano, liderou a construção da
Diante de tantas mudanças sociais e econômicas ob- agenda.
servadas em escala global, é primordial para o Brasil e Os Conselhos Empresariais Regionais e Temáticos de-
para o Rio de Janeiro avançar em reformas e em ações sempenharam papel fundamental ao oferecer posicio-
que permitam estabelecer uma rota de crescimento namentos-chave a respeito de fatores críticos à eleva-
sustentado, baseado na elevação da produtividade das ção da competividade empresarial e à promoção do
economias nacional e fluminense. crescimento econômico.
Nesse sentido, a Agenda de Propostas da Firjan para Por fim, a Diretoria Empresarial forneceu as conside-
um Brasil 4.0 é uma contribuição do empresariado flu- rações estratégicas que nos permitiram chegar a esse
minense ao planejamento de políticas públicas para os fantástico mapa.
governos federal e estadual. Ao longo do processo, a equipe técnica da Firjan ofere-
A Agenda contempla 62 propostas de abrangência na- ceu o suporte aos debates e às reflexões empresariais.
cional e 41 propostas de âmbito estadual, organizadas A todos, meu profundo agradecimento.
em quatro pilares: ambiente de negócios, infraestrutura, A Agenda de Propostas da Firjan para um Brasil 4.0 é
capital humano e eficiência de estado. Ao mesmo tem- um compromisso da Firjan com o fortalecimento da
po em que contemplam uma multiplicidade de temas, indústria e com a retomada do crescimento econômico
as propostas sugerem claramente os caminhos a serem no Rio de Janeiro e no Brasil.
percorridos.
O Grupo de Trabalho de Política Industrial, composto por Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
2 industriais de diversos setores e regiões do estado do Rio Presidente do Sistema Firjan

Versão Completa
Um momento único
O contexto não poderia ser mais desafiador. Após dois dade fiscal e socioambiental, infraestrutura adequada e
longos anos, as evidências sugerem estarmos próximos simplificação da burocracia.
do fim da pandemia provocada pela Covid-19, que O Brasil possui enorme desafio em todas as dimensões
transformou definitivamente nosso modo de viver. Um acima citadas. Nesse sentido, é fundamental priorizar
novo paradigma foi estabelecido para a sociedade, ações e planejar a sua execução de modo a aproveitar
governos e empresas. ao máximo os recursos disponíveis: financeiros, tecnoló-
Assim como um furacão irrefreável, a pandemia ace- gicos e humanos.
lerou mudanças esperadas para muitos anos à frente. O planejamento público necessita contemplar uma polí-
Por necessidade, as empresas intensificaram os investi- tica industrial que estabeleça as bases para que o setor
mentos na transformação digital, transportando para o produtivo seja competitivo. Indústria forte é sinônimo
mundo on-line o trabalho e o relacionamento com clien- de economia sólida e próspera. O cenário atual reforça
tes e fornecedores. Resiliência e flexibilidade tornaram- esse argumento.
-se habilidades-chave para trabalhadores e empresas Durante os últimos 20 anos observamos uma tendência
neste mundo em constante e rápida mudança. mundial de longas cadeias globais de produção inter-
A otimização do processo produtivo por meio da ligadas. A guerra entre Rússia e Ucrânia rompeu esse
aplicação de soluções inovadoras e de novas tecnolo- paradigma, evidenciando os riscos elevados à excessiva
gias, desempenhadas por trabalhadores qualificados e dependência das cadeias globais no que tange a seto-
eficientes, nunca foi tão primordial. A competitividade res estratégicos. É necessário traçar política industrial
das empresas está diretamente atrelada ao que os eco- de modo a fortalecer a competitividade industrial e
nomistas denominam produtividade total dos fatores, reduzir o risco da dependência em relação às longas
ou seja, ao nível de produtividade do trabalhador e de cadeias globais, em particular àquelas responsáveis por 3
eficiência de utilização do capital para produção de insumos-base da produção industrial do país.
bens e serviços. Não se trata de adotar medidas protecionistas que
Mundialmente, o bom desempenho das economias mais criem redutos de ineficiência, mas sim de implantar
fortes está intrinsicamente relacionado à elevada com- ações primordiais para elevação da produtividade
petitividade empresarial. O aumento da produtividade, dos fatores e que permitirão às empresas brasileiras
portanto, é condição sine qua non para o crescimento ter isonomia na competição nacional e internacional.
econômico. Para fortalecer e criar novas vantagens comparativas,
Ao mesmo tempo em que depende de uma gestão aumentando a capacidade de inovar e de crescer.
corporativa eficiente, a produtividade dos fatores das Visando contribuir com o planejamento público na esfe-
empresas requer que os governos ofereçam um ambien- ra Federal, a Firjan apresenta agenda com as propostas
te de negócios favorável, que propicie: trabalhadores do empresariado fluminense para elevar a produtivida-
qualificados, carga tributária competitiva, segurança de da economia brasileira. A Indústria 4.0 precisa de um
institucional e jurídica, fomento à inovação, sustentabili- Brasil 4.0.

Propostas Firjan para um Brasil 4.0 | Esfera Federal


A produtividade no Brasil
A produtividade é entendida como a eficiência com que A partir dos anos 2000, o Brasil passou por um intenso
os agentes econômicos (empresas, trabalhadores etc.) processo de redução da pobreza, distribuição de renda
utilizam seus recursos para transformar seus insumos e aumento do PIB per capita. A produtividade, no en-
em bens e serviços. Isto é, a capacidade de gerar um tanto, não teve contribuição significativa nesse proces-
maior nível de produto com a mesma quantidade de so. Esse processo se deu por diversos fatores e, entre as
emprego e demais insumos, gerando incentivos para principais influências, destaca-se: (i) ambiente externo
uma melhor alocação de recursos, ocorrendo um efeito favorável, com o boom das commodities favorecendo a
transbordamento para toda a economia. economia brasileira; (ii) aumento da demanda interna;
Em um país, a produtividade pode ser um dos principais (iii) aumento da população ocupada; (iv) aumento no
mecanismo de influência no aumento de seu Produto nível de escolaridade; e (v) bônus demográfico (com a
Interno Bruto (PIB). Isto porque, em termos empresariais, população em idade ativa crescendo de forma mais
quanto menos tempo os trabalhadores levam para acelerada que a população total).
realizar as mesmas tarefas, mais competitivas ficam as O crescimento da demanda e elevação dos preços
empresas. Adicionalmente, um ambiente mais favo- das commodities beneficiaram o Brasil, aumentando a
rável para os negócios incentiva a abertura de novas participação do país nas exportações mundiais. De fato,
empresas e consequente aumento no emprego e renda esse cenário internacional favorável para países primá-
nacional. rios-exportadores fez com que aumentasse a riqueza
Entretanto, a produtividade no Brasil nas últimas interna e os tornassem mais dinâmicos. Houve, portan-
décadas tem sido, via de regra, muito baixa e estagna- to, estímulo ao ambiente de negócios, aumentando o
da. Isso faz com que um cenário de baixo crescimento poder aquisitivo brasileiro frente ao resto do mundo,
4 econômico gere um desincentivo à concorrência (com levando ao aumento da renda e da força de trabalho
desestimulo a novos participantes), estimulando a nacional, em especial, com a inserção de novos traba-
ineficiência e alocação inadequada de recursos. Como lhadores no mercado formal de trabalho.
resultado, leva ao baixo nível de competitividade obser- Adicionalmente, outros fatores importantes nesse
vado nas empresas brasileiras nos últimos anos, queda processo foram o aumento da demanda interna e a
no nível de emprego e renda e, na ponta, consumidores elevação do consumo. A expansão de políticas públicas
pagando por produtos de baixa qualidade com preços de redistribuição de renda e de acesso ao crédito foram
elevados. Além disso, aumenta o custo enfrentado pelas fundamentais para elevar o consumo doméstico. Além
empresas, em um cenário com juros altos, complexidade disso, como um dos mecanismos essenciais, inclusive,
tributária e uma infraestrutura inadequada. para o aumento da produtividade, a elevação da esco-
Historicamente, a produtividade nacional teve pouca laridade da população observada no período foi impor-
influência em momentos de crescimento econômi- tante no crescimento econômico nacional. Entretanto,
co. Entre 1950 e 1980, o Brasil registrou crescimento ainda que tenha avançado no acesso à educação, com
econômico significativo, impulsionado pela mudança universalização da educação básica, ainda persistem
estrutural setorial (com aumento da produtividade no preocupações, como a qualidade do ensino e a infraes-
setor agrícola e expansão do setor de Serviços) e pelo trutura ofertada.
aumento da força de trabalho nacional. Nesse meio Estruturalmente, o Brasil se beneficiou durante anos do
tempo, outras questões foram priorizadas, tais como bônus demográfico. O maior crescimento da Popula-
o combate à inflação nas décadas de 1970 e 1990 e ção em Idade Ativa (PIA) frente ao da população total
a redução das desigualdades nos anos 2000. Mesmo impulsiona o número de trabalhadores, aumentando
apresentando crescimento nesses períodos, a produtivi- o mercado de trabalho nacional e gerando efeitos
dade não ocupou papel relevante. positivos para a economia. Entretanto, com a reversão

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desse quadro prevista para os próximos anos, a entrada mando do crescimento observado na população total.
em um ônus demográfico impõe novos desafios para a É possível observar que em 2018 os crescimentos já se
economia, visto que terá um maior número de idosos. igualam e em 2019 a população total já cresce em ritmo
Como mostrado no gráfico abaixo, o crescimento da mais acelerado que a população em idade ativa.
PIA está desacelerando ao longo dos anos, se aproxi-

Gráfico 1: Crescimento da População em Idade Ativa (PIA) e População Total no Brasil

2,0%

1,5% 1,4%
1,4%
1,3%
1,2%
1,2%
1,1%
0,9%
1,0% 0,9%
0,8%
0,9% 0,9% 0,7%
0,9% 0,9% 0,9% 0,8% 0,8% 0,8% 0,8% 0,8%
0,5%

5
0,0%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

PIA (15 a 64 anos) População Total

Fonte: ONU. Elaboração própria.

Mesmo com o bônus demográfico como influência crescido, a produtividade brasileira se manteve relativa-
positiva para a economia, o Brasil não conseguiu apro- mente estável entre 1981 e 2019. Ou seja, o desempenho
veitá-lo completamente devido às crises enfrentadas no da produtividade no Brasil é questão de preocupação
período. As altas taxas de desemprego mostram que o há décadas.
mercado de trabalho nacional não conseguiu absorver Ao analisar a Produtividade Total dos Fatores do Brasil
a população em idade ativa para trabalhar. Um dos (PTF)1 e o Produto Interno Bruto (PIB) de 1981 até 2019
fatores críticos dessa não absorção era, também, a verificamos que as taxas de crescimento médio foram
qualidade da mão de obra. Agora, com a reversão do de 0,4% a.a. e 1,0% a.a., respectivamente. Os dados da
quadro, com o ônus, o cenário fica mais preocupante. tabela 1 mostram que o baixo crescimento da PTF foi
A produtividade, como já sinalizado, não foi fator de compensado pelo rápido crescimento da população em
grande influência no crescimento observado no PIB idade ativa (PIA) em relação à população (bônus demo-
nacional. Na verdade, ainda que a economia tenha gráfico), que aumentou 1,9% a.a. no período.

1 A PTF é um indicador que considera a produtividade da mão de obra

e da eficiência do uso de capital.

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Tabela 1: Crescimento médio do PIB, PTF, PIA e população total (em % ao ano)

Períodos PIB Produtividade População PIA

Período total

1981/2019 1,0% 0,4% 1,4% 1,9%

Por década

1981/1990 2,3% -0,5% 2,1% 2,6%

1991/2000 2,6% 0,5% 1,6% 2,3%

2001/2010 3,7% 1,5% 1,1% 1,7%

2011/2019 0,8% -0,1% 0,8% 1,1%

Foco entre 2010-19

2011/2014 2,4% 0,4% 0,9% 1,3%

2015/2019 -0,5% -0,5% 0,8% 0,9%

Fonte: IBGE, FGV e ONU. Elaboração própria.

Importante destacar que a taxa de crescimento do PIB qualificações e fornecer maior valor agregado à econo-
que vinha aumentando até a década de 2000 desace- mia, podendo ser vista como um dos principais motores
lerou na década seguinte, reduzindo de 3,7% a.a. para para o aumento da produtividade e, consequentemente,
0,8% a.a. Paralelamente, no mesmo período a PTF so- para o crescimento econômico.
6
freu uma inversão em sua taxa de crescimento, tornan- Internacionalmente, o desempenho do Brasil nas últimas
do-se negativa. Quando analisamos o período mais re- décadas foi distinto no que tange às influências para
cente (2015/2019), é possível verificar que a PIA cresceu sua taxa de crescimento. O Brasil fundamentou seu
praticamente à mesma taxa da população total. Neste crescimento econômico, principalmente, na acumulação
sentido, pode-se afirmar que o bônus demográfico, que de fatores de produção – e não em ganhos de produ-
contribuiu para as taxas de crescimento da PTF nos tividade. A contribuição do trabalho nos períodos de
períodos anteriores, está se aproximando do seu fim. crescimento foi muito maior que o observado em outras
Cabe mencionar, portanto, que os fatores que permi- economias que cresceram no mesmo período. Enquan-
tiram que o PIB crescesse acima da PTF desde o início to a produtividade no Brasil teve baixa influência no
da década de 1980 não contribuirão positivamente no crescimento econômico, nas economias emergentes foi
futuro. Por outro lado, determinantes que tiveram efeito fator essencial.
negativo provavelmente continuarão a exercer esta A comparação da PTF entre países requer considerar os
tendência. Em particular, o crescimento da população níveis das variáveis e não apenas suas taxas de cresci-
em idade ativa será inferior ao da população como mento. Uma forma usual na literatura para comparar
um todo. Diante desse cenário, a produtividade será o a produtividade entre países é analisar a PTF de cada
principal meio para garantir um crescimento sustentável país em relação à PTF dos Estados Unidos no mesmo
para o Brasil. período relativizados pela Paridade do Poder de
Elevar a produtividade da indústria a partir de uma Compra (PPC), conforme mostra o gráfico 2. A PTF do
agenda que impulsione a produtividade do País será Brasil atingiu 81% da PTF dos Estados Unidos em 1981
determinante. Tal constatação se deve ao fato de que e representava em média 73% da PTF americana na
a indústria se caracteriza por ter a produtividade mais década de 1980. Desde então, a PTF vem caindo con-
elevada entre os segmentos da economia. O setor se sistentemente, chegando em 2019 a apenas 51% da PTF
caracteriza por pagar os maiores salários, exigir maiores norte-americana. A PTF coreana tem uma convergência

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relativamente rápida, passando de 47% para 60% da PTF dos Estados Unidos na média para o período. Por
PTF norte-americana no período. Isto representa um fim, a PTF chinesa, que apresentou a menor PTF relativa
avanço considerável, uma vez que a PTF americana diante da PTF dos Estados Unidos no período (38%),
continuou crescendo de forma consistente entre 1980 entre os países selecionados. Importante ponderar, no
e 2019. Cabe destacar a produtividade da economia entanto, que a PTF chinesa vem apresentando alguma
alemã, que chegou a se igualar à PTF americana em recuperação desde a década de 2000, chegando a 2017
2002. A partir de então, a PTF da Alemanha apresentou com 43% da PTF norte-americana.
uma ligeira queda, mantendo-se, porém, acima de 90% A tabela 1 e o gráfico 2 parecem ratificar o diagnóstico
da PTF norte-americana. Ademais, vale mencionar a difundido na literatura de que o Brasil não tem conse-
economia chilena, nosso par latino-americano. Apesar guido aumentar de forma consistente a PTF nos últimos
das variações observadas desde 1980, o Chile conseguiu anos, o que constitui um entrave significativo ao cresci-
manter um nível elevado de produtividade, com 81% da mento econômico do país.

Gráfico 2: Evolução da produtividade em países selecionados

1,2

0,8

0,6
7

0,4

0,2

0
1957
1959
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
2013
2015
2017
2019

Brasil Chile China Coreia do Sul

Fonte: Penn World Table. Elaboração própria

Para entender o avanço da PTF nos demais países em Neste sentindo, a Coreia do Sul tem sido um importante
relação ao Brasil é necessário entender o comporta- exemplo. Como podemos observar pelo gráfico 3, a
mento dos principais fatores que influenciam a pro- Coreia do Sul em pouco mais de 10 anos quadriplicou
dutividade. A inovação é apontada como um grande sua despesa com P&D, alcançando quase 5% do PIB em
indutor da produtividade, destacando-se os investimen- 2019. E, com isso, o sistema de inovação coreano de-
tos em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). sempenhou um papel importante em seu crescimento e

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desenvolvimento. Outros países que tiveram investimen- A baixa participação de investimentos em pesquisa e
tos significativos em P&D em 2019 foram Japão, Estados desenvolvimento na economia brasileira (1,2% do PIB
Unidos e Alemanha, com 3,2% do PIB cada um. Assim, em 2019) é um dos entraves para alavancar ganhos
destaca-se o comportamento da inovação entre os de competitividade e produtividade no país e assim
atores do sistema que poderiam ser aplicados ao Brasil. fomentar o crescimento econômico sustentável.

Gráfico 3: Investimento em P&D (em % PIB) – países selecionados

1,1
Coreia 4,6
2,9
EUA 3,2

Alemanha 3,3
3,2

China 2,5
2,2
1,7 2007
Reino Unido 1,6
2019
Brasil 1,4
1,2
África do Sul 0,8
0,9
0,3
Chile 0,3

Colômbia 0,3
0,2
8
Fonte: OCDE. Elaboração própria.

Ademais, o capital humano tem papel importante no nômico do país. O índice de capital humano, baseado
aumento da produtividade e seu fomento depende, na média dos anos de escolaridade e no retorno à
fundamentalmente, de amplo acesso à educação e educação, evidencia que o desempenho do Brasil está
à informação. A baixa qualificação da mão de obra, bem aquém de países como a Coreia do Sul, Alemanha,
diretamente correlacionada com a baixa qualidade da Japão e até mesmo o Chile, nosso vizinho latino-ameri-
educação, se destaca atualmente como um relevante cano (gráfico 4).
gargalo na competitividade e no desenvolvimento eco-

Versão Completa
Gráfico 4: Índice de capital humano – países selecionados

3,8

3,4

2,6

2,2

1,8

1,4

1
1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

2016

2018
Brasil Chile China
África do Sul Alemanha Coreia do Sul
Colômbia Reino Unido Estados Unidos

9
Fonte: Penn World Table. Elaboração própria.

Atualmente, em um cenário de desemprego alto, com o nossos pares internacionais, e consequentemente po-
bônus demográfico perdendo força, aliado ao per- tencialize a geração de emprego e renda na economia,
sistente baixo nível de investimento e sem reformas alguns avanços, que foram imprescindíveis nas maiores
estruturais relevantes, a Firjan reforça que o aumento da economias, precisam também ser implementados aqui.
produtividade da economia brasileira se mostra crucial O Brasil 4.0 necessita de um ambiente de negócios
para alçar um crescimento sustentável. favorável, infraestrutura de qualidade, capital humano
Dito isto, a baixa produtividade do Brasil abre um competitivo e um Estado eficiente. A tabela 2 relaciona
grande potencial para alavancar a trajetória futura da os fatores de produtividade agregada do país, incluindo
economia do país. Cabe destacar que, para garantir os já citados Inovação e Trabalho.
que o nível de produtividade do Brasil se aproxime dos

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Tabela 2: Fatores que afetam a produtividade agregada

Ambiente de negócios Infraestrutura Capital humano Eficiência do Estado

Facilidade para abrir/ Energia Elétrica Educação básica Reforma Administrativa


operar uma empresa
Mobilidade Urbana Formação Profissional Segurança Institucional e
Acesso a Crédito Jurídica
Logística Legislação Trabalhista
Sistema Tributário
Telecomunicações
Comércio Exterior
Petróleo e Gás
Segurança Pública
Inovação
Sustentabilidade
(Economia Circular,
Reciclagem, Mercado
de Carbono, ODS,
Investimento Social)

Fonte: Elaboração própria.

No que tange ao ambiente de negócios, a experiência imposto extraordinário sobre a riqueza, aumentou o
internacional mostrou que, nos últimos anos, diversos tributo sobre os movimentos financeiros e ampliou be-
países aprovaram reformas para solucionar distor- nefícios tributários para a aquisição de bens de capital.
ções tributárias. Entre as medidas encontradas está a No Brasil, enquanto as reformas do sistema tributário
10 extinção de sistemas tributários com múltiplos impostos forem adiadas, o país seguirá na direção contrária ao
sobre consumo, como o brasileiro, e criação de um sis- restante do mundo e atrasando seu desenvolvimento
tema de Imposto sobre o Valor Adicionado – IVA. Neste econômico e social.
modelo, pretende-se ter uma alíquota única de forma a Igualmente importante é a elevação do nível da infra-
aumentar a base tributária e a arrecadação, reduzir os estrutura brasileira a padrões internacionais de preço
custos administrativos e evitar as distorções econômi- e qualidade para remover obstáculos à produtividade
cas (IPEA, 2022). De acordo com estudo realizado pela e competitividade das empresas. Dados divulgados
Endeavor (2019) , nos 63 anos que se seguiram após a
2
em um estudo realizado em 20214 mostraram que os
instituição do primeiro IVA do mundo (França, 1956), investimentos em infraestrutura recuaram de R$ 122,4
168 países passaram por esse processo de unificação e bilhões em 2019 (1,69% do PIB) para R$ 115,8 bilhões em
simplificação. 2020 (1,55% do PIB). No mesmo sentido, em sua última
No Chile, foram aprovadas quatro grandes reformas edição divulgada em 2019, o Fórum Econômico Mundial
nos últimos 35 anos. Segundo levantamento da CEPAL apontou o Brasil em 78ª posição no ranking de compe-
(2015) , em 2014, o Chile promulgou uma ampla refor-
3
titividade global, no quesito infraestrutura, que abrange
ma tributária com o objetivo de melhorar o impacto 141 países.
distributivo do sistema fiscal e aumentar a eficácia da Para entender as principais razões que levaram países
arrecadação. Outro país da América Latina destacado como México, Chile, Coreia do Sul a ficarem à frente do
pela Comissão Econômica é a Colômbia, que criou um Brasil no ranking de infraestrutura é necessário analisar

2 Tributação e Crescimento das Empresas no Brasil, Relatório de pesqui- 4 ECONOMICS, P. Perspectivas para o Avanço da Infraestrutura Bra-

sa Endeavor Brasil (2019). sileira: Os Desafios da Pandemia e Seus Desdobramentos. Relatório

3 CEPAL, N. U. et al. Panorama Fiscal de América Latina y el Caribe infra2038. 2021.

2015: dilemas y espacios de políticas. 2015.

Versão Completa
o histórico destas economias e suas principais políticas melhor educação da América do Sul, e a 43ª coloca-
governamentais. O México realizou a reforma ener- ção entre 79 países incluídos, segundo o último estudo
gética em 2013 que garantiu o fornecimento a preços divulgado pela OCDE6 que faz avaliações regulares
competitivos de petróleo, eletricidade e gás natural. da educação em todo o mundo. Porém, nem sempre a
Já o modelo chileno de projetos de infraestrutura se educação chilena foi exitosa. A partir dos anos 1980, o
destacou positivamente de outros países da América do governo chileno passou a investir mais na qualidade da
Sul devido à existência de um extenso programa de Par- educação, com a descentralização e privatização, e as
cerias Público-Privadas (PPPs) implementado a partir reformas desenvolvidas para implementar a equidade,
de 1990, iniciando-se em projetos tradicionais, como ae- igualdade e qualidade educacional. Desta maneira,
roportos e rodovias, e mais recentemente ocupando-se para o Brasil voltar a figurar entre as economias mais
de projetos sociais como hospitais. Na Coréia do Sul, o potentes do planeta, é imperativo o investimento maci-
período de acelerado desenvolvimento foi guiado pelos ço em educação de qualidade.
planos quinquenais de desenvolvimento econômico, Importante também mencionar o papel dos bancos
com as principais direções políticas enfatizando energia nacionais de desenvolvimento no fomento a setores es-
elétrica e refinarias de petróleo. Isto posto, para garantir tratégicos nos países selecionados. Entre esses setores,
que a produtividade cresça às mesmas taxas de países destacam-se a infraestrutura; a inovação tecnológica; o
que obtiveram sucessos em seu crescimento econômico, apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs);
é imprescindível que se remova os gargalos estruturais microcrédito e projetos econômicos ambientalmente
que assolam o país. e socialmente responsáveis, como o desenvolvimento
Ademais, países que conseguiram atingir taxas elevadas de fontes alternativas de energia e outras iniciativas
na sua produtividade realizaram investimentos signifi- ligadas à sustentabilidade. Na Alemanha, o KfW7 se
cativos para aumentar a qualidade de sua educação. O destaca pelo suporte a projetos de economia verde as-
país coreano, por exemplo, se destaca nos altos índices sociados às mudanças climáticas. Os financiamentos do
de escolaridade formal, atingidos consistentemente por Certificado de Depósito Bancário - CDB, na China, por 11
meio da orientação da política educacional do governo, sua vez, concentram-se no desenvolvimento de infraes-
aliada à determinação dos pais em prover as condições trutura e de indústrias básicas. Na Coreia do Sul, o KDB8
para a formação superior de seus filhos. Neste âmbito, vem alterando sua estratégia de desenvolvimento desde
aproximadamente 70% das pessoas entre 25 a 34 anos sua constituição, nos anos 1950. Na sua origem, o banco
na Coreia do Sul concluíram o ensino superior, a maior esteve destinado à reconstrução do país e ao apoio à
proporção entre os países da OCDE de adultos nesse manufatura leve. Nos anos 1960, passou a concentrar
grupo etário. No Brasil, esse percentual é drasticamente seus esforços na substituição das importações e na pro-
mais baixo, com apenas 22% das pessoas, inferior à moção das exportações. Os anos 1970 foram marcados
proporção das pessoas com ensino superior no Chile pela reorientação do banco para o apoio às indústrias
(33,7% ). O Chile é o país sul-americano que possui a
5
química e pesada. Nos anos 1980, os objetivos da or-

5 Os últimos dados disponíveis para a proporção das pessoas entre 25 a 7 O KfW Bankengruppe (Grupo de bancos KfW) é um dos bancos de fo-

34 anos que concluíram o ensino superior no Chile são de 2017, segundo mento líderes e mais experientes do mundo. O KfW pertence à República

a OCDE. Federal da Alemanha (80%) e aos estados federados (20%). O KfW é um

6 OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econô- dos maiores bancos alemães e capta os recursos para suas atividades de

mico). Programme for International Student Assessment (PISA) –Results fomento quase exclusivamente nos mercados de capitais internacionais.

from PISA 2018 – Brazil. 2019d. 8 KDB - Korea Development Bank atua como banco de desenvolvimen-

to do governo sul-coreano desde sua fundação em 1954. Cumprindo

sua função principal no desenvolvimento econômico da Coreia do Sul, o

KDB se demonstra como grande profissional em financiamentos indus-

triais de longo prazo e líder entre bancos de investimentos.

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ganização estavam centrados na promoção de indús- produtividade de 2,5% - taxa média de crescimento da
trias de alta tecnologia e MPMEs. Atualmente, o banco PTF de países selecionados11 e a mesma taxa observada
sul-coreano centra esforços nos setores portadores de no Brasil nas décadas de 1950 a 1970 - elevaria perma-
futuro, associados à inovação e à alta tecnologia. Em nentemente o potencial de crescimento do país para
que pese a atuação do BNDES em todos esses segmen- 4%, mesmo sem aumento nos investimentos, conforme
tos, alguns em maior escala que outros, é primordial que observado no gráfico 5.
o banco intensifique a concessão de financiamentos a Neste âmbito, com a elevação da produtividade a taxas
MPMEs e assuma papel cada vez mais ativo na indução próximas a nossos pares, o Brasil abandonaria a 12ª
de projetos estruturantes. posição estimada para o ano de 2022 no ranking das 15
Assim, levando em consideração a concretização maiores economias do mundo e avançaria 4 posições
desses fatores que impulsionaram a produtividade de já em 202712, figurando entre as 10 economias mais po-
economias internacionais nas últimas décadas, a Firjan tentes do planeta (8ª posição). Assim, ultrapassaríamos
simulou9 o ganho potencial no crescimento econômi- nações importantes como Canadá, Itália, Coréia do Sul
co do Brasil a partir da concretização da agenda de e Rússia (tabela 3). Em termos de trilhões de dólares, em
propostas apresentadas a seguir para elevar a pro- cinco anos o PIB brasileiro cresceria o equivalente ao
dutividade agregada do país, cujo produto potencial PIB estimado para a Arábia Saudita (US$ 1,040 trilhão)
cresceu em média apenas 1,7% a.a. na década de 2010. em 2022.
Assumiu-se um cenário básico em que a taxa média da
10

12

9 A simulação foi feita com um modelo de regressão linear múltipla 10 Além do cenário básico, foram realizadas outras duas simulações

para o Brasil, utilizando-se a estrutura simples da contabilidade do com cenários alternativos. Em um cenário mais pessimista, suponhamos

crescimento (produtividade total dos fatores, mão de obra e eficiência que o crescimento da PTF no Brasil continue insignificante e próximo

do uso de capital). a zero, e a hipótese de um aumento na taxa de investimento, elevando

a taxa de crescimento da utilização do capital para 2,5%. O resultado

é uma taxa de crescimento potencial de 2,8% já em 2022, mas ficando

abaixo de 2% a longo prazo, devido aos rendimentos decrescentes do

capital. Já no cenário mais otimista, os ganhos para o potencial cres-

cimento do Brasil seriam ainda maiores considerando-se que as taxas

de investimento também aumentariam paralelamente à produtividade,

com uma média de crescimento de 4,8%. Para todos os cenários con-

sideramos o recuo do crescimento da força de trabalho projetado para

zero até 2030.

11 Os países selecionados foram: Alemanha, Chile, Colômbia, Coreia

do Sul.

12 Este é o último ano que o FMI disponibiliza projeções de PIB para as

economias globais.

Versão Completa
Gráfico 5: Taxa de crescimento do PIB real (potencial) – 2022/2030

4,2

3,8

3,6

3,4

3,2
2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030

Fonte: Firjan. Elaboração própria.

Tabela 3: PIB Ranking 2022 e 2027 – US$ Trilhões correntes13

2022 2027 13
1º EUA 25,347 1º EUA 30,966
2º China 19,912 2º China 29,129
3º Japão 4,912 3º Japão 6,260
4º Alemanha 4,257 4º Índia 5,533
5º Índia 3,535 5º Alemanha 5,361
6º Reino Unido 3,376 6º Reino Unido 4,552
7º França 2,937 7º França 3,621
8º Canadá 2,221 8º Brasil 2,821
9º Itália 2,058 9º Canadá 2,799
10º Rússia 1,829 10º Itália 2,527
11º Coreia do Sul 1,805 11º Coreia do Sul 2,300
12º Brasil 1,804 12º Austrália 2,186
13º Austrália 1,748 13º Irã 2,121
14º Irã 1,739 14º Espanha 1,825
15º Espanha 1,436 15º Rússia 1,796
Fonte: FMI e Firjan. Elaboração própria.

Nesse sentido, a produtividade precisa ser vista como seção apresentamos os caminhos para a elevação da
o principal meio de o país alcançar uma trajetória de produtividade e do crescimento econômico no Brasil.
crescimento sustentável a longo prazo. Na próxima

13 As projeções para o PIB das economias internacionais foram retiradas

do FMI. Para o PIB Brasil, utilizamos a projeção da Firjan.

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Propostas

Ambiente de negócios

Contextualização
A indústria desempenha papel fundamental para da Rússia contra a Ucrânia evidenciaram a necessidade
qualquer economia sob diversos aspectos. De um lado, de reduzir a dependência em relação às cadeias globais
a indústria se caracteriza por ter a produtividade mais de produção, principalmente no que tange a setores
elevada entre os segmentos da economia. O setor se estratégicos.
caracteriza por pagar os maiores salários, exigir maiores Assim sendo, é essencial que o Brasil elabore e imple-
qualificações e fornecer maior valor agregado à econo- mente políticas industriais por meio de governança
mia, podendo ser vista como um dos principais motores proporcional ao peso do segmento, visando fomentar
para o aumento da produtividade agregada e, conse- setores estratégicos e elevar a produtividade da indús-
quentemente, para o crescimento econômico. tria nacional.
De outro, a pandemia de Covid-19 e os efeitos da guerra

Propostas

1. Reinstituir o Ministério da Indústria, Comércio e Serviços.


2. Fomentar setores estratégicos de modo a fortalecer a competitividade industrial e reduzir o risco da
14
dependência em relação às longas cadeias globais, em particular àquelas responsáveis por insumos-base da
produção industrial do país.

Abertura e Operação de Empresa

Contextualização
Em que pese os avanços registrados nos últimos anos dos) e a insegurança jurídica, mesmo após a emissão
na simplificação do processo de abertura de empresas, da licença, são os principais entraves no processo de
o licenciamento ambiental permanece oferecendo os licenciamento.
maiores entraves burocráticos. A aprovação de uma Lei Geral do Licenciamento Am-
O licenciamento ambiental é uma importante ferramen- biental que unifique as diversas normas sobre o tema
ta de conservação do meio ambiente, além de ajudar e estabeleça uma plataforma geral comum a todos
na melhoria da qualidade da gestão ambiental das os entes da federação é fundamental para unificar,
atividades e dos empreendimentos licenciados. simplificar e desburocratizar o licenciamento ambiental
No entanto, na percepção das empresas o excesso de brasileiro e consequentemente trará mais segurança
burocracia, demora na análise pelo órgão ambiental, jurídica para o investidor.
demora na manifestação dos órgãos intervenientes,
altos custos associados (taxas e contratação de estu-

Versão Completa
Propostas

3. Instituir um novo marco para o Licenciamento Ambiental, considerando as propostas já apresentadas pelo
texto do PL 2159/2021 e do PLS 168/2018, incluindo:
• Atender os prazos já definidos para a tramitação e emissão das licenças;
• Definir uma lista de atividades inexigíveis ao licenciamento ambiental;
• Aumentar o prazo de validade das licenças;
• Instituir licenças ambientais integradas e unificadas;
• Instituir licenças por adesão e compromisso;
• Criar um banco de dados com informações primárias dos estudos ambientais e permitir o uso desses
dados no âmbito do licenciamento;
• Definir regras claras para a intervenção de outros órgãos no processo de licenciamento ambiental;
• Estabelecer critérios de desempenho no âmbito do licenciamento ambiental e criar regras para renovação
automática de licenças.

Acesso ao Crédito

Contextualização
O cenário do mercado de crédito no Brasil é desafiador. Além disso, as taxas de juros praticadas tendem a
Historicamente o país sempre apresentou uma elevada limitar o acesso aos recursos. Segundo consulta ao
taxa básica de juros, alto índice de inadimplência, uma Banco Central, as operações de crédito contratadas
elevada concentração bancária e uma assimetria de in- por pessoas jurídicas em janeiro de 2022 possuíam
formação. Ademais, segundo dados do IBGE, menos de taxa média de juros de 18,23 % a.a. Isso nos leva a
15
40% das empresas criadas no Brasil sobrevivem após outro problema recorrente, o spread bancário que nada
cinco anos. Tais fatores corroboram, entre outras coisas, mais é que a diferença em pontos percentuais entre a
para o aumento do risco das empresas, influenciando taxa de captação dos recursos pelos bancos e os juros
diretamente nas concessões de crédito e principal- cobrados aos seus clientes. Segundo pesquisa do Banco
mente nas taxas de juros praticadas pelas instituições Mundial, o Brasil aparece entre os países com maior
financeiras. spread bancário no mundo, fato esse evidenciado pela
O Brasil possui cerca de 19 milhões de empresas ativas, taxa praticada em janeiro 2022, onde o spread ficou em
sendo a maior parte micro e pequenas empresas, que 8,47 p.p. Importante destacar que o spread é composto
usualmente apresentam limitações na disponibilidade por diversas variáveis como: despesas administrativas,
de recursos para investir no negócio. Isso torna o acesso taxa Selic, inadimplência, lucro dos bancos, entre outros.
ao crédito um tema ainda mais relevante. O grande Logo, estimular a competição no segmento bancário
dificultador para que essas empresas acessem o crédito tende a ser uma boa opção para redução do spread.
são as garantias exigidas pelas instituições financeiras.

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Propostas

4. Aporte de recursos nos Fundos Garantidores de Risco de Crédito:


• Os fundos garantidores emergem como facilitadores na composição das garantias exigidas pelas
instituições financeiras para liberação dos recursos para micro, pequenas e médias empresas. Nesse ponto,
dois fundos merecem destaque pelo histórico de atuação, o Fundo de Garantia de Operações – FGO e o
Fundo Garantidor para Investimentos – FGI;
• Um aporte constante ou sazonal tende a garantir um incremento no volume de recursos a serem
empregados na composição das garantias, atendendo, assim, um maior número de empresas que
pleiteiam o crédito. Recentemente o governo divulgou que renovará as garantias já depositadas nos fundos
garantidores, porém, não está previsto um novo aporte. Há que se mencionar que os recursos aportados
nos fundos podem ser alavancados em aproximadamente cinco vezes (5x), conforme verificado no
Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC).
5. Criar linhas de crédito específicas para micro e pequenas empresas e ampliar o alcance de linhas já
existentes como o Pronampe e o PEAC.
• A utilização dos fundos garantidores tende a ser fundamental nesse ponto, tendo em vista a dificuldade
existente na obtenção de crédito por parte dessas empresas, principalmente por não possuírem
garantias exigidas pelas instituições financeiras. Além disso, importante destacar a necessidade de
desburocratização na concessão do crédito. Tal medida foi amplamente experimentada durante a
pandemia do coronavírus com o Pronampe e o PEAC, que dispensavam a obrigatoriedade dos bancos
públicos e seus intermediários solicitarem diversas certidões federais.
6. Ampliar o apoio do BNDES para MPME.
• As micro, pequenas e médias empresas apresentam historicamente uma dificuldade no acesso às linhas
de crédito do BNDES operadas indiretamente. Isto ocorre, entre vários motivos, pelo fato de as instituições
financeiras assumirem todo o risco de crédito da operação. Este obstáculo poderia ser mitigado adotando
algumas medidas;
• Compartilhamento do risco nas operações indiretas do BNDES;
• O BNDES assumiria parte do risco, garantindo, assim, maior apetite das instituições financeiras em operar
16 com recursos do BNDES;
• Parte do risco seria assumido pela utilização dos fundos garantidores de risco de crédito, em particular o FGI.

Sistema Tributário

Contextualização
Não resta dúvida de que o sistema tributário brasileiro coloca o Brasil como um dos países onde mais se gas-
precisa de uma reforma urgente. tam horas para o cumprimento de obrigações. Segundo
Responsável por 20,9% do PIB nacional, a indústria dados do Banco Mundial, uma empresa pequena no
responde por 33,0% da arrecadação dos impostos fede- Brasil gasta em média 1.501 (mil quinhentas e uma) ho-
rais, com uma carga tributária média de 46,4% do seu ras por ano, enquanto nos Estados Unidos gasta-se 175
faturamento, quase 20,0% a mais do que a média dos (cento e setenta e cinco) e na Argentina 312 (trezentos e
demais setores . 14
doze) horas para o cumprimento de obrigações fiscais.
Os problemas do sistema vão muito além da alta carga Outro reflexo do confuso sistema tributário brasileiro
tributária suportada pela indústria. A complexidade do é o grande volume de contencioso tributário que hoje
sistema afeta diretamente a competitividade da indústria atinge R$ 5,4 trilhões, ou 75,0% do PIB15.
nacional e é causada pelo excesso de tributos incidentes Para termos um setor produtivo pujante, é fundamental
sobre a mesma base tributária e que são cumulativos. a aprovação de uma reforma ampla, que traga simplifi-
Tal complexidade impacta também em um inadmissível cação, neutralidade, transparência e isonomia entre os
número de obrigações acessórias exigidas pelos fiscos e diversos setores da economia.

14 Elaboração Firjan com dados RFB, Confaz, Caixa Econômica Federal 15 Contencioso tributário no Brasil (atualização de janeiro de 2021),

e IBGE. Insper.

Versão Completa
Propostas

7. Aprovar Reforma Tributária que altere o imposto sobre o consumo, transfira a tributação para o destino,
simplifique o sistema e equalize a carga entre os setores econômicos.
8. Extinguir o IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados.
9. Reformar o contencioso tributário, em especial com alteração na forma de garantias para a suspensão da
exigibilidade dos créditos tributários.

Comércio Exterior

Contextualização
O Programa Operador Econômico Autorizado (OEA) e DFPC) ao programa e à ampliação de Acordos de
tem papel fundamental certificando empresas de for- Reconhecimento Mútuo (ARM) são essenciais para o
ma voluntária junto à Receita Federal do Brasil (RFB), incremento do ambiente de negócios e maior competiti-
garantindo maior confiança, celeridade e segurança ao vidade das empresas brasileiras no comércio exterior.
processo de despacho aduaneiro. Segundo estudo16, as Neste momento, o Brasil negocia Acordos de Reco-
empresas certificadas registraram 70% de redução de nhecimento Mútuo - ARM com os EUA e a Aliança do
tempo de inspeção alfandegária em 2020 e uma eco- Pacífico (bloco formado por México, Chile, Colômbia
nomia de custo estimada acima de US$ 17 bilhões até e Peru). Os ARM’s garantem que as empresas brasi-
2030, gerada pelo ganho de eficiência aduaneira. leiras certificadas possam usufruir dos benefícios do
A certificação reduz o percentual de seleção de cargas programa nos países de destino. Atualmente, o Brasil
em canais de conferência possibilitando que o governo possui apenas 6 ARM’s bilaterais e 2 ARM’s multilaterais, 17
direcione esforços e atenção ao combate à ilegalidade incluindo principalmente parceiros sul-americanos e a
além de aumentar a eficiência logística e reduzir os cus- China. Em comparação, até 2020, a Coreia do Sul havia
tos das empresas que operam no comércio exterior. Em assinado 22 acordos enquanto a China foi parte em 15
março de 2022, empresas certificadas OEA obtiveram diferentes ARM’s17.
99,39% de canal verde nas exportações e 99,09% nas Dessa forma, a ampliação da gama de parceiros, a
importações. conclusão dos acordos em andamento e a implementa-
Quando segmentados por modal, no marítimo, observa- ção dos já negociados se faz necessária para aumentar
-se um tempo médio bruto de 59 minutos no despacho o acesso e a competitividade brasileira no mercado
das declarações de importação OEA, enquanto, nas internacional.
mesmas condições, observou-se 42 horas e 28 minutos Outro tema que merece atenção é a adequação ao
para os não-OEA. Para o modal aéreo, no mesmo perí- Acordo de Facilitação do Comércio (AFC). O AFC prevê
odo, o tempo médio bruto é de 55 minutos no despacho diversas melhorias no âmbito do comércio internacional.
das declarações de importação OEA, enquanto nas Entretanto, no Brasil, o processo de adequação aos tó-
mesmas condições, observou-se 34 horas e 01 minuto picos previstos pelo AFC tem sido realizado de maneira
para os não-OEA. lenta, o que impede o usufruto dos benefícios do acordo
A ampliação do Programa OEA beneficiará tanto as para as indústrias nacionais.
empresas quanto permitirá que os órgãos intervenientes As burocracias e ineficiências aduaneiras geram im-
tenham maiores recursos disponíveis para dedicar a previsibilidade e incertezas que se traduzem em custos
operações de risco. Nesse sentido, a completa integra- para as empresas. Esses entraves prejudicam as expor-
ção dos órgãos anuentes (ANVISA, INMETRO, MAPA tações do país, pois desestimulam a participação das

16 Impactos Econômicos da Implantação do Programa Operador Eco- 17 COMPENDIUM OF AUTHORIZED ECONOMIC OPERATOR PROGRAMMES

nômico Autorizado no Brasil (2018), CNI. (2020), World Customs Organization.

Propostas Firjan para um Brasil 4.0 | Esfera Federal


empresas no comércio global além do governo deixar Em paralelo, a França limita ao período de 15 dias a
de arrecadar. Tanto o setor público quanto o privado promulgação por parte do presidente após o congresso
são prejudicados por este ambiente complexo e buro- aprovar o acordo.
crático. Desta forma, para que as empresas brasileiras estejam
Em estudo18, foi constatado que o custo da não-im- cada vez mais integradas nas cadeias globais de valor,
plementação das medidas pode ser substancialmente é de suma importância maior celeridade no processo de
maior do que o custo imediato de implementação. internalização dos acordos internacionais no Brasil.
Atualmente o Brasil adequou-se a 6 tópicos do AFC, re- A redução da disponibilidade e da transparência nas
ferentes a 20% do total19. Em paralelo, 10 medidas estão estatísticas de comércio exterior também é preocu-
em andamento, 11 possuem ressalvas e 3 encontram-se pante. Os dados estatísticos de operações de comércio
paradas. Segundo o comparativo dos Indicadores de exterior de bens e de serviços são balizadores impor-
Facilitação de Comércio , da OCDE, quando observa-
20
tantes para o desenvolvimento de medidas públicas de
do o desempenho médio de facilitação de comércio, o incentivo à internacionalização de empresas brasileiras
Brasil encontra-se na 54ª posição. e de proteção e combate a ilegalidades. É através dos
Estimativas apontam que a implementação de um acor- dados que as empresas acompanham sua competitivi-
do de facilitação de comércio abrangente reduza os dade diante do produto internacional, enquanto gover-
custos comerciais entre US$ 350 bilhões e US$ 1 trilhão nos, na esfera estadual e federal, medem a inserção dos
e as exportações globais aumentem em uma escala serviços brasileiros no comércio internacional.
entre US$ 33 bilhões e US$ 100 bilhões. Em suma, o É fundamental que seja disponibilizado o acesso aos
potencial de expansão do comércio internacional pode dados específicos de importação de bens, distinguindo
refletir em um crescimento anual de US$ 960 bilhões do tipo de produto por: NCM (Nomenclatura Comum do
PIB global. Mercosul), descrição da mercadoria, origem, quantida-
A lentidão também é observada inclusive no processo de, valor, classificações fiscais e unidades de entrada/
18 de internalização dos acordos internacionais já nego- saída e de despacho do bem. Para o comércio de
ciados. No Brasil, para que os acordos internacionais serviços, é necessário viabilizar acesso aos dados com
passem a vigorar, se faz necessário percorrer o com- detalhamento em NBS (Nomenclatura Brasileira de
plexo trâmite legal, que envolve os poderes executivo e Serviços), em nível nacional e estadual, disponibilizando
legislativo. De acordo com estudo , “os trâmites refe-
21
os principais países parceiros.
rentes à entrada em vigor dos acordos assinados pelo Após o desligamento do Siscoserv (Sistema Integrado
Brasil demoram, em média, 1.590 dias (ou seja, mais de de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras
4 anos)”. Essa morosidade reduz a inserção das em- Operações que Produzam Variações no Patrimônio) em
presas brasileiras em mercados internacionais, além 2020, a principal fonte de estatísticas sobre o comér-
de impossibilitar que estas usufruam dos benefícios já cio exterior de serviços passou a ser o Banco Central
negociados. do Brasil (BACEN). Contudo, como referenciado no
Segundo o mesmo estudo, a fase mais longa do proces- Relatório Anual do Comércio Exterior de Serviços, os
so de tramitação tem sido no âmbito executivo, tendo dados oferecidos não implementaram completamente
levado usualmente de dois a três anos desde a assina- os padrões internacionais para estatísticas do setor
tura à comunicação ao Congresso. Considerando o mo- estabelecidos pelo Manual de Estatísticas de Comércio
delo adotado por outros países, o estudo destacou que de Serviços, o MSITS 2010, prejudicando o entendimento
o congresso sul-coreano analisa o acordo internacional amplo e detalhado sobre a conjuntura.
antes da comunicação oficial por parte do executivo. Outro prejuízo à transparência dos dados de comércio

18 Acordo de Facilitação de Comércio da OMC - Um guia de negócios 19 Facilitômetro, CNI.

para países em desenvolvimento, Centro de Comércio Internacional 20 Trade Facilitation Indicators, Compare Your Country.

(ITC) em parceria com CNI (2013). 21 Processo de Internalização dos Atos Internacionais no Brasil - Diag-

nóstico e Sugestões de Aprimoramento (2018), CNI.

Versão Completa
exterior foi o desligamento recente do Siscori, sistema o despacho aduaneiro colombiano mais eficiente.
da Receita Federal do Brasil (RFB), que disponibilizava Merecem destaque duas questões relativas à tributação
detalhamentos relevantes sobre as operações de impor- das operações de comércio exterior.
tação no Brasil. O sistema foi substituído por uma plani- A primeira é a utilização dos créditos acumulados de
lha com dados insuficientes para análise de indícios de ICMS nas exportações. Alinhada às práticas interna-
dumping, possíveis fraudes, pirataria e para o controle cionais da não exportação de tributos, a legislação
das importações em recintos alfandegários brasileiros. brasileira desonera o ICMS de mercadorias destinadas
O Siscori é um importante aliado do setor privado à exportação e assegura às empresas exportadoras
brasileiro para o monitoramento e identificação de a manutenção dos créditos apropriados ao longo da
operações irregulares. A insuficiência de dados acarreta cadeia produtiva.
grandes riscos e dificuldades ao combate às impor- Porém, na prática, se observa a falta de um mecanismo
tações ilegais e fraudulentas. A falta de insumos para legal que garanta às empresas o real direito da manu-
o devido controle fiscal do comércio exterior de bens tenção dos créditos acumulados de ICMS. As indústrias
representa um risco ao interesse público, uma vez que estão somando valores exorbitantes em créditos que
facilita a entrada de bens em desacordo com as normas estão se transformando em custos e prejuízos, deixan-
nacionais, prejudicando a competitividade, a arrecada- do-as menos competitivas no mercado internacional.
ção e a geração de empregos no mercado nacional. É necessário que existam regras que garantam a utiliza-
Atualmente, a precariedade no acesso aos dados de ção dos créditos de ICMS acumulados nas exportações.
comércio exterior é contrária às boas práticas estabele- A segunda questão refere-se à permanência do Regime
cidas em acordos internacionais, cujo Brasil é signatário, Especial de Reintegração de Valores Tributários para as
além de trazer prejuízos à realidade operacional das Empresas Exportadoras (Reintegra) e a fixação de sua
empresas que atuam no comércio exterior no país. alíquota em 3%.
O Portal Único de Comércio Exterior, cuja implemen- O Regime Especial de Reintegração de Valores Tribu-
tação foi iniciada em 2014, corresponde a um avanço tários para as Empresas Exportadoras (Reintegra) tem 19
brasileiro em direção às melhores práticas de comércio, por objetivo devolver parcial ou integralmente o resíduo
como as recomendadas no Acordo de Facilitação ao tributário remanescente na cadeia de produção de bens
Comércio da OMC. Entretanto, o projeto ainda não foi exportados. O Reintegra é um importante regime de
implementado em sua totalidade. A colaboração entre estímulo às exportações por deixar as empresas brasi-
órgãos e agentes de comércio exterior é essencial para leiras mais competitivas e aumentar os investimentos
a integração ao Portal Único e, consequentemente, para produtivos e o crescimento da atividade econômica no
a competitividade e celeridade dos processos adua- país. A legislação que criou o Reintegra estabeleceu sua
neiros. Segundo estudo , a expectativa em relação ao
22
alíquota em 3%, mas atualmente é praticado apenas
Portal Único é de um acréscimo de US$ 51,8 bilhões nas 0,1%, sendo insuficiente para restituir a cumulatividade
exportações do Brasil no acumulado de 2014 a 2040, dos tributos incidentes ao longo da cadeia produtiva.
considerando a redução de custos com burocracias Cabe ressaltar que o Reintegra não é benefício fiscal
alfandegárias e aduaneiras. e sim um mecanismo de correção do sistema tribu-
Como referenciado pela UNCTAD (Conferência das tário, que busca desonerar as exportações. Países
Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) , o 23
como Argentina e China também possuem mecanismo
governo da Colômbia é um dos exemplos internacionais semelhante, porém com alíquotas robustas de restitui-
de políticas de Janela Única. Partindo do caso colom- ção, sendo Argentina com alíquota de até 8,5% e China
biano, os processos eletrônicos são regulados por um de até 17%. Segundo estudo24, o retorno à alíquota de
único formulário eletrônico, associado a um registro tri- 3% representaria um crescimento de R$ 12,5 bilhões na
butário e registro empresarial, simplificando e tornando corrente de comércio brasileira.

22 Brazilian National Single Window Project, Receita Federal e Secex. 24 Relatório de Impactos do Reintegra na Economia Brasileira, CNI.

23 Getting Down to Business: Making the Most of the WTO Trade Facilitation

Agreement, Unctad.

Propostas Firjan para um Brasil 4.0 | Esfera Federal


Propostas

10. Garantir a ampliação do Programa OEA, negociar novos ARM, concluir aqueles em andamento e
implementar os já negociados se fazem necessários para aumentar o acesso aos mercados essenciais ao
comércio exterior brasileiro.
11. Acelerar a implementação do Acordo de Facilitação do Comércio.
12. Acelerar o processo de internalização dos acordos internacionais no Brasil.
13. Restabelecer o sistema Siscori, da Receita Federal, e disponibilizar estatísticas detalhadas do comércio
exterior de serviços.
14. Concluir a implementação do Portal Único de Comércio Exterior.
15. Adotar regras que garantam a utilização dos créditos de ICMS acumulados nas exportações por meio da
aprovação do PLS-C 538/2018.
16. Assegurar a manutenção do Reintegra e aprovar a PDS 82/2018, que restabelece a alíquota para 3%.
17. Intensificar atuação para avançar no processo de adesão do Brasil à OCDE e da internalização dos
instrumentos.

Segurança Pública

Contextualização
A segurança pública tem papel fundamental para o de- mais visados neste tipo de delito, que, por sua vez, tem
senvolvimento socioeconômico. Regiões consideradas uma forte concentração no Sudeste, onde ocorrem mais
mais violentas têm dificuldade em reter e atrair investi- de 80% dos casos.
20 mentos, gerar empregos e renda. Outro crime relevante no país é o mercado ilegal, que
Apesar de sua importância, o Brasil sofre com certos envolve a falsificação de produtos e a importação de
indicadores de criminalidade que trazem prejuízos em produtos piratas. Segundo estimativa do World Trade
diversos setores socioeconômicos. Por exemplo, o país Review, 73% dos brasileiros consomem produtos piratas
é o líder mundial em roubos de carga, crime que afeta anualmente, o que, considerando que o Brasil é a quinta
diretamente o setor produtivo, gerando prejuízos e, maior população do mundo, é um número alarmante.
consequentemente, uma menor oferta de empregos e Dessa forma, é evidente que o país demanda esforços
geração de renda. para melhorar as condições de segurança pública em
Estimativas apontam que produtos alimentícios, cigar- todos os níveis de governo.
ros, combustíveis e eletroeletrônicos são os produtos

Propostas

18. Reinstituir o Ministério da Segurança Pública.


19. Coordenar com os governos estaduais programas e projetos integrados de segurança pública.
20. Aperfeiçoar a legislação vigente, buscando a redução da impunidade de crimes que envolvam o roubo de
cargas e o mercado de produtos falsificados e de origem ilícita.
21. Intensificar o controle de fronteiras, com o objetivo de diminuir a entrada de armas, munições e drogas
que alimentam o crime organizado.
22. Investir em avanços tecnológicos e no aparelhamento das Polícias Federal e Rodoviária Federal, bem
como nas atividades de inteligência e investigação.

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Inovação

Contextualização
As empresas brasileiras nunca inovaram tão pouco. sas brasileiras em produtos e serviços que gerem im-
Contribuem para essa realidade a ausência de conti- pacto na sociedade. O indicador de Comercialização no
nuidade das ações para concretização dos avanços no Brasil é inferior ao observado nesses três países latinos,
desenvolvimento tecnológico e industrial do país e o visto que os compradores brasileiros buscam mais preço
tímido avanço na aplicação das cláusulas previstas no do que sofisticação tecnológica. O Brasil também não
Marco Legal de CTI. apresenta boa performance nas Aplicações de Marcas
A Pesquisa de Inovação - Pintec é um levantamento Registradas. Também temos o pior indicador em Co-
realizado a cada três anos de informações para a cons- -Invenções Internacionais, ou seja, não desenvolvemos
trução de indicadores nacionais sobre as atividades de redes para inovar.
Inovação empreendidas pelas empresas brasileiras. A A baixa aplicabilidade dessa produção nas indústrias
pesquisa de 2017 apontou que a Taxa Geral de Inovação é um gargalo significativo que precisa ser revertido.
foi de 33,6%, a menor taxa registrada historicamente. Essa mudança deve aproximar a produção científica
No mesmo ano também foi registrada a menor taxa dos desafios práticos e institucionais da indústria e da
de empresas beneficiadas com algum tipo de apoio sociedade. Para reconciliar o ideal de autonomia aca-
para inovar (recuo de 13,7% comparado com o triênio dêmica com as demandas práticas de mercado, uma
anterior), uma redução na quantidade de empresas que boa prática com referências internacionais é a criação
financiam compra de máquinas e equipamentos (recuo de módulos especiais de pesquisa, como o Doutorado
de 17% comparado com o triênio anterior), mesmo que Industrial. Com origem na Dinamarca, esta modalidade
essa continue sendo a principal forma de Inovação de doutorado reflete parceria entre empresa do setor
(dispêndio de aproximadamente R$ 21,2 bilhões). Ob- privado, universidade e o estudante. O pesquisador é ao 21
serva-se um aumento na quantidade de empresas que mesmo tempo um aluno da universidade e um funcio-
se beneficiaram através da Lei do Bem (avanço de 1,2% nário da empresa, de quem recebe salário, e desenvolve
comparado com o triênio anterior), criada em 2005. Os pesquisa que contribui com o avanço do conhecimento
principais problemas e obstáculos para inovar e razões científico e com o avanço da tecnologia industrial. Esta
para não inovar foram os riscos econômicos excessivos, experiência é observada em vários países da Europa e
seguido dos elevados custos, depois a falta de pessoal possui variantes similares nas academias norte-ameri-
qualificado e, por último, a escassez de fontes de finan- canas e asiáticas.
ciamento. O Global Innovation Index - GII (Índice Global de Ino-
O Global Competitiveness Index - GCI (Índice Global de vação), realizado pela World Intellectual Property Orga-
Competitividade), indicador internacional realizado pelo nization – WIPO, oferece conclusões complementares
World Economic Forum - WEF, mostra que o Brasil ocu- sobre a inovação no Brasil. Na edição de 2021, o Brasil
pava a 48ª posição no ranking geral que comparou 144 avançou muitas posições no ranking geral, alcançando
países em 2012. Em 2019, o Brasil ficou na 71ª posição sua melhor classificação desde 2012. Ainda assim, a
entre 141 países (em 2018 estava na 80ª posição entre colocação brasileira é incompatível com o tamanho do
137 países), porém, em relação a América Latina, é o 8º país, que representa a 12ª maior economia do planeta.
país, atrás do Chile (33ª posição), México (48ª posição) e O desejo por aumentar a competitividade do Brasil
Costa Rica (62ª posição). perante países desenvolvidos e emergentes torna clara
Os dados apontam, portanto, que o Brasil apresenta a necessidade de investimentos nos setores industriais e
bom desempenho em Publicações Científicas, Despe- de ciência e tecnologia, tanto por meio de aumento de
sas de P&D e Destaque das Instituições de Pesquisa, recursos públicos quanto por meio do aperfeiçoamento
pontuando melhor que Chile, México e Costa Rica nesse de instrumentos como a Lei do Bem.
quesito. Porém, ainda é baixa a conversão das pesqui- De acordo com os dados do Ministério da Ciência, Tec-

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nologia e Inovações (MCTI), de 2014 a 2020 os repasses em anos posteriores ao prejuízo fiscal); volume de incen-
para investimentos em P&D despencaram de R$ 19,4 tivos em relação ao mundo (segundo dados da OCDE,
trilhões para R$ 1,4 bilhão. o Brasil é o 7º país em volume de incentivos subsidiários
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e para grandes empresas, no entanto é o 20º ao se tratar
Tecnologia (FNDCT) foi criado com o objetivo de ala- de pequenas e médias empresas).
vancar projetos de desenvolvimento científico e tecno- O principal desafio da Lei do Bem, atualmente, é a sua
lógico. Apesar de sua importância, os recursos totais do utilização por empresas de médio e pequeno porte. O
FNDCT contingenciados desde 2006 superaram os R$ fato de atuar sobre o Lucro Real impede que empresas
25 bilhões de reais, o que vem minando os investimentos que não realizem este tipo de contabilidade possam
em ciência no país. usufruir o benefício. Dessa maneira, a maior ferramenta
A Lei do Bem foi instituída em 2005 com a Lei nº 11.196 de incentivo à inovação no país se encontra defasada
e regulamentada pelo Decreto nº 5.798/2006. A Lei dis- em relação aos incentivos fiscais de países da ODCE.
põe sobre os incentivos fiscais que as pessoas jurídicas Apesar da restrição com relação ao tipo de tributação
podem usufruir de forma automática, desde que reali- utilizado, a Lei do Bem gerou um impacto imediato e
zem e comprovem a realização de pesquisa tecnológica extremamente positivo no cenário de incentivo fiscal
e desenvolvimento de inovação tecnológica. aos projetos de inovação, principalmente em setores
Os dados da Pintec publicados em 2017 mostraram um que não eram contemplados pela Lei de Informática –
aumento das empresas que promoveram algum tipo de principal incentivo fiscal em porcentagem do PIB.
Inovação através da Lei do Bem. Desde que a Lei foi Cumpre também destacar a importância do fomento
criada em 2005, observa-se o gradativo aumento do à proteção da Propriedade Intelectual (PI) do país e
uso, aumentando 1,2% comparado com o levantamento criar condições para que os pequenos empreendedores
de 2013-15. tenham acesso à capacitação e orientação para esta
Desde sua entrada em vigor, a Lei do Bem tem buscado questão. O baixo nível de conhecimento e interesse dos
22 estimular as empresas a investirem em projetos de PD&I dirigentes de grande parcela das empresas brasileiras
e em contrapartida usufruírem de seus benefícios fiscais. no campo da propriedade intelectual vem gerando ris-
O uso tem aumentado ao longo dos anos, contudo, é cos desnecessários nas exportações de seus produtos.
importante destacarmos que o montante de empresas A adoção de políticas públicas para fomentar a dinami-
que apuram pelo Lucro Real está na ordem de 155 mil, zação do uso da PI, por meio de estímulos e parcerias
segundo dados da Receita Federal. Destes, apenas entre as universidades e os centros de pesquisa, e o seg-
0,8% se utilizaram do instrumento, ou seja, o número mento industrial é essencial para facilitar o intercâmbio
de empresas com potencial de usufruto dos benefícios de informações específicas para agilizar os processos
fiscais tem margem para crescimento. Apesar de ser de pedidos de patente, a definição dos parâmetros de
um benefício multissetorial, a Lei do Bem possui maior comercialização e transferência de tecnologia.
utilização em setores específicos, como o de mecânica/ No que tange à cooperação internacional para o desen-
transportes e software. volvimento de PD&I, os indicadores brasileiros são muito
Apesar de seu impacto extremamente positivo nas em- baixos. Desenvolver projetos de Pesquisa e Desenvolvi-
presas, a Lei do Bem possui pontos de aprimoramento. mento em cooperação com universidades e empresas
Segundo levantamento do próprio MCTI, a Lei do Bem de outros países possui como vantagens a redução
enfrenta alguns desafios, visando sua utilização pelas do risco e compartilhamento dos custos de P&D; traz
empresas brasileiras, são eles: a expansão do público-u- resposta mais rápida às oportunidades diminuindo o
suário da Lei por haver margem de crescimento; restri- ciclo de vida do produto e o período entre a pesquisa e
ção a empresas com lucro fiscal no ano-base (entre os produção para o mercado; aumenta a produtividade e
países da OCDE, mais de 80% possuem instrumentos eficiência do investimento em P&D; e proporciona aces-
que permitem que as empresas carreguem os benefícios so a mercados para todos os atores envolvidos.

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Propostas

23. Assegurar continuidade das ações para concretização dos avanços no desenvolvimento tecnológico
e industrial do País, garantindo a manutenção das decisões estratégicas no longo prazo e a execução da
Política Nacional de Inovação e da Estratégia Nacional de Inovação, tornando-a uma política de Estado.
24. Permitir a representação da indústria na Câmara de Inovação, instituída pelo Decreto 10.534 de outubro
de 2020.
25. Cumprir a Lei Complementar 177/2021, visando acabar com os históricos contingenciamentos dos recursos
do FNDCT e conferir maior previsibilidade e constância nos desembolsos do fundo, permitindo assim ampliar
o financiamento de toda a cadeia de inovação (da pesquisa ao scale up).
26. Garantir a aplicação das cláusulas previstas no Marco Legal de CTI através de mecanismos específicos,
exemplo: contratação de pesquisadores estrangeiros e residentes no exterior para a realização de projetos no
Brasil.
27. Ampliar os investimentos em Inovação por meio de:
• Intensificação do investimento nas empresas, especialmente em Inovação Industrial;
• Alinhamento dos investimentos em P&D nas Universidades às necessidades das Indústrias, permitindo
maior conversão de patentes em produtos e processos inovadores, por meio de fomento à pesquisa de
mercado nacional e internacional para patentes.
28. Ampliar o conhecimento das empresas brasileiras sobre os ganhos associados à proteção de ativos de
Propriedade Intelectual por meio de capacitações a serem realizadas em parceria entre INPI, escritórios de
advocacia especializados e institutos Senai/IEL RJ.
29. Ampliar o Alcance da Lei do Bem por meio de ações (eventos, workshops, assessorias gratuitas, etc) em
parceria com o setor produtivo, visando desmistificar as formas de utilização do incentivo fiscal.
30. Ampliar e disseminar programas de Doutorado Industrial e concessão de bolsas para elevar a presença
de pesquisadores em indústrias por meio da CAPES/MEC, a exemplo do Programa MAI/DAI da COPPEAD
UFRJ, realizado pelo Parque Tecnológico da UFRJ em parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e
Pesquisa. O programa conta com a colaboração de empresas e financiamento do CNPq e busca fortalecer a
pesquisa, o empreendedorismo e a inovação na UFRJ, por meio do envolvimento de estudantes de mestrado
23
e doutorado em projetos de interesse do setor empresarial.
31. Desenvolver projetos de pesquisa e desenvolvimento em cooperação com universidades e empresas de
outros países por meio de Agências de Cooperação Bilateral (Ex.: ABC), contemplando:
• Realização de chamadas de Cooperação Internacional com serviço de busca de parceiros (matching
service);
• Financiamento de países parceiros para o mesmo projeto;
• Programas de Soft Landing (intercâmbio de empresas entre incubadoras e aceleradoras internacionais
como já é realizado pela Anprotec);
• Ampliar a quantidade de agências de fomento aptas para a cooperação bilateral;
• Capacitar as empresas brasileiras, com foco nas MPEs, para submeter propostas e realizar projetos;
• Articulação Internacional através do mapeamento de necessidades e desafios similares em países vizinhos
ou países com características similares (ex. BRICS). Criação de mecanismos/financiamentos mais simples e
acessíveis para transferência de tecnologia e cooperação internacional;
• Contratação de pesquisadores estrangeiros e residentes no exterior para a realização de projetos no Brasil.

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Sustentabilidade

Contextualização
As Mudanças Climáticas são um dos principais desafios Estudo da consultoria Accenture indica que a econo-
a serem enfrentados por governos, empresas, investi- mia circular pode gerar US$ 4,5 trilhões em produção
dores e a sociedade no geral. Para a indústria, é uma econômica até 2030. Já a Ellen MacArthur Foundation
oportunidade de transformar algumas externalidades em aponta que ativos econômicos com foco em Economia
ativos financeiros. Com a pandemia de Covid-19 e a re- Circular cresceram 28 vezes nos dois últimos anos.
cessão econômica mundial, as nações se tornaram ainda Diversos países já avançaram no desenvolvimento de
mais vulneráveis aos riscos das alterações climáticas. suas estratégias nacionais, mas o Brasil ainda não es-
Em 2021 a União Europeia instaurou o Mecanismo de truturou sua agenda de economia circular. A instituição
Ajuste de Carbono na Fronteira (Carbon Border Adjust- de um marco regulatório para a economia circular irá
ment Mechanism – CBAM). A iniciativa cria uma taxa facilitar a atração de investimentos, as oportunidades
adicional para produtos na fronteira e afetará produtos de negócios para desenvolver novos elos na cadeia pro-
dos setores de ferro e aço, alumínio, cimento, eletrici- dutiva e a inserção de empresas brasileiras na cadeia
dade e fertilizantes importados pela UE. Outros países, de valor global.
como Estados Unidos e Canadá, já estudam implantar Por abordar a manutenção do valor dos materiais, a Po-
programas semelhantes. lítica Nacional de Resíduos Sólidos guarda relação com
Ainda em 2021, na COP 26, os países chegaram a um a economia circular e tem sido ponto de partida para a
acordo quanto à regulamentação do artigo 6º do Acor- internalização do tema no país. Um sistema de logística
do de Paris, que trata dos instrumentos para a criação reversa e eficiente, por exemplo, pode colaborar para
de um mercado global de carbono, podendo gerar US$ que o reaproveitamento dos materiais secundários seja
24 167 bilhões ao ano em 2030. viabilizado. No entanto, também na agenda de resíduos
O Brasil apresenta vantagens competitivas devido a pós-consumo, barreiras normativas de infraestrutura,
algumas características, como participação de 45% de fiscais e econômicas têm desestimulado o reaproveita-
energias renováveis na matriz energética, produção de mento e atrasado sua implementação.
biocombustíveis, como o etanol (34 bilhões de litros em Um passo importante no avanço do desenvolvimento
2020), e sua área de florestas (500 milhões de hectares). sustentável foi o lançamento dos Objetivos de Desen-
Essas vantagens possibilitam o país a se posicionar na volvimento Sustentável (ODS), um plano de ação para
liderança dos processos para uma economia global de erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que
baixo carbono. as pessoas alcancem a paz e a prosperidade. Publi-
A economia circular, por sua vez, é uma estratégia para cada em 2015 pela Organização das Nações Unidas
o melhor uso dos recursos materiais por meio de fluxos (ONU), a Agenda 2030 reúne 17 objetivos e 169 metas
cíclicos, em contraponto à lógica extração-produção- para o Desenvolvimento Sustentável.
-consumo-descarte. Ela contempla o desafio global Desde seu lançamento, a ONU vem buscando dissemi-
da escassez de recursos: dados da UNIDO - United nar os ODS mundialmente para os diversos setores da
Nations Industrial Development Organization apontam sociedade, uma vez que a Agenda 2030 preconiza o
que a demanda por matérias-primas cresceu 150% nos envolvimento de todos e o estabelecimento de parcerias
últimos 30 anos e continuará aumentando, mesmo com para alcance das metas. A efetividade da Agenda 2030
os avanços em eficiência. O recém-publicado Plano está diretamente relacionada ao engajamento dos paí-
Nacional de Resíduos Sólidos reconhece a circularidade ses, promovendo os ODS nacionalmente e, por meio de
como um modelo que “prioriza a redução, a reutiliza- políticas públicas consistentes, fomentando e viabilizan-
ção e a reintrodução dos materiais ao longo da cadeia do suas ações em nível local.
produtiva de forma eficiente, reduzindo a pressão sobre O Brasil iniciou seu processo de internalização em
os recursos naturais, as emissões de GEE, o desperdício, 2017 quando foi criada a Comissão Nacional dos ODS
a geração de rejeitos e a poluição”. (CNODS), que estruturou uma proposta de governança

Versão Completa
nacional para a Agenda 2030 com a participação de nos ODS. Uma sinalização clara da mudança foi o veto
diversas instituições relevantes e prevendo a criação de do Inciso VII, do artigo 3º, do Projeto de Lei do Congres-
comitês para debate e coordenação de ações referentes so Nacional 21, de 2019, que institui o Plano Plurianual
a cada um dos 17 ODS. da União para o período de 2020 a 2023. O dispositivo
A mudança de gestão no governo federal em 2019 vetado previa a “persecução das metas dos Objetivos
trouxe modificações no engajamento público do Brasil do Desenvolvimento Sustentável da ONU”.

Propostas

Mercado de Carbono:
32. Estruturar um Mercado de Carbono legal, participativo, robusto e transparente, de implementação
gradual e baseado no Sistema de Permissões (cap and trade), considerando:
• O texto do PL 2148/2015, tramitando no Congresso Nacional, que prevê a estruturação de um Mercado de
Carbono Nacional;
• Instituir um Mercado de Carbono regulado baseado no sistema de permissões (cap and trade), que forneça
um guarda-chuva de regras e métodos para todo o território brasileiro ao mesmo tempo que esteja
alinhado com as regras internacionais;
• Estruturar o Mercado de forma participativa com os setores a serem regulados e com governança também
participativa;
• Conectar o Mercado com outras iniciativas já em funcionamento (como o Renovabio) e mercados
voluntários;
• Estruturar um planejamento com ações gradativas, um sistema metodológico de medição, reporte e
verificação bem estruturado.

Economia Circular:
33. Instituir marco regulatório para a economia circular, que considere:
• Política Nacional de Economia Circular, coordenada por uma instância de governança com participação 25
do setor produtivo, que promova o desenvolvimento econômico a partir da gestão estratégica dos recursos
naturais;
• Disseminar o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e garantir a sua operacionalização;
• Regulamentar os incentivos administrativos, econômicos, creditícios e tributários ao desenvolvimento do
encadeamento produtivo da reciclagem;
• Simplificar a operação dos sistemas de logística reversa, inclusive com a harmonização de regras entre os
entes federativos.

ODS:
34. Reativar a Comissão Nacional dos ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e seus comitês
técnicos, considerando mecanismos de representatividade dos principais setores da sociedade.

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Infraestrutura

Contextualização
Infraestrutura de qualidade é condição necessária para a so, portanto, melhorar os acessos rodoviários e aquaviá-
competitividade e qualidade de vida da população. Por rios aos portos, aumentar a malha ferroviária e a qualida-
definição, o setor serve como base para o funcionamento de das rodovias – de modo a reduzir tempo de transporte
da sociedade, contemplando áreas como Abastecimento de cargas e custos relacionados. Além disso, é importante
de Água, Esgotamento Sanitário, Resíduos Sólidos, Ener- aumentar o número de autorizações para rotas de voo
gia Elétrica, Mobilidade Urbana e Habitação, entre outras. nacionais e internacionais, bem como expandir a rede
Esses segmentos se inserem nos Objetivos de Desenvol- de aeroportos regionais, com o objetivo de aumentar a
vimento Sustentável (ODS), agenda de 17 metas esta- capacidade de movimentação de cargas e melhorar a
belecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) competitividade quanto a outros aeroportos do país.
objetivando o progresso mundial até 2030. Além de Nos centros urbanos, é necessário melhorar a qualidade
objetivos específicos, como os ODS 6 (Água Potável e da mobilidade, aumentando a oferta e a integração dos
Saneamento) e 3 (Saúde e bem-estar), o tema impacta modos de transporte – especialmente os de massa – de
outros objetivos como os ODS 11 (Cidades e comunida- forma a reduzir o conflito entre distribuição urbana de
des sustentáveis), 13 (Ação contra a mudança global do cargas, essencial para a economia, e o transporte de
clima) e 9 (Indústria, inovação e infraestrutura). Portan- passageiros.
to, tem caráter transversal. Finalmente, em Habitação, estima-se déficit de 5,9 mi-
Apesar de sua importância, o Brasil sofre com relevan- lhões de domicílios. Isso contempla habitações precárias,
tes déficits de atendimento nessas múltiplas áreas. Por coabitação (convivência de duas ou mais famílias em um
26 exemplo, mais de 33 milhões de brasileiros não têm mesmo ambiente) e ônus excessivo com aluguel urbano,
acesso ao abastecimento de água e quase 60 milhões revelando a necessidade de investimentos nessa área.
não são atendidos por coleta de esgoto. Ademais, qua- O quadro apresentado leva o país a figurar negativa-
se metade do total de esgoto produzido não é tratada. mente em rankings mundiais de competitividade. Por
O cenário pode ser ainda pior, uma vez que não há exemplo, o Relatório Global de Competitividade do
dados completos para mais de 2,7 mil municípios, que Fórum Econômico Mundial de 2019 avalia 141 Estados,
representam 38,3 milhões de pessoas. Nesse contexto, o classificando o Brasil nas seguintes posições:
Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) estima • 65ª em Abastecimento de Água (exposição à água
serem necessários R$ 601,3 bilhões em investimentos não-potável e confiabilidade do sistema de oferta de
para universalização desses serviços até 2033. água);
O saneamento é o setor de infraestrutura mais defasa- • 93ª em Rodovias (conectividade e qualidade);
do do Brasil. Cerca de 100 milhões de brasileiros não
• 90ª em Ferrovias (densidade da malha e eficiência
possuem acesso à coleta de esgoto em suas casas e
dos serviços);
cerca de 35 milhões de pessoas sequer dispõem de
• 29ª em Transporte Aéreo (conectividade e eficiência
abastecimento doméstico de água (SNIS, 2018). O
dos serviços);
Plansab estima serem necessários R$ 48,4 bilhões em
investimentos para aprimoramento da destinação final • 67ª em Transporte Marítimo (conectividade e eficiên-

de resíduos sólidos no país. Esse montante contempla cia dos serviços);

tanto a construção de novos empreendimentos como • 67ª em Tecnologia da Informação - TI e Comunica-


melhorias nas infraestruturas já existentes, permitindo a ção (grau de difusão de tecnologias específicas de
erradicação de lixões e vazadouros a céu aberto. informação e comunicação, como banda larga fixa e
Embora de grande importância para a produtividade e banda larga móvel);
a competitividade da indústria, nossa infraestrutura de • 87ª em Energia Elétrica (cobertura da população e
transporte e mobilidade urbana deixa a desejar. É preci- qualidade da transmissão e distribuição).

Versão Completa
Interconectado a todo os setores, o mercado de petró- fornecedores de bens e serviços gerais e especializados.
leo e gás natural tem papel fundamental na economia A elevação da cobertura e da qualidade da infraes-
do país. O Brasil figura entre os dez maiores produto- trutura brasileira é condição necessária para elevar a
res do mundo, além de ter toda a cadeia de valor, que competitividade empresarial e melhorar a qualidade de
passa pelas atividades de exploração e produção, refino vida da sociedade, viabilizando a retomada do desen-
até o consumo final, e seus encadeamentos produtivos volvimento econômico.

Concessões, PPPs e Desestatizações

Contextualização
O Brasil demanda volumosos investimentos em infraes- e Roraima –, conforme apresentado pela Firjan no estu-
trutura. Entretanto, isso contrasta com o quadro fiscal do “A situação fiscal dos estados brasileiros”. Finalmen-
de escassez de recursos públicos vivenciado nos três te, em âmbito municipal, o Índice Firjan de Gestão Fiscal
níveis de governo. (IFGF) evidenciou que, em 2018, 74% dos municípios do
Em âmbito federal, em 2021 houve o 8º ano seguido de país estavam em situação fiscal difícil ou crítica.
déficit primário. A nível estadual, mesmo antes da pan- Dessa forma, é notório que a participação privada será
demia de Covid-19, diversos estados já se encontravam necessária para fazer frente a essa necessidade de
em calamidade financeira – como Rio de Janeiro, Goiás investimentos em áreas variadas.

Propostas

35. Fortalecer as iniciativas de concessões, Parcerias Público-Privadas (PPPs) e desestatizações.


• Intensificar as iniciativas de apoio da União aos projetos subnacionais, dada a disparidade de capacidade 27
técnica existente entre os entes federativos;
• Expandir os chamamentos públicos do Fundo de Apoio à Estruturação de Projetos de Concessão e PPP –
CAIXA (FEP/CAIXA) para áreas além de Iluminação Pública e Esgotamento Sanitário;
• Avançar com as desestatizações portuárias, garantido maior celeridade e competitividade na
administração de portos organizados;
• Avançar com os projetos do Programa de Autorizações Ferroviárias (Pro Trilhos), propiciando a expansão
da malha nacional;
• Fortalecer a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) como órgão promovedor das
diretrizes nacionais para o segmento, reduzindo as assimetrias regulatórias entre estados e municípios;
• Criar base de dados nacional unificada sobre concessões e PPPs federais, garantindo maior transparência
e facilitando análises custo-benefício.

Propostas Firjan para um Brasil 4.0 | Esfera Federal


Mobilidade Urbana e Logística

Contextualização
Em relação à Mobilidade Urbana, estudo publicado de Janeiro. O estado possui inequívoca vocação logís-
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico tica e reúne equipamentos de infraestrutura logística
e Social (BNDES) estima a necessidade de R$ 465,1 que fortalecem a conexão com a Região Sudeste e com
bilhões em investimentos para sanar o déficit das quinze outras regiões do país. A destinação dos investimentos
maiores regiões metropolitanas brasileiras. O valor necessários à expansão e adequação das rodovias, das
abrange aportes para expandir as malhas de metrô, ferrovias, dos portos e dos aeroportos fluminenses serão
trens, veículos leves sobre trilhos (VLTs) e ônibus de trân- decisivos para promover um salto de competitividade
sito rápido (BRTs). para o Brasil.
Parcela relevante desses investimentos aplica-se ao Rio

Propostas

36. Garantir a realização de projetos-chave para a logística do estado do Rio de Janeiro:


• Concessão da BR-040, conjuntamente com a BR-495, priorizando-se a conclusão da nova pista de subida
da serra de Petrópolis;
• Concessão conjunta dos aeroportos Tom Jobim e Santos Dumont, considerando o sistema multiaeroportos
existente e garantindo o fortalecimento do hub aéreo internacional fluminense;
• Relicitação da BR-101 (trecho Norte, conjuntamente com a BR-356) e da BR-393, com inclusão de novos
trechos e foco na conclusão de obras dos contratos anteriores;
• Construção da EF-118, tendo como trecho prioritário a ligação do Porto do Açu com a EFVM - Estrada de
Ferro Vitória a Minas;
28
• Aprimorar a infraestrutura de acesso aquaviário dos portos fluminenses, com a realização de dragagens de
manutenção e aprofundamento nos portos geridos pela Cia. Docas do Rio de Janeiro.

Energia Elétrica

Contextualização
Em Energia Elétrica, as principais preocupações refe- A qualidade da energia também é um ponto de grande
rem-se à garantia da segurança energética, aumento atenção, pois interrupções de segundos podem cau-
da continuidade e da conformidade do fornecimento da sar prejuízos de milhares de reais. É importante que a
energia, diminuição das perdas e redução das tarifas. regulação do setor elétrico acompanhe as mudanças
O Brasil possui uma matriz elétrica renovável com 60% tecnológicas industriais, adequando os indicadores de
de sua capacidade instalada correspondente a hidrelé- qualidade à realidade do setor produtivo. Países como
tricas, 12% de eólicas e 2,62% de fotovoltaicas. Em que Espanha, Alemanha, Grã Bretanha e Países Baixos ficam
pese os benefícios de uma matriz limpa, a dependên- menos de uma hora sem energia por ano, enquanto
cia de fontes intermitentes traz desafios em relação à a média brasileira é de cerca de 12 horas sem energia
complementação da geração em períodos de seca. A por ano. As perdas de energia no sistema interligado
geração complementar térmica é mais cara, ocasionan- nacional é um outro aspecto que precisa ser reduzi-
do custos adicionais com o pagamento de bandeiras do. As perdas no sistema elétrico brasileiro são altas,
tarifárias. representando 19,4% de toda a carga global requerida.

Versão Completa
O World Economic Forum elabora anualmente o Global países que mais perdem energia, atrás de economias
Competitiveness Report o qual classifica 144 países de como Tanzânia, Paquistão e Argélia. Chama-se atenção
acordo com um índice de competitividade global. Uma para as perdas com ligações irregulares e clandesti-
das dimensões do relatório refere-se às perdas de ener- nas, que trazem ineficiência ao sistema, resultando em
gia na transmissão e na distribuição. De acordo com o prejuízos milionários para consumidores e empresas de
relatório, o Brasil encontra-se na 102ª posição dentre os energia.

Propostas

37. Promover a redução do custo e aumento da qualidade da energia, contribuindo para a competitividade
do setor produtivo.
38. Avançar na construção do marco regulatório para a geração eólica offshore diversificando a matriz e
atraindo novos investimentos em energia e tecnologia.
39. Combater ligações irregulares e clandestinas, reduzindo os níveis de perda e, assim, aliviando os custos
para consumidores e concessionários.
40. Modernizar o setor elétrico, ampliando o mercado livre de forma gradual, incentivando a eficiência
energética, reduzindo encargos e subsídios e atualizando os modelos de despacho térmico, contribuindo
para uma indústria mais competitiva.
41. Reverter medida que obriga a instalação de térmicas a gás natural em regiões que não possuem
infraestrutura para tal finalidade (dispositivos na Lei Federal 14.182/2021).

Telecomunicações

Contextualização 29
Quanto a Telecomunicações, dados do Plano Estrutural federal analisada são atendidas pelo serviço 4G.
de Redes de Telecomunicações (PERT) revelam desa- Além disso, o relatório indica que a velocidade média
fios relativos à cobertura dos serviços. Por exemplo, da internet no país é de 94,8 Mbps, inferior à média
foram mapeadas mais de 6,1 mil localidades não-sede mundial (105,2 Mbps). Para acessos móveis, a média
no Brasil – como povoados e vilas – que não possuem brasileira é de 32,8 Mbps, novamente abaixo da mundial
qualquer cobertura móvel (2G, 3G ou 4G). O PERT apon- (54,5 Mbps).
ta, ainda, que somente 40,5% da extensão rodoviária

Propostas

42. Oferecer apoio federal aos municípios no processo de padronização legal dos requisitos para a
implantação da infraestrutura para o 5G, garantindo a difusão da tecnologia por todo o país.

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Petróleo e Gás Natural

Contextualização
Os mercados de petróleo e gás natural são respon- os efeitos positivos que o mercado gera na economia
sáveis por atrair os maiores volumes de investimento local e mundial.
e são os maiores na geração de emprego e renda. O Garantir a atratividade dos investimentos nos ativos
Brasil encontra-se numa situação privilegiada quando de exploração de petróleo e gás natural é de extrema
observado o seu potencial exploratório de petróleo e importância para a continuidade e crescimento da
gás, ponto de partida da cadeia de valor desse mer- produção, além dos reflexos socioeconômicos gerados
cado. A projeção de produção de petróleo e gás no pela própria atividade. Esse poder multiplicador já foi
Brasil, contabilizadas a fronteira do Pré-Sal, a Margem demonstrado por estudos, que explicitam os mercados
Equatorial – área que se estende do Rio Grande do de óleo e gás como atividade econômica com maior
Norte ao Amapá, e as demais recentes descobertas e nível impulsionador no encadeamento produtivo a mon-
potenciais, como o Espelho do Pré-Sal, coloca o país em tante e a jusante, a gráfico 6 apresenta esses resultados
um novo patamar em relação ao resto do mundo, não obtidos por atividade econômica.
somente pela atividade em si, mas também por todos

Gráfico 6: Índices BL e FL de Hirschman-Rasmussen – média 2000-2009

30

Fonte: MARCONI, N.; ROCHA, I.; MAGACHO, G. Sectorial capabilities and productive structure: na input-output analysis of the key sectors
of Brazilian economy. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/21812/S0101-31572016000300470.
pdf?sequence=2&isAllowed=y

Especialmente nos últimos anos, tem sido debatida a extremamente danoso para o ambiente competitivo
efetividade regulatória para um desenvolvimento mais e consequentemente para os resultados advindos da
célere do mercado com a continuidade do calendário atividade para o país.
de oferta de blocos exploratórios, o que levanta a ne- Além disso, com a instituição em Lei dos limites geográ-
cessidade de revisão do modelo de contrato de explo- ficos do Pré-Sal, as áreas do Pós-Sal estão aprisionadas
ração e produção para áreas do Pré-Sal, atualmente dentro do Polígono, impedidas de serem exploradas
licitados sob regime de Partilha da produção. em regime diferente da Partilha de Produção e suas
A adoção do modelo atual, onde se estabelece o direito riquezas não são de forma alguma rentabilizadas, o
de preferência em uma licitação, especificamente para que acarreta prejuízos não só para o estado do Rio de
uma empresa que não atua somente como estatal, é Janeiro, como para todo o Brasil.

Versão Completa
No que tange à produção de petróleo, com as des- global. De acordo com dados do BP Statistical Review,
cobertas do Pré-Sal desenvolvidas nos últimos anos, saiu de 14º maior produtor em 2010 para a 9ª colocação
o Brasil avançou não apenas em termos de volume em 2021.
produzido, mas também em termos de posicionamento

Gráfico 7: Ranking de produção de petróleo no mundo – Destaque para Brasil e Rio de Janeiro

Fonte: extraído do Dados Dinâmicos do Anuário do Petróleo no Rio (Firjan, 2022) com dados do BP Statistical Review 2022

31
O país também se destaca por estar entre os dez maio- riquezas, de modo a posicionar o Brasil entre os cinco
res demandantes do mundo nos últimos anos, e segue maiores produtores mundiais de petróleo.
avançando no consumo energético, estimulando a pró- No tocante ao gás natural, o mercado brasileiro se en-
pria atividade petrolífera. Entre 2010 e 2021, o país saiu contra em evolução a partir da implementação do novo
da 10ª posição para a 8ª no ranking global de países marco legal, para um ambiente que deve ser marcado
consumidores. pela independência, autonomia e multiplicidade de
A retomada das atividades com a melhoria dos indi- agentes. No entanto, principalmente sobre o olhar de
cadores da pandemia de Covid-19 e o desempenho da oferta do energético, o ambiente de negócios ainda
economia diante dos desdobramentos das questões carece de medidas efetivas para que os preços se tor-
geopolíticas, como a guerra Rússia-Ucrânia, pode ala- nem realmente competitivos. É o caso, por exemplo, da
vancar ainda mais o consumo interno de petróleo e seus necessidade de acesso não discriminatório às infraes-
derivados. Pelo lado da oferta, o potencial das reservas truturas essenciais da cadeia de valor do gás.
locais e a qualidade do óleo do Pré-Sal, bem como Ao passo que o país avançou na produção, com acrésci-
eventuais restrições impostas ao petróleo russo, podem mo nos níveis de produção total de gás natural, também
abrir novos mercados para o petróleo brasileiro. cresceram os níveis de reinjeção nos reservatórios, o que
No mundo, países referência em implementar uma acaba impactando os volumes efetivamente disponíveis
Política Industrial bem-sucedida, como Reino Unido para consumo. De acordo com o BP Statistical Review, o
e Noruega, que são usualmente alvos do Brasil para Brasil pulou de 35º maior produtor de gás em 2010, para
comparação, têm somente o regime de concessão o 30º colocado em 2020.
implementado. Ao mesmo tempo, o volume de gás reinjetado no país
A evolução regulatória no mercado de petróleo e gás cresceu mais de 4,5 vezes nesse período, e no RJ, cerca
brasileiro é essencial para que o país continue a trilhar de 80 vezes, conforme dados disponíveis na ANP. Em
o caminho de aumento de produção e geração de 2021, apenas 30% do gás produzido no estado do Rio

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de Janeiro foi escoado para tratamento em terra e pos- forma célere na esteira da atração de investimentos e
terior disponibilização ao mercado. regulamentação.
Já pelo lado do consumo, onde existe maior potencial Somente assim, será possível um salto de competitivi-
de transformação da economia a partir do uso do gás dade da indústria nacional e o Brasil poderá almejar
pela indústria, o Brasil se manteve estagnado no ranking lugar de destaque no ranking mundial, tanto de consu-
mundial até 2020, na posição de número 29, também mo quanto de oferta de gás natural, entre os 10 maiores
de acordo com o BP Statistical Review. Em 2021, en- países.
tretanto, para enfrentamento da crise hídrica houve Destaca-se, ainda, que o gás natural pode atrair não
necessidade de maior demanda por gás para gera- apenas vultuosos investimentos para disponibiliza-
ção de energia elétrica, o que colocou o Brasil na 24ª ção de maior volume desse energético no país, como
posição no ranking mundial de consumo de gás. Para também estimular o crescimento de outros segmentos
efeitos de comparação, estão entre os 10 maiores países industriais no país. Um exemplo é a possibilidade de
produtores: os EUA em 1º lugar e a China em 4º lugar. E, expansão da indústria petroquímica no país, incluindo o
entre os 10 maiores consumidores, destacam-se os EUA potencial para fertilizantes – insumo de relevância para
que também aparecem em 1º e a China, no 3º lugar. o agronegócio brasileiro.
Tendo em vista a necessidade de aproximarmos oferta Em estudo publicado pela Firjan SENAI, mais de R$ 65
e demanda de gás, um conjunto de esforços deve ser bilhões em investimentos poderiam ser concretizados
direcionado para a consolidação de um mercado mo- em infraestrutura de produção, escoamento e petroquí-
derno, com crescimento, renda e empregos a partir da mica a partir de gás natural. Esse cálculo foi realizado a
indústria. Fortalecer e ampliar a estrutura da agência partir das oportunidades de produção de gás natural no
reguladora ANP são iniciativas que devem ser incenti- Rio de Janeiro.
vadas para que o andamento das pautas aconteça de

32
Figura 1: Potencial investimento em gás e petroquímica

Fonte: Potencial do Gás Natural: Um Novo Ciclo para a Petroquímica no RJ (Firjan SENAI, 2022)

Versão Completa
Além disso, há todo o papel do gás natural como fonte também tem nesse combustível o seu meio de sustento,
mais limpa e menos poluente. No olhar como combustí- através de taxis ou aplicativos de transporte.
vel, o Gás Natural Veicular (GNV) tem papel social, pois Ao incentivar e desonerar impostos dos combustíveis,
permite uma maior economia para a população que o é preciso também considerar que amenizar o valor do
utiliza, dado o seu maior rendimento. GNV impacta, significativamente, os trabalhadores que
Quando falamos em termos sociais, garantir a relação o utilizam como principal insumo de seu trabalho, além
de competitividade do GNV significa viabilizar econo- da cadeia industrial de reparação veicular, responsável
mia importante para mais de 2,6 milhões de motoristas pela adaptação dos veículos para utilização do GNV,
e suas famílias. Muitos desses, além de encontrarem no que gera, atualmente, milhares de postos de trabalho
GNV redução de gastos na sua locomoção do dia a dia, em todo o Brasil.

Propostas

43. Estruturar uma política industrial de estado para fomentar o aproveitamento das competências
dos mercados de petróleo e gás e seus encadeamentos produtivos, incluindo os segmentos de refino,
petroquímica e fertilizantes.
44. Implementar o modelo de concessão para áreas do Pré-Sal em abordagem convergente aos projetos de
lei, no Congresso Nacional, que precisam avançar na apreciação e posterior aprovação. O PL 6083/2016 da
Câmara dos Deputados e o PL 3178/2019 do Senado Federal trazem propostas de alterações com potencial
de garantir a atratividade das áreas exploratórias locais e propiciar um melhor ambiente de negócios no
mercado de petróleo e gás nacional.
45. Garantir o avanço da agenda regulatória da ANP, principalmente em gás natural, em pautas como
o acesso não discriminatório e negociado de terceiros às infraestruturas essenciais; a utilização eficiente
do sistema de transporte; a autonomia e independência dos agentes; a regulamentação unificada da
organização do sistema de transporte e da contratação de capacidade pelo modelo de Entrada e Saída; e
critérios justos para o cálculo de tarifas de transporte.
33
46. Incluir o gás natural no rol de combustíveis com equiparação tributária aos combustíveis renováveis. A
recente aprovação pelo Parlamento Europeu da atribuição do “selo verde” à produção de energia em usinas
nucleares e de gás natural, reconhecendo o papel dessas na descarbonização, abre caminho para que a
mesma aplicação seja feita no Brasil, criando a possibilidade de redução da carga tributária para o gás
natural.

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Capital humano

Contextualização
A indústria está em constante movimento, abraçando com ampla conexão entre equipamentos e sistemas de
novos processos e tecnologias, e o cenário de constan- coleta de dados para análises preditivas e tomada de
tes mudanças coloca desafios permanentes de forma- decisão.
ção de profissionais. No contexto atual, experimenta Tudo isso deve aumentar a flexibilidade, velocidade,
mundialmente transformações profundas nos arranjos produtividade e qualidade dos produtos e processos,
e processos produtivos, com a influência de novas con- mas demandará uma mudança radical do perfil dos
cepções e de uma evolução tecnológica sem preceden- trabalhadores da indústria, com a tendência de au-
tes. tomatização de todo trabalho repetitivo, diminuição
A inovação e a transformação digital tornam-se impres- das funções operacionais e aumento da demanda por
cindíveis para a competitividade e produtividade das profissionais com no mínimo uma formação técnica de
empresas e países. Soma-se a isso a necessidade de nível médio para atuarem no monitoramento de proces-
soluções para as questões socioeconômicas e humanas sos e dados dos sistemas de produção.
em escala global no que tange às formas de produção e Países industrializados investiram e continuam inves-
de vida mais sustentáveis. tindo no fortalecimento da Formação de Ensino Médio
Afirma-se cada vez mais a tendência de avanços no e Formação Técnica para os jovens, criando condições
sentido da chamada Indústria 4.0, ou seja, uma 4ª favoráveis a esse processo de transformação.
Revolução Industrial, que anuncia fábricas inteligentes e Os dados abaixo apresentam um comparativo quanto à
orientadas a serviços, caracterizadas pela automação e população de 25 a 64 anos que concluíram ao menos o
34 integração de sistemas internos e externos de produção, Ensino Secundário.

Gráfico 8: População de 25 a 64 anos que concluíram ao menos o Ensino Secundário

Fonte: Education at a Glance – 2021 - OCDE.

Versão Completa
A seguir, os dados apresentam, para países referência de alunos no Ensino Secundário que fazem educação
nesse estudo, um comparativo quanto ao percentual profissional.

Gráfico 9: % de alunos no Ensino Secundário que fazem educação profissional

FONTE: Education at a Glance – 2021 - OCDE

No Brasil, o Ensino Médio permanece com dificuldades da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
importantes, como a alta taxa de evasão e resultados IV. A compreensão dos fundamentos científico-tecno-
qualitativos ainda insuficientes, e sobretudo não cumpre lógicos dos processos produtivos, relacionando a
ainda plenamente a finalidade II entre as previstas na teoria com a prática.
LDB. 35
A conclusão do Ensino Médio muitas vezes não resulta
I. A consolidação e o aprofundamento dos conheci-
em inserção no Ensino Superior, nem habilita o jovem a
mentos adquiridos no Ensino Fundamental, possibili-
uma função produtiva, que possa inclusive viabilizar a
tando o prosseguimento de estudos;
continuidade de estudos. Essa insuficiência em termos
II. A preparação básica para o trabalho e a cidadania da preparação para o trabalho no Ensino Médio resulta
do educando para continuar aprendendo, de modo obviamente em desemprego e vulnerabilidade social,
a ser capaz de se adaptar a novas condições de conforme evidenciado nos gráficos abaixo.
ocupação ou aperfeiçoamento; No 4º trimestre de 2020, um quarto dos jovens de 15 a
III. O aprimoramento do educando como pessoa huma- 29 anos não estava ocupado e não estudava, e propor-
na, incluindo a formação ética e o desenvolvimento ção similar estava à procura de trabalho.

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Gráfico 10: Percentual de jovens de 15 a 29 anos por tipo de relação trabalho e estudo (2020)

Fonte: IBGE, Pnad Contínua.

Gráfico 11: Evolução da taxa de desemprego de jovens de 15 a 29 anos

36

Fonte: IBGE, Pnad Contínua.

Impressiona também a elevada informalidade entre os com poucas oportunidades e, quando encontram, são
jovens de 15 a 29 anos, que chegou a 46% no 4º trimes- postos de trabalho de pior qualidade: baixa remunera-
tre de 2020. Ou seja, é elevada a proporção de jovens ção, baixa produtividade e ausência de proteção social.

Gráfico 12: Evolução da taxa de informalidade de jovens de 15 a 29 anos

Fonte: IBGE, Pnad Contínua.

Versão Completa
Como consequência, observa-se uma elevada taxa de aqueles com menor escolaridade são os mais vulnerá-
homicídio entre os jovens de 15 a 29 anos, sendo que veis.

Gráfico 13: Taxa de homicídios por 100 mil habitantes entre os jovens de 15 a 29 anos

Fonte: Ipea, Atlas da Violência.

Assim, o contexto de avanço tecnológico, os desafios do sancionou a política de fomento à implementação de


desenvolvimento, e o imperativo de inclusão social de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, com apoio
nossa juventude reforçam a necessidade de garanti-lhes de recursos transferidos pelo Ministério da Educação
uma formação humana, científica, cultural e tecnológica ao Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação –
de qualidade, condição de sua cidadania, para o desen- FNDE.
volvimento do país. Tal política de fomento prevê o repasse de recursos do 37
O Plano Nacional de Educação promulgado em 2014 Ministério da Educação para os Estados e para o Distri-
estabeleceu a necessidade de colaboração entre a to Federal pelo prazo de dez anos por escola, contado
União, os Estados e Municípios para a elevação da qua- da data de início da implementação do ensino médio
lidade da Educação Básica. integral na respectiva escola, de acordo com termo de
Especificamente a meta 8 estabeleceu o objetivo de ex- compromisso a ser formalizado entre as partes.
pansão da educação em tempo integral em, no mínimo, Pesquisas têm evidenciado o interesse de parte dos
50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de for- jovens na realização de programas de educação pro-
ma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) fissional concomitantes ao Ensino Médio, opção que
dos(as) alunos(as) da educação básica, e recomendou, agora ganha condição real de viabilidade.
como uma das estratégias para o alcance deste ob- Também é bastante reconhecido que a associação da
jetivo, a expansão da oferta de educação profissional educação profissional com a educação básica propicia
técnica de forma concomitante ao ensino ofertado na melhores resultados escolares, pois a boa formação ge-
rede escolar pública. ral fundamenta a educação profissional, enquanto essa
A Lei 14.315/2017 ratificou a perspectiva de integraliza- serve de contexto de experiências e práticas para me-
ção do Ensino Médio, estabelecendo a possibilidade de lhor compreensão dos conceitos teóricos pelos alunos.
associação da formação geral com itinerários de área E a competência do SENAI para capacitação técnica
de conhecimento (linguagens, matemática, ciências da e profissional é amplamente reconhecida. Quanto às
natureza e ciências humanas e sociais) ou de forma- possibilidades de oferta, cabe destacar, apenas no
ção técnica e profissional (referido na legislação como que tange a cursos técnicos de nível médio, o amplo
Itinerário V). portfólio do SENAI considerando as tendências em
Estabeleceu ainda que a oferta da referida formação curso e cobrindo os vários setores conforme a realidade
técnica e profissional poderia ser realizada na própria econômica regional.
instituição ou em parceria com outras instituições, e

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Propostas

47. Garantir os recursos do Sistema S e seu papel como entidade fundamental e de excelência na formação
técnica e qualificação de profissionais para os setores econômicos, no contexto da política industrial e de
inovação.
48. Garantir a oferta do Ensino Médio em tempo integral com Itinerário de Formação Técnica em parceria
com o Senai, em articulação com as políticas de desenvolvimento econômico e inovação.
49. Estabelecer políticas públicas que garantam a implantação da internet de alta velocidade e
infraestrutura tecnológica adequada à utilização de recursos digitais nas escolas do país, considerando as
questões propostas na Lei 13.006/2014.

Legislação Trabalhista

Contextualização
O mundo do trabalho do século 21 é completamente di- O que se pode fazer em termos de política pública para
ferente da conjuntura em que foi redigida a Consolida- quebrar esse círculo vicioso? Entendemos que seja pos-
ção das Leis do Trabalho, na década de 1940, quando sível atuar nas duas frentes:
o Brasil era prioritariamente rural e seus trabalhadores, • proporcionar oportunidades de qualificação para os
em sua maioria, possuíam baixa escolaridade. Este jovens inexperientes; e
cenário propiciou que as leis fossem geradas de forma • reduzir o custo de contratação para os empregadores.
mais restritiva e acauteladoras, primando pelo traba-
Essa é a estratégia adotada em alguns países avança-
lhador considerado hipossuficiente.
dos quando enfrentam ciclos recessivos e dificuldades
38 Segundo o prof. José Pastore, o século 21 vai sacramen-
para a contratação de jovens25. Essa é também a estra-
tar a “morte do emprego” que já começou a acontecer.
tégia recomendada pela OCDE para o Brasil26.
Não devemos confundir a morte do emprego com a
A regulamentação do teletrabalho em muito ajudou a
morte do trabalho. Este vai continuar, porque haverá
superar o período de pandemia e se consolidou como
muitas coisas a serem feitas. Mas o emprego, este sim
uma modalidade de trabalho. Porém, embora tenham
está condenado a morrer.
ocorrido avanços neste tema, ainda existem pontos de
Assim, a flexibilização das formas de trabalho e contra-
insegurança jurídica que demandam atenção, como
tação, em especial em relação à substituição do em-
exemplo: uma melhor definição dos conceitos de tele-
prego formal por formas atípicas de trabalho se fazem
trabalho; trabalho em domicílio ou trabalho a distância.
mais do que necessárias; é um caminho inevitável.
Além disso, por que limitar a aplicação do artigo 75A
Hoje, considerar que todo trabalhador é hipossuficien-
até 75F às atividades com a utilização de Tecnologias
te é um equívoco e ocasiona um aumento do custo de
de Informação - TI e de comunicação, quando existem
contratação o que gera aumento da informalidade.
inúmeras atividades que podem ser exercidas em domi-
Os elevados custos dos encargos sociais para contrata-
cílio ou a distância e que não demandam, necessaria-
ção vêm prejudicando, principalmente, a inserção dos
mente, recursos telemáticos?
jovens no mercado de trabalho.
Destacamos, também, que, com um mundo cada vez
Também não podemos ignorar os muitos jovens que
mais globalizado e a popularização do teletrabalho, te-
trabalham em áreas de pesquisa ou desenvolvimento,
mos que rever a legislação referente aos expatriados, a
que por vezes preferem trabalhar por tarefa ou projeto,
fim de identificar os óbices e os custos excessivos, como
não se vinculando a uma única empresa.

25 “Rising youth unemployment during the crisis: how to prevent negative 26 Investing in youth in Brazil, Paris: OECD, 2014.

long-term consequences on a generation”, Stefano Scarpetta e colaborado-

res, Paris. OECD, 2014.

Versão Completa
o exemplo das exigências infra legais para exames itens como “Deficiência visual - alguma dificuldade”
ocupacionais. é o mais frequente em número de registros. Vale
Por sua vez, o atendimento da cota legal para empre- lembrar que esse número é o norteador dos percen-
gos de Pessoas com Deficiência (PcD), prevista no artigo tuais de cota atualmente previstos na Lei 8.213/1991.
93 da Lei 8.213/91 impõe dificuldades excessivas para
c. O problema da oferta e da demanda:
empregadores.
De acordo com os dados da RAIS (2020), havia na-
As estatísticas brasileiras não são bem definidas em rela-
quele ano um total de 46.236.176 pessoas emprega-
ção à quantidade real de pessoas com deficiência exis-
das. Desses empregados, 498.784 eram pessoas com
tentes, o que tem comprometido a política de cotas, com
deficiência, representando 1,07%, um número muito
ofertas hiper estimadas de pessoas nessas condições.
aquém do percentual exigido em lei, que varia de
Ademais, há falta de clareza em relação às funções e
2% a 5% em função do número de empregados das
atividades em que certos tipos de deficiência encon-
empresas. Contudo, é comum se deparar com a falta
tram barreiras reais que impedem a sua alocação. O
de pessoas com deficiência disponíveis no mercado,
modelo biopsicossocial de avaliação da deficiência é
o que impede diversas empresas em cumprirem a
utilizado hoje para a inclusão das pessoas com defici-
cota. Esse fato tem levantado dúvidas quanto ao
ência nos diversos programas do governo, incluindo o
número real de pessoas com deficiência e realmente
de reserva de cargos. Um modelo único de avaliação da
capacitadas e disponíveis para contratação.
deficiência tem sido discutido, mas encontra impasses.
Outra situação que dificulta a contratação de PcD
Resumidamente, destaca-se alguns aspectos que de-
é a perda do direito ao recebimento do LOAS/BPC
mandam aprimoramento.
a qual o deficiente tem direito caso ele passe a
a. Modelo para a caracterização da deficiência – ne-
ter contrato de trabalho e ser assalariado. Não há
cessidade de um modelo único:
estímulo para inserção no mercado de trabalho para
O Índice de Funcionalidade Brasileiro (IFBr) foi
ganhar a mesma coisa.
definido como um instrumento base para a ava- 39
liação da incapacidade no Brasil. Posteriormente d. Cumprimento das cotas em áreas e atividades de

esse índice passou a ser denominado de Índice de risco:

Funcionalidade Brasileiro Adaptado (IFBrA), utilizado Na legislação brasileira o cálculo da reserva de cota

para concessão de aposentadoria para pessoas com é sobre o número total de empregados da empresa,

deficiência. Em 2018 foi elaborada uma nova versão sem fazer nenhuma exceção. Assim, uma empresa

do índice, denominada de Índice de Funcionalidade de serviços de segurança e vigilância tem muitas

Brasileiro Modificado (IFBrM), tendo sido validado dificuldades para atender a cota legal. Além disso,

pela Universidade de Brasília (UNB), e aprovado em em algumas empresas o cálculo da reserva de cota

2020 pelo CONADE - Conselho Nacional dos Direitos tem que considerar atividades que colocariam o PcD

da Pessoa com Deficiência. Em 2021 um Grupo de em situação de risco acentuado, o que, ao nosso

Trabalho Interinstitucional apresentou uma Proposta ver, fere o previsto na Constituição Federal, em seu

para o instrumento e o modelo único de avaliação da art 6º, que estabelece que a segurança é um direito

deficiência, que teve como base o IFBrM, porém com social. Somado a isso, no art. 7º, XXII, há previsão da

novas modificações. O material produzido por aquele redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio

grupo tem sofrido críticas e o Decreto necessário de normas de saúde, higiene e segurança.

para sua implementação ainda não foi publicado. Se isso não bastasse, o Código Penal tipifica como
crime expor a vida ou a saúde de outrem ao perigo
b. Estatísticas problemáticas:
direto e iminente (art. 132).
O IBGE tem por base a autodeclaração da defici-
Em alguns países, as atividades de risco como as
ência e utiliza esse conceito no Censo Demográfico,
subterrâneas, minas, pedreiras, fornos de alta tem-
tendo chegado à conclusão de que o Brasil tinha
peratura, centrais térmicas e andaimes com altura
23,9% da população com algum tipo de deficiência
superior a cinco metros não estão incluídas nas
em 2010. Esse número está superestimado, visto que
obrigações da lei de cotas.

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Propostas

Futuro do Trabalho:
50. Avançar na Reforma Trabalhista de modo a adequar a legislação aos novos parâmetros econômicos,
tecnológicos e sociais, que considere:
• Ampliar inserção dos jovens, principalmente do primeiro emprego, com uma política de desoneração
de folha e capacitação custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, por exemplo (Similar ao
proposto na MP 905).
• Ajustar e flexibilizar a legislação referente ao trabalho expatriado.
• Definir melhor os conceitos e a aplicação da modalidade teletrabalho, de trabalho remoto, de trabalho em
domicílio e de trabalho a distância.
• Reconhecer que, no caso de teletrabalho, trabalho em domicílio ou a distância, as questões de Segurança
e Saúde acordadas entre as partes prevaleçam sobre as previsões legais (ergonomia, acidente de trabalho,
condições de trabalho etc.).
• Para fortalecer a segurança jurídica na relação de trabalho, faz-se necessário rever ou regulamentar
(conforme estudo do Grupo de Altos Estudos do Trabalho - GAET):
a) Turnos ininterruptos de revezamento - definição do conceito;
b) EPI (Equipamento de proteção individual) – responsabilidade do empregado, em caso de acidente por
falta de uso, se treinado e equipado;
c) Atividades de risco – limitação da responsabilidade objetiva;
d) Desconsideração da personalidade jurídica – novas regras para exercer direito de defesa;
e) Trabalho intermitente – supressão de lacunas da regulamentação;
f) Homologação de acordo extrajudicial – quitação geral;
g) Grupo econômico - criação de incidente processual;
h) Seguro garantia judicial – detalhamento das regras para utilização;
i) Execução concentrada;
40 j) Treinamento/ensino a distância fora da jornada – não é tempo à disposição;
k) Garantia de emprego - não aplicação para prazo determinado, temporário e intermitente;
m) Trabalho aos domingos - permissão ampla, com escala;
n) Trabalho noturno - extinção da hora ficta com compensação no adicional;
o) Aprendizagem - definição na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações);
p) Aposentadoria por invalidez - extinção do contrato de trabalho após 5 anos de benefício;
q) Cota de deficientes - exclusão da base de cálculo de funções incompatíveis;
r) Exclusão do acidente de trajeto como acidente de trabalho;
s) Periculosidade com seguro de vida e não como adicional pecuniário.

Regime de Cotas:
51. Adotar um critério único para enquadramento da deficiência, com a adoção de um Índice de
Funcionalidade Padrão.
52. Ajustar toda a legislação infralegal aos novos conceitos introduzidos pela Lei Brasileira de Inserção da
Pessoa com Deficiência.
53. Adotar percentis de cota por região, observando a real oferta de profissionais com deficiência.
54. Excluir do cálculo da reserva de cota as atividades de risco que, por suas características, processo
ou local de execução, não permitam à empresa garantir a integridade física das pessoas portadoras de
deficiência.
55. Permitir o recebimento do Benefício de Prestação Continuada - BPC cumulado com o salário de trabalho.
56. Permitir que o aprendiz PcD seja contabilizado nas duas cotas legais: cota de aprendiz e cota de PcD.
57. Criar sistema que permita uma empresa localizada em região onde há PcD contribuir para um fundo
que será utilizado para capacitação e alocação de PcD em regiões mais favorecidas, considerando
que a finalidade social é de inserção do PcD no mercado do trabalho, no percentil estipulado pela lei, e
considerando que em algumas regiões há mais dificuldade do que em outras.

Versão Completa
Eficiência do Estado

Contextualização
O Brasil é um país de grande potencial. É um território negligenciados. A ineficiência da alocação dos recursos
formado por diversidade de biomas e climas que resul- públicos é um deles. A rigidez do orçamento público,
tam em grande variedade de recursos naturais. Ade- que está altamente comprometido com despesas com
mais, existe alta capacidade produtiva e tecnológica pessoal, é um dos principais pontos que resultam em
capazes de garantir crescimento sustentável, emprego e mau planejamento e penalização de investimentos
renda à população. No entanto, a comparação inter- públicos. E esta é uma realidade presente nos três níveis
nacional mostra que todas essas vantagens não foram de governo.
suficientes para gerar avanços consistentes no quadro Estudo publicado pela Firjan28 evidencia que metade
socioeconômico nacional nas últimas décadas. Perma- das prefeituras brasileiras direciona mais de 50% do
necemos sendo o eterno “país do futuro”. orçamento para gastos com pessoal. Além disso, quase
Há 25 anos a Firjan manifesta seu apoio a reformas metade dos municípios do país tem nível crítico de in-
estruturais em prol de maior competitividade da econo- vestimento, destinando apenas 3% das receitas a essas
mia brasileira e da geração de emprego e renda para despesas. Em outras palavras, o gasto com pessoal
população. Nesse período, o desempenho econômico consome alta parcela do orçamento e é consumido de
e social do Brasil, distante dos melhores do mundo, forma ineficiente, enquanto há precarização na presta-
retrocedeu paulatinamente no comparativo internacio- ção direta de serviços públicos à população.
nal. De fato, passamos da 52ª para a 87ª colocação no Sem as reformas estruturais, além dos efeitos severos
ranking mundial do FMI que lista o PIB per capita em agravados pela pandemia, que significam mais desem-
USD de 193 países27. prego e caos social, no ranking de PIB per capita mun- 41
A procrastinação na implementação da agenda dial o Brasil estará cada vez mais no final desta lista.
reformista contribuiu para a deterioração do quadro Desta forma, não há outro caminho senão tratar como
socioeconômico brasileiro mesmo quando comparado a prioridade a aprovação das reformas fiscais. Neste ce-
outras economias emergentes, como México e Turquia. nário, a Reforma Administrativa é um passo importante
Ainda que medidas importantes tenham sido aprovadas para revisão da atual estrutura de carreiras do setor
no último quarto de século, como mais recentemente a público. Este é o momento para se discutir uma reforma
PEC emergencial e a reforma previdenciária, o cresci- ampla e que traga efetivamente mudanças significati-
mento sustentável da economia brasileira ainda depen- vas em prol da alocação dos recursos públicos. Manter
de de reformas estruturais. a ineficiência atual significará a continuidade da penali-
A pandemia e suas consequências socioeconômicas zação dos serviços essenciais para a população, como a
tornaram ainda mais urgente a busca por soluções saúde, educação e segurança.
de problemas estruturais, que por muito tempo foram

Propostas

58. Implementar Reforma Administrativa, de modo a:


• Promover reforma ampla e que traga mudanças significativas na alocação dos recursos públicos.
• Racionalizar e modernizar o Estado brasileiro, incluindo todos os poderes e carreiras das três esferas de
governo.

27 World Economic Outlook (2022), FMI. 28 Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF).

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Segurança Institucional e Jurídica

Contextualização
A segurança jurídica é algo muito valioso para a rança jurídica necessária para o planejamento dos seus
sociedade, pois, além de um princípio constitucional negócios, contratos e investimentos.
importante do mundo jurídico, ela é a base das relações O mesmo acontece quando falamos de políticas públi-
construídas na sociedade. Elencada no rol de Direitos e cas. A sua criação e implementação precisa respeitar os
Garantias Fundamentais, a segurança jurídica encontra contratos e acordos celebrados conforme a lei vigente.
respaldo legal no artigo 5º, inciso XXXVI da Constitui- Uma empresa não pode depender das decisões dos
ção Federal, e sua aplicabilidade se dá pela proteção agentes políticos para que o seu negócio seja próspe-
de três elementos: o direito adquirido, o ato jurídico ro. É necessário que exista um ambiente de negócios
perfeito e a coisa julgada. previsível e estável no estado, onde o empresário possa
Nesse sentido, a lei não poderá prejudicar qualquer um ter segurança na lei para tomar as suas decisões. Desta
desses três elementos. Isso garante à sociedade a previ- maneira, as políticas públicas precisam ser pensadas
sibilidade e a estabilidade necessárias para planejar as levando em conta o desenvolvimento desse ambiente
suas ações e assumir novos compromissos. No mundo seguro, respeitando os contratos e os investimentos,
empresarial não é diferente, pois o que rege as rela- para garantir a sustentabilidade dos negócios existentes
ções comerciais, negociais e financeiras é a lei vigente e estimular a criação de novos negócios e empreendi-
no país. Portanto, prever que uma lei que venha a ser mentos, que são peça-chave no desenvolvimento da
criada ou alterada não possa modificar aquela relação sociedade.

42 anteriormente construída garante às empresas a segu-

Propostas

59. Fortalecer as agências reguladoras, que necessitam atuar com autonomia, independência técnica e
integradas aos órgãos de defesa da concorrência.
60. Efetivar o Decreto 10.411/2020, que implementa a Análise de Impacto Regulatório - AIR e a Avaliação de
Resultado Regulatório – ARR, aplicando-o à elaboração de políticas públicas e aos atos normativos (decretos
e projetos de lei) que as regulamentem.
61. Assumir o compromisso com a segurança jurídica, de modo que alterações legais não se apliquem a
direitos adquiridos no passado.
62. Promover contundente combate à corrupção.

Versão Completa
Lista de Siglas
AFC - Acordo de Facilitação do Comércio GEE - Gases de Efeito Estufa
ANA - Agência Nacional de Águas e Saneamento IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Básico
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Serviços
Biocombustíveis
IEL - Instituto Evaldo Lodi
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade
ARM - Acordos de Reconhecimento Mútuo e Tecnologia
BACEN - Banco Centro do Brasil INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econô- IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
mico e Social
IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados
BPC - Benefício de Prestação Continuada
IVA - Imposto sobre o Valor Adicionado
BRTs - Ônibus de Trânsito Rápido
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social
de Nível Superior
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
CBAM - Carbon Border Adjustment Mechanism ou Meca-
mento
nismo de Ajuste de Carbono na Fronteira
MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
CBO - Classificação Brasileira de Ocupações
MEC - Ministério da Educação
CDB - Certificado de Depósito Bancário
MPMEs - Micro, Pequenas e Médias Empresas
CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e
o Caribe NBS - Nomenclatura Brasileira de Serviços 43
CNI - Confederação Nacional da Indústria NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí- OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvi-
fico e Tecnológico mento Econômico

CONADE - Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
com Deficiência
OEA - Operador Econômico Autorizado
CTI - Ciência, Tecnologia e Inovação
OMC - Organização Mundial do Comércio
DFPC - Diretoria de Fiscalização de Produtos Contro-
ONU - Organização das Nações Unidas
lados
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
EFVM - Estrada de Ferro Vitória a Minas
PD&I - Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
EU - União Europeia
PDS - Projeto de Decreto Legislativo
FEP - Fundo de Apoio a Estruturação de Projetos de
Concessão e PPP PEAC - Programa Emergencial de Acesso ao Crédito

FGI - Fundo Garantidor para Investimentos PERT - Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações

FGO - Fundo de Garantia de Operações PI - Propriedade Intelectual

FMI - Fundo Monetário Internacional PIA - População em Idade Ativa

FNDCT - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciên- PIB - Produto Interno Bruto


cia e Tecnologia Pintec - Pesquisa de Inovação
FNDE - Fundo Nacional do Desenvolvimento da Edu- PL - Projeto de Lei
cação

Propostas Firjan para um Brasil 4.0 | Esfera Federal


PLS - Projeto de Lei do Senado Siscoserv - Sistema Integrado de Comércio Exterior de
Serviços
PPC - Paridade do Poder de Compra
TI - Tecnologia da Informação
PPP - Parceria Público-Privada
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Pronampe - Programa Nacional de Apoio às Microem-
presas e Empresas de Pequeno Porte UNB - Universidade de Brasília
PTF - Produtividade Total dos Fatores UNIDO - United Nations Industrial Development Organiza-
tion ou Organização das Nações Unidas para o Desen-
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
volvimento Industrial
RFB - Receita Federal do Brasil
VLTs - Veículos Leves sobre Trilhos
RJ - Rio de Janeiro

44

Versão Completa
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