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Curso 302349 Aula 06 Ca89 Simplificado

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Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos

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Índice
1) Direitos Políticos (Art. 14 - Art. 16)
..............................................................................................................................................................................................3

..............................................................................................................................................................................................
2) Questões Comentadas - Direitos Políticos - CEBRASPE 14

..............................................................................................................................................................................................
3) Lista de Questões - Direitos Políticos - CEBRASPE 22

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DIREITOS POLÍTICOS (ART. 14 – ART. 16)


Conceitos Iniciais
Os direitos políticos são aqueles que garantem a participação do povo no processo de condução
da vida política nacional. São direitos relacionados ao exercício da cidadania e, segundo Gilmar
Mendes, formam a base do regime democrático.1
A democracia pode ser de diferentes tipos:
a) democracia direta — é aquela em que o povo exerce o poder diretamente, sem
intermediários ou representantes;
b) democracia representativa ou indireta — é aquela em que o povo elege representantes2
que, em seu nome, governam o país;
c) democracia semidireta ou participativa — é aquela em que o povo tanto exerce o poder
diretamente quanto por meio de representantes. É adotada no Brasil, que utiliza certos
institutos típicos da democracia semidireta, tais como o plebiscito, o referendo e a
iniciativa popular de leis.
A doutrina classifica os direitos políticos em duas espécies: i) direitos políticos positivos; e ii)
direitos políticos negativos. Os direitos políticos positivos estão relacionados à participação ativa
dos indivíduos na vida política do Estado. Relacionam-se ao exercício do sufrágio. Por outro lado,
direitos políticos negativos são as normas que limitam o exercício da cidadania, que impedem a
participação dos indivíduos na vida política estatal. São as inelegibilidades e as hipóteses de
perda e suspensão dos direitos políticos.

Direitos Políticos Positivos


Os direitos políticos positivos, conforme já afirmamos, estão relacionados à participação ativa
dos indivíduos na vida política do Estado. A essência desses direitos é traduzida pelo art. 14,
incisos I a III, CF/88.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.

Os direitos políticos positivos estão relacionados ao exercício do sufrágio, que é a capacidade de


votar e de ser votado. Em outras palavras, o sufrágio engloba a capacidade eleitoral ativa e a
capacidade eleitoral passiva. A capacidade eleitoral ativa representa o direito de alistar-se como

1
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 10a edição. São Paulo,
Saraiva: 2015, pp. 715.
2
Na representação, o representante exerce um mandato e não fica vinculado à vontade do povo (mandato livre),
diferentemente do que ocorre no mandato imperativo, em que o representante se vincula à vontade dos
representados, sendo apenas um veículo de transmissão dela. Além disso, ele não representa apenas seus eleitores,
mas toda a população de um território (mandato geral).

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eleitor (alistabilidade) e o direito de votar. Por sua vez, a capacidade eleitoral passiva representa
o direito de ser votado e de se eleger para um cargo público (elegibilidade).
De acordo com a doutrina, o sufrágio pode ser de dois tipos:3
a) universal — quando o direito de votar é concedido a todos os nacionais,
independentemente de condições econômicas, culturais, sociais ou outras condições
especiais. Foi o tipo adotado pela CF/88, em que podem votar e ser votados todos os
nacionais que cumpram requisitos de alistabilidade e de elegibilidade.
b) restrito (qualificativo) — quando o direito de votar depende do preenchimento de
algumas condições especiais, sendo atribuído a apenas uma parcela dos nacionais. O
sufrágio restrito pode ser censitário, quando depender do preenchimento de condições
econômicas (renda, bens, etc.) ou capacitário, quando exigir que o indivíduo apresente
alguma característica especial (ser alfabetizado, por exemplo).
Voltando ao art. 14 da CF/88, percebe-se que a CF/88 explica que a soberania popular será
exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto e, nos termos da lei, mediante
plebiscito, referendo e iniciativa popular de leis.
O voto, como já se disse, é o instrumento para o exercício do sufrágio. Nos termos da CF/88,
deverá ser direto, secreto, universal, periódico (art. 60, § 4º, CF), obrigatório (art. 14, § 1º, I, CF) e
com valor igual para todos (art. 14, caput). Entre todas essas características, a única que não é
cláusula pétrea é a obrigatoriedade de voto, ou seja, é a única que pode ser abolida mediante
emenda constitucional.
E o que são plebiscito e referendo?
Tanto o plebiscito quanto o referendo são formas de consulta ao povo sobre matéria de grande
relevância. A diferença entre esses institutos reside no momento da consulta. No plebiscito, a
consulta dá-se previamente à edição do ato legislativo ou administrativo; já no referendo, a
consulta popular ocorre posteriormente à edição do ato legislativo ou administrativo, cabendo
ao povo ratificar (confirmar) ou rejeitar o ato.4

Capacidade eleitoral ativa


A capacidade eleitoral ativa é a aptidão do indivíduo para exercer o direito de voto nas eleições,
plebiscitos e referendos. No Brasil, a capacidade eleitoral ativa é adquirida mediante a inscrição
junto à Justiça Eleitoral. Depende, portanto, do alistamento eleitoral, a pedido do interessado.
Além da capacidade de votar, a qualidade de eleitor dá ao nacional a condição de cidadão,
tornando-o apto a exercer vários outros direitos políticos, como ajuizar ação popular ou participar
da iniciativa popular de leis. Entretanto, o cidadão não necessariamente poderá ser votado. Para
isso, é necessário o preenchimento de outras condições, que estudaremos mais à frente.
O alistamento eleitoral está regulado pelo art. 14, CF/88. Nesse dispositivo, encontramos as
situações em que o alistamento eleitoral é obrigatório, facultativo ou mesmo proibido. Vejamos:

3
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 10a edição. São
Paulo, Saraiva: 2015, pp. 716.
4
No Brasil, já se utilizou o referendo por ocasião da edição da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento).
Na ocasião, 63,94% dos eleitores foram contra a proibição da comercialização de armas. O plebiscito também
já foi utilizado, no ano de 1993, para definir a forma de governo (república ou monarquia) e o sistema de
governo (parlamentarismo ou presidencialismo) a vigorar no Brasil.

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Art. 14.
§1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período
do serviço militar obrigatório, os conscritos.

A Constituição Federal determina que apenas brasileiros (natos ou naturalizados) poderão se


alistar. Os estrangeiros são inalistáveis, portanto não podem votar e ser votados. Destaque-se
que os portugueses equiparados, por receberem tratamento equivalente ao de brasileiro
naturalizado, poderão se alistar como eleitores.
O alistamento eleitoral também é vedado aos conscritos, durante o serviço militar obrigatório.
Conscrito, em linhas gerais, é o brasileiro que compõe a classe de nascidos entre 1º de janeiro e
31 de dezembro de um mesmo ano, chamada para a seleção, tendo em vista a prestação do
serviço militar inicial obrigatório.
Por fim, é importante memorizar que o alistamento eleitoral é obrigatório para os maiores de 18
(dezoito) anos. Por outro lado, é facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 (setenta) anos
e os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos.

(Pref. Fortaleza – 2023) O alistamento eleitoral é facultativo para os maiores de sessenta anos de
idade.
Comentários:
Conforme o art. 14 da CF/88, o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os maiores de
70 anos. Questão errada.

Capacidade eleitoral passiva


A capacidade eleitoral passiva está relacionada ao direito de ser votado, de ser eleito
(elegibilidade). Para que o indivíduo adquira capacidade eleitoral passiva, ele deve cumprir os
requisitos constitucionais para a elegibilidade e, além disso, não incorrer em nenhuma das
hipóteses de inelegibilidade, que são impedimentos à capacidade eleitoral passiva.
E quais são as condições (requisitos) de elegibilidade?

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A resposta está no art.14, §3º, CF/88:

§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:


I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

Como se percebe, a elegibilidade somente será possível pelo cumprimento cumulativo de todos
os requisitos acima relacionados.

(PC-DF – 2015) A CF exige, como idade mínima para exercer os cargos de senador e de
deputado federal, que o candidato tenha, pelo menos, 21 anos de idade.
Comentários:
A idade mínima para que se possa exercer o cargo de Senador é de 35 (trinta e cinco) anos.
Questão errada.

Direitos Políticos Negativos


Os direitos políticos negativos são normas que limitam o exercício do sufrágio, restringindo a
participação do indivíduo na vida política do Estado. Podemos dividir os direitos políticos
negativos em duas espécies: i) as inelegibilidades; e ii) as hipóteses de perda e suspensão dos
direitos políticos.

Inelegibilidades:
As inelegibilidades constituem condições que obstam o exercício da capacidade eleitoral passiva
por um indivíduo, previstas tanto no art. 14, §§ 4º ao 7º, quanto em lei complementar.

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Podemos dividir as inelegibilidades em dois grandes grupos:
a) inelegibilidades absolutas — relacionadas a características pessoais do indivíduo, impedem a
candidatura e, consequentemente, o exercício de qualquer cargo político. São taxativamente
previstas pela Constituição Federal, ou seja, não podem ser criadas novas inelegibilidades
absolutas pela legislação infraconstitucional.
Segundo o art. 14, §4º, são inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Veja que os analfabetos,
apesar de poderem votar (voto facultativo), não podem ser votados e que, entre os inalistáveis,
temos os estrangeiros e os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório.
b) inelegibilidades relativas — são regras que obstam a candidatura a certos cargos políticos, em
virtude de situações específicas previstas na Constituição ou em lei complementar. Não estão
vinculadas à condição pessoal do indivíduo, por isso não resultam em impedimento categórico
ao exercício de qualquer cargo. Assim, o indivíduo não poderá se candidatar a determinados
cargos, mas poderá concorrer a outros.
As inelegibilidades relativas previstas na Constituição podem ser de diferentes tipos: i)
inelegibilidade relativa por motivos funcionais; ii) inelegibilidade relativa por motivo de
casamento, parentesco ou afinidade (inelegibilidade reflexa); iii) inelegibilidade relativa à
condição de militar.
A inelegibilidade por motivos funcionais está prevista no art. 14, §5º, que dispõe que “o
Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
período subsequente”. Com base nessa regra, os Chefes do Poder Executivo (Presidente,
Governador e Prefeito) somente podem cumprir dois mandatos consecutivos no mesmo cargo.
A vedação à reeleição para mais de um período subsequente é regra que se impõe somente
àqueles que cumpram mandatos de Chefe do Poder Executivo. Os mandatos no Poder
Legislativo não seguem essa regra: é plenamente possível que um Deputado ou Senador seja
eleito para ilimitados mandatos sucessivos.
Segundo o STF, o cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos de prefeito, ou seja, foi
eleito e reeleito, fica inelegível para um terceiro mandato, ainda que seja em município diferente.
Veda-se, com isso, a figura do “prefeito itinerante”, que exerce mais de dois mandatos
consecutivos em municípios distintos.
Há, ainda, outros entendimentos importantes sobre a inelegibilidade por motivos funcionais:
1) o cidadão que já foi Chefe do Poder Executivo por dois mandatos consecutivos não
poderá, na eleição seguinte, candidatar-se ao cargo de Vice;
2) os Vices (Vice-Presidente da República, Vice-Governador e Vice-Prefeito) também só
poderão se reeleger, para o mesmo cargo, por um único período subsequente.
E se o Presidente, Governador ou Prefeito quiser se candidatar a outro cargo, diferente de Chefe
do Poder Executivo? Poderá fazê-lo?
Sim, poderá. No entanto, o art. 14, § 6º, CF/88 determina que “para concorrerem a outros
cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito”. Essa é a
famosa “desincompatibilização”, que busca impedir que o Chefe do Poder Executivo se utilize

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da “máquina pública” para se eleger a um outro cargo. Seria o caso, por exemplo, em que um
Governador deseja se candidatar a Senador nas próximas eleições. Para fazê-lo, ele precisará
renunciar ao cargo de Governador 6 meses antes do pleito eleitoral.
Cabe destacar que a desincompatibilização não é necessária quando o Chefe do Poder
Executivo vai concorrer à reeleição.
A inelegibilidade reflexa (por motivo de casamento, parentesco ou afinidade) está prevista no art.
14, § 7º, CF/88. Leva esse nome porque ela resulta do fato de que uma pessoa, ao ocupar um
cargo de Chefe do Poder Executivo, afeta a elegibilidade de terceiros (seu cônjuge, parentes e
afins).
Enfatize-se que somente são afetados por essa hipótese de inelegibilidade o cônjuge, parentes e
afins de titular de cargo de Chefe do Poder Executivo; o fato de alguém ser titular de cargo do
Poder Legislativo não traz qualquer implicação à elegibilidade de terceiros.
Vejamos, agora, o exato conteúdo da inelegibilidade reflexa:

§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os


parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.

A inelegibilidade reflexa alcança somente o território de jurisdição do titular do cargo do Poder


Executivo. Isso significa que:
a) o cônjuge, parentes e afins, até o segundo grau ou por adoção, de Prefeito não
poderão se candidatar a nenhum cargo dentro daquele Município (Vereador, Prefeito e
Vice-Prefeito);
b) o cônjuge, parentes e afins, até o segundo grau, ou por adoção de Governador não
poderão se candidatar a nenhum cargo dentro daquele Estado. Isso inclui os cargos de
Vereador, Prefeito e Vice-Prefeito (de qualquer dos Municípios daquele estado), bem como
os cargos de Deputado Federal, Deputado Estadual e Senador, por aquele estado;
c) o cônjuge, parentes e afins, até o segundo grau ou por adoção, de Presidente não
poderão se candidatar a nenhum cargo eletivo no País.
Segundo o STF, a inelegibilidade reflexa alcança também aqueles que tenham constituído união
estável com o Chefe do Poder Executivo, inclusive no caso de uniões homoafetivas.
A dissolução do casamento, quando ocorrida durante o mandato, não afasta a inelegibilidade
reflexa. É o que determina o STF na Súmula Vinculante nº 18:

“A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não


afasta a inelegibilidade prevista no § 7º, do artigo 14 da Constituição Federal”.

Ressalte-se que a inelegibilidade reflexa não se aplica em caso de falecimento do


cônjuge, ainda que esse tenha exercido o mandato por dois períodos

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consecutivos.5 Não se aplica, nesse caso, a Súmula Vinculante nº 18, cujo
objetivo foi apenas o de evitar a dissolução fraudulenta de sociedade conjugal
como forma de burlar a inelegibilidade reflexa.

Ao lermos o art. 14, §7º, percebemos, em sua parte final, que há uma exceção à regra da
inelegibilidade reflexa: “salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”. Mas o
que isso significa?
Significa que a inelegibilidade reflexa não se aplica caso o cônjuge, parente ou afim já possua
mandato eletivo; nessa situação, será possível que esses se candidatem à reeleição, mesmo se
ocuparem cargos dentro da circunscrição do Chefe do Executivo.
Existe, ainda, a inelegibilidade relativa à condição de militar, a qual está prevista no art. 14, §8º,
CF/88:

§8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:


I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço será agregado pela autoridade superior
e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

Analisando o dispositivo supracitado, percebe-se que apenas são elegíveis os militares que forem
alistáveis; nesse sentido, percebe-se que os conscritos (aqueles que cumprem o serviço militar
obrigatório), por não serem alistáveis, não serão elegíveis.
Entretanto, para que o militar seja elegível, ele deve cumprir certas condições, que variam
segundo seu tempo de serviço. Se o militar contar com menos de 10 anos de serviço, ele deverá
afastar-se definitivamente da atividade, desligando-se de sua corporação. Por outro lado, caso o
militar conte com mais de 10 anos de serviço, ele será agregado pela autoridade superior e, se
eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. Perceba que, nesse
caso, o militar conservar-se-á ativo até a diplomação.
Sabe-se que uma das condições de elegibilidade é a filiação partidária. É aqui que surge um
problema relacionado à condição de militar: o art. 143, §3º, V, da Constituição veda a filiação do
militar a partido político. Em tese, isso poderia impedir os militares de se candidatarem. Porém, o
TSE, diante dessa situação, determinou que, caso o militar venha a se candidatar, a ausência de
prévia filiação partidária (uma das condições de elegibilidade) será suprida pelo registro da
candidatura apresentada pelo partido político e autorizada pelo candidato.
Esquematizando:

5
RE 758461, Rel. Min. Teori Zavascki. Julgamento. 22.05.2014.

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Como já mencionamos anteriormente, a Constituição prevê que lei complementar nacional


poderá criar outras hipóteses de inelegibilidade relativa. Veja o que dispõe o §9º do art. 14 da
CF/88:

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos


de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para
exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade
e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta

Note que eu falei em lei complementar (LC) nacional. Qual é a diferença entre uma lei nacional e
uma lei federal? Guarde isso: a nacional abrange todos os entes federados (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios). É o caso do Código Penal, por exemplo. Já a federal, abrange
somente a União. Exemplo: Lei 8.112/1990, que institui o Regime Jurídico dos Servidores
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas
federais.
Embora nada tenha sido dito, uma emenda constitucional também pode criar novas hipóteses de
inelegibilidade relativa. Outros atos normativos, jamais! Com base no §9º do art. 14 da
Constituição, foi elaborada a LC no 64/1990, que estabeleceu casos de inelegibilidade e
determinou outras providências. Essa lei sofreu alteração pela Lei Complementar no 135/2010, a
“Lei da Ficha Limpa”, que previu novas hipóteses de inelegibilidade.
Os dispositivos a seguir são cobrados em sua literalidade:

§10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo
de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso
do poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

O §10 traz um prazo para a ação de impugnação do mandato eletivo (15 dias após a
diplomação) e as causas para a ação (abuso do poder econômico, corrupção ou fraude). O §11
determina que a ação tramitará em segredo de justiça (exceção à publicidade dos atos
processuais) e prevê a punição para o autor que agir de má-fé.
§ 12 - Serão realizadas concomitantemente às eleições municipais as consultas
populares sobre questões locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e
encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da data das eleições,
observados os limites operacionais relativos ao número de quesitos.

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§ 13 - As manifestações favoráveis e contrárias às questões submetidas às
consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas
eleitorais, sem a utilização de propaganda gratuita no rádio e na televisão.

Os §§ 12 e 13 foram incluídos na Constituição Federal por meio da Emenda Constitucional nº


111, de 28 de setembro de 2021. A intenção do legislador constituinte foi aproveitar a
mobilização logística das eleições municipais para viabilizar as consultas populares locais (a
exemplo dos plebiscitos) aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas para a Justiça
Eleitoral. Atenção ao seguinte detalhe: a formalização da realização dessas consultas populares
deve ser encaminhada à Justiça Eleitoral até 90 dias antes da data das eleições municipais.
Não deverá ser utilizada a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão para
manifestação específica (favorável ou contrária) em relação às consultas populares. Por outro
lado, isso pode ser feito durante as próprias campanhas eleitorais.

==3744a9==

(MP-PI – 2018) O analfabetismo não representará óbice à elegibilidade dos cidadãos, haja vista a
garantia do amplo exercício dos direitos políticos, característica do estado democrático de
direito.
Comentários:
A CF/88 estabelece que são inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Assim, o analfabetismo é
um óbice à elegibilidade. Questão errada.

Perda e Suspensão dos direitos políticos


No art. 15, a Constituição traz as hipóteses de privação dos direitos políticos. Esta pode se dar
de maneira definitiva (denominando-se perda) ou temporária (suspensão). É importante ressaltar
que a Constituição, em resposta à ditadura que a precedeu, não permite, em nenhuma hipótese,
a cassação dos direitos políticos. Que tal lermos juntos o art. 15?

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se


dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

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A Constituição não explicita quais são os casos de perda e quais são os casos de suspensão dos
direitos políticos. Entretanto, segundo a doutrina, esses dois institutos apresentam as seguintes
diferenças:
a) a perda dá-se por prazo indeterminado, enquanto a suspensão pode se dar tanto por prazo
determinado quanto por indeterminado;

b) na perda, a reaquisição dos direitos políticos não é automática após a cessação da causa; na
suspensão, a reaquisição é automática.
Desse modo, para a maior parte dos doutrinadores, tem-se a perda nos incisos I e IV do art. 15
da CF e suspensão nos demais incisos. Vejamos o esquema abaixo!

No caso de condenação criminal transitada em julgado, a suspensão dos direitos políticos é


imediata, implicando imediata perda do mandato eletivo. Trata-se, segundo o STF, de norma
autoaplicável, que independe, para sua imediata incidência, de qualquer ato de intermediação
legislativa.6
É importante ficarmos atentos às consequências dos atos de improbidade administrativa.
Segundo o art. 37, § 4º, os atos de improbidade administrativa resultarão na perda do mandato e
na suspensão dos direitos políticos. É bastante comum que as bancas examinadoras tentem
enganar os alunos dizendo que, no caso de improbidade administrativa, haverá perda do
mandato e dos direitos políticos. Isso está errado! Nessa situação, haverá suspensão dos direitos
políticos.

(TELEBRAS – 2022) A cassação dos direitos políticos poderá ocorrer na hipótese de constatação
terminativa do cometimento de ato de improbidade administrativa por um cidadão ou cidadã.
Comentários:

6
STF, RMS 22.470-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j. 11.06.96, DJ de 27.09.96.

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A CF/88 veda a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão fazem parte da redação
do art. 15, sendo a improbidade administrativa hipótese de sua suspensão. Questão errada.

Princípio da anterioridade eleitoral


No art. 16, CF/88, a Constituição traz o princípio da anterioridade eleitoral:

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua
vigência.

O que você deve gravar para a prova? A lei eleitoral tem vigência (“força de lei”) imediatamente,
na data de sua publicação. Entretanto, produz efeitos apenas em momento futuro: não se aplica
à eleição que ocorrer até um ano da data de sua vigência. Cabe destacar que o STF considera
que o princípio da anterioridade eleitoral é cláusula pétrea do texto constitucional.

(TRE-GO – 2015) Caso seja publicada e passe a viger em fevereiro de 2018, lei que altere o
processo eleitoral poderá ser aplicada a pleito eletivo que ocorra em outubro desse mesmo ano.

Comentários:

Segundo o art. 16, “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. Então, a
lei publicada em 2018 não se aplicará à eleição que ocorra nesse mesmo ano. Questão errada.

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QUESTÕES COMENTADAS

Direitos Políticos

1. (CEBRASPE/TELEBRAS - 2022) A Constituição Federal de 1988 garantiu a ampliação da cidadania ao


instituir o voto obrigatório para todos os cidadãos e cidadãs, sem qualquer restrição.

Comentários:

A obrigatoriedade em relação ao ato de votar vincula-se de forma restrita em relação aqueles que possuem
acima de dezoito anos e menos de setenta anos, sendo ainda dentro dessa faixa etária, facultativo para os
analfabetos.

Veja trecho a seguir da CF/88

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II – facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

Questão errada.

2. (CEBRASPE/TELEBRAS - 2022) O conceito de cidadania está relacionado à noção de direitos das


pessoas e, por isso, pressupõe deveres, como a obediência de todas e todos às normas e leis.

Comentários:

De acordo com a obra de Pedro Lenza, a cidadania está relacionada à titularidade dos direitos políticos, ou
seja, votar e ser votado.

Cidadania tem por pressuposto a nacionalidade (que é mais ampla que a cidadania), caracterizando-se como
a titularidade de direitos políticos de votar e ser votado. O cidadão, portanto, nada mais é do que o nacional
que goza de direitos políticos. (Pedro Lenza, Direito Constitucional Esquematizado, 2013).

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Dessa forma, considera-se cidadão o brasileiro nato ou naturalizado no pleno gozo dos direitos políticos. Não
faz parte o estrangeiro, que não se enquadra no conceito de cidadão e os brasileiros que não estejam no
gozo dos seus direitos políticos.

Para exercer a cidadania é necessário o cumprimento de determinados requisitos e deveres constitucionais


e legais, sendo eles a nacionalidade, a idade necessária, além de estar em conformidade com a lei, uma vez
que aqueles que sofreram condenação transitada em julgado possuem os seus direitos políticos suspensos.

Questão correta.

3. (CEBRASPE/TELEBRAS - 2022) No âmbito do ordenamento jurídico e político nacional, a soberania


popular concretiza a ideia de cidadania e é exercida indiretamente pelo sistema parlamentar, pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, que tem valor igual para todas e todos.

Comentários:

A CF/88 determina que a soberania popular deverá ser exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, a partir dos instrumentos de participação definidos
como sendo o plebiscito, o referendo assim como a iniciativa popular.

Veja a seguir trecho da CF/88:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I – plebiscito;

II – referendo;

III – iniciativa popular.

Questão correta.

4. (CEBRASPE/PGE RJ - 2022) Não existe no Brasil nenhuma hipótese legal de acolhimento da chamada
candidatura nata, ou seja, o direito de o titular de mandato eletivo proporcional ser, obrigatoriamente,
escolhido e registrado pelo partido como candidato à reeleição.

Comentários:

Não obstante o legislador tenha tentado impor essa obrigatoriedade no § 1º do art. 8º da Lei nº 9.504/97, o
STF entendeu ser inconstitucional por violar a isonomia entre os candidatos a cargos eletivos e por atingir a
autonomia partidária.

Vejamos a ementa do julgado:

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A “candidatura nata”, prevista no art. 8º, § 1º, da Lei n. 9.504/1997, é incompatível com a
Constituição Federal de 1988, tanto por violar a isonomia entre os postulantes a cargos
eletivos como, sobretudo, por atingir a autonomia partidária (art. 5º, “caput” e art. 17 da
CF/88). STF. Plenário. ADI 2530/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 18/8/2021 (Info
1026).

A denominada “candidatura nata” — entendida como um direito potestativo de detentor de mandato eletivo
à indicação pelo partido para as próximas eleições, independentemente de aprovação em convenção
partidária — é absolutamente incompatível com a atual atmosfera de liberdade de ação partidária.

A imunização pura e simples do detentor de mandato eletivo contra a vontade colegiada do partido acaba
sendo um privilégio completamente injustificado, que contribui tão só para a perpetuação de ocupantes de
cargos eletivos, em detrimento de outros pré-candidatos, sem qualquer justificativa plausível para o
funcionamento do sistema democrático, e sem que haja meios para que o partido possa fazer imperar os
objetivos fundamentais inscritos no seu estatuto.
==3744a9==

Num contexto em que a fidelidade partidária é um princípio fundamental da dinâmica dos partidos políticos,
especialmente no que diz respeito aos titulares de cargos eletivos obtidos pelo sistema proporcional, cabe
ao candidato submeter-se à vontade coletiva do partido, e não o contrário.

A “candidatura nata” contrasta profundamente com esse postulado e, por esse aspecto, esvazia toda a ideia
de fidelidade partidária em favor de um suposto “direito adquirido” à candidatura dos detentores de
mandato eletivo pelo sistema proporcional.

Com base nesse entendimento, o Plenário julgou procedente o pedido formulado para declarar a
inconstitucionalidade do § 1º do art. 8º da Lei 9.504/1997, com modulação dos efeitos da declaração de
inconstitucionalidade.

Questão correta.

5. (CESPE / PRF – 2019) Policial rodoviário federal com mais de dez anos de serviço pode candidatar-
se ao cargo de deputado federal, devendo, no caso de ser eleito, passar para a inatividade a partir do ato
de sua diplomação.

Comentários:

Os policiais rodoviários federais são servidores públicos civis, por isso não obedecem às regras previstas para
militares. Caso eleitos para o mandato de Deputado Federal, apenas serão afastados do seu cargo público.
Questão errada.

6. (CESPE / MP-PI – 2018) O voto não é obrigatório para os analfabetos.

Comentários:

De fato, o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os analfabetos (art. 14, § 1º, II, “a”, CF). Questão
correta.

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7. (CESPE / STM – 2018) Situação hipotética: Com a pretensão de candidatar-se a cargo eletivo,
determinado militar, com cinco anos de serviço, fez, de forma regular, o pedido de registro de sua
candidatura.

Assertiva: Nessa situação, após ser eleito, o militar deverá afastar-se de sua atividade pelo período do
mandato eletivo, devendo retornar ao serviço após o seu término.

Comentários:

O militar alistável é elegível. Se ele contar com menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade.
Esse afastamento é definitivo, não sendo possível o em retorno ao serviço ativo após o término do mandato.
Questão errada.

8. (CESPE / TRE-BA – 2017) Determinada lei, publicada seis meses antes da data da realização de
eleições estaduais, criou hipótese de inelegibilidade para dificultar abuso do poder econômico.

Assinale a opção correta a respeito da classificação da referida lei e de sua vigência e aplicação.
a) Tal lei deve ser complementar, e vigerá e se aplicará a partir da data da sua publicação.
b) Tal lei deve ser complementar e não se aplicará às referidas eleições.
c) Tal lei deve ser ordinária estadual e não se aplicará às referidas eleições.
d) Tal lei deve ser ordinária distrital, e vigerá e se aplicará a partir da data da sua publicação.
e) Tal lei deve ser ordinária federal, e se aplicará a partir da data de sua publicação.

Comentários:

Há dois pontos a serem analisados nessa questão:

a) A criação de novas hipóteses de inelegibilidade será feita mediante lei complementar (art. 14,
§ 9º, CF).

b) A lei que altera o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência (art. 16, CF/88). É o princípio
da anterioridade eleitoral.

Portanto, a lei que cria a hipótese de inelegibilidade deverá ser complementar e não se aplicará às eleições.

O gabarito é a letra B.

9. (CESPE / TRE-BA – 2017) A Constituição Federal de 1988 estabelece que “todo o poder emana do
povo”, que pode exercê-lo diretamente. Nesse sentido, o instrumento constitucional que materializa uma
consequência advinda do princípio invocado é o (a)”
a) plebiscito
b) filiação partidária

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c) greve
d) alistamento militar.
e) livre expressão da atividade intelectual.

Comentários:

O regime político adotado no Brasil é a democracia semidireta. Nesse regime, o poder político é exercido de
maneira indireta, por meio dos representantes eleitos, ou diretamente, por meio de instrumentos como o
plebiscito, o referendo e a iniciativa popular de leis. O gabarito é a letra A.

10. (CESPE / DPU – 2017) Legislação infraconstitucional pode condicionar o exercício de direitos
políticos à idade.

Comentários:

Essa foi uma questão bem polêmica. Há alguns questionamentos que podemos fazer em torno do enunciado:

1) Os direitos políticos podem ser limitados? Sim, podem. A Constituição ou a legislação


infraconstitucional podem limitar os direitos políticos. Por exemplo, a CF/88 estabelece que os
analfabetos são inelegíveis. Ou, ainda, é possível que lei complementar crie novas hipóteses de
inelegibilidade.

2) Legislação infraconstitucional pode limitar / condicionar o exercício de direitos políticos?


Sim, pode. No entanto, isso somente poderá ocorrer nas hipóteses autorizadas
constitucionalmente.

3) Análise do art. 14, CF/88: Segundo o art. 14, CF/88, são condições de elegibilidade, na forma
da lei: i) a nacionalidade brasileira; ii) o pleno exercício dos direitos políticos; iii) o alistamento
eleitoral; iv) o domicílio eleitoral na circunscrição; v) a filiação partidária; vi) a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos
para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para
Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito
anos para Vereador.

A expressão “na forma da lei” dá margem para que a legislação infraconstitucional regulamente as condições
de elegibilidade. Levando isso em consideração é que o CESPE considerou a questão correta.

11. (CESPE / ANVISA – 2016) Uma lei que altere o processo eleitoral e que seja editada no mesmo ano
das eleições municipais poderá ser aplicada, desde que sua edição se dê, no mínimo, cento e oitenta dias
antes do pleito eletivo.

Comentários:

Segundo o art. 16, CF/88, “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. Trata-se do
princípio da anterioridade da lei eleitoral. Questão errada.

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12. (CESPE / PC-PE–Delegado – 2016) Embora a CF vede a cassação de direitos políticos, ela prevê casos
em que estes poderão ser suspensos ou até mesmo perdidos.

Comentários:

A CF/88 proíbe a cassação de direitos políticos. No entanto, admite a perda e a suspensão dos direitos
políticos, nas hipóteses do art. 15, CF/88. Questão correta.

13. (CESPE/ TRE-PI – 2016) Estrangeiro de qualquer nacionalidade pode se candidatar a cargos eletivos,
com exceção dos cargos para os quais se exige a condição de brasileiro nato.

Comentários:

A nacionalidade brasileira é condição de elegibilidade (art. 14, § 3o, I, CF). Questão errada.

14. (CESPE / DPU – 2016) O cancelamento da naturalização por meio de sentença judicial transitada em
julgado acarreta a perda dos direitos políticos.

Comentários:

De fato, o cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado resulta na perda dos
direitos políticos (art. 15, I, CF/88). Vale a pena destacar que existe outra hipótese em que isso é
possível: a recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art.
5º, VIII. Questão correta.

15. (CESPE / MPOG – 2015) A lei que altera o processo eleitoral deve entrar em vigor na data de sua
publicação e ser aplicada à eleição seguinte, independentemente de quando esta ocorrer.

Comentários:

A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição
que ocorra até um ano da data de sua vigência. Questão errada.

16. (CESPE / FUB – 2015) Paulo, de trinta e cinco anos de idade, exerce o segundo mandato consecutivo
de prefeito do município X. Pretendendo candidatar-se ao cargo de governador do estado no pleito
seguinte, Paulo renunciou ao mandato seis meses antes das eleições, assumindo o cargo o então vice-
prefeito, Marcos, de trinta e dois anos de idade, marido de Maria, de vinte anos de idade.

Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item subsequente, a respeito das condições de
elegibilidade.

Marcos poderá candidatar-se e ser validamente eleito para o mandato de deputado estadual nas eleições
imediatamente seguintes à sua investidura no cargo de prefeito.

Comentários:

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Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito (art. 14, §
6°, CF/88). Logo no caso Marcos não pode candidatar-se a outro cargo na eleições imediatamente seguintes
sem renunciar o cargo até 6 meses antes do pleito. Questão errada.

17. (CESPE / FUB – 2015) O analfabeto, embora inelegível, possui a faculdade de alistar-se e de votar.

Comentários:

De acordo com a CF/88 no seu art. 14:

§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

II – facultativos para:

os analfabetos;

(...)

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Logo, tanto o alistamento eleitoral como também o voto são facultativos aos analfabetos, todavia os
analfabetos não são elegíveis. Questão correta.

18. (CESPE / TRE-GO – 2015) Caso seja publicada e passe a viger em fevereiro de 2018, lei que altere o
processo eleitoral poderá ser aplicada a pleito eletivo que ocorra em outubro desse mesmo ano.

Comentários:

Versa o art. 16 da Constituição que a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. Desse modo, a lei
publicada e que passe a viger em 2018 não poderá ser aplicada a pleito eletivo que ocorra em outubro
daquele ano. Questão errada.

19. (CESPE / TRE-RS – 2015) Contra candidato que cometer atos como, por exemplo, abuso de poder
econômico, corrupção ou fraude durante o processo eleitoral cabe ação de impugnação de mandato, que
tramitará necessariamente em segredo de justiça.

Comentários:

A questão cobra o conhecimento dos § § 10 e 11 do art. 14 da Constituição, segundo os quais o mandato


eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação,
instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. A ação de impugnação de
mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé. Questão correta.

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20. (CESPE / DPE-RN – 2015) Embora possa filiar-se a partido político, o militar em serviço na ativa não
é elegível.

Comentários:

O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

a) se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

b) se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

Questão errada.

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LISTA DE QUESTÕES

Direitos Políticos

1. (CEBRASPE/TELEBRAS - 2022) A Constituição Federal de 1988 garantiu a ampliação da cidadania ao


instituir o voto obrigatório para todos os cidadãos e cidadãs, sem qualquer restrição.

2. (CEBRASPE/TELEBRAS - 2022) O conceito de cidadania está relacionado à noção de direitos das pessoas
e, por isso, pressupõe deveres, como a obediência de todas e todos às normas e leis.

3. (CEBRASPE/TELEBRAS - 2022) No âmbito do ordenamento jurídico e político nacional, a soberania


popular concretiza a ideia de cidadania e é exercida indiretamente pelo sistema parlamentar, pelo
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, que tem valor igual para todas e todos.

4. (CEBRASPE/PGE RJ - 2022) Não existe no Brasil nenhuma hipótese legal de acolhimento da chamada
candidatura nata, ou seja, o direito de o titular de mandato eletivo proporcional ser, obrigatoriamente,
escolhido e registrado pelo partido como candidato à reeleição.

5. (CESPE / PRF – 2019) Policial rodoviário federal com mais de dez anos de serviço pode candidatar-se
ao cargo de deputado federal, devendo, no caso de ser eleito, passar para a inatividade a partir do ato
de sua diplomação.

6. (CESPE / MP-PI – 2018) O voto não é obrigatório para os analfabetos.

7. (CESPE / STM – 2018) Situação hipotética: Com a pretensão de candidatar-se a cargo eletivo,
determinado militar, com cinco anos de serviço, fez, de forma regular, o pedido de registro de sua
candidatura.

Assertiva: Nessa situação, após ser eleito, o militar deverá afastar-se de sua atividade pelo período do
mandato eletivo, devendo retornar ao serviço após o seu término.

8. (CESPE / TRE-BA – 2017) Determinada lei, publicada seis meses antes da data da realização de eleições
estaduais, criou hipótese de inelegibilidade para dificultar abuso do poder econômico.

Assinale a opção correta a respeito da classificação da referida lei e de sua vigência e aplicação.
a) Tal lei deve ser complementar, e vigerá e se aplicará a partir da data da sua publicação.
b) Tal lei deve ser complementar e não se aplicará às referidas eleições.
c) Tal lei deve ser ordinária estadual e não se aplicará às referidas eleições.
d) Tal lei deve ser ordinária distrital, e vigerá e se aplicará a partir da data da sua publicação.
e) Tal lei deve ser ordinária federal, e se aplicará a partir da data de sua publicação.

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9. (CESPE / TRE-BA – 2017) A Constituição Federal de 1988 estabelece que “todo o poder emana do povo”,
que pode exercê-lo diretamente. Nesse sentido, o instrumento constitucional que materializa uma
consequência advinda do princípio invocado é o (a)”
a) plebiscito
b) filiação partidária
c) greve
d) alistamento militar.
e) livre expressão da atividade intelectual.

10. (CESPE / DPU – 2017) Legislação infraconstitucional pode condicionar o exercício de direitos políticos
à idade.

11. (CESPE / ANVISA – 2016) Uma lei que altere o processo eleitoral e que seja editada no mesmo ano das
==3744a9==

eleições municipais poderá ser aplicada, desde que sua edição se dê, no mínimo, cento e oitenta dias
antes do pleito eletivo.

12. (CESPE / PC-PE–Delegado – 2016) Embora a CF vede a cassação de direitos políticos, ela prevê casos
em que estes poderão ser suspensos ou até mesmo perdidos.

13. (CESPE/ TRE-PI – 2016) Estrangeiro de qualquer nacionalidade pode se candidatar a cargos eletivos,
com exceção dos cargos para os quais se exige a condição de brasileiro nato.

14. (CESPE / DPU – 2016) O cancelamento da naturalização por meio de sentença judicial transitada em
julgado acarreta a perda dos direitos políticos.

15. (CESPE / MPOG – 2015) A lei que altera o processo eleitoral deve entrar em vigor na data de sua
publicação e ser aplicada à eleição seguinte, independentemente de quando esta ocorrer.

16. (CESPE / FUB – 2015) Paulo, de trinta e cinco anos de idade, exerce o segundo mandato consecutivo de
prefeito do município X. Pretendendo candidatar-se ao cargo de governador do estado no pleito
seguinte, Paulo renunciou ao mandato seis meses antes das eleições, assumindo o cargo o então vice-
prefeito, Marcos, de trinta e dois anos de idade, marido de Maria, de vinte anos de idade.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item subsequente, a respeito das condições de
elegibilidade.

17. (CESPE / FUB – 2015) O analfabeto, embora inelegível, possui a faculdade de alistar-se e de votar.

18. (CESPE / TRE-GO – 2015) Caso seja publicada e passe a viger em fevereiro de 2018, lei que altere o
processo eleitoral poderá ser aplicada a pleito eletivo que ocorra em outubro desse mesmo ano.

19. (CESPE / TRE-RS – 2015) Contra candidato que cometer atos como, por exemplo, abuso de poder
econômico, corrupção ou fraude durante o processo eleitoral cabe ação de impugnação de mandato,
que tramitará necessariamente em segredo de justiça.

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20. (CESPE / DPE-RN – 2015) Embora possa filiar-se a partido político, o militar em serviço na ativa não é
elegível.

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GABARITO
1. ERRADA
2. CORRETA
3. CORRETA
4. CORRETA
5. ERRADA
6. CORRETA
7. ERRADA
8. LETRA B
9. LETRA A
10. CORRETA
11. ERRADA
12. CORRETA
13. ERRADA
14. CORRETA
15. ERRADA
16. ERRADA
17. CORRETA
18. ERRADA
19. CORRETA
20. ERRADA

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TSE - Concurso Unificado - Noções de Direito Constitucional - 2024 (Pós-Edital) 25


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