Língua, Cultura, Resistência E Identidade: O Estudo Do Léxico Por Meio Do Texto Literário Africano

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LÍNGUA, CULTURA, RESISTÊNCIA E IDENTIDADE: O ESTUDO DO LÉXICO POR

MEIO DO TEXTO LITERÁRIO AFRICANO

FACHIN, Paulo Cesar1


CASAGRANDE, Suzana Ceccato2

RESUMO

A promulgação da Lei nº 10.639/2003 representou importante conquista para os movimentos sociais voltados à
valorização da cultura afro-brasileira. Isso porque a referida lei marcou a alteração da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, promulgada no ano de 20 de dezembro de 1996, e incluiu no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-brasileira”. É certo que a instituição dessa temática ao mesmo tempo
em que representa uma conquista e uma evolução para a educação brasileira, também constitui um desafio grandioso para
os atores da educação. A educação brasileira, de origem jesuítica-portuguesa, durante séculos reproduziu, em seu
currículo, o modelo de educação voltado aos padrões europeus, de modo que culturas tão importantes para a nossa
formação identitária, tais como a indígena e a africana, estiveram relegadas ao desconhecimento e ao silenciamento.
Diante disso, este artigo se propõe a discutir sobre a contribuição que o legado de autores africanos pode proporcionar
para que se efetive o que determina a Lei nº 10.639/2003. Para tanto, o corpus analisado refere-se à obra “Sangue Negro”,
livro de poesias da moçambicana Noémia de Sousa. Trata-se de uma obra que reúne poemas publicados antes de sua
primeira edição, em 2001, em inúmeros jornais de cunho revolucionário em que Noémia contribuiu, quando da luta pela
independência de seu país e de outras então colônias africanas sob o domínio português, a citar Angola, São Tomé e
Príncipe e Cabo Verde. Para o presente artigo, acredita-se que a temática possui relevância pelo fato de que um dos
expedientes utilizados por Noémia de Sousa para articular a sua poesia era inserir, em seus textos escritos em português
(língua oficial), o léxico de outras tantas dezenas de línguas originárias de sua gente (mais de vinte línguas Bantu, a citar
o Quicongo, o Quimbundo, o Umbundo). O viés dessa análise articula-se com os conceitos da Sociolinguística propostos
por Labov (2008) a respeito de variedade linguística. Menciona-se ainda o amparo dos teóricos Tarallo (2005), Possenti
(2002) e Aguilera (2008). Buscou-se, além disso, o amparo em teóricos da Sociologia, da História e da Literatura da
África, a citar Timbane (2018), Pissurno (2018) e Secco (2016).

PALAVRAS-CHAVE: Sociolinguística, literatura africana, identidade.

LENGUA, CULTURA, RESISTENCIA E IDENTIDAD: EL ESTUDIO DEL LÉXICO A TRAVÉS DEL


TEXTO LITERARIO AFRICANO

RESUMEN

La promulgación de la Ley n. 10.639/2003 representó un logro importante para los movimientos sociales orientados a
valorar la cultura afrobrasileña. Esto se debe a que la mencionada ley marcó la alteración de la Ley de Lineamientos y
Bases de la Educación Nacional, promulgada el 20 de diciembre de 1996, e incluyó el tema obligatorio “Historia y cultura
afrobrasileña” en el currículo oficial del sistema educativo. Es cierto que la institución de este tema, al mismo tiempo que
representa un logro y una evolución para la educación brasileña, también constituye un gran desafío para los actores de
la educación. La educación brasileña, de origen jesuita-portugués, reprodujo durante siglos, en su currículum, el modelo
educativo orientado a los estándares europeos, de modo que culturas tan importantes para la formación de nuestra
identidad, como la indígena y la africana, fueron relegadas a la ignorancia y al silenciamiento. Por tanto, este artículo se
propone discutir el aporte que puede brindar el legado de los autores africanos para la realización de lo que determina la
Ley n. 10.639/2003. Por tanto, el corpus analizado se refiere a la obra “Sangue Negro”, un libro de poesía de la
mozambiqueña Noémia de Sousa. Se trata de una obra que reúne poemas publicados antes de su primera edición, en 2001,
en numerosos periódicos de carácter revolucionario a los que contribuyó Noémia, durante la lucha por la independencia
de su país y de otras colonias africanas bajo dominio portugués, el cite Angola, Santo Tomé y Príncipe y Cabo Verde.
Para este artículo, se cree que el tema es relevante debido a que uno de los expedientes que utilizó Noémia de Sousa para
articular su poesía fue insertar, en sus textos escritos en portugués (idioma oficial), el léxico de decenas de otros de lenguas
originarias de su pueblo (más de veinte lenguas bantú, por citar Quicongo, Quimbundo, Umbundo). Este análisis se
articula con los conceptos de Sociolingüística propuestos por Labov (2008) sobre la variedad lingüística. También se

1
Doutor em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Professor dos cursos de graduação em
Letras e Pedagogia do Centro Universitário Assis Gurgacz – FAG, Cascavel-PR. E-mail: paulo.fachin@hotmail.com
2
Doutoranda em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Professora dos cursos de
graduação em Letras – EaD e presencial – do Centro Universitário Assis Gurgacz – FAG, Cascavel-PR. E-mail:
suzana.ceccato@gmail.com

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menciona el apoyo de los teóricos Tarallo (2005), Possenti (2002) y Aguilera (2008). Se buscó, además, el apoyo de
teóricos de la Sociología, Historia y Literatura de África, para mencionar a Timbane (2018), Pissurno (2018) y Secco
(2016).

PALABRAS CLAVE: Sociolingüística, literatura africana, identidad.

1. INTRODUÇÃO

As recentes configurações do ensino de língua e literatura, unidas à necessidade de valorização


da diversidade cultural e de suas reais raízes históricas, tornam premente que o ensino se volte para a
necessidade de aprofundamento referente a todo o legado cultural advindo das manifestações
literárias. Nas últimas décadas, as possiblidades de ensino da literatura se mostram ainda mais
abrangentes, de modo que, especialmente no Brasil, evidencia-se a necessidade de também conhecer
aspectos culturais e históricos de países da África, sobremaneira Angola e Moçambique, como os
quais o Brasil compartilha não apenas a mesma origem de colonização portuguesa, mas também o
idioma, mais um aspecto da cultura africana, especialmente a dos países lusófonos.
Nesse sentido, um importante modificador do currículo escolar no Brasil foi verificado a partir
da Lei n° 10.639, de 2003. Essa lei teve por intuito alterar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei 9.394/96) e tornou obrigatório o ensino de conteúdos referentes à História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana, ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas
de Educação Artística, de Literatura e História Brasileiras. Em seu §1°, a referida lei determina o
seguinte:

§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História
da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na
formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social,
econômica e política pertinentes à História do Brasil. (BRASIL, 2003).

A concretização dessa lei é o resultado de muitos anos de lutas dos movimentos sociais,
especialmente do Movimento Negro, e consiste em uma conquista decisiva desses atores sociais.
Conforme se depreende do texto legal, o conteúdo programático deve incluir a luta dos negros no
Brasil, a cultura negra e formação da sociedade nacional a partir do resgate contribuição histórica
desse povo para a formação do que na contemporaneidade é o Brasil.
Entende-se, todavia, que essa necessidade deve perpassar o âmbito dos limites do território
brasileiro, a fim de que essa abordagem seja de fato genuína, e o ensino dessa cultura não recaia ou
permaneça nos mesmos estereótipos que envolveram a presença africana no Brasil. Mais do que a
feijoada e a cachaça; mais do que o legado musical; mais do que a miscigenação religiosa; muito

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mais do que correntes e ferros ao pescoço, conhecer a cultura de matriz africana exige que se
atravesse o oceano e se busque na fonte o respaldo para que de fato a Lei n° 10.639 não passe de
“letra morta” e se faça cumprir.
O aprofundamento do conteúdo estabelecido na referia Lei se encontra no texto das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana, de outubro de 2004. Por meio desse documento, as instituições
de ensino, os seus gestores e professores encontram as orientações, os princípios e os fundamentos
de como será a abordagem do conteúdo afro-brasileiro e africano em sala de aula. Em seu art. 3º, §
2º, o texto assim determina:

Art. 3° A Educação das Relações Étnico-Raciais e o estudo de História e Cultura Afro-


Brasileira, e História e Cultura Africana será desenvolvida por meio de conteúdos,
competências, atitudes e valores, a serem estabelecidos pelas Instituições de ensino e seus
professores, com o apoio e supervisão dos sistemas de ensino, entidades mantenedoras e
coordenações pedagógicas, atendidas as indicações, recomendações e diretrizes explicitadas
no Parecer CNE/CP 003/2004.
[...]
§ 2° As coordenações pedagógicas promoverão o aprofundamento de estudos, para que os
professores concebam e desenvolvam unidades de estudos, projetos e programas, abrangendo
os diferentes componentes curriculares.
(BRASIL, 2004).

O que se defende, no presente estudo, é a possibilidade de abordagem, no contexto escolar, das


literaturas africanas de matriz lusófona. Elas contemplam uma consistente multiplicidade de temas,
que em muito transcendem os ditames do modelo ideológico cultural pautado exclusivamente no
modelo etnocêntrico europeu. Para tanto, dentre as tantas possibilidades de abordagem desse legado,
optou-se por refletir a respeito de como os países colonizados de Língua Portuguesa na África
fizeram uso do idioma do colonizador para transformá-lo em instrumento de resistência. Essa mesma
língua que funcionou como símbolo de opressão e aculturação, posto que se tratava da língua do
colonizador se sobrepondo à língua do colonizado, quando apropriada pelo colonizado oprimido,
transforma-se em veículo de luta, resistência e libertação.
A partir dessa temática, o recorte teórico que conduzirá o presente estudo diz respeito à obra
poética de Noémia de Sousa (1926-2002), grande voz feminina de Moçambique e que, em sua vasta
produção poética, evidencia a carga social contida no ato de apropriar-se de um dado idioma, mesmo
que este seja sinônimo de opressão, e transformá-lo em instrumento de luta e libertação. A magnitude
da obra dessa escritora permite inferir o quão enriquecedora é a sua contribuição para a compreensão
da história e da cultura africanas e como tal contribuição dialoga com o propósito da já mencionada
Lei n° 10.639.

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O amparo teórico para a análise da poética de Noémia de Sousa consistirá em estudos da


Sociolinguística, especialmente porque o olhar estará voltado para a expressão da variedade da
Língua Portuguesa em um dado contexto social, ou seja, Moçambique.

2. A LÍNGUA PORTUGUESA EM MEIO À MULTIPLICIDADE LINGUÍSTICA


MOÇAMBICANA

O enfoque voltado à língua em seu contexto social tem conquistado uma atenção privilegiada
por parte de linguistas. Especialmente, a partir da década de 1960, os estudos do linguista americano
William Labov abrem caminho para o entendimento da função social da língua – a comunicação.
Nesse sentido, uma língua só se torna efetivamente compreendida quando se leva em conta o seu
contexto sociocultural.
Isso possibilita depreender que a língua não corresponde a um sistema estático, uno, invariável,
mas que, pelo contrário, abarca uma grande possibilidade de variedades e dialetos. De acordo com o
que afirma Tarallo (2005. P. 08), “Em toda comunidade de fala são frequentes as formas linguísticas
em variação. A essas formas em variação dá-se o nome de ‘variantes’. ‘Variantes linguísticas’ são,
portanto, diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto, e com o mesmo valor
de verdade”. Já para Possenti (2001, p.36) “a variedade linguística está entre as variedades as mais
funcionais que existem; quanto mais numerosas forem, mais expressiva pode ser a linguagem
humana”.
Todas as línguas existentes são constituídas e moldadas pelos seus respectivos contextos
socioculturais, de modo que o que determina a sua mutabilidade é exatamente a forma como os seus
usuários praticam o seu uso. Ainda para Possenti (2002, p.35), “a variedade linguística é o reflexo
da variedade social e, como em todas as sociedades existe alguma diferença de status ou de papel,
essas diferenças se refletem na linguagem”.
Partindo-se dessa compreensão é que emerge a problemática norteadora deste estudo: Como a
Língua Portuguesa, cuja expansão foi fruto e resultado da conquista de territórios, por parte de
Portugal, desde o século XVI, pode manifestar-se nesses territórios, essencialmente no período pós-
colonial? Mesmo de maneira intuitiva, é possível inferir sobre a multiplicidade de manifestações e
nuances que a Língua Portuguesa adquiriu e adquire no decorrer de seu uso, e tal assunto não poderia
ser comportado em apenas um estudo. Isso porque existem, ao todo, nove países que têm a Língua
Portuguesa como idioma oficial: Brasil, Angola, Moçambique Timor-Leste, Cabo Verde, Guiné-
Bissau, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, além, de Portugal: países linguisticamente unidos e

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ao mesmo tempo, desse ponto em comum, emergem contradições que desvelam o quão variado foi o
modo como a Língua Portuguesa se construiu nesses diversos contextos.
Para delimitar a presente análise e, com isso, possibilitar o aprofundamento necessário a este
trabalho, optou-se por observar como esses usos da Língua Portuguesa ocorrem em Moçambique, a
partir de um dado gênero textual e a partir de uma dada contextualização histórica.
O corpus a ser analisado refere-se à poética de Noémia de Sousa, poeta e jornalista
moçambicana, cuja voz foi um dos grandes expoentes na luta pela independência de seu país. A
autora, falecida em 2002, teve apenas um livro de poemas publicado. Trata-se de Sangue Negro,
lançado em 2001, pela Associação dos Escritores Moçambicanos. A publicação tardia de seu livro
tem um porquê: Noémia não almejava ver seus poemas publicados em livro, pois ela queria que eles
fossem efetivamente lidos pelos maiores interessados: o povo de Moçambique. Por isso, embora não
tenham lhe faltado convites, ela se recusou a publicar o livro em outra nação que não fosse a sua terra
natal. No formato de livro, o acesso aos poemas seria bem mais difícil, e por isso ela os publicava em
jornais, como, por exemplo, “O Brado Africano”.
Vale mencionar que por ter sido jornalista em agências de notícias internacionais, Noémia
viajou por toda a África durante o processo das lutas pela independência das colônias africanas.
Exatamente por seu engajamento na luta contra o colonialismo, foi exilada, perseguida e presa. Em
seu artigo “O discurso poético de Noémia de Sousa: Resistência, poder e subalternidade”, Sant’anna
(2009) discorre:

Em Moçambique uma voz se levanta para cantar o que está inscrito em seu corpo. É uma voz
feminina que ouviu o tambor de sua africanidade bater desde longe, desde há tempos por suas
veias, por sua terra, por sua Mãe. É a voz da resistência do couro retesado do tambor, ao ser
percutido com mãos fortes, irmãs, filhas... É a voz de Noémia de Sousa que lança seu canto
poético de grandes representações, como recurso de resistência e libertação. Mas de onde
vem, o que cala e o que fala essa voz? (SANT’ANNA, 2009, p. 72)

Essa mesma indagação é a que suscita a motivação desta análise; a mesma indagação deve
permear a análise em Sociolinguística. Nascida em Catembe, Moçambique, no ano de 1926, Carolina
Noémia Abranches de Sousa faleceu em 2002, aos 76 anos, em Lisboa. O conjunto de sua obra
corresponde a uma extraordinária fonte de referências para os estudos que têm como foco questões
da Negritude, presentes em escritores moçambicanos. No entanto, ela é referência não apenas ao
âmbito de Moçambique. Os seus textos transcendem limites territoriais, atravessam o oceano e vêm
discutir com todas as nações que tiveram um passado colonial, e inclui-se nesse quesito, o Brasil. É
exatamente por esse motivo que se retoma a referência à Lei n° 10.639, de 2003, que torna obrigatório
o ensino de conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

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3. O LÉXICO COMO MOSTRA DE RESISTÊNCIA E IDENTIDADE

Um aspecto muito importante da trajetória de Noémia de Sousa foi o seu reconhecimento, ainda
em vida, como a “Mãe dos Poetas Moçambicanos”. Além disso, no período do pós-Independência,
seus poemas foram amplamente instituídos e lidos nas salas de aula de Moçambique, tamanha era a
abrangência de sua voz naquele contexto de necessidade de resgate da identidade do povo de seu país.
A sua terra de múltiplas linguagens a que pertence Noémia de Sousa não tinha por conteúdo os
preceitos do Ocidente e os feitos de seus governantes, nem seus modelos religiosos e de humanidade.
Nesse sentido, a análise da obra dessa autora ressignifica o ensino e a aprendizagem da Arte, da
Literatura e da História, apontando sentidos que transcendem o modelo etnocêntrico europeu. A sua
militância política, o seu protagonismo na luta pela independência de seu país e o ônus de ser
perseguida e presa emergem em seus versos se Súplica:

Que onde estiver nossa canção


mesmo escravos, senhores seremos;
e mesmo mortos, viveremos.
E no nosso lamento escravo
estará a terra onde nascemos,
a luz do nosso sol,
a lua dos xingombelas3,
o calor do lume,
a palhota4 onde vivemos,
a machamba 5que nos dá o pão!
(SOUZA, 2016, p. 30)

Esses versos pertencem a um dos poemas mais conhecidos de Noémia de Sousa e evidenciam
o chamado, o apelo, para que sua gente não se entenda como derrotada diante da morte da escravidão,
por mais violentos que sejam seus efeitos. A escolha lexical permite que se remeta à resistência às
forças repressoras da metrópole (vale frisar que Noémia produziu boa parte de sua obra durante o
regime Salazarista em Portugal, caracterizado pelo totalitarismo do Estado Novo).
Cumpre frisar que o embasamento da poética de Noémia de Sousa concentra-se na dicotomia
entre os povos africanos, sua gente, seus irmãos, com os quais a poeta se identifica, e os outros,
colonizadores e forasteiros que aportaram na África. A grande veia temática da obra dessa escritora
visa, por um lado, mostrar o inconformismo diante da postura do colonizador, de sua visão distorcida
a respeito da África, uma visão superficial, que entende a África ora como sinônimo de exotismo e
ora como sinônimo de exploração.

3
Dança da Lua Nova.
4
Cabana coberta de palha.
5
Terreno agrícola para cultivo familiar.

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Ah, roubaram-nos João,


mas João somos nós todos,
por isso João não nos abandonou…
E João não “era”, “é” e “será”,
porque João somos nós, nós somos multidão,
[…]
(SOUZA, 2016, “Poema de João”, p. 105)

Outra temática bastante presente em Noémia de Sousa refere-se ao seu orgulho por pertencer à
África, ao valor de sua gente, de sua cultura, de sua identidade, que precisa ser resgatado.

Podem desterrar-nos,
levar-nos
para longes terras,
vender-nos como mercadoria,
acorrentar-nos
à terra, do sol à lua e da lua ao sol,
mas seremos sempre livres
se nos deixarem a música!
(SOUZA, 2016, “Súplica”, p. 30)

Assim, emerge uma poesia de exortação do povo africano que, ao mesmo tempo em que visa
conclamar para que se recupere a autoestima e a identidade negligenciadas pelos anos de colonização,
também visam fazer com que essa África seja revelada, conhecida, entendida. Segundo Freitas
(2010),

Noémia de Sousa fala do orgulho de pertencer à África por parte dos africanos. E por esse
mesmo motivo vem afirmar que terão obrigatoriamente de ser os filhos a cantar essa sua mãe-
terra (que tanto amam e sentem) - e cantar África tinha forçosamente que ser entendido por
oposição à maneira de cantar do colonizador. Nos seus poemas, o "eu" de Noémia de Sousa
é entendido como um "colectivo", um povo inteiro que quer ter palavra - o povo
moçambicano. Desta forma, a poetiza assume-se como porta-voz daquele povo que é o seu
e, dirigindo-se à terra-mãe que os acolhe e protege, ora canta a sua vida, ora lhe pede perdão
pela alienação demonstrada ao longo de tanto tempo, ora (mesmo) lhe promete a rápida e
definitiva devolução do seu direito a uma vida própria, autêntica. (FREITAS, 2010, p. 06)

É neste momento de nossa análise que se encontram os objetivos que este estudo intentava:
relacionar aspectos da Sociolinguística à abordagem do corpus, para, com isso, possibilitar uma
possibilidade de leitura e reconhecimento da literatura de origem africana, a fim de atender à premente
necessidade de se incluir, na docência, a abordagem de temas relacionados à cultura africana.
A partir de um olhar aos poemas de Sangue Negro, observa-se que apesar de estarem escritas
no idioma implantado pelo colonizador, os poemas de Noémia de Sousa possuem um grande
diferencial em termos de escolhas lexicais. Parte-se da hipótese de que tais escolhas representam a
intenção da autora em fazer valer a sua voz, de mulher alfabetizada e politizada, para reverberar a voz
daqueles que não haviam experimentado o mesmo privilégio.

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Língua, Cultura, Resistência e Identidade: o estudo do léxico por meio do texto literário Africano

Noite morna de Moçambique


e sons longínquos de marimba chegam até mim
– certos e constantes –
vindos nem eu sei donde.
Em minha casa de madeira e zinco,
abro o rádio e deixo-me embalar…
(SOUZA, 2016, “Deixa passar o meu povo”, p. 48)

Perceber as nuances da cultura e história africana, por intermédio da obra de Noémia de Sousa,
corresponde a uma travessia para o resgate, o reencontro de uma tradição cultural vastíssima e oculta
aos olhos do Ocidente. Sendo colônia de Portugal até 1974; depois enfrentando quase duas décadas
de guerra civil (em um contexto de plena Guerra Fria), a Moçambique de Noémia de Sousa é uma
nação dilacerada pelos anos de escravidão e de servidão, uma nação que precisa se reconstruir e se
reencontrar, apesar e a partir das suas cicatrizes.
Segundo Timbane (2010), Moçambique caracteriza-se por ser uma nação multilíngue na qual
coexistem aproximadamente vinte línguas Bantu, além da Língua Portuguesa, do Gujarati, do Híndi
e do Árabe. A Língua Portuguesa é o idioma oficial, institucionalizado em 1974, quando da
independência. Seu uso é obrigatório em comunicações oficiais e nas escolas. Portanto, assim como
em todos os países lusófonos, segue-se a norma-padrão europeia. Seguir essa norma significa seguir
a norma europeia (embora o Novo Acordo Ortográfico tenha sido acordado por todos os países
lusófonos).
No entanto, como se depreende dos estudos em Sociolinguística, nenhuma língua viva, em uso,
pode estar isenta de variação. Em Moçambique, especificamente, a variedade resulta de contextos
sociolinguísticos e da diversidade cultural atravessados por dezenas de outros idiomas e variações
genuínos da formação dessa nação multifacetada.
Noémia de Sousa, na condição de jornalista correspondente, tradutora e escritora, dominava a
variedade padrão da Língua Portuguesa. Porém, a voz que advém de sua poesia apresenta um
hibridismo em suas escolhas lexicais e sintáticas e é essa uma das nuances que notabilizaram a sua
obra. Ao reproduzir, inclusive, os usos coloquiais de sua gente, Noémia é a porta-voz daqueles que,
além de não saberem ler ou escrever, ainda não dominam o idioma imposto como oficial. Vale instar
que informou o Censo realizado em Moçambique em 1980, portanto seis anos após a independência,
revela que o percentual dos que usavam efetivamente a Língua Portuguesa era de 1,2% da população,
apesar de ser instituído como língua oficial.
Em meio às contradições da independência, uma importante ressignificação se consolida: o
idioma, antes símbolo da opressão, passa a ser o veículo e o instrumento do qual é preciso se apropriar,
fazer uso. Conforme aponta Pissurno (2018, p. 78), “a diversidade linguística presente nas

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Paulo Cesar Fachin – Suzana Ceccato Casagrande

comunidades de fala moçambicanas constitui um aspecto cultural muito relevante e tem relação direta
com a questão educacional e a transmissão da Língua Portuguesa”. Todavia, no que tange à realidade
contemporânea, a autora assevera que “a população da zona rural continua tendo o Português
praticamente como uma língua estrangeira, de acesso restrito ao meio escolar. Fora da escola, não há
meios de difusão que permitam aos moçambicanos dessas áreas o domínio da língua de prestígio da
sociedade” (PISSURNO, p. 86).
Entende-se que Noémia de Sousa, ao evidenciar, em sua poesia, o léxico característico das
línguas de seu povo, permite que os “outros” leiam e que reconheçam a densidade cultural contida
em sua terra. E quanto aos seus, à sua gente, a poesia de Noémia permite inferir uma tentativa de
mostrar que a Língua Portuguesa é possível de ser dialogada por todos, e que as pessoas não podem
ficar à margem de conhecer o idioma institucionalizado como oficial. Desse modo, o domínio do
idioma está associado a uma tomada de poder.

Nossa voz
Ao J. Craveirinha

Nossa voz ergueu-se consciente e bárbara


sobre o branco egoísmo dos homens
sobre a indiferença assassina de todos.
Nossa voz molhada das cacimbadas do sertão
nossa voz ardente como o sol das malangas
nossa voz atabaque chamando
nossa voz lança de Maguiguana6
nossa voz, irmão,
nossa voz trespassou a atmosfera conformista da cidade
e revolucionou-a
arrastou-a como um ciclone de conhecimento.
[...]
Nossa voz, irmão!
nossa voz atabaque chamando.
[...]
Nossa voz gemendo, sacudindo sacas imundas,
nossa voz gorda de miséria,
nossa voz arrastando grilhetas
nossa voz nostálgica de ímpis
nossa voz África
nossa voz cansada da masturbação dos batuques da guerra
nossa voz gritando, gritando, gritando!
Nossa voz que descobriu até ao fundo,
lá onde coaxam as rãs,
a amargura imensa, inexprimível, enorme como o mundo,
da simples palavra ESCRAVIDÃO:

Nossa voz gritando sem cessar,


nossa voz apontando caminhos
nossa voz xipalapala
nossa voz atabaque chamando

6
Alcunha de um importante revolucionário moçambicano, destaque na luta pela pacificação de Moçambique ainda no
final do século XIX.

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Língua, Cultura, Resistência e Identidade: o estudo do léxico por meio do texto literário Africano

nossa voz, irmão!


nossa voz milhões de vozes clamando, clamando, clamando.
(SOUZA, 2016, p. 26)

Esse poema, que Noémia de Sousa dedica ao também poeta moçambicano José Craveirinha,
inaugura a obra “Sangue Negro”. “Nossa voz” é um claro exemplo da poesia de resistência e
mobilizadora da poeta e não é ao acaso que justamente essa poesia é a que abre o livro. Vale instar
que Craveirinha e Noémia são os grandes nomes da poesia moçambicana anticolonialista e seus
posicionamentos políticos são congruentes com os ideais de libertação do jugo português.
Como o próprio título já evidencia, o mote de todo o poema articula-se em torno de uma voz
coletiva, em meio a qual o eu lírico se insere. O pronome possessivo “nossa” demarca que o eu lírico
se coloca como parte daqueles que Noémia tanto representa, a sua gente. O vocábulo “voz” tanto
pode fazer referência ao sentido denotativo da oralidade, tradição extremamente presente nas práticas
linguísticas maternas africanas; como também pode representar o sentido de clamor, grito,
manifestação, e a própria luta.
As idiossincrasias dessa luta vêm estampadas em todos os versos do poema, que refletem
inúmeros aspectos da luta da África, marcadamente atravessada pela interposição do colonizador
europeu. Destaca-se que o eu lírico ressalta não apenas a sanha egoísta do colonizador branco, mas
também a indiferença, o desconhecimento, quem sabe por parte do resto do mundo “a indiferença
assassina de todos”. De acordo com Aguilera (2008, p. 105), “A atitude linguística assumida pelo
falante implica a noção de identidade, que se pode definir como a característica ou o conjunto de
características que permitem diferenciar um grupo de outro, uma etnia de outra, um povo de outro”.
E ainda acrescenta que “Na maioria das vezes, ao caracterizar um grupo ao qual não pertence, a
tendência é o usuário fazê-lo de forma subjetiva, procurando preservar o sentimento de comunidade
partilhado e classificando o outro como diferente” (AGUILERA, 2008, p. 106). Portanto, a voz do eu
lírico soa como o grito que vem desnudar ao mundo, a quem quer que leia o poema, todas as injustiças
pelas quais os países colonizados da África foram afetados.
A estratégia para que essa voz pudesse de fato ecoar e ressoar aos ouvidos de seus
interlocutores vem, como que em um paradoxo, materializada pelo uso da Língua Portuguesa, uma
língua estrangeira, instituída como oficial. Eis que na multiplicidade de dezenas de línguas presentes
só em seu país, a Língua Portuguesa aparece como a solução unificadora.
Porém, a norma-padrão do português europeu não seria cabível para o intento de Noémia.
Assim, a sua poesia se torna genuína por reunir vocábulos e construções linguísticas típicas de sua
terra, de sua gente, de sua cultura multifacetada.

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Paulo Cesar Fachin – Suzana Ceccato Casagrande

A poesia revela, de pronto, a consciência de que a Língua Portuguesa utilizada pelas nações
lusófonas não seria como a de Portugal, em mesmo como a do Brasil “Nossa voz ergueu-se consciente
e bárbara”. O adjetivo “bárbara” permite inferir a ideia de barbarismo, ou seja, de desvio da norma-
padrão. Esse desvio, no entanto, não ocorre como um “erro”; pelo contrário, é consciente, posto que
o eu lírico permite perceber que se trata de uma voz de quem tomou consciência de sua condição
social e histórica. Dessa maneira, uma voz que se autointitula de “consciente e bárbara”, é
absolutamente coerente com o desvio da norma.
Exatamente por isso, a Língua Portuguesa, idioma oficial, deve ver atravessada, amalgamada
pelas tantas línguas originárias da África. Essas línguas representam o traço da união e da irmandade,
tão caras e necessárias ao momento das lutas pela independência.
Inicialmente, destacam-se os versos “Nossa voz molhada das cacimbadas do sertão/nossa voz
ardente como o sol das malangas”. Os vocábulos utilizados constroem metáforas que remetem à
natureza, característica bastante frequente em obras de diversos escritores africanos, a exemplo do
angolano Mia Couto. Os vocábulos, portanto, parecem estabelecer uma sinergia perfeita com essa
natureza, consolidando o movimento panteísta da essência cultural africana. Nos versos em destaque,
o calor do sol das malangas (espécie de planta) e o úmido das cacimbas (fonte, olho d’água) dão uma
ideia de fecundidade. É bastante interessante observar que essa voz fértil, com a potência de um
atabaque (uma espécie de tambor) deve chegar à cidade, e romper com o conformismo presente.
“nossa voz trespassou a atmosfera conformista da cidade/e revolucionou-a/arrastou-a como um
ciclone de conhecimento”. Vale frisar que a voz da revolução não está na cidade, onde se concentram
os traços da influência europeia. A voz da revolução vem das zonas mais longínquas, onde o processo
da colonização ainda não conseguiu aniquilar a cultura.
Paradoxalmente, porém, a Língua Portuguesa é usada na cidade e desconhecida no campo.
Desse modo, essa voz que vem como um “ciclone do conhecimento” só pode vir daqueles que ainda
conservam traços da sua cultura materna e genuína, representada pela multiplicidade de outras línguas
coexistentes.
Assim, para trespassar a atmosfera conformista da cidade, é preciso ser bárbaro, desviar do
padrão, e isso vem materializado pelos usos conscientes do vasto conjunto lexical dos idiomas
maternos.
No poema em análise percebe-se a síntese das situações danosas por que as nações africanas
passaram e das quais urge se libertar. “Nossa voz gemendo, sacudindo sacas imundas,/nossa voz
gorda de miséria,/nossa voz arrastando grilhetas/nossa voz nostálgica de ímpis/nossa voz
África/nossa voz cansada da masturbação dos batuques da guerra/nossa voz gritando, gritando,
gritando!” Nesses versos infere-se a escravidão presentificada pela expressão “sacas imundas”; a

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Língua, Cultura, Resistência e Identidade: o estudo do léxico por meio do texto literário Africano

exploração, presente na antítese “voz gorda de miséria”. Percebe-se ainda um apelo pelo retorno às
origens mais ancestrais, em que as guerras eram genuínas e autóctones, e não forjadas pelo bel-prazer
da sanha do colonizador branco: “nossa voz nostálgica de ímpis (guerreiro)/nossa voz África/nossa
voz cansada da masturbação dos batuques da guerra”.
No decorrer da leitura de “Nossa voz”, percebe-se cada vez mais a coerência do título escolhido
e o gênio inigualável da autora, posto que “nossa voz” deve soar como um clamor da coletividade, da
união, de maneira que se faça ouvi amplamente. Merecem destaque os versos “nossa voz
xipalapala/nossa voz atabaque chamando”. Os vocábulos xipalapala e atabaque fazem referência a
instrumentos sonoros. A xipalapala é uma espécie de corneta de chifre de antílope usada exatamente
para convocações; o atabaque, uma espécie de tambor, também tem a significação ritualística.
Percebe-se, portanto, que se trata de instrumentos sacralizados, e a voz, a “nossa voz” a que se refere
a poesia assim também o deve ser.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A VOZ DE NOÉMIA ECOA E TRANSCENDE O OCEANO

A poesia de Noémia de Sousa é claramente mobilizadora e, neste momento de nossa análise, é


pertinente refletir sobre as implicações que essa autora pode trazer para um dos objetivos desta
análise, que foi o de refletir sobre as contribuições que o conhecimento da literatura africana pode
proporcionar para o contexto da educação no Brasil, no sentido de atender ao que determina a Lei n°
10.639, de 2003, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e institui a
obrigatoriedade do conhecimento da cultura e da história afro-brasileira e africana.
Infere-se que inserir em sala de aula obras como a de Noémia de Sousa traria contribuições
importantíssimas. Primeiramente, a própria aceitação da multiplicidade de saberes e culturas já seria
um legado considerável que sua poesia poderia proporcionar. No entanto, não se pode deixar de
destacar que a abordagem linguística traria o aporte necessário para a compreensão de alguns aspectos
da história da África. Isso significa ainda pensar no desafio que é, para os educadores, conhecer essas
obras tão carregadas de significado. Ou seja, para ensinar conteúdos da literatura africana é
inquestionável a necessidade de muito estudo por parte dos educadores, pois, como Noémia de Sousa
denuncia, foram anos de “indiferença assassina”. A voz é o grito que rompe com a indiferença.
Noémia de Sousa reconhece a importância de se fazer ouvir a voz de um povo. A voz do povo é a
voz da autora; uma voz que Noémia soube com fazer materializar. Sem a influência da diversidade
linguística de seu povo, sua poesia não teria o mesmo vigor, e hoje teria se transformado em “letra
morta”, sem a genuinidade do contexto histórico e social em que emergiu.

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REFERÊNCIAS

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