Hidromel Um Brinde para o Grupo
Hidromel Um Brinde para o Grupo
Hidromel Um Brinde para o Grupo
ISBN 978-65-00-04925-1
: 1.V ð − S0@62℘
O Hidromel
Sobre a sua origem, Variedade, e a Maneira de Prepará-lo
13 de Agosto de 2020
3
Prefácio
A quando meu pai e eu, com 14 anos na época, tentávamos fazer cerveja
na garagem de nossa casa na Serra do Mar, perto de Ribeirão Pires no
estado de São Paulo. A região tinha o clima ameno, ideal para fermentações,
sobretudo no inverno, quando a temperatura raramente passava dos 20 graus.
Ele, belga, amante e conhecedor de cerveja, queria poder se livrar daquela
Pilsener padrão que era a única coisa que se encontrava no comércio brasi-
leiro na época além da doce e enjoativa Munchen. A escassez não era menor
para insumos de brassagem. Em linhas gerais existiam alguns poucos kits
que eram entregues pelo correio, com um ou no máximo dois tipos de malte,
lúpulo passado e leveduras que nem nome tinham... Inútil dizer o que sem-
pre acontecia: produzı́amos sempre cerveja ruim. Até o momento em que ele
desistiu de produzir cerveja e me disse em tom jocoso de quem joga a toalha,
”Sabe filho? acho que deverı́amos fazer hidromel e não cerveja. Pelo menos o
mel daqui é ótimo.”e nunca mais tentamos fermentar nada, por desânimo ou
falta de informação e material, mas sempre fiquei com isto na cabeça. Muitos
anos depois, agora em idade de consumir álcool e de poder provar o que fazia,
resolvi levar adiante o que ele falou, infelizmente sem a sua presença... Em
meados de 2006, numa época bem diferente de minha adolescência, a cerveja
importada e seus muitos estilos começava a aparecer nos supermercados por
conta de fusões de grandes cervejarias. Isto causou uma lenta revolução no
paladar do brasileiro que passou a conhecer a fundo o mundo cervejeiro e se
interessar mais pelo assunto. Surgiram cervejeiros e cervejarias de primeira
5
Prefácio
Foi por esta razão que decidi reunir todo material bibliográfico que acu-
mulei em anos de estudo numa compilação em português. Não deixo de dar
algumas opiniões, mas procuro me manter mais fiel possı́vel aos procedimentos
realizados no mundo todo, ontem e hoje. Procurei resgatar as receitas mais
antigas que pude encontrar, para poder realmente entender o que é o hidromel
mas também observar as técnicas modernas de preparação do hidromel, que
6
como as de todo fermentado, evoluı́ram depois dos trabalhos de Louis Pasteur
no século retrasado.
Este livro é a reunião de muita informação que procurei compilar numa lin-
guagem intermediária entre o jargão técnico e a linguagem coloquial, de modo
que possa ser lido por qualquer hidromeleiro, do simples curioso ao mais ex-
periente deles. Durante a redação houve uma constante preocupação com a
qualidade das fontes das informações, e o texto é baseado em grande parte em
artigos cientı́ficos, textos históricos antigos, literatura nacional e estrangeira
sobre o assunto além de experiências pessoais e de alguns colegas com os quais
troco informações sobre o tema. Como disse, a literatura também apresenta
seus desencontros e divergências, e muitas vezes o leitor pode não concordar
com certa posição ou opinião que expresso aqui. As que formei para mim
mesmo nessa obra, foram o fruto de muita reflexão baseado no que a ciência
preconiza, na experiência que tive ou no resultado de contas e mais contas que
fiz com os dados da literatura. Não quer dizer que não possam ser revistas ou
que não devam ser corrigidas futuramente. Quando dois autores dizem coisas
diferentes devemos escolher qual deles nos parece mais razoável.
7
Prefácio
8
Agradecimentos
em a ajuda destas pessoas talvez não fosse possı́vel produzir este livro.
À minha querida esposa Mariana e meus filhos Marc e Liv pelo apoio
constante, Yolande , minha mãe, por algumas traduções. Um agradecimento
especial a W. A. Millett, pela revisão de texto, pelas discussões e pelo enorme
aporte de material bibliográfico que compartilhou com todos nós. Sem as re-
ferências que me forneceu, esta obra seria certamente mais pobre. Agradeço
também a gentileza de Maria Cristina Barone, que me enviou uma cópia de sua
dissertação de mestrado. Agradeço aos amigos da APH, Associação de Pro-
dutores de Hidromel, pelas dicas conversas e debates sempre frutı́feros. Além
disso, em particular, a H. N. Hertel, R. Juliatto, P. Camillo, I. Renó, Y. Ja-
doul, e M. Ramos pelo auxı́lio com a revisão do texto, comentários e sugestões.
9
Conteúdo
I O Hidromel 15
2 Caracterı́sticas 35
2.1 Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3 Generalidades 43
3.1 Tradicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2 Frutiméis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.3 Metheglins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.4 Frisantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.5 Bochets . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.6 Florais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.7 Braggots . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.8 Capsicuméis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.9 Acerglyn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.10 Hidromel destilado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.11 Vinagre de mel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4 O material 67
4.1 Para o preparo do mosto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.2 Para a fermentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.3 Para trasfega e envase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
10
Conteúdo
5 Os Ingredientes 107
5.1 A água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
5.2 O Mel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
5.3 Leveduras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
5.4 Frutas, ervas, e outros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
5.5 Aditivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
5.6 Conservantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
6 Preparação 183
6.1 Pré-requisitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
6.2 O Preparo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
7 O Mosto 193
7.1 Mel e água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
7.2 pH do mosto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
7.3 O mosto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212
7.4 O Eterno Debate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
7.5 Frente móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
8 A Fermentação 225
8.1 Oxigenação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
8.2 Inóculos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
8.3 A fermentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
8.4 Desempenho das leveduras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
8.5 Interromper a fermentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239
8.6 Fermentações anormais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
9 A Guarda 247
9.1 Trasfegas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
9.2 Clarificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
10 O Envase 259
10.1 Garrafas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259
10.2 Pasteurização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 265
10.3 Esterilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 266
10.4 Tonéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 266
11 Espumantes 271
11
Conteúdo
12 As receitas 275
12.1 Receitas de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275
12.2 Receitas históricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283
12.3 Hidromel Tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294
12.4 Meloméis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
12.5 Braggots, bochets e chouchenns . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315
12.6 Metheglins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320
12.7 Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327
12.8 Outras receitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334
14 Degustação 373
14.1 Copos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 374
14.2 Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 375
14.3 Procedimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 376
14.4 Harmonização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 380
15 Falhas 381
IVApêndices 395
A O Glossário 397
B Tabelas 403
B.1 Unidades diferentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404
B.2 Água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407
B.3 Mosto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 408
B.4 Abaco do hidromel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 419
B.5 Medidas no hidromel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423
12
Conteúdo
Referências 511
13
Parte I
O Hidromel
15
Capı́tulo 1
stima-se que o hábito de colher mel seja tão antigo quanto a nossa
17
1. Mel, Álcool e Deuses
a
Tanto nos textos hebraicos antigos quanto nos gregos e latinos, a palavra mel era a
mesma para xaropes e melaços, de tâmara por exemplo. Não é evidente a referência às
abelhas. 6
18
1.1. O Mel e seu simbolismo
Figura 1.1: Pintura rupestre de Cueva de las arañas, Espanha, onde vemos
um homem alcançando uma colmeia, velha de 12000 anos pelo menos.
Quando o carcará viu o mel que se formava dentro de grandes cabaças nas quais
só era preciso enfiar a mão para colhê-lo ele disse ao Demiurgo Gô-noêno-hodi: ”não
isso não é bom! não deve ser feito assim não! coloque o mel no meio do tronco das
árvores para que os homens sejam obrigados a cavar. Senão estes preguiçosos não
trabalharão.”
A palavra grega para mel (µλι, meli) está na origem da que usamos
até hoje. Na mitologia grega antiga era associado ao néctar e à Ambrosia
dos deuses (hidromel segundo alguns autores) que lhes conferia imortalidade.
Em outras religiões como Islamismo, budismo e religiões antigas da América,
África e Oceania não é diferente. O mel foi um dos alimentos mais importan-
tes para a humanidade até a Idade Média. Ele era tão precioso naquela época
19
1. Mel, Álcool e Deuses
20
1.2. Água sagrada
21
1. Mel, Álcool e Deuses
22
1.3. De Bórcurju a Baltché...
23
1. Mel, Álcool e Deuses
24
1.3. De Bórcurju a Baltché...
século VIII ao século II antes de Cristo, mostrando que o costume pode ser
independente e até anterior ao advento da apicultura ( 3500 a.c.). Os minoa-
nos, consumiam uma bebida fermentada de mel, e os cretenses a fabricavam
antes do vinho ser inventado. O banquete fúnebre do Rei Midas foi regado a
kykeon, uma mistura de cerveja, vinho e hidromel que Homero também cita
na Ilı́ada e na Odisseia. 52 O hidromel já era citado como bebida divina no
Enûma Elish, poema épico da criação babilônico. Este teria sido escrito entre
1800 e 1100 antes de nossa Era: 70
d
Uns dizem que é de arroz outros ainda que é japonês...
25
1. Mel, Álcool e Deuses
26
1.3. De Bórcurju a Baltché...
27
1. Mel, Álcool e Deuses
28
1.4. Declı́nio e ressurgimento
”É verdade que a poção é feita de água e mel. Os gregos a chamam de Hidromelf
feita a partir de algo encorpado, azedo ou picante, de clara utilidade e de caráter
nutritivo num vinho que cura doença. Ele acalma as dores de estômago. De qual-
quer forma, Plı́niog , apoiando-se em Hipócrates, recomenda um regime à base de
hidromel e água. Excessos desta bebida pode causar mal estar e azia. Existem várias
receitas de hidromel e uma é feita de mel escumado, que é melhor. Para uma pessoa
idosa: dá juventude. Segundo os autores cujas estas poções foram bebidas, para as
doenças da alma estas poções têm um efeito moderado e se chamam ”micropsy-
chos”. Por outro lado, para os friorentos, para combater o frio e as dores devidas
ao frio Plı́nio recomenda o leite de cabra.(...)mas ainda, Plı́nio prescreve leite com
mel para o fı́gadoh . Naturalmente ele diz que o hidromel (mulsa) é a bebida de mel
(mulsus) à qual adiciona-se suco, água, hidromel e muito leite que dá uma bebida
uma bebida de mel azeda.”
29
1. Mel, Álcool e Deuses
época do Natal. Seria uma referência direta ao Caldeirão de Dagda que nunca
se esvaziava, simbolo de prosperidade na mitologia céltica. Mas fora poucas
referências, o hidromel foi praticamente esquecido ao longo dos séculos e não
ocupa mais o lugar de destaque que merece e sempre teve. As razões disso
foram principalmente econômicas e históricas.
O mundo romano preferia o vinho ao hidromel, uma vez que para eles o
último era visto mais como medicamento que como bebida, e também por
conta do preço, já que uvas sempre foram mais baratas que mel. 97,98 Em Ur
por exemplo, cerca de 2100 anos antes de Cristo, 1 shekel de prata comprava
aproximadamente 1 quilo de mel ou 300 litros de damascos! Onde Roma se
expandiu, prevaleceu e prevalece ainda o vinho. Quando pensamos na Itália,
Espanha, Portugal, França e paı́ses não islâmicosi que Roma ocupou, todos
são produtores e consumidores vorazes de vinho em primeiro lugar. A cerveja
ocupa o segundo lugar e em terceiro vem a sidra e o hidromel. Praticamente
ao longo do Limes j romano, há uma transição, e a maioria dos paı́ses consome
cerveja ou kvass além de hidromel. É o caso da Polônia, Alemanha, Bélgica,
Grã Bretanha etc... Além da falta de costume, o climak e o solo também não
contribuı́ram para a expansão da viticultura nestes locais na antiguidade. Lá
permaneceram a cerveja em primeiro lugar e o hidromel, ainda que houvesse
uma diferença enorme de preço. O hidromel só manteve uma posição de des-
taque mais ao norte, onde a escassez de alimento tornava preferı́vel utilizar
cereais para fabricar alimentos do que cerveja.
i
O álcool é proibido no Islã
j
limite, fronteira do império
k
Olivier de Serres (1539-1619) dizia que se tomava hidromel onde a uva não cresce 99–102
30
1.4. Declı́nio e ressurgimento
desde a aurora da Humanidade que seja algo barato. O mel sempre foi uma
matéria prima cara, pelo trabalho que dá para ser produzido ou colhido de
fontes naturais, e isto, aliado ao prazer e benefı́cios que proporciona, justifica
seu alto preço. Até o século XVII, quando foi introduzida a cana de açúcar no
mundo ocidental, o mel era a única fonte de açúcar de que se dispunha, por-
tanto uma mercadoria muito procurada. Os engenhos de açúcar, conseguiam
produzir o açúcar de cana e posteriormente de beterraba branca, a preços
inferiores muitas vezes, relegando o mel a segundo plano. Com a procura
em baixa, os produtores foram aos poucos diminuindo a oferta do produto,
tornando o mel cada vez menos comum. Somado a isto, a produção de uvas,
maçãs, cevada e outros cereais se tornou gradualmente mais consistente, com
o desenvolvimento de novas técnicas e processos de manejo da terra, aumen-
tando a oferta destes produtos e consequentemente, diminuindo seu preço.
Em palavras mais simples, mais rápido e mais barato fazer cerveja, sidra ou
vinho que hidromel. O tempo e o custo de produção refletiam no preço do
produto final. O hidromel foi relegado a um pequeno grupo de consumidores
privilegiados (e provavelmente clandestinos), tornando-se um produto de luxo
de certa forma. Veja um trecho da obra de Minon, referindo-se à vida no norte
da França no século XVIII:
”O hidromel era apreciado, mas era mais uma bebida do interior. Os donos
de colmeias fabricavam no outono, com o mel, uma bebida suave e alcoólica que
era consumida principalmente durante as festas de inverno, no Natal e no Ano
Novo. Eram produzidos dois tipos: uma qualidade superior, que era possı́vel tornar
espumante ou frisante, com mel puro; e outra que se obtinha jogando na água
morna os restos de cera, de borras, do mel pouco limpo. O hidromel era o luxo dos
pobres.” 107
31
1. Mel, Álcool e Deuses
batı́vel 106 .
32
1.4. Declı́nio e ressurgimento
seu sucesso. Alguns anos mais tarde, esta corrente chegou ao Brasil, onde po-
demos atualmente encontrar vários hidromeleiros de talento, e desfrutar desta
bebida e suas variações em hidromelarias artesanais, já que a produção indus-
trial ainda é pequena e enfrenta certas restrições burocráticas 111–113 . Acredito
que as leis e o processo de registro devam se modernizar em breve, soltando
as amarras para a expansão desta deliciosa bebida e deste apaixonante ofı́cio
que é prepará-la.
33
Capı́tulo 2
Caracterı́sticas do hidromel
35
2. Caracterı́sticas
1. O hidromel tradicional
36
2.1. Classificação
• Chamado de melite
• Equivalente do metheglin
• Palavra de origem galesa meddyglyn : meddyg (medicinal) + llyn
(licor) b ou ainda do Córnico mede + eglyn mais provável, veja
adiante.
• Chamado de bieromel
• Equivalente aos braggots que também são chamados de braquets,
bracket ou brackettc
5. O hidromel fantasia
a) O Mel
a.1) Monofloral
a.2) Polifloral
a.3) Mistura (assemblage)
a.4) Outros (melato, caramelizado etc...)
b) As leveduras
37
2. Caracterı́sticas
d) O teor de CO2
e.1) A frio
e.2) A quente
e.3) Por ultra filtração
e.4) Por aquecimento ultra rápido
f) O método de guarda
f.1) Em cuba
f.2) Em tonel
f.3) Em garrafa
a
O termo ”Braçagem ou brassagem”não é utilizado com frequência por hidromeleiros.
O termo vem de braço (bras em francês) que significa remexer usando os braços, portanto,
a rigor, qualquer mosto que se mexa utilizando os braços (pás e colheres por extensão) é
braçado, o termo vinificação é o processo de conversão em vinho, no caso a fermentação.
Esses dois termos se aplicariam em tese ao hidromel, mas são utilizados raramente.
38
2.1. Classificação
39
2. Caracterı́sticas
40
Parte II
41
Capı́tulo 3
Procedimento genérico e
tipos mais comuns
43
3. Generalidades
dado. Ele também vai clarificar lentamente, e o material que o deixava turvo
vai se depositar ao fundo do recipiente em que estiver. Temos que retirar
este material periodicamente, transferindo o lı́quido para outros reservatórios.
Este processo é chamado de trasfega, e pode ser realizado várias vezes, até
que se obtenha um produto claro (a maioria das pessoas prefere hidromel
claro). Aı́ então podemos engarrafar. A guarda deve durar pelo menos seis
meses mas existem alguns tipos de hidroméis que podem ser consumidos mais
jovens como certos vinhos. Falaremos disso mais adiante, na seção 9.
44
3.1. Tradicionais
45
3. Generalidades
s grandes estrelas dos hidroméis são os hidroméis com frutas. São os cha-
Alguns frutos, não são indicados para hidroméis destinados à guarda pro-
longada. Frutas como melão, manga, banana e melancia por exemplo, tendem
a se decompor, e seus aromas desaparecem com o tempo. São indicadas no
entanto para hidroméis curtos (consumidos verdes mesmo), com no máximo
4 meses de guarda, e teores alcoólicos em torno de 10 GL. 40
Quanto mais frescos forem os frutos, melhor; quanto mais orgânica for a
plantação, melhor. Muitas vezes os supermercados oferecem frutas que são
trazidas de longe, e são recobertas com uma multitude de substâncias para
que possam se manter frescas. Se tiver frutas frescas à mão, não hesite em
usa-las.
A pectina
A pectina é um polissacarı́deo (de certa forma um agregado de açúcares)
que é componente da parede celular das plantas. Sempre que utilizamos plan-
tas mas principalmente frutos, vamos inserir pectina no hidromel. O problema
é que a pectina forma coloides muito estáveis, ou seja poderá gerar material
em suspensão, como grumos ou no pior dos casos, uma turbidez incontornável.
Para amenizar este problema, é comum adicionarmos ao mosto frio, enzima
46
3.2. Frutiméis
Morat
O morat é o hidromel especificamente feito com amoras, e é considerado
uma bebida tı́pica saxã. 91 Podem ser colocadas no mosto na forma de suco, ou
ainda maceradas antes ou durante a fase de guarda. A quantidade de amoras
varia de 100 a 150 g por litro de mosto. Os morats lembram muito o vinho
tinto, e a amora introduz taninos na bebida que a torna muito agradável ao
paladar, principalmente se for um morat seco. Há distinções entre morats ob-
tidos com suco da fruta e com a fruta inteira. 124 As amoras inteiras ou moı́das
conferem maior adstringência do que na forma de suco, sem sementes. Caso
opte por frutas, amasse-as sem esmagar os caroços, e retire-as do meio quando
perderem a coloração. Os morats oxidam-se facilmente ao ar, perdendo a co-
loração vermelha rubi e passando a um coloração menos intensa. Um processo
semelhante existe em vinhos do Porto, que existem na variedade de cores ruby
e tawny. O uso de sulfitos neste caso é altamente recomendável além do abrigo
da luz, pois a luz acelera esse processo da mesma forma. Recomenda-se en-
vasar em garrafas escuras para preservar ao máximo sua coloração. Via de
regra, essas recomendações valem para a maioria das frutas vermelhas.
Pyments
Apesar do nome, não se trata de hidromel de pimenta. São hidroméis feitos
com uvas e mel (portanto são meloméis particulares), que possuem similari-
dade com um tipo de vinho também chamado de Clarre e em idiomas latinos
também como enomel. 125 Os hidroméis com pimentas existem mas são classi-
ficados como metheglins, são chamados de capsicuméis (de capsicum, nome
latim para pimenta, veja seção 3.8). Como para as outras frutas, podemos pre-
parar pyments de diversas maneiras. Uma maneira em particular é conhecida
como método de Godon (descrito adiante), 126 onde prepara-se inicialmente
um mosto de uvas somente, que começa a fermentar espontaneamente após
alguns dias. Assim que começa a fermentação da uva, adicionamos o restante
dos ingredientes. Desta forma, muitas vezes o pyment fermenta com leveduras
selvagens da uva, o que não exclui a possibilidade de utilizarmos outra cepa
47
3. Generalidades
Perry e cyser
Perry, é o nome que damos a hidroméis de pera, ou ainda a fermentados
de pera sem mel, que os franceses chamam de poiré g e que é parecida com a
sidra. Os hidroméis feitos com maçã recebem o nome de cyser, ou sidromel 125
e seu preparo é similar ao do perry.
Figura 3.1: Mosto com pera, adicionada a dois terços do término da fer-
mentação
48
3.3. Metheglins
Outro problema dos pomos em geral é que formam borras muito densas que
clarificam dificilmente por conta da alta quantidade de pectina (seção 3.2),
portanto se puder utilizar o sumo dos pomos terá menos problemas. A pre-
sença de taninos em perrys e cysers também é muito importante uma vez que
podem se tornar enjoativos sem eles, e é por isso que nem sempre as peras e
maçãs mais doces são as melhores para o hidromel. 127 Outro problema com
pomos é a extração do suco. Eles costumam ter pouca água, quando compa-
rados com outras frutas, e fazer um suco (e não uma pasta) com eles pode ser
trabalhoso. A falta de um bom equipamento para isso pode tornar a tarefa
longa, fazendo o suco oxidar-se antes da utilização.
49
3. Generalidades
A maioria das receitas que chegam até nós trazem nomes de especiarias
em inglês. Muitas traduções não são óbvias, e para facilitar a leitura das
receitas é sempre bom ter à mão um pequeno léxico de nomes em inglês como
consta na tabela 3.3. Uma compilação da quantidade destes vegetais pode ser
encontrada na tabela B.11.
50
3.4. Frisantes
51
3. Generalidades
garrafados como hidroméis tranquilos, já que a pressão vai aumentar muito e
a garrafa pode explodir ou a rolha pode saltar. Temos que utilizar tampinhas
metálicas em garrafas de cerveja, garrafas de Champagne com rolhas e gaiolas
ou o sistema de rolha e tampinha das cervejas belgas (algumas garrafas de
Lambics parecem garrafas de Champagne são tampadas com rolhas normais
e por cima uma tampinha metálica mas larga que as convencionais). Este
processo é utilizado por cervejeiros caseiros e é chamado de priming, mas no
caso deles, não precisam se preocupar com os teores de etanol, que raramente
chegam a 10 GL. Eles só adicionam açúcar e esperam.
É possı́vel gaseificar um hidromel como se faz com cerveja industrialmente
ou qualquer outra bebida gaseificada, simplesmente expondo-o a CO2 a altas
pressões. A lei de Henry (3.1) diz que a quantidade de CO2 dissolvido no
lı́quido será proporcional à pressão do mesmo sobre a superfı́cie do lı́quido em
recipiente fechado.
CO2
CO2 (dissolvido, g/l) = 1, 628 × Patm ; a 20 o C (3.1)
52
3.5. Bochets
3.5 Bochets
Dois cuidados têm de ser tomados com os bochets. O primeiro deles é na hora
de adicionar a água ao caramelo de mel. Quando preparado, ele está em tempera-
turas maiores que 100 o C , o que é bem mais alto que o ponto de ebulição da água.
Quando se joga água fria em caramelo quente a coisa toda espirra violentamente e
queima rosto, mãos, e braços. Portanto cautela extrema nesta hora. Deixe a
temperatura do caramelo baixar bem ou adicione a água em pequenas quantidades
mantendo-se afastado da panela. O segundo é menos complicado mas pode ser em-
baraçoso. Quando caramelizamos mel, as abelhas surgem aos montes. Sua cozinha
será tomada rapidamente por abelhas loucas para caı́rem no seu mosto. O melhor
é prepará-los à noite ou em ambientes fechados para evitar isto.
53
3. Generalidades
como no caso do mel de eucalipto, isto pode ser mais difı́cil. Acompanhar a
coloração da fumaça também é um jeito, mas quando fica branca, geralmente
é sinal que já passou do ponto e que o mel está queimando. Issto traz um
gosto amargo ao bochet, mas que não chega a ser desagradável, desde que não
seja muito intenso. Além do bochet, existem os mi-bochets (ou semi-bochets)
que são feitos com metade de mel caramelizado e metade de mel normal (não
necessariamente 50 % de cada).
54
3.6. Florais
• Violeta (Viola odorata): não confundir com a violeta africana, tão co-
mum no Brasil.
55
3. Generalidades
Algumas flores, no entanto podem ser muito tóxicas (algumas até mortais)
e não se deve utilizar nenhuma que não se conheça bem. A toxicidade das
plantas varia dependendo das partes que se consome. Vargas 123,133 menciona
uma lista de flores venenosas ou tóxicas que devem ser evitadas (a maioria é
do hemisfério norte): acácia (Acacia sp.), amieiro (Alnus glutinosa), azaléia
(Rhododendron indicum) beladona (Atropa belladonna), erva-moura (Solanum
nigrum), jacinto-dos-bosques (Hyacinthoides non-scripta), ranúnculo (Ranun-
culus sp.), cravo (Dianthus caryophyllus), crisântemo (Chrysanthemum sp.),
columbina (Aquilegia flavescens), heléboro negro (Helleborus niger ),clematis
(Clematis sp.), cotoneaster (Cotoneaster sp.), açafrão (Crocus longiflorus),
ciclame (Cyclamen sp.), narciso (Narcissus sp.), dália (Dahlia sp.), espori-
nha (Delphinium sp.), dedaleira (Digitalis sp.), cicuta (Conium maculatum),
meimendro (Hyoscyamus niger ), azevinho (Ilex aquifolium), frutos de ma-
dressilva (Lonicera sp.), louro (Laurus nobilis), lilás (Syringa vulgaris), Con-
valária (Convallaria majalis), lobelia (Lobelia sp.), papoula (Papaver sp.),
lupina, (Lupinus sp.) caltha (Caltha palustris), talictro (Thalictrum flavum),
visco (Viscum album), acônito (Aconitum napellus), oleandro ou espirradeira
(Nerium oleander ) peônia (Paeonia sp.), latiro (Lathyrus odoratum), Giesta
(Cytisus scoparius). No Brasil temos uma infinidade de plantas tóxicas. A
mais famosa delas talvez seja a trombeta (Datura suaveolens) que contém esco-
polamina em grandes quantidades. Mas outras como o pinhão-roxo (Jatropha
curcas), bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima), Aroeira - que produz a
pimenta rosa - (Lithraea brasiliens), chapéu de Napoleão (Thevetia peruvi-
ana), copo de leite (Zantedeschia aethipioca) e coroa-de-Cristo (Euphorbia
milli ) entre muitas outras são tóxicas e devem ser evitadas. Uma consulta
mais aprofundada sobre a toxicidade das plantas que se pretende utilizar é
muito importante, sempre.
Para pétalas frescas, é recomendado utilizar flores livres de agrotóxicos,
de preferência colhidas na natureza. Desinfetá-las com metabissulfito (MBS)
também é uma necessidade. Para isto deixe-as de molho por meia hora em
uma solução de MBS de 1 g/10 L d’água sem cloro. É difı́cil estabelecer
uma quantidade de flores a adicionar às receitas pois depende da intensidade
do sabor e do aroma que proporcionarão... Pétalas de rosas são utilizadas na
proporção de 1 litro de pétalask para 4 de rodomel, lavanda 1/3 a 2 xı́caras,
calêndula: 3,3 litros, madressilva (flores): 1 litro, sabugueiro (Sambucus ni-
gra): 450 g, dente-de-leão: 1,5 litros, hibisco: 2 a 3 litros, todas quantidades
para 4 litros de rodomel, macela:5 g/L. Outros autores sugerem quantidades
de duas a três vezes maiores. Um litro de pétalas frescas correspondem mais
k
Litro em volume de pétalas
56
3.7. Braggots
O malte base deve entrar nas receitas como fonte de enzimas principalmente.
57
3. Generalidades
O lúpulo
O lúpulo (Humulus lupulus) é uma planta da famı́lia das canabináceas,
utilizada na fabricação da cerveja. Sua função é conferir aroma e amargor
caracterı́sticos à cerveja sendo o procedimento citado pela primeira vez por
Hildegarda de Bingen no século XI. O lúpulo substituiu o gruit, que era uma
mistura de ervas que temperava a cerveja, e era monopólio da Igreja. Além de
propriedades medicinais e bactericidas, o lúpulo age também como conservante
e facilita a clarificação da cerveja. Existe uma grande variedade de tipos de
lúpulo, com aromas bem caracterı́sticos por conta das resinas que contêm, e
dele são utilizadas as inflorescências femininas, secas ou liofilizadas, que são
adicionadas ao mosto durante a fervura.
O lúpulo contém substâncias chamadas de α-ácidos como as humulonas
por exemplo, que são as responsáveis pelo amargor da cerveja exemplo, mas
isto somente quando passam por um rearranjo em sua estrutura chamado de
58
3.7. Braggots
O O
OH
OH O O OH
OH O cis-Isohumulona
OH
O O
Humulona OH
O OH
trans-Isohumulona
59
3. Generalidades
O segundo fator que entra no cálculo das IBUs na equação 3.2 é a correção
de densidade, Corr.densidade . Para mostos de densidade Di ≤ 1, 05, Corr.densidade =
60
3.8. Capsicuméis
Tabela 3.5: Caracterı́sticas dos cultivares de lúpulo mais comuns. (R.U. = Reino
Unido)
Lembrando sempre, que como para outros parâmetros, como dulçor ou teor
alcoólico esta fórmula dá um valor aproximado e não é a única para calcular
valores de IBU. O melhor resultado é sempre obtido em laboratório.
3.8 Capsicuméis
61
3. Generalidades
dada pela escala de Scoville. Wilbur Scoville procurou estabelecer uma escala
de grau de ardência com testes organolépticos. Um extrato alcoólico de uma
determinada massa da pimenta seca é diluı́do em água e açúcar. O número de
vezes que é necessário diluir o extrato até que não seja mais sentido pela lı́ngua
da maioria dos provadores corresponde à unidade Scoville daquela pimenta. 135
3.9 Acerglyn
cerglyns não são hidroméis, mas são feitos da mesma maneira, com
62
3.10. Hidromel destilado
63
3. Generalidades
nol acaba sendo quı́mica na maioria das vezes. Mas se diluirmos o hidromel e
o deixarmos exposto ao ar, as bactérias e fungos se instalam e o transformam
em vinagre em 6 a 9 meses. Os fungos em especı́fico (mycoderma) são cha-
madas de mãe de vinagre, e são frequentemente descritos em associação com
bactérias também. O mycoderma forma sobre o lı́quido um véu branco que
vai crescendo em contato com o oxigênio formando algo parecido com uma
panqueca que acaba afundando de tão densa. Aı́ surge outra em seguida. Nos
E.U.A. é possı́vel comprar mãe de vinagre, mas aqui no Brasil nunca vi no
comércio. Para obter a minha utilizei um hidromel tradicional que não tinha
dado muito certo, estava meio acético, oxidado. Deixei-o diluı́do com 40 %
(até ter no máximo a 6 % A.E.V.) de água em um galão tampado com gaze,
para evitar insetos. Depois de mais de um ano, pude ver que havia se for-
mado a mãe de vinagre (figura 3.6). Uma vez com ela foi fácil propagá-la para
outros frascos. É importante notar que quanto menos agitarmos o recipiente
com mãe de vinagre melhor, pois ela precisa de oxigênio para viver, que só
ocorre na superfı́cie, e quando agitamos o frasco ela afunda na maioria das
vezes, parando de trabalhar. Aı́ precisamos esperar a formação de uma nova
colônia, o que leva semanas. O resultado foi um vinagre finı́ssimo, delicado
e aromático. Um cuidado é fundamental no entanto, a acetobacter é temida
pelos produtores de vinho e hidromel, uma vez que costuma contaminar o lo-
cal todo e pode se propagar onde não é desejada. Portanto, mantenham bem
separados a produção de hidromel e a de vinagre. 95,101,106,129,137–141
O meio mais simples é utilizar o hidromel diluı́do, equivalente a um hidro-
mel de 1 parte de mel para 10 de água, e deixá-lo exposto ao sol e destam-
pado 109,137,142 . Outra maneira é como já disse, diluindo o hidromel pronto
com 40-50 % de água, destampado também. Se dispuser da mãe de vinagre,
será meio caminho andado.
64
3.11. Vinagre de mel
Figura 3.6: Foto das panquecas de mãe de vinagre (Mycoderma aceti ), que
afundaram numa garrafa de vinagre de mel (crédito da foto: Anna Belial).
65
Capı́tulo 4
O material
67
4. O material
ou Estados Unidos. Portanto boa parte dos insumos para a produção de hi-
dromel deve ser importada. Felizmente a internet tornou isto mais simples e
rápido.
Panela dedicada
[Essencial] O hidromeleiro assim como o cervejeiro tem panelas exclusivas.
Isto é: recipientes que servem única e exclusivamente para preparar o mosto
da bebida, mesmo que não aqueça seu mosto ou a água de seu mosto. Estas
panelas não devem servir para o preparo de alimentos por exemplo. Primeiro
porque podem deixar vestı́gios de gordura, o que pode interferir no paladar de
seu produto final e segundo, o mais grave é que podem eventualmente guardar
restos de alimentos na base dos parafusos ou reentrâncias inacessı́veis na hora
da lavagem. Estes restos de alimentos quase sempre trazem bactérias para
o mosto. Portanto procure panelas de inox, esmaltadas, ou em último caso
de alumı́nio com volumes ligeiramente maiores dos que costuma preparar de
mosto. Se forem 20 litros adquira uma panela de 22 a 25 L e assim por diante.
As panelas devem ter tampas, para evitar a queda de sujeira e insetos. As
panelas maiores, de 50 ou 100 litros são muito grandes e, quando cheias, muito
pesadas para serem transportadas. Neste caso o hidromeleiro terá problemas
para transferir o mosto para o fermentador. Para contornar este problema,
podemos utilizar uma bomba de trasfega alimentı́cia ou adaptar uma válvula
à panela ou flange como é feito com panelas para preparação de cerveja. Uma
bomba lhe dá mais liberdade mas é bastante cara. A válvula, tem de ser de
esfera de inox, deve ser instalada o mais perto possı́vel da base da panela,
68
4.1. Para o preparo do mosto
69
4. O material
Colheres longas
70
4.1. Para o preparo do mosto
Além disso outros recipientes graduados (figura 4.2) como béqueres, copos
de soro, provetas, Erlenmeyers (frasco cônico graduado, fig. 4.2-F) e pipe-
tas são muito úteis em várias ocasiões. Em provetas por exemplo medimos
densidades com os densı́metros, nos Erlenmeyers, mantemos nossos inóculos,
reduzindo o risco de queda de sujeira e com pipetas medimos quantidades de
lı́quidos. Não se deve pipetar com a boca, pois além de contaminar os lı́quidos
71
4. O material
pode provocar a ingestão acidental dos mesmos. Para evitar isso, utilizamos
uma pera de borracha que aspira por nós (figura 4.2 A).
Se você pretende realizar medidas quı́micas, de sulfitos ou acidez por exem-
plo, é muito recomendável a aquisição de buretas de 50 mL e/ou de 25 mL
para realizar titulações, que são os métodos que conseguimos realizar em casa.
Caso não disponha de buretas, utilize seringas graduadas. A precisão não é
tão boa, mas são bons substitutos.
Densı́metro
[Essencial] Um densı́metro é um instrumento muito simples que consiste em
um tubo de vidro lacrado, dentro do qual existe uma massa aferida (medida
72
4.1. Para o preparo do mosto
Densidade e densı́metros
Densidade é a massa de determinado volume de matéria. É dada em kg
por litro (kg/L) ou g/mL, o que é equivalente, de acordo com a equação:
massa
D= (4.1)
volume
Por definição, a massa de um litro de água destilada (que não contém
nada além de água) a 4o C é 1 quilograma, portanto sua densidade é 1,000.
A 25 o C essa densidade cai para 0,997: uma pequena variação, que pode até
ser desprezada para o fabricante de hidromel sem maiores impactos. Cada
milésimo da densidade é chamado também de ponto de densidade. A adição
de qualquer substância solúvel nesta água alterará sua densidade, e não é
diferente com o etanol ou os açúcares do mel. Quanto mais açúcar no mosto,
maior a sua densidade. Podemos então utilizar valores de densidade para
a
São a mesma coisa, mas em português o hidrômetro remete ao aparelho para se medir
o consumo de água nas casas
73
4. O material
74
4.1. Para o preparo do mosto
Ou ainda: o Bx
D= oBx
+1 (4.3)
258, 6 − ( 258,2 × 227, 1)
Para calcular o valor em o Bx :
o
Bx = (−171, 72 × D2 ) + (597, 97 × D) − 426, 16 (4.4)
Ou ainda:
o
Bx = (182, 4601 × D − 775, 6821) × D + 1262, 7794) × D − 669, 5622) (4.5)
Felizmente existem alguns densı́metros que já mostram em duas escalas si-
multâneas a densidade e o valor correspondente em o Bx . A escala Balling
(B), era usada na Europa, e é praticamente idêntica à escala Brix, que é na
verdade a escala Balling corrigida. O mesmo vale para a escala Plato, que
inclui correções da escala Brix na quinta casa depois da vı́rgula. A escala
Bate (b) é usada principalmente em cervejaria e representam libras de açúcar
por barril de mosto. A conversão entre Bate (b) e Balling (B) se dá por:
260.b
B= (4.6)
(360 + b)
Um truque bastante simples para converter densidades em Brix, Balling ou
Plato consiste em dividir os 3 primeiros decimais depois da vı́rgula do va-
lor da densidade por 4. Por exemplo um mosto com D=1,040 kg.L−1 teria
(040/4=10) 10 Plato ou Brix ou Balling, esta aproximação vale até D=1,070,
depois não é mais válida, portanto provavelmente só poderá ser usada após
as fermentações. O densı́metro de Tralle, serve especificamente para se medir
densidades de misturas de água e álcool etı́lico, e pode ajudar a determinar
o teor alcoólico de hidroméis. O densı́metro de Gay-Lussac faz o mesmo e
75
4. O material
76
4.1. Para o preparo do mosto
77
4. O material
ou tanque de guarda, sob risco de contaminar todo o lote. Há quem meça a
densidade diretamente no fermentador ou no tanque de guarda. Este proce-
dimento dificulta a leitura e percepção do menisco, forçando o hidromeleiro a
trazer o rosto e, consequentemente o hálito para perto da superfı́cie do mosto,
aumentando as chances de contaminação.
Todo hidromeleiro sabe utilizar um densı́metro, e o faz para aferir a quan-
tidade de açúcares dissolvidos no seu mosto. Quanto maior a quantidade
de açúcar mais densa a solução. A quantidade de etanol dissolvida na água
também vai alterar a densidade do lı́quido, como o faria qualquer coisa solúvel
no hidromel. A densidade do etanol é de 0,789 kg/L a 20 o C , e a da água é
0,998 kg/L. As misturas vão ter densidades que variam entre estes dois valo-
res. É importante relembrar que a densidade de qualquer coisa varia com a
temperatura e é fundamental anotar a temperatura em que se mediu a den-
sidade do lı́quido. Use tabelas de correção de densidade com a temperatura
se necessário mas para facilitar, utiliza-se um ı́ndice sobrescrito que se refere
a ela, como no exemplo que segue:
25
d = 1, 034 (4.7)
Isto significa que este valor foi medido a 25 graus. Tabelamos estes valores a
20o C no apêndice B.13, e também valores a diversas temperaturas na tabela
B.14, que se encontram nos apêndices deste livro.
Não é possı́vel confiar totalmente nestas medidas uma vez que estes valores
são para misturas de etanol e água exclusivamente, sem nada além disso.
Açúcar residual altera a densidade também , assim como todas as outras
substâncias em solução, e podem gerar desvios de medida consideráveis.
Há quem não tenha adquirido um bom densı́metro ainda, mas isso não o
impede de medir densidades ou gravidade especı́fica com boa precisão, desde
que tenha uma boa balança e uma seringa graduada. Para isso faça o seguinte:
78
4.1. Para o preparo do mosto
Refratômetro
[recomendado] Este é um instrumento de medição que realmente aconselho
todos a adquirirem. O refratômetro mede o ı́ndice de refração (η) que é uma
grandeza relacionada à velocidade de propagação da luz em determinado meio
”v ”e comprimento de onda (”cor”da luz), comparada à velocidade da luz no
vácuo ”c”(como mostra a fórmula 4.8)
c
η= (4.8)
v
Em outras palavras, se um meio tem um ı́ndice de refração de 1,25, significa
que ela atravessa o meio 1,25 vezes mais lentamente que no vácuo. O ı́ndice
de refração da água a 20 o C é de 1,333 e esse número aumenta com a presença
de etanol ou açúcar dissolvidos. É possı́vel portanto, como com o densı́metro,
se estimar tanto o teor alcoólico quanto o teor de açúcar de lı́quidos utilizando
um refratômetro, como fazemos com um densı́metro.
O que realmente importa para o hidromeleiro é saber que quando existem
substâncias dissolvidas na água, seu ı́ndice de refração é alterado, como ocorre
com a sua densidade e ponto de ebulição. O ı́ndice de refração é adimensional
já que representa uma razão entre velocidades de propagação da luz no vácuo
e no meio em questão. Existem vários tipos de refratômetro, mas os mais
práticos são os refratômetros portáteis (fig. 4.5).
A maioria dos instrumentos utilizados por cervejeiros e hidromeleiros con-
vertem diretamente estes valores de η em o Bx ou graus Plato, para termos
medidas diretas de valores de açúcar (veja seção 4.1). Existem também ou-
tros modelos que dão o resultado em potencial de álcool diretamente, ou ainda
em graus Oechsle (o Oe) que é basicamente a diferença entre a densidade do
mosto e da água (densidade= 1,024 dá 24 o Oe a 20 o C , seria o que chamamos
também de pontos de densidade). Antes de adquirir o seu portanto, verifique
qual escala este utiliza para não ter que calcular conversões entre unidades.
Todo refratômetro clássico tem um prisma, sobre o qual colocamos uma fina
pelı́cula do lı́quido que queremos medir. Para se utilizar o refratômetro lim-
pamos a superfı́cie do prisma com um pano macio e depositamos, com auxı́lio
de um conta-gotas, algumas gotas do lı́quido que vamos analisar. Fechamos a
tampa de maneira que não fiquem bolhas entre a tampa e o prisma. O lı́quido
deve formar um filme uniforme. Apontamos então o prisma para uma fonte
79
4. O material
80
4.1. Para o preparo do mosto
Figura 4.6: Curva analı́tica hipotética para algum instrumento. Nela vemos a
curva teórica em preto e a medida em laranja. A reta é obtida por regressão
linear com os pontos medidos. É aconselhável realizar as medidas em triplicata
e tomar o valor médio dessas medidas.
81
4. O material
Proveta
[recomendado] Uma proveta é um tubo de vidro ou plástico, transpa-
rente ou translúcido, graduado e com uma base, que permite que fique em pé.
Nela realizamos as medidas de densidade do nosso mosto e do nosso hidromel,
com o auxı́lio do densı́metro, portanto escolha a proveta de acordo com seu
densı́metro: Ela deve ser grande o suficiente para que o densı́metro caiba total-
mente nela. A largura deve ser apenas suficiente para que o densı́metro possa
82
4.1. Para o preparo do mosto
subir e descer nela. Quanto maior a “folga” mais mosto será desperdiçado
durante as medidas. Todavia não deve ser muito justa para o densı́metro pois
é comum que ele grude nas paredes da proveta quando não há folga suficiente.
Deixe meio centı́metro de folga pelo menos. O tamanho ideal de proveta para
a maioria dos densı́metros é de 250 mL, podendo ser maior. Tudo vai depen-
der da largura de seu densı́metro, pois ele tem de caber com folga dentro da
proveta, que deve ter uma altura comparável à do instrumento.
Termômetros
[essencial] O processo de preparação do mosto bem como a temperatura
de inoculação das leveduras devem ser controlados com bastante rigor. A
temperatura na qual a densidade do mosto é medida também pode acarretar
desvios importantes. Existem diversos tipos de termômetros alimentı́cios, mas
o mais barato é aquele utilizado na preparação de queijos por exemplo. Ele é
feito de vidro e envolto por uma carcaça de polı́mero, totalmente desmontável e
facilmente lavável. É o suficiente para um bom controle de temperatura. Exis-
tem termômetros digitais de fácil leitura, mas com o inconveniente de serem
sensı́veis a lı́quidos, o que os torna vulneráveis via de regra. Os termômetros
de ponteiro são excelentes para nosso propósito, principalmente no que diz
respeito a controle do mosto, mas às vezes são um tanto volumosos e desajei-
tados para medirmos temperaturas em provetas etc...Os termômetros a laser
são bons, mas não são muito precisos para medir temperaturas de lı́quidos,
por conta da fı́sica envolvida neste tipo de medidas. Na dúvida adquiri um de
cada tipo ao longo dos anos, evitando sempre os de mercúrio que poderiam
contaminar meu material em caso de quebra (fig. 4.8).
83
4. O material
Pão duro
[Facultativo] O pão duro é uma espécie de pá feita de material flexı́vel
como silicone por exemplo, muito utilizada por confeiteiros, para raspar lı́quidos
viscosos como caldas, cremes e mel (fig. 4.1 i). Com ele conseguimos retirar o
mel de baldes e potes com facilidade, evitando perdas. Pela eficiência de uma
ferramenta tão simples e barata podemos entender seu nome. Vale a pena
adquirir um desses.
84
4.1. Para o preparo do mosto
mosto, resfriando-o mais rapidamente. Com ele aceleramos em até dez vezes
o resfriamento do mosto. Pode ser fabricado em casa sem problemas. Para
isto tomamos um tubo de alumı́nio (mais barato) de 1,5 a 2 cm de diâmetro e
1 a 2 metro de comprimento (fig. 4.9). Enrolamo-no em torno de um objeto
cilı́ndrico, que seja menor que sua panela de mostura, pois a serpentina deve
caber nela, imersa no mosto. As pontas do tubo devem ficar para fora, isto
é: a ponta de baixo deve ser longa o suficiente para ser dobrada de forma a
ficar fora da panela, a de cima já estará para fora. Às pontas são conectadas
mangueiras d’água, que são ligadas por sua vez a uma torneira ou recircula-
dor. Existem outros trocadores de calor como a serpentina de contra fluxo
ou o trocador de placas que funciona de maneira análoga a um radiador de
carro. São mais eficientes, mas mais caros também. Para quem não utiliza
aquecimento em nenhuma etapa de preparação, são inúteis.
85
4. O material
[essencial] Morar num paı́s tropical é bom para uma série de coisas, menos
para preparar bebidas fermentadas...Assim como a cerveja e o vinho, o hidro-
mel deve fermentar a temperaturas controladas para garantir a qualidade do
produto. As cepas de leveduras de vinho são bem tolerantes ao calor, muito
mais por exemplo do que as cepas de cerveja. Mesmo assim, para quem não
mora na região sul ou em regiões serranas, não é recomendável prepará-lo à
temperatura ambiente, que fica em torno de 30 o C na maior parte do paı́s o
ano todo. Além disso devemos lembrar sempre que a fermentação em si gera
uma boa quantidade de calor também, que virá a se somar ao calor do ambi-
ente. Bons hidroméis são preparados em torno de 20 o C , e eu pessoalmente
gosto de 18 ou 19 o C . Conseguimos um bom perfil aromático dessa forma e
fermentações relativamente rápidas. Para conseguir controlar a temperatura
devemos utilizar câmaras frias ou geladeiras adaptadas com termostatos. Uma
geladeira é a alternativa mais barata para o produtor caseiro, uma vez que é
possı́vel encontrar geladeiras usadas em bom estado por uns 400 reais. Mesmo
assim as geladeiras devem ser adaptadas, pois são frias demais, o que faria as
leveduras entrarem em dormência (se pensarmos bem, geladeiras foram inven-
tadas justamente para fazer isso!!). Assim sendo, temos que alterar a faixa de
temperatura em que operam utilizando um termostato externo. Trata-se de
um pequeno aparelho elétrico que custa menos de 100 reais, que monitora a
temperatura da geladeira com uma sonda termométrica. Quando a tempera-
tura atinge o valor que programamos, ele liga a geladeira e faz a temperatura
baixar. Se a temperatura cair abaixo disso, ele a desliga. Dessa forma a tem-
peratura oscila em torno do que o usuário programou. É importante deixar
o termostato interno da geladeira, não este externo, sempre no máximo, pois
corrigirá a temperatura mais rapidamente, implicando em menos tempo de ge-
ladeira ligada e economia de energia. Na hora de adquirir uma geladeira para
este fim, verifique se ela comporta seu fermentador de maneira adequada.
A sonda termométrica do termostato externo fica dentro da geladeira, mas
não significa que esteja medindo a temperatura do mosto em si. Este mosto
gera calor durante a fermentação e em tanques muito grandes (100 litros por
exemplo). Significa que mesmo que a geladeira e as paredes do fermentador
estejam a 18 graus, o seio do mosto pode estar a 19 ou 20 ou até mais quente,
e que o tempo que a geladeira fica ligada pode não ser suficiente para que todo
o lı́quido entre em equilı́brio térmico com o ar do interior da geladeira. Isto é
chamado de inércia térmica: o tempo que leva um corpo a entrar em equilı́brio
86
4.2. Para a fermentação
e
Fácil entender isso com uma casa que fica exposta ao sol o dia inteiro. À noite ela
continua quente até de madrugada, mesmo que a temperatura externa seja amena. :
1.V ð − S0@62℘
87
4. O material
Fermentador
[Essencial] O fermentador é uma das peças mais importantes do hidrome-
leiro. É nele que a magia acontece, e onde o mosto é convertido em hidromel.
Deve sempre ser mantido impecavelmente limpo, sobretudo se for reutilizável.
f
Existem fermentações abertas, mas são passı́veis de contaminação. A grande maioria
dos fermentadores é fechada.
88
4.2. Para a fermentação
2. Baldes de plástico
O que há de mais popular entre os cervejeiros caseiros são os baldes
de poli(etileno). Eles existem em tamanhos que variam de 5 a 50 li-
tros em geral e são tampados com tampas herméticas grandes. É muito
fácil furá-los para instalar torneiras e respiros, e muito simples enchê-los
ou esvaziá-los. Seu preço é muito baixo portanto podem praticamente
ser descartáveis. Muitos dirão que são reutilizáveis e de fato o são. O
problema é a junta da tampa, pois nela forma-se mofo constantemente,
mesmo se você se esmerou para limpá-la. Além disso o balde pega cheiro
muito facilmente, e este não vais sair tão facilmente. Recomendo deixar
o balde usado ao sol por dois ou três dias, e limpeza com hipoclorito
de sódio ou bicarbonato de sódio, para restaurá-lo. O balde também é
horrı́vel para trasfegas. Nunca sabemos qual é o nı́vel exato das borras,
e geralmente preferimos descartar mais hidromel a aspirar as borras.
Costuma-se perder muito hidromel em trasfegas de baldes. O tamanho
do balde faz com que haja uma área enorme exposta ao oxigênio durante
as manipulações e o risco de queda de corpos estranhos ou insetos du-
rante trasfegas, por exemplo, não é menor. Pessoalmente prefiro utilizar
os baldes para a guarda do que para a fermentação. Os tonéis de plástico
são bem difundidos também, mas apresentam muitos desses inconveni-
entes também. Adaptar uma torneira a dois dedos do fundo do balde
facilita muito trasfegas e envase do lı́quido. Outro aspecto negativo do
balde é que seu fundo não é muito duro geralmente e quando erguemos
um balde cheio, tampado e equipado com respiro, a massa do mosto do-
bra o fundo do balde para fora, criando pressão negativa no interior do
balde. Assim, ar é aspirado para dentro à força pelo respiro, arrastando
às vezes o lı́quido do respiro para dentro do mosto.
3. Bombonas de plástico
89
4. O material
4. Garrafões de vidro
Cada vez mais raros e caros, são os famosos esmoleiros que eram
utilizados até a década de 70 para a venda de produtos quı́micos no
atacado. Alguns tem o formato de gota, outros são antigos garrafões de
água, que foram substituı́dos por plástico. Seus volumes variam de 18
a 80 litros e existem em vidro âmbar, verde, azul e incolor (fig. 4.11).
Esses são meus favoritos, uma vez que podemos acompanhar de perto o
que acontece com a fermentação e monitorar visualmente a quantidade
de depósitos no fundo, a turbidez do hidromel e se ainda contém dióxido
de carbono entre outras coisas. São práticos para as trasfegas, já que
geralmente não tombam por conta de seu peso, são resistentes a ataques
quı́micos de qualquer tipo, não transmitem cheiro ou gosto e são fáceis de
limpar. O grande problema deles é que são caros e quebram... Atenção
redobrada às vezes não é o suficiente. Eu costumo deslocá-los sobre
suportes de botijão de gás, com rodinhas, o que já diminui alguns riscos.
Sem dúvida, são meus favoritos, além disso são lindos.
5. Tonéis
É possı́vel fermentar em tonéis de madeira como faziam os antigos.
O problema é que o risco de contaminação é altı́ssimo e muitas vezes
o resultado é desolador. O tonel é um recipiente estanque, e transmite
ao mosto aromas da madeira de que é feito e geralmente é caro. Para
utilizar um barril para fermentar seu mosto proceda à mechagem, como
descrevemos na seção 10.4. A boca do barril era coberta com um pano
com areia na antiguidade, para permitir que o CO2 escapasse, como num
respiro, mas hoje em dia é altamente aconselhável utilizar um respiro
90
4.2. Para a fermentação
Figura 4.11: Garrafão de vidro do tipo esmoleiro, muito utilizado como fer-
mentador primário ou secundário.
do tipo sifão, ladrão, ou de três partes (fig. 4.12). Os tonéis são caros
e suas dimensões são importantes em termos de intensidade de sabor.
Uma relação completa dessas caracterı́sticas consta na seção 10.4.
91
4. O material
92
4.2. Para a fermentação
93
4. O material
Seja qual for o modelo de seu fermentador, é importante tomar cuidado com as
válvulas. Pelo acúmulo natural de lı́quido nessas partes é importante limpá-las
religiosamente após qualquer sangria ou mesmo durante a guarda caso opte
por fazê-la no próprio fermentador. O hidromel seco e borras de levedura são
o prato favorito de bactérias eventualmente de insetos e principalmente de
fungos. Desinfete as válvulas e cubra-as com plástico enquanto fermenta ou
matura seu hidromel.
8. Fermentadores contı́nuos
94
4.2. Para a fermentação
Respiros
[Essencial] Durante a fermentação alcoólica, é importante que mantenha-
mos o oxigênio, germes e leveduras selvagens longe do mosto. Para isto é
necessário que tenhamos um respiro, para que o dióxido de carbono possa sair
do fermentador e manter a pressão baixa no recipiente, evitando que exploda.
Existem diversos tipos de respiro, de vidro, de plástico ou ainda feito com
mangueiras de plástico. Os mais baratos são os de plástico, seja de espira ou
sifão ou de copo, onde o dióxido de carbono empurra o lı́quido na espira, ou
o copo, até conseguir sair, mas a pressão positiva de dentro do fermentador
e o mesmo lı́quido, não permitem que o mesmo ocorra com o oxigênio. Am-
bos são práticos e seguros, ainda que o respiro de copo seja mais facilmente
limpo depois do uso. Existem diversos tipos de respiros caseiros, e os mais
simples são feitos com mangueiras. Um pedaço enrolado em espiral, ou ainda
uma mangueira que desça pela lateral do fermentador e repouse num copo
cheio de lı́quido. Estes últimos são indicados quando há riscos de formação
de espuma volumosa que possa fazer o fermentador transbordar, funcionam
também como um ladrão. Neste caso o material desce pela mangueira e fica
no copo, sem sujeira. O importante é controlar a quantidade de lı́quido nos
respiros. Caso haja muito lı́quido, ele pode voltar para o fermentador, caso
haja pouco, ele pode secar e perder sua função. Em geral os respiros possuem
95
4. O material
marcas de nı́vel máximo, mas via de regra enchemos até um terço da altura
da espira do respiro.
Durante a fermentação colocamos álcool 70 % no respiro ou vodca. Isto
porque não é raro ocorrerem variações de temperatura e de pressão no interior
do fermentador, que podem acabar aspirando parte do lı́quido para o mosto.
Sendo álcool e água, não contaminará seu mosto. Água pura pode desenvolver
bactérias que pode ser uma fonte de contaminação. É sempre prudente cobrir
a saı́da do respiro com gaze para evitar a entrada de insetos como drosófilas
por exemplo. Elas se afogam no lı́quido do respiro e também trazem consigo
diversas bactérias. O álcool 70 % encarrega-se de esterilizar tudo também. O
álcool puro (de 98 a 100 %), é muito volátil e acaba sendo necessário restabe-
lecer o nı́vel no respiro constantemente. Além disso pode fragilizar o plástico
do respiro. Não é raro ocorrerem falhas de fermentação por conta de respiros
que secaram.
Cronômetro
[Facultativo] Hoje em dia qualquer relógio ou telefone celular possui um.
Costumo acompanhar a cinética (velocidade) de minhas fermentações reali-
zando diversas medidas de fluxo de gás. Para isto basta contar quantas bolhas
saem por minuto com o auxı́lio do cronômetro. Não é o jeito mais preciso,
96
4.2. Para a fermentação
mas é bem funcional, pois nos dá a exata ideia da fase em que se encontra
a fermentação (veja adiante na seção 8.6). Portanto cada medida me dá um
valor de bolhas por minuto (B.P.M.) e é a variação desta grandeza que me
mostra em que fase da fermentação estamos. Colocando os valores de B.P.M.
em função da data de medida, conseguimos obter um perfil de fermentação
e determinar em que fase da fermentação nos encontramos. O cronômetro
também é útil quando fazemos braggots, seja para cronometrar a conversão
de amido em açúcar ao longo de rampas de aquecimento ou ainda para a
conversão de α-ácido do lúpulo (veja seção 3.7).
Vinômetro
[Facultativo] Um método que eu acho particularmente interessante para
medir o teor alcoólico do hidromel, é o da tensão superficial. Este é um dos
que uso, por ser rápido, relativamente confiável e exigir um pequeno volume de
amostra. Neste caso medimos como um lı́quido flui por um pequeno tubo cha-
mado de capilar (tubo muito estreito, compatı́vel com a grossura de um cabelo,
daı́ o nome). Atrelado à tensão superficial está outra propriedade chamada
de capilaridade, que é uma medida de como o lı́quido “ consegue se segurar
” nas paredes deste capilar. Quando enchemos um capilar com um lı́quido
e deixamos ele livre para escorrer, sempre fica um pouco dele no tubo...Ele
fica lá por conta desta propriedade: a capilaridade, que é uma maneira de se
estimar como o lı́quido interage com as paredes do tubo. Composições de água
e etanol diferentes possuem tensões superficiais e comportamento capilar di-
ferentes. Para medirmos esta propriedade utilizamos um dispositivo chamado
de vinômetro. Dependendo de se teor alcoólico sobrará mais ou menos lı́quido
no tubo, que é graduado.
O vinômetro é menor que uma caneta e é composto por um pequeno funil
conectado a um capilar, que possui uma escala, e é aberto na parte inferior
(fig. 4.17). Para medir a graduação alcoólica de um hidromel é muito simples:
Enchemos o funil com um conta-gotas e deixamos o lı́quido escorrer livremente
com o vinômetro na posição vertical (tirar toda e qualquer bolha). Invertemos
então o vinômetro, deixando-o de ponta-cabeça. Uma porção de lı́quido vai
ficar retida no capilar. Basta olhar até onde o lı́quido sobe na escala, e pronto!
temos uma medida de teor alcoólico (dada em % A.E.V., álcool em volume).
É importante saber que cada escala é calibrada a determinada temperatura,
que é especificada pelo fabricante. Tabelas de correção podem acompanhar o
manual, ou se não, tente deixar o lı́quido na temperatura de calibração. Além
de preciso o método, é muito barato e cada medida leva alguns segundos
apenas.
97
4. O material
Figura 4.17: O vinômetro durante uma medida. Uma vez que o lı́quido começa
a pingar, invertemos o tubo e observamos até onde o lı́quido consegue subir
no capilar, que é graduado em % A.E.V.
Fitas de pH (essencial)
[Essencial] Este sem dúvida é um dos acessórios mais importantes para
o êxito das fermentações. São tirinhas de plástico vendidas em caixinhas
(figura 4.18) onde geralmente encontramos uma escala colorida. Cada fitinha
é dotada de 4 pedacinhos de papel, cada um embebido com reagentes coloridos
diferentes, conhecidos como indicadores ácido-base. A caracterı́stica destes
98
4.2. Para a fermentação
Figura 4.18: Uma caixa de fitas de pH, com escala de cores impressa e os
valores de pH correspondentes.
São descartáveis, e não devem ser reutilizados. Uma boa dica de economia
é cortar as fitas ao meio, assim elas rendem em dobro. A maioria das pessoas
imerge as fitas diretamente no mosto, mas esta não é a maneira correta de
utilizar a fita. O correto é mergulhar uma colher no mosto e levar a colher
até a fita. Assim evitamos contaminação do mosto com compostos quı́micos
e bactérias. Uma vez molhadas, a coloração muda e o padrão de cores é
comparado ao impresso na caixa. Cada padrão equivale a uma unidade de
pH. Caso seu mosto esteja escuro demais ou colorido demais, você pode diluı́-
lo duas vezes em água (uma parte de água e uma de mosto) e medir novamente.
O valor medido ainda estará próximo do valor real, pois as unidades de pH
são logarı́tmicas.
pH-metro
Para os mais abastados há o pH-metro, que é um aparelho para medir o
pH. Este é um pequeno aparelho digital que é equipado com um eletrodo muito
delicado, de vidro poroso. O eletrodo de vidro cria uma diferença de potencial
99
4. O material
Fitas de glicemia
[Facultativo] Estas fitas são utilizadas por diabéticos para medir glicose
na urina, e costumam ser baratas. Eles nos permitem medir o teor de açúcar
residual no hidromel. Funcionam basicamente como as fitas de pH, sendo que
o valor de glicose medido na urina é revelado pela coloração da fita. As fitas
normalmente medem valores entre 100 e 300 mg/dL de glicose (ou 1 a 3 g/L).
Os nı́veis de açúcar residuais no hidromel variam de 10 a 40 gramas de açúcar
por litro (não só glicose). Para medirmos os nı́veis de açúcar com fitas de
glicose precisamos diluir o hidromel dez vezes. Em uma proveta colocamos 10
mL de hidromel e 90 de água e imergimos a fita. O resultado em mg/dL deve
ser multiplicado por 10 para dar o valor equivalente em mg de açúcar por litro
de açúcar na bebida.
100
4.3. Para trasfega e envase
Figura 4.19: Um tubo de fitas de glicose para dosagem em urina (foto :Uwe
Gilles).
Decantador
[Opcional] O decantador é um tipo de garrafa de vidro, com uma base
bem larga, lembrando um cogumelo de ponta-cabeça pelo seu formato. É
utilizado pelos enófilos, para oxigenar permitir que se decante as borras do
vinho. No nosso caso ele também pode ser utilizado para esta finalidade na
hora da degustação, mas costumo utilizá-lo para reduzir perdas de trasfega.
Quando encerro a transvazão do hidromel limpo, coloco as borras no decanta-
dor, tampo com filme plástico e deixo-o por uma ou duas horas na geladeira.
Neste tempo separa-se mais hidromel, que pode ser utilizado para uma prova
por exemplo ou realizar suas medições de teor alcoólico, densidade etc...
101
4. O material
Válvula dosadora
[Recomendado] Há diversos tipos de válvula dosadora que servem para
transferir para a garrafa sempre a mesma quantidade de hidromel. As válvulas
mais simples não medem quantidades, mas permitem interromper o enchi-
mento das garrafas quando utilizamos um sifão, como a bengala de trasfega
por exemplo. Trata-se de um tubo rı́gido de policarbonato (não deve ser aque-
cido) com uma pequena válvula na ponta que só se abre quando toca o fundo
da garrafa. Isso evita respingos e agitação do hidromel no oxigênio do ar.
Quando a garrafa está cheia, ergue-se um pouco a válvula para que desen-
coste do fundo e o fluxo é interrompido, podendo assim colocá-la na garrafa
seguinte. Para utilizá-lo basta conectá-lo à mangueira de saı́da da bengala
de trasfega (racking cane em inglês), ou ao sistema de sifão que estiver utili-
zando. Existe outro tipo de válvula, produzido por uma empresa italiana, que
é colocado no gargalo da garrafa, e conectado ao sifão também. Coloca-se a
válvula no gargalo da garrafa, aperta-se o êmbolo superior e o lı́quido enche
a garrafa até a altura da rolha. Aı́ a válvula desarma o êmbolo e bloqueia
102
4.3. Para trasfega e envase
Figura 4.21: Exemplos de válvulas dosadoras: Valvula de mola (a, b); válvulas
automáticas (c, d).
Bengala de trasfega
[Essencial] Uma das operações mais importantes e delicadas da preparação
do hidromel é a trasfega. É com trasfegas que nos livramos das borras de
103
4. O material
Sepilhos
[Recomendável] São escovas especiais para a limpeza de garrafas e tubos
de maneira geral. Existem em diversos tamanhos e são extremamente úteis
para eliminar aquela sujeira que a água não remove (fig. 4.24).
104
4.3. Para trasfega e envase
105
Capı́tulo 5
Os Ingredientes
107
5. Os Ingredientes
5.1 A água
108
5.1. A água
Dureza da água
Um parâmetro importante para caracterizar a água é a chamada dureza.
Trata-se de quanto cálcio (Ca2+ ) e magnésio (Mg2+ ) ela contém, e águas duras
são essencialmente aquelas ricas nestes dois ı́ons. Regiões ricas em calcário ou
dolomito como é o caso de bacias sedimentares do Paı́s, assim como de boa
parte da Europa costumam abrigar água dura, por conta do elevado teor de
carbonatos dissolvidos. É comum ver a formação de tártaro (depósito branco)
nas torneiras destes lugares, e a água no banho parece menos agradável ao
contato com a pele do que a água mole. Costuma-se medir a dureza da água
medindo a quantidade de carbonato cálcio (CaCO3 ), que é mais abundante em
mg/L (que equivale a um ppm ou uma parte por milhão em massa). As águas
ditas moles contêm menos de 135 ppm de CaCO3 , e as duras acima de 200 ppm.
Águas duras demais podem ter um sabor desagradável, como que lembrando
giz, e devem ser evitadas. 121 Algumas receitas no entanto são preparadas
originalmente com águas duras, e podem se tornar irreprodutı́veis com águas
mais moles. De qualquer forma o teor de cálcio muda durante a fermentação, já
que o pH diminui, elimina os carbonatos e muitas proteı́nas podem remover o
cálcio do meio na forma de precipitados. Não é raro hidromeleiros adicionarem
um pouco de CaCO3 à água para corrigir sua dureza. Existem kits para medir
a dureza da água em lojas de aquarismo, e é sempre muito importante anotar
as caracterı́stica da água que se utiliza, pelo menos para reproduzir a receita
em outro momento. Eu costumo ter um banco de dados com as caracterı́sticas
109
5. Os Ingredientes
das água minerais que utilizo, e a maior parte destas informações pode ser
coletada no rótulo da embalagem (ou no laudo de análise da companhia de
abastecimento da sua cidade). Se quiser aumentar a dureza de 10 L de água em
50 ppm, adicione 0,5 gramas de CaCO3 , que pode ser adquirido em farmácias.
Alguns autores utilizam gipso para aumentar a dureza da água. 156 O gipso
ou gesso é sulfato de cálcio (CaSO4 ), que também pode ser adquirido em
farmácias. A diferença entre o gipso e o calcário é que ele costuma diminuir o
pH da mistura levemente, enquanto que o carbonato faz o contrário. Diminuir
a dureza da água é um pouco mais complicado e pode ser inviável no ambiente
doméstico. Um bom começo para se reduzir a dureza da água pode ser fervê-la
e esperar que tártaro precipite e se deposite no fundo da panela. 156 A presença
de ácido cı́trico e de DFA (difosfato de amônio, hidrogênio-fosfato de amônio,
ou DAP) pode reduzir a dureza da água, já que combinados com cálcio formam
sais insolúveis.
Sulfatos na água
Valores normais de sulfato na água beiram os 250 mg/L. Acima disso a
água fica amarga, com cheiro de enxofre ou ainda ter efeito laxante. Altos
teores de sulfato na água podem ser a origem de fermentações com cheiro de
fósforos ou ovo podre também (ver seção 15). Mesmo assim, em determinadas
situações pode ser necessário um complemento adicional de sulfatos, como
descrito no final desse capı́tulo.
Ferro na água
No Brasil particularmente, é comum encontrarmos águas naturalmente
ácidas com elevado conteúdo de ı́ons de ferro. São tipicamente amarelas ou
alaranjadas. Dependendo do pH e da forma em que se encontram, esses ı́ons
podem conferir gosto metálico, lembrando sangue. Teores maiores que 0,3
ppm já começam a conferir sabor metálico à bebida. Além disso, elevados
teores de ferro podem dar origem a precipitados indesejáveis chamados de
casse férrica que explicaremos mais adiante no livro. 157
O pH
A acidez da água, do mosto ou do hidromel resultante é medido em uni-
dades na escala de pH, que significa potencial hidrogeniônico e está re-
lacionada à quantidade de ı́ons H+a que são responsáveis pela acidez) que
a
H3 O+ , na verdade, mas muitas vezes se usa H+ por simplicidade.
110
5.1. A água
H2 O H + + OH − (5.1)
pH = −log[concentração de H + ] (5.2)
111
5. Os Ingredientes
112
5.1. A água
facilidade. O eletrodo do pH metro deve ser lavado após cada medida com
água destilada e guardado na solução salina em que foi vendido (veja reco-
mendações no manual) pois os eletrodos de vidro não podem secar.
d
Esse tipo de reagente recebe o código de P.A. na embalagem; significa que é purı́ssimo.
Grau de pureza alimentı́cia também valem. Só não usem grau técnico.
113
5. Os Ingredientes
O efeito tampão
Existem algumas substâncias, ácidas ou básicas que conseguem manter o
pH estável quando presentes em proporções adequadas, evitando que ele varie,
mesmo durante reações quı́micas que produzem ı́ons H + ou OH − . É como se
absorvessem e neutralizassem prontamente esses ı́ons preservando o valor do
pH original. Isto é chamado de efeito tampão, e essas soluções são chamadas
de solução tampão. Boa parte dos nossos fluidos corporais tem pH constante
por conta deste efeito. Nosso sangue é um exemplo disso. Seu pH é man-
tido constante dessa forma, pois grandes variações de seu pH seriam mortais.
Quando utilizamos ácidos orgânicose (ácidos fracos geralmente) misturados a
seus sais, como é o caso por exemplo de ácido tartárico e tartarato de sódio,
criamos uma solução destas, onde o pH muda muito pouco, mesmo com a
adição de mais ácido ou mais base. O valor do pH que fixarão vai depender
da proporção entre o sal e o ácido e da força desse último (o mesmo raciocı́nio
vale para bases fracas e seus sais). Quando verificamos este efeito no mosto
- o que é raro para o hidromel, diga-se de passagem - dizemos que está tam-
ponado. Nestes casos pode parecer difı́cil ajustar um pH mesmo adicionando
muito ácido ou muita base. Este efeito é persistente mas chega um ponto,
durante as adições de ácidos ou bases, em que ele é quebrado e o pH passa a
variar bruscamente. Meu conselho é evitar ao máximo alterar pH’s e o fazer
somente quando necessário, e fazê-lo com cautela. Às vezes queremos quebrar
um tampão e adicionamos reagentes demais à mistura, tornando-a salgada, al-
terando sua cor ou ainda seu sabor. O mel em si tem pouco efeito tamponante,
mas os ácidos que adicionamos à mistura podem criar esse efeito.
5.2 O Mel
114
5.2. O Mel
f
Não é aquela usada em medicina, mas sim em análise quı́mica. São aparelhos diferentes,
mas que utilizam o mesmo princı́pio fı́sico
115
5. Os Ingredientes
cina popular como medicamento ou ainda como cicatrizante. Esse uso para o
mel remonta à antiguidade.
116
5.2. O Mel
117
5. Os Ingredientes
118
5.2. O Mel
Tabela 5.3: Açúcares principais em meles de uma Apis e uma Melipona 211,212
Açúcar A. mellifera M. fasciculata
Frutose 38,38% 49,65%
Glicose 30,31% 29%
Sacarose 1,31 % 17,1%
Açúcares redutores 76,65% 70,75%
Razão furtose/glicose 1,23 1,71
119
5. Os Ingredientes
Mel falso
Infelizmente é mais comum encontrar mel adulterado no mercado do que
mel puro. Seja melaço aromatizado ou mel batizado com xarope ou ainda fal-
sificações mais toscas, como água açúcar amido e essência de mel. Mesmo com
equipamentos caros como cromatógrafos de alta eficiência ou espectrômetros
de ressonância nuclear, descobrir méis falsos ainda é um problema compli-
cado. 213,214 A única coisa que está ao nosso alcance são métodos empı́ricos
que não são muito garantidos, mas que já ajudam. A primeira coisa a fazer
é sentir o aroma do mel. Se perceber algum leve toque de garapa ou canah ,
cheiro azedo, cheiro de bala, às vezes de pinga até, desconfie. Se não sentir
cheiro algum também. Pode ser que se trate de melaço de cana ou de xarope
de milho. O exame visual também é importante. Contra a luz, movimente o
frasco. Caso perceba reflexos esverdeados pode não ser um bom sinal. O teste
do iodo revela a presença de amido: Uma gotinha de tintura de iodo sobre
amido o deixa azul escuro, portanto mel de verdade não deve mudar de cor
com iodo (esta é a reação de Lugol, descrita mais à frente). O mel de verdade
é muito viscoso, portanto demora para descer por uma garrafa, e normalmente
o faz com um filete que gira, não cai reto. Os xaropes são mais lı́quidos. Entre
os dedos, o mel não é grudento, como o açúcar de melaço ou xarope. O sabor
h
Cuidado, pois o mel de cana tem esse cheiro e é normal...
120
5.2. O Mel
do mel fica na boca por alguns minutos apenas e desaparece, caso fique muito
tempo na boca pode ser melaço. Coloque um pouco de mel numa colher e
aqueça na chama: Se ele caramelizar sem formar espuma, é autêntico. Se ele
fizer bolhas e demorar para caramelizar desconfie. O teste da água também é
muito bom: Num copo coloque dois dedos d’água e deixe cair nela um pouco
de mel. O mel verdadeiro dissolve-se muito mal, e fica no fundo do copo. Se
começar a dissolver rapidamente, provavelmente é falso. Mergulhe um palito
de fósforo no mel e risque-o. Se acender é mel, se não, não. Uma fatia de
pão coberta com mel fica mais dura. Se ficar mais mole desconfie também.
Gotas de mel sobre papel mata-borrões não são absorvidas, e mel não mancha
tecido branco. É comum encontrar pedaços de favo no mel e outras impure-
zas, principalmente se for pouco beneficiado. Coloque uma gema de ovo num
recipiente, adicione mel e misture tudo. Se for autêntico, a gema parece estar
cozida. Mel falso não tem este efeito na gema de ovo. Dissolva uma parte de
mel em oito de água numa garrafa transparente. Chacoalhe por 30 segundos:
a solução de mel autêntico deve deixar bolhas finas na superfı́cie por uma
hora. Estes testes não se aplicam a meles de meliponas, pois estes têm mais
água...
121
5. Os Ingredientes
122
5.2. O Mel
Figura 5.4: Teste do papel toalha com mel à esquerda e xarope de milho à
direita. Observa-se claramente uma auréola em volta da gota após alguns
minutos.
Mel tóxico
Nem todo mel tem efeitos benéficos à saúde. Existem méis tóxicos, que
podem causar intoxicações severas como é o caso de mel de rododendro (Rho-
dodendron ponticum), e às vezes levar a óbito. 129,218,219i Existem três causas
principais de intoxicação por mel de abelhas: A primeira delas é a presença
de fitotoxinas no néctar e no pólen das flores de origem do mel como o acetil-
andromedol. A segunda é a presença de substâncias tóxicas geradas pelos
próprios insetos, como no caso de mel de marimbondo, e o terceiro por conta
de toxinas geradas por microrganismos na colmeia como é o caso do Clostri-
dium botulinum (que gera a toxina botulı́nica) ou estafilococos (Staphylococcus
aureus). É por esta razão por exemplo que não se deve dar mel aos bebês,
pois pequenas quantidades de toxina botulı́nica poderiam matá-los. Além
disso sabe-se que muitas espécies de abelhas, como a arapuá (Trigona spini-
pes) por exemplo, têm hábitos pouco higiênicos como por exemplo utilizar
fezes de mamı́feros (isto inclui Homo sapiens) como material de construção
de suas colmeias. Há outros microrganismos no mel que podem ser pernicio-
sos como Escherichia coli e espécies de Bacillus, Enterobacter , Klebsiella, e
Proteus, que podem ter origens diversas. 193 Em sua obra, Nogueira-Filho 218
relata diversos casos de intoxicação com meles de floradas distintas, nas dife-
rentes regiões do Brasil, e para várias espécies de abelhas e marimbondos.
123
5. Os Ingredientes
nha, em São Simão, S.P. com mel de jataı́ (com 20 vı́timas fatais). Outros
casos foram registrados no nordeste com mel de jandaı́ra e floradas de Avelós
(Euphorbia tirucalli ) e pau mocó (Luetzelburgia auriculata).
124
5.2. O Mel
mel tóxico já era bem conhecido na antiguidade e foi utilizado em guerras para
neutralizar exércitos inteiros como relatam Aristóteles, Estrabão e Xenofonte
em Anabase na derrota de Ciro na região de Cólquida. A batalha mais famosa
envolvendo mel tóxico é a de Pompeu o Grande contra Mitrı́dates VI em 67
A.C. que ocorreu perto do Mar Negro. Estrabão conta que foram colocadas
colmeias com mel venenoso na passagem do exército romano, que os soldados
não hesitaram em comer. Ao ficarem entorpecidos e tendo alucinações foram
aniquilados em uma emboscada pelos aliados de Mitrı́dates. 6 Não resta dúvida
que essas toxinas irão para o hidromel, 221 portanto é fundamental conhecer a
origem do mel antes de usá-lo.
125
5. Os Ingredientes
5.3 As leveduras
126
5.3. Leveduras
127
5. Os Ingredientes
128
5.3. Leveduras
Figura 5.8: Esquema do regime biótico das leveduras, de acordo com a quan-
tidade de açúcares fermentescı́veis e de oxigênio.
As duas rotas metabólicas são bem distintas uma da outra, sendo que a
rota de maior eficiência, em termos de energia e de produção de biomassa é
sem dúvida a respiração. A fermentação, somente, é quem gera etanol como
sub-produto. Não é só a oferta de oxigênio que governa o regime das leveduras,
mas também a oferta de glicose. Teores entre 0,3 e 10 % de glicose no meio fa-
vorecem a fermentação, e teores acima de 15 % parecem inibi-la. 228 A via mais
importante na fermentação é a utilização de glicose (com 6 carbonos), que é
clivada (cortada) em 2 moléculas de ácido pirúvico (3 carbonos cada uma)
e em seguida clivadas em duas moléculas de CO2 (1 carbono cada) e duas
moléculas de etanol (2 carbonos cada). A célula de levedura obtém energia
na forma de A.T.P. durante essas clivagens e tanto o etanol quanto o CO2 são
eliminados, juntamente com uma pequena quantidade de calor (Figura 5.9). 227
129
5. Os Ingredientes
130
5.3. Leveduras
131
5. Os Ingredientes
O fator Killer
Leveduras parecem seres inofensivos mas na verdade, certas cepas são ver-
dadeiras predadoras. 233 Conseguem eliminar populações rivais que possam
competir com elas por nutrientes. Este processo é conhecido como killer fac-
tor e é a capacidade de erradicar concorrentes que varia de cepa para cepa,
e dependem, para desenvolverem esse killer factor, da produção de peptı́deos
(Kf1, Kf2 etc...) que matam as outras . Existem leveduras que o produzem e
resistem a ele, leveduras que não o produzem mas o toleram e leveduras que
não fazem coisa ou outra. As leveduras indı́genas geralmente são do primeiro
tipo, enquanto que as comerciais costumam ser do segundo. 197
Geralmente as cepas de vinho são muito resistentes e tolerantes a altos teo-
res de etanol, ou seja, são sobreviventes. Existem no entanto quatro fenótipos
de levedura Saccharomyces cerevisiae o K (matadoras), o S (sensı́veis), o N
(neutras) e o K-S (sensı́veis a algumas toxinas e ao mesmo tempo produtoras
de outras). A maioria das cepas comerciais que utilizamos na produção de
hidromel, são do tipo N ou K, ou seja resistem ao killer factor mas não o
produzem necessariamente. Assim sendo as leveduras que são do tipo K tem
132
5.3. Leveduras
133
5. Os Ingredientes
134
5.3. Leveduras
floculantes às vezes, mas o que flocula é em grande parte células de levedura,
mortas ou não. A capacidade de floculação é uma caracterı́stica que varia
também dependendo da cepa que utilizamos. As outras caracterı́sticas são
a produção de ésteres, e aromas especı́ficos, além da produção de espuma
ou não, dependendo da cepa. Ésteres são compostos geralmente aromáticos,
e muitos deles têm cheiro de frutas como maçã, banana, pera entre outros.
Muitas vezes obtemos hidroméis com aroma de fruta sem mesmo tê-las adici-
onado à receita. Isso é trabalho da levedura também. Os alcoóis superiores
por sua vez, possuem aromas mais parecidos com solventes, lembrando ace-
tona e mesmo chulé como é o caso do álcool amı́lico. Ambos podem estragar
o produto em quantidades elevadas demais, ou ainda serem responsáveis por
ressacas homéricas.
135
5. Os Ingredientes
O inóculo
136
5.3. Leveduras
137
5. Os Ingredientes
Leveduras osmofı́licas
O mel contém diversas cepas de leveduras já na própria colméia. 193,246,247
Estas leveduras estão inativas pois a quantidade de água no mel é muito pe-
quena, e nestas condições as leveduras entram em dormência. Mas não é
qualquer tipo que levedura que é capaz de sobreviver às altas concentrações
de açúcar do mel, somente as osmofı́licas. Se colocarmos um bife em sal puro,
ele vai murchar e diminuir em tamanho até se tornar um naco de carne duro
e escuro. Esta é uma forma antiga de conservar os alimentos; salgando-os ou
o
barrinha magnética recoberta com teflon, que vai dentro do lı́quido, ai o nome.
138
5.3. Leveduras
colocando-os em calda de açúcar. Ele perde sua água por osmose, já que a
concentração de sal é enorme no meio externo, e isso gera pressão osmótica
que retira a água de suas células. O mesmo aconteceria com leveduras co-
muns se fossem colocadas no mel puro: morreriam certamente. As leveduras
osmofı́licas presentes no mel possuem mecanismos que lhes permitem segurar
sua água muito melhor que as demais, mesmo em condições extremas como
no mel puro. Quando diluı́mos esse mel, elas voltam à atividade e o fer-
mentam. Apesar de serem leveduras (S. rouxii , S. mellis por exemplo) não
significa que vão realizar a fermentação alcoólica como a S. cerevisiae mas
podem gerar outros produtos que não desejamos. 23,194 Há outras leveduras
no mel como Debaromyces, Lipomyces, Pichia, Schizosaccharomyces, Torula,
e Zygosaccharomyces. Dessas todas, somente a Pichia anomala é capaz de
gerar fermentações similares à Saccharomyces. 193 As fermentações selvagens
são realizadas em grande parte por estas espécies, mas somente se o mel não
tiver sido pasteurizado antes, o que é comum em meles de meliponas e alguns
meles industrializados. Leveduras não osmofı́licas podem sofrer até mesmo
com um mosto bastante concentrado (acima de 30 o Bx ). É o que chamamos
de estresse osmótico, e isso pode atrasar fermentações ou torná-las lentas de-
mais. Cada cepa de levedura tem uma tolerância à concentração, e varia de
cepa pra cepa.
Reaproveitamento de leveduras
Ao término de uma fermentação bem sucedida, recolhemos grande quan-
tidade de leveduras vivas, e em condições de realizar novas fermentações. Por
se tratar de cepas especiais no nosso caso, e que muitas vezes são difı́ceis de
encontrar no nosso comércio, é tentadora a ideia de reaproveitar as levedu-
ras para realizar novas fermentações. Isso é possı́vel e muito bom do ponto de
vista econômico. Há no entanto um inconveniente em fazer isso. À medida que
reutilizamos cepas, o resultado vai mudando gradualmente. Muitos dizem que
139
5. Os Ingredientes
140
5.4. Frutas, ervas, e outros
p
Pessoalmente eu evito o cloro, para reduzir a ingestão de organoclorados, que são per-
niciosos mesmo em pequenas quantidades
141
5. Os Ingredientes
Frutas secas não impactam na diluição mas no teor de açúcar sim. Além
disso seu sabor é diferente das frutas frescas. 79 A acidez das frutas também
deve ser levada em conta, uma vez que frutas como abacaxi, ameixa fresca
ou laranja sangria por exemplo, podem tornar o hidromel intragável de tão
ácido. Pode levar anos para que a acidez atenue, ou pode requerer a adição
de bases como bicarbonato de sódio ou calcário, que é mais recomendado por
razões gustativas.
AcF r
M M elg × 0, 762 + (M f rg × 100 )
Açucar no mostog/L =
(M M elg /1420) + (V agua) + (M f rg × AguaF r
100 )
(5.4)
142
5.4. Frutas, ervas, e outros
A tabela 5.8 traz as principais frutas brasileiras e exóticas assim como seu
teor de açúcar e de água 50,249–252 .
143
Tabela 5.8: Caracterı́sticas de frutas comuns (para 100 gramas de
polpa/*sementes). Elementos metálicos em mg/Kg.
Fruta água (%) Proteı́na (g) Carboidratos (g) Pectina Acidez (pH) Ca Mg K Fe Cu
Abacate 84 1,2 6 6,3 8 15 206 0,2 0,15
Abacaxi 86 0,9 12,3 p 3,7 22 18 131 0,3 0,11
Abiu 83 0,8 22 5,7 6 9 128 0,2 0,09
Açaı́ 88 0,8 6,2 4,6 35 17 124 0,4 0,18
Acerola 90 0,9 8 p 3 13 13 165 0,2 0,07
Ameixa 84 0,8 13,9 ppp 3,5 6 5 134 0,1 0,06
Ameixa seca 32,4 44 ppp
Amêndoa* 4 18,6 29,5 237 222 640 3,1 0,93
Amora 85 1,4 8 pp 46 194 3,7
Araçá 1,5 14,3 ppp aaa 48 6,3
Banana 73 1,4 12 pp a 2 28 264 0,2 0,11
Baru 23,9 15,8 140 178 827 4,2
Cajá 87 1,3 10,9 p aaa 9 7 164 0,3 0,1
144
Caju 88 1 10,3 p 3,8 1 10 148 0,3 0,1
Caqui 80 0,4 19,3 p 5,7 18 9 164 0,1 ¡
Cambucá 89 1,5 15 21 31 0,3
Carambola 87 0,9 11,5 p 2,5 5 7 133 0,2 0,08
Cereja 82 0,6 13 pp
Cupuaçu 60 1,5 10,4 ppp 6 13 331 0,5
Damasco 86 1,5 11,7 ppp
Damasco seco 22,5 64,2 ppp
Figo 79 1 10,2 p 5,6 27 11
Figo seco 19 4,3 74 p 167 52,5 900 2,4 0,3
Framboesa 87 1 12 p 35 22 151 1,5
Fruta do conde 75 1,5 22,4 p 21 31 283 0,2 0,11
Gabiroba 77 1,6 13,9 p 4,2 38 3,2
Goiaba 85 0,9 12,4 ppp 4 5 7 220 0,2 0,04
Graviola 82 0,8 15,8 40 23 250 0,2 0,04
Groselha 82 8 pp
Continua...
Tabela 5.8 – Continuação
Fruta água (%) Proteı́na (g) Carboidratos (g) Pectina Acidez (pH) Ca Mg K Fe Cu
Grumixama 0,3 6
Guaraná* 6 104 618 7,1
Ingá 70
Jabuticaba 83 0,6 2,3 pp 3,3 8 18 130 0,1 0,07
Jaca 75 1,4 22,5 11 40 234 0,4 0,09
Jatobá* 9 5,3 34 5,5
Jenipapo
Kiwi 86 1,3 11,5 24 11 269 0,3 0,15
Laranja 87 1 11,5 ppp 3,5 35 9 157 0,1 0,04
Lima 87 1 11 ppp 5,4 140
Limão 87 0,9 11,1 ppp 2,4 51 10 128 0,2 0,06
Macaúba 41 2,1 13,9 67 66 306 0,8 0,35
Maçã 84 0,3 15,2 ppp 0,8 2 2 75 0,1 0,06
Mamão 87 0,8 11 p 5,7 25 17 222 0,2 1,36
Manga 82 0,4 16,7 ppp 4 12 8 148 0,1 0,1
145
Mangaba 83 0,7 11,5 3,9 41
Maracujá 83 2 12,3 p 3,2 2 28 338 0,6 0,19
Marmelo 84 0,4 11,2 ppp aa 8,7 8 198 0,5 0,1
Marolo 2 19 24 247 ¡
Melancia 92 0,9 8,1 5,3 8 10 104 0,14 0,04
Melão 91 0,7 7,5 3 6 216 0,2 0,04
Mirtilo 73 0,7 14 pp 6 6 77 0,3 0
Morango 91 0,9 6,8 p 3,1 11 10 184 0,3 0,06
Murici 88 0,3 11,5 pp 4,7 20 10 113 0,1 0,12
Nectarina 86,3 8,5 ppp
Pequi 66 2,3 13 6,5 32 30 298 0,3 0,21
Pera 85 0,6 14 pp a 8 6 116 0,1 0,07
Pêssego 89 0,8 9,3 pp 4 3 4 124 0,2 0,02
Pitanga 88 0,9 10,2 pp aaa 18 12 113 0,4 0,08
Romã 84 0,4 15,1 5 13 485 0,3 0,7
Continua...
Tabela 5.8 – Continuação
Fruta água (%) Proteı́na (g) Carboidratos (g) Pectina Acidez (pH) Ca Mg K Fe Cu
Sapoti 71 0,5 20 7 5 193 0,4
Siriguela 1,4 3,8 27 248 0,4
Tamarindo 22 3,2 72,5 37 59 723 0,6 0,29
Tangelo 87,6 7,4 ppp
Tangerina 89 0,8 9,6 ppp 3,3 13 8 131 0,1 0,03
Umbu 89 0,8 9,4 12 11 152 0,1 0,04
Uxi 37 2 19,8 4,84 96 70 1,2
Uva 85 0,7 13,6 pp 3,4 7 5 162 0,1 0,11
Uva Passa 15 2,6 76 pp 64 33 773 2,1 0,4
Média 77 1 17 25 16 244 0,6 0,1
146
5.4. Frutas, ervas, e outros
Por fim, outro parâmetro a ser considerado é a acidez das frutas. Frutas
ácidas como limão, laranja, e outras, vão reduzir ou até dispensar a necessidade
de adição de mescla ácida, uma vez que se encarregarão pelo aporte de acidez
ao mosto. Adicionar mescla ácida poderia simplesmente tornar tudo muito
ácido.
Ervas
Quase tão populares quanto os meloméis, são os metheglins ou hidroméis
temperados com ervas. Trazem toda uma gama nova de sabores, que podem
ou não serem unidas a frutas entre outros. Ervas são geralmente folhas, cas-
cas, sementes ou raı́zes de plantas secas. Salvo raras exceções, são plantas
com baixos teores de açúcar e de água, e por este motivo, não existe uma
preocupação com diluição do mosto ou alteração de densidades iniciais com
a adição de ervas. Mesmo em se tratando de ervas frescas, os teores de água
raramente chegam a afetar a densidade do mosto de maneira significativa.
Uma questão essencial quando falamos de ervas é que a maioria delas tem
um sabor muito pronunciado, e que devem ser dosadas com parcimônia, sob
pena de arruinar seu hidromel. É difı́cil estabelecer um limite para ervas e
especiarias uma vez que umas são mais fortes que outras, e plantas frescas
diferem das secas. Normalmente utiliza-se de 3 a 6 gramas por litro de ervas
frescas ou ainda de 0,3 a 3 gramas de ervas secas ou especiarias para a mesma
quantidade de mosto. 156 Excessos de canela, cravo, cardamomo ou ainda noz
moscada, deixam a bebida simplesmente intragável. As ervas também trazem
consigo microrganismos, e destaco aqui os fungos, e leveduras também. Basta
lembrar do papel do gesho na fabricação do T’ej. Para desinfecção de ervas
que serão usadas a frio recomendo utilizar o metabissulfito como para as fru-
tas, mas já na água do mosto, antes da adição de mel. Explico: As ervas não
podem ficar de molho muito tempo pois vão liberando as substâncias que nos
interessam na água. Se jogarmos a água fora, perdemos essas substâncias... Se
houver aquecimento em alguma fase do preparo desses vegetais, como decoção
ou infusão, a desinfecção é desnecessária, pois o calor já se encarrega disso.
Existem várias ervas muito utilizadas na preparação do hidromel, e apre-
sento abaixo as caracterı́sticas das mais utilizadas em metheglins e as quanti-
dade que eu pessoalmente acho razoáveis. O leitor perceberá que sou sempre
147
5. Os Ingredientes
muito econômico com elas, para não correr o risco de perder o lote (já acon-
teceu diversas vezes comigo). Sempre é melhor adicionar mais na guarda se
faltar sabor.
148
5.4. Frutas, ervas, e outros
149
5. Os Ingredientes
• Rosas (Rosa sp.): É a estrela dos rodoméis, onde se usam suas pétalas.
Normalmente se utiliza de 10 a 15 gramas por litro delas.
150
5.4. Frutas, ervas, e outros
• Zesto de laranja ou limão: Conferem aroma e uma certa acidez que pode
azedar o hidromel. Cautela. A parte branca do fruto, logo abaixo do
exocarpo é amarga e não deve ser utilizada. Peles de um terço a meio
fruto por litro dependendo do tamanho do mesmo devem ser o suficiente.
151
5. Os Ingredientes
• Extração a frio: É uma infusão. Neste caso pode ser necessária a adição
de sulfitos para desinfecção na quantidade de 1 grama de metabissulfito
a cada 5 litros de água sem cloro. A extração a frio pode levar vários
dias. É recomendada quando desejamos preservar aromas delicados e
muito voláteis.
152
5.4. Frutas, ervas, e outros
Sucos
Há muitas receitas envolvendo suco de frutas. O método mais simples
é simplesmente substituir a água da receita pelo suco da fruta em questão.
Essa estratégia é a mais simples, mas corremos o risco de encobrir totalmente
o sabor do mel, e os produtos de sua fermentação. Sucos mais diluı́dos podem
contornar o problema, mas ainda assim é preferı́vel haver um equilı́brio entre
suco e mel. Um bom meio de se atingir o equilı́brio é utilizando em torno
de 200 a 250 ml de suco para cada litro de mosto (tabela 5.9). 126,157 Note
sempre que as frutas contêm pectina, principalmente as maçãs, peras, mangas
e muitas outras. É sempre recomendável utilizar pectinase, como explicado
na seção 5.5.
Cogumelos
Cogumelos são corpos de frutificação de fungos de sabor caracterı́stico.
Muitos são comestı́veis, e outros alucinógenos, tóxicos ou mesmo mortais,
portanto só é recomendado o consumo de cogumelos que sejam sabidamente
153
5. Os Ingredientes
154
5.4. Frutas, ervas, e outros
No Brasil ainda não há grande variedade de espécies nos mercados, mesmo
porquê não é hábito do brasileiro consumir uma variedade de cogumelos como
europeus e asiáticos. O que encontramos no comércio, e felizmente é uma lista
que vem crescendo, são basicamente fungos asiáticos, como o shiitake, mas
também há outras espécies de origem europeia como champignon de Paris, e
boletus, além dos tradicionais funghi secchi que podem ser porcini ou outras
espécies, da culinária italiana. Os mais comuns e que podem ser utilizados em
receitas com grande chance de sucesso são o enokitake (Flammulina velutipes),
o shiitake (Lentinula edodes), os shimejis, branco (Hypsizygus marmoreus) ou
preto (Pleurotus ostreatus), ambos são deliciosos, o tradicional champignon
(Agaricus bisporus), e os Porcini secchi (Boletus edulis)
Antiespumante
Apesar de serem raras as fermentações de méis que gerem muita espuma
persistente no chapéu (parte superior do lı́quido) da fermentação, podemos
utilizar um agente anti-espumante para evitar a formação de espuma. Isso se
155
5. Os Ingredientes
Aromatização posterior
Era muito comum na França até o meio do século XX tentar aproximar o
hidromel de alguns vinhos mais conhecidos. Caillas mostra bem isso na sua
obra de 1947. 126 Descreve lá como preparar hidromel tipo Sauternes, Muscat,
Malaga, Siracusa, Malvasia, Grenache, Alicante, Tokaj, e até Vermute. Isso
é obtido principalmente com a adição de ameixas secas, groselhas, cerejas ou
uvas especı́ficas etc... No fundo são frutiméis tardios.
156
5.5. Aditivos
Nutrientes de leveduras
Como salientamos anteriormente o mel é um meio pobre em nutrientes,
e por conta disso precisamos adicioná-los ao mosto. As maiores demandas
de nutrientes são em nitrogênio e fósforo. Mas não é só isso. As levedu-
ras necessitam de vitaminas e micronutrientes como o zinco, cobre e ferro,
além de sais minerais como o magnésio e o cálcio para que possam fermentar
corretamente. 257,258 Suprir as leveduras em nutrientes vai fazê-las trabalhar
melhor, mais rápido, e sem surpresas. Nutrientes demais porém, podem con-
ferir um sabor estranho ao hidromel, inclusive notas salgadas, adstringentes,,
metálicas ou ainda acidez excessiva. Pode ocorrer também desprendimento de
157
5. Os Ingredientes
odores que lembrem o amonı́aco... 156 Apesar das vitaminas serem extrema-
mente necessárias, as leveduras podem fabricar parte delas e o mel, além dos
vegetais eventualmente, podem se encarregar de seu aporte. Não são portanto
tão crı́ticas na maioria dos casos. Nem tente adicionar complexos vitamı́nicos
ao seu mosto pois vai conferir sabor desagradável e facilitar a casse férrica
(explicado na seção 15) 156 . Além de vitaminas o mel traz consigo outros mi-
cronutrientes, entre eles o boro, o manganês, o iodo, e o zinco principalmente.
Há no entanto dois ”macro”nutrientes mais importantes com os quais devemos
nos preocupar que são o nitrogênio (N) e o fósforo (P). São trazidos ao mosto
de diversas maneiras como veremos daqui para frente.
Nitrogênio
O nitrogênio é parte essencial de todas as proteı́nas e o material genético.
Está presente em quase todas as biomoléculas que não podem existir sem ele.
A presença de nitrogênio em um mosto sob diversas formas (entenda-se nitra-
tos, amônio, proteı́nas etc...) não basta para as leveduras, pois elas devem ser
capazes de utilizá-lo, de assimilá-lo. Só as formas assimiláveis são úteis e estas
são principalmente sais de amônio, α-aminoácidos, nitratos, algumas aminas e
peptı́deos pequenos. A prolina, apesar de ser um aminoácido e estar presente
no mel, não é bem assimilada na ausência de oxigênio (em anaerobiose), por-
tanto é inútil para a S. cerevisiae durante a fermentação, mas é usada na fase
inicial quando o mosto está oxigenado. O teor de nitrogênio assimilável por le-
veduras (N.A.r ) é importante para garantir boas fermentações. 103,191,222,259–269
A tabela 5.10 traz os teores médios de aminoácidos livres presentes no mel e
no pólen. É importante observar que mostos de vinhos brancos apresentam
muito mais que o dobro das quantidades disponı́veis no mel, e mesmo assim,
às vezes, podem precisar de suplementação em nitrogênio...
É possı́vel medir o teor de N.A. (Y.A.N.) usando uma técnica chamada
de titulação com formol entre outras técnicas, 271 mas não é o propósito desse
livro explicar todos esses procedimentos aqui. O nı́vel ideal de N.A. (Y.A.N.)
varia de 200 a 350 mg/litro (ou ppm), abaixo de 150 mg/litro a fermentação
corre o risco de parar, acima de 350 ppm, o rendimento da fermentação dimi-
nui. 272 Uma fermentação sem nutrientes pode levar até 4 meses ou mais. Isto
porquê as leveduras vivas dependem da decomposição das mortas para reci-
clarem o nitrogênio disponı́vel (autólise), que muitas vezes não será suficiente
para encerrar a fermentação por completo. Bem nutridas as leveduras levam
um mês para fermentar.
r
Y.A.N. em inglês
158
5.5. Aditivos
A equação 5.5 só vale para valores entre 21 e 29 o Bx pois corresponde a valores
entre 200 e 400 ppm, que são o mı́nimo e o máximo recomendáveis de N.A. O
próprio mel já contém alguns aminoácidos livres, como já dissemos, na forma
159
5. Os Ingredientes
Tabela 5.12: Nitrogênio livre, N.L., em mostos a 1,110 g/mL com meles co-
muns no E.U.A.
Mel N.L. (ppm)
Laranja 5
Tupelo 10
Trevo 14
Trigo Sarraceno 21
160
5.5. Aditivos
Fósforo
O fósforo por sua vez, é importante para a produção de fosfatos de ade-
nosina A.M.P., A.D.P., e A.T.P., que são como moedas de troca energética
nos processos bioquı́micos. As células pode guardar energia em uns e gastar
em outros, e isso sempre ocorre envolvendo essas moléculas. Na respiração
e na fermentação não é diferente e torna o A.T.P. principalmente uma das
moléculas mais importantes para a vida na terra (figura 5.10). Essa sigla
significa trifosfato de adenosina, e contém 3 átomos de fósforo (sı́mbolo P)s .
Parece mais que natural que a levedura necessita de uma fonte de fósforo
para poder produzir A.T.P. em quantidade suficiente. Essa fonte não é o mel
com certeza, pois não oferece fósforo em quantidade suficiente. Por essa razão
adiciona-se uma fonte de fósforo na forma de algum fosfato. O ı́on fosfato
(PO3−
4 ) só existe nessa forma em pH muito alcalino, o que não é o caso do
hidromel, em pH mais ácido ele se transforma nos ı́ons HPO2− 4 (hidrogenofos-
s
A sigla em português deveria ser T.F.A.
161
5. Os Ingredientes
Como os ı́ons de fosfato têm carga negativa, ele são combinados com ı́ons
de carga positiva, que podem ser por exemplo amônio (NH+ 4 ). Perceba aqui
que este ı́on é uma fonte de nitrogênio assimilável por leveduras, e dessa forma,
com fosfatos de amônio temos uma fonte de fósforo e uma fonte de nitrogênio.
162
5.5. Aditivos
163
5. Os Ingredientes
• Vitaminas
A ação das vitaminas na biologia das leveduras é extremamente compli-
cada. Existem inúmeras funções e vias metabólicas implicadas, e podem
ser encontradas em minúcias no trabalho de Perli de 2020. As prin-
cipais vitaminas essenciais às leveduras são a biotina (vitamina B7 ), a
piridoxina (vitamina B6 ), o inositol, a riboflavina (vitamina B2 ) o pan-
totenato de cálcio (vitamina B5 ), e a tiamina (vitamina B1 ). 282 Algumas
observações no entanto podem ser levadas em conta aqui. É sabido
que deficiências de de pantotenato (entenda-se, vitamina B5 ) induz a
produção de H2 S (aquele que fede). As vitaminas mais crı́ticas como a
biotina, existem em nı́veis próximos a 0,2 µg/L nos mostos de mel, e de-
veriam estar em trono de 0,6 µg/L. A vitamina B1 por sua vez existe em
nı́veis 10 vezes maiores no mosto ( 6 µg/L), quando os nı́veis desejáveis
são de 60 µg/L. Para a vitamina B2 , os nı́veis encontrados são de 5
µg/L e deveriam estar em torno de 30 µg/L. 257
• Peptona
Peptona na verdade não é um composto quı́mico, mas uma mistura
de polipeptı́deos, obtida pela digestão parcial de proteı́nas, animais ou
164
5.5. Aditivos
”Energético”para levedura
165
5. Os Ingredientes
Pólen
Muitos hidromeleiros adicionam pólen aos seus mostos, com a finalidade
de enriquecer o meio de nutrientes, e às vezes como inóculo para fermentação
como no método de Derosne. É uma prática comum, mas gera produtos bas-
tante turvos, e de clarificação muito lenta. Não sei ao certo se o pólen é capaz
de suprir todas as necessidades das leveduras, mas sem dúvidas é uma boa
fonte de nutrientes. Foi demonstrado que a velocidade das fermentações au-
menta quando pólen é adicionado ao mosto, mas que é um nutriente mais pobre
em nitrogênio assimilável do que outros como leveduras mortas 224,270,284,285 . O
aporte de nitrogênio do pólen in natura no entanto não é facilmente assimilável
pelas leveduras, pois enriquece modestamente os mostos em aminoácidos livres
(F.A.N.), essencialmente a prolina, fenilalanina e acido glutâmico e existem
doses ideais para sua utilização. Devemos ter em mente que méis pouco pro-
cessados já são ricos em pólen. O pólen é, via de regra, muito resistente ao
ataque quı́mico, portanto boa parte dos nutrientes que pode fornecer, pode
não estar disponı́vel 5 . Grandes quantidades de pólen no mosto acabam alte-
rando o sabor da bebida final e todo o perfil gustativo, podendo gerar gosto
amargo quando em doses muito altas. Em testes sensoriais a dose máxima
recomendada, isto é, aquela que é eficiente para alimentar leveduras, mas que
não vá alterar demais o sabor da bebida é de 30 g/hL ou 300 mg por litro 98,285 .
A cinética da fermentação é muito sensı́vel à presença de nitrogênio, como
à de outros nutrientes de maneira geral. A figura 5.12 apresenta perfis de fer-
mentação de mostos diluı́dos na presença de quantidades crescentes de pólen,
e mostra que pequenas quantidades de pólen já aceleram a fermentação signi-
ficativamente. O pólen também traz consigo uma série de leveduras selvagens,
que podem fermentar o hidromel, mas dificilmente serão capazes de completá-
la, já que fermentam dificilmente 126 . Levando em conta a quantidade de N.A.
do mel, podemos calcular a quantidade total de N.A. em um mosto nutrido
com pólen pela equação seguinte: 270
Go-Ferm
Este é um coquetel de nutrientes registrado pela Lallemand que contém
minerais, aminoácidos e vitaminas. Utiliza-se na proporção de 1,25 gramas
para cada grama de levedura seca. Lembrando que 5 g de leveduras são sufici-
entes para 20 litros, devemos utilizar 6,25 g de GO-Ferm para esta quantidade
de mosto. Este coquetel é especialmente indicado para a reidratação das leve-
166
5.5. Aditivos
Fermaid K®
167
5. Os Ingredientes
Subnitrato de Bismuto
Textos antigos, digo de 100 anos atrás mais ou menos, mencionam siste-
maticamente o subnitrato de bismuto (Bi5 O(OH)9 (NO3 )4 ) para esterilizar
o mosto. 95,137 A quantidade adicionada é de 0,1 g/litro de mosto. Parece
que o subnitrato impede o desenvolvimento de microrganismos, mas não o de
leveduras. Apesar de ser utilizado em medicamentos o sal de bismuto tem
desaparecido das receitas de hidromel. Há uma certa especulação de que a
presença de subnitrato aumenta a produção de etanol em quase 10 %. Esse
sal era utilizado para a preparação de mostos a frio, e na ausência de ácido
tartárico, que poderia aumentar a solubilidade deste composto, o que poderia
ser levemente tóxico.
168
5.5. Aditivos
dade deve aumentar para 5 gramas para 20 litros. Outros autores no entanto
recomendam quantidades ainda maiores até 10 gramas em 20 L, o que daria
algo em torno de 0,5 g/litro de mosto. 137,232 Como o hidromel já é ácido, reco-
mendo cautela. Os três ácidos em questão ocorrem naturalmente em frutas e
fornecem caracterı́sticas gustativas necessárias para o equilı́brio do hidromel.
A seguir trago uma breve descrição dos três:
• Ácido Cı́trico: Como o nome já diz é aquele presente no limão, laranjas
e demais frutas cı́tricas. Outras frutas também contêm ácido cı́trico,
mas nestas ele é mais concentrado. O Ácido cı́trico contribui para o
sabor do hidromel, principalmente com os menos doces, tornando-os
mais refrescantes.
• Ácido Málico: Este provém das maçãs. Quando comemos maçãs verdes
sentimos bastante seu sabor. Traz consigo uma certa adstringência,
dando uma sensação tânica e mais seca na boca.
Em uvas encontramos média ácido tartárico (+6 g/L ou 50%), ácido málico
(4-6,5 g/L ou 40%) e ácido cı́trico (0,1-0,7 g/L ou 10%). Estes teores são um
bom guia para enriquecer e melhorar o equilı́brio do seu hidromel.
Muitas receitas agregam ao mosto, suco de limão, de laranja de maçã ou de
outra fruta em pequena quantidade. Neste caso a fruta é a fonte de ácidos
orgânicos e a ideia não é fazer um fructimel, mas sim aportar ácidos orgânicos
ao mosto. No caso das cı́tricas, principalmente de ácido cı́trico , o ácido
tartárico nas uvas, no caso das maçãs, ácido málico. Esta é a melhor (e talvez
a única) saı́da para quem não dispõe destes ácidos em casa. O ácido tartárico
aproxima mais o hidromel do vinho branco, conferindo à bebida uma acidez
leve e tı́pica das uvas. O ácido málico dá uma certa sensação de corpo na
bebida final, enquanto que o ácido cı́trico traz frescor à bebida.
Taninos
Taninos são uma enorme famı́lia de compostos quı́micos da famı́lia dos
fenóis, muitas vezes poliméricos chamados de polifenóis. São encontrados em
inúmeros produtos naturais, em especial nas cascas de uvas e outras frutas,
nas sementes de muitas frutas, polpa de frutas verdes e nas madeiras também.
169
5. Os Ingredientes
170
5.5. Aditivos
elétrica, pois são quase sempre ı́ons. A carga das proteı́nas varia com o pH,
sendo que normalmente são carregadas positivamente em meio ácido (o mais
comum no hidromel) e negativamente em pH alcalino. O valor desses pH’s
são próprios para cada proteı́na, e o pH em que não possuem carga chama-se
ponto isoelétrico (figura 5.13).
171
5. Os Ingredientes
trar o floculante adequado para seu coloide. Se o coloide tem carga positiva,
você precisa de um floculante com carga oposta. A bentonita por exemplo
é um bom exemplo que deve funcionar na faixa de pH dos hidroméis. Exis-
tem mecanismos mais complexos de floculação, mais complicados que somente
compensação de carga. A ciência de coloides é uma ciência à parte e vasta,
não cabe aqui nos alongarmos nesse assunto. O que podemos deixar aqui é
que: em geral os coloides no hidromel têm carga positiva. Os floculantes de
carga negativa naquele pH devem funcionar. A pectina, deve ser removida
antes de preferência, com enzima péctica, ou pectinase. Essa é mais difı́cil de
eliminar depois da fermentação.
Floculantes
Uma vez feita a descuba, é hora de maturar e clarificar seu hidromel, com
certamente estará bem turvo a esta altura. Essa turbidez indica a presença de
um coloide, que é formado principalmente por células de levedura, proteı́nas e
pectina em suspensão. Existem diversas substâncias que conseguem atuar em
coloides ao nı́vel molecular. Estes floculantes ou clarificantes vão, via de regra,
ligar-se às moléculas carregadas formandos pequenos grumos, menos carrega-
dos, maiores e consequentemente mais pesados. Por serem mais volumosos e
menos carregados, não conseguem se manter em suspensão coloidal e acabam
por precipitar no fundo do recipiente. Os clarificantes, ou floculantes podem
ser substâncias das mais variadas, de origem vegetal (musgo irlandês, tanino),
animal (sangue, leite, clara de ovo, gelatina), ou ainda mineral (bentonita,
sı́lica). Cada um dos clarificantes possui caracterı́sticas próprias e nem to-
dos dão os mesmos resultados. 289,290 É aconselhável ao hidromeleiro dispor de
mais de um tipo de clarificante na sua bancada, pois não há um que funcione
172
5.5. Aditivos
173
5. Os Ingredientes
174
5.5. Aditivos
teor desejado
Solução mãe de bentonitamL = ×Volume do lote em litros
100
(5.9)
175
5. Os Ingredientes
176
5.5. Aditivos
Enzima péctica
Enzimas são biomoléculas (naturais) que possuem a função de realizar
reações especı́ficas nos organismos vivos. São catalisadores, uma vez que estas
reações não aconteceriam com a mesma facilidade em sua ausência. Por serem
catalisadores, as enzimas podem repetir a mesma reação centenas ou milhares
de vezes sem sofrer alterações, pois elas servem como suporte para que a
reação aconteça. A enzima péctica, ou pectinase é uma enzima natural que
tem a capacidade de degradar a pectina, presente nas frutas convertendo-o em
carboidratos menores. A pectina gera uma turbidez em frutiméis muito difı́cil
de eliminar, a não ser com inúmeras filtrações, pois geralmente não assenta no
fundo do recipiente e trasfegas podem se mostrar ineficientes. 156,157 A pectina
é um carboidrato polimérico, análogo ao amido por exemplo. A pectinase pode
cortar a pectina em pedacinhos pequenos, que não gerarão turbidez alguma.
A dose recomendada é 0,5 g/L e é adicionada ao mosto (ou ao suco/extrato de
frutasque será adicionado) em geral 24 horas antes da inoculação das leveduras
ou da adição de outros aditivos. A pectinase não pode ser aquecida, ou perderá
177
5. Os Ingredientes
O desde que se tomem os cuidados adequados para isso. 114 Pode evoluir
para melhor também, certamente, mas contaminações outros fatores
podem fazer o inverso. O hidromel vai conservar bem se colocado em gar-
rafas deitadas, bem arrolhadas (quando digo isso, digo com rolhas que não
vazam nem esfarelam). Prefira as garrafas âmbares ou verdes pois a luz vai
afetar seu hidromel. Ela costuma mudar a cor da bebida e pode dar origem
a reações fotoquı́micas diversas. A temperatura de armazenamento também
é importante. Se puder manter suas garrafas abaixo de 20 o C seria o ideal,
e ao abrigo da luz. Uma vez deitada a garrafa, mantenha-a dessa forma. Se
notar vazamentos nas rolhas, logo após o envase, troque a rolha. Rolhas ruins
vão facilitar vazamentos, entrada de oxigênio e formação de fungos. Tudo
isso é péssimo para o hidromel. Algumas substâncias ajudam a preservar o
hidromel de diversas formas. Alguma são chamadas de redutoras, como é o
caso da vitamina C, e assim sendo, evita a oxidação da bebida pelo oxigênio
principalmente. Redutores costumam também capturar radicais livres que po-
dem eventualmente ser gerados pela incidência de luz no hidromel, evitando
que eles reajam com outras coisas, protegendo assim a bebida de reações fo-
toquı́micas. Outras substâncias são bactericidas ou bacteriostáticas, que vão
combater infecções bacterianas do hidromel. Dentre todas as substâncias uti-
lizadas como aditivos após fermentação a mais versátil é sem dúvida o SO2
que muitos chamam de sulfito. Ele não só é bactericida como também é redu-
tor, portanto protege o hidromel de diversas maneiras distintas. Quem pensa
em produzir hidromel para a venda dificilmente vai escapar dos aditivos. Isto
não torna a bebida artificial ou coisas assim. SO2 é produzido pela queima do
enxofre.
Ácido ascórbico
É o nome da vitamina C . É um anti-oxidante, pode ser adicionado ao hi-
dromel para evitar ou reduzir a ação do oxigênio, que é um oxidante. Pode ser
utilizado juntamente com os sulfitos e a quantidade máxima a ser empregada é
de 0,1 g/L. Alguns aproveitam também o fato de ser um ácido, para reduzir o
pH do hidromel, preservando-o ao mesmo tempo. Mas o principal benefı́cio do
178
5.6. Conservantes
Metabissulfito de sódio
O Metabissulfito de sódio ou potássio (MBS), é um poderoso agente bac-
tericida. Ele é muito utilizado na preparação de vinhos e hidroméis, e é tão
versátil que pode ser utilizado desde a limpeza de material de preparação do
hidromel para esterilização, até a conservação do hidromel. O MBS libera na
água óxido de enxofre SO2 , que já era utilizado pelos Romanos como desinfe-
tante. O uso de sulfitos, que é o nome geral que damos para os derivados do
SO2 como o MBS é às vezes complicado, pois depende muito do pH que traba-
lhamos e da finalidade que queremos. Um capı́tulo dedicado ao uso, dosagem
e caracterı́sticas dos sulfitos pode ser consultado mais adiante, na seção 13.6.
Sorbato de potássio
O sorbato de potássio é outra substância bastante utilizada na conservação
do vinho e do hidromel. Esta substância é basicamente bacteriostática, ou
seja, não mata bactérias mas impede sua multiplicação. Os sorbatos são utili-
zados sempre em conjunto com sulfitos, pois não seriam eficientes o bastante
sozinhos. Como para os sulfitos, há uma descrição mais completa do uso de
sorbatos na seção 13.7.
Carvão ativo
O carvão ativo sempre serviu para remover odores. Vai fazê-lo com cer-
teza, mas removerá bons e maus odores. Deve ser usado na quantidade de no
179
5. Os Ingredientes
180
Parte III
Planejamento e preparação
181
Capı́tulo 6
A Preparação do Hidromel
183
6. Preparação
e você não for uma pessoa paciente, não tente fazer hidromel. O
184
6.1. Pré-requisitos
prova, você vai agradecer a si mesmo de ter dado mais um mês de maturação.
A diferença é marcante, o que é ácido e muito alcoólico no começo tende a
atingir um equilı́brio bem mais palatável. Ao contrário da cerveja, não se faz
hidromel em um mês. Tive um lote que levou 4 anos para ficar agradável, e
por sinal muito agradável, que até então era enjoativo e muito ácido. Fala-
mos um pouco disso no capı́tulo 9. Hidroméis realmente velhos, com mais de
4 anos por exemplo são chamados de grand mead que seria ”grande hidromel”.
Hidroméis muito jovens são chamados de hidroméis verdes, por não es-
tarem maduros, e em alguns casos, podem até ser bem agradáveis, desde
que sejam hidroméis mais fracos 40 (short mead) ou em situações em que seja
aceitável uma certa acidez, tı́pica por exemplo de vinhos Verdes portuguesesc .
Rarı́ssimos são os casos em que um hidromel diminui em qualidade com o
tempo, e geralmente o faz quando há alguma fruta especı́fica como a tâmara
, melão, melancia, ou mamão por exemplo. 40,124
c
Aqui Verde não tem o mesmo sentido. É uma denominação de origem. : 1.V ð − S0@62℘
185
6. Preparação
em definir objetivos para cada nova receita que se prepara. Em outras pala-
vras, é necessário um bom planejamento da receita que se vai executar, definir
objetivos de estilo, definir teor alcoólico desejado, aditivos, o quê, quanto,
como e quando adiciona-los. Todos estes parâmetros devem ser definidos com
antecedência, e um caderno de anotações é imprescindı́vel. Não con-
fie na sua memória, pois por melhor que seja, não vai lembrar de todos os
detalhes em alguns meses. Anotações, planejamento e acompanhamento são
essenciais. Digo acompanhamento pois à medida que vamos preparando o
hidromel, ou seja do mosto à garrafa temos que observar como ele evolui,
anotando tudo. Se a fermentação ocorreu normalmente, se as trasfegas foram
bem sucedidas, se o sabor mudou etc...Tudo isso é essencial para se detec-
tar problemas e garantir reprodutibilidade de receitas inesquecı́veis. O pior
pesadelo do hidromeleiro é preparar um lote divino e não conseguir refazê-lo
por não se lembrar dos detalhes... O meu sexto lote era de um espumante de
mel de morrão de candeia com um sutil toque de anis. É um dos melhores
que já provei até hoje. Infelizmente perdi o papel onde anotei os detalhes da
receita. Ninguém que o tenha provado me perdoa por isto, principalmente
minha esposa! Para o iniciante fica outra dica que carrego comigo: mais de
dois ingredientes além da água mel e leveduras, é bobagem. Aventure-se em
sabores mais sofisticados à medida que aumenta seu conhecimento no assunto.
Limpeza absoluta é uma condição sine qua non d para a produção de be-
bidas de qualidade, e este é o terceiro pré-requisito. Quando falamos em fer-
mentações, todo o cuidado é pouco para evitar contaminações. Os micróbios
dos mais diversos tipos estão por toda parte, água, ar, objetos, madeira, te-
cido, patas de insetos, e principalmente nas SUAS MÃOS e SEU CORPO...
estão em absolutamente todos os lugares! O que vamos manipular durante o
preparo de hidromel é mosto, ou seja um imenso caldeirão de nutrientes para
uma infinidade de micróbios presentes em nosso ambiente. Mas nós quere-
mos que apenas um ou dois sobrevivam e prosperem no mosto, que são as
nossas leveduras. A menos de ter uma sala totalmente estéril em casa, não
terá escolha o hidromeleiro senão tentar reduzir ao máximo o risco de conta-
minação do mosto, o que simplesmente arruinaria seu hidromel, tornando-o
azedo, amargo, ou simplesmente intragável (talvez até venenoso). O único
meio de que dispomos para realizar isto, é sendo manı́acos por limpeza e de-
sinfetar todo nosso material antes de começarmos a trabalhar. Desinfetar todo
e qualquer elemento que entre em contato com o mel, os ingredientes, enfim
com qualquer parte do mosto. O mais importante é que essa assepsia deve ser
d
Sem a qual não é possı́vel
186
6.1. Pré-requisitos
187
6. Preparação
por 15 minutos e depois lave tudo com água tratada (clorada da torneira) até
que não sinta mais o cheiro do hipoclorito. Sim, pois é, a água da torneira
deve em tese ser estéril tb...mas este é um inconveniente do hipoclorito. Não
utilize hipoclorito com peças de alumı́nio, pois ele o corrói. Pessoalmente eu
evito utilizar hipoclorito para esterilizar frutas ou verduras que colocarei no
mosto, isto por preferir evitar o consumo de organocloradose , que inevitavel-
mente se formarão. Outro reagente interessante é o iodo (I2 ). Eu costumo
usá-lo para esterilizar fermentadores. Não é à toa que é usado em cirurgias, ele
é da famı́lia do cloro e também é um potente antisséptico. Existe na forma de
tintura de iodo (a 2 % com iodeto em etanol e água) nas farmácia e na forma
de Iodoforf , que é iodo com um composto chamado poli(vinilpirrolidona) ou
(PVP). Eu pessoalmente prefiro a primeira forma, pois a segunda deixa mais
resı́duos e é mais cara. Para esterilizar fermentadores por exemplo, encho-os
de água da torneira, e pingo algumas gotas de tintura agitando o fermentador
até que a água fique com coloração de chá ralo de erva cidreira, que é um
amarelo quase imperceptı́vel. Deixo agir por meia hora e enxáguo uma vez.
Há quem não enxague depois de usar iodo. Basta sentir o cheiro, se o iodo
estiver presente e você não quiser enxaguar pode deixar o frasco aberto para
que saia, mas aı́ existe o risco de re-contaminação.
Álcool de posto de combustı́vel não pode ser utilizado. Ele recebe uma série de
aditivos e uma substância que o deixa extremamente amargo, o denatônio, para que
não seja bebido. Com certeza passaria para o hidromel.
188
6.1. Pré-requisitos
g
O termo sanitizar é um anglicismo, em português o verbo é sanear, mas podemos
utilizar esterilizar, ou assepsiar, asseptizar ou desinfetar que são verbos mais próximos do
sentido da coisa, que é matar germes e tornar estéril.
189
6. Preparação
6.2 O Preparo
190
6.2. O Preparo
O local
Preparar hidromel não é complicado mas exige limpeza como já dissemos.
A menos que você seja adepto de receitas selvagens e preparações radicais 40,44 ,
recomenda-se que prepare o mosto numa cozinha com bastante espaço, e sobre-
tudo ao abrigo dos insetos. É importante também ter acesso a uma torneira,
para lavar o material que já não for mais utilizado. Sempre devemos lavar o
material assim que acabarmos de utilizá-lo. Mosto seco favorece a proliferação
de microrganismos e pode ser difı́cil de remover posteriormente.
191
Capı́tulo 7
O Mosto
193
7. O Mosto
194
podem mudar esse quadro.
195
7. O Mosto
nutos afim de torná-lo estéril. O mel industrializado passa muitas vezes por
esse processo MAS saibam que certos organismos resistem a ele. É o caso
por exemplo de esporos de clostridium, bactéria que gera a toxina botulı́nica.
Estes resistem à pasteurização branda e não são os únicos. No caso do mel e
do mosto de mel, aquecimentos prolongados podem alterar suas caracterı́sticas
como explicaremos adiante, na próxima seção. Hoje em dia podemos adquirir
filtros de malha tão fina que são chamados de ultrafiltros. Essas malhas (ou
poros do filtro) são tão finas que conseguem reter bactérias e micróbios em
geral, tornando assim o filtrado asséptico. Outras impurezas do mel também
são retiradas por ultrafiltração. Esta técnica apesar do seu alto custo é a me-
lhor alternativa para se preparar o mosto de hidromel, pois além de reunir as
vantagens do método quente e frio, gera um produto de alta pureza e grande
aceitação do público. 269,303–307
196
7.1. Mel e água
A esta: quanto de mel vou utilizar? Bem, a resposta está aqui... Como
exposto anteriormente, a composição dos diversos meles que encontra-
mos é bastante diversificada e pode oscilar de florada a florada, mas sempre
está compreendida num intervalo conhecido. Por conta disso as quantida-
des preconizadas na preparação de mostos podem variar de uma referência
para outra, e aquelas formulinhas mágicas de cálculo podem mudar por conta
disso. Se o leitor não estiver muito preocupado com minúcias e preciosis-
mos e deseja apenas ter uma ideia do que está preparando, ele pode encon-
trar quantidades de mel de acordo com que deseja na tabela abaixo (tabela
7.1). 44,79,106,122,123,127,157,198,199,232,256,266,308–310
Figura 7.1: Tipos de hidromel de acordo com a quantidade de mel por litro
de mosto, assim como o potencial alcoólico que têm e as densidades iniciais
aproximadas, a 20 o C
197
7. O Mosto
suaves, uma vez que atingiremos a tolerância alcoólica da maioria das cepas
comerciais. Acima desta quantidade de mel no mosto 380 ou mais g/L, tere-
mos bebidas doces e até licorosas.
Perceba que na tabela 7.1, os potencial alcoólico aumenta cada vez mais com
o aumento do teor de mel. Esses teores mais elevados porém não são sempre
atingidos pelas razões que explicarei adiante, mas é uma projeção do poderia
ser produzido se todo o açúcar fosse convertido. A maior parte das leveduras
começa a morrer na presença de mais de 10 % de etanol, por isso é chamado de
potencial alcoólico, mas esse nem sempre é atingido. Não adianta, por exem-
plo, pensar num mosto que contenha mel suficiente para gerar 12 % de A.E.V.
e pensar que ele será seco, utilizando leveduras com tolerância ao etanol de 8
%, evidentemente.
198
7.1. Mel e água
Cada grama de mel por litro de mosto (atenção, é o volume final, não o
de água adicionada!) gera um incremento de aproximadamente 0,0003 g/L na
densidade inicial (Di ) de seu mosto. Consideramos aqui meles com densidades
de 1,42 kg/L e 79 % de açúcares.
Podemos então realizar um cálculo simples para estimar a quantidade de
mel necessária por litro, para obtermos o valor de Di que queremos:
Di − 1, 0018
M el(g/L) = (7.1)
0, 0003
Ou se quisermos partir do mel;
199
7. O Mosto
Figura 7.2: A figura reúne mais de 200 pontos experimentais - para meles
diversos, e teóricos -para meles a 75% e a 79% de açúcar. Os pontos em preto
seguem a regressão linear que melhor ajusta esses pontos (R2 =0,992).
Se precisar converter libras por galão, unidade frequente nas receitas em inglês,
há uma tabelinha no final do livro com esses valores (tabela B.1).
Mas então, qual é a densidade inicial que devo buscar ao planejar meu
mosto? Bem, vai depender de que tipo de hidromel você deseja preparar, le-
vando em consideração teor alcoólico (% A.E.V.) e dulçor residual (ou seja se
quer ele seco, suave ou doce).
Temos que entender que quanto mais mel houver no mosto, mais etanol
a levedura poderia produzir, portanto mais mel significa, em tese, mais teor
alcoólico. Note que estamos assumindo aqui que TODO o açúcar seria conver-
tido em etanol, dando portanto uma ideia do máximo que poderı́amos produzir
de álcool, que é chamado de A.E.V. potencial, ou potencial alcoólico. No
entanto temos o outro lado da moeda: quanto mais etanol estiver presente na
solução menos a levedura tem condições de sobreviver, pois o etanol que ela
gera é o mesmo que a mata. Além disso, diferentes leveduras atenuam mos-
tos de maneiras diferentes (figura 7.1). Fermentações a 100 % de eficiência,
quando 100 % do açúcar é convertido a etanol, são bem raras e normalmente
200
7.1. Mel e água
201
7. O Mosto
202
7.1. Mel e água
ou
o
Bx = (−171, 72 × Densid.2 ) + (597, 97 × Densid.) − 426, 16 (7.4)
mel, g/L = (0, 0559 ×o Bx2 ) + (11, 879 ×o Bx) − 0, 7624 (7.5)
...ou o contrário, passando de g/L de mel para o Bx :
o
Bx = (−1, 967.10−5 × mel2g/L ) + (0, 0812 × melg/L ) + 0, 275 (7.6)
Você encontrará uma série de formulas para esses cálculos, além de fórmulas
simplificadas na tabela B.3. As fórmulas simplificadas podem atender o hi-
dromeleiro menos rigoroso com desvio bastante aceitável.
203
7. O Mosto
204
7.1. Mel e água
Potencial alcoólico
Considerando que o mel seja composto de 79 a 85 % de açúcares fermen-
tescı́veis (o que não é bem verdade) e que precisamos de 17 a 20 g/L de
açúcares destes para produzir 1% de álcool, quer dizer a grosso modo que
necessitamos de 20 a 24,7 g (ou 14,2 a 17,6 mL) de mel por litro de mosto
para cada % de álcool. No caso do vinho por exemplo, é comum recorrer à
chaptalização, que é a adição de açúcar ao mosto quando as uvas não estão do-
ces o suficiente para dar origem a um bom vinho, com teor alcoólico adequado.
Considere 23 gramas de mel por litro de mosto para cada % de álcool em volume
no hidromel.
M el(total,kg) × 1000
P ot.Alc.%A.E.V. = (7.7)
M osto(litros) × 23
ou se preferir:
M el(g/L)
P ot.Alc.%A.E.V. = (7.8)
23
Se desejarmos o inverso, isto é, calcular a quantidade de mel para um
determinado potencial alcoólico, utilizamos a seguinte expressão:
205
7. O Mosto
Di − 1, 0018
P ot.Alc.%A.E.V. = (7.10)
0, 0069
e partindo de o Bx :
4 × mel(g/L)
%A.E.V. = (7.12)
90
ou inversamente:
A.E.V. × 90
M el(g/L) = (7.13)
4
Que funciona bem até 12 %, ou ainda esta partindo de o Bx mas bastante
aproximada:
4 ×o Bx
%A.E.V. = (7.14)
9
Seja qual for o coeficiente de conversão escolhido é sempre simples repre-
sentar o potencial alcoólico em função do teor de mel do mosto como mostra
a figura 7.1
Há outra regrinha simples e aproximada que permite memorizarmos isso
também, e que utiliza graus Baumé e que, nesse caso, é aproximadamente o
mesmo teor % A.E.V. :
Começando com 100 g/L de mel temos 5 graus Baumé (o Bé). A graduação
aumenta de 2 unidades a cada 50 gramas de mel a mais. A graduação é mais ou
menos igual ao potencial alcoólico (veja tabela 7.1).
206
7.1. Mel e água
Quantidade de água
Para se calcular agora a quantidade necessária de água para seu mosto, ou
qual será a densidade de seu mosto depois de adicionar um volume conhecido
de água, o cálculo é bem simples. Considerando que 1,42 gramas de mel
correspondem a 1 ml teremos para um litro de mosto:
M el(g/L)
q.s.p.ml de agua = 1000 − (7.15)
1, 42
Que fique bem claro, novamente, que nem todos os meles têm densidades
iguais, e que o correto aqui seria medir a densidade do seu mel (pesando uma
volume conhecido dele) e substituindo 1,42 pelo valor medido para seu mel.
207
7. O Mosto
Açúcar residual
Se sabemos o teor alcoólico que almejamos, ou pelo menos, o teor que
possı́vel obter pela quantidade de mel que adicionamos, também devemos
pensar em quanto açúcar residual teremos em nosso produto final. Normal-
mente é possı́vel saber qual o dulçor do hidromel sabendo sua densidade final,
208
7.1. Mel e água
e podemos classificá-los da seguinte maneira: seco com Df até 1,01, meio seco
com Df entre 1,01 e 1,025 e doce com Df entre 1,025 e 1,05, segundo a BJCP.
Segundo Schramm, Papazian e Renotte, há uma classificação que julgo melhor
e que consta na tabela 7.3. 117,118,121
209
7. O Mosto
Exemplo da equação 7.18: Usamos uma levedura que tolera 10 % A.E.V. (ou
uma Dtolerada =1,074 g/mL). Queremos um hidromel suave com Df =1,025 g/mL.
Devemos então partir de uma Di de (1,025+1,0,74)-1=1,099 g/mL.
7.2 O pH do mosto
210
7.2. pH do mosto
Faça isso somente se não tiver outra opção, como por exemplo numa fer-
mentação travada por acidez excessiva(ver figura 7.8) onde isso realmente deve
ser feito. Se você não tem ideia do pH resultante do mosto, antes de começar,
numa proveta dilua um pouco de seu mel na água que vai usar, na mesma
211
7. O Mosto
proporção que vai utilizar na sua receita. Meça o pH. Saberá por exemplo se
a água que está utilizando é muito básica (alcalina) por exemplo.
212
7.3. O mosto
213
7. O Mosto
Não há uma só resposta para a questão. 58,156,326 Depende do que você
quer com a fervura (ou aquecimento moderado), se você precisa mesmo dela,
depende também do mel que está utilizando além do estilo que está produ-
zindo. Algumas vezes a fervura não deve nem ser sequer cogitada, às vezes é
recomendada e faz a diferença. O argumento dos mais puristas é o mais óbvio
mas também o mais vago: “Ferver o mel compromete seu aroma, pois a tem-
peratura remove os voláteis que lhe conferem aroma.” Nunca nenhum colega
hidromeleiro no entanto conseguiu me dizer qual é a extensão deste “dano
mortal” com aquecimento. Inclusive a maioria deles prepara meloméis, em
que os aromáticos do mel acabam sendo totalmente mascarados pelas frutas
ou pelas leveduras, ficando em segundo plano. Vem a segunda pergunta: “ Se
o plano é preservar o aroma do mel, por quê colocar frutas, ervas, caramelo,
cacau, bacon, chocolate etc. . . ?” A terceira pergunta: como você escolhe a
214
7.4. O Eterno Debate
215
7. O Mosto
216
7.4. O Eterno Debate
para que seja detectada pelo nariz. Agora, para duas destas substâncias, o
4-metil-fenol e o acetato de isoamila, houve aumentos consideráveis de con-
centração após aquecimento prolongado (mais de uma hora) e este aumento
é sistemático, ou seja ocorre sempre para qualquer mel, mas em extensões
diferentes, dependendo do mel. Destas duas substâncias, apenas a segunda
tem um limiar olfativo baixo o suficiente para que possa ser notada variação.
Portanto, segundo este extenso trabalho, a conclusão é muito simples: um
aquecimento longo pode aumentar as notas de banana no produto final. Em
um outro trabalho, Gupta chega a conclusões distintas, mas não procedeu à
análise quantitativa como no anterior, mas sim à análise sensorial. 174 Quando
compara hidroméis preparados a frio e a quente percebeu que o segundo se
conserva melhor que o primeiro, ao longo do tempo. Além disso diz que o
aroma deles é diferente mas ambos tiveram boa aceitação por parte dos de-
gustadores. Baseado nos dados de outro autor 303 ele analisa três hidroméis
preparados de diferentes maneiras: um com aquecimento rápido (tipo flash,
ultra-rápido) um com aquecimento prolongado (de 2 a 4 horas) e outro ultra-
filtrado a frio. Conclui que aquecimentos prolongados escurecem o hidromel e
deixam um sabor resinoso ou algumas notas de borracha. De todos os três, o
mosto ultrafiltrado foi o que recebeu a melhor avaliação com mel de trevo.
Mas afinal, por quê alguém ferveria o mosto? Os antigos sempre o faziam
e há diversas razões para isto. A primeira delas é a mais óbvia: a temperatura
ajuda a dissolver o mel e esteriliza o mosto. Sim: é fato. Para dissolver o
mel, água morna basta (45 o C ), mas para esterilizá-lo são necessários pelo
menos 15 minutos a 65-80 graus, o que não é uma fervura. O mel vem car-
regado com microrganismos osmofı́licos latentes, em dormência, que passarão
a trabalhar desde que a água do mel seja maior que 17 %. 184,193,211,329 Eles
podem e provavelmente vão arruinar seu hidromel, se você não se livrar de-
les a tempo e não dispuser de uma cepa de leveduras resistente. É sabido,
no entanto, que o mel processado em muitos paı́sesa é em geral pasteurizado
pelo método UHT (que é aquecimento e resfriamento ultra-rápido, para não
prejudicar suas caracterı́sticas) e filtrado e que isso já inativa enzimas e mata
boa parte da microbiota presente no mel. 330 Mesmo assim sabemos que os
esporos de clostriduim, microrganismo responsável pelo botulismo, resistem
a este processo. Portanto, meles processados são praticamente estéreis, mas
nem sempre. Cabe consultar a fonte de seu mel, sobre o processo.
Caso opte por aquecer seu mosto, notará que quando a temperatura passa
a
No Brasil não é costume nem exigência legal pasteurizar o mel pelo que pude averiguar.
217
7. O Mosto
Remove-se esta escuma resinosa com uma escumadeira ou peneira que deve
ser limpa em água fria como mostra a figura 7.11.
Logo após o processo de escumação já é possı́vel ver proteı́nas coagulando
antes mesmo da inoculação. Isto certamente é um indicativo de uma boa
clarificação no futuro (figura 7.12).
Este processo irá reduzir seu tempo de floculação (seu hidromel clarificará
de três a cinco vezes mais rapidamente do que em mostura a frio) e ganhará
tempo de prateleira. Isto é: seu hidromel manterá seu sabor e qualidade por
anos a fio, com pouca tendência a azedar . 174 Isto porque reduzimos a pro-
218
7.4. O Eterno Debate
219
7. O Mosto
220
7.5. Frente móvel
221
7. O Mosto
222
7.5. Frente móvel
1
Frentealtura = constante × ln( ) + alturainicial (7.19)
tempo
Colocando os dados numa planilha, isto é, altura da frente em função
223
7. O Mosto
de 1/t, podemos calcular essa constante que é única para cada fermentação.
Criamos um gráfico do tipo dispersão e adicionamos uma linha de tendência
logarı́tmica. A planilha calculará então a função que melhor se ajusta aos seus
pontos experimentais. O valor da constante da equação 7.19 sai dessa equação.
Já repeti esse procedimento em três receitas com resultados animadores. É
um método novo que deve ser testado com outras receitas.
224
Capı́tulo 8
A Fermentação
225
8. A Fermentação
Para que uma fermentação seja bem sucedida precisamos garantir uma
série de condições para o bom desempenho das leveduras.
226
8.1. Oxigenação
esse teor cai para 7,5 mg/L (figura 8.1). É portanto melhor oxigenar o mosto
à menor temperatura possı́vel.
Em ambiente aeróbico, as leveduras reproduzem-se rapidamente, criando
colônias populosas e saudáveis, o que é benéfico para sua fermentação uma
vez que reduz o risco de estresse das leveduras e produção de A.I.F.s (Aromas
227
8. A Fermentação
228
8.1. Oxigenação
229
8. A Fermentação
Há ainda quem use o critério do dulçor para oxigenar o mosto, vedando o
sistema de fermentação com o respiro somente quando o mosto tiver consumido
2/3 do seu açúcar. Até então a fermentação é aberta, protegendo o mosto com
telas de pano mas não privando-o de ar. 341 Certos autores afirmam também
que só mostos muito bem oxigenados podem dar origem a hidroméis muito
secos, além de proteger o mosto de bactérias láticas. 104
230
8.2. Inóculos
ou ainda
litros de mosto ×o Bx
Gramas = (8.3)
22, 5
Fica evidente portanto que quanto mais doce o mosto, mais células são
necessárias, por conta do aumento da pressão osmótica do meio. É por essa
razão que o número de células viáveis recomendado varia de obra para obra.
Pessoalmente tenho utilizado 5 gramas para 25 litros sem problema algum há
vários anos, e em diversos mostos, sem me preocupar muito com a densidade,
já que estou no meio termo com essa quantidade. Caso ache melhor, você
pode utilizar o dobro, ou seja, 10 g para 25 litros.
231
8. A Fermentação
232
8.2. Inóculos
Pés-de-cuba
Caso precise de mais levedura de que dispõe, você pode preparar um pé-
de-cuba, ou um starter , em inglês. A finalidade do pé-de-cuba é aumentar
a quantidade de leveduras para atingir um número adequado para o tama-
nho do nosso lote e para a densidade do mosto, mas isto tem que ser feito
dias da utilização. O fato de dispor de 5 gramas de leveduras não exclui a
possibilidade de fermentar lotes maiores. Nesse caso porém você precisará
preparar um pé-de-cuba. Para tal é recomendado que se utilize um mosto
diluı́do com nutrientes. O mosto deve conter de 100 a 150 gramas de mel por
litro, nunca mais que isso (Há autores que recomendam 220 g/L de mel e 5
g/L de sal de Gastine para leveduras do tipo Sauternes ou Chablis). 345,346
Além disso há necessidade de adicionarmos nutrientes, para garantir a mul-
tiplicação saudável das leveduras. Segundo Lostanlen, o pé de cuba deve ter
até 10% do volume do lote final, portanto as diluições após inoculação devem
ser levadas em conta. Para alimentar as leveduras ele recomenda a adição por
litro de 0,25 g de fosfato de amônio, 0,25 g de bitartarato de sódio, 1,8 g de
ácido tartárico ou 1,75 de ácido cı́trico, 0,05 g de metabissulfito de potássio
ou sódio e 0,25 gramas de cascas de levedura (yeast hulls).
233
8. A Fermentação
pados com algodão ou gaze estéril para que oxigênio possa entrar. A cada dia
adicionamos um terço do volume de meio de cultura. Isto é: um terço no pri-
meiro dia, um no segundo e outro no terceiro. Assim por diante. Lembramos
aqui portanto que o pé-de-cuba deve ser preparado com a devida antecedência
ao preparo do mosto, pois o mosto uma vez pronto deve ser inoculado o quanto
antes. Mesmo assim é muito difı́cil garantir que a população de leveduras do-
bre a cada 24 horas... O único meio de se garantir isso é pela contagem das
células usando um microscópio e uma células de contagem. Isso para o pro-
dutor caseiro é mais difı́cil. O mais simples e mais barato é sempre manter
um estoque de leveduras secas em casa.
A inoculação
Leveduras são sensı́veis ao calor, e muito sensı́veis por sinal. Não é re-
comendado adicionar as leveduras em mostos mais quentes que 30 o C já que
esta temperatura pode matar muitas delas. É recomendável que o mosto e
o inóculo estejam à mesma temperatura, na hora de inocular. A inoculação
em si é muito simples, bastando despejar o inóculo no mosto, e nem é preciso
agitar com colher ou coisa que o valha. A convecção cuidará disso.
234
8.3. A fermentação
2. Etapa exponencial
A partir deste ponto, o oxigênio começa a diminuir no meio e a po-
pulação de leveduras é grande o suficiente para dominar o meio de fer-
mentação. Agora começa a fermentação propriamente dita, pois a falta
de oxigênio fará as leveduras mudarem seu método de sobrevivência:
Elas tratarão de consumir açúcar sem oxigênio para sobreviverem. Di-
zemos agora que o processo ocorre em anaerobiose (viver sem ar). Os
detalhes dessas fases da fermentação foram explicados na seção 5.3. Du-
rante esta etapa, ocorre a conversão de açúcares de cadeia curta em CO2
e etanol. É muito complicado para o produtor caseiro determinar exa-
tamente quando acaba uma fase e começa a outra, pois mesmo quando
começa a fermentação, nem sempre há liberação imediata de CO2 em
abundância, já que o lı́quido precisa primeiro estar saturado do gás para
que as bolhas comecem a aparecer. 106
A população de leveduras vai crescer e se manter num nı́vel elevado
até que acabem os nutrientes e o meio não seja mais adequado à sua
sobrevivência. Aos poucos começará a diminuir, já que ela mesmo está
produzindo algo que a mata: o próprio etanol. Como sabemos, cada
cepa possui uma tolerância a etanol, e as cepas mais resistentes podem
sobreviver a até 18% de A.E.V.
3. A fase de declı́nio
Neste ponto, se a fermentação não for interrompida antes, as leve-
duras começam a morrer em grande quantidade, já que não há mais
açúcar fermentescı́vel no mosto, ou ainda porquê o teor de etanol se
tornou alto demais para que elas continuem vivas. A velocidade de fer-
mentação então diminui paulatinamente até parar completamente. A
partir daı́ vão se formando depósitos cada vez mais importantes de le-
veduras mortas no fundo do fermentador. Consideramos a fermentação
encerrada quando não há atividade por mais de sete dias, que pode ser
235
8. A Fermentação
verificada por medidas de densidade que não variam mais, ou ainda por
inatividade do respiro.
4. A fase de reabsorção
Caso seja possı́vel, uma fração da população de leveduras ainda exis-
tirá no hidromel, e consumirá alguns produtos que não nos interessam
e que elas mesmo produziram. As borras de levedura mortas também
vão absorver algumas destas substâncias por processos quı́micos, não
biológicos. Não saberemos ao certo quando começa ou termina esta
fase.
236
8.4. Desempenho das leveduras
237
8. A Fermentação
Agitação
Agitar o mosto é fundamental para um fermentação eficiente. Os fermen-
tadores industriais geralmente são equipados com pás de agitação justamente
para isto. A agitação proporciona uma série de benefı́cios:
238
8.5. Interromper a fermentação
3. Força a saı́da do CO2 dissolvido no mosto. Ele deve ser removido para
evitar variações demasiadas de pH, e favorecer a conversão do açúcar em
etanol.
Pode ser muito difı́cil, às vezes inviável equipar seus fermentadores caseiros
com pás de agitação, mas nada impede de agitarmos o fermentador inteiro
com as mãos. Não precisa ser nada muito violento, basta criar um vórtice no
tanque para revolver o material do fundo. Muito CO2 costuma sair quando
agitamos o tanque. Isso é bom, acelera o término da fermentação. O fato de
agitar pode reduzir o tempo de fermentação em até um terço do tempo, o que
deve ser levado em conta certamente. A agitação é uma etapa que não pode
ser desprezada!.
239
8. A Fermentação
240
8.6. Fermentações anormais
241
8. A Fermentação
torcer para que este aumento de temperatura não tenha levado as leveduras
anteriores a produzir produtos indesejados em grande quantidade. Por outro
lado, é possı́vel também que o termostato esteja desregulado e que o mosto
esteja frio demais, o que fará as leveduras entrarem em dormência. Neste
caso basta certificar-se da temperatura com um termômetro e ajustá-la nova-
mente. Um sinal de dormência (geralmente ocorre abaixo de 10 o C ) é um
mosto clarificado e material sedimentado ao fundo do fermentador, além da
ausência de desprendimento de CO2 . Elevando a temperatura, retomará a
fermentação sem problemas. Como mencionamos antes, esta é a origem do
termo ”fermentação secundária”, quando as pessoas fermentavam hidromel
em seus sótãos na Europa. O inverno interrompia as fermentações que reto-
mavam na primavera, dando a impressão que uma segunda fermentação estava
acontecendo. Na verdade é a mesma que fora interrompida pelo frio. 103
Os nutrientes acabaram
A segunda razão mais provável é que haja falta de nutrientes no mosto.
Sem açúcar, sais minerais ou aditivos nutrientes, não existe mágica e a fer-
mentação fica quase imperceptı́vel de tão lenta. As leveduras passam a de-
pender da autólise para sobreviverem em colônias reduzidas. Além do es-
tresse que isto gera (e isto se sentirá no gosto do hidromel, como ”gosto de
corda molhada e outros sabores indesejados”) a fermentação vai se estender
por anos, e muito provavelmente as leveduras morrerão antes de completá-
la. Para se certificar que isto não ocorreu, é necessário que revisemos nossa
receita e as quantidades de aditivos que nela inserimos, estas devem ser quanti-
dades usuais. Segundo, devemos conferir se ainda há açúcar no mosto, usando
densı́metro ou refratômetro. Caso haja alguma anomalia por conta destes
fatores cabe adicionar o que falta ao mosto o quanto antes, e esperar que a
fermentação retome. Quando o teor alcoólico no entanto já passa dos 10 % e
a fermentação para sem completar a atenuação esperada, a adição de nutrien-
tes pode ser inútil, uma vez que nestas concentrações de etanol, as leveduras
não assimilam mais estes nutrientes, e infelizmente não haverá como reverter
esta falha 230 . A única esperança neste caso, mas que vai alterar sua receita
com certeza é adicionando água ao mosto, diluindo o álcool e aı́ sim adicionar
mais nutrientes. Caso a fermentação retome, (uma nova inoculação pode ser
necessária), adicione mais mel ao mosto, após ela ter retomado. A adição
deve ser feita na proporção de sua diluição. Por exemplo de diluı́mos de um
terço (adicionamos 1/3 a mais de água), adicionamos mais um terço da receita
242
8.6. Fermentações anormais
original de mel. Com certeza não fará bem à receita, mas pode ser melhor do
que perdê-la. Outra alternativa seria inocular uma segunda cepa de levedura
mais resistente a etanol do que a utilizada originalmente.
O pH está inadequado
Um pH muito ácido ou muito básico vai prejudicar a fermentação. O ideal
é que fique entre 3 e 4 sempre, e é sabido que misturas de água e mel não
tamponam muito o pH. 134 Caso o meio esteja mal tamponado (veja a seção
5.1) o pH pode mudar daquele medido inicialmente. Ele pode cair ou subir e
ambas situações são indesejáveis. Para isto meça o pH e corrija-o se necessário.
Para corrigir o pH use carbonato de cálcio para subir o seu valor, ou ácido
cı́tricoa para fazer o contrário. Se puder evitar fazer correções de pH evite.
Normalmente a mescla ácida que usamos eventualmente em mostos é suficiente
para tamponar o meio num pH adequado. Em meios bem tamponados em
geral, você precisará de quantidades consideráveis de carbonato de cálcio ou
de ácido cı́trico para conseguir variações. Isso pode afetar consideravelmente
o sabor do produto final, principalmente quando aumentamos o pH. Portanto
só mexa no pH se ele estiver muito longe do intervalo indicado. Se o pH tiver
chegado a valores menores que 2,2 ou maiores que 8, pode ter comprometido
a viabilidade das leveduras. Uma reinoculação pode ser necessária. Um pH
maior que 4 já é por si só uma oportunidade para Lactobacilos e Pediococos
que podem concorrer com as leveduras, como descrito na seção 15.
Houve contaminação
Caso a higienização tenha falhado, é possı́vel que o mosto esteja conta-
minado por micróbios que competem com as leveduras. Apesar de muitas
leveduras terem o que se chama de ”killing factor”, 233 que podem protegê-las
de outras leveduras, podem algumas vezes perder a batalha; principalmente
se o pH do mosto estiver acima de 4,5. Alguns sinais de contaminação são
evidentes, como por exemplo odor de queijo, de vômito, de vinagre entre ou-
tros tipos de odores anormais como de cachorro molhado, sabão de coco ou
suor de cavalo. Além disso não é raro que contaminações gerem uma pelı́cula
sobre o lı́quido, como se fosse um véu branco, ou ainda grumos como nata
na superfı́cie. Em 99,9 % dos casos essas contaminações são irreversı́veis, e o
único destino do lote é a pia.
Existem inúmeras bactérias que podem contaminar seu mosto, e as que o
fazem com mais frequência são lactobacilos que geram aromas que vão desde
a
Já vi autores utilizarem ácido ascórbico, vitamina C para isso.
243
8. A Fermentação
Supersaturação de CO2
Algumas vezes o gás carbônico liberado pelas leveduras tem dificuldade
para deixar o tanque de fermentação, e fica em grande parte dissolvido no
mosto. Além de alterar o pH da mosto, isto pode também dar a impressão que
a fermentação está muito lenta. A melhor forma de verificar isto é mexendo
o fermentador de forma a agitar o mosto em movimentos circulares (veja
seção 8.4). Neste momento, normalmente, há um grande desprendimento de
CO2 . Além de remover o gás, estes movimentos ajudam a homogeneizar os
nutrientes na mistura e a re-suspender as leveduras saudáveis que tenham
sido soterradas pelas borras, como já falamos. É um movimento necessário
para o bom progresso de uma fermentação. Portanto quando um fermentador
parecer preguiçoso, faça isso em primeiro lugar. Não é raro ver fermentações
retomarem bem assim. O respiro também pode estar entupido, impedindo a
saı́da do gás. Verifique.
Etanol demais
As leveduras produzem etanol, mas o mesmo etanol também as mata. En-
tre as caracterı́sticas da cepa de levedura figura a tolerância a etanol. Caso
ultrapasse este limite, elas morrerão. Para se certificar disto verifique a gra-
duação alcoólica de seu mosto. É possı́vel colocar outra cepa de levedura
mais tolerante a etanol para terminar a fermentação 350 . Verifique qual a to-
lerância a etanol da cepa que você utilizou, junto ao produtor. Esses valores
vão geralmente de 12 a 18 % para leveduras enológicas.
Leveduras insuficientes
Uma população de leveduras insuficiente causa fermentações lentas e in-
termináveis via de regra. O preparo de um novo inóculo é recomendado. Para
saber se é este o problema, verifique a quantidade de depósito no fundo do
fermentador. Caso seja anormalmente pequena, pode ser este o motivo. Nor-
malmente depósitos de menos de 1 cm em tanques de dez litros podem ser um
indicativo de falta de levedura. Sub-inoculação pode dar origem a aromas in-
desejáveis de fermentação como certos ésteres, conferindo por exemplo aroma
de maçã, e maçã verde. É possı́vel retomar a fermentação preguiçosa reali-
zando uma trasfega e reoxigenando o mosto. É comum observar a retomada
244
8.6. Fermentações anormais
b
Existem alguns tipos de levedura que também formam colônias similares, mas não são
comuns
245
Capı́tulo 9
A Guarda
247
9. A Guarda
A série de reações que ocorrem neste perı́odo é tão importante que é cha-
mada por muitos de ”fermentação secundária”. O termo no entanto não é
adequado, já que não há atividade fermentativa patente durante este perı́odo.
A menos que ocorra fermentação malolática, ou que a fermentação alcoólica
seja retomada por adição de levedura e/ou açúcares fermentescı́veis, não po-
demos chamar isto de uma fermentação. O termo fermentação secundária
era utilizado pelos antigos que costumavam fermentar seu hidromel em seus
sótãos e porões, onde a temperatura oscilava demais, como já explicamos.
Por não utilizarem nutrientes na maioria das vezes, as fermentações levavam
muitos meses para se completarem e adentravam o outono e às vezes o in-
verno. Com a queda da temperatura, a fermentação parava e retomava na
primavera, dando a impressão que era uma segunda fermentação. Na ver-
dade as leveduras tinham entrado em dormência no inverno e retomado seu
trabalho assim que a temperatura foi suficiente. 103 Hoje em dia quando se
fala de secundário, refere-se a tanque de fermentação secundário, e não a uma
fermentação. 79 Aqui vou me referir a esta etapa como guarda ou maturação,
que reflete melhor o que acontece, pois é a etapa em que cuidamos do nosso
produto e zelamos para que nada possa interferir na sua maturação. É a
pupa virando borboleta. O hidromel é guardado em barricas ou tonéis, ao
abrigo da luz e do oxigênio e a temperaturas que não ultrapassem os 20 graus
de preferência, por pelo menos 6 meses antes de se engarrafar (há quem re-
comende a guarda de até 7 anos!). 103 Esta etapa é tão importante, para a
maioria das bebidas, que há inclusive métodos para acelera-lo utilizando até
radiação. 351 As condições de guarda são bastante flexı́veis, e dependem muito
do hidromeleiro, mas temos que manter a luz o oxigênio e o calor longe de
nosso produto. Durante a guarda, procuramos clarificar o lı́quido, removendo
periodicamente os sedimentos do fundo da barrica. Este processo é chamado
de trasfega e será descrito adiante, na seção 9.1. Pessoalmente não costumo
engarrafar nada antes de um ano de idade. A qualidade atinge seu auge a
partir de 24 meses, mas como disse anteriormente, depende muito do tipo de
hidromel, e do processo de preparação e este prazo pode variar. O ideal é
prová-lo de tempos em tempos, até perceber que as mudanças já ocorreram e
que ele está mudando pouco ou nada. Inúmeros hidroméis parecem gasolina
de avião na descuba, isto é, quando saem do fermentador: ácidos e alcoólicos
demais, sem grande sabor e irritam mais a boca do que outra coisa. Temos
tendência a desistir destes, mas é um erro. O tempo pode transformar estes
hidroméis em verdadeiras joias, basta dar-lhe a chance de envelhecer. Um
hidromel jovem raramente é bom, mas existem exceções.
248
9.1. Trasfegas
A temos que eliminar sua turbidez principalmente para evitar gostos inde-
sejados oriundos de leveduras mortas principalmente. Hidroméis turvos
não são um problema em si, e até conheço algumas pessoas que o preferem
assim, mas a grande maioria prefere uma bebida cristalina que transmite a
sensação de pureza. Hidroméis turvos dão uma sensação de desleixo ou que
a fermentação ainda não acabou (opinião pessoal). O brilho do hidromel é
sedutor e caracterı́stico mas é como uma joia: difı́cil de se obter. Digo isto
pois a clarificação dos hidroméis é geralmente lenta e problemática. O que
confere turbidez ao hidromel são proteı́nas em suspensão, células de levedu-
ras entre outras coisas como a pectina por exemplo, ou ainda restos de cera
de favo. A adição de floculantes ou clarificantes acelera a decantação deste
material no fundo do recipiente, mas o processo pode ser bastante demorado.
Além da razão estética, envelhecer o hidromel sobre borras (sur lie, ou seja
sem retirar este material) pode alterar muito seu sabor (tanto positivamente
quanto negativamente). As leveduras mortas vão se decompondo e liberando
uma série de produtos que mudam muito o sabor do hidromel, num processo
chamado de autólise. Geralmente é para pior, conferindo um sabor de corda
molhada ou papelão. O envelhecimento sobre borras no entanto pode ser de-
sejável como é o caso de vinhos Muscadet por exemplo e em geral confere ao
vinho certa cremosidade no corpo. À medida que vai se depositando mate-
rial no fundo das barricas convém removê-lo, e fazemos isto transportando o
lı́quido para outro recipiente, limpo e estéril, deixando estas borras para trás.
Para isto utilizamos geralmente mangueiras de plástico alimentı́cio e uma ben-
gala de sifonar. Este processo é chamado de trasfega e é importantı́ssimo.
Geralmente é possı́vel obter um produto claro com duas ou três trasfegas,
espaçadas de alguns meses, mas podem ser necessárias mais que isto. A cada
trasfega perdemos um pouco de produto, portanto quanto menos trasfegas
se faz, melhor. Muitas vezes acompanhamos a clarificação do hidromel que
parece não evoluir mais do que um determinado ponto. Ele começa a clarear
e depois parece que fica sempre do mesmo jeito. Isto é o que se espera quando
as borras ainda estão no recipiente, pois há um equilı́brio de forças constante
entre o que desce e se deposita e o que volta para o lı́quido e sobe. Se não
tivermos material para subir no lı́quido, a tendência é que a maior parte desça,
desde que as condições sejam favoráveis... Por isto as trasfegas são necessárias.
249
9. A Guarda
250
9.1. Trasfegas
muito útil para gerar sifões de forma segura, principalmente para engarrafar
seu hidromel. Para isso podemos montar um pequeno aparato como mostrado
na figura 9.2.
251
9. A Guarda
Uma alternativa à trasfega por sifão, que às vezes pode ser desajeitada,
especialmente com baldes de plástico, é a utilização de baldes com torneiras
ou válvulas laterais, pelas quais podemos escoar o lı́quido de um recipiente
para outro sem muita agitação. Neste caso devemos manter as torneiras e
válvulas protegidas com plástico e sempre muito limpas, pois podem juntar
bactérias, fungos e outras coisas que podem contaminar seu hidromel.
Bâtonnage
Este é um procedimento utilizado para determinados vinhos, que envelhe-
cem sobre borras (sur lie) como alguns Chardonnay por exemplo. A palavra
bâton significa vara ou vareta, que é o que utilizam para revolver as borras
dentro dos barris de vinho. Portanto o bâtonnage consiste simplesmente em
252
9.2. Clarificação
253
9. A Guarda
Como saber qual a carga das partı́culas que turvam meu hidromel para
decidir que floculante usar? Na verdade é muito difı́cil saber, já que são
inúmeros fatores envolvidos. Em laboratório é possı́vel saber com medidas de
”potencial zeta” que simplificando as coisas seria mais ou menos a carga real
na superfı́cie das partı́culas em suspensão.O melhor resultado é o empı́rico
(tentativa e erro). Isto porquê:
254
9.2. Clarificação
255
9. A Guarda
O efeito do frio
Um dos métodos mais simples para clarificar o hidromel é baixar sua tem-
peratura até em torno de 9 o C . Já falamos repetidas vezes que o frio é um
aliado das trasfegas. Os cervejeiros americanos chamam esse processo de cold
crash. O frio diminui a agitação das partı́culas em suspensão que podem
assim eventualmente depositar-se no fundo do tanque, pois se movimentam
mais devagar quanto menor a temperatura. Isto deve ser feito, naturalmente,
somente quando a fermentação tiver terminado, ou as leveduras entrarão em
dormência com o frio e a fermentação cessará. Note que uma vez que se clari-
ficação adequada com abaixamento da temperatura convém realizar a trasfega
com o produto ainda frio, sob risco de turvar o hidromel novamente, caso a
temperatura volte a subir, pois o processo é reversı́vel.
Micro e Ultrafiltração
Para instalações maiores, e quando o tempo não pode ser desperdiçado,
é possı́vel recorrer a filtros alimentı́cios para tratar seu hidromel. Existem
diversos tipos de filtro, como filtros-prensa, filtros de membrana, filtros de
terras diatomáceas etc... A filtração do hidromel geralmente é feita em filtros
de malha de 1 µm e depois de 0,5 µm de membrana polimérica. Outros autores
preferem recomendar uma filtração em meio filtrante de 50 kDa de cutoff, logo
após a fermentação. 193 A escolha do filtro adequado pode garantir o sucesso da
filtração, sem perda de qualidade. Lembre-se que filtros do tipo carvão ativo
e terras diatomáceas, vão retirar, com certeza, substâncias que dão aroma,
sabor e coloração. Esses vão empobrecer seu hidromel sem dúvida alguma, já
que são feitos para isso quando o assunto é água. 292,353 O termo ultrafiltração
vem por conta do tamanho dos poros das membranas utilizadas para tal que
vão de 0,1 a 0,01 µm. Poros de 10 a 0,1 µm são tı́picas de microfiltração.
A diferença se dá somente pelo tamanho dos poros. Hidroméis ultrafiltrados
costumam ter alta qualidade, excelente transparência, e o melhor, mantêm a
integralidade de seus aromas durante o processo. 269,303
256
9.2. Clarificação
Figura 9.4: Tabela dos tipos de filtração em função do tamanho dos poros em
µm, e elementos presentes no hidromel para efeito de comparação de escala.
257
Capı́tulo 10
O Envase
A ponto ele já estará claro e não apresentará mais sinais de fermentação,
e pode acontecer depois de 6 a 18 meses da data de fabricação. Agora
é tempo de deixá-lo evoluir dentro das garrafas. Algumas medições são rea-
lizadas antes do envase. Vamos medir a densidade final do hidromel Df que
deve estar em torno 0,980 a 1,000 para hidroméis extra-secos, de 1,000 a 1,006
para meio-secos e de 1,006 a 1,020 para suaves. Acima disso temos hidroméis
licorosos. É importante medir o pH também que fica em torno de 4. O ponto
certo certo de engarrafar é realmente quando cessam os sinais de fermentação
por completo, ou poderá correr o risco de continuar estes processo dentro das
garrafas. Isso pode gerar hidroméis frisantes, que são deliciosos mas também
pode gerar tanta pressão que estoure as garrafas, além de borras que podem
comprometer a limpidez do produto final (geralmente as rolhas saem antes
disso acontecer, mas não vale a pena arriscar).
10.1 Garrafas
259
10. O Envase
260
10.1. Garrafas
gargalo apresenta um anel saliente, onde é fixada a gaiola da rolha, o que evita
que ela seja expelida pela pressão. Além disso, existe uma reentrância na base
que permite que possa ser girada com o polegar e o indicador com facilidade,
que faz parte do processo tradicional de preparo do Champagne. As garrafas
da Francônia, também chamadas de pera, são baixas e bojudas e atualmente
muito utilizadas para vinhos italianos. Existem ao redor do mundo muitos
outros tipos de garrafas, mas estas são as principais (figura 10.1).
O volume padrão de uma garrafa é de 750 ml e há varias teorias sobre a
razão disso. Alguns dizem que é por conta do volume de uma barrica (225
litros) que daria 300 garrafas de vinho, e outros que dizem que corresponde a
uma soprada de vidro, ou seja: o quanto um soprador consegue soprar de uma
vez. Verdade ou não é uma fato, o volume padrão é esse. Existem todavia
garrafas menores e maiores que vão de 50 ml (mignonette) até 30 litros ou
mais (Midas). O uso de garrafas enormes se justifica pela relação que existe
entre o ar preso na garrafa, entre a rolha e o lı́quido e o volume total da
garrafa. Quanto maior a garrafa, menor a influência desse ar.
Quando engarrafo um lote, sempre procuro engarrafar duas ou três garrafas
menores também, de 375 ml. Estas me permitirão provar o lote periodicamente
se ter que abrir uma garrafa inteira.
Rolhas
As rolhas de cortiça são utilizadas há milênios, mas não da mesma forma
que usamos hoje. São feitas a partir da casca do sobreiro (Quercus suber ) e
vedam muito bem as garrafas de vinho e hidromel. Recentemente a rolha de
cortiça vem sendo paulatinamente substituı́da por rolhas feitas de polı́mero,
mais baratas e como alguns dizem, mais seguras. Além disso há também
as de alumı́nio rosqueáveis (que apesar de mais práticas acabam com o pra-
zer de abrir uma garrafa). Existem diversos tipos de rolha, que variam em
preço e eficiência. As rolhas sintéticas são industrializadas, feitas de polı́meros
atóxicos. A rolha de peça única, é inteiramente feita de cortiça, numa peça
só. É de longe a melhor, mas também é a mais cara. Rolhas aglomeradas
são feitas de sobras de cortiça coladas na forma de um cilindro. São baratas,
mas não resistem bem ao tempo, portanto não servem para armazenamento a
longo prazo. Existe também um quarto tipo de rolha que possui um disco em
cada ponta de rolha maciça, enquanto seu corpo é constituı́do de aglomerado.
É o meio termo entre a rolha maciça e a aglomerada.
261
10. O Envase
262
10.1. Garrafas
263
10. O Envase
práticas, uma vez que se ajustam à garrafa pela ação de calor. Para isto basta
posicioná-las na garrafa e expor a cápsula ao vapor de uma chaleira ou ainda
ao calor de uma pistola de ar quente ou mesmo de uma boca de fogão. À
medida que encolhem giramos rapidamente a garrafa para que o lacre seja
uniforme e sem bolhas ou falhas (veja a figura 10.4).
264
10.2. Pasteurização
Rolhas devem ser esterilizadas também como tudo que entra em contato
com o hidromel. Para isto um rápido banho em água fervente, álcool a 70% ou
em solução de metabissulfito é suficiente. Depois de esterilizadas não podem
ser tocadas pelo lado que entrará em contato com a bebida, para evitar a
re-contaminação. Se preferir use luvas de latex ou nitrı́licas. Não deixa as
rolhas de molho ou incharão e ficarão quebradiças.
10.2 Pasteurização
265
10. O Envase
onéis são uma ótima opção para envelhecer (ou mesmo fabricar) o
266
10.4. Tonéis
Segue uma breve descrição das caracterı́sticas mais marcantes das madei-
ras de tonel para envelhecimento de cachaça mais comuns, mas muito disto se
aplica às outras bebidas. 356,357 Ainda não existem informações suficientes so-
267
10. O Envase
268
10.4. Tonéis
Todo barril perde uma quantidade de lı́quido, seja por absorção pela ma-
deira seja por evaporação, isto é conhecido como ”gole dos anjos”. Fica evi-
dente que há troca de vapores e gases entre o interior do barril e o meio
externo. Quanto mais encharcada estiver a madeira menor o gole dos anjos,
e, ao contrário, quanto mais quente o local do barril, maior será. Portanto é
importante molhar bem a madeira antes de colocar lı́quido no barril, trocar
a água pelo menos uma vez para que não fique muito forte, e guardá-lo em
local escuro e fresco, para reduzir a evaporação. 356–362 Barris também permi-
tem uma limitada troca de gases entre o interior e o exterior promovendo o
que se chama de micro-oxidação, que é a reação de alguns componentes da
bebida com oxigênio, de maneira lenta e reduzida. Esse processo ajuda na ma-
turação. 50 Temos que estar vigilantes, e acompanhar o volume dos tonéis com
o tempo. Acrescentando hidromel fresco para completar o volume, ou bolinhas
de gude, previamente esterilizadas, até que o volume seja completado. 106
A preparação do barril
A primeira vez que se utiliza um barril é preciso tratá-lo. Existem vários
métodos para isto, mas os mais acessı́veis e simples são dois. Um deles é o
bastão de enxofre, onde coloca-se enxofre em chamas numa espécie de pequena
concha, ligada a uma fina haste de metal dentro do barril pelo orifı́cio supe-
rior. Desta forma enchemos o barril de vapores de SO2 que geram sulfitos em
269
10. O Envase
contato com a água, que matam boa parte dos microrganismos presentes no
barril. Quando a chama se apaga, retiramos a concha e tampamos o barril
por um dia. Lavamos a seguir com água fervida. Este método é chamado de
mechagem (por conta da mecha de enxofre) e pode conferir gosto de repolho
cru à bebida caso não seja bem removido, é importante lavar bem o barril com
água fervida antes de despejar hidromel nele. 363 O segundo método consiste
em colocar água fervendo (1/10 do volume total) e rolar o barril de forma a
molhar todo seu interior, não esquecendo das torneiras e orifı́cios etc. Esta
água fica por 40 minutos. É retirada e o barril é enchido com água fervida
até o máximo de sua capacidade. Uma vez totalmente seco por fora (3 ou 4
dias), e livre de vazamentos, a água pode ser substituı́da por hidromel. Neste
ponto a madeira está bem encharcada de água. Geradores de vapor de água,
de ozônio ou ainda lampadas de ultra-violeta podem ser usados também na
primeira fase do tratamento.
”Nuggets”de madeira
Os fornecedores de insumos fornecem uma alternativa muito prática ao
barril. São espirais e nuggets (nacos) de madeiras, geralmente de carvalho.
Estes podem ser adicionados ao hidromel durante a maturação/guarda. Vai
transferir notas de madeira, sem precisar de um tonel. A quantidade deles
depende da superfı́cie de cada um. Se forem cubos, tanto mais fácil calcular
quantos m2 você terá por grama de chips. Aproxime este número dos valores
da tabela 10.1. Seguem as mesmas regras de tosta que os barris.
270
Capı́tulo 11
Espumantes
271
11. Espumantes
272
11.1. Os métodos Champegnoise e Charmat
273
Capı́tulo 12
As receitas
275
12. As receitas
Mescla de ácidos
Receita 1
Misture uma parte em volume de ácido cı́trico com 2 de ácido málico e 3
de ácido tartárico. 123
Receita 2
Misture 25 % em massa de ácido cı́trico com 30 % de ácido málico e 45 %
de ácido tartárico. 350
Receita 3
Misture 20 % em massa de ácido cı́trico com 30 % de ácido málico e 50 %
de ácido tartárico.
Receita 4
Misture 50 % em massa de ácido cı́trico com 25 % de ácido málico e 25 %
de ácido tartárico. Esta é a composição do blend da E. C. KrausR .
Receita 5
Misture 40 % em massa de ácido cı́trico com 50 % de ácido málico e 10 %
de ácido tartárico. Esta é a composição do blend da L. D. CarlsonR .
Nutrientes de levedura
Sal de Gastine
Consiste numa mistura de:
276
12.1. Receitas de base
• 36 g de sulfato de cálcio
• 15 g de magnésia (MgO)
Sal de Gastine II
É a mistura de:
• 40 g de magnésia
• 50 g de sulfato de cálcio
• 3 g de cloreto de sódio
• 1 g de enxofre
3. • 0,12 g de peptona
• 1,4 g de bitartarato de potássio
• 1 g de fosfato de amônio
277
12. As receitas
Nutriente de Gaget
Para 10 litros de mosto: 266
• 8 g fosfato de amônio
• 10 g de ácido tartárico
Armadilha de levedura
• 4 colheres de sopa bem cheias de EMS (extrato de malte seco DME em
inglês)
• elásticos
• 3 a 4 potes de boca larga, que possam ser fervidos assim como suas
tampas
278
12.1. Receitas de base
preferência, mas pode ser em qualquer lugar. O melhor momento para isto é
durante a madrugada ou pouco antes da aurora, quando há sereno. A ativi-
dade dos insetos é menor e o sereno traz consigo várias cepas interessantes.
Depois da caça, remova a gaze e coloque as tampas dos frascos (esteriliza-
dos em água fervente também) sem apertá-las, deixe-as frouxas para o gás
carbônico poder sair e algum oxigênio entrar, pois seu objetivo é multiplicar a
cepa, não fazer bebida alcoólica de pronto. Em dois ou três dias você deverá
notar uma bela espuma branca na superfı́cie do lı́quido: é sinal que a levedura
está ativa. Quando perceber que sua atividade está diminuindo coloque-a na
geladeira, para que entre em dormência. Ela poderá ser “ acordada ” na hora
que quiser para preparar um bom inóculo para hidromel, cerveja, vinho ou
sidra. Este tipo de preparação não dura muito em geladeira, portanto o que
costumo fazer é preparar este mosto novamente e mensalmente trocar o mosto
dos frascos, sem revolver as leveduras que estão no fundo. À temperatura am-
biente, elas voltam a agir, e começo tudo de novo. Assim tenho cepas sempre
vivas. Se quiser manter leveduras de lotes antigos ou cepas comerciais pode
fazê-lo desta forma. O ideal é adicionar nutrientes de levedura também, nas
quantidades recomendadas pelo fabricante. No caso de leveduras comerciais
elas vão mudar com o tempo como explicado na seção 5.3. Não se assuste se
não conseguir capturar leveduras na primeira vez, e contaminações com outros
organismos são frequentes (e quase certas nessas condições). Não desanime,
pois mais cedo ou mais tarde você disporá de algo interessante para proliferar.
Quando utilizar estas cepas selvagens comece preparando pequenos volumes
de hidromel. Desta forma, se as leveduras não gerarem um produto agradável,
terá perdido pouco mel. As vezes é o próprio etanol que inviabiliza a caçada,
pois só sobreviverão na sua armadilha aquelas cepas que podem tolerar eta-
nol, e isso também eliminará muitos microrganismos indesejados. Além disso
é possı́vel adicionar antibióticos de amplo espectro para eliminar as bactérias,
que muitas vezes estarão presentes também.
Volume (litros):2
Ingredientes:
279
12. As receitas
• 2 litros de água
• inóculo com levedura tipo ale ou qualquer outra que desejar (S33 da
Safbrew por exemplo)
Método quente
Misture a água e o mel e ferva a mistura. Escume e deixe ferver até que
não haja mais espuma. Tire do fogo e deixe esfriar à temperatura ambiente.
Inocule a levedura e coloque no fermentador por 3 a 5 dias, e depois engarrafe.
Método frio
Aqueça a água até começar a ferver e desligue o fogo. Deixe esfriar à tem-
peratura ambiente. Adicione o mel na água quando atingir esta temperatura.
Inocule a levedura e coloque no fermentador por 3 a 5 dias, e depois engarrafe.
Método de Layens
Mistura-se 25 litros de mel a 75 litros de água (264 g/L) e 50 gramas de
pólen e 10 gramas de subnitrato de bismuto. Os ingredientes são misturados
e transferidos para um barril limpo de 100 litros. Cobre-se o furo do barril
com um saquinho de pano com areia molhada. Completa-se o volume durante
a fermentação com mel diluı́do na mesma proporção para repor a evaporação.
Depois de 2 a 3 meses tampa-se o tonel. Para clarificá-lo utiliza-se 10 gramas
de tanino dissolvidos em um mı́nimo de álcool. Mais tarde, engarrafa-se.
280
12.1. Receitas de base
Método de Derosne
Preparação do inóculo de pólen: 10 a 20 gr de pólen fresco colhido em um
quadro e moı́do à mão são dispersos em 200 mL de água morna. Paralela-
mente são fervidos por 15 min 300 mL de água com 300 g de mel e 2 g de
ácido tartárico para inverter a sacarose e escume. Depois desliga-se o fogo e
adiciona-se 600 ml de água. Quando o lı́quido estiver em 28-30 o C adiciona-
se a suspensão de pólen. É mantida nessa temperatura por 6-7 dias em um
recipiente (pode ser num erlenmeyer) tampado com gaze estéril. Neste ponto
já haverá uma colônia de S. ellipsoidus suficiente para inocular 20 litros de
mosto.
O mosto: Num tonel de pouco mais de 100 litros coloca-se 75 litros de água
fervida. Numa panela dilui-se 30 quilos de mel em 30 litros d’água juntamente
com 60 gramas de ácido tartárico (para esterilização do mosto) tudo é fervido e
cuidadosamente escumado e transfere-se para o tonel com o restante da água.
Quando a temperatura tiver baixado para 25 o C inocula-se a levedura (nesse
caso serão necessários 5 litros de pé-de-cuba) e a temperatura é mantida por
12 a 15 dias que é o perı́odo de fermentação mais tumultuosa. Nesse ponto
abaixa-se a temperatura para 20 o C e trasfega-se o hidromel para outro tonel
de 100 litros, no qual foram adicionados 10 gramas de tanino e 10 gramas
de subnitrato de bismuto diluı́dos em um litro d’água. A entrada do tonel é
tampada com um pano dobrado várias vezes molhado e uma pedra pesada.
Após 8 dias trasfega-se novamente para um terceiro tonel. Quando estiver
claro, o hidromel é engarrafado em garrafas de Champagne, com gaiola.
Método de Warré
Para hidromel licoroso. Emprega 45 quilos de mel em 80 litros de água
morna (415 g/L). O pé-de-cuba é preparado com leveduras de Frontignan ou
de Alicante.
Método de Godon
Inóculo com uvas em uma tina de 250 litros colocam-se de 20 quilos de
uvas frescas quase maduras esmagadas com um pilão. Dilui-se de 60 (para
12 % A.E.V.) a 80 (para 17 % A.E.V.) quilos de mel em 200 litros d’água
e verte-se esta mistura na tina. Adicionam-se de 50 a 100 gramas de ácido
tartárico e cobre-se a tina. A fermentação ocorre em 15 dias e termina quando
se atinge uma Df próxima de 1,000 g/mL. 138 Outra referência acrescenta que
a mistura do suco de uvas e o mosto deve ser feita depois de 24 horas, a 400
g/l para um hidromel de 16-17%, 300 g/L para 12 % ou 250 para 10 %. No
281
12. As receitas
Método de Cabasse
Hidromel seco: Para o inóculo, ferve-se por 15 min. 1 quilo de mel com 4
litros de água. Uma vez frio inocula-se leveduras do tipo Chablis ou Sauternes
que são mantidas entre 15 e 25 o C agitadas regularmente por dois dias. Para
o mosto: Em um tonel de mais de 100 litros são misturados 24 quilos de
mel e 90 litros de água morna (220 g/L). Quando o mosto estiver a 25 o C
a mistura adiciona-se o inóculo. O tonel é tampado com um pano dobrado
várias vezes molhado e uma pedra pesada. Duas vezes por dia, são retirados
5 litros do tonel pela torneira e vertidos novamente pelo furo do tonel. Uma
vez terminada a fermentação adicionam-se 10 gramas de tanino dissolvido em
um pouco de hidromel. Quando estiver claro engarrafa-se.
Método de Jacquemin
Jacquemin trabalhou com Pasteur e foi um dos pioneiros na ciências das
fermentações. Para o inóculo: 1,5 quilos de mel são diluı́dos em 1,5 litros de
água juntamente com 10 gramas de ácido tartárico e 10 gramas de nutrientes.
A mistura é fervida e resfriada a 25 o C e adicionam-se 4 litros de água. Dilui-
se no lı́quido levedura de vinho (500 gramas a 1 quilo). O inóculo é mantido
em frasco tampado com gaze a 20 o C por 5 dias.
O mosto: em 100 litros de água fervente são dissolvidos 30 quilos de mel, 60
gramas de ácido tartárico e 60 gramas de nutrientes e verte-se esse mosto em
um tonel de mais de 100 litros. Quando a 30 graus, adiciona-se o inóculo.
Uma vez inoculado o tonel é tampado por um respiro e mantido a 20 o C .
O método de Gastine
Diluir de 250 a 300 gramas de mel por litro de mosto, num caldeirão de
cobre ou esmaltado (o ferro não serve para isso), adiciona-se o mel e aquece-se
a água apenas o suficiente para dissolver o mel. Adiciona-se em seguida sais
nutritivos, na quantidade de 5 gramas por litro (sal de Gastine II). Esteriliza-
se a mistura fervendo-a por 10 minutos, escumando caso cera venha a boiar.
Completa-se o volume de água caso tenha havido alguma perda em volume.
282
12.2. Receitas históricas
A mistura é vertida ainda quente em barris limpos onde fermentará. São pre-
enchidos aos 3/4 para evitar vazamentos durante a fermentação tumultuosa.
Tampa-se o tonel com um pano limpo e uma pedra e deixa-se esfriar. Quando
estiver à temperatura ambiente inoculam-se as leveduras. Pode-se optar por
utilizar leveduras da uva, pelo suco (500 mL) de alguns cachos de uvas pretas
frescas livres de manchas.
• Agua
• Mel
• Lúpulo
283
12. As receitas
Rodomel de prı́mula
Autor:apud Elizabeth Raffald 321
Volume (litros): 80
Ingredientes:
• 68 L de água
• 13,5 kg de mel
• 15 limões sicilianos
• inóculo de levedura
• 4,54 L de água
• 1,5 kg de mel
• 12 folhas de nogueira
• Inóculo de levedura
284
12.2. Receitas históricas
• Água
• Mel
• Ácido tartárico
• Flores de sabugueiro
• Inóculo de levedura
285
12. As receitas
• 1,1 L de mel
• 1 gomo de gengibre
• 4 cravos
• 1 ramo de alecrim
• 1 galão de água
286
12.2. Receitas históricas
• um limão pequeno
• um tonel
287
12. As receitas
Hidromel rústico
Autor: anônimo
Volume (litros): 20
Ingredientes:
• 500 g de mel
• 1,5 L de água
• 1 g de cardamomo
• 2 g de canela
• 2 g de fermento de cerveja (ale)
f
Hoje sabemos que é o contrário, n.t.
g
medida antiga que corresponde a 7,45 L podendo variar dependendo da região
288
12.2. Receitas históricas
Tome um bom mel que vós diluireis com 8 vezes seu peso em água, para des-
pejá-lo em seguida numa grande panela, que vos deixarei sobre fogo baixo, afim
de fervê-lo devagar mansamente, depois despeje-o, uma vez frio, em um tonel,
até ficar cheio aos três quartos onde o submetereis à fermentação alcoólica,
podendo adicionar se o desejares, gengibre, cravo da Índia, noz moscada, ca-
nela, açafrão (verdadeiro, não cúrcuma), ou outras drogas aromáticas, afim
de tornar seu aroma mais condimentado.
Bochet - 1393
Receita extraı́da do ”Mesnagier de Paris” 130 de 1393, traduzida ipsis lit-
teris o tanto que foi possı́vel. Consta no livro como ”bebida para doentes”.
Autor: Anônimo
Volume (litros): 20
Ingredientes:
• 8 kg de mel
• 30 gramas de pimenta-longa
• 30 gramas de pimenta-da-Guiné
h
Naquele tempo tudo era ou levedo de pão ou de cerveja, não havia muita distinção.
289
12. As receitas
i
Esta unidade, o sextier , é na verdade o setier (veja nota de rodapé g, pg. 288), na
grafia mais antiga. Ela tinha valores diferentes segundo a região da França. A única que faz
um certo sentido em termos de diluição é o setier de Paris = 8 pintes= 7,45 L
j
Novamente trata-se do clima europeu, geralmente frio demais para as fermentações
deste tipo. É bom lembrar que os celtas fermentavam em barris dentro de casa que ficavam
ao lado da lareira por conta disso.
k
A onça antiga valia 24 gramas, mas pode ser 28 ou 30, difı́cil dizer.
290
12.2. Receitas históricas
• Um galão de água
291
12. As receitas
Hidromel doce
Autor: Amos I. Root 371
Volume (litros): 20
Ingredientes:
• 15 g de ácido cı́trico
Hidromel seco
Autor: Amos Root 371
Volume (litros): 20
Ingredientes:
• 15 g de ácido cı́trico
292
12.2. Receitas históricas
Autor:Joe Mattioli
Volume (litros):3,7
Ingredientes:
• 1,6 kg de mel
• 1 laranja grande
• 30 uvas passas
• 1 pau de canela
• 1 a 2 cravos
293
12. As receitas
294
12.3. Hidromel Tradicional
Kap J frisante
Autor:Ben Jankowski 375
Volume (litros): 19
Ingredientes:
295
12. As receitas
Hidromel de Tupelo
Autor: Tyler Cipriani e Blazey Heier 376
Volume (litros): 19
Ingredientes:
• DFA
• Fermaid-K
O Hidromel seco
Autor: Dan Fink
Volume (litros): 19
Ingredientes:
• 10 de levedura Champagne
296
12.3. Hidromel Tradicional
Hidromel suave
Autor: Dan Fink
Volume (litros): 19
Ingredientes:
• 3 c.d.c de nutrientes
• 11,3 L de água
• 2 cdc de canela
297
12. As receitas
• levedura (5 g seca)
Procedimento Esta receita leva uma série de ervas que não o classifica-
riam mais como hidromel tradicional, mas sim como um metheglin, mas fica
ao seu critério adicioná-las ou não. Leva originalmente também algo que não
encontraremos no Brasil provavelmente chamado de Gallingale (Cyperus longa
talvez?), portanto não inclui aqui. Ferva a água e adicione o chá e as especia-
rias. Deixe esfriar o mosto com panela tampada e adicione o mel. Faça um pé
de cuba com a levedura num copo d’água com uma colher de chá de mel nele
dissolvido. Inocule com o mosto à temperatura ambiente. Trasfegue uma vez
em cerca de 15 dias depois do término da fermentação, 3 semanas depois e 3
meses depois. A gelatina é adicionada depois de mais um mês, e age por mais
dois, quando o hidromel é engarrafado.
298
12.4. Meloméis
12.4 Meloméis/frutiméis
Melomel de banana
Autor: Matt Maples 377
Volume (litros): 3,8
Ingredientes:
299
12. As receitas
• 5 g de nutrientes
• levedura de vinho
Melomel de laranja
Autor: Anônimo
Volume (litros): 4
Ingredientes:
• 4 litros de água
• 2 laranjas grandes
300
12.4. Meloméis
Frutimel de laranja
Autor:
Volume (litros): 12
Ingredientes:
• 10 litros de água
• 5 laranjas
301
12. As receitas
como peneira de feijão), uma vez que a siriguela é suculenta e sua polpa cede
facilmente quando em atrito com a peneira. Essa receita, normalmente, rende
um hidromel que atinge o pico de sua qualidade e sabor com 7 a 9 meses de
maturação, havendo pouca ou nenhuma melhoria no palato daı́ em diante.
Todavia, como muitos sabem, na maturação não existe regra fixa, cabendo ao
hidromeleiro provar ao longo do tempo para determinar o ponto que melhor
lhe aprouver. O resultado é um melomel equilibrado, levemente adstringente,
bem frutado e com corpo médio/leve excelente para servir após as refeições
ou apenas para saborear na varanda de casa numa tarde preguiçosa.
• 20 Litros de água
• 6 Kg de siriguela
302
12.4. Meloméis
• 4 L de suco de toranja
Aqui procuramos um melomel seco, leve, com aromas florais e cı́trico, acidez
bem equilibrada e refrescante.
303
12. As receitas
JALM
Autor:Grégoire Demets
Volume (litros):3,7
Ingredientes:
• 1 cravo
Perry
Autor:Anônimo
Volume (litros): 4-5
Ingredientes:
304
12.4. Meloméis
• 0,9 kg de mel
Melomel de cambuci
Autor: Romualdo Juliatto
Volume (litros): 18
Ingredientes:
305
12. As receitas
• 0,2 g de pectinase
306
12.4. Meloméis
• Pimenta rosa: 16 g
• E - novit: 2 g
307
12. As receitas
308
12.4. Meloméis
Cyser country
Autor: Douglas Brown 379
Volume (litros): 19
Ingredientes:
309
12. As receitas
Cyser temperado
Autor: Georgia Mead 380
Volume (litros): 20,8
Ingredientes:
• 5 cravos
• 10 g de GoFerm
• 25 g de Fermaid O
• 2 kg de figos verdes
310
12.4. Meloméis
311
12. As receitas
• 680 g de açúcar
• 15 mL de extrato de levedura
312
12.4. Meloméis
• 9,9 L de água
• 1,2 g de pectinase
• MBS
Crazy-Good Mead
Autor: Dave Polaschek 343
Volume (litros): 20
Ingredientes:
• 2 libras de mirtilos
• 14 g de lúpulo Saaz
313
12. As receitas
• 4 c.d.c de nutrientes
• MBS
314
12.5. Braggots, bochets e chouchenns
Melomel de maçã
Autor: Pattie Vargas 123
Volume (litros): 3,8
Ingredientes:
• 5 g de mescla ácida
• 5 g de pectinase
• 5 g de levedura de Champagne
• 5 g de nutrientes de levedura
Procedimento: Num tacho grande, ferva o mel na água (uma parte de mel
para duas de água) por dez minutos, escumando regularmente. Deixe esfriar
e transfira o lı́quido para um fermentador primário de 8 litros ou pouco mais.
Adicione o suco, o ácido, a enzima. Adicione 0,5 grama de metabissulfito de
sódio. Deixe a mistura repousar por 24 h. Em um outro recipiente prepare
o pé-de-cuba misturando a levedura, os nutrientes e o suco de laranja. Mis-
ture bem os ingredientes e deixe o pé de cuba em repouso por 1 a 3 horas,
até que apresente atividade e bolhas, então adicione-o ao mosto. Deixe fer-
mentar e trasfegue depois da fermentação vigorosa, para um recipiente de 4
litros munido de respiro. Complete o volume com suco de maçã se necessário.
Trasfegue novamente depois de 3 e depois de 6 meses. Engarrafe no 12o mês.
315
12. As receitas
Chouchenn-Braggot ”Strudel”
Autor:Grégoire Demets
Volume (litros):4,5
Ingredientes:
316
12.5. Braggots, bochets e chouchenns
• 20 litros de água
• 5 kg de mel silvestre
• 50 g de lúpulo ”cascade”
• 35 g de lúpulo ”lubliner”
• 5 g de levedura D47
• 5 g de bentonita
• 1 g de tanino de vinho
• 4 cravos
• 3 cm de canela em pau
317
12. As receitas
318
12.5. Braggots, bochets e chouchenns
Essa receita visa a produção de um melomel suave, frutado, com uma forte
presença da cereja (sem que se sobreponha ao mel), aroma de compota, ca-
ramelo, corpo médio e teor alcoólico em torno de 15% v/v. Pensando nessas
caracterı́sticas, a levedura “Redstar Pasteur Red” parece atender muito bem,
seja com relação ao corpo, à tolerância alcoólica, além de reforçar as carac-
terı́sticas da fruta. Como ela trabalha bem com taninos, recomenda-se um
leve esmagamento das cerejas afim de expor a semente. Para a densidade final
espera-se algo em torno de 1,015 g/ml.
• 32 kg de mel
• 2 limões sicilianos
319
12. As receitas
12.6 Metheglins/Melites
Melite de Lavanda
Autor: Leigh Ann Hussey
Volume (litros): 4
Ingredientes:
• 1,8 kg de mel
• 1 g de ácido cı́trico
• 2 g de tanino de vinho
• 2 g de levedura Champagne
• 5 g de nutrientes
320
12.6. Metheglins
• 15 libras de mel
• 2 paus de canela de 5 cm
• 10 g de levedura Epernay II
• 5 g de levedura de Champagne
321
12. As receitas
• 4 litros de água
322
12.6. Metheglins
Sack Metheglin
Autor: Coronel Gayre 115
Volume (litros): 19
Metheglyn de pixuri
3o lugar - Hidromel na Categorial Geral na 1a Taça Paulista de
Hidromel - Ribeirão Preto – 2017; Certificado Ouro de Hidromel
de Ervas, Especiarias ou Vegetais na 1a Copa Kylix de Hidromel -
Porto Alegre – 2017
Autor:Romualdo Juliatto
Volume (litros):18
Ingredientes:
323
12. As receitas
• 1 colher de ”energizer”
• 2 paus de canela de 8 cm
Metheglin Real
Autor:Equipe da Brew Your Own
Volume (litros):4
Ingredientes:
324
12.6. Metheglins
• 3 folhas de louro
• 6 cravos
• 5 g de enzima péctica
• 5 g de mistura de ácidos
• 5 g de levedura Montrachet
• 5 g de nutrientes de levedura
• 1 g de tanino de vinho
325
12. As receitas
• 10 g de levedura D47
• Mel silvestre
Metheglin blue
Autor: Gunther Jensen 379
Volume (litros):19
Ingredientes:
• 3 cravos
• 55 g de canela
• 1 baga de baunilha
• 3 pimentas da Jamaica
• 5 g de noz moscada
• levedura de Champagne
326
12.7. Diversos
• punhado de tomilho-limão
• 8 pimentas da Jamaica
• levedura EC-1118
• 2 c.d.c. de nutrientes
• 250 g de mel
• 10 g de canela
o
A palavra clairet está na origem da palavra clarre utilizada para designar pyments.
327
12. As receitas
• 50 g de gengibre
• 2 cravos
• 8 bagas de cardamomo
Misture todos os ingredientes e deixe macerar tudo por uma noite. Filtre
e sirva gelado. O clairet era uma bebida refrescante e muito apreciada.
Moretum
Autor:Anônimo
Volume (litros):1,5
Ingredientes:
• 500 g de mel
Hipocras I
Autor:Anônimo 386
Volume (litros):0,75
Ingredientes:
328
12.7. Diversos
Despeje o vinho num recipiente e adicione o mel. Agite até sua total dissolução.
Adicione os condimentos e deixe macerar por uma noite. No dia seguinte
corrija o sabor com os mais condimentos mais vinho ou mais mel, e coe tudo.
O hipocras era servido com sobremesas ou queijos durante a idade média. 130
Hipocras II
Autor:Anônimo 386
Volume (litros):12
Ingredientes:
• 500 g de mel
• 20 g de lúpulo
• 100 g de caramelo
329
12. As receitas
Hipocras III
Autor:Anônimo 387
Volume (litros):0,75
Ingredientes:
• 75 g de açúcar
• 25 g de mel
• 2 paus de canela
• um pau de canela
• 2 cravos
330
12.7. Diversos
Crisomel
Autor:Anônimo 129,215
Volume (litros):3
Ingredientes:
• 1 kg de mel
• 1 litro de água
• 1 baga de baunilha
Krupnikas
Autor:Joe Naujokas
Volume (litros):3
Ingredientes:
• 10 sementes de cardamomo
• 10 cravos
• 4 paus de canela de 5 cm
331
12. As receitas
• 4 xı́caras de água
• 1 kg de mel
Curaçao de mel
Ingredientes exóticos, mas que servem de base para a criação de outros
licores. 106 Autor:J. B. Depaire
Volume (litros):1
Ingredientes:
332
12.7. Diversos
• 200 ml de água
Oximel
Autor:Armand Clément 215
Volume (litros):3
Ingredientes:
p
Trata-se de um corante vermelho, o mesmo do Campari. Era extraı́do do inseto Kermes,
um tipo de cochenilha. Hoje é sintético. Corante alimentı́cio.
333
12. As receitas
• 2 litros de mel
• 1 litro de vinagre
A Abóbora 377 , Acerglyn 377,389,390 , Ale (mead ales) 377,391 , Amla 392 , Ameixa 393,394 ,
Amora 395,396 , Arroz negro 397
B Banana 372,377 , Barril 68,323 , Baunilha 377 , Beterraba 377 , Bochet 398 , Brag-
got 127,372,377,399,400
C Cacto (figo da Índia, opuntia) 342,377,401 , Caju (adapt.) 402 , Canela 395 , Ce-
noura 377 , Cereja 377,403 , Conditum 75 , Cravo 389 , Cyser 377,380,395,404 , Czwórniak 405 ,
D Damasco 377,406
E Espumante 342,365,366
L Laranja 377,410,411 , Lavanda 377 , Lichia (vinho) 412 , Limão 413 , Longan 414 ,
Lúpulo 399
334
12.8. Outras receitas
M Maçã (ver Cyser), Mahua 415 , Manga 405,416 , Manjericão 377 , Medovukha 417 ,
Melomel 68,121 , Menta 377 , Metheglin 128,323,418,419,419 , Mirtilo 377,420 , Morango 253,372,395,421 ,
Morat 377
O Oxicoco 377,399
Z Zimbro 377
335
Capı́tulo 13
337
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
.
Podemos também precisar de outras informações como medidas de acidez,
sulfitos ou acetaldeı́do por exemplo. Muitas vezes teremos que proceder a
análises quı́micas, chamadas de titulações volumétricas, que são as mais sim-
ples e baratas, podendo ser realizadas em um laboratório muito simples. O
procedimento geral das titulações está descrito no apêndice B.12.
338
13.1. Teor alcoólico
339
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
Estimativa de A.E.V.
Todos nós conhecemos aquelas formulinhas mágicas que nos dão valores
aproximados de A.E.V., utilizando apenas os valores de densidade final e ini-
cial. São aproximados pois arredondam e simplificam muitos parâmetros en-
volvidos na teoria, portanto não adianta discutir sobre casas depois da vı́rgula
se você é adepto de continhas mágicas. Simplesmente não faz sentido. 0,5
% de A.E.V. já é uma boa estimativa. Todavia é um dado a mais para seus
cálculos, que deve sim ser utilizado a tı́tulo de comparação. Estas fórmulas
exigem que os valores de densidade tenham sido corrigidos pela temperatura,
já que densidade muda com temperatura. Observe que há três fórmulas para
cálculo de A.E.V.: duas para cerveja e uma para vinho e hidromel.
Para cerveja:
A.E.V. = 131 ∗ (Doriginal − Df inal ) (13.1)
ou ainda:
1, 05 Doriginal − Df inal
A.E.V. = ( × ) × 100 (13.2)
0, 79 Df inal
Para o hidromel a equação correta é esta, muito próxima da
anterior: 133,256
Doriginal − Df inal
A.E.V. = ( ) × 1000 (13.3)
7, 36
que é o mesmo que
A.E.V. = 135, 8 ∗ (Doriginal − Df inal ) (13.4)
Este tipo de relação não é linear na verdade e por isso estas simplificações
se aplicam apenas em determinadas faixas de valores e A.E.V. Por isso existem
340
13.1. Teor alcoólico
fórmulas para cerveja e hidromel. Um exemplo que ilustra bem essa diferença
entre as equações é o caso dos licores. Pela grande quantidade de açúcar apre-
sentam elevada densidade, mas também elevado teor alcoólico... As equações
de qualquer forma dão resultados muito similares, com diferenças de décimos
de unidade, o que é bem pouco. O lado bom disso é que para utilizá-la são
necessários somente os valores de densidade antes e depois da fermentação
medidos em temperaturas iguais, ou valores corrigidos de acordo com a tem-
peratura da medida.
Em outra referência 301 encontramos mais uma fórmula:
o
GL = (M × 0, 0446) − (o Bxf inal × 0, 6458) (13.5)
Onde M é a quantidade de mel no mosto (gramas por litro) e nos dá valores
em o G.L.
Vinômetro
Já descrevemos este dispositivo na seção 4.2. O vinômetro é um dispositivo
bem pequeno e frágil, mas que pode ajudar bastante. Seu uso é simples e já foi
descrito anteriormente mas vale a pena relembrar. Para utilizar o vinômetro
devemos encher a canequinha (uns 3 mL mais ou menos) da parte superior
e esperar até lı́quido começar a gotejar pelo orifı́cio inferior (fig. 13.1 A).
Isso serve para preencher o capilar do aparelho. Uma vez que o capilar está
totalmente cheio, viramos o vinômetro e observamos o menisco dentro do
capilar(fig. 13.1 B). Ele vai baixar devagar e parar. Quando parar anotamos
o valor na escala(fig. 13.1 C). Este será o nosso teor alcoólico.
É importante mantermos o vinômetro sempre impecavelmente limpo, para
garantir a qualidade da medida, e também é importante sabermos a tempera-
tura do ambiente. Como a quantidade de hidromel é pequena, provavelmente
atingirá a temperatura ambiente rapidamente, portanto devemos conhecer seu
valor.
Índice de refração
As medidas realizadas por refratometria (medidas de refratômetro) são
úteis para se determinar a concentração de açúcar na mistura, mas não ao
final da fermentação. Como dissemos anteriormente, qualquer composto dis-
solvido no hidromel vai alterar seu ı́ndice de refração, isso inclui o etanol. Por
esta razão, considerando que ao término de uma fermentação tenhamos três
componentes principais água, etanol e açúcar residual, não seremos capazes de
341
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
342
13.1. Teor alcoólico
Ebulioscopia e crioscopia
Outro método para se medir a graduação alcoólica, em declı́nio hoje em
dia, é a ebuliometria ou ebulioscopia, que consiste em medir o ponto de
ebulição do hidromel ou do vinho. O ponto de ebulição de misturas água/álcool
como o hidromel está relacionado à composição da mistura. O princı́pio é sim-
ples: Se dois lı́quidos A e B, são miscı́veis entre si, o ponto de ebulição de uma
mistura deles será dependente da proporção de cada um naquela mistura.
Usando o exemplo do etanol e da água podemos dizer que o ponto de ebulição
das misturas dos dois estarão acima do ponto de ebulição do etanol (∼78 o C
) e abaixo do da água (100 o C ). Quanto mais diluı́do o álcool, maior será o
ponto de ebulição, aproximando-se da temperatura de ebulição da água pura.
As variações de temperatura são grandes para misturas na faixa de 0 a 30 %
A.E.V., que é onde costumamos fazer medidas para hidroméis. A figure 13.5
apresenta valores calculados dos pontos de ebulição de misturas etanol/água
em diversas altitudes (dados numéricos na seção B.5).
Há dois inconvenientes nesta técnica: O ponto de ebulição de lı́quidos
varia com a pressão atmosférica, portanto com a altitude em que realizamos a
medida. A água só ferve a 100 o C ao nı́vel do mar...a 3000 m de altitude seu
343
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
344
13.1. Teor alcoólico
Crioscopia
345
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
13.2 Acidez
346
13.2. Acidez
Figura 13.8: Estruturas quı́micas de alguns dos ácidos mais citados neste
capı́tulo.
Caso sua amostra tenha sido aberta imediatamente antes da titulação, não
dando tempo aos ácidos voláteis saı́rem, a titulação lhe dará um valor próximo
à da acidez total. Se fervermos a amostra e esfriarmos, e re-titularmos, o valor
da acidez será menor, pois a titulação nos dará o valor da acidez fixa. O CO2
em amostras frisantes também altera a acidez da amostra. Este pode ser
removido a 40 o C e agitação lenta.
Portanto:
• Acidez volátil são aqueles ácidos que podem sair da amostra na forma
347
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
Figura 13.9: Proporção relativa dos ácidos mais comuns em hidroméis (média
de 22 amostras). 468
Podemos medir com boa precisão a quantidade desses ácidos por um pro-
cedimento chamado de titulação ácido-base, que está descrito em detalhes no
348
13.2. Acidez
349
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
Tabela 13.1: Fatores de equivalência com o ácido sulfúrico para diversos ácidos
comuns em hidroméis e vinhos.
Ácido Fator (g/L p/ 1g/L de H2 SO4 )
Málico 1,366
Tartárico 1,530
Cı́trico 1,305
Acético 1,224
Glucônico 4
Sulfúrico 1
Acidez volátil
A acidez volátil é aquela fração de ácidos que é volátil, portanto que tende
a deixar a amostras aos poucos, principalmente se ela for aquecida e agitada.
Existem diversos métodos 277,480,481 para quantificar a acidez volátil de hi-
b
O que não é bem verdade, pois a força dos ácidos é diferente
350
13.2. Acidez
droméis, mas até o mais simples deles requer uma aparelhagem mı́nima de
laboratório, como por exemplo um aparato de destilação por arraste a vapor
(figura 13.12), e buretas com suporte etc...Para o hidromeleiro caseiro é um
pouco complicado tentar medir a acidez volátil de seus hidroméis, mas não é
impossı́vel.
A forma mais simples de se estimar a acidez volátil é por diferença entre
duas medidas. Num primeiro momento mede-se a acidez total, logo ao se tirar
a amostra da garrafa ou tanque em que se encontra, e de preferência à baixa
temperatura. Num segundo momento forçamos a saı́da do máximo de ácidos
voláteis e repetimos a medida. A diferença entre as duas medidas corresponde
aproximadamente à acidez volátil. Os detalhes destas medidas são fornecidos
mais adiante.
Acidez total
Existe um método que é factı́vel em instalações caseiras, que consiste em
calcular a acidez neutralizando o ácido com hidróxido de sódio (NaOH) que
é uma base forte. Esse processo é chamado de titulação ácido-base ou ainda
volumetria. No caso aqui, vamos adicionando uma base que neutraliza o ácido
da amostra o que vai trazendo, aos poucos, o pH da amostra para a neutrali-
dade já que estamos eliminando os ı́ons H+ da amostra. Usamos um indicador
colorido junto da solução que nos mostrará quando todo o ácido foi neutrali-
zado e o pH chegou a 7, ou próximo disso, que é o pH em que ele muda de
cor. Este é chamado o ponto de viragem do indicador. Não é um método
perfeito, pois muitos pontos são questionáveis, porém é um método de fácil
realização e pode ser utilizado inclusive para padronizar hidroméis. Quando
queremos determinar a acidez total do hidromel devemos minimizar a perda
de acidez volátil, isto é realizar a medida em temperatura baixa (10 o C seria
bom) e logo após destamparmos o recipiente onde estava guardado o hidromel.
Também devemos agitá-lo o mı́nimo possı́vel, e se possı́vel realizar as medidas
em duplicata ou triplicata, e fazer uma média. Dessa forma assumimos que
estamos medindo a quantidade de todos os ácidos presentes na amostra.
351
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
Reagentes
• Solução de NaOH a 1 mol/L: 40 g/L em água fevida friac .
O ideal seria submeter a amostra a vácuo para retirar o CO2 , mas provavel-
mente não será tão simples.
Medida
Coloque 30 mL de água fervida fria num béquer, 1 mL de solução de azul de
bromotimol e 10 mL de hidromel. Adicione com a bureta a solução de NaOH
a 0,1 mL até que se obtenha a mesma coloração que a do ensaio anterior (sec.
13.2). Anote o volume de NaOH utilizado para se chegar a esta cor com uma
casa depois da vı́rgula.
c
Ferver a água, elimina o CO2 dissolvido, pois ele é ácido.
352
13.2. Acidez
Cálculo da acidez
O resultado é expresso em miliequivalentes por litro da seguinte forma:
A acidez total expressa em g/L de ácido tartárico é dada por (com duas casas
decimais):
Atartárico = 0, 075 × A (13.10)
A acidez total expressa em g/L de ácido sulfúrico é dada por (com duas casas
decimais):
Asulfúrico = 0, 049 × A (13.11)
Acidez volátil
Para determinar a acidez volátil você precisará de um sistema de destilação
por arraste a vapor, como mostramos na figura 13.12.
Reagentes
• Ácido tartárico sólido
353
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
Medida
Destilação: coloque 20 mL de hidromel, e adicione 0,5 g de ácido tartárico.
Colete 250 mL de destilado. Titule o coletado com NaOH 0,1 mol/L utilizando
duas gotas de fenolftaleı́na como indicador. Titule até a coloração ficar rosada.
Anote o volume de NaOH usado (n). Adicione 4 gotas de HCl diluı́do, 2 mL
de solução de amido, uns cristaizinhos de KI. Titule então o dióxido de enxofre
livre com a solução de iodo a 0,005 mol/L e anote o volume (n’ ). Adicione a
solução de tetraborato até reaparecer a coloração rosa. Titule novamente com
a solução de iodo a 0,005 mol/L e anote o volume (n”).
Cálculo
O resultado é expresso em miliequivalentes por litro da seguinte forma:
A = 5 × (n − 0, 1 × n0 − 0, 05 × n”) (13.12)
A acidez volátil expressa em g/L de ácido acético é dada por (com duas casas
decimais):
Aacético = 0, 300 × (n − 0, 1 × n0 − 0, 05 × n”) (13.13)
A acidez volátil expressa em g/L de ácido sulfúrico é dada por (com duas
casas decimais):
Método simplificado
Esse procedimento utiliza menos reagentes e desconsidera interferentes. É
aceito em publicações cientı́ficas. 479
Reagentes
Acidez total
Titule 5 mL de hidromel e duas gotas da solução de indicador fenolf-
taleı́na com a solução de NaOH, até coloração levemente rosada (pH=8,2).
O resultado é dado em equivalentes : Ameq/L = 4 × vol(NaOH); em g/L de
ácido tartárico : Atartárico = 0, 3 × vol(NaOH); em g/L de ácido sulfúrico
:Asulfúrico = 0, 196 × vol(NaOH)
354
13.3. Dulçor
Acidez volátil
Destila-se por arraste 5 mL de hidromel e coleta-se 40 mL. Titula-se da
mesma maneira que a seção anterior. O resultado é dado em equivalentes
: Ameq/L = 4 × vol(NaOH); em g/L de ácido acético : Aacético = 0, 24 ×
vol(NaOH); em g/L de ácido sulfúrico :Asulfúrico = 0, 196 × vol(NaOH)
13.3 Dulçor
E sidual no seu hidromel com razoável precisão. Digo isso pois nenhum
dos métodos descritos aqui é 100 % exato e preciso, mas são um ponto
de partida para quem não dispõe de técnicas analı́ticas sofisticadas.
A escala Brix, desde que não tenha sido medida por refratometria, nos dá
valores diretos de açúcar residual. Basta converter a densidade final em o Bx
, que teremos o valor de açúcares em g/L.
355
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
açúcar residual, que podem ser convertidos em g/L de acordo com a equação
7.1 adaptada dessa forma:
Df − 1
Dulçor(g/L) = (13.16)
0, 0003
Imagine que tenhamos um mosto com Di = 1, 100. Depois da fermentação
medimos Df = 1, 010. O teor alcoólico seria dado pela diferença 1, 100 −
1, 010 = 0, 090 e o Dr seria de 1 − 0, 09 = 0, 01. Sabemos porém que cada
grama de mel por litro contribui com 0,0003 unidades de densidade. Nesse
0,01
caso então seria como se tivéssemos 0,0003 = 33, 3g/L o que o classificaria
como suave, de acordo com a classificação da tabela 7.3.
356
13.4. Turbidez
13.4 Turbidez
A mel. Já provei hidroméis turvos que não eram ruins, mas que sem
dúvida poderiam ser bem melhores (ou pelo menos mais atraentes),
uma vez que a turbidez se deve em geral a leveduras, pectina ou proteı́nas
em suspensão, e muitas vezes estes sólidos alteram o sabor da bebida. O sa-
bor da levedura interfere muito no sabor do hidromel como um todo, e além
disso, as leveduras podem literalmente apodrecer no hidromel dando origem
a um gosto de papelão, num processo chamado de autólise. As partı́culas
em suspensão no lı́quido formam suspensões coloidais, e por serem grandes o
suficiente desviam a luz, que é a origem desta turbidez. Suspensões coloidais
estáveis (que se mantém por mais de um mês) são extremamente difı́ceis de
serem desfeitas, e o tempo somente, quando isso acontece, não é suficiente
para clarificar o hidromel. A suspensão coloidal só será quebrada, quando as
moléculas começarem a se decompor por reações quı́micas lentas ou se forem
adicionados agentes floculantes. A melhor maneira de se estimar a turbidez do
hidromel é utilizando uma lanterna, (ou melhor ainda uma ponteira LASER) e
posicionando a garrafa ou copo à nossa frente. Aproximamos então o feixe de
luz da lanterna na lateral da garrafa. Se estiver turvo, será possı́vel enxergar
o feixe passando por ele. Este é o chamado efeito Tyndall. Diversos métodos
existem para clarificar o hidromel, e boa parte deles utiliza floculantes como
descrevemos em detalhes na seção 5.5. 289,290
357
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
Reagentes
1. Tampão neutro (pH 7): 3,35 g de KH2 PO4 + 15 g Na2 HPO4 .12 H2 O em
um litro de água destilada (sempre água destilada para todas as soluções
analı́ticas).
Figura 13.12: Aparato para destilação por arraste a vapor; a) tubo de se-
gurança b) balão com água c) balão com amostra d) condensador e) frasco
coletor.
358
13.5. Outros
Hidroximetilfurfural (HMF)
O HMF (figura 13.13) é um sinalizador no hidromel. Ele vai atestar a
qualidade do mel e as condições de preparo e armazenamento do hidromel.
É um produto de degradação de monossacarı́deos, como a glicose e a frutose.
Aquecimentos muito prolongados, estocagem prolongada do mel, estocagem
em recipientes metálicos, ou adulteração do mel, elevam os teores de HMF
consideravelmente. Xaropes de milho de alto teor de frutose (HFCS, high-
frucotse corn syrup) contêm até 20 mg/kg de HMF em decorrência do processo
de fabricação. Adulterações do mel com esse xarope certamente aumentarão
muito os nı́veis de HMF, que poderá ser detectado após a fermentação. O HMF
é tóxico para as abelhas, e apicultores que complementam sua alimentação
com HFCS, devem tratá-lo com alguma base para diminuir a quantidade de
HMF. 482,483
Embora esteja sempre presente no mel comercial, quantidades baixas são
ideais, nem tanto pelo perfil organoléptico, mas como atestado de qualidade.
Em um estudo bastante original Švecová 468 determinou os teores de HMF em
22 amostras tchecas, que situou esses teores em torno de 27 mg/L a 209 mg/L.
359
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
360
13.6. Sulfitos
361
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
362
13.6. Sulfitos
363
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
larem a cepa de levedura que elegeram para compor seu hidromel. Cabe ressal-
tar que nesse caso, a inoculação ocorre somente no dia seguinte à esterilização,
com pelo menos 12 horas de espaço. Isto equivaleria a uma pasteurização ou
fervura do mosto em termos de assepsia, 157,248 o que é bastante recomendável
aos adeptos do método a frio. É especialmente útil quando utilizamos frutas e
plantas no mosto, que trazem consigo quantidades consideráveis de leveduras
e bactérias selvagens. Mesmo a melhor das lavagens pode não ser capaz de
eliminá-las todas.
Cepas de leveduras selvagens são em geral mais sensı́veis ao SO2 do que as cepas
domésticas utilizadas na produção de hidromel.
364
13.6. Sulfitos
quer com a sua presença, como por exemplo favorecer ou inibir fermentações
secundárias. Além disso depende também do dulçor e da bebida. Quando tra-
tamos de SO2 , temos que ter em mente que esta molécula reage com uma série
de compostos no hidromel, como alguns açúcares, aldeı́dos e fenóis, deixando
então de atuar como antioxidante ou antisséptico. Falamos então que há uma
fração do SO2 ligado, que é a porção que reagiu, e outra livre que garante
a preservação do hidromel. Somando as duas quantidades temos o SO2 total
da bebida (eq. 13.22).
Não confundir SO2 molecular (esse que é ativo), com SO2 livre (não necessa-
riamente molecular, pode ser bissulfito), com SO2 ligado (este não vai ajudar em
nada, está ligado a biomoléculas), com SO2 total (é a soma do SO2 livre e do SO2
ligado).
Calculo: Quanto mais ácido for o hidromel, menos sulfito ele vai demandar,
já que a maior parte dele vai estar na forma de SO2 . O limiar gustativo do
SO2 é 50 ppm, ou 50 mg/L, portanto ele pode começar a incomodar no sabor
em pHs maiores de 3,6. Hidroméis muito doces não devem passar de 110 ppm
pelo mesmo motivo. Para conservar o hidromel precisamos de 0,5 a 0,8 ppm
de SO2 molecular livre. Por ter mais açúcar, o hidromel mais doce precisa
365
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
de mais SO2 total para garantir de 0,8 a 1 ppm de SO2 total. 485 Os secos
precisam de 0,4 a 0,6 ppm (tabela 13.6).
A tabela 13.6 e a fig 13.6 mostram quanto de SO2 total precisamos nos
diferentes pHs para conseguirmos 0,8 ppm de SO2 molecular livre.
Se não houve adição alguma de sulfitos anterior, o cálculo é simples: 486
1, 75
Gr. de Metabissulfito de potássio = ppmtotal × V olumelitros × (13.23)
1000
1, 49
Gr. de Metabissulfito de sódio = ppmtotal × V olumelitros × (13.24)
1000
As próprias leveduras costumam produzir SO2 em quantidades variáveis,
e algumas cepas podem gerar até 10 ppm de sulfitos totais durante a fer-
mentação. 484 Isto pode ser a fonte de falhas na produção como cheiro de
fósforos ou ovo podre. É recomendável fazer a dosagem de sulfitos no hidro-
mel e adicionar a diferença apenas para se atingir os teores desejados.
366
13.6. Sulfitos
Você encontrará os cálculos prontos para toda a faixa de valores, nas ta-
belas do apêndice B.6, B.6, B.6 e B.6.
SO2 também pode reagir com antocianinas que são corantes naturais de frutas
vermelhas e violetas, fazendo-as perder a coloração. Portanto, excesso de SO2 além
de gerar aroma de fósforos também altera a cor de seus morats ou pyments.
367
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
368
13.6. Sulfitos
369
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
13.7 Sorbatos
inda não inventaram nada mais eficiente que o anidrido sulfuroso para
370
13.8. Corte
[sorbato de potássio]
[ácido sórbico] = (13.25)
1, 35
371
13. Análise, correção, conservação e degustação do hidromel
desastres. Nas vinı́colas, esta tarefa é confiada ao mais experiente dos mes-
tres enólogos, já que se trata de salvar milhares de litros de vinho com essa
operação. Quando temos dados quantitativos, sobre teor alcoólico ou dulçor
por exemplo, sobre cada lote a ser misturado é até que simples, uma vez que
podemos fazer uma média dos teores, utilizando o quadrado de Pearson como
mostramos no caso de correção de teor alcoólico, na seção 15. Fazer assembla-
ges baseando-se somente em impressões pode ser difı́cil e bastante arriscado.
372
Capı́tulo 14
A Degustação
373
14. Degustação
14.1 Copos
maioria das competições utiliza taças do tipo ISO. São simples tulipas
374
14.2. Temperatura
ou vinhos encorpados. Copos menores, evitam que isto aconteça, uma vez que
ficam vazios antes!
14.2 Temperatura
A mais interessante é que não existe uma temperatura ideal para todos
os tipos de hidromel. Os hidroméis mais leves e um tanto ácidos ficarão
mais palatáveis a temperaturas mais baixas, próximas de 5 o C , enquanto que
um bom bochet, que é naturalmente mais encorpado, pode ser consumido a 15
o C para que possa emanar todos os aromas do caramelo, e que estes possam
375
14. Degustação
14.3 Procedimento
376
14.3. Procedimento
377
14. Degustação
378
14.3. Procedimento
379
14. Degustação
14.4 Harmonização
380
Capı́tulo 15
ntes de preparar algo que fosse potável, logo no inı́cio de minhas in-
381
15. Falhas
382
10.4), só que é mais prático, ele produz o mesmo SO2 que precisamos em
quantidade muito precisas, sem a necessidade de chama. Esta substância é
inofensiva, mas alguns indivı́duos sentem dores de cabeça quando a ingerem
em grande quantidade, portanto sua presença em vinhos é regulamentada em
todos os paı́ses 111 . A adição de sorbatos ajuda e aumenta a eficiência do MBS,
mas sorbatos sozinhos não são tão eficientes quanto o MBS sozinho. O outro
método é a pasteurização. Aquecendo as garrafas em banho maria a 75 o C
por 15 minutos, matamos as leveduras que ainda estejam vivas, e os demais
microrganismos. Podemos fazer isto em panelões, mas é uma operação um
pouco mais complicada do que a adição de sulfitos. Outra fonte muito comum
de turbidez é a presença de proteı́nas, restos de favo ou pectina. A remoção
destas proteı́nas e restos de favo é praticamente completa quando ser ferve o
mosto escumando a resina que se forma. 103,194 Caso a mostura seja feita a frio,
é necessária a adição de algum floculante para remover estas proteı́nas, que
precipitarão com o tempo, na guarda, e serão removidas nas trasfegas ou no
fermentador cônico. Seja qual for o método de mostura, uma boa floculação
e trasfegas são fundamentais, justamente para clarificar o hidromel de ma-
neira correta. A pectina, é um polissacarı́deo (açúcares ligados uns aos outros
numa longa cadeia, veja seção 5.2) presente nas frutas. É difı́cil remover a
pectina de frutiméis, (meloméis), e isto causa turbidez também. A solução
para eliminar a pectina é a utilização de enzima péctica (ou pectinase). Con-
taminações por lactobacilus também podem gerar precipitados, e ocorrem por
falta de esterilização do material utilizado. Caso seu hidromel esteja turvo o
melhor é verificar se seu gosto não foi alterado. Em caso negativo, o melhor
é re-engarrafá-lo. Para isto transfira o lı́quido para um recipiente grande o
suficiente evitando o contato com oxigênio. Evite deixar muito espaço entre a
tampa do recipiente e a superfı́cie do lı́quido, para diminuir a quantidade de ar
disponı́vel para oxidar seu hidromel. Caso o sólido já esteja floculado, basta
esperar que vá para o fundo do recipiente realizar mais uma trasfega. Caso
ainda esteja turvo, adicione floculantes (seção 5.5) para precipitar os sólidos
e trasfegue em seguida.
Outro processo mais lento e contra o qual é difı́cil brigar é a chamada ”casse”
ou ”quebra”férrica. O processo pode ser contido pela adição de ácido ascórbico
no produto final ou ainda M.B.S.. A formação de precipitados por conta de
ı́ons de ferro está descrito na seção 5.6 mas quando ocorrem dentro da garrafa
pode condenar o lote.
Caso saiba que a água que utilizou na sua receita contém muito ferro, tenha
em mente que poderá acontecer num intervalo de um ano após engarrafar.
Meles escuros também trazem consigo altos teores de ferro. Se o pH final
de seu hidromel estiver bem acima de 3 (em torno de 4 por exemplo) tanto
383
15. Falhas
melhor. Os ı́ons de ferro (Fe3+ ) já terão precipitado nas trasfegas em sua
maior parte.
384
que houve muito oxigênio em contato com o lı́quido, falta de higiene ou ainda
que o hidromel foi guardado em temperatura muito alta. Não há remédio para
isto, jogue fora ou utilize-o como vinagre, deixando as bactérias trabalharem
até o fim. 139 A mycoderma necessita de uma superfı́cie lı́quida calma para se
multiplicar, portanto hidroméis mal vedados e parados há muito tempo podem
ser contaminados mais facilmente. 40 O fato de guardar o hidromel em recipi-
entes estreitos, diminui a área disponı́vel para a acetobacter, o que dificulta
sua multiplicação. Caso detecte um leve aroma de vinagre, ou seja, o inı́cio
da acetificação e desconfie que pode haver tido contaminação, uma alterna-
tiva é tentar reverter o processo com 100 a 150 ppm de sulfitos. Lactobacilos
também podem gerar ácido acético, principalmente quando estão no mosto
original e que a fermentação alcoólica não se completa. 484 Existem pastilhas
interessantes de parafina com óleo de mostarda e MBS, chamadas de anti-
kaam Elas boiam sobre o hidromel e soltam lentamente estas substâncias que
previnem a formação de mycorderma. Usa-se uma para cada 25 litros. Fer-
mentações a altas temperaturas (acima de 26 o C ) geram normalmente ácido
acético também, 391 mas por conta de oxidação do etanol e metabolismo de le-
vedura, não necessariamente por conta de contaminação. É patente a relação
entre alta acidez acética espontânea e alta temperatura de fermentação. Aliás
é o primeiro erro do hidromeleiro aprendiz.
385
15. Falhas
Fermentação malolática
386
Gosto de barro ou de levedura
Isto ocorre quando há depósitos no hidromel, e quase sempre a causa são
trasfegas tardias, mal feitas, ou fermentações que prosseguiram na garrafa.
As leveduras acabam morrendo e se decompondo, num processo chamado de
autólise, transmitindo um gosto de corda à bebida, além de alterar seu aroma.
Muitas vezes não é perceptı́vel, mas a melhor forma de evitar isto é com boas
trasfegas. No caso de hidroméis frisantes ou espumantes, pode ser inevitável,
se não for feito o ”dégorgement” (técnica de retirar sedimentos a frio) como é
feito no Champagne. O gosto de levedura, remete à massa de pão crua. Pode
ocorrer quando a quantidade de levedura presente é excessiva, ou quando a
cepa que escolheu para a fermentação não tem boa floculação, permanecendo
em grande parte em suspensão. Com o tempo morrerá e se depositará no
fundo, e o sabor vai se alterar gradativamente, evoluindo para barro ou corda
molhada. Pode ser corrigido com novas trasfegas, adição de floculantes ou uso
de outra cepa.
387
15. Falhas
Há inclusive cepas de levedura que são conhecidas por produzi-las, e neste
caso é recomendável diminuir a temperatura de fermentação e oxigenar bem
o mosto. Outras cepas produzem mais ésteres quando estão estressadas. O
aroma evolui, e ele fica mais palatável (redondo), em grande parte por conta
da formação de ésteres com aqueles alcoóis superiores presentes no inı́cio da
guarda. Quando há claro desequilı́brio entre esses aromas de aldeı́do, ou
ésteres pode ser sim sinal de contaminação ou excesso de oxigênio, que pode
ser também consequência de uma sulfitagem deficiente.
Cheiro de noz
Cheiro de amêndoa, noz ou ainda cereja, pode ser sinal de oxidação do
hidromel, após o envase em geral. Em algum momento houve contato com
oxigênio que acabou por oxidar alguns componentes do hidromel dando origem
a estes aromas como fenóis por exemplo. Algumas leveduras produzem estes
aromas naturalmente. A adição de SO2 , na forma de metabissulfito pode
reduzir esse efeito.
Cheiro de flores
Não que seja necessariamente um defeito ou falha, mas às vezes o hidromel
exala um forte cheiro de flores. Isto se deve à variedade do mel empregada.
Geralmente monoflorais de plantas muito aromáticas.
388
cerveja. Algumas deixam um sabor ligeiramente amargo. 137 O estresse de le-
veduras ou ainda a contaminação do mosto também pode gerar sabor amargo.
Essas bactérias transformam glicerol, presente no hidromel, em acroleı́na que
é um composto muito amargo. 104 A outra hipótese muito mais comum é que
você utilizou frutas cı́tricas, e deixou o albedo em contato com o lı́quido.
Caillas por outro lado afirma que se trata de contaminação por micélio de um
fungo que atinge principalmente hidroméis fracos (¡10 % A.E.V.), com pouca
acidez ou pouco tanino. Segundo ele a única possibilidade para salvar o hi-
dromel seria adicionar mais mel e tentar re-inocular leveduras: realizar uma
segunda fermentação. 126
Gosto de remédio
Provavelmente a água que foi utilizada ou ainda adição excessiva de nutri-
entes de levedura e outros aditivos.
Adstringência excessiva
Normalmente essa sensação de ”trava-boca”ou ainda a sensação de comer
um caqui verde é por conta da presença excessiva de taninos. A fonte mais
provável destes taninos em excesso são cascas e sementes de fruta, que tenham
ficado tempo demais em contato com o hidromel. Outra possibilidade é um
erro de cálculo na adição de tanino na preparação do hidromel. Uma parte do
tanino pode ser removida com a adição de leite por exemplo, como descrevemos
na seção de floculantes, mas o processo é demorado.
Gosto de papelão
Gosto de papelão é comum e também é sinal de oxidação por oxigênio,
após a fermentação e envase. É o mesmo caso que aromas de nozes. Às vezes
é porque o hidromel está muito velho mesmo, simplesmente estragou...Melhor
usar para vinagre.
Gosto de solvente
Muito comum em hidroméis novos ou fermentados a temperaturas altas
demais. Também é indicativo de presença de alcoóis superiores como butanol
e propanol entre outros. Às vezes também é sinal de estresse de leveduras,
mas na maioria das vezes é só uma fermentação errada mesmo. Alguns se re-
cuperam com o tempo (digo mais de 6 meses) outros nunca. Quando sentimos
um cheiro caracterı́stico de esmalte de unhas é sinal da presença de acetato
389
15. Falhas
de etila, que vai aparecer quando a acidez volátil do hidromel está alta de-
mais. Significa que há uma grande quantidade de ácido acético, que reage por
sua vez com o etanol do hidromel, formando assim o acetato de etila. Difı́cil
recuperar. 193,285,500
Sabor metálico
O hidromel está com sabor metálico, lembrando sabor de sangue ou papel
alumı́nio é sinal que a água que se utilizou contém sais minerais demais ou que
se utilizou nutrientes de levedura em excesso. 275,497,501 Mais raro é que a causa
desse sabor seja por conta de material enferrujado ou ainda de alumı́nio que
tenha ficado em contato com o hidromel por tempos prolongados. Lembrando
que o alumı́nio pode ser atacado pelo hidromel, já que tem pH baixo o sufi-
ciente para isso. 79,222,502 Limpar as panelas ou outro material com palha de
aço também é uma péssima ideia nesse sentido, já que além de deixar cheiro e
sabor metálicos, remove a fina camada de óxido que cobre alguns metais como
o alumı́nio. Este óxido o protege contra a corrosão. Pode ser por conta da
embalagem como latas por exemplo. Eu sempre preferi o vidro às latas para
quaisquer bebidas. Acredito que o sabor seja realmente diferente, e sempre
melhor em vidro. Sabores metálicos ou saponáceos podem vir de correções de
pH com carbonatos. 503
Correção de dulçor
Muitos hidroméis acabam mais secos do que o previsto, e eventualmente
fugindo das previsões originais da receita realizada ou do estilo proposto ini-
cialmente. Este parece ser o mais simples de corrigir, uma vez que basta
adicionar mel, para que o dulçor atinja o valor desejado. Para isso no entanto
são necessárias algumas precauções. A primeira é de ter certeza que a fer-
mentação esteja terminada (densidade constante), porque se ainda estiver em
curso, o dulçor ainda não terá chegado ao seu valor definitivo, e talvez seja
necessário corrigir novamente o dulçor. A correção de dulçor só deve ser rea-
lizada após vários meses de guarda, para garantir isto. Outro caso é quando
há leveduras ainda no meio, dormentes, mas vivas. Isso é bastante óbvio, pois
390
dependendo da cepa, a levedura pode simplesmente consumir o mel que fora
adicionado para retomar a fermentação. É necessário então eliminar essas le-
veduras com sorbato de potássio ou sulfitos antes de prosseguir.
M elamostra
M el = (V olinicial − V olamostra ) ∗ (15.1)
V olamostra
Por exemplo um tanque de 50 litros, retiramos 200 mL (0,2 L) de amostra
e corrigimos esta amostra com 1,3 gramas de mel. Teremos que adicionar:
1
50 − 0, 2 ∗ ( ∗ 1, 3) = 323, 7g (15.2)
0, 2
Aı́ podemos fazer uma só adição no tanque sem ter que agitar demais este
hidromel correndo o risco de oxidá-lo. Não é preciso misturar esse mel adicio-
nado num primeiro momento. Apenas adicione-o evitando respingos e tampe
o recipiente de guarda. Se puder deixá-lo alguns dias a própria difusão deve
se encarregar de homogeneizar tudo, se não, agite gentilmente o recipiente
de guarda tampado. Não é recomendado fazer isso com baldes de plástico se
estiverem munidos de respiro. Ao serem erguidos, o fundo dos baldes cede ao
peso do hidromel e afunda um pouco, aspirando ar para dentro e tudo que
estiver dentro do seu respiro...
391
15. Falhas
392
Figura 15.2: Un exemplo do quadrado de Pearson.
2
× 15 = 6 L de HM A (15.3)
5
393
15. Falhas
e
3
× 15 = 9 L de HM B (15.4)
5
Para que funcione D e E devem ser positivos e C deve estar compreendido
entre A e B. Dessa forma também podemos proceder para corrigir o dulçor,
desde que tenhamos dados sobre a quantidade de açúcar presente em cada
amostra. Não nos esqueçamos porém que ao alterar ao misturar dois ou mais
hidroméis também alteramos as outras caracterı́sticas.
Hidroméis alcoólicos demais, que dão aquela sensação de queimação pode
ser suavizados com um pouco de mescla ácida, especialmente de ácido tartárico.
Ele ameniza essa sensação. 104
Aspecto oleoso
O hidromel está turvo e parece que tem óleo, ou fica com aspecto oleoso.
Isto se deve a contaminação por bacilos láticos do tipo Leuconostoc. Descarte.
394
Parte IV
Apêndices
395
Apêndice A
O Glossário
• α: Coeficiente de conversão
397
A. O Glossário
• Aquavit: Aguardente
• Braggot: Hidromel preparado com malte, às vezes com lúpulo também
• Buquê: Bouquet
398
• Densı́metro: Dispositivo para medir densidades
399
A. O Glossário
• ppm: Partes por milhão ou mg por quilo (se for em água são mg por
litro)
400
• Tampão: Efeito de estabilidade de pH frente à adição de ácido ou base
401
A. O Glossário
402
Apêndice B
Tabelas e gráficos
403
B. Tabelas
Choppine = 0,475 mL
Galão Americano = 3,785 L
Galão Imperial = 4,546 L
Grão, ou Grain = 65 mg
Onça fluida = 29,573 mL
Onça seca = 28,35 g
Pint Americano = 473 mL
Pint Imperial = 568 mL
Pinte Francês = 950 mL
Pound = (libra) 453,6 g
Quart = 0,946 L
Setier = 7,45 L
404
B.1. Unidades diferentes
Tabela B.1: Equivalência entre libras por galão americano e gramas por litro.
lb/gal g/L
1 120
1,5 180
2 240
2,5 300
3 360
3,5 420
4 480
32 0 72 22
41 5 75 24
43 6 79 26
44,5 7 82 28
46,5 8 86 30
48 9 95 35
50 10 104 40
52 11 113 45
54 12 122 50
55,5 13 131 55
57 14 140 60
59 15 158 70
61 16 176 80
62,5 17 194 90
64,5 18 212 100
66 19 230 110
68 20 248 120
Quarts
Litros = (B.1)
1, 057
Litros = Gallons × 3, 7854 (B.2)
405
B. Tabelas
Unidade mL cL dL L daL hL
Colher de chá (tsp) 4,93 0,49 0,05 0,005 0,0005 0,00005
Colher de sopa (tbsp) 14,79 1,48 0,15 0,01 0,001 0,0001
Onça fluida (fl. Oz.) 29,57 2,96 0,30 0,03 0,003 0,0003
Xı́cara (cup) 236,59 23,66 2,37 0,24 0,02 0,002
Pint 473,18 47,32 4,73 0,47 0,05 0,005
Quart 946,35 94,64 9,46 0,95 0,09 0,009
Galão Amer. (gal) 3.785,41 378,54 37,85 3,79 0,38 0,03
Barril 117.377,71 11.737,77 1.173,78 117,38 11,74 1,17
406
B.2. Água
B.2 Água
Dureza da água
Existem diversos ı́ons envolvidos na dureza da água, mas os principais são
o cálcio e o magnésio. Uma maneira simples de aumentar a dureza da água
é adicionando calcário. Diminuir a dureza é um pouco mais complicado pois
temos de usar sulfatos que podem alterar o sabor do hidromel tornando mais
amargo/salgado.
Classificação da água
407
B. Tabelas
V oltotal,mosto × Di − 1
V olmel,Litros = (B.4)
Dmel − 1
408
B.3. Mosto
Temp. / o C 11,5 12,5 14,5 16,5 18,5 20,0 21,5 23,5 25,5 27,5 29,5
Mel Açúcar
0 0 0,996 0,996 0,997 0,997 0,998 0,998 0,999 0,999 1,000 1,000 1,001
10 8 0,999 0,999 1,000 1,000 1,001 1,001 1,002 1,002 1,003 1,003 1,004
20 16 1,002 1,003 1,003 1,004 1,004 1,005 1,005 1,006 1,006 1,007 1,007
30 23 1,005 1,006 1,006 1,007 1,007 1,008 1,008 1,009 1,009 1,010 1,010
40 31 1,009 1,009 1,010 1,010 1,011 1,011 1,012 1,012 1,013 1,013 1,014
50 39 1,012 1,012 1,013 1,013 1,014 1,014 1,015 1,015 1,016 1,016 1,017
60 47 1,015 1,016 1,016 1,017 1,017 1,018 1,018 1,019 1,019 1,020 1,020
70 55 1,018 1,019 1,019 1,020 1,020 1,021 1,021 1,022 1,022 1,023 1,023
80 62 1,022 1,022 1,023 1,023 1,024 1,024 1,025 1,025 1,026 1,026 1,027
90 70 1,025 1,026 1,026 1,027 1,027 1,028 1,028 1,029 1,029 1,030 1,030
100 78 1,028 1,029 1,029 1,030 1,030 1,031 1,031 1,032 1,032 1,033 1,033
110 86 1,032 1,032 1,033 1,033 1,034 1,034 1,035 1,035 1,036 1,036 1,037
120 94 1,035 1,035 1,036 1,036 1,037 1,037 1,038 1,038 1,039 1,039 1,040
130 101 1,038 1,039 1,039 1,040 1,040 1,041 1,041 1,042 1,042 1,043 1,043
140 109 1,041 1,042 1,042 1,043 1,043 1,044 1,044 1,045 1,045 1,046 1,046
150 117 1,045 1,045 1,046 1,046 1,047 1,047 1,048 1,048 1,049 1,049 1,050
160 125 1,048 1,049 1,049 1,050 1,050 1,051 1,051 1,052 1,052 1,053 1,053
170 133 1,051 1,052 1,052 1,053 1,053 1,054 1,054 1,055 1,055 1,056 1,056
180 140 1,055 1,055 1,056 1,056 1,057 1,057 1,058 1,058 1,059 1,059 1,060
190 148 1,058 1,058 1,059 1,059 1,060 1,060 1,061 1,061 1,062 1,062 1,063
200 156 1,061 1,062 1,062 1,063 1,063 1,064 1,064 1,065 1,065 1,066 1,066
210 164 1,064 1,065 1,065 1,066 1,066 1,067 1,067 1,068 1,068 1,069 1,069
220 172 1,068 1,068 1,069 1,069 1,070 1,070 1,071 1,071 1,072 1,072 1,073
230 179 1,071 1,072 1,072 1,073 1,073 1,074 1,074 1,075 1,075 1,076 1,076
240 187 1,074 1,075 1,075 1,076 1,076 1,077 1,077 1,078 1,078 1,079 1,079
250 195 1,078 1,078 1,079 1,079 1,080 1,080 1,081 1,081 1,082 1,082 1,083
260 203 1,081 1,081 1,082 1,082 1,083 1,083 1,084 1,084 1,085 1,085 1,086
270 211 1,084 1,085 1,085 1,086 1,086 1,087 1,087 1,088 1,088 1,089 1,089
280 218 1,087 1,088 1,088 1,089 1,089 1,090 1,090 1,091 1,091 1,092 1,092
290 226 1,091 1,091 1,092 1,092 1,093 1,093 1,094 1,094 1,095 1,095 1,096
300 234 1,094 1,095 1,095 1,096 1,096 1,097 1,097 1,098 1,098 1,099 1,099
310 242 1,097 1,098 1,098 1,099 1,099 1,100 1,100 1,101 1,101 1,102 1,102
320 250 1,101 1,101 1,102 1,102 1,103 1,103 1,104 1,104 1,105 1,105 1,106
330 257 1,104 1,104 1,105 1,105 1,106 1,106 1,107 1,107 1,108 1,108 1,109
340 265 1,107 1,108 1,108 1,109 1,109 1,110 1,110 1,111 1,111 1,112 1,112
350 273 1,110 1,111 1,111 1,112 1,112 1,113 1,113 1,114 1,114 1,115 1,115
360 281 1,114 1,114 1,115 1,115 1,116 1,116 1,117 1,117 1,118 1,118 1,119
370 289 1,117 1,118 1,118 1,119 1,119 1,120 1,120 1,121 1,121 1,122 1,122
380 296 1,120 1,121 1,121 1,122 1,122 1,123 1,123 1,124 1,124 1,125 1,125
390 304 1,124 1,124 1,125 1,125 1,126 1,126 1,127 1,127 1,128 1,128 1,129
400 312 1,127 1,127 1,128 1,128 1,129 1,129 1,130 1,130 1,131 1,131 1,132
410 320 1,130 1,131 1,131 1,132 1,132 1,133 1,133 1,134 1,134 1,135 1,135
420 328 1,133 1,134 1,134 1,135 1,135 1,136 1,136 1,137 1,137 1,138 1,138
430 335 1,137 1,137 1,138 1,138 1,139 1,139 1,140 1,140 1,141 1,141 1,142
440 343 1,140 1,140 1,141 1,141 1,142 1,142 1,143 1,143 1,144 1,144 1,145
450 351 1,143 1,144 1,144 1,145 1,145 1,146 1,146 1,147 1,147 1,148 1,148
460 359 1,147 1,147 1,148 1,148 1,149 1,149 1,150 1,150 1,151 1,151 1,152
470 367 1,150 1,150 1,151 1,151 1,152 1,152 1,153 1,153 1,154 1,154 1,155
480 374 1,153 1,154 1,154 1,155 1,155 1,156 1,156 1,157 1,157 1,158 1,158
490 382 1,156 1,157 1,157 1,158 1,158 1,159 1,159 1,160 1,160 1,161 1,161
500 390 1,160 1,160 1,161 1,161 1,162 1,162 1,163 1,163 1,164 1,164 1,165
409
B. Tabelas
410
B.3. Mosto
411
B. Tabelas
0 5 10 15 20 25 30
15 -0,29 -0,31 -0,32 -0,33 -0,34 -0,35 -0,36
16 -0,24 -0,25 -0,26 -0,27 -0,28 -0,28 -0,29
17 -0,18 -0,19 -0,2 -0,2 -0,21 -0,21 -0,22
18 -0,12 -0,13 -0,13 -0,14 -0,14 -0,14 -0,15
19 -0,06 -0,06 -0,07 -0,07 -0,07 -0,07 -0,07
20 0 0 0 0 0 0 0
21 0,06 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,08
22 0,13 0,14 0,14 0,14 0,15 0,15 0,15
23 0,2 0,21 0,21 0,22 0,22 0,23 0,23
24 0,27 0,28 0,29 0,29 0,3 0,3 0,31
25 0,34 0,35 0,36 0,37 0,38 0,38 0,39
26 0,42 0,43 0,44 0,45 0,46 0,46 0,47
27 0,5 0,51 0,52 0,53 0,54 0,55 0,55
28 0,58 0,59 0,6 0,61 0,62 0,63 0,64
29 0,66 0,67 0,68 0,69 0,7 0,71 0,72
30 0,74 0,75 0,77 0,78 0,79 0,8 0,81
31 0,83 0,84 0,85 0,87 0,88 0,89 0,89
32 0,91 0,93 0,94 0,95 0,96 0,97 0,98
33 1 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07
34 1,1 1,11 1,12 1,13 1,15 1,15 1,16
35 1,19 1,2 1,22 1,23 1,24 1,25 1,25
36 1,29 1,3 1,31 1,32 1,33 1,34 1,35
37 1,38 1,4 1,41 1,42 1,43 1,44 1,44
38 1,48 1,5 1,51 1,52 1,53 1,53 1,54
39 1,59 1,6 1,61 1,62 1,62 1,63 1,63
40 1,69 1,7 1,71 1,72 1,72 1,73 1,73
412
B.3. Mosto
Teor alcoólico
413
B. Tabelas
Tabela B.8: As unidades estão em grama de mel por litro de mosto, g por
mL, e Brix.
Conversão Ajuste Equação
g/L7→Dens. Aproximado 1 + (3.104 × g/L)
” Linear 1, 0018 + (3.104 × g/L)
Dens.7→g/L Aproximado (3177 × Dens.) − 3180
” Linear (3177, 1 × Dens.) − 3180, 6
g/L7→Bx Aproximado (0, 07 × g/L) + 1, 5
” Linear (0, 0701 × g/L) + 1, 5585
” Polinomial −1, 967.10−5 × (g/L)2 + 0, 0812 × (g/L) + 0, 275
Bx7→g/L Aproximado 20 + (14 × Bx)
” Linear 20, 318 + (14, 17 × Bx)
” Polinomial 0, 0559 × Bx2 + 11, 879 × Bx − 0, 7624
Dens.7→Bx Aproximado (220 × Dens.) − 219
” Linear (220, 34 × Dens.) − 218, 89
” Polinomial −171, 72 × Dens.2 + 597, 97 × Dens. − 426, 16
” Literatura 505 (((182, 4601 × Dens. − 775, 6821) × Dens. + 1262, 7794)
” cont... ×Dens. − 669, 5622)
Bx7→Dens. Aproximado 1 + (0, 0043 × Bx)
” Linear 0, 9937 + (0, 0045 × Bx)
” Polinomial 1, 603.10−5 × Bx2 + 0, 0038 × Bx + 1, 0002
” Literatura 505 Bx/(258, 6 − ((Bx/258, 2) × 227, 1))) + 1
414
B.3. Mosto
Índice de refração
0 0 1,3330 1,3330 0
2 2,53 1,3342 1,3359 2
4 5,06 1,3354 1,3388 4
6 7,59 1,3367 1,3418 6
8 10,13 1,3381 1,3448 8
10 12,67 1,3395 1,3478 10
12 15,20 1,3410 1,3509 12
14 17,74 1.3425 1,3541 14
16 20,26 1,3440 1,3573 16
18 22,81 1,3455 1,3606 18
20 25,34 1,3469 1,3639 20
22 27,88 1,3484 1,3672 22
24 30,40 1,3498 1,3706 24
26 32,95 1,3511 1,3741 26
28 35,48 1,3524 1,3776 28
30 38,02 1,3535 1,3812 30
415
B. Tabelas
Tabela B.10: Relação entre densidade da solução, valor em Brix refrat., es-
cala Oechsle, Klosterneuburger Mostwaage e Baumé, e o teor de açúcar em
g/L (não de mel!). fonte https://fr.wikipedia.org/wiki/%C3%89chelle_
Oechsle
Dens. (20 o C ) o
Bx refrat. Oechsle KMW ou Babo Baumé Açúcar
o o
g/mL % massa Oe KMw Bé g/L
1,0371 10 37,1 7,61 5,2 82,3
1,0412 11 41,2 8,48 5,7 92,9
1,0454 12 45,4 9,34 6,3 103,6
1,0495 13 49,5 10,19 6,8 114,3
1,0538 14 53,8 11,07 7,4 125,1
1,058 15 58 11,93 7,7 134,9
1,06 15,4 60 12,35 8,2 140
1,0623 16 62,3 12,82 8,5 147
1,065 16,62 65 13,37 8,8 154
1,0666 17 66,6 13,7 9 158,1
1,07 17,77 70 14,4 9 166,8
1,071 18 71 14,6 9,6 169,3
1,0754 19 75,4 15,51 10,1 180,5
1,08 20 80 16,46 10,7 191,9
1,0842 21 84,2 17,33 11,2 203,3
1,0886 22 88,6 18,23 11,8 214,8
1,09 22,3 90 18,52 12 218,5
1,0932 23 93,2 19,18 12,3 226,4
1,095 23,4 95 19,55 12,5 231
1,0978 24 97,8 20,12 12,9 238,2
1,1 24,43 100 20,57 13,1 243,1
1,1029 25 102,9 21,17 13,5 249,7
1,105 25,45 105 21,6 13,7 254,9
1,1075 26 107,5 22,12 14 261,1
1,11 26,51 110 22,63 14,3 267,3
1,1124 27 112,4 23,13 14,6 273,2
1,115 27,56 115 23,66 14,8 279,6
1,117 28 117 24,07 15,1 284,6
1,12 28,61 120 24,69 15,5 292
1,1219 29 121,9 25,08 15,7 296,7
1,125 29,63 125 25,72 16 304,4
1,1268 30 126,8 26,09 16,2 308,8
1,13 30,66 130 26,75 16,6 316,8
1,1316 31 131,6 27,08 16,8 320,8
1,135 31,7 135 27,78 17,1 329,2
1,1365 32 136,5 28,09 17,3 332,9
1,1416 33 141,6 29,14 17,9 345,7
1,1465 34 146,5 30,14 18,4 357,7
416
B.3. Mosto
417
B. Tabelas
418
B.4. Abaco do hidromel
419
B. Tabelas
6. Uma vez encontrado este valor, projete a reta vertical até que cruze a
linha pontilhada da mesma cor que a linha cheia que utilizou.
420
B.4. Abaco do hidromel
2. Trace uma linha horizontal a partir deste valor. Ela cruzará as linhas co-
loridas que lhe dirão qual o volume (no eixo horizontal) e o teor alcoólico
(de acordo com a linha colorida) que você pode produzir com esta quan-
tidade de mel.
2. Caso o volume seja maior que 100 litros, basta multiplicar os números
pelo fator de multiplicação (por exemplo 500 litros multiplique os valores
para 100 por 5 vezes)
421
B. Tabelas
50 0
Litros
5
quanta água à direita 19 %
45 10 340-570
ppm
15
de
17 %
40 20 305-505
ppm
25
água
15 %
35 19 30 270-445
% ppm
35
42
13 %
Quilogramas de mel
1,1
27
30 40 230-390
1
1,
ppm
3%
3
11
45
1,
97 11 %
1 ,0
25 50 200-330
84
1,0
ppm
Brix 55
x
B
69 9%
o
1,0
,6
Bx
20 60 160-270
29
x
o
ppm
B
o
,7
,6
32
x 65
26
quanto mel
o B 7%
,1
15 23 70 125-210
à esquerda ppm
o Bx
54 75
, 2 o
Bx 1,0 5%
20 16,9 90-150
10 0 80
1,04 ppm
Bx
o
13
,3
Bx 85
1,025
o
10 3%
nit. 53-88
5 o x 90 ppm
6,3 B
Dinicial 95
0 100 AEV
pot.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Litros de mosto
422
Figura B.3: Ábaco de hidromel
B.5. Medidas no hidromel
AEM % ,0 ,1 ,2 ,3 ,4 ,5 ,6 ,7 ,8 ,9
0 0,99823 0,99804 0,99785 0,99766 0,99748 0,99729 0,9971 0,99692 0,99673 0,99655
1 0,99636 0,99618 0,99599 0,99581 0,99562 0,99544 0,99525 0,99507 0,99489 0,99471
2 0,99453 0,99435 0,99417 0,99399 0,99381 0,99363 0,99345 0,99327 0,9931 0,99292
3 0,99275 0,99257 0,9924 0,99222 0,99205 0,99188 0,99171 0,99154 0,99137 0,9912
4 0,99103 0,99087 0,9907 0,99053 0,99037 0,9902 0,99003 0,98987 0,98971 0,98954
5 0,98938 0,98922 0,98906 0,9889 0,98874 0,98859 0,98843 0,98827 0,98811 0,98796
6 0,9878 0,98765 0,98749 0,98734 0,98718 0,98703 0,98688 0,98673 0,98658 0,98642
7 0,98627 0,98612 0,98597 0,98582 0,98567 0,98553 0,98538 0,98523 0,98508 0,98493
8 0,98478 0,98463 0,98449 0,98434 0,98419 0,98404 0,98389 0,98374 0,9836 0,98345
9 0,98331 0,98316 0,98301 0,98287 0,98273 0,98258 0,98244 0,98229 0,98215 0,98201
10 0,98187 0,98172 0,98158 0,98144 0,9813 0,98117 0,98103 0,98089 0,98075 0,98061
11 0,98047 0,98033 0,98019 0,98006 0,97992 0,97978 0,97964 0,97951 0,97937 0,97923
12 0,9791 0,97896 0,97883 0,97869 0,97855 0,97842 0,97828 0,97815 0,97801 0,97788
13 0,97775 0,97761 0,97748 0,97735 0,97722 0,97709 0,97696 0,97683 0,9767 0,97657
14 0,97643 0,9763 0,97617 0,97604 0,97591 0,97578 0,97565 0,97552 0,97539 0,97526
15 0,97514 0,97501 0,97488 0,97475 0,97462 0,9745 0,97438 0,97425 0,97412 0,974
16 0,97387 0,97374 0,97361 0,97349 0,97336 0,97323 0,9731 0,97297 0,97284 0,97272
17 0,97259 0,97246 0,97233 0,9722 0,97207 0,97194 0,97181 0,97168 0,97155 0,97142
18 0,97129 0,97116 0,97103 0,97089 0,97076 0,97063 0,9705 0,97037 0,97024 0,9701
19 0,96997 0,96984 0,96971 0,96957 0,96944 0,96931 0,96917 0,96904 0,96891 0,96877
20 0,96864 0,9685 0,96837 0,96823 0,9681 0,96796 0,96783 0,96769 0,96756 0,96742
21 0,96729 0,96716 0,96702 0,96688 0,96675 0,96661 0,96647 0,96634 0,9662 0,96606
22 0,96592 0,96578 0,96564 0,96551 0,96537 0,96523 0,96509 0,96495 0,96481 0,96467
23 0,96453 0,96439 0,96425 0,96411 0,96396 0,96382 0,96368 0,96354 0,9634 0,96326
24 0,96312 0,96297 0,96283 0,96269 0,96254 0,9624 0,96225 0,96211 0,96196 0,96182
25 0,96168 0,96153 0,96139 0,96124 0,96109 0,96094 0,9608 0,96065 0,9605 0,96035
26 0,9602 0,96005 0,9599 0,95975 0,95959 0,95944 0,95929 0,95914 0,95898 0,95883
27 0,95867 0,95851 0,95836 0,9582 0,95805 0,95789 0,95773 0,95757 0,95742 0,95726
28 0,9571 0,95694 0,95678 0,95662 0,95646 0,9563 0,95613 0,95597 0,95581 0,95565
29 0,95548 0,95532 0,95516 0,95499 0,95483 0,95466 0,9545 0,95433 0,95416 0,954
30 0,95382 0,95365 0,95349 0,95332 0,95315 0,95298 0,95281 0,95264 0,95247 0,9523
31 0,95212 0,95195 0,95178 0,95161 0,95143 0,95126 0,95108 0,95091 0,95074 0,95056
32 0,95038 0,9502 0,95003 0,94985 0,94967 0,9495 0,94932 0,94914 0,94896 0,94878
33 0,9486 0,94842 0,94824 0,94806 0,94788 0,9477 0,94752 0,94734 0,94715 0,94697
34 0,94679 0,9466 0,94642 0,94624 0,94605 0,94587 0,94568 0,9455 0,94531 0,94512
35 0,94494 0,94475 0,94456 0,94438 0,94419 0,944 0,94382 0,94363 0,94344 0,94325
36 0,94306 0,94287 0,94268 0,94249 0,9423 0,94211 0,94192 0,94172 0,94153 0,94134
37 0,94114 0,94095 0,94075 0,94056 0,94036 0,94017 0,93997 0,93978 0,93958 0,93939
38 0,93919 0,93899 0,93879 0,93859 0,9384 0,9382 0,938 0,9378 0,9376 0,9374
39 0,9372 0,937 0,9368 0,9366 0,9364 0,9362 0,93599 0,93579 0,93559 0,93539
40 0,93518 0,93498 0,93478 0,93458 0,93437 0,93417 0,93396 0,93376 0,93356 0,93335
41 0,93314 0,93294 0,93273 0,93253 0,93232 0,93212 0,93191 0,9317 0,93149 0,93129
42 0,93107 0,93086 0,93065 0,93044 0,93023 0,93002 0,92981 0,9296 0,92939 0,92918
43 0,92897 0,92876 0,92855 0,92834 0,92812 0,92791 0,9277 0,92749 0,92728 0,92707
44 0,92685 0,92664 0,92642 0,92621 0,926 0,92579 0,92557 0,92536 0,92515 0,92493
45 0,92472 0,9245 0,92429 0,92408 0,92386 0,92365 0,92343 0,92322 0,923 0,92279
46 0,92257 0,92236 0,92214 0,92193 0,92171 0,9215 0,92128 0,92106 0,92085 0,92063
47 0,92041 0,92019 0,91997 0,91976 0,91954 0,91932 0,9191 0,91889 0,91867 0,91845
48 0,91823 0,91801 0,9178 0,91758 0,91736 0,91714 0,91692 0,9167 0,91648 0,91626
49 0,91604 0,91582 0,9156 0,91538 0,91516 0,91494 0,91472 0,9145 0,91428 0,91406
50 0,91384 0,91361 0,91339 0,91317 0,91295 0,91272 0,9125 0,91228 0,91206 0,91183
423
B. Tabelas
424
B.5. Medidas no hidromel
Ebuliometria
: 1.V ð − S0@62℘
425
B. Tabelas
Abaixamento Crioscópico
426
B.6. Sulfitos
427
B. Tabelas
Figura B.4: Quantidade de SO2 livre necessário em ppm para obter ppms de
SO2 molecular em diversos pHs. A primeira coluna refere-se à proporção de
SO2 livre naquele pH.
428
B.6. Sulfitos
429
B. Tabelas
430
B.7. Ácidos
431
B. Tabelas
432
B.8. Aromas e sabores
Ácido cı́trico Ácido Tartárico Ácido málico g/L para 1 g/L de H2 SO4
1 1 1 1,395
2 1 1 1,371
1 1 2 1,388
1 2 1 1,426
1 2 3 1,406
1 3 2 1,432
3 2 1 1,384
3 1 2 1,359
2 1 3 1,370
2 3 1 1,421
433
B. Tabelas
434
B.9. Códigos INS
435
B. Tabelas
B.10 Reagentário
436
B.11. Consulta rápida
Mescla ácida
Via de regra adicionamos 1 c.d.c. para cada 3,8 litros (quase 1 grama por
litro) para hidroméis simples 157 . Pessoalmente prefiro utilizar menos deles, já
que o próprio hidromel é ácido e corremos o risco de troná-lo ácido demais, o
que o desequilibra. Segundo Price 156 devemos adicionar 1,25 g/19L de ácido
málico+tartárico para meloméis secos e cı́tricos. Hidroméis tradicionais ou
sack meads requerem 5 g/19L e os meloméis com bagas cerca de 3 g/19L.
Tanino em pó
Existem divergências sobre os teores recomendáveis. Os autores mencio-
nam 0,15 g/L 266 , 0,25 g/L 157 ou ainda de 0,05 a 0,1 g/L 79,126 .
Pectinase
Utiliza-se 0,5 g/L de pectinase, por 24 horas antes da adição, à temperatura
ambiente 256 .
GoFerm®
Recomenda-se 5 gramas em 100 mL de água para reidratar leveduras secas.
Fermaid K®
De acordo com o fabricante, recomenda-se o uso de 5 gramas para cada
20 litros de mosto a serem adicionados em duas vezes. A metade logo após a
inoculação da levedura e a outra à metade ou a um terço do final (calculado)
da fermentação 286 . Veja a seção de adição escalonada (8.4).
437
B. Tabelas
438
B.12. Titulação
Como deve ser feita a titulação: A bureta deve sempre permanecer per-
feitamente vertical e sem bolhas. Para isso encha-a além do máximo da escala,
e deixe escorrer o excesso pela torneira, até que fique totalmente livre de ar.
A seguir acerte o menisco dentro da bureta no último marcador superior. O
menisco é a parte mais baixa do lı́quido, igual ao das medidas com densı́metros
(fig. 4.3).
Adiciona-se lı́quido da bureta ao Erlenmeyer abrindo a torneira da bureta,
enquanto agitamos gentilmente o Erlenmeyer em cı́rculos com a outra mão.
O volume adicionado se lê diretamente na escala. O Erlenmeyer possui um
formato afunilado para reduzir perdas por evaporação, evitar queda de conta-
minantes e respingos no operador. Quando queremos determinar a acidez de
439
B. Tabelas
N =Concentração
b
O ácido cı́trico é neutralizado com 3 ”equivalentes”de NaOH, é 3:1, por isso a massa
equivalente é 192/3=64
440
Apêndice C
Legislação e instruções
normativas
Legislação direta.
Artigo 48 do Decreto nº 6.871 de 04 de Junho de 2009
Art. 48. Hidromel é a bebida com graduação alcoólica de quatro a quatorze por cento
em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela fermentação alcoólica de solução de mel de
abelha, sais nutrientes e água potável.
Qualquer coisa que seja diferente disto deve ser registrado como bebida alcoólica mista, de acordo
com as disposições do artigo 68 do Decreto 6871/2009.
As caracterı́sticas e classificações especı́ficas para hidromel são muito similares aos parâmetros de fer-
mentados de cana (idênticos aliás) e aos da sidra, como podemos verificar na Instrução Normativa MAPA
34/2012 (seção C.5), onde são especificados parâmetros mais especı́ficos, ainda que só para hidroméis sim-
ples como descrito acima. Associações de produtores de hidromel devem se dedicar a definir melhor estes
parâmetros e definições afim de dar subsı́dio ao MAPA para que possa atualizar suas normas. Isto por
exemplo já foi feito para o saquê, como podemos observar na IN 34/2012.
A legalização de uma hidromelaria comercial passa por duas etapas. A primeira é o registro da empresa
e o segundo é o registro dos produtos que ela produz. No tocante ao registro de um estabelecimento, o
MAPA não faz exigências especı́ficas quanto infraestrutura e equipamentos, desde que respeitadas as
Boas práticas de fabricação no local de produção. As solicitações de registro devem ser feitas pelo sistema
SIPEAGRO, pelo link http://www.agricultura.gov.br, na aba ”Sistemas”. Lá, a empresa se cadastra e
anexa os documentos exigidos pela Instrução normativa MAPA 17/2015 (seção C.4). Uma vez
verificados os documentos, os fiscais do MAPA agendarão uma visita para vistoria, e conferência do que
está descrito nos documentos. Estando em conformidade, um certificado de registro é emitido, e a empresa
estará liberada para solicitar o registro de seus produtos. Existe um site que traz muitas informações
a respeito: http://fiscalagro.wixsite.com/bebidas/produto. As principais leis, anexos e as instruções
normativas mencionadas aqui foram transcritas neste anexo. Que fique claro ao leitor que as leis mudam
constantemente e que as presentes nessa obra podem estar desatualizadas.
441
C. Legislação e instruções normativas
C.2 Rótulos
m caso de comercialização, a bebida deve ser rotulada de acordo com as normas aprovadas pelo
E Ministério da Agricultura e do Abastecimento, no Decreto no 2314, de 04 de setembro de 1997 que
regulamenta a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de
bebidas de acordo com a Lei no 8.918, de 14 de julho de 1994. DOU, Brası́lia, DF: Secretaria de Vigilância
Sanitária, 1997.
GABINETE DO MINISTRO
Art. 1o Aprovar o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel, conforme o Anexo a esta
Instrução Normativa.
Art. 2o Revogar a Portaria no 367, de 4 de setembro de 1997, que aprovou o Regulamento Técnico
para fixação de Identidade e Qualidade do Mel.
ANEXO
1. Alcance
1.1. Objetivo:
Estabelecer a identidade e os requisitos mı́nimos de qualidade que deve cumprir o mel destinado ao consumo
humano direto.
Este Regulamento não se aplica para mel industrial e mel utilizado como ingrediente em outros alimentos.
1.2. Âmbito de Aplicação:
O presente Regulamento Técnico se aplicará em todo território dos Estados Partes, no comércio entre eles
e nas importações extra-zona.
2. Descrição
2.1. Definição:
Entende-se por mel, o produto alimentı́cio produzido pelas abelhas melı́feras, a partir do néctar das flores
ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas
que ficam sobre partes vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias
especı́ficas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colméia.
2.2. Classificação:
442
C.3. Instrução normativa 11 de 20 de outubro de 2000
3. Referências
• Comissão do Codex Alimentarius, FAO/OMS - Norma Mundial do Codex para o Mel, Codex Stan
12-1981, Rev. 1987, Roma 1990.
4. Composição e Requisitos
4.1. Composição: O mel é uma solução concentrada de açúcares com predominância de glicose e fru-
tose. Contém ainda uma mistura complexa de outros hidratos de carbono, enzimas, aminoácidos, ácidos
orgânicos, minerais, substâncias aromáticas, pigmentos e grãos de pólen podendo conter cera de abelhas
procedente do processo de extração.
4.1.1. O produto definido neste regulamento não poderá ser adicionado de açúcares e/ou outras substâncias
que alterem a sua composição original.
4.2. Requisitos
4.2.1. Caracterı́sticas Sensoriais
4.2.1.1. Cor: é variável de quase incolor a pardo-escura, segundo definido em 2.2.1.
4.2.1.2. Sabor e aroma: deve ter sabor e aroma caracterı́sticos de acordo com a sua origem, segundo
definido em 2.2.1.
4.2.1.3. Consistência: variável de acordo com o estado fı́sico em que o mel se apresenta.
4.2.2. Caracterı́sticas fı́sico-quı́micas:
4.2.2.1. Maturidade:
443
C. Legislação e instruções normativas
5. Aditivos
É expressamente proibida a utilização de qualquer tipo de aditivos.
6. Contaminantes
Os contaminantes orgânicos e inorgânicos não devem estar presentes em quantidades superiores aos
limites estabelecidos pelo Regulamento Técnico MERCOSUL correspondente.
7. Higiene
7.1. Considerações Gerais:
As práticas de higiene para elaboração do produto devem estar de acordo com o Regulamento Técnico
MERCOSUL sobre as condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabeleci-
mentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos.
7.2. Critérios Macroscópicos e Microscópicos
O mel não deve conter substâncias estranhas, de qualquer natureza, tais como insetos, larvas, grãos de
areia e outros.
8. Pesos e Medidas
Aplica-se o Regulamento Técnico MERCOSUL especı́fico.
9. Rotulagem
Aplica-se o Regulamento Técnico MERCOSUL para a Rotulagem de Alimentos Envasados Res. GMC
Nº 36/93.
9.1. O produto se denominará Mel, Melato ou mel de Melato, de acordo com o item 2.3.
9.2. O Mel floral conforme item 2.2.1.1. item a) poderá se designar Mel Flores de , preenchendo-se o
espaço existente com a denominação da florada predominante.
9.3. O Melato ou Mel de Melato conforme item 2.2.1.2. poderá se designar Melato de ou Mel de Melato
444
C.4. Instrução normativa MAPA 17, de 23 de junho de 2015
11. Amostragem
Seguem-se os procedimentos recomendados pela: Comissão do Codex Alimentarius, FAO/OMS, Ma-
nual de Procedimento, Décima Edição.
Deverá diferenciar-se entre produto a granel e produto fracionado (embalagem destinada ao consumidor).
11.1. Colheita de amostras de mel a granel:
11.1.1. Materiais necessários:
a) Trado: são varetas de forma triangular.
b) Frascos para amostras: frascos de 35 a 40 ml de capacidade, fixado por meio de uma braçadeira e uma
vareta de comprimento suficiente para chegar ao fundo do recipiente onde está contido o mel.
O frasco tem uma tampa móvel unida a um cordão. É introduzido fechado a várias profundidades dentro
da embalagem, onde se tira a tampa para enchê-lo.
c) Pipetas para amostras: tubos de 5 cm de diâmetro por um metro de comprimento. Afinadas em suas
extremidades a uns 15mm de diâmetro.
11.1.2. Obtenção de amostras:
a) Mel cristalizado: realiza-se a extração da amostra com a ajuda do trado.
b) Mel lı́quido que pode ser homogeneizado: homogeneiza-se e logo toma-se a amostra com a pipeta até
extrair 500 ml.
c) Mel lı́quido que não pode ser homogeneizado: com o frasco para amostra se extrai 10 (dez) amostras de
50 ml cada uma, de diferentes nı́veis e de distintas posições.
(Of. no 179/2000)
D.O.U., 23/10/2000
445
C. Legislação e instruções normativas
III - Anexo III: relação de documentos necessários para registro de estabelecimento e de produto;
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
I - Elaboração: Toda e qualquer fase executada no processo produtivo de um produto a ser comerci-
alizado;
II - Projeto: desenho em escala para visualização da localização e identificação das instalações, seções
de elaboração, equipamentos, vias de trânsito interno, tubulações e outros meios utilizados para o trans-
porte de matéria-prima e produto, depósitos e pontos de água potável e para higienização e limpeza,
sistema de escoamento e áreas de armazenamento de produtos acabados e devolutos;
III - Memorial descritivo das instalações e equipamentos: documento elaborado conforme modelo do
Anexo I datado e assinado pelo Responsável Técnico do estabelecimento;
IV - Manual de boas práticas de fabricação: é o documento que descreve o programa de boas práticas
de fabricação a ser aplicado no estabelecimento, de acordo com a regulamentação especı́fica do MAPA.
VI - Produto: é a bebida e demais produtos definidos no âmbito da Lei no 8.918, de 1994, e o vinho
e derivados da uva e do vinho previstos no âmbito da Lei no 7.678, de 1988;
VII - Produto sem Complementação do Padrão de Identidade e Qualidade: é o produto cujo Padrão
de Identidade e Qualidade não esteja complementado por ato do MAPA;
VIII - Produto com Complementação do Padrão de Identidade e Qualidade: é o produto cuja pre-
visão e Padrão de Identidade e Qualidade estabelecido, estejam complementados por ato do MAPA que
estabelece requisitos para sua composição, bem como caracterı́sticas fı́sico-quı́micas, sensoriais e sanitárias;
X - Unidade Industrial: estabelecimento registrado na forma desta IN que elabora produto registrado
pela unidade central mediante sua autorização; e
Art. 4o A apresentação das solicitações e documentos necessários aos procedimentos previstos nesta
Instrução Normativa dar se-á da seguinte forma:
446
C.4. Instrução normativa MAPA 17, de 23 de junho de 2015
II - Por via postal, encaminhada a qualquer unidade do MAPA na Unidade da Federação (UF) de
localização do estabelecimento; ou
III - Por via eletrônica, no sı́tio eletrônico do MAPA na rede mundial de computadores no endereço
http//:www.agricultura.gov.br.
Parágrafo único: Para efeito de contagem de prazo serão consideradas, conforme o caso: a data de
protocolização nas unidades do MAPA, da UF de localização do estabelecimento; a data da postagem cons-
tante do comprovante emitido pelos Correios ou outra empresa de entrega; ou, a data de encaminhamento,
por via eletrônica no sı́tio eletrônico do MAPA na rede mundial de computadores.
CAPÍTULO II
DOS REQUISITOS E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS PARA O REGISTRO DE ESTA-
BELECIMENTO E PRODUTO
Seção I
Art. 5o Para fins de iniciação do ato de registro do estabelecimento devem ser apresentados à re-
presentação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) na unidade federativa de
localização do estabelecimento o formulário constante do Anexo II e documentos relacionados no Anexo
III desta Instrução Normativa.
Parágrafo único. Os documentos apresentados deverão ser previamente aprovados antes da realização
da vistoria no estabelecimento.
Art. 6o O Fiscal Federal Agropecuário (FFA), designado pelo Serviço de Inspeção competente da
SFA-UF, depois de analisados e aprovados os documentos relacionados no Anexo III, e com base nas in-
formações obtidas em vistoria realizada no estabelecimento, elaborará Laudo de Vistoria.
Art. 7o O MAPA, por meio do Serviço de Inspeção competente da SFA-UF, procederá ao registro do
estabelecimento depois da elaboração de Laudo de Vistoria favorável ao registro.
Art. 8o O registro de estabelecimento é único e exclusivo para cada unidade produtiva, não se admi-
tindo que duas ou mais empresas sejam registradas em uma mesma planta industrial.
Art. 9o O estabelecimento receberá um único número de registro ainda que elabore produtos regidos
pelas Leis no 8.918, de 1994, e no 7.678, de 1988.
Art. 10. Para fins de ficha cadastral de infratores será considerado o histórico dos antecedentes re-
lacionados ao número de registro de estabelecimento no MAPA, observada a respectiva legislação especı́fica.
Seção II
Art. 11. A solicitação de registro de produto poderá ser apresentada à representação do MAPA, por
meio da solicitação constante no anexo IV, juntamente com a solicitação de registro de estabelecimento,
exceto quando utilizada via eletrônica prevista no inciso III, artigo 4o desta Instrução Normativa.
Art. 12. Poderão ser solicitados laudos analı́ticos complementares, detalhamento dos componentes
da matéria-prima, ingrediente ou produto, assim como qualquer informação que a fiscalização julgar perti-
nente para os casos em que for necessário esclarecer a composição ou processo de produção, houver suspeita
de riscos à saúde do consumidor ou para subsidiar a decisão do órgão fiscalizador.
Parágrafo único. Caso a informação a ser apresentada ao MAPA seja considerada pela empresa como
segredo de negócio e indicada como confidencial, caberá a este órgão tomar todas as medidas necessárias
447
C. Legislação e instruções normativas
para manter o sigilo das informações, nos termos do artigo 195, inciso XIV da Lei no 9.279/96 que veda a
concorrência desleal.
Art. 13. O MAPA, por meio do Serviço de Inspeção competente da SFA-UF, procederá ao registro
do produto.
§ 2o Para o registro de produto sem complementação do padrão de identidade e qualidade, bem como
para aquele indicado em regulamento técnico especı́fico, a concessão fica condicionada à análise prévia do
MAPA.
Art. 14. Os produtos serão registrados de forma distinta sempre que forem diferentes em relação à
sua composição, ainda que possuam a mesma denominação, para o mesmo estabelecimento.
§ 2o será indeferida a solicitação de novo registro que apresente mesma denominação e composição de
produto já registrado.
§ 3o a utilização de diferentes marcas comerciais, pelo mesmo estabelecimento, não enseja novo regis-
tro de produto, devendo ser indicado no campo apropriado do formulário de registro do Anexo IV todas
as marcas a serem utilizadas.
Art. 15. O produto será registrado somente na unidade central, sendo este registro válido para todas
as unidades industriais e estabelecimentos de terceiros, indicadas no certificado de registro deste produto
em conformidade com o estabelecido no Capı́tulo III desta Instrução Normativa.
Seção III
Art. 16. O estabelecimento deverá comunicar, previamente, ao MAPA todas as alterações do registro
de estabelecimento ou produto, mediante apresentação dos documentos pertinentes listados no Anexo III,
encaminhados de acordo com o disposto no Art. 4o , sem prejuı́zo do disposto no art. 14, todos desta
Instrução Normativa.
Parágrafo único. Caso da comunicação enviada à SFA-UF não conste a data em que a alteração será
posta em prática, esta deverá ser executada no dia imediatamente após à data da comunicação;
Art. 18. As alterações do estabelecimento executadas com a finalidade de ampliar, reduzir ou re-
modelar a área de instalação industrial registrada, bem como as que provoquem mudanças de qualquer
natureza no fluxograma de produção ou nos procedimentos operacionais ligados à elaboração de produto
implicam na alteração do registro do estabelecimento, sendo que sua autorização poderá estar sujeita à
realização de vistoria, a critério da fiscalização.
Seção IV
Art. 19. A renovação do registro do estabelecimento e do produto deverá ser providenciada a cada
dez anos, mediante preenchimento do formulário de registro de estabelecimento (Anexo II) ou mediante
preenchimento do formulário de registro de produto (Anexo IV).
Parágrafo único. A solicitação de renovação prevista no caput deve ser encaminhada entre 180 (cento
e oitenta) e 120 (cento e vinte) dias anteriores à expiração do registro, de acordo com o disposto no art.
4o desta Instrução Normativa.
448
C.4. Instrução normativa MAPA 17, de 23 de junho de 2015
Parágrafo único. O laudo de vistoria de que trata o caput poderá ser substituı́do, a critério da fisca-
lização, por Lista de Verificação que tenha sido emitida no prazo máximo de 12 (doze) meses anteriores ao
vencimento do registro e que indique aptidão do estabelecimento.
Seção V
III - Alteração do contrato social ou ato constitutivo que provoque a exclusão das atividades previstas
no Decreto no 6.871, de 2009, e Decreto no 8.198, de 2014;
IV - Vencido o prazo de registro, sem que haja solicitação de renovação, no prazo determinado no art.
19.
V - Por solicitação formal da empresa, encaminhada de acordo com o disposto no art. 4o desta Ins-
trução Normativa;
§ 1o Nos casos em que a baixa do contrato na junta comercial ou o cancelamento do CNPJ, previstos
no inciso II, ocorrerem em decorrência de fusão, cisão, incorporação ou sucessão societária, a pessoa jurı́dica
sucessora deverá protocolizar junto ao Serviço de Inspeção competente da SFA-UF, no prazo de cento e
vinte dias, a partir da data do arquivamento do ato societário praticado na junta comercial competente,
solicitação de novo registro do estabelecimento mediante apresentação dos documentos pertinentes listados
no Anexo III desta Instrução Normativa.
§ 2o Nos casos previstos no § 1o o registro original terá sua validade prorrogada até a data da decisão
final sobre o requerimento do novo registro, respondendo a requerente por todas as obrigações decorrentes
das Leis no 8.918/1994 e no 7.678/1988, e seus respectivos regulamentos.
Art. 23. O registro de produto poderá ser recusado ou deverá ser cancelado, a qualquer tempo,
quando sua composição estiver cadastrada em desacordo com a legislação vigente.
Seção VI
Art. 24. O Certificado de Registro de estabelecimento ou produto será expedido pelo Serviço de
Inspeção competente da SFAUF, ficando à disposição do interessado na unidade do MAPA indicada no
formulário de solicitação de registro do estabelecimento (Anexo II).
449
C. Legislação e instruções normativas
CAPÍTULO III
DOS REQUISITOS E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS PARA ELABORAÇÃO DE PRO-
DUTO EM UNIDADE INDUSTRIAL E EM ESTABELECIMENTO DE TERCEIRO
Art. 26. O produtor e o padronizador de produto poderá terceirizar atividades ou parte delas, por
meio de contratação de serviço quando houver atendimento das seguintes condições:
III - o certificado de registro do estabelecimento contratado estiver vigente para as atividades contra-
tadas.
§ 2o Para o estabelecimento de vinho e derivado da uva e do vinho a terceirização deverá ser feita
dentro da mesma zona de produção.
§ 4o Será identificado como estabelecimento de terceiro contratado aquele registrado no MAPA que
possuir infraestrutura adequada para produzir, padronizar ou envasilhar produto para o estabelecimento
contratante definido no parágrafo anterior deste artigo.
Art. 27. A autorização, pela unidade central, para a elaboração de produto pela unidade industrial
fica condicionada a que:
III - o certificado de registro do estabelecimento da unidade industrial esteja vigente para as ativida-
des relacionadas à autorização emitida pela unidade central.
Art. 28. A elaboração de produto em unidade industrial e em estabelecimento de terceiro deverá ser
comunicada ao MAPA, pela unidade central, por meio dos campos especı́ficos previstos no formulário de
solicitação de registro de produto (Anexo IV).
§ 1o Deverá ser apresentado novo Formulário de solicitação de registro de produto no caso de qualquer
alteração dos termos da contratação de terceirização ou da autorização para elaboração de produto em
unidade industrial previstas no caput deste artigo.
§ 2o Uma cópia do Formulário de solicitação de registro de produto, bem como uma cópia do certifi-
cado de registro de produto deverão ser mantidas no estabelecimento contratado ou na unidade industrial e
estarem disponı́veis à fiscalização, a qualquer tempo, sendo que sua falta configura embaraço à fiscalização.
§ 3o Uma via do contrato que estabeleceu a terceirização deverá ser mantida no estabelecimento
contratado e estar disponı́vel à fiscalização a qualquer tempo, sendo que sua falta constitui embaraço à
fiscalização.
450
C.4. Instrução normativa MAPA 17, de 23 de junho de 2015
CAPÍTULO IV
DA DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES NO RÓTULO DO PRODUTO
Art. 29. Caso o estabelecimento contratante ou a unidade central opte por não fazer constar do rótulo
o nome empresarial e o endereço do contratado ou unidade industrial, deverá inserir no rótulo do produto
uma das seguintes expressões, conforme o caso:
§ 1o O termo produzido e o termo envasilhado integrantes das expressões estabelecidas nos incisos I e
II deste artigo poderão ser substituı́dos pelos respectivos sinônimos fixados no Decreto no 6.871, de 2009,
e no Decreto no 8198, de 2014.
§ 2o Aplicado o disposto no caput deste artigo, a rastreabilidade do produto deverá ser garantida,
conforme descrito no formulário de Registro de Produto (Anexo IV).
§ 1o Deverão ser observados os seguintes critérios gráficos para a declaração da expressão e número
de registro mencionado no caput:
IV - Sobre fundo em cor sólida, sem a presença de variação de textura, cores ou tonalidades; e
Art. 31. O número de registro do produto produzido e envasilhado por estabelecimento de terceiro
contratado ou unidade industrial deverá ser aquele obtido pelo estabelecimento contratante ou pela unidade
central, não cabendo registro deste produto pelo estabelecimento de terceiro contratado ou pela unidade
industrial.
CAPÍTULO V
DOS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS PARA CONTRATAÇÃO DE UNIDADE VOLANTE
PARA ENVASILHAMENTO DE VINHO
Art. 32. O produtor e o padronizador de vinho poderá contratar unidade volante para envasilhamento
de produto.
§ 1o A contratação de unidade volante para envasilhamento poderá ocorrer em todo território nacional.
451
C. Legislação e instruções normativas
§ 3o Será identificado como contratado aquele que possuir equipamentos adequados para envasilhar o
produto para o estabelecimento contratante definido no parágrafo anterior deste artigo.
§ 2o Deverá ser apresentado novo Formulário no caso de qualquer alteração dos termos da contratação
de envasilhamento prevista no caput deste artigo.
§ 3o Uma via do Formulário deverá ser mantida em poder do contratante e estar prontamente dis-
ponı́vel à fiscalização, por cinco anos, no local do envasilhamento, sendo que sua falta configura embaraço
à fiscalização.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
IV - à produção destinada ao consumo próprio, sem fim comercial. Parágrafo único. Será considerado
produto destinado ao desenvolvimento de pesquisa aquele identificado e segregado do destinado à comer-
cialização e que dispuser de documentação que caracterize a atividade de pesquisa.
Art. 35. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, exceto o parágrafo
único do art. 19, que entrará em vigor cento e oitenta dias após a publicação desta norma.
Art. 37. A utilização da via eletrônica, prevista no inciso III, do art. 4o, fica condicionada à disponi-
bilização dos módulos de estabelecimento e produto do Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimento
(SIPE).
Parágrafo único. Independentemente dos prazos estabelecidos no Art. 36, após a disponibilização dos
módulos de estabelecimento e de produto do SIPE, devidamente comunicada por meio do Diário Oficial da
União, fica estabelecido o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para transição, findo o qual só serão aceitas
solicitações encaminhadas por via eletrônica.
452
C.4. Instrução normativa MAPA 17, de 23 de junho de 2015
KÁTIA ABREU
ANEXO I
01 - Identificação do Estabelecimento:
NOME (EMPRESARIAL / PESSOA FÍSICA):
CNPJ ou No da DAP:
02 - Finalidade:
Descrever os produtos que serão elaborados, as respectivas atividades relacionadas a eles e a capacidade
de produção anual em litros ou quilogramas.
04 - Água:
4.1 - Origem da água utilizada pelo estabelecimento;
4.2 - Sistema controle da potabilidade da água.
07 - Equipamentos e Utensı́lios:
Devem ser relacionados todos os equipamentos e utensı́lios existentes, mencionado o material de consti-
tuição, especialmente das partes que entrarão em contato com o alimento, bem como a respectiva capaci-
dade de produção, quando for o caso.
ANEXO II
453
C. Legislação e instruções normativas
01 - Finalidade:
[ ] Novo Registro [ ] Alteração de Registro [ ] Cancelamento de Registro [ ] Renovação de Registro
08 - Responsável Técnico:
NOME:
FORMAÇÃO PROFISSIONAL: CONSELHO: No INSCRIÇÃO NO CONSELHO:
CPF: No do RG: ÓRGÃO EXPEDIDOR DO RG: DATA DE EXPEDIÇÃO DO RG:
454
C.4. Instrução normativa MAPA 17, de 23 de junho de 2015
ANEXO III
3. Registro de agricultor familiar ou empreendedor familiar rural produtor de vinho (Lei no 12.959,
de 19 março de 2014):
a. Formulário de registro de estabelecimento (Anexo II);
b. Comprovante de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurı́dica (CNPJ) ou Declaração de Aptidão
ao PRONAF (DAP), conforme lei especı́fica;
c. Declaração do órgão de extensão rural oficial, conforme lei especı́fica (Anexo VI) ou Anotação de respon-
sabilidade técnica, ou documento equivalente, expedido pelo conselho de classe do Responsável Técnico; e
d. Projeto, Memorial descritivo das instalações e equipamentos e Manual de Boas Práticas.
5. Registro de produto:
a. Formulário de registro de produto (Anexo IV).
ANEXO IV
455
C. Legislação e instruções normativas
ANEXO V
02 - Identificação do Contratado:
NOME EMPRESARIAL:
NOME DO RESPONSÁVEL LEGAL:
CNPJ: CPF DO RESPONSÁVEL LEGAL DO CONTRATADO:
03 - Perı́odo de Contratação:
PERÍODO CONTRATADO PARA O ENVASILHAMENTO:
a
Repetir os campos do item 05.1 para cada estabelecimento contratado ou unidade in-
dustrial.
456
C.5. Instrução Normativas No 34, de 29 de novembro de 2012
—-/—-/—– a —-/—-/—–.
04 - Declaração: Os abaixo assinados, representantes legalmente constituı́dos das partes acima iden-
tificadas, nos termos da IN XX MAPA que aprova os requisitos e os procedimentos administrativos para
contratação de unidade volante de envasilhamento, comunicam a contratação de unidade volante de enva-
silhamento na forma do acima descrito e declaram para todos os fins que o contratado atende as exigências
de equipamentos necessários para o cumprimento do contrato.
———————————-,——de————————de———–
(municı́pio / uf) (dia) (mês) (ano)
REPRESENTANTE LEGAL OU PREPOSTO DO ESTABELECIMENTO CONTRATANTE
Assinatura:————————-
Nome:—————————————
Cargo:—————————————
RG/CPF:————————————–
REPRESENTANTE LEGAL OU PREPOSTO DO CONTRATADO
Assinatura:————————-
Nome:—————————————
Cargo:—————————————
RG/CPF:————————————–
ANEXO VI
GABINETE DO MINISTRO
I - fermentado de fruta;
IV - sidra;
V - hidromel;
457
C. Legislação e instruções normativas
VI - fermentado de cana; e
Parágrafo único. O fermentado de fruta que tenha como matéria-prima de origem vegetal a uva é
regido pela Lei no 7.678, de 8 de novembro de 1988 , portanto não se aplica o disposto nesta Instrução
Normativa.
Art. 2o O álcool etı́lico potável de origem agrı́cola e a bebida, quando permitidos como ingredientes
na produção das bebidas fermentadas previstas nesta Instrução Normativa, deverão atender aos respectivos
padrões de identidade e qualidade.
Art. 3o A fermentação deverá ser efetuada de forma que a bebida fermentada apresente as carac-
terı́sticas odorı́feras, sápidas, ou a combinação destas, próprias dos elementos naturais voláteis contidos no
mosto fermentado ou derivados do processo fermentativo.
Art. 4o A bebida fermentada deverá ser obtida da fermentação do suco de uma única fruta, ou seja, a
partir do suco de maçãs ou do suco de cajus ou do suco de jabuticabas e nunca do suco obtido da mistura
de frutas diferentes, conforme exemplificações a seguir:
I - caso seja um fermentado de maçã, esta bebida poderá ser elaborada a partir do suco de maçãs
diversas, tais como joaquina, gala, fuji, etc; e
II - caso seja um fermentado de laranja, esta bebida poderá ser elaborada a partir do suco de laranjas,
laranjas-lima, laranjas-pera, laranjas-Bahia, entre outras.
Art. 5o A composição quı́mica e a classificação da bebida fermentada deverão obedecer aos limites
fixados nas tabelas constantes do Anexo I desta Instrução Normativa.
Parágrafo único. É vedada a adição de qualquer substância ou ingrediente que altere as caracterı́sticas
sensoriais naturais do produto final, excetuados os casos previstos na presente Instrução Normativa.
Art. 7o A água e o açúcar são ingredientes permitidos para a elaboração da bebida fermentada, sendo
que:
a) padronização do grau brix (teor de sólidos solúveis) do mosto a ser fermentado, para matérias-
primas que proporcionem mostos com alto teor de açúcares naturais, tais como a cana-de-açúcar e o mel;
II - o açúcar:
a) permitido é a sacarose que poderá ser substituı́da total ou parcialmente por açúcar invertido, gli-
cose, frutose, maltose ou seus xaropes; e
Art. 9o É vedada a utilização de recipientes e embalagens tipo flaconetes, sachês, conta-gotas, spray,
ampolas, copos-medidas ou outros que caracterizem os produtos similares àqueles de uso farmacêutico,
medicamentoso ou terapêutico.
Art. 10. No rótulo da bebida fermentada, ficam proibidas as expressões artesanal, caseiro, familiar,
natural ou 100% (cem por cento) natural, premium, extra-premium, reserva e reserva especial, entre ou-
tras, salvo nos casos previstos nesta Instrução Normativa ou em legislação complementar.
458
C.5. Instrução Normativas No 34, de 29 de novembro de 2012
4 de junho de 2009.
I - a expressão relacionada quanto ao teor de açúcar desta bebida, conforme disposto no Anexo I desta
Instrução Normativa; e
Art. 12. A denominação da sidra deverá ser acrescida dos seguintes dizeres, conforme a sequência
abaixo: I - a expressão relacionada quanto ao teor de açúcar desta bebida, conforme disposto no Anexo I
desta Instrução Normativa; e
Art. 13. A denominação do saquê deverá ser acrescida dos seguintes dizeres, conforme a sequência
abaixo:
I - a expressão relacionada quanto ao teor de açúcar desta bebida, conforme disposto no Anexo I desta
Instrução Normativa; e
Art. 14. No painel principal do rótulo da bebida fermentada que for passı́vel de ser desalcoolizada,
deverá ser inserida uma das seguintes frases de advertência: ”Pode conter álcool até 0,5% v/v.”ou ”Pode
conter álcool até 0,5% vol.”.
Parágrafo único. As frases de que trata o caput deste artigo devem ser distintas, ostensivas, com
caracteres em negrito, de fácil leitura e inseridas na horizontal, em condição usual de apresentação ao
consumidor.
Art. 15. No que tange ao sake, os parâmetros analı́ticos acidez fixa, acidez total, acidez volátil, cinzas,
cloretos totais, extrato seco, extrato seco reduzido e sulfatos totais deverão ser analisados nas importações
e nas ações de fiscalização da sua produção nacional, sendo que:
I - caso o certificado de análise que acompanha a importação desta bebida não apresente estes
parâmetros em seu escopo, os parâmetros faltantes deverão ser analisados internamente no Brasil quando
da importação dos mesmos;
II - fica adotado, pelo prazo de que trata o § 2o deste artigo, procedimento diferenciado de importação
para esta bebida, nos seguintes moldes:
a) ainda que a importação possa ser conduzida conforme o procedimento simplificado de que trata a
Instrução Normativa no 55, de 18 de novembro de 2009 , deverá ser coletada amostra deste produto para
análise laboratorial completa (incluindo os parâmetros definidos para esta bebida e os constantes do caput
deste artigo); e
1 - coletada a amostra, a mercadoria poderá seguir o rito previsto na Instrução Normativa no 55, de
2009 para o procedimento simplificado; e
2 - para fins de comprovação da realização da coleta disposta na alı́nea a deste inciso, a fiscalização
deste Ministério emitirá o documento constante do Anexo II desta instrução normativa, isentando de nova
coleta os produtos listados no referido certificado, desde que de mesma denominação, marca e produtor.
b) na importação desta bebida em que não caiba o previsto na alı́nea a deste inciso, deverá ser utili-
zado o procedimento completo descrito na Instrução Normativa no 55, de 2009.
459
C. Legislação e instruções normativas
§ 2o O encaminhamento de que trata o § 1o deste artigo se dará pelo prazo de 12 (doze) meses da
publicação desta Instrução Normativa, e deverá ser realizado preferencialmente via meio eletrônico parae-
mail: sake.dbeb@agricultura.gov.br ou via papel a ser remetido para o endereço desta Coordenação-Geral,
sendo que:
I - o setor responsável pelo encaminhamento deste documento quando se tratar de certificado emitido
no exterior é a unidade do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (VIGIAGRO), no ponto de
desembaraço da mercadoria no paı́s; e
II - o setor responsável pelo encaminhamento deste documento quando se tratar de certificado emitido
no Brasil é a área técnica de bebidas da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
§ 3o A análise de que trata este artigo deverá ser realizada por laboratório deste Ministério durante
o prazo estabelecido no § 2o deste artigo.
Art. 16. Fica aprovado o modelo de formulário de declaração de coleta amostra de sake, constante
do Anexo II desta Instrução Normativa.
Art. 17. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, fixando-se o prazo de
12 (doze) meses para adequação da rotulagem e de 6 (seis) meses para as demais adequações às alterações
estabelecidas neste ato.
Art. 18. Ficam revogadas as Portarias no 746, de 24 de outubro de 1977, e no 410, de 27 de setembro
de 1974, para os produtos fermentado de fruta, hidromel, fermentado de cana, fermentado de fruta licoroso,
fermentado de fruta composto e saquê.
ANEXO I
460
C.5. Instrução Normativas No 34, de 29 de novembro de 2012
461
C. Legislação e instruções normativas
462
C.5. Instrução Normativas No 34, de 29 de novembro de 2012
ANEXO II
Declara-se, perante o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que foi realizada a coleta
de amostra de sake na data abaixo, conforme as seguintes especificações:
IMPORTADOR:
OUTRAS INFORMAÇÕES:
OBSERVAÇÕES:
463
C. Legislação e instruções normativas
AUTENTICAÇÃO
Data de emissão: —-/—-/—-
Fiscal Federal Agropecuário (assinatura e carimbo)
1a Via - Representante do estabelecimento importador 3a Via - Órgão Técnico da Área de Bebidas -
SFA/UF
2a Via - Órgão Expedidor
22 Carimbo Institucional
(bureau Stamp / Sello de la Instituión)
D.O.U., 30/11/2012 - Seção 1
Art. 1o Fica aprovado, na forma do Anexo a este Decreto, o Regulamento da Lei no 8.918, de 14 de
julho de 1994, sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção e a fiscalização da produção e
do comércio de bebidas.
Art. 2o Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação, fixado o prazo de cento e oitenta dias
para a adequação às alterações estabelecidas.
464
C.6. Lei 6871 de 2009
465
C. Legislação e instruções normativas
Reinhold Stephanes
ANEXO
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. Excluem-se deste Regulamento os vinhos, o vinagre, o suco de uva e as bebidas
alcoólicas derivadas da uva e do vinho.
I estabelecimento de bebida: o espaço delimitado que compreende o local e a área que o circunda,
onde se efetiva conjunto de operações e processos, que tem como finalidade a obtenção de bebida, assim
como o armazenamento e transporte desta e suas matérias-primas;
III também bebida: a polpa de fruta, o xarope sem finalidade medicamentosa ou terapêutica, os pre-
parados sólidos e lı́quidos para bebida, a soda e os fermentados alcoólicos de origem animal, os destilados
alcoólicos de origem animal e as bebidas elaboradas com a mistura de substâncias de origem vegetal e
animal;
IV matéria-prima: todo produto ou substância de origem vegetal, animal ou mineral que, para ser
utilizado na composição da bebida, necessita de tratamento e transformação, em conjunto ou separada-
mente;
VII aditivo: qualquer ingrediente adicionado intencionalmente à bebida, sem propósito de nutrir,
com o objetivo de conservar ou modificar as caracterı́sticas fı́sicas, quı́micas, biológicas ou sensoriais, du-
rante a produção, elaboração, padronização, engarrafamento, envasamento, armazenagem, transporte ou
manipulação;
XI prazo de validade: o tempo em que os produtos mantêm suas propriedades, em condições adequa-
das de acondicionamento, armazenagem e utilização ou consumo;
466
C.6. Lei 6871 de 2009
XIII alteração acidental: a modificação dos caracteres sensoriais, fı́sicos, quı́micos ou biológicos da
bebida, em decorrência de causas não intencionais, por negligência, imperı́cia ou imprudência, e que traga
prejuı́zo ao consumidor;
XIV alteração proposital: a modificação dos caracteres sensoriais, fı́sicos, quı́micos ou biológicos da
bebida, em decorrência de causas intencionais, por negligência, imperı́cia ou imprudência, desde que a al-
teração se converta, por consequência, em vantagem financeira à empresa ou traga prejuı́zo ao consumidor;
XVI falsificação: a reprodução enganosa da bebida por meio de imitação da forma, caracteres e
rotulagem que constituem processos especiais de privilégio ou exclusividade de outrem, ou, ainda, pelo
emprego de denominação em desacordo com a classificação e a padronização da bebida;
XVIII infração: toda ação ou omissão que importe em inobservância ou em desobediência ao disposto
nas normas regulamentares, destinados a preservar a integridade e a qualidade dos produtos e bebidas; e
CAPÍTULO II
DAS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS
Art. 3o As atividades administrativas relacionadas com a produção de bebida são entendidas como:
I controle;
II inspeção;
III fiscalização;
IV padronização;
V classificação;
VI análise de fiscalização;
X registro de estabelecimento; e
XI registro de produto.
467
C. Legislação e instruções normativas
§ 11. Registro de produto é a formalidade administrativa que cadastra a bebida, observados a classi-
ficação, padronização, marca comercial e processos de produção e conservação.
CAPÍTULO III
DA CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS
Art. 4o A classificação geral dos estabelecimentos, de acordo com suas atividades, isoladas ou em
conjunto, é a seguinte:
I produtor ou fabricante;
II padronizador;
IV atacadista;
V exportador; ou
VI importador.
468
C.6. Lei 6871 de 2009
de terceiros, em território nacional, por meio de contratação de serviço, cabendo-lhes todas as respon-
sabilidades pelo produto previstas neste Regulamento, ficando desobrigado de fazer constar do rótulo o
nome e endereço do prestador de serviço, desde que garantida a rastreabilidade da bebida, por meio de
identificação clara, na embalagem, do local de produção.
CAPÍTULO IV
DOS REGISTROS DE ESTABELECIMENTOS E DE BEBIDAS
§ 1o O registro do estabelecimento será válido em todo o território nacional e deverá ser renovado a
cada dez anos.
§ 2o Quando houver alteração da legislação pertinente, o referido registro deverá ser alterado, no
prazo estabelecido pelo órgão competente.
Art. 7o As bebidas definidas neste Regulamento deverão ser obrigatoriamente registradas no Mi-
nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ressalvadas as bebidas importadas.
§ 1o O registro da bebida será válido em todo o território nacional e deverá ser renovado a cada dez
anos.
§ 2o Quando houver alteração da legislação pertinente, o referido registro, assim como sua composição
e rotulagem, deverão ser alterados, no prazo estabelecido pelo órgão competente.
Art. 8o O registro da bebida não definida neste Regulamento, assim como a que não possuir comple-
mentação do seu padrão de identidade e qualidade, dependerá da apreciação e autorização do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Parágrafo único. À bebida de que trata esse artigo será concedido registro em caráter provisório,
pelo perı́odo de um ano, podendo ser renovado uma única vez por igual perı́odo, até que seja definido e
regulamentado o seu respectivo padrão de identidade e qualidade.
CAPÍTULO V
DA ROTULAGEM DE BEBIDAS
Art. 10. Rótulo é toda inscrição, legenda, imagem ou matéria descritiva, gráfica, escrita, impressa,
estampada, afixada, afixada por encaixe, gravada ou colada, vinculada à embalagem, de forma unitária ou
desmembrada, sobre:
I a embalagem da bebida;
469
C. Legislação e instruções normativas
Art. 11. O rótulo da bebida deverá conter, em cada unidade, sem prejuı́zo de outras disposições de
lei, em caracteres visı́veis e legı́veis, os seguintes dizeres:
IV denominação do produto;
V marca comercial;
VI ingredientes;
VIII conteúdo, expresso na unidade de medida correspondente, de acordo com normas especı́ficas;
Parágrafo único. O rótulo da bebida não deverá conter informação que suscite dúvida ou que seja
falsa, incorreta, insuficiente ou que venha a induzir a equı́voco, erro, confusão ou engano, em relação
à identidade, composição, classificação, padronização, natureza, origem, tipo, qualidade, rendimento ou
forma de consumo da bebida, nem lhe atribuir qualidade terapêutica ou medicamentosa.
CAPÍTULO VI
DA CLASSIFICAÇÃO DAS BEBIDAS
I bebida não alcoólica: é a bebida com graduação alcoólica até meio por cento em volume, a vinte
graus Celsius, de álcool etı́lico potável, a saber:
II bebida alcoólica: é a bebida com graduação alcoólica acima de meio por cento em volume até
cinquenta e quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, a saber:
a) bebida alcoólica fermentada: é a bebida alcoólica obtida por processo de fermentação alcoólica;
b) bebida alcoólica destilada: é a bebida alcoólica obtida por processo de fermento-destilação, pelo
rebaixamento do teor alcoólico de destilado alcoólico simples, pelo rebaixamento do teor alcoólico do álcool
etı́lico potável de origem agrı́cola ou pela padronização da própria bebida alcoólica destilada;
470
C.6. Lei 6871 de 2009
c) bebida alcoólica retificada: é a bebida alcoólica obtida por processo de retificação do destilado
alcoólico, pelo rebaixamento do teor alcoólico do álcool etı́lico potável de origem agrı́cola ou pela padro-
nização da própria bebida alcoólica retificada; ou
d) bebida alcoólica por mistura: é a bebida alcoólica obtida pela mistura de destilado alcoólico simples
de origem agrı́cola, álcool etı́lico potável de origem agrı́cola e bebida alcoólica, separadas ou em conjunto,
com outra bebida não alcoólica, ingrediente não alcoólico ou sua mistura.
CAPÍTULO VII
DA PADRONIZAÇÃO DAS BEBIDAS
Seção I
Art. 13. A bebida deverá conter, obrigatoriamente, a matéria-prima vegetal, animal ou mineral,
responsável por sua caracterı́stica sensorial, excetuando o xarope e o preparado sólido para refresco.
§ 2o O xarope e o preparado sólido para refresco que não contiverem a matéria-prima de origem ve-
getal serão classificados e considerados artificiais, integrando à sua denominação o termo artificial.
§ 4o O produto concentrado, quando diluı́do, deverá apresentar as mesmas caracterı́sticas fixadas nos
padrões de identidade e qualidade para a bebida na concentração normal.
§ 5o Para efeito deste Regulamento, a graduação das bebidas alcoólicas será expressa em porcentagem
de volume de álcool etı́lico, à temperatura de vinte graus Celsius.
§ 6o Na bebida que contiver gás carbônico, a medida da pressão gasosa será expressa em atmosfera,
à temperatura de vinte graus Celsius.
§ 9o Os coeficientes de congêneres dos destilados, bebidas destiladas e retificadas, não previstos neste
Regulamento, quando necessário, serão estabelecidos em ato administrativo complementar.
§ 10. A bebida não alcoólica que contiver semente de guaraná (gênero Paullinia) ou seu equivalente
em extrato deverá apresentar os quantitativos dos componentes secundários do guaraná, proibida a adição
de cafeı́na sintética ou da obtida de outro vegetal.
§ 11. A bebida não alcoólica que contiver ou for adicionada em sua composição de cafeı́na (trime-
tilxantina), natural ou sintética, não deverá ter o limite de cafeı́na superior a vinte miligramas por cem
mililitros do produto a ser consumido.
Art. 14. A bebida dietética e a bebida de baixa caloria são as bebidas não alcoólicas, hipocalóricas,
que tenham o conteúdo de açúcares, adicionado normalmente na bebida convencional, inteiramente subs-
tituı́do por edulcorante hipocalórico ou nãocalórico, natural ou artificial, em conjunto ou separadamente.
471
C. Legislação e instruções normativas
§ 2o Na rotulagem de bebidas dietéticas e de baixa caloria, deverá constar o nome genérico do edul-
corante ou edulcorantes, quando houver associação, sua classe e quantidade em peso por unidade ou
miligramas por cem mililitros.
§ 3o A rotulagem das bebidas previstas no caput deverá ser diferenciada daquela utilizada nas bebidas
convencionais.
Art. 15. É vedado o uso de vinhos e derivados da uva e do vinho na composição de bebidas alcoólicas
mistas, coquetel ou cocktail, abrangidas por este Regulamento.
§ 1o Nas demais bebidas alcoólicas, será permitida a sua utilização como ingrediente, desde que não
as caracterize como vinho ou derivado da uva e do vinho por meio de cor, aroma, sabor, embalagem, rótulo
ou marca comercial.
§ 2o As bebidas referidas no § 1 o não poderão usar no rótulo as expressões: vinho, com vinho, de
vinho, com derivados da uva e do vinho, ou expressão similar.
Art. 16. A bebida observará os padrões de identidade e qualidade estabelecidos neste Regulamento.
Art. 17. A bebida não prevista neste Regulamento poderá ser disciplinada pelo Ministério da Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento, observadas as disposições concernentes à sua classificação e atendida
à caracterı́stica peculiar do produto.
Parágrafo único.
A bebida a que se refere o caput observará os parâmetros estabelecidos em sua composição registrada.
Seção II
Art. 18. Suco ou sumo é a bebida não fermentada, não concentrada, ressalvados os casos a seguir
especificados, e não diluı́da, destinada ao consumo, obtida da fruta madura e sã, ou parte do vegetal de
origem, por processamento tecnológico adequado, submetida a tratamento que assegure a sua apresentação
e conservação até o momento do consumo.
§ 1o O suco não poderá conter substâncias estranhas à fruta ou parte do vegetal de sua origem, ex-
cetuadas as previstas na legislação especı́fica.
§ 3o O suco poderá ser adicionado de açúcares na quantidade máxima fixada para cada tipo de suco,
observado o percentual máximo de dez por cento em peso, calculado em gramas de açúcar por cem gramas
de suco, tendo sua denominação acrescida pela designação adoçado.
§ 4o O suco poderá ser adicionado de dióxido de carbono, podendo ser parcialmente desidratado ou
concentrado.
§ 5o Quando adicionado de dióxido de carbono, o suco será denominado “ suco de ...”, acrescido do
nome da fruta ou vegetal, gaseificado.
§ 7o O suco que for parcialmente desidratado deverá ser denominado de suco concentrado.
§ 9o O suco desidratado é o suco no estado sólido, obtido pela desidratação do suco integral, devendo
ser denominado “ suco desidratado de ...”, acrescido do nome da fruta ou vegetal.
472
C.6. Lei 6871 de 2009
§ 10. A designação integral será privativa do suco sem adição de açúcares e na sua concentração
natural, sendo vedado o uso de tal designação para o suco reconstituı́do.
§ 11. Suco misto é o suco obtido pela mistura de frutas, combinação de fruta e vegetal, combinação
das partes comestı́veis de vegetais ou mistura de suco de fruta e vegetal, sendo a denominação constituı́da
da expressão suco misto, seguida da relação de frutas ou vegetais utilizados, em ordem decrescente das
quantidades presentes na mistura.
§ 12. Suco reconstituı́do é o suco obtido pela diluição de suco concentrado ou desidratado, até a
concentração original do suco integral ou ao teor mı́nimo de sólidos solúveis estabelecido nos respectivos
padrões de identidade e qualidade para cada tipo de suco integral, sendo obrigatório constar na sua ro-
tulagem a origem do suco utilizado para sua elaboração, se concentrado ou desidratado, sendo opcional o
uso da expressão reconstituı́do.
§ 13. Suco tropical é a bebida não fermentada obtida pela dissolução, em água potável ou em suco
clarificado de fruta tropical, da polpa de fruta polposa de origem tropical, por meio de processo tecnológico
adequado, devendo ter cor, aroma e sabor caracterı́sticos da fruta, submetido a tratamento que assegure a
sua apresentação e conservação até o momento do consumo.
§ 14. Suco tropical misto é a bebida obtida pela dissolução, em água potável ou em suco clarificado
de fruta tropical, da mistura de polpas de frutas polposas de origem tropical, por meio de processo tec-
nológico adequado, não fermentada, devendo ter cor, aroma e sabor caracterı́sticos das frutas, submetido
a tratamento que assegure a sua apresentação e conservação até o momento do consumo.
§ 15. Os teores de polpas de frutas utilizados na elaboração do suco tropical deverão ser superiores
aos estabelecidos para o néctar das respectivas frutas.
§ 16. O suco tropical, quando adicionado de açúcar, deverá ser denominado suco tropical, acrescido
do nome da fruta e da designação adoçado, podendo ser declarado no rótulo a expressão suco pronto para
beber, pronto para o consumo ou expressões semelhantes.
§ 17. Suco tropical de caju, suco tropical de maracujá e suco tropical de abacaxi deverão ser obtidos
sem dissolução em água, podendo também serem denominados apenas de suco.
§ 18. Quando adicionado de dióxido de carbono, o suco tropical será denominado “suco tropical de
...”, acrescido do nome da fruta ou vegetal, gaseificado.
Art. 19. Polpa de fruta é o produto não fermentado, não concentrado, obtido de fruta polposa, por
processo tecnológico adequado, atendido o teor mı́nimo de sólidos em suspensão.
Parágrafo único. Polpa mista é a bebida obtida pela mistura de fruta polposa com outra fruta polposa
ou fruta não polposa ou com a parte comestı́vel do vegetal, ou com misturas destas, sendo a denominação
constituı́da da expressão polpa mista, seguida da relação de frutas e vegetais utilizados, em ordem decres-
cente das quantidades presentes na mistura.
Art. 20. Água de coco é a bebida obtida da parte lı́quida do fruto do coqueiro (Cocus nucifera) não
diluı́da e não fermentada, extraı́da e conservada por processo tecnológico adequado.
Art. 21. Néctar é a bebida não fermentada, obtida da diluição em água potável da parte comestı́vel
do vegetal ou de seu extrato, adicionado de açúcares, destinada ao consumo direto.
§ 1o Quando adicionado de dióxido de carbono, o néctar será denominado “ néctar de ...”, acrescido
do nome da fruta ou vegetal, gaseificado.
§ 2o Néctar misto é a bebida obtida da diluição em água potável da mistura de partes comestı́veis de
vegetais, de seus extratos ou combinação de ambos, e adicionado de açúcares, destinada ao consumo direto.
Art. 22. Refresco ou bebida de fruta ou de vegetal é a bebida não fermentada, obtida pela diluição,
em água potável, do suco de fruta, polpa ou extrato vegetal de sua origem, com ou sem adição de açúcares.
§ 1o Quando adicionado de dióxido de carbono, o refresco ou bebida de fruta ou de vegetal será de-
nominado “ refresco ou bebida de ...”, acrescido do nome da fruta ou do vegetal, gaseificado.
§ 2o Os refrescos de laranja ou laranjada, de tangerina e de uva deverão conter no mı́nimo trinta por
cento em volume de suco natural.
473
C. Legislação e instruções normativas
§ 3o O refresco de limão ou limonada deverá conter no mı́nimo cinco por cento em volume de suco de
limão.
§ 4o O refresco de maracujá deverá conter no mı́nimo seis por cento em volume de suco de maracujá.
§ 5o O refresco, quando adicionado de açúcares, deverá ter a designação adoçado, acrescida à sua
denominação.
§ 6o O refresco de guaraná deverá conter no mı́nimo dois centésimos de grama da semente de guaraná
(gênero Paullinia) ou seu equivalente em extrato, na bebida, por cem mililitros da bebida.
§ 7o O refresco de maçã deverá conter no mı́nimo vinte por cento em volume em suco de maçã.
§ 8o Refresco misto ou bebida mista de frutas, de extratos vegetais ou de frutas e extratos vegetais é
a bebida obtida pela diluição em água potável da mistura de suco de fruta, da mistura de extrato vegetal,
ou pela combinação de ambos.
Art. 23. Refrigerante é a bebida gaseificada, obtida pela dissolução, em água potável, de suco ou
extrato vegetal de sua origem, adicionada de açúcar.
§ 2o Os refrigerantes de laranja, tangerina e uva deverão conter, obrigatoriamente, no mı́nimo dez por
cento em volume do respectivo suco na sua concentração natural.
§ 3o Soda limonada ou refrigerante de limão deverá conter, obrigatoriamente, no mı́nimo, dois e meio
por cento em volume de suco de limão.
§ 5o O refrigerante de cola deverá conter semente de noz de cola ou extrato de noz de cola (Cola
acuminata).
§ 6o O refrigerante de maçã deverá conter, no mı́nimo, cinco por cento em volume em suco de maçã.
Art. 24. Soda é a água potável gaseificada com dióxido de carbono, com pressão superior a duas
atmosferas, a vinte graus Celsius, podendo ser adicionada de sais minerais.
Parágrafo único. Soda aromatizada ou soda com aroma é a água potável gaseificada com dióxido de
carbono, com pressão superior a duas atmosferas, a vinte graus Celsius, devendo ser adicionada de aro-
matizante natural e podendo ser adicionada de sais minerais, tendo sua denominação acrescida do aroma
utilizado.
Art. 25. Água tônica de quinino é o refrigerante que contiver, obrigatoriamente, de três a sete mili-
gramas de quinino ou seus sais, expresso em quinino anidro, por cem mililitros de bebida.
Art. 26. Xarope é o produto não gaseificado, obtido pela dissolução, em água potável, de suco de
fruta, polpa ou parte do vegetal e açúcar, em concentração mı́nima de cinquenta e dois por cento de
açúcares, em peso, a vinte graus Celsius.
§ 1o Xarope de suco ou squash é o produto que contiver, no mı́nimo, quarenta por cento do suco de
fruta ou polpa, em peso.
§ 2o Xarope de avenca ou capilé é o produto que contiver suco de avenca, aromatizado com essência
natural de frutas, podendo ser colorido com caramelo.
§ 4o Xarope de guaraná é o produto que contiver, no mı́nimo, dois décimos de grama de semente de
guaraná (gênero Paullinia), ou seu equivalente em extrato, por cem mililitros do produto.
§ 5o Não será permitida a adição de edulcorantes hipocalóricos e não calóricos na fabricação de xarope.
474
C.6. Lei 6871 de 2009
§ 6o O xarope que não contiver a matéria prima de origem vegetal será denominado de xarope artificial.
Art. 27. Preparado lı́quido ou concentrado lı́quido para refresco é o produto que contiver suco, polpa
ou extrato vegetal de sua origem, adicionado de água potável para o seu consumo, com ou sem açúcares.
Art. 28. O preparado lı́quido ou concentrado lı́quido para refresco, quando diluı́do, deverá apresentar
as mesmas caracterı́sticas fixadas nos padrões de identidade e qualidade para o respectivo refresco.
Parágrafo único. O preparado lı́quido ou concentrado lı́quido para refresco, quando adicionado de
açúcares, deverá ter a designação adoçado, acrescido à sua denominação.
Art. 29. Preparado lı́quido ou concentrado lı́quido para refrigerante é o produto que contiver suco ou
extrato vegetal de sua origem, adicionado de água potável para o seu consumo, com ou sem açúcares.
Art. 30. O preparado lı́quido ou concentrado lı́quido para refrigerante, quando diluı́do, deverá apre-
sentar as mesmas caracterı́sticas fixadas nos padrões de identidade e qualidade para o respectivo refrige-
rante. Parágrafo único. O preparado lı́quido para refrigerante, quando adicionado de açúcares, deverá ter
a designação adoçado, acrescido à sua denominação.
Art. 31. Preparado sólido para refresco é o produto à base de suco ou extrato vegetal de sua origem e
açúcares, destinado à elaboração de bebida para o consumo, após sua diluição em água potável, podendo
ser adicionado de edulcorante hipocalórico e não calórico.
Parágrafo único. O preparado sólido para refresco que não contiver a matéria-prima de origem vegetal
será denominado de preparado sólido para refresco artificial.
Art. 32. Chá pronto para consumo é a bebida obtida pela maceração, infusão ou percolação de folhas
e brotos de várias espécies de chá do gênero Thea (Thea sinensis e outras), de folhas, hastes, pecı́olos e
pedúnculos de erva mate da espécie llex paraguariensis ou de outros vegetais, podendo ser adicionado de
outras substâncias de origem vegetal e de açúcares.
§ 1o O produto obtido de folhas, hastes, pecı́olos e pedúnculos de erva mate da espécie Ilex paragua-
riensis poderá ser denominado de mate ou chá mate.
§ 2o O produto obtido de folhas e brotos de várias espécies de chá do gênero Thea (Thea sinensis e
outras) poderá ser denominado chá verde, chá preto ou chá branco, de acordo com o processo tecnológico
utilizado na fabricação da bebida.
Art. 33. Preparado lı́quido para chá é a bebida obtida pela maceração, infusão ou percolação de folhas
e brotos de várias espécies de chá do gênero Thea (Thea sinensis e outras), de folhas, hastes, pecı́olos e
pedúnculos de erva mate da espécie Ilex paraguariensis, ou de outros vegetais, podendo ser acrescentado
de outras substâncias de origem vegetal e de açúcares e aditivos, adicionado unicamente de água potável
para seu consumo.
Art. 34. Bebida composta de fruta, de polpa ou de extrato vegetal é a bebida obtida pela mistura
de sucos, polpas ou extratos vegetais, em conjunto ou separadamente, com produto de origem animal,
tendo predominância em sua composição de produto de origem vegetal, adicionada ou não de açúcares.
Parágrafo único. A bebida referida no caput poderá ser comercializada na forma de preparado sólido ou
lı́quido, sendo denominada de preparado sólido ou lı́quido para bebida composta.
Art. 35. Extrato de guaraná é o produto resultante da extração dos princı́pios ativos da semente de
guaraná (gênero Paullinia), com ou sem casca, observados os limites de sua concentração.
Seção III
Das Bebidas Alcoólicas Fermentadas
Art. 36. Cerveja é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte
de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo.
§ 1o O malte de cevada usado na elaboração de cerveja e o lúpulo poderão ser substituı́dos por seus
respectivos extratos.
475
C. Legislação e instruções normativas
§ 2o Malte é o produto obtido pela germinação e secagem da cevada, devendo o malte de outros cereais
ter a designação acrescida do nome do cereal de sua origem.
§ 3o Extrato de malte é o resultante da desidratação do mosto de malte até o estado sólido, ou pastoso,
devendo, quando reconstituı́do, apresentar as propriedades do mosto de malte.
§ 4o Parte do malte de cevada poderá ser substituı́do por adjuntos cervejeiros, cujo emprego não
poderá ser superior a quarenta e cinco por cento em relação ao extrato primitivo.
§ 5o Consideram-se adjuntos cervejeiros a cevada cervejeira e os demais cereais aptos para o consumo
humano, malteados ou não malteados, bem como os amidos e açúcares de origem vegetal.
II na cerveja escura, menor ou igual a cinquenta por cento em peso, podendo conferir ao produto
acabado as caracterı́sticas de adoçante; e
III na cerveja extra, menor ou igual a dez por cento do extrato primitivo.
§ 7o Carboidratos transformados são os derivados da parte amilácea dos cereais obtidos por meio de
transformações enzimáticas.
§ 8o Mosto cervejeiro é a solução, em água potável, de carboidratos, proteı́nas, glicı́dios e sais mine-
rais, resultantes da degradação enzimática dos componentes da matéria-prima que compõem o mosto.
§ 9o Mosto lupulado é o mosto fervido com lúpulo ou seu extrato, e dele apresentando os princı́pios
aromáticos e amargos, ficando estabelecido que:
I lúpulo são os cones da inflorescência do Humulus lupulus, em sua forma natural ou industrializada,
aptos para o consumo humano; e
II extrato de lúpulo é o resultante da extração, por solvente adequado, dos princı́pios aromáticos ou
amargos do lúpulo, isomerizados ou não, reduzidos ou não, devendo o produto final estar isento de solvente.
Art. 37. Das caracterı́sticas de identidade da cerveja deverá ser observado o seguinte:
I a cor da cerveja deverá ser proveniente das substâncias corantes do malte da cevada, sendo que: a)
para corrigir ou intensificar a cor da cerveja, é permitido o uso do corante caramelo, e de corantes naturais
previstos em legislação especı́fica;
c) admite-se a utilização de corante natural, autorizados pela legislação própria, com a finalidade de
padronizar a cor das cervejas definidas nos arts. 40, 41 e 42;
III a cerveja deverá ser estabilizada biologicamente por processo fı́sico apropriado, podendo ser de-
nominada de Chope ou Chopp a cerveja não submetida a processo de pasteurização para o envase;
IV a água potável empregada na elaboração da cerveja poderá ser tratada com substâncias quı́micas,
por processo fı́sico ou outro que lhe assegure as caracterı́sticas desejadas para boa qualidade do produto,
em conjunto ou separadamente; e
V a cerveja deverá apresentar, a vinte graus Celsius, pressão mı́nima de atmosfera de gás carbônico
proveniente da fermentação, sendo permitida a correção por dióxido de carbono ou nitrogênio, industrial-
mente puros.
476
C.6. Lei 6871 de 2009
a) cerveja leve, definida como sendo a cerveja cujo extrato primitivo é maior ou igual a cinco por
cento em peso e menor que dez e meio por cento em peso, podendo denominar-se cerveja light a cerveja
leve que cumpra também, cumulativamente, os requisitos constantes dos itens 1 e 2, seguintes:
1. redução de vinte e cinco por cento do conteúdo de nutrientes ou do valor energético com relação
a uma cerveja similar do mesmo fabricante (mesma marca comercial), ou do valor médio do conteúdo de
três cervejas similares conhecidas e que sejam produzidas na região; e
2. valor energético da cerveja pronta para o consumo deve ser no máximo de trinta e cinco quiloca-
lorias por cem mililitros;
b) cerveja ou cerveja comum, definida como sendo a cerveja cujo extrato primitivo é maior ou igual
a dez e meio por cento em peso e menor que doze por cento em peso;
c) cerveja extra, definida como sendo a cerveja cujo extrato primitivo é maior ou igual a doze por
cento em peso e menor ou igual a quatorze por cento em peso; ou
d) cerveja forte, definida como sendo a cerveja cujo extrato primitivo é maior que quatorze por cento
em peso;
a) cerveja clara, a que tiver cor correspondente a menos de vinte unidades EBC (European Brewery
Convention);
b) cerveja escura, a que tiver cor correspondente a vinte ou mais unidades EBC (European Brewery
Convention); ou
c) cerveja colorida, a que, pela ação de corantes naturais, apresentar coloração diferente das definidas
no padrão EBC (European Brewery Convention);
a) cerveja sem álcool, quando seu conteúdo em álcool for menor ou igual a meio por cento em volume,
não sendo obrigatória a declaração no rótulo do conteúdo alcoólico; ou
b) cerveja com álcool, quando seu conteúdo em álcool for superior a meio por cento em volume, de-
vendo obrigatoriamente constar no rótulo o percentual de álcool em volume;
a) cerveja de puro malte, aquela que possuir cem por cento de malte de cevada, em peso, sobre o
extrato primitivo, como fonte de açúcares;
b) cerveja, aquela que possuir proporção de malte de cevada maior ou igual a cinquenta e cinco por
cento em peso, sobre o extrato primitivo, como fonte de açúcares; ou
c) “ cerveja de ...”, seguida do nome do vegetal predominante, aquela que possuir proporção de malte
de cevada maior que vinte por cento e menor que cinquenta e cinco por cento, em peso, sobre o extrato
primitivo, como fonte de açúcares;
a) de baixa fermentação; ou
b) de alta fermentação.
Art. 39. De acordo com o seu tipo, a cerveja poderá ser denominada: Pilsen, Export, Lager, Dortmun-
der, Munchen, Bock, Malzbier, Ale, Stout, Porter, Weissbier, Alt e outras denominações internacionalmente
reconhecidas que vierem a ser criadas, observadas as caracterı́sticas do produto original.
Art. 40. A cerveja poderá ser adicionada de suco ou extrato de vegetal, ou ambos, que poderão ser
substituı́dos, total ou parcialmente, por óleo essencial, essência natural ou destilado vegetal de sua origem.
Art. 41. A cerveja adicionada de suco de vegetal deverá ser denominada “cerveja com ...”, acrescida
do nome do vegetal.
477
C. Legislação e instruções normativas
Art. 42. Quando o suco natural for substituı́do total ou parcialmente pelo óleo essencial, essência
natural ou destilado do vegetal de sua origem, será denominada “cerveja sabor de ...”, acrescida do nome
do vegetal.
Art. 44. Fermentado de fruta é a bebida com graduação alcoólica de quatro a quatorze por cento
em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela fermentação alcoólica do mosto de fruta sã, fresca e madura
de uma única espécie, do respectivo suco integral ou concentrado, ou polpa, que poderá nestes casos, ser
adicionado de água.
§ 2o O fermentado de fruta poderá ser adicionado de açúcares, para adoçamento, de água e de outros
aditivos definidos para cada tipo de fruta.
§ 5o O fermentado de fruta poderá ser desalcoolizado por meio de processo tecnológico adequado e,
neste caso, deverá ser denominado “fermentado de ...”, acrescido do nome da fruta e da expressão sem
álcool, desde que o teor alcoólico seja menor ou igual a meio por cento em volume.
Art. 45. Fermentado de fruta licoroso é o fermentado de fruta, doce ou seco, com graduação alcoólica
de quatorze a dezoito por cento em volume, a vinte graus Celsius, adicionado ou não de álcool etı́lico
potável de origem agrı́cola, caramelo e sacarose.
Art. 46. Fermentado de fruta composto é a bebida com graduação alcoólica de quinze a vinte por
cento em volume, a vinte graus Celsius, obtido pela adição ao fermentado de fruta, de macerado ou extrato
de planta amarga ou aromática, adicionado ou não de álcool etı́lico potável de origem agrı́cola, caramelo
e sacarose.
Art. 47. Sidra é a bebida com graduação alcoólica de quatro a oito por cento em volume, a vinte graus
Celsius, obtida pela fermentação alcoólica do mosto de maçã fresca, sã e madura, do suco concentrado de
maçã ou ambos, com ou sem a adição de água.
§ 1o A Sidra poderá ser gaseificada, sendo proibida a denominação sidra champanha, espumante ou
expressão semelhante.
§ 2o A Sidra poderá ser desalcoolizada por meio de processo tecnológico adequado e, neste caso, de-
verá ser denominada de Sidra sem álcool, desde que o teor alcoólico seja menor ou igual a meio por cento
em volume.
§ 3o A Sidra pode ser adicionada de açúcares, somente para adoçamento, e de outros aditivos.
Art. 48. Hidromel é a bebida com graduação alcoólica de quatro a quatorze por cento em
volume, a vinte graus Celsius, obtida pela fermentação alcoólica de solução de mel de abelha,
478
C.6. Lei 6871 de 2009
Art. 49. Fermentado de cana é a bebida com graduação alcoólica de quatro a quatorze por cento em
volume, a vinte graus Celsius, obtida do mosto de caldo de cana de açúcar fermentado.
Art. 50. Saquê ou Sake é a bebida com graduação alcoólica de quatorze a vinte e seis por cento em
volume, a vinte graus Celsius, obtida pela fermentação alcoólica do mosto de arroz, sacarificado pelo As-
pergillus oryzae, ou por suas enzimas, podendo ser adicionada de álcool etı́lico potável de origem agrı́cola
e aroma natural.
Parágrafo único. Denomina-se de saquê seco aquele que contiver menos de trinta gramas por litro de
açúcares, e saquê licoroso aquele que contiver no mı́nimo trinta gramas por litro de açúcares.
Seção IV
Das Bebidas Alcoólicas Destiladas
Art. 51. A aguardente é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinquenta e quatro por
cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do rebaixamento do teor alcoólico do destilado alcoólico
simples ou pela destilação do mosto fermentado.
§ 2o A aguardente que contiver açúcares em quantidade superior a seis gramas por litro e inferior a
trinta gramas por litro será denominada de aguardente adoçada.
§ 3o Será considerada aguardente envelhecida a bebida que contiver no mı́nimo cinquenta por cento
de aguardente envelhecida por perı́odo não inferior a um ano, podendo ser adicionada de caramelo para a
correção da cor.
§ 4o Aguardente de melaço é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinquenta e quatro
por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de melaço ou, ainda, pela
destilação do mosto fermentado de melaço, podendo ser adoçada e envelhecida.
§ 5o Aguardente de cereal é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinquenta e quatro por
cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de cereal ou pela destilação
do mosto fermentado de cereal, podendo ser adoçada e envelhecida.
§ 6o Aguardente de vegetal é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinquenta e quatro
por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de vegetal ou pela des-
tilação do mosto fermentado de vegetal, podendo ser adoçada e envelhecida.
§ 7o Aguardente de rapadura é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinquenta e quatro
por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de rapadura ou pela
destilação do mosto fermentado de rapadura, podendo ser adoçada e envelhecida.
§ 8o Aguardente de melado é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinquenta e quatro
por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de melado ou pela des-
tilação do mosto fermentado de melado, podendo ser adoçada e envelhecida.
Art. 52. Aguardente de cana é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinquenta e quatro
por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida de destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar ou
pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar, podendo ser adicionada de açúcares até
seis gramas por litro, expressos em sacarose.
Art. 53. Cachaça é a denominação tı́pica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com
graduação alcoólica de trinta e oito a quarenta e oito por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida
pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar com caracterı́sticas sensoriais peculiares,
podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro.
§ 1o A cachaça que contiver açúcares em quantidade superior a seis gramas por litro e inferior a trinta
gramas por litro será denominada de cachaça adoçada.
479
C. Legislação e instruções normativas
§ 2o Será denominada de cachaça envelhecida a bebida que contiver, no mı́nimo, cinquenta por cento
de aguardente de cana envelhecida por perı́odo não inferior a um ano, podendo ser adicionada de caramelo
para a correção da cor.
Art. 54. Rum, rhum ou ron é a bebida com graduação alcoólica de trinta e cinco a cinquenta e quatro
por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de melaço, ou da mistura
dos destilados de caldo de cana-de-açúcar e de melaço, envelhecidos total ou parcialmente, em recipiente
de carvalho ou madeira equivalente, conservando suas caracterı́sticas sensoriais peculiares.
§ 1o O produto poderá ser adicionado de açúcares até uma quantidade máxima de seis gramas por litro.
§ 2o Será permitido o uso de caramelo para correção da cor e carvão ativado para a descoloração.
§ 3o O coeficiente de congêneres não poderá ser inferior a quarenta miligramas e nem superior a qui-
nhentos miligramas por cem mililitros de álcool anidro.
I rum leve ou light rum quando o coeficiente de congêneres da bebida for inferior a duzentos miligra-
mas por cem mililitros em álcool anidro;
II rum pesado ou heavy rum quando o coeficiente de congêneres da bebida for de duzentos a qui-
nhentos miligramas por cem mililitros em álcool anidro, obtido exclusivamente do melaço; e
III rum envelhecido ou rum velho é a bebida que tenha sido envelhecida, em sua totalidade, por
perı́odo mı́nimo de dois anos.
Art. 55. Uı́sque, whisky ou whiskey é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinquenta e
quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de cereais envelhe-
cido, parcial ou totalmente maltados, podendo ser adicionado de álcool etı́lico potável de origem agrı́cola,
ou de destilado alcoólico simples de cereais, bem como de água para redução da graduação alcoólica e
caramelo para correção da cor.
I uı́sque malte puro ou whisky puro malte ou pure malt whisky, quando a bebida for elaborada
exclusivamente com destilado alcoólico simples de malte envelhecido ou Malt Whisky, com o coeficiente de
congêneres não inferior a trezentos e cinquenta miligramas por cem mililitros em álcool anidro;
II uı́sque cortado ou blended whisky, quando a bebida for obtida pela mistura de, no mı́nimo, trinta
por cento de destilado alcoólico simples de malte envelhecido ou Malt Whisky, com destilados alcoólicos
simples de cereais, álcool etı́lico potável de origem agrı́cola ou ambos, envelhecidos ou não, com o coefici-
ente de congêneres não inferior a cem miligramas por cem mililitros, em álcool anidro;
III uı́sque de cereais ou grain whisky, quando a bebida for obtida a partir de cereais reconhecidos
internacionalmente na produção de uı́sque, sacarificados, total ou parcialmente, por diástases da cevada
maltada, adicionada ou não de outras enzimas naturais e destilada em alambique ou coluna, envelhecido
por perı́odo mı́nimo de dois anos, com o coeficiente de congêneres não inferior a cem miligramas por cem
mililitros, em álcool anidro; ou
IV bourbon whisky, bourbon whiskey, tennessee whisky ou tennessee whiskey, quando o uı́sque for
produzido nos Estados Unidos da América de acordo com a sua legislação, sem prejuı́zo ao estabelecido
no caput. (Redação dada pelo Decreto no 7.968, de 2013)
§ 2o O uı́sque engarrafado no território nacional somente poderá fazer uso das denominações de origem,
ou seja, scotch whisky, canadian whisky, irish whisky, bourbon whisky, tennessee whisky e outras reco-
nhecidas internacionalmente, quando elaborado, exclusivamente, com matériasprimas importadas a granel,
cujos destilados sejam produzidos e envelhecidos em seus respectivos paı́ses de origem e que mantenham
as caracterı́sticas determinadas por suas legislações, podendo apenas ser adicionado de água para redução
da graduação alcoólica e de caramelo para a correção da cor. (Redação dada pelo Decreto no 7.968, de 2013)
Art. 56. Arac é a bebida com graduação alcoólica de trinta e seis a cinquenta e quatro por cento em
volume, a vinte graus Celsius, obtida pela adição ao destilado alcoólico simples ou ao álcool etı́lico potável
480
C.6. Lei 6871 de 2009
Parágrafo único. A bebida poderá ser adicionada de açúcares até trinta gramas por litro; quando a
quantidade adicionada for superior a seis gramas por litro, a sua denominação será seguida da expressão:
adoçada.
Art. 57. Aguardente de fruta é a bebida com graduação alcoólica de trinta e seis a cinquenta e quatro
por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida de destilado alcoólico simples de fruta ou pela destilação
de mosto fermentado de fruta.
§ 1o A destilação deverá ser efetuada de forma que o destilado tenha o aroma e o sabor dos elemen-
tos naturais voláteis contidos no mosto fermentado, derivados dos processos de fermentação ou formados
durante a destilação ou em ambos.
Art. 58. Tequila é a bebida com graduação alcoólica de trinta e seis a cinquenta e quatro por cento
em volume, a vinte graus Celsius, obtida de destilado alcoólico simples de agave ou pela destilação do
mosto fermentado de agave.
§ 1o A destilação deverá ser efetuada de forma que o destilado tenha o aroma e o sabor dos elementos
naturais voláteis contidos no mosto fermentado, derivados do processo fermentativo ou formados durante
a destilação.
§ 2o A bebida poderá ser adicionada de álcool etı́lico potável de origem agrı́cola sempre que o conteúdo
de destilado alcoólico simples de agave não for inferior a cinquenta e um por cento em volume, em álcool
anidro.
§ 3o A bebida poderá ser adicionada de açúcares até trinta gramas por litro; quando a quantidade
adicionada for superior a seis gramas por litro, a denominação deverá ser seguida da expressão: adoçada.
§ 4o A bebida poderá ser envelhecida, sendo permitido, neste caso, o uso de caramelo para a correção
da cor.
Art. 59. Tiquira é a bebida com graduação alcoólica de trinta e seis a cinquenta e quatro por cento
em volume, a vinte graus Celsius, obtida de destilado alcoólico simples de mandioca ou pela destilação de
seu mosto fermentado.
§ 1o A destilação deverá ser efetuada de forma que o destilado tenha o aroma e o sabor dos elementos
naturais voláteis contidos no mosto fermentado, derivados do processo fermentativo ou formados durante
a destilação.
§ 2o A bebida poderá ser adicionada de açúcares até trinta gramas por litro; quando a quantidade
adicionada for superior a seis gramas por litro, a denominação deverá ser seguida da expressão: adoçada.
Art. 60. Sochu ou shochu é a bebida com graduação alcoólica de quinze a trinta e cinco por cento em
volume, a vinte graus Celsius, obtida da destilação do mosto fermentado de arroz, adicionado ou não de
tubérculo, raiz amilácea e cereal, em conjunto ou separadamente.
§ 1o O Sochu poderá ser adicionado de açúcares; quando o teor de açúcares for superior a seis e
inferior a trinta gramas por litro, a denominação deverá ser seguida da expressão: adoçada.
§ 2o Será denominado de Sochu envelhecido a bebida que contiver, no mı́nimo, cinquenta por cento de
Sochu envelhecido por perı́odo não inferior a um ano, podendo ser adicionada de caramelo para a correção
da cor.
481
C. Legislação e instruções normativas
Seção V
Das Bebidas Alcoólicas Retificadas
Art. 61. Vodca, vodka ou wodka é a bebida com graduação alcoólica de trinta e seis a cinquenta e
quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida de álcool etı́lico potável de origem agrı́cola ou
de destilado alcoólico simples de origem agrı́cola retificado, seguidos ou não de filtração por meio de carvão
ativo, como forma de atenuar os caracteres organolépticos da matéria-prima original.
§ 1o A Vodca poderá ser adicionada de açúcares até dois gramas por litro.
Art. 62. Genebra é a bebida com graduação alcoólica de trinta e cinco a cinquenta e quatro por
cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida de destilado alcoólico simples de cereal, redestilado total ou
parcialmente na presença de bagas de zimbro (Juniperus communis), misturado ou não com álcool etı́lico
potável de origem agrı́cola, podendo ser adicionada de outra substância aromática natural, e de açúcares
na proporção de até quinze gramas por litro, podendo ser adicionada de caramelo para correção da cor.
Parágrafo único. As caracterı́sticas organolépticas do zimbro deverão ser perceptı́veis, mesmo quando
atenuadas.
Art. 63. Gim ou gin é a bebida com graduação alcoólica de trinta e cinco a cinquenta e quatro
por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela redestilação de álcool etı́lico potável de origem
agrı́cola, na presença de bagas de zimbro (Juniperus communis), com adição ou não de outra substância
vegetal aromática, ou pela adição de extrato de bagas de zimbro, com ou sem outra substância vegetal
aromática, ao álcool etı́lico potável de origem agrı́cola e, em ambos os casos, o sabor do zimbro deverá ser
preponderante, podendo ser adicionada de açúcares até quinze gramas por litro.
II london dry gin, quando a bebida for obtida por destilação seca;
III gim seco ou dry gin, quando a bebida contiver até seis gramas de açúcares por litro; ou
IV gim doce, old ton gin ou gim cordial, quando a bebida contiver acima de seis e até quinze gramas
de açúcares por litro.
Art. 64. Steinhaeger é a bebida com graduação alcoólica de trinta e cinco a cinquenta e quatro por
cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela retificação de destilado alcoólico simples de cereal ou
pela retificação do álcool etı́lico potável, adicionado de substância aromática natural, em ambos os casos
provenientes de um mosto fermentado contendo bagas de zimbro (Juniperus communis).
Art. 65. Aquavit, akuavit ou acquavitae é a bebida com graduação alcoólica de trinta e cinco a
cinquenta e quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela destilação ou redestilação de
álcool etı́lico potável de origem agrı́cola, na presença de sementes de alcarávia (Carum carvi), ou pela
aromatização do álcool etı́lico potável de origem agrı́cola, retificado com extrato de sementes de alcarávia,
podendo, em ambos os casos, ser adicionada outra substância vegetal aromática.
Parágrafo único. A bebida poderá ser adicionada de açúcares até trinta gramas por litro e, quando
a quantidade adicionada for superior a seis gramas por litro, sua denominação será seguida da expressão:
adoçada.
Art. 66. Corn ou korn é a bebida com graduação alcoólica de trinta e cinco a cinquenta e quatro
por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela retificação do destilado alcoólico simples de cereal
ou pela retificação de uma mistura mı́nima de trinta por cento de destilado alcoólico simples de cereal
com álcool etı́lico potável de origem agrı́cola, podendo ser aromatizada com substância natural de origem
vegetal.
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C.6. Lei 6871 de 2009
Seção VI
Das Bebidas Alcoólicas por Mistura
Art. 67. Licor é a bebida com graduação alcoólica de quinze a cinquenta e quatro por cento em
volume, a vinte graus Celsius, com percentual de açúcar superior a trinta gramas por litro, com a seguinte
composição:
I elaborada com:
c) bebida alcoólica; ou
d) mistura de um ou mais produtos definidos nas alı́neas “a”, “b” e “c”; II adicionada:
a) aromatizante;
b) saborizante;
c) corante;
d) outro aditivo; ou
e) mistura de um ou mais produtos definidos nas alı́neas “a”, “b”, “c” e “d”.
§ 1o O licor que tiver o nome da substância de origem animal ou vegetal deverá conter esta substância,
sendo proibida a sua substituição.
§ 2o O licor será denominado de seco, fino ou doce, creme, escarchado ou cristalizado, conforme as
seguintes definições:
I licor seco é a bebida que contém mais de trinta gramas por litro e no máximo cem gramas por litro
de açúcares;
II licor fino ou doce é a bebida que contém mais de cem gramas por litro e no máximo trezentos e
cinquenta gramas por litro de açúcares;
III licor creme é a bebida que contém mais de trezentos e cinquenta gramas por litro de açúcares; ou
§ 3o As denominações licor de café, de cacau, de chocolate, de laranja, de ovo, de doce de leite e outras
somente serão permitidas aos licores que, em suas preparações, predomine a matéria prima que justifique
essas denominações.
§ 4o Serão permitidas, ainda, as denominações Cherry, Apricot, Peach, Curaçau, Prunelle, Maraschino,
Peppermint, Kümmel, Noix, Cassis, Ratafia, Anis e as demais de uso corrente, aos licores elaborados prin-
cipalmente com as frutas, plantas ou partes delas, desde que justifiquem essas denominações.
§ 5o O licor que contiver por base mais de uma substância vegetal e, não havendo predominância
de alguma delas, poderá ser denominado genericamente de licor de ervas, licor de frutas ou outras deno-
minações que caracterizem o produto.
§ 6o Poderá denominar-se Advocat, Avocat, Advokat ou Advocaat o licor à base de ovo, admitindo-se
para essa bebida graduação alcoólica mı́nima de quatorze por cento em volume a vinte graus Celsius.
483
C. Legislação e instruções normativas
§ 7o O licor que contiver lâminas de ouro puro poderá ser denominado licor de ouro.
§ 8o O licor de anis que contiver, no mı́nimo, trezentos e cinquenta gramas por litro de açúcares
poderá ser denominado de Anisete.
§ 9o O licor preparado por destilação de cascas de frutas cı́tricas, adicionado ou não de substância
aromatizante ou saborizante, ou ambas, poderá denominar-se triple sec ou extra seco, independentemente
de seu conteúdo de açúcares.
§ 10. O licor que contiver em sua composição, no mı́nimo, cinquenta por cento em volume de conha-
que, uı́sque, rum ou outras bebidas alcoólicas destiladas poderá ser denominado “licor de ...”, acrescido do
nome da bebida utilizada.
§ 11. O licor com denominação especı́fica de café, chocolate ou outras que caracterizem o produto,
que contiver em sua composição conhaque, uı́sque, rum ou outras bebidas alcoólicas, poderá utilizar a de-
nominação “licor de ...”, seguida da denominação especı́fica do licor e da bebida alcoólica utilizada; neste
caso, deverá declarar no rótulo principal a porcentagem da bebida utilizada.
Art. 68. Bebida alcoólica mista ou coquetel (cocktail) é a bebida com graduação alcoólica superior a
meio e até cinquenta e quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, com a seguinte composição:
I elaborada com:
c) bebida alcoólica; ou
II adicionada:
b) de suco de fruta;
c) de fruta macerada;
d) de xarope de fruta;
e) de leite;
f) de ovo;
§ 1o As bebidas previstas no caput que contiverem vinho ou derivados da uva e do vinho em sua
composição serão reguladas pelo Decreto no 99.066, de 8 de março de 1990.
§ 2o A bebida prevista no caput poderá ser adicionada de açúcares e aditivos e ser gaseificada; neste
caso, a graduação alcoólica não poderá ser superior a quinze por cento em volume, a vinte graus Celsius.
§ 3o A bebida prevista no caput com graduação alcoólica de quinze a trinta e seis por cento em volume,
a vinte graus Celsius, e com, no mı́nimo, cinquenta gramas de açúcares por litro poderá ser denominada
de batida, devendo ser:
I elaborada com:
a) aguardente de cana;
484
C.6. Lei 6871 de 2009
d) bebidas destiladas; ou
e) mistura de um ou mais produtos definidos nas alı́neas “a”, “b”, “c” e “d”;
II adicionada:
a) de suco;
b) de polpa de fruta;
e) da mistura de um ou mais produtos definidos nas alı́neas “a”, “b”, “c” e “d”.
§ 4o A bebida prevista no caput, com graduação alcoólica de quatro a quatorze por cento em volume,
a vinte graus Celsius, obtida pela mistura de dois ou mais fermentados de frutas e sucos de frutas, adici-
onada de açúcares e aditivos poderá ser denominada de fermentado de frutas misto, e quando adicionada
de dióxido de carbono, de fermentado de frutas misto gaseificado.
§ 5o A bebida prevista no caput, com graduação alcoólica de quinze a trinta e seis por cento em volume,
a vinte graus Celsius, elaborada com cachaça, limão e açúcar, poderá ser denominada de caipirinha (be-
bida tı́pica do Brasil), facultada a adição de água para a padronização da graduação alcoólica e de aditivos.
§ 7o O produto à base de suco ou extrato vegetal, isolados ou em conjunto, com ou sem aroma, adi-
cionado de água potável e, opcionalmente, de aditivos e açúcares será denominado “preparado lı́quido ou
sólido para ...”, acrescido da nomenclatura da bebida alcoólica a ser elaborada.
§ 8o O produto previsto no § 7o, quando adicionado de açúcares, deverá ter a designação adoçado
acrescida à sua denominação.
§ 9o Não é permitida a utilização de aditivo que confira à bebida alcoólica mista caracterı́stica senso-
rial semelhante ao vinho ou ao derivado da uva e do vinho.
Art. 69. Coquetel composto é a bebida com graduação alcoólica de quatro a trinta e oito por cento
em volume, a vinte graus Celsius, tendo, obrigatoriamente, como ingrediente vinho ou derivado da uva e
do vinho em quantidade inferior a cinquenta por cento do volume, com a seguinte composição:
I elaborada com:
a) bebida alcoólica;
II adicionada:
b) de suco de fruta;
e) da mistura de um ou mais produtos definidos nas alı́neas “a”, “b”, “c” e “d”.
§ 1o As bebidas referidas no caput não poderão assemelhar-se ao vinho por meio de aroma, sabor,
denominação ou designação de venda, bem como apresentar em sua rotulagem elementos alusivos ao vinho
485
C. Legislação e instruções normativas
e a uva, tais como: ramagens e cachos de uva, ou nela constarem termos e expressões como: vinho; com
vinho; suave; tinto; branco; e outras próprias do produto vinho, bem como denominações dos derivados da
uva e do vinho, excetuada a lista de ingredientes, conforme definido no inciso VI, do art. 11.
Art. 70. Bebida alcoólica composta é a bebida alcoólica por mistura com graduação alcoólica de
treze a dezoito por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida da maceração ou infusão de substância
vegetal, adicionada de álcool etı́lico potável de origem agrı́cola, com adição ou não de açúcares.
§ 1o Bebida alcoólica de jurubeba é a bebida alcoólica composta obtida pela mistura de macerado
alcoólico de jurubeba (Solanum paniculatum L.), com álcool etı́lico potável de origem agrı́cola e, op-
cionalmente, de aromatizante natural e aditivo, podendo ser adicionada de açúcares, caso em que será
denominada suave ou doce, quando contiver mais de seis gramas de açúcares por litro.
§ 2o Bebida alcoólica de gengibre é a bebida alcoólica composta obtida pela mistura de macerado
alcoólico de rizoma de gengibre (Zingiber officinalis Rosc.), com álcool etı́lico potável de origem agrı́cola e,
opcionalmente, de aromatizante natural e aditivo, podendo ser adicionada de açúcares, caso em que será
denominada suave ou doce, quando contiver mais de seis gramas de açúcares por litro, devendo apresentar
sabor e aroma das substâncias naturais do rizoma.
§ 3o As demais bebidas alcoólicas compostas serão denominadas “bebida alcoólica composta de ...”,
acrescida do nome do vegetal utilizado.
Art. 71. Aperitivo é a bebida com graduação alcoólica acima de meio a cinquenta e quatro por
cento em volume, a vinte graus Celsius, que contiver princı́pio amargo ou aromático, com caracterı́sticas
aperitivas ou estimulantes do apetite, obtidas a partir de extrato de um ou mais vegetais ou parte deles.
§ 1o O produto deverá estar de acordo com o limite estabelecido para o princı́pio ativo previsto,
proveniente da substância vegetal utilizada em sua elaboração.
§ 2o O aperitivo poderá ser adicionado de açúcares, bem como de saborizante, aromatizante, corante
ou outro aditivo, ou de mistura destes.
§ 3o O aperitivo, cujo sabor seja predominantemente amargo, denominar-se-á Fernet, Bitter, amargo
ou amaro.
§ 5o Será denominado ferroquina ou ferro quina o aperitivo que possuir teor mı́nimo de cento e vinte
miligramas de citrato de ferro amoniacal e cinco miligramas de quinino, expresso em sulfato de quinino,
por cem mililitros da bebida.
§ 6o O aperitivo poderá ser adicionado de água e gás carbônico (CO2 ), mantendo sua denominação
seguida da palavra soda, devendo ter graduação alcoólica máxima de quinze por cento em volume, a vinte
graus Celsius.
§ 7o Quando a graduação alcoólica do aperitivo for inferior ou igual a meio por cento em volume, a
vinte graus Celsius, denominar-se-á aperitivo sem álcool ou aperitivo não alcoólico, seguido do nome da
matéria prima utilizada.
§ 8o Com exceção do teor alcoólico, serão exigidas para o aperitivo não alcoólico todas as especi-
ficações atribuı́das aos aperitivos em geral.
Art. 72. Aguardente composta é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinquenta e
quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, resultante da adição de substância de origem vegetal
ou animal na aguardente ou no destilado alcoólico simples ou na mistura destes ingredientes alcoólicos.
Parágrafo único. A aguardente composta poderá ser adicionada de caramelo para correção da cor, de
açúcares na quantidade inferior a trinta gramas por litro e de aditivos.
486
C.6. Lei 6871 de 2009
CAPÍTULO VIII
DOS DESTILADOS ALCOÓLICOS
Art. 73. Álcool etı́lico potável de origem agrı́cola é o produto com graduação alcoólica mı́nima de
noventa e cinco por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtido pela destilo-retificação de mosto pro-
veniente unicamente de matéria-prima de origem agrı́cola, de natureza açucarada ou amilácea, resultante
da fermentação alcoólica, como também o produto da retificação de aguardente ou de destilado alcoólico
simples.
§ 1o Na denominação do álcool etı́lico potável de origem agrı́cola, quando houver referência à matéria-
prima utilizada, o álcool deverá ser obtido exclusivamente dessa matéria-prima.
§ 2o O álcool etı́lico potável de origem agrı́cola poderá ser hidratado para o seu envelhecimento.
Art. 74. Raw grain whisky é o destilado alcoólico de cereal com graduação alcoólica superior a cin-
quenta e quatro e inferior a noventa e cinco por cento em volume, a vinte graus Celsius, envelhecido em
tonéis de carvalho com capacidade máxima de setecentos litros, por perı́odo mı́nimo de dois anos.
Art. 75. Destilado alcoólico simples de origem agrı́cola é o produto com graduação alcoólica superior
a cinquenta e quatro e inferior a noventa e cinco por cento em volume, a vinte graus Celsius, destinado à
elaboração de bebida alcoólica e obtido pela destilação simples ou por destilo-retificação parcial seletiva de
mosto ou subproduto proveniente unicamente de matéria-prima de origem agrı́cola de natureza açucarada
ou amilácea, resultante da fermentação alcoólica.
§ 1o A destilação deverá ser efetuada de forma que o destilado apresente aroma e sabor provenien-
tes da matéria-prima utilizada, dos derivados do processo fermentativo e dos formados durante a destilação.
§ 2o Mosto é a substância de origem vegetal ou animal que contém elemento amiláceo ou açucarado
passı́vel de transformar-se, mediante fermentação alcoólica, em álcool etı́lico.
I de cana-de-açúcar;
II de melaço;
III de cereal;
IV de fruta;
V de tubérculo; ou
VI de outros vegetais.
§ 4o Destilado alcoólico simples de cereal é o produto obtido pela destilação do mosto fermentado de
cereais, maltados ou não; denominando-se:
I destilado alcoólico simples de cereal envelhecido: o produto obtido pelo envelhecimento do destilado
alcoólico simples de cereal em tonéis, de carvalho ou de madeira apropriada, com capacidade máxima de
487
C. Legislação e instruções normativas
II destilado alcoólico simples de malte: o produto proveniente unicamente do mosto da cevada mal-
tada, turfada ou não, obtido pelo processo de destilação em alambique pot stills; ou
III destilado alcoólico simples de malte envelhecido ou Malt Whisky: o produto obtido pelo envelheci-
mento do destilado alcoólico simples de malte em tonéis de carvalho com capacidade máxima de setecentos
litros, por perı́odo não inferior a dois anos.
§ 5o Destilado alcoólico simples de fruta é o produto obtido da destilação do mosto fermentado de fruta.
§ 7o Destilado alcoólico simples de vegetais é o produto obtido pela destilação do mosto fermentado
de uma mistura de duas ou mais matérias-primas de origem vegetal.
CAPÍTULO IX
DOS FERMENTADOS ACÉTICOS
Art. 77. Fermentado acético é o produto com acidez volátil mı́nima de quatro gramas por cem mili-
litros, expressa em ácido acético, obtido:
a) de fruta;
b) de cereal;
c) de outros vegetais;
d) de mel;
e) da mistura de vegetais; ou
f) da mistura hidroalcoólica;
II adicionado opcionalmente:
a) de vegetal;
b) de partes de vegetal;
d) de suco;
e) de aroma natural;
f) de condimento; ou
§ 2o O fermentado acético poderá ser denominado “vinagre de ...”, acrescido do nome da matéria--
prima utilizada.
488
C.6. Lei 6871 de 2009
CAPÍTULO X
DOS REQUISITOS DE IDENTIDADE E QUALIDADE DA BEBIDA
Art. 78. A bebida deverá atender aos seguintes requisitos de identidade e qualidade:
Parágrafo único. Será considerada imprópria para o consumo e impedida de comercialização a bebida
que não atender ao disposto neste artigo.
CAPÍTULO XI
DO CONTROLE DE MATÉRIAS-PRIMAS
Art. 79. O controle da produção e circulação da matéria-prima será realizado em conformidade com
as normas estabelecidas neste Regulamento.
§ 2o Para efeito deste Regulamento, considera-se destilado alcoólico o álcool etı́lico potável de origem
agrı́cola, o destilado alcoólico simples e suas variedades, a bebida destilada e a bebida retificada.
§ 3o A liberação do destilado alcoólico importado somente poderá ser efetuada mediante prévia auto-
rização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
CAPÍTULO XII
DO CONTROLE DE BEBIDAS
Art. 80. O controle da produção, engarrafamento, envelhecimento e circulação das bebidas será rea-
lizado em conformidade com as normas estabelecidas neste Regulamento.
Art. 81. A bebida destinada exclusivamente à exportação poderá ser elaborada, denominada e
rotulada de acordo com a legislação, usos e costumes do paı́s a que se destina, sendo proibida a sua comer-
cialização no mercado interno, sem prejuı́zo do disposto no § 1o do art. 215 do Decreto no 4.544, de 26 de
dezembro de 2002. Parágrafo único. A elaboração e a denominação das bebidas tı́picas do Brasil deverão
atender aos padrões de identidade e qualidade estabelecidos para o território brasileiro.
Art. 82. A bebida de procedência estrangeira somente poderá ingressar e ser comercializada no mer-
cado nacional mediante autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
§ 3o A bebida alcoólica de procedência estrangeira que não atender aos requisitos de identidade e
qualidade nacionais somente poderá ser objeto de comércio no território nacional mediante a apresentação
de certificado expedido pelo órgão oficial do paı́s de origem ou entidade por ele reconhecida para tal fim,
489
C. Legislação e instruções normativas
atestando:
III ser de consumo normal e corrente e possuir nome e composição consagrados na região ou paı́s de
origem.
CAPÍTULO XIII
DA CERTIFICAÇÃO DA BEBIDA
§ 1o O controle de qualidade poderá ser levado a efeito por meio da implantação e utilização de
sistema de identificação de perigos à segurança, qualidade e integridade econômica dos produtos, como o
programa de análise de perigos e pontos crı́ticos de controle ou outros programas autorizados.
CAPÍTULO XIV
DO CONTROLE DE ESTABELECIMENTOS
Art. 84. Os estabelecimentos de bebidas, de acordo com as atividades desenvolvidas, deverão observar
o disposto neste Regulamento.
§ 3o Os estabelecimentos referidos neste artigo deverão adotar programa permanente de boas práticas
de fabricação em conformidade com as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e ainda, no que couber, observar os preceitos relativos a inocuidade das bebidas.
§ 5o É facultado aos estabelecimentos mencionados no caput realizar seus controles por meio de en-
tidades ou laboratórios privados, contratados para este fim, sem prejuı́zo de suas responsabilidades pela
qualidade dos produtos.
490
C.6. Lei 6871 de 2009
Art. 86. Para efeito de controle, todos os estabelecimentos previstos neste Regulamento ficam obri-
gados a apresentar ao órgão técnico especializado da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária
e Abastecimento na sua respectiva unidade da federação, até o dia 31 de janeiro do ano subsequente,
declaração de produção anual na qual conste a quantidade de produto elaborado e os estoques existentes
no final de cada ano.
CAPÍTULO XV
DAS ATIVIDADES DE INSPEÇÃO E FISCALIZAÇÃO
Art. 87. A inspeção e a fiscalização nos estabelecimentos e locais previstos neste Regulamento cons-
tituirão atividade de rotina e terão caráter permanente.
Parágrafo único. Quando solicitado pelo órgão de fiscalização, os estabelecimentos são obrigados a
prestarem informações e apresentar ou entregar documentos nos prazos fixados.
Art. 88. Constituem, também, ações de inspeção e fiscalização as auditorias das ferramentas de con-
trole da qualidade utilizadas pelos estabelecimentos abrangidos por este Regulamento.
Art. 89. A inspeção e a fiscalização consistem no conjunto de ações diretas, executadas pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o objetivo de aferir e controlar:
Art. 90. A inspeção e fiscalização prevista no art. 89 serão exercidas no âmbito da competência
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por Fiscal Federal Agropecuário, devidamente
identificado funcionalmente, para:
I colher amostras necessárias às análises de fiscalização e de controle, lavrando-se o respectivo termo;
II realizar inspeção rotineira nos estabelecimentos e locais abrangidos por este Regulamento para
verificar a conformidade das instalações, processos produtivos, equipamentos, utensı́lios, matérias-primas,
ingredientes, rótulos, embalagens, vasilhames e produtos frente às normas legais vigentes, assim como
apurar a prática de infrações ou de eventos que tornem os produtos passı́veis de alteração, lavrando o
respectivo termo;
III realizar vistoria nos estabelecimentos para efeito de registro, lavrando-se o respectivo laudo;
491
C. Legislação e instruções normativas
Parágrafo único. No desempenho de suas funções, o Fiscal Federal Agropecuário dispõe de livre acesso
aos estabelecimentos e poderá requisitar o auxı́lio de autoridade policial nos casos de risco à sua integridade
fı́sica ou impedimento à execução das suas atividades.
CAPÍTULO XVI
DOS DOCUMENTOS DE FISCALIZAÇÃO
I o termo de inspeção;
II a intimação;
IV o termo de apreensão;
V o auto de infração;
IX o termo de liberação;
X o termo de interdição;
XI o termo aditivo;
Parágrafo único. Os modelos dos documentos previstos no caput, bem como as suas respectivas fina-
lidades serão definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
CAPÍTULO XVII
DAS AMOSTRAS DE FISCALIZAÇÃO E DE CONTROLE E DA ANÁLISE LABORATORIAL
492
C.6. Lei 6871 de 2009
Art. 92. Para efeito de análise de fiscalização, será procedida a coleta de amostra da bebida, cons-
tituı́da de três unidades representativas do lote ou partida.
Art. 93. Para efeito de análise de controle, será procedida a coleta de uma unidade de amostra
representativa do lote ou partida.
Parágrafo único. Para efeito de desembaraço aduaneiro de matéria-prima ou bebida estrangeira, pro-
ceder se-á à análise de controle por amostragem.
Art. 94. O resultado da análise de fiscalização deverá ser informado ao fiscalizado, ao produtor e ao
detentor da bebida, quando distintos.
Parágrafo único. No caso de amostra oriunda de produto apreendido, o resultado da análise de fis-
calização deverá ser comunicado aos interessados no prazo máximo de trinta dias, contados da data da
coleta, salvo prorrogação por igual perı́odo expressamente motivada.
Art. 95. Para efeito de desembaraço aduaneiro de bebida estrangeira, em caso de desconformidade
com os parâmetros analı́ticos estabelecidos para os produtos nacionais, serão adotados os procedimentos
previstos para análise de fiscalização, ressalvados os casos previstos no § 3o do art. 82.
Art. 96. O interessado que não concordar com o resultado da análise de fiscalização poderá requerer
análise pericial ou perı́cia de contraprova.
Parágrafo único. Havendo divergência entre a análise de fiscalização e a análise pericial ou perı́cia de
contraprova, proceder-se-á à análise ou perı́cia de desempate, que prevalecerá sobre as demais, qualquer
que seja o resultado, não sendo permitida sua repetição.
Art. 97. Nas análises laboratoriais previstas neste Regulamento, serão aplicados os métodos oficiais
e as tolerâncias analı́ticas reconhecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 98. Outros métodos de análises poderão ser utilizados na fiscalização de bebida e sua matéria--
prima, desde que previamente reconhecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
CAPÍTULO XVIII
DAS PROIBIÇÕES E INFRAÇÕES
Art. 99. É proibida e constitui infração a prática isolada ou cumulativa do disposto abaixo:
493
C. Legislação e instruções normativas
VII fazer funcionar o estabelecimento de bebida ou de demais produtos abrangidos por este Regula-
mento sem a devida infra-estrutura básica exigida ou em condições higiênico-sanitárias inadequadas;
VIII alterar a composição do produto registrado sem comunicar previamente ao Ministério da Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento;
X adquirir ou manter em depósito substância que possa ser empregada na alteração proposital do
produto, com exceção das substâncias necessárias e indispensáveis às atividades do estabelecimento, que
deverão ser mantidas sob rigoroso controle em local isolado e apropriado;
XIII fazer uso de processo, de substância ou de aditivo não autorizados para a bebida e para os
demais produtos abrangidos por este Regulamento;
XVII fazer uso de sinal de conformidade instituı́do pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento, sem a devida autorização do órgão competente;
XVIII agir como depositário infiel de mercadoria apreendida pelo órgão fiscalizador;
XIX manter matéria-prima, ingredientes, bebidas ou demais produtos, abrangidos por este Regula-
mento, armazenados em condições inadequadas quanto à segurança e integridade dos produtos abrangidos
por este Regulamento;
XXI utilizar ingrediente não permitido para elaboração ou fabricação de alimentos ou bebidas.
CAPÍTULO XIX
DAS RESPONSABILIDADES
Art. 100. Sem prejuı́zo da responsabilidade civil e penal cabı́vel, as infrações previstas neste Regula-
mento recairão, isolada ou cumulativamente, sobre:
III todo aquele que concorrer para a prática da infração ou dela obtiver vantagem; e
IV o transportador, o comerciante ou o armazenador, pelo produto que estiver sob sua guarda ou res-
ponsabilidade, quando a procedência deste não for comprovada por meio de documento oficial ou quando
eles concorrerem para a alteração de identidade e qualidade do produto.
494
C.6. Lei 6871 de 2009
penal.
CAPÍTULO XX
DOS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DE APURAÇÃO DE INFRAÇÃO
Art. 102. A autoridade competente que tomar conhecimento por qualquer meio da ocorrência de in-
fração é obrigada a promover a sua imediata apuração, por meio de procedimento administrativo próprio,
sob pena de responsabilidade.
Art. 103. A infringência às disposições contidas no art. 99 será apurada em processo administrativo
regular, iniciado com a lavratura do auto de infração, observados os ritos e prazos legais. Parágrafo único.
Juntada ao processo a defesa ou o termo de revelia, o Chefe do Serviço de Inspeção de Produtos Agro-
pecuários da Unidade da Federação de jurisdição da ocorrência da infração terá o prazo máximo de trinta
dias, salvo prorrogação por igual perı́odo expressamente motivada, para instruı́-lo com relatório e proceder
ao julgamento, sob pena de responsabilidade administrativa.
Art. 104. Sem prejuı́zo das responsabilidades civil e penal, a infringência às disposições contidas no
art. 99 sujeita o infrator, isolada ou cumulativamente, às seguintes sanções administrativas:
I advertência;
II multa no valor de até R$ 117.051,00 (cento e dezessete mil e cinquenta e um reais), conforme o
disposto no art. 1o da Lei no 8.936, de 24 de novembro de 1994;
VIII cassação do registro do estabelecimento, podendo ser cumulada com a proibição de venda e
publicidade dos produtos; e
IX cassação do registro do produto, podendo ser cumulada com a proibição de venda e publicidade
do produto.
Art. 105. Serão considerados, para efeito de fixação da sanção, a gravidade do fato em vista de sua
consequência à saúde humana e à defesa do consumidor e os antecedentes do infrator e as circunstâncias
atenuantes e agravantes.
II o infrator, por espontânea vontade, reparar o ato lesivo que lhe for imputado;
495
C. Legislação e instruções normativas
§ 4o Verifica-se reincidência quando o infrator cometer nova infração depois do trânsito em julgado
da decisão administrativa que o tenha condenado pela infração anterior, podendo ser genérica ou especı́fica.
§ 7o Quando a mesma infração for objeto de enquadramento em mais de um dispositivo deste Regu-
lamento, prevalecerá, para efeito de punição, o enquadramento mais especı́fico em relação ao mais genérico.
§ 8o Apurando-se, no mesmo processo, a prática de duas ou mais infrações, aplicar-se-ão multas cu-
mulativas.
I quando o infrator for primário, não tiver agido com dolo e, ainda, a infração não constituir-se de
adulteração ou falsificação; ou
II quando o infrator ampliar, reduzir ou remodelar a área de instalação industrial registrada, sem
a devida comunicação junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, alteração esta que
não comprometa a inocuidade, segurança e qualidade da bebida ou dos demais produtos previstos neste
Regulamento.
Art. 107. Aplicar-se-á multa, independentemente de outras sanções previstas neste Regulamento,
ainda que o infrator seja primário, nos seguintes casos:
III transportar, armazenar, expor à venda ou comercializar bebida ou demais produtos previstos
neste Regulamento, desprovidos de comprovação de procedência;
IV produzir, manter em depósito ou comercializar bebida ou demais produtos previstos neste Regu-
lamento em desacordo com os requisitos de identidade e qualidade;
VI ampliar, reduzir ou remodelar a área de instalação industrial registrada, sem a devida comu-
nicação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, alteração esta que venha a comprometer
a inocuidade, segurança e qualidade da bebida ou dos demais produtos previstos neste Regulamento;
VII funcionar o estabelecimento de bebida ou demais produtos previstos neste Regulamento sem a
devida infraestrutura básica exigida ou em condições higiênico-sanitárias inadequadas;
VIII alterar a composição do produto registrado sem comunicar previamente o Ministério da Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento;
496
C.6. Lei 6871 de 2009
X adquirir ou manter em depósito substância que possa ser empregada na alteração proposital do
produto, com exceção das substâncias necessárias e indispensáveis às atividades do estabelecimento, as
quais deverão ser mantidas sob rigoroso controle em local isolado e apropriado;
XII causar embaraço, impedir ou dificultar, por qualquer meio, a ação fiscalizadora;
XIII fazer uso de processo, de substância ou de aditivo não autorizados para bebida ou demais pro-
dutos previstos neste Regulamento;
XVII fazer uso de sinal de conformidade instituı́do pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento, sem a devida autorização do órgão competente;
XVIII manter matéria-prima, ingredientes, bebidas ou demais produtos previstos neste Regulamento
armazenados em condições inadequadas;
XIX utilizar, no acondicionamento de bebida ou demais produtos previstos neste Regulamento, em-
balagens que não atendam às normas sanitárias; ou
Art. 108. As infrações previstas nos incisos de I a XIX do art. 107 serão passı́veis de multas no valor
de R$ 2.000,00 (dois mil reais) até R$ 117.051,00 (cento e dezessete mil e cinquenta e um reais).
Art. 109. A infração prevista no inciso XX do art. 107 será passı́vel de multa no valor de até R$
29.262,75 (vinte e nove mil duzentos e sessenta e dois reais e setenta e cinco centavos), não eximindo o
infrator das sanções penais cabı́veis.
Art. 110. A inutilização de bebida, assim como de rótulos, embalagens ou vasilhames e demais
produtos previstos neste Regulamento, objetos de medida cautelar de apreensão, ocorrerá nos casos de
adulteração e falsificação ou quando, por decisão da autoridade julgadora, o produto apreendido não pu-
der ser reaproveitado, ficando as despesas e a execução por conta do infrator.
Art. 112. Poderá ocorrer a suspensão de registro de produto ou de estabelecimento, pelo perı́odo de
até dois anos, quando o infrator for reincidente na ocorrência do disposto no art. 99.
Art. 113. Poderá ocorrer a cassação de registro de estabelecimento ou de produto quando o infrator
for reincidente nos casos de adulteração e falsificação ou com antecedentes de não cumprir às exigências
legais ou, ainda, quando comprovadamente o estabelecimento não possuir condições de funcionamento.
Art. 114. A aplicação de sanções administrativas não exime o infrator da responsabilidade civil ou
criminal.
Art. 116. As sanções administrativas previstas neste Regulamento serão executadas por meio de
notificação de julgamento e inscrição do estabelecimento no registro cadastral de infratores.
497
C. Legislação e instruções normativas
de fiscalização.
§ 3o O valor da multa deverá ser recolhido no prazo máximo de trinta dias, a contar do recebimento
da notificação.
§ 4o A multa que não for paga no prazo previsto será cobrada judicialmente após inscrição na dı́vida
ativa da União.
Art. 117. Da decisão administrativa de primeira instância cabe recurso à instância central da área
de bebidas, interposto no prazo de vinte dias a contar do dia seguinte ao do recebimento da notificação de
julgamento.
Parágrafo único. A decisão de segunda instância será proferida no prazo de trinta dias, salvo pror-
rogação por igual perı́odo, contados do recebimento do recurso pela autoridade julgadora, sob pena de
responsabilidade administrativa.
CAPÍTULO XXI
DAS MEDIDAS CAUTELARES
Art. 118. Caberá a apreensão de bebida, matéria-prima, ingrediente, substância, aditivo, embalagem,
vasilhame ou rótulo, por cautela, quando ocorrerem indı́cios de alteração dos requisitos de identidade e
qualidade ou, ainda, inobservância ao disposto neste Regulamento.
Art. 119. Proceder-se-á, ainda, à apreensão de bebida, por cautela, quando estiver sendo produzida,
padronizada, engarrafada ou comercializada em desacordo com as normas previstas neste Regulamento.
§ 1o O produto apreendido ficará sob a guarda do responsável legal pelo estabelecimento detentor ou,
na ausência deste, sob a guarda de um representante nomeado depositário, sendo proibida a sua substi-
tuição, subtração ou remoção, parcial ou total.
§ 2o Em caso de comprovada necessidade, o produto poderá ser removido para outro local a critério
da autoridade fiscalizadora.
§ 3o Do produto apreendido será colhida amostra de fiscalização, que será submetida à análise la-
boratorial para efeito de decisão administrativa, sendo que ao interessado será dado o conhecimento do
resultado desta análise.
§ 4o A apreensão de que trata o caput não poderá exceder a trinta dias, salvo prorrogação por igual
perı́odo expressamente motivada, a contar da data da lavratura do termo de apreensão.
§ 6o Não procedente a apreensão, após apuração administrativa, far-se-á a imediata liberação do pro-
duto.
Art. 120. A recusa injustificada do responsável legal do estabelecimento detentor de produto ob-
jeto de apreensão ao encargo de depositário caracteriza impedimento a ação da fiscalização, sujeitando o
estabelecimento à sanção estabelecida neste Regulamento, devendo neste caso ser lavrado auto de infração.
498
C.7. Plano de negócio de uma hidromelaria
impedido de exercer qualquer atividade industrial relacionada aos produtos previstos neste Regulamento
antes de receber liberação do órgão de fiscalização, após vistoria, e, nos demais casos, a critério da autori-
dade que julgará o auto de infração, mediante pedido fundamentado do interessado.
Art. 122. Poderão ser inutilizados a bebida e os demais produtos previstos neste Regulamento, ob-
servados o rito processual e as normas ambientais vigentes, quando forem de origem não comprovada ou,
ainda, procedente de estabelecimento sem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
cujas condições operacionais ofereçam risco iminente à qualidade do produto e à saúde do consumidor.
CAPÍTULO XXII
DA DELIMITAÇÃO DE COMPETÊNCIA
Art. 124. Caberá aos técnicos especializados responsáveis pela área de bebidas do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento coordenar e supervisionar as ações desenvolvidas nas unidades da
Federação constantes do art. 123, em relação aos produtos abrangidos por este Regulamento.
CAPÍTULO XXIII
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Art. 125. O disposto neste Regulamento é igualmente aplicável ao álcool etı́lico potável de origem
agrı́cola, ao destilado alcoólico de origem animal e vegetal, ao fermentado acético, aos extratos elaborados
e concentrados de emprego na produção de bebidas, responsáveis pelas suas caracterı́sticas sensoriais.
Art. 126. O produto da arrecadação resultante da aplicação de multa será revertido integralmente
para a execução das atividades previstas neste Regulamento.
Art. 127. O órgão fiscalizador no desempenho de suas atividades poderá requisitar do detentor dos
produtos abrangidos neste Regulamento mão-de-obra auxiliar para a coleta de amostras. Parágrafo único.
O impedimento às ações de que trata este artigo caracteriza embaraço à fiscalização e sujeita o infrator às
sanções previstas neste Regulamento.
Art. 128. Para efeito deste Regulamento, as bebidas alcoólicas, exceto as fermentadas, com graduação
alcoólica superior a quinze por cento em volume poderão conter, em sua rotulagem, a expressão bebida
alcoólica espirituosa.
499
C. Legislação e instruções normativas
500
Lista de Figuras
501
Lista de Figuras
502
Lista de Figuras
4.17 O vinômetro durante uma medida. Uma vez que o lı́quido começa a
pingar, invertemos o tubo e observamos até onde o lı́quido consegue
subir no capilar, que é graduado em % A.E.V. . . . . . . . . . . . 98
4.18 Uma caixa de fitas de pH, com escala de cores impressa e os valores
de pH correspondentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.19 Um tubo de fitas de glicose para dosagem em urina (foto :Uwe
Gilles). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.20 Arrolhadoras mais comuns: de alavanca italiana, manual e de ala-
vanca dupla. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.21 Exemplos de válvulas dosadoras: Valvula de mola (a, b); válvulas
automáticas (c, d). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.22 Tubo de plástico atóxico, próprio para trasfegar bebidas. . . . . . . 104
4.23 Bengala de trasfega de policarbonato. Para usá-la puxe e empurre
o pistão como indicado na figura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.24 Sepilhos de diferentes tamanhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
503
Lista de Figuras
504
Lista de Figuras
505
Lista de Figuras
506
13.13A estrutura quı́mica do hidroximetilfurfural, ou HMF. . . . . . . . 360
13.14Gráfico de distribuição relativa dos sulfitos em função do pH. . . . 362
13.15Em que forma encontramos sulfitos no hidromel. . . . . . . . . . . 366
13.16Curva relacionando o pH e o teor de SO2 livre necessário para
atingir 0,65 ppm de SO2 molecular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367
507
Lista de Tabelas
Lista de Tabelas
508
Lista de Tabelas
B.1 Equivalência entre libras por galão americano e gramas por litro. . 405
B.2 Conversão de Graus Farenheit para Celsius . . . . . . . . . . . . . 405
B.3 Fatores de conversão entre unidades norte americanas e internaci-
onais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 406
B.4 Dureza da água de algumas cidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . 407
B.5 Densidades teóricas de mostos contendo diferentes teores de mel,
ou de açúcar, em gramas por litro, calculadas a diversas tem-
peraturas. Precisão de ± 3% com aferições práticas. . . . . . . . . 409
B.6 Correção com a temperatura para medidas em Brix de ı́ndice de
refração para soluções de 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 o Bx de 15 a 40 o C .412
B.7 Diferenças de densidade pós e pré-fermentação (Di − Df ) e teores
alcoólicos gerados a que correspondem, em % A.E.V. e a 20 o C . . 413
509
Lista de Tabelas
B.8 As unidades estão em grama de mel por litro de mosto, g por mL,
e Brix. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 414
B.9 Índice de refração de diversas misturas de etanol, água e sacarose
e água a 25 o C . 506 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 415
B.10 Relação entre densidade da solução, valor em Brix refrat., escala
Oechsle, Klosterneuburger Mostwaage e Baumé, e o teor de açúcar
em g/L (não de mel!). fonte https://fr.wikipedia.org/wiki/
%C3%89chelle_Oechsle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 416
B.11 Quantidades tı́picas de vegetais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 417
B.12 Aportes relativos de cada substância em ppm (mg/L de mosto)
e diversos elementos importantes para a fermentação do hidromel
(águas de hidratação omitidas para simplificação, N=nitrogênio,
Mg=magnésio, Na=sódio, P=fósforo, S=enxofre, K=potássio, Ca=cálcio).418
B.13 Densidade de misturas etanol/água a 20 o C em kg/L (álcool em
massa), 507 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423
B.14 Densidade de soluções aquosas de etanol a diversas temperaturas 508 424
B.15 Pontos de ebulição de misturas água/álcool calculados para diver-
sas altitudes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 425
B.16 Pontos de fusão de misturas água/álcool 509 . . . . . . . . . . . . . 426
B.17 Quantidade de Metabissulfito de potássio (MBS) em gramas para
quantidades de SO2 livre variadas. 23,431,484–488,510–512 . . . . . . . . 427
B.18 Proporções dos ácidos cı́trico e tartárico na mistura e equi-
valência em gramas por litro com 1 g/L de H2 SO4 . . . . . . . . . 431
B.19 Proporções dos ácidos cı́trico e málico na mistura e equivalência
em gramas por litro com 1 g/L de H2 SO4 . . . . . . . . . . . . . . 432
B.20 Proporções dos ácidos málico e tartárico na mistura e equi-
valência em gramas por litro com 1 g/L de H2 SO4 . . . . . . . . . 432
B.21 Proporções dos três ácidos na mistura e equivalência em gramas
por litro com 1 g/L de H2 SO4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 433
B.22 Principais componentes de aroma dos hidroméis. 414 . . . . . . . . 434
B.23 Reagentes úteis na hidromelaria, fórmulas, nomes comerciais e usos. 436
510
Referências
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P ácido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .111
Paeonia sp. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 alcalino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Palha de aço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .390 do mosto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Palinologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 escala de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Panela estabilização . . . . . . . . . . . . . . . . 114
corrosão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 383
esmaltada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 indicador de . . . . . . . . . . . . . . . . 111
inox . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 neutro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Panose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 pH-metro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99, 112
Pão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 374 calibração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
de abelha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292 Phaeocarpus campestris . . . . . . . . . . 124
Papaver sp. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Pichia anomala . . . . . . . . . . . . . 127, 139
Papoula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 pilfer proof . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Paratecoma peroba . . . . . . . . . . . . . . . 269 Pimenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Pasteurização . . . . . 213, 221, 265, 383 bhut jolokia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
do mel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217 biquinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
UHT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 bode . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Pau mocó . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 comari . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Paulı́nea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
da Guiné . . . . . . . . . . . . . . . 150, 289
PE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
da Jamaica . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
Pé-de-cuba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
dedo de moça . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Pectina . . . 46, 125, 141, 170, 177, 383
habanero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Pectinase . . . . . . . . . . . 47, 141, 383, 437
Jalapeño . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Pediococo . . . . . . . . . . . . . . . . . . .386, 392
longa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
Pedra
malagueta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
sabão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
rosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Pelargonium . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Pentose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 rosa rec. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307
Peônia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Sichuan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
Pepper vermelha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
trad. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Pimenta dioica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
Peptona . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 Pinça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Pera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48, 141 longa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
rec. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304 Pinobanksina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
Perborato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189 Pinocembrina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
Percolação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Pinte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
Perlagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Pipeta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71, 267
Peróxido de hidrogênio . . . . . . . . . . 189 Piridoxina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Perry . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Pı́tia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Persistência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .378 Pixuri
Pesa-mosto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 rec. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323
Pêssego Plástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .92
rec. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335 Plato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75, 79
PET . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Pleurotus ostreatus . . . . . . . . . . . . . . 155
pH . . . . . . . . . . . . . . . . 130, 168, 194, 243 Plı́nio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
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Referências
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Referências
Z rec. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335
Zantedeschia aethipioca . . . . . . . . . . . 56 Zinco
Zanthoxylum simulans . . . . . . . . . . . 150 cloreto de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Zeus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Zingiber officinale . . . . . . . . . . . . . . . 149
Zimbro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151, 285 Zygosaccharomyces . . . . . . . . . . . . . . 139
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Referências
Sobre o Autor
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