Integralidade e Humanização Na Assistência À Saúde
Integralidade e Humanização Na Assistência À Saúde
Integralidade e Humanização Na Assistência À Saúde
SALVADOR
2024
CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO
SALVADOR
2024
INTEGRALIDADE E HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE:
UMA ABORDAGEM BIOPSICOSSOCIAL NO SUS
A assistência integral na saúde é um princípio central do Sistema Único de
Saúde (SUS) no Brasil, projetado para oferecer cuidados abrangentes e contínuos a
todos os indivíduos, respeitando suas singularidades e contextos de vida. Este
conceito implica que os serviços de saúde devem ser capazes de responder não
apenas às necessidades biológicas, mas também às demandas sociais e emocionais
dos pacientes. Ao promover uma visão holística do cuidado, a integralidade busca
integrar prevenção, tratamento e reabilitação, garantindo que cada pessoa receba
uma atenção personalizada e adequada em todos os níveis do sistema de saúde.
Além disso, a integralidade está intrinsicamente ligada aos princípios de ética
e humanização no cuidado. A humanização implica em tratar os pacientes com
dignidade, empatia e respeito, reconhecendo suas histórias de vida e contextos
sociais. Esse enfoque é especialmente crucial para atender populações
historicamente negligenciadas, que frequentemente enfrentam barreiras significativas
ao acesso aos serviços de saúde. A integralidade também envolve uma compreensão
aprofundada do processo da saúde e da doença, levando em consideração os
determinantes biopsicossociais que influenciam a saúde. Esses determinantes
incluem fatores biológicos, psicológicos e sociais, e sua consideração é fundamental
para promover um cuidado integral e eficaz.
A integralidade na assistência à saúde compreende a atenção ao indivíduo em
todos os níveis de complexidade do sistema de saúde, desde a atenção primária até
a terciária. Este conceito se manifesta na capacidade do sistema de saúde de atender
não apenas às demandas biomédicas, mas também às necessidades sociais e
emocionais dos pacientes. Ao adotar essa perspectiva holística, os profissionais de
saúde podem compreender os usuários dentro de seus contextos de vida, o que
facilita intervenções mais eficazes e humanizadas. Assim, o foco não está apenas no
tratamento de doenças específicas, mas na promoção de um bem-estar geral que
considera todos os aspectos da vida dos pacientes.
Para alcançar a integralidade, é necessário superar obstáculos estruturais e
culturais que limitam o acesso equitativo aos serviços de saúde. A Reforma Sanitária
brasileira, que consolidou o SUS, enfatizou a importância de integrar ações
preventivas, curativas e reabilitadoras, promovendo uma abordagem multidisciplinar
e intersetorial. Esse enfoque é essencial para enfrentar as complexidades das
condições de saúde e garantir que cada indivíduo receba o cuidado necessário de
maneira contínua e coordenada. Além disso, é preciso um esforço conjunto para
romper com a segmentação dos cuidados e promover uma coordenação eficiente
entre diferentes níveis de atenção e especialidades.
Desta forma, a integralidade implica em uma constante inovação e adaptação
das práticas de saúde para melhor atender às necessidades emergentes da
população. E não é apenas um objetivo a ser alcançado, mas um processo dinâmico
e contínuo de aprimoramento dos cuidados em saúde.
Já a ética e a humanização são pilares essenciais para a prática de uma
assistência integral e de qualidade. Segundo Carvalho, Akerman e Cohen (2022), a
promoção da saúde deve ser ancorada em princípios éticos que respeitem a
dignidade, a autonomia e os direitos dos indivíduos. A humanização no cuidado
implica em tratar os pacientes com empatia, respeito e consideração por suas histórias
de vida e contextos sociais.
Este compromisso ético é particularmente relevante no atendimento de
populações historicamente negligenciadas, como as pessoas em situação de rua.
Queiroz et al. (2022) destacam que essas populações enfrentam barreiras
significativas para acessar os serviços de saúde, devido à estigmatização e à exclusão
social. A humanização do cuidado exige uma abordagem inclusiva e sensível às
particularidades desses indivíduos, promovendo um ambiente de acolhimento e
respeito.
O processo saúde-doença é influenciado por uma variedade de determinantes
biopsicossociais que incluem fatores biológicos, psicológicos e sociais. Viapiana,
Gomes e Albuquerque (2018) discutem a teoria da determinação social da saúde, que
propõe que as condições de vida e trabalho, as relações sociais e as desigualdades
estruturais são fundamentais para entender o adoecimento.
A adoção de uma perspectiva biopsicossocial na saúde permite uma
compreensão mais ampla das necessidades dos pacientes. Este modelo reconhece
que a saúde não é apenas a ausência de doença, mas um estado de completo bem-
estar físico, mental e social. A integração de ações que abordem esses determinantes
é crucial para promover uma saúde integral e sustentável.
A integralidade na assistência à saúde é uma diretriz fundamental que exige a
integração de cuidados em todos os níveis do sistema de saúde, orientada por
princípios éticos e de humanização. A compreensão do processo da saúde e da
doença através dos determinantes biopsicossociais permite uma abordagem mais
abrangente e eficaz na promoção da saúde. O desafio está em operacionalizar esses
conceitos no cotidiano dos serviços de saúde, superando barreiras e promovendo
inovações que garantam o direito à saúde para todos os cidadãos.
REFERÊNCIAS
QUEIROZ, Gabriel Vinícius Reis et al. “Viver na rua é a minha doença”: o processo
saúde-doença sob a ótica de pessoas em situação de rua. Saúde e Pesquisa, v. 15,
n. 4, p. 1-18, 2022.