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Artigo TRABALHO EM ALTURA

Por Ivan Bongiovani Junior

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PGR – PROGRAMA DE GERENCIAMENTO
DE RISCOS OCUPACIONAIS
Sistemas de Proteção contra Quedas (NR-35) – Parte 2

C ontinuando o artigo publicado na edição anterior


sobre “Sistemas de Proteção contra Quedas –
NR-35”, seguimos para outro ponto indispensável,
seguidas pela gestão empresarial e profissionais de
segurança do trabalho de todo Brasil.
O PGR tem como objetivo principal estruturar e
que é o Programa de Gerenciamento de Riscos – integrar todo o sistema de gerenciamento de riscos
PGR, da nova NR-1, visando buscar um ambiente das empresas. Não se trata da apresentação de um
de trabalho seguro e saudável aos trabalhado- papel chamado de documento especifico, o PGR é uma
res, independente do porte e ramo de atuação das estrutura dinâmica de gestão a ser seguida por toda
empresas. A Secretaria do Trabalho, desde 1994, tem empresa, sendo de responsabilidade de cada instituição
se empenhado na criação e revisão de normas regu- programar e implementar essa gestão em seus estabe-
lamentadoras, focadas em estabelecer disposições, lecimentos, de acordo com a realidade diária de suas
diretrizes, requisitos e medidas gerais a serem atividades apresentando e respeitando as exigências da

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norma que trata de vários fatores importantes, como a e acidentes que venham surgir, reduzindo os impactos
identificação de perigos e avaliação de riscos; controle dos mesmos para o trabalhador e a empresa.
de riscos; análise de acidentes e doenças relacionadas
ao trabalho; além de preparação para emergências e Metodologia PDCA
elaboração de um plano de emergência padronizado Na realização das etapas de identificação de
e todos os colaboradores precisam conhecer e atender perigos e avaliação de riscos, os prevencionistas
cautelosamente este plano em seus postos de trabalho podem verificar e usar à vontade do disposto no item
de forma que possam preservar o bem maior de uma 1.5.4 e seus subitens na NR-1, que segue a abordagem
empresa que é a vida de seus trabalhadores e, em caso adotada pelo ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act, que
da possibilidade, a preservação do patrimônio, evitando significam planejar, fazer, checar e agir).
maiores danos materiais para a empresa. A metodologia PDC A , além de simples é
Aplicada a NR-35 – Trabalhos em Altura, o PGR amplamente conhecida e utilizada nos sistemas de
é a estrutura fundamental a ser aplicada na gestão gestão integrada de segurança do trabalho, e utilizada
quando observamos no item 35.4.2 da NR que todo deste o tempo de sala de aula na aprendizagem
trabalho em altura precisa de um planejamento e, na durante o curso de formação, é um método capaz de
fase de planejamento do trabalho, devem ser adotadas auxiliar no aprimoramento dos processos e solução de
diversas medidas, de acordo com a seguinte hierarquia: problemas encontrados na empresa.
a) adotar medidas para evitar o trabalho em altura Aplicando a este método, o conceito de sistema
sempre que existir meio alternativo de execução; de proteção contra quedas, dividido em restrição
Não podendo ser evitado o trabalho em altura, de movimentação e retenção de quedas, vamos
a empresa é obrigada a apresentar medidas e tratar primeiramente do sistema de restrição de
procedimento que visem reduzir ou eliminar os movimentação (também chamado de impedimento
riscos de queda em altura; a proteção contra quedas de que da), que têm por objetivo limit ar a
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do trabalhador pode ser classificada quanto à sua movimentação do trabalhador impedindo que ele
finalidade como sistema de restrição de movimentação alcance a zona com risco de queda, desta forma,
ou sistema de retenção de queda, certamente se impedindo que ela ocorra, enquanto o sistema de
tratando do PGR ligado a NR 35. Você agora deve estar retenção de queda (conhecido também como captura
se perguntando: “como fazer para começar a gerenciar de queda ou desaceleração) não evita a queda, mas a
os riscos?”. Não têm problemas, vamos te explicar: interrompe depois de iniciada, desacelerando o corpo
Primeiramente, precisa ser um bom prevencionista e reduzindo as suas consequências, através de um
e para ser bom precisa conhecer e atuar, jamais ficar absorvedor de energia de impacto implantado no
esperando tudo pronto nas mãos, muito menos se talabarte ou equipamento de ligação trava quedas.
envolver na máfia do copia e cola; precisa se mover Sobre esse sistema para absorvedor a energia
e, para isso, é necessário analisar categoricamente o de impacto, atentamos ser de muita importância o
cenário atual em que a empresa se encontra e, em conhecimento técnico dos instrutores e supervisores
seguida, planejar cautelosamente os próximos passos em calcular cuidadosa e antecipadamente a atividade,
da organização de sua gestão, sendo indispensável buscando controlar as energias, forças e deslocamen-
nos próximos passos um estudo minucioso que vise tos que possam ser gerados pelas consequências de
conhecer e identificar preliminarmente os perigos, uma queda, com objetivo principal de preservar a vida
avaliando, contudo, os riscos ocupacionais, que fazem e a integridade física e psicológica do trabalhador. E,
parte do cenário atual da empresa, sua probabilidade com base nos estudos e testes dinâmicos conhecidos,
e severidade para, então, a partir destas informações, é sempre preferível e mais seguro adotar em um
conseguir definir e implantar a melhor forma de gestão ambiente de trabalho os sistemas de restrição de
para controle dos riscos ocupacionais, monitorando e movimentação sempre que possível. Consideramos isso
melhorando o desempenho a cada dia na instituição porque o trabalhador estando restrito, não se expõe
onde foi implantado. Desta forma, a empresa estará ao risco na zona de queda, não havendo queda não
preparada, previamente, para possíveis emergências haverá acidente, e não havendo acidente não se faz

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Artigo

necessária equipe de resgate de prontidão, o que já análise de riscos adversos e eventuais aos quais os técnicos
não podemos dizer a mesma coisa quando o sistema de manutenção elétrica estarão expostos durante a
adotado é de retenção de quedas. execução de suas tarefas, bem como serem selecionado
Em quaisquer atividades que envolvam altura, é por um profissional habilitado em segurança do trabalho
indispensável um bom planejamento e organização e na NR-35. Entende-se por profissional habilitado tanto
por uma equipe disciplinar com ampla competência e o engenheiro quanto o técnico em segurança, desde
capacidade técnica para reconhecer os riscos e determinar que tenham conhecimentos e competência técnica para
as medidas viáveis para sua contenção, recomendando saberem apresentar as melhores soluções de segurança,
o uso de técnicas, procedimentos e dispositivos de de maneira que, atendendo as normas técnicas nacionais,
segurança que sejam capazes de preservar a vida do o sistema adotado tenha resistência para suportar a
trabalhador. E falando em dispositivo, vale lembrar que força máxima aplicável prevista quando de uma queda
um único dispositivo pode ser usado tanto para restrição e garantir que todos os componentes do sistema sigam
de movimentação quanto para retenção de queda. um padrão de compatibilidade, o que não quer dizer que
Neste último caso, deve ser observado à necessidade de tenha que ser todos do mesmo fabricante, e sejam cau-
calcular a energia cinética da queda, a força de frenagem telosamente inspecionados antes e após o uso.
e assegurar que haja espaço livre suficiente (Zona Livre Por fim, percebemos neste estudo e na montagem
de Queda) para a desaceleração do corpo. deste artigo duas coisas indiscutíveis:
• Primeiro que não existem justificativas para
Profissional habilitado um acidente do trabalho. Nenhum acidente, exceto
O sistema de proteção contra quedas deve ser aqueles da natureza que são imprevisíveis, todos
adequado de acordo com as atividades a serem desen- podem ser evitados desde que haja planejamento,
volvidas no exercício da profissão em um determinado conhecimento e competência técnica para se analisar
ambiente de trabalho, observando criteriosamente a os riscos e gerenciá-los;

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- falta de um bom planejamento que tenha como
foco principal um clima organizacional favorável
e seguido de um projeto bem elaborado que seja
estudado com antecipação envolvendo cada do
processo de trabalho e vise evitar a improvisação;
- falta de comprometimento da empresa e seus
líderes contaminando a cultura da prevenção e sem
comprometimento com as normas de segurança
sempre procurando dar um jeitinho. Existe também
o fator pressa, especialmente quando o horário de
trabalho está chegando ao final;
- falta de comunicação entre as equipes de trabalho
envolvendo o SESMT, CIPA e gestão da empresa, direito
de recusa não estabelecido, ausência em campo dos
profissionais de segurança do trabalho, entre outros
muitos fatores que influenciam diretamente no desen-
volvimento de um acidente.
Podemos mudar essa situação, levando a vida mais
a sério, reconhecendo nossos limites e procurando
superá-los de forma correta, segura e saudável, com
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consciência e humildade. De outra forma, nenhuma


norma será suficiente para gerir e promover um bom
ambiente de trabalho livre de acidentes e doenças,
seguro e saudável. A mudança que queremos nas
• Segundo que ninguém nasce sabendo, é preciso pessoas, precisa começar em nós, portanto, dê o
ter humildade e dedicação para sempre aprender. A primeiro passo hoje, lembrando que o primeiro passo
vida requer isso de todos nós, muitas situações con- dado, já é metade do caminho andado.
strangedoras poderiam ser evitadas se houvesse Agradecemos a todos que chegaram ao final deste
humildade entre profissionais e prevencionistas. artigo conosco, esperamos com toda sinceridade ter
Precisamos aprender a somar, aprender a sentença contribuído para a prevenção, adição de conhecimento
onde “um mais um seja um”, o hábito de pedir ajuda a cada um de vocês. Se houver dúvidas ou alguma
é nobre, mas a atitude de se buscar conhecimento e sugestão, envie-nos um e-mail.
não esperar nada de mãos beijadas é extraordinário.
Destacamos aqui as causas mais básicas que
encontramos para os acidentes do trabalho. Entre IVAN BONGIOVANI JUNIOR
elas estão: Diretor técnico da PREVESEG-ES
- falta de conhecimento dos riscos, Especialista em Trabalho em Altura
certamente por falta de capacidade Chefe de equipe de resgate técnico
técnica e experiência; Instrutor de brigadistas profissionais
- falta de uma cultura comporta- Técnico em segurança do trabalho
mental prevencionista; E-mail: adm@preveseg.com.br
- falta de respeito e comprometi- 27 99719-8463
mento entre as equipes de trabalho Canal no YouTube: PREVESEG-ES
Foto: Divulgação

que durante as atividades operacionais


descumprem as normas e os procedi-
mentos e orientações recebidas em
treinamentos;

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