2º Freq Mateus Murta

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Mateus Murta 2018

Resumo 2ª Frequência de Contabilidade Pública

# NCP 5 – Ativos Fixos Tangíveis

• O objetivo desta Norma é prescrever o tratamento contabilístico dos ativos fixos tangíveis.
Uma entidade deve aplicar esta Norma na contabilização de ativos fixos tangíveis, exceto
quando tiver sido adotado um tratamento contabilístico diferente, de acordo com uma
outra NCP. Esta Norma aplica-se a ativos fixos tangíveis (quer de domínio público, quer de
domínio privado), incluindo:
- Equipamento militar;
- Infraestruturas;
- Bens do património histórico; e
- Ativos de contratos de concessão após reconhecimento.
• A presente Norma exige que uma entidade reconheça os bens relativos ao património
histórico tangível, desde que satisfaçam a definição e os critérios de reconhecimento de
ativos fixos tangíveis. No caso de não ser possível reconhecer tais ativos, a entidade deve,
no mínimo, fazer a sua divulgação em notas às demonstrações financeiras. Os patrimônios
históricos tangíveis tem como características:
- É improvável que o seu valor em termos culturais, ambientais, educacionais e históricos
seja inteiramente refletido num valor financeiro unicamente baseado num preço de
mercado;
- Obrigações legais e ou estatutárias podem impor proibições ou restrições severas à sua
alienação por venda;
- São geralmente insubstituíveis e o seu valor pode aumentar ao longo do tempo, mesmo
se a sua condição física se deteriorar; e
- Pode ser difícil estimar as suas vidas úteis, que em alguns casos podem ser de várias
centenas de anos.
• As entidades que reconheçam ativos do património histórico devem também divulgar a
respeito desses ativos, por exemplo a base de mensuração usada, a quantia escriturada
bruta, entre outros.
• Definições:
- Ativos fixos tangíveis são bens com substância física que: (a) São detidos para uso na
produção ou fornecimento de bens ou serviços, para aluguer a terceiros, ou para fins
administrativos; e (b) Se espera sejam usados durante mais de um período de relato.
- Classe de ativos fixos tangíveis significa um grupo de ativos com idêntica natureza ou
função similar nas operações da entidade;
- Depreciação é a imputação sistemática da quantia depreciável de um ativo durante a sua
vida útil;
- Uma perda por imparidade é a quantia pela qual a quantia escriturada de um ativo excede
a sua quantia recuperável;
- Quantia escriturada de um ativo fixo tangível é a quantia pela qual esse ativo é reconhecido
depois de deduzir qualquer depreciação acumulada e perdas por imparidade acumuladas;
- Quantia recuperável é a maior quantia entre o justo valor de um ativo gerador de caixa
menos os custos de vender e o seu valor de uso;

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- Vida útil é o período de tempo durante o qual se espera que um ativo seja usado por uma
entidade.
• Reconhecimento: O custo de um bem do ativo fixo tangível deve ser reconhecido como
ativo se, e apenas se:
- For provável que fluirão para a entidade benefícios económicos futuros ou potencial de
serviço associados ao bem; e
- O custo ou o justo valor do bem puder ser mensurado com fiabilidade.
• As peças sobressalentes e equipamentos de serviço são geralmente registados como
inventários e reconhecidos nos resultados quando consumidos. Porém, as grandes peças
sobressalentes e equipamentos de substituição contabilizam-se como ativos fixos tangíveis
quando uma entidade espera usá-los durante mais de um período.
• Alguns ativos são geralmente descritos como infraestruturas. Incluem-se entre os exemplos
de infraestruturas as redes de estradas, os sistemas de esgotos, os sistemas de
abastecimento de água e energia e as redes de telecomunicações. São características destes
ativos:
- Fazem parte de um sistema ou rede;
- São de natureza especializada e não têm usos alternativos;
- São inamovíveis; e
- Podem estar sujeitos a restrições na alienação.
• Uma entidade deve reconhecer os custos da assistência técnica corrente de um bem nos
resultados, logo que suportados. Além disso, uma entidade deve reconhecer na quantia
escriturada de um bem do ativo fixo tangível o custo da parte que substitui tal bem quando
suportado, se estiverem satisfeitos os critérios de reconhecimento.
• Mensuração inicial: Um bem do ativo fixo tangível que satisfaça as condições de
reconhecimento como um ativo deve ser inicialmente mensurado pelo seu custo. O custo
de um bem do ativo fixo tangível compreende:
- O seu preço de compra;
- Quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local;
- A estimativa inicial dos custos de desmantelamento e de remoção do bem e da restauração
do local em que está localizado;
• Mensuração subsequente:
- Modelo do custo: após reconhecimento como ativo, um bem do ativo fixo tangível deve
ser registado pelo seu custo, menos qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas
por imparidade acumuladas, devendo aplicar-se essa política a uma classe inteira de ativos
fixos tangíveis.
- Modelo da revalorização: em algumas circunstâncias os ativos fixos tangíveis podem ser
objeto de revalorização de acordo com critérios e parâmetros a definir em dispositivo legal
adequado. Se um bem do ativo fixo tangível for revalorizado, qualquer depreciação
acumulada à data da revalorização deve ser ou eliminada contra a quantia escriturada bruta
do ativo, ou reexpressa proporcionalmente à alteração na quantia bruta registada do ativo.
Se a quantia escriturada de um ativo fixo tangível for aumentada em consequência de uma
revalorização, o aumento deve ser creditado diretamente no património líquido como
excedentes de revalorização. Por outro lado, se a quantia escriturada de um ativo fixo

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tangível for reduzida em consequência de uma revalorização, a redução deve ser


reconhecida nos resultados.
• Depreciação: a depreciação de um ativo começa quando fica disponível para uso, isto é,
quando estiver no local e nas condições necessárias para ser capaz de operar da forma
pretendida pelo órgão de gestão.
- O método de depreciação deve refletir o padrão pelo qual se espera que os benefícios
económicos futuros ou potencial de serviço sejam usufruídos pela entidade. A presente
norma consagra os seguintes métodos: Método das quotas constantes (ou da linha reta);
Método das quotas degressivas (ou do saldo decrescente); Método das unidades de
produção.
- A norma preconiza que o método mais adequado às Administrações Públicas é, em regra,
o método das quotas constantes (ou da linha reta). Este método deve ser aplicado de forma
consistente de período para período, a não ser que ocorra uma alteração no modelo de
consumo esperado desses benefícios económicos futuros ou potencial de serviço.
• Perdas por imparidade: Para uma entidade determinar se um bem do ativo fixo tangível
está ou não em imparidade, deve aplicar a NCP 9—Imparidade de Ativos.
• Desreconhecimento: um bem do ativo fixo tangível deve ser desreconhecido:
- No momento da alienação (incluindo alienação através de uma transação sem
contraprestação); ou
- Quando não se esperam benefícios económicos futuros ou potencial de serviço do seu uso
ou alienação.

# NCP 3 – Ativos Intangíveis

• Objetivo: o objetivo desta Norma é prescrever o tratamento contabilístico de ativos


intangíveis que não sejam tratados especificamente numa outra Norma. Esta Norma exige
que uma entidade reconheça um ativo intangível se, e apenas se, forem satisfeitos
determinados critérios.
• Definições:
- Um ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física;
- Um ativo é identificável se:
> For separável, isto é, capaz de ser separado ou destacado da entidade e vendido,
transferido, licenciado, alugado ou trocado;
> Decorrer de acordos vinculativos.

- Controlo: uma entidade controla um ativo se tiver o poder de obter os benefícios


económicos futuros ou potencial de serviço que flui dos recursos subjacentes e de restringir
o acesso de outrem a esses benefícios ou potencial de serviço.

- Os benefícios económicos futuros ou potencial de serviço que fluem de um ativo intangível


podem incluir rendimentos da venda de produtos ou serviços, poupanças de custos, ou
outros benefícios resultantes do uso desse ativo.

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• Reconhecimento: O reconhecimento de um item como ativo intangível exige que uma


entidade demonstre que o item satisfaça tanto a definição de um ativo intangível, como os
critérios de reconhecimento.
• Mensuração inicial:
- Há diferentes critérios para as transações com contraprestação e par as transações sem
contraprestação;
- O Goodwill gerado internamente não deve ser reconhecido como um ativo;
- Ativos intangíveis gerados internamente;
- Fase de pesquisa: não deve ser reconhecido qualquer ativo intangível decorrente de
pesquisa (ou da fase de pesquisa de um projeto interno);
- Fase de desenvolvimento: um ativo intangível decorrente de desenvolvimento (ou da fase
de desenvolvimento de um projeto interno) deve ser reconhecido se, e apenas se, uma
entidade puder demonstrar cumulativamente os requisitos das alíneas a) a f) do § 49.
- Os ativos intangíveis adquiridos por troca são mensurados ao justo valor.
• Mensuração subsequente: após reconhecimento como ativo, um ativo intangível deve ser
registado pelo seu custo, menos qualquer amortização acumulada e quaisquer perdas por
imparidade acumuladas, devendo aplicar-se essa política a uma classe inteira de ativos
intangíveis.
• Vida útil: São considerados diversos fatores na determinação da vida útil de um ativo
intangível.
- Ativos intangíveis de domínio público, património histórico, artístico e cultural – ilimitada;
- Goodwill - 10 anos;
- Projetos de desenvolvimento - 3 anos.
• Método de amortização: A quantia amortizável de um ativo intangível deve ser imputada
numa base sistemática durante a sua vida útil. A amortização deve começar quando o ativo
está disponível para uso, isto é, quando estiver na localização e condição necessárias para
operar da forma pretendida pelo órgão de gestão. A amortização deve cessar na data que
ocorrer primeiro entre a data em que o ativo for classificado como detido para venda e a
data em que o ativo for desreconhecido. A presente Norma preconiza que o método mais
adequado às Administrações Públicas é, em regra, o método das quotas constantes (ou da
linha reta).
• Desreconhecimento: Um ativo intangível deve ser desreconhecido:
- No momento da alienação (incluindo alienação através de uma transação sem
contraprestação); ou
- Quando não se esperam benefícios económicos futuros ou potencial de serviço do seu uso
ou alienação.
- O ganho ou perda decorrente do desreconhecimento de um ativo Intangível deve ser
reconhecido nos resultados quando o ativo for desreconhecido.

# NCP 8 – Propriedades de Investimentos

• Objetivo: O objetivo desta norma é prescrever o tratamento contabilístico de propriedades


de investimento e respetivos requisitos de divulgação.

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• Definições:
- Propriedade de investimento é um terreno ou um edifício, ou parte de um edifício, ou
ambos, detidos para obtenção de rendas ou para valorização do capital, ou ambos, e que
não seja para usar na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para fins
administrativos, ou para vender no decurso normal das operações.
• Reconhecimento: uma propriedade de investimento deve ser reconhecida como um ativo
quando, e apenas quando:
- For provável que fluirão para a entidade benefícios económicos futuros ou potencial de
serviço associados à propriedade de investimento; e
- O custo ou o justo valor da propriedade de investimento puder ser mensurado com
fiabilidade.
• Mensuração inicial: quando uma propriedade de investimento for adquirida numa
transação com contraprestação, a mensuração é ao custo. Por sua vez, quando a
propriedade de investimento for adquirida numa transação sem contraprestação, a
mensuração é feita com o custo sendo o justo valor à data de aquisição.
• Mensuração subsequente: uma entidade deve escolher como sua política contabilística ou
o modelo do justo valor ou o modelo do custo, devendo aplicar essa política a todas as suas
propriedades de investimento.
- Modelo do justo valor: após o reconhecimento inicial, uma entidade que opte por utilizar
o modelo do justo valor deve mensurar todas as suas propriedades de investimento ao justo
valor, exceto se for incapaz de o mensurar com fiabilidade.
Nota: O justo valor das propriedades de investimento é o preço pelo qual tais propriedades
podem ser trocadas numa transação entre partes conhecedoras, dispostas a negociar e sem
relacionamento entre si.
Nota: O justo valor deve refletir as condições de mercado à data de relato, dado que o justo
valor é específico numa determinada data, pois as condições de mercado podem variar.
- Modelo do custo: após o reconhecimento inicial, uma entidade que escolha o modelo do
custo deve mensurar todas as suas propriedades de investimento ao custo menos
depreciação acumulada e perdas por imparidade acumuladas.
• Transferências: As transferências para, ou de, propriedades de investimento devem ser
feitas quando, e apenas quando, existir uma alteração no uso, evidenciada por:
- Começo da ocupação pelo titular— no caso de uma transferência de propriedade de
investimento para propriedade ocupada pelo titular;
- Começo do desenvolvimento com o objetivo de venda— no caso de uma transferência de
propriedade de investimento para inventários;
- Fim da ocupação pelo titular— no caso de uma transferência de propriedade ocupada pelo
titular para propriedade de investimento; ou
- Começo de uma locação operacional (numa base comercial) —no caso de uma
transferência de inventários para propriedade de investimento.
Nota: Quando uma entidade usar o modelo do custo, as transferências entre propriedades
de investimento, propriedade ocupada pelo titular e inventários não alteram a quantia
escriturada da propriedade transferida e não alteram o custo da propriedade para efeitos
de mensuração ou divulgação.

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Nota: No caso de uma transferência de propriedades de investimento registada pelo justo


valor para propriedade ocupada pelo titular ou para inventários, o custo da propriedade
para contabilização subsequente segundo a NCP 5 —Ativos Fixos Tangíveis ou a NCP 10—
Inventários, deve ser o seu justo valor à data da alteração do uso.
Nota: Se uma propriedade ocupada pelo titular se tornar uma propriedade de investimento
que vai ser registada ao justo valor, uma entidade deve aplicar a NCP 5—Ativos Fixos
Tangíveis até à data da alteração no uso.
Nota: Até à data em que uma propriedade ocupada pelo titular se tornar uma propriedade
de investimento registada ao justo valor, uma entidade continua a depreciar a propriedade
e deve reconhecer quaisquer perdas por imparidade que tenham ocorrido.
Nota: Qualquer diminuição na quantia escriturada da propriedade deve ser reconhecida nos
resultados. Porém, até ao limite em que exista uma quantia incluída no excedente de
revalorização relativa a essa propriedade, tal diminuição deve ser debitada contra esse
excedente de revalorização.
Nota: Qualquer aumento na quantia escriturada deve ser tratado até ao limite em que o
aumento reverta uma perda de imparidade anterior dessa propriedade, tal aumento deve
ser reconhecido nos resultados.
Nota: No caso de uma transferência de inventários para propriedades de investimento que
vai ser registada ao justo valor, qualquer diferença entre o justo valor da propriedade nessa
data e a sua anterior quantia escriturada deve ser reconhecida nos resultados.
Nota: Quando uma entidade concluir a construção ou o desenvolvimento de uma
propriedade de investimento construída para si própria que vai ser registada ao justo valor,
qualquer diferença entre o justo valor da propriedade nessa data e a sua quantia escriturada
anterior deve ser reconhecida nos resultados.
• Alienações: Uma propriedade de investimento deve ser desreconhecida na data de
alienação ou quando for permanentemente retirada do uso e da sua alienação não se
esperam benefícios económicos futuros ou potencial de serviço.

# A Nova Lei de Enquadramento Orçamental (LEO)

• O novo processo orçamental reflete sobretudo as influências da literatura internacional,


mormente do FMI e da OCDE.
• A Lei 151/2015, de 11 de setembro procede à reforma da Lei de Enquadramento
Orçamental, publicando um novo normativo que revoga a anterior Lei de Enquadramento
Orçamental, a Lei 91/2001, de 20 de agosto. Esta Lei agora aprovada, que não altera a
anterior Lei de Enquadramento Orçamental, mas sim revoga-a (embora algumas partes da
nova Lei não tenham aplicação imediata), muda de forma significativa o processo
orçamental.
• Duas grandes vertentes:
- Por um lado, iniciar uma verdadeira orçamentação por programas em Portugal.
- Por outro lado, dá continuidade à adequação do processo orçamental às novas regras
orçamentais Europeias, nomeadamente as decorrentes do Tratado Orçamental
(oficialmente designado por Tratado Sobre Estabilidade, Coordenação e Governação na
União Económica e Monetária), entre outros.

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• A Lei procura melhorar o relato financeiro e a qualidade da informação orçamental.


• A nova Lei de Enquadramento Orçamental tem como objeto (tal como a anterior):
- Os princípios e as regras orçamentais aplicáveis ao setor das administrações públicas;
- O regime do processo orçamental;
- As regras de execução, de contabilidade e reporte orçamental e financeiro;
- As regras de fiscalização, de controlo e auditoria orçamental e financeira, respeitantes ao
perímetro do subsetor da administração central e do subsetor da segurança social.
• O seu âmbito, definido no art.º 2, é o setor das administrações públicas, o que abrange:
- Todos os serviços e entidades dos subsetores da administração central, regional, local e da
segurança social, que não tenham natureza e forma de empresa, de fundação ou de
associação públicas;
- O setor da Segurança Social;
- Integram ainda o setor das administrações públicas as entidades que tenham sido incluídas
em cada subsetor no âmbito do Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais.
• Assim, os documentos de programação orçamental devem incluir:
- O cenário macroeconómico e orçamental, com explicitação das hipóteses consideradas;
- Comparação com as últimas previsões efetuadas pelo Governo e a explicação das revisões
efetuadas;
- A comparação com as previsões de outros organismos nacionais e internacionais para o
mesmo período;
- A análise de sensibilidade do cenário macro orçamental a diferentes hipóteses para as
principais variáveis.
• A nova Lei optou por criar um período de transição na aplicação do novo processo
orçamental.
• Princípios orçamentais:
- Princípio da Unidade e da Universalidade: Ou seja, que apenas existe um Orçamento ao
nível do Estado;
- Princípio da estabilidade orçamental e Princípio da sustentabilidade orçamental:
cumprimento das regras orçamentais numéricas sem prejuízo das regras previstas nas leis
de financiamento regional e local;
- Princípio da solidariedade recíproca: todos os subsetores devem contribuir
proporcionalmente para a realização da estabilidade orçamental ;
- Princípio da equidade geracional: distribuição de benefícios e custos entre gerações;
- Princípio da anualidade e plurianualidade: O princípio da anualidade estabelece que o
exercício orçamental é anual. No entanto estabelece-se que deva existir um período
complementar de execução orçamental;
- Princípio da não compensação: todas as receitas são previstas pela importância integral
em que foram avaliadas ;
- Princípio da não consignação: não pode afetar-se o produto de quaisquer receitas à
cobertura de determinadas despesas;
- Princípio da especificação: as despesas são estruturadas por programas, por fonte de
financiamento e por classificadores orgânico, funcional e económico ;
- Princípio da economia, eficiência e eficácia: a assunção de compromissos e a realização de
despesa pelos serviços e pelas entidades pertencentes aos subsetores que constituem o

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setor das administrações públicas estão sujeitas ao princípio da economia, eficiência e


eficácia;
- Princípio da transparência orçamental: disponibilização de informação sobre a
implementação e a execução dos programas, objetivos da política orçamental, orçamentos
e contas do setor das administrações públicas, por subsetor.
• A orçamentação por programas, embora muito exigente, representa uma melhoria
substancial da qualidade do processo orçamental e da eficiência dos gastos públicos. A
Orçamentação por Programas (OP) compreende a criação de um ciclo plurianual de
planeamento, programação, orçamentação, controlo e avaliação do desempenho da
atuação do Estado, com vista a garantir aos contribuintes uma melhor aplicação dos seus
impostos, contribuindo para uma despesa pública que maximize os efeitos socioeconómicos
(outcomes) capazes de melhorar o seu nível de bem-estar, i.e., potenciar o value-formoney
dos cidadãos.
• As regras do saldo orçamental e do limite à dívida, aplicáveis aos subsetores das
administrações regional e local, constam das respetivas leis de financiamento.
• O Governo define por decreto-lei (no decreto-lei de execução orçamental) as operações de
execução orçamental da competência dos membros do Governo e dos dirigentes dos
serviços sob sua direção ou tutela.
• A execução do Orçamento do Estado, incluindo o orçamento da segurança social, é objeto
de controlo administrativo, jurisdicional e político. O sistema de controlo da administração
financeira do Estado compreende os domínios orçamental, económico, financeiro e
patrimonial e visa assegurar o exercício coerente e articulado do controlo no âmbito das
administrações públicas.
• A nova Lei institui que o controlo orçamental faz-se fundamentalmente através de quadros
de programação de médio prazo, o quadro plurianual das despesas públicas.
• A criação da Entidade Contabilística Estado na proposta de lei de Enquadramento
Orçamental visa reconhecer de acordo com o método das partidas dobradas e obedecendo
ao princípio do acréscimo, os rendimentos fiscais, a dívida direta do Estado, os juros dessa
dívida, os instrumentos financeiros do Estado, os investimentos financeiros, os contratos de
concessão, e outras transações. Ela possibilitará no futuro apresentar, de forma universal,
o Orçamento e as contas patrimoniais do Estado, de forma a garantir uma maior qualidade
e transparência das contas públicas, criando um Balanço do Estado.

# NCP 15 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

• O objetivo desta Norma é definir provisões, passivos contingentes e ativos contingentes, e


identificar as circunstâncias em que as provisões devem ser reconhecidas e como devem
ser mensuradas. Esta Norma aplica-se na contabilização de provisões, passivos contingentes
e ativos contingentes.
• Definições:
- Ativo contingente é um ativo possível que decorre de acontecimentos passados e cuja
existência apenas será confirmada pela ocorrência ou não de um ou mais acontecimentos
futuros incertos que não está totalmente sob controlo da entidade;
- Obrigação construtiva é uma obrigação que deriva das ações de uma entidade;

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- Passivo contingente é uma obrigação possível que decorre de acontecimentos passados e


cuja existência apenas será confirmada pela ocorrência ou não de um ou mais
acontecimentos futuros incertos, que não estão totalmente sob controlo da entidade;
- Provisão é um passivo de momento ou quantia incertos.
• Reconhecimento: uma provisão deve ser reconhecida quando, cumulativamente:
- Uma entidade tem uma obrigação presente (legal ou construtiva) como resultado de um
acontecimento passado;
- É provável que seja exigido um exfluxo de recursos incorporando benefícios económicos
ou potencial de serviço para pagar essa obrigação;
- Pode ser feita uma estimativa fiável da quantia dessa obrigação.
• Mensuração: A quantia reconhecida como uma provisão deve ser a melhor estimativa do
dispêndio exigido para liquidar a obrigação presente à data de relato. Os acontecimentos
futuros que possam afetar a quantia exigida para liquidar uma obrigação devem ser
refletidos na quantia de uma provisão quando haja evidência objetiva suficiente de que
ocorrerão. Os ganhos da alienação esperada de ativos não devem ser tomados em
consideração ao mensurar uma provisão.
• Alterações: as provisões devem ser revistas em cada data de relato e ajustadas para
refletirem a melhor estimativa corrente. Se deixar de ser provável que é necessário um
exfluxo de recursos incorporando benefícios económicos ou potencial de serviço para
liquidar a obrigação, a provisão deve ser revertida.
• Utilização: uma provisão apenas deve ser utilizada para dispêndios relativamente aos quais
foi originalmente reconhecida. Apenas os dispêndios que se relacionem com a provisão
original são compensados contra a mesma.
• Contratos onerosos: se uma entidade tiver um contrato oneroso, a obrigação presente
(líquida de recuperações) decorrente do contrato deve ser reconhecida e mensurada como
uma provisão.
• Reestruturações: uma provisão para gastos de reestruturação apenas é reconhecida
quando são satisfeitos os critérios de reconhecimento geral de provisões estabelecidos na
presente Norma.
• Uma obrigação construtiva relativa a uma reestruturação surge apenas quando uma
entidade tem um plano formal detalhado para a reestruturação que identifique pelo menos:
- A respetiva unidade operacional/atividade ou a parte de uma unidade operacional;
- As principais localizações afetadas; etc.

# NCP 17 – Acontecimentos Após a Data de Relato


• O objetivo da presente Norma é prescrever quando é que uma entidade deve ajustar as
suas demonstrações financeiras relativamente a acontecimentos após a data de relato e os
princípios sobre as divulgações que uma entidade deve fazer acerca da data em que as
demonstrações financeiras foram autorizadas para emissão e acerca de acontecimentos
após a data de relato.
• Definições:
- Acontecimentos após a data de relato são os acontecimentos, tanto favoráveis como
desfavoráveis, que ocorram entre a data de relato e a data em que as demonstrações

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financeiras são autorizadas para emissão. Podem ser identificados dois tipos de
acontecimentos:
> Os que proporcionam evidência de condições que existiam à data de relato
(acontecimentos após a data de relato que dão lugar a ajustamentos); e
> Os que são indicativos de condições que surgiram após a data de relato
(acontecimentos após a data de relato que não dão lugar a ajustamentos).
• Reconhecimento e mensuração: No período entre a data de relato e a data de autorização
para emissão, os representantes governamentais podem anunciar intenções do Governo
em relação a determinadas matérias. Na maioria dos casos, o anúncio de intenções
governamentais não conduz ao reconhecimento de acontecimentos que dão lugar a
ajustamentos. Uma entidade deve ajustar as quantias reconhecidas nas suas
demonstrações financeiras para refletir os acontecimentos após a data de relato que dão
lugar a ajustamentos.
São exemplos de acontecimentos após a data de relato que dão lugar a ajustamentos:
- A resolução após a data de relato de uma ação judicial que confirma que a
entidade tinha uma obrigação presente à data de relato;
- A obtenção de informação após a data de relato indicando que um ativo estava
em imparidade à data de relato;
- A descoberta de fraudes ou erros que mostrem que as demonstrações financeiras
estavam incorretas.
São exemplos de acontecimentos após a data de relato que não dão lugar a ajustamentos:
- Quando uma entidade tenha adotado uma política de revalorizar regularmente
propriedades para o justo valor, e ocorrer um declínio no justo valor das
propriedades entre a data de relato e a data em que as demonstrações financeiras
foram autorizadas para emissão;
- Quando uma entidade que tenha a seu cargo determinados programas de apoio
à comunidade decide, após a data de relato mas antes das demonstrações
financeiras serem autorizadas, proporcionar benefícios adicionais direta ou
indiretamente aos beneficiários desses programas.
• Dividendos ou distribuições similares: Se uma entidade declarar dividendos ou distribuições
similares após a data de relato, não deve reconhecer essas distribuições como um passivo
na data de relato.
• Continuidade: A avaliação sobre se o pressuposto da continuidade é apropriado deve ser
considerada por cada entidade. Porém, a avaliação da continuidade é provavelmente de
maior relevância para as entidades individuais do que para o governo nos seus diversos
níveis.

# NCP 6 – Locações

• O objetivo da presente Norma é prescrever o tratamento contabilístico relativo a locações


financeiras e locações operacionais, tanto na perspetiva dos locatários como dos locadores.
• Uma locação é um acordo pelo qual o locador transfere para o locatário o direito de uso de
um ativo durante um período de tempo acordado, em troca de um pagamento ou uma série
de pagamentos. Pode distinguir-se em locação financeira, que é uma locação que transfere

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substancialmente todos os riscos e vantagens inerentes à propriedade de um ativo, e


locação operacional, que é uma locação que não é uma locação financeira.
• A classificação das locações deve ocorrer no início da locação. Além disso, uma locação é
classificada como locação financeira se transferir substancialmente todos os riscos e
vantagens inerentes à propriedade. Por outro lado, uma locação é classificada como locação
operacional se não transferir substancialmente todos os riscos e vantagens inerentes à
propriedade.
• Reconhecimento: No começo do prazo de locação, os locatários devem reconhecer nos seus
balanços os bens adquiridos através de locações financeiras como ativos e as respetivas
obrigações de locação como passivos. Os ativos e os passivos devem ser reconhecidos no
início da locação por quantias iguais ao justo valor da propriedade locada ou, se inferior, ao
valor presente dos pagamentos mínimos da locação.
• Os pagamentos mínimos de locação devem ser repartidos entre o encargo financeiro e a
redução do saldo do passivo.
• O encargo financeiro deve ser imputado a cada um dos períodos durante o prazo de locação
de forma a obter uma taxa de juro constante periódica sobre o saldo remanescente do
passivo.
• As rendas contingentes devem ser reconhecidas como gastos no período em que são
suportadas.
• Uma locação financeira dá origem a um gasto de depreciação relativo a ativos depreciáveis
e a um gasto financeiro relativo a cada período contabilístico.
• No caso das locações operacionais, os pagamentos de locação segundo uma locação
operacional são reconhecidos como um gasto numa base linear, a menos que outra base
sistemática seja representativa do modelo temporal do benefício do utilizador, mesmo se
os pagamentos não forem nessa base.
• Uma venda seguida de locação envolve a venda de um ativo e a posterior locação desse
mesmo ativo. Se uma venda seguida de locação resultar numa locação financeira, qualquer
excesso do produto da venda sobre a quantia escriturada não deve ser imediatamente
reconhecido como rendimento por um vendedor locatário, mas sim diferido e reconhecido
durante o prazo de locação. Se a relocação for uma locação financeira, a transação é um
meio pelo qual o locador proporciona financiamento ao locatário, com o ativo como
garantia.
• No caso de venda seguida de locação:
- Se uma venda seguida de locação resultar numa locação operacional, e se ficar claro que
a transação é feita ao justo valor, qualquer ganho ou perda deve ser reconhecido
imediatamente, dado que houve de facto uma venda normal.
- Se o preço de venda ficar abaixo do justo valor, qualquer ganho ou perda deve ser
reconhecido imediatamente, exceto quando a perda for compensada por futuros
pagamentos de locação abaixo do preço de mercado, caso em que a perda deve ser diferida
e reconhecida proporcionalmente aos pagamentos de locação durante o período em que
se espera que o ativo seja usado.

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# NCP 9 – Imparidade de Ativos

• Esta Norma trata dos procedimentos que uma entidade deve seguir para determinar se um
ativo está em imparidade, como fazer testes de imparidade e como reconhecer uma perda
por imparidade e uma reversão de uma perda por imparidade. A NCP 9 trata especialmente
da imparidade relativa a ativos fixos tangíveis e ativos intangíveis mensurados ao custo.
• Os benefícios económicos ou potencial de serviço proporcionados por um ativo vão
reduzindo sistematicamente em função do seu uso estimado. Essa redução é reconhecida
através das depreciações e amortizações. Qualquer outra perda adicional desses benefícios
económicos ou potencial de serviço é uma perda por imparidade.
• Uma perda por imparidade resulta da diferença entre a quantia escriturada do ativo e a sua
quantia recuperável. Para uma entidade determinar se um ativo está em imparidade utiliza
um conjunto de indicadores ou indícios na base dos quais faz os testes necessários para
concluir se de facto existe ou não uma perda do valor do ativo. Se houver, deve reconhecer
essa perda.
• Os ativos de uma entidade são geralmente detidos para gerar um retorno económico
resultante do seu uso ou venda, isto é, para gerar influxos de caixa. No setor público, há
entidades que detêm ativos para gerar um retorno económico (por exemplo, uma entidade
de produção e venda de água cujos ativos geram influxos de caixa através da faturação aos
utentes), e há entidades – a sua maioria – que detêm ativos principalmente para prestarem
um serviço, isto é, a sua detenção e uso não têm como finalidade principal gerar um retorno
económico.
• Indicadores de imparidade:
- Para avaliar se um ativo não gerador de caixa pode estar em imparidade, uma entidade
pode usar fontes externas e fontes internas de informação. Relativamente às fontes
externas de informação a Norma dá como exemplos: cessação, ou cessação eminente, da
procura ou da necessidade dos serviços proporcionados pelo ativo. Neste caso o ativo ainda
mantém o mesmo potencial de serviço, mas a procura por esse serviço terminou ou está a
terminar.
- Alterações significativas de longo prazo com um efeito adverso na entidade quanto ao
ambiente tecnológico em que opera. Neste caso a utilidade de serviço de um ativo pode ser
reduzido se a tecnologia avançou para produtos alternativos que proporcionam serviços
melhores e mais eficientes.
- Relativamente às fontes internas de informação a Norma dá como exemplos: evidência de
danos físicos no ativo; os danos físicos têm como provável consequência o facto de o ativo
já não ser capaz de proporcionar o mesmo nível de serviço que proporcionava antes; e
alterações significativas de longo prazo com efeitos adversos na entidade, na extensão em
que um ativo é usado ou se espera que seja usado. Neste caso o ativo ainda mantém o
mesmo potencial de serviço mas alterações de longo prazo têm efeitos adversos na
extensão em que o ativo é usado.
- Decisão para suspender a construção do ativo antes de estar concluído ou em condições
de ser utilizado. Um ativo que não será concluído não pode proporcionar o serviço
pretendido.
- Evidência através de relatórios internos que indicam que o desempenho de serviço de um

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ativo está a ser, ou será, significativamente pior do que esperado. Os relatórios internos
podem indicar que um ativo não está a ter o desempenho esperado ou o seu desempenho
está a deteriorar-se com o passar do tempo.
• A perda por imparidade de um ativo não gerador de caixa é a diferença entre a quantia
escriturada e a quantia recuperável de serviço desse ativo.
• Por sua a vez, a quantia recuperável de serviço é a maior quantia entre o justo valor menos
os custos de vender e o seu valor de uso.
• O valor de uso de um ativo não gerador de caixa é o valor presente do potencial de serviço
remanescente do ativo e é determinado utilizando qualquer dos seguintes métodos ou
abordagens:
- Abordagem pelo custo de reposição depreciado: o valor presente do potencial de serviço
remanescente do ativo é o custo de substituição depreciado do ativo. O custo de
substituição depreciado é o custo de reprodução ou de substituição do ativo (dos dois o
mais baixo), deduzido da depreciação acumulada calculada na base desse custo para refletir
o potencial de serviço já consumido.
- Abordagem pelo custo de restauro – o valor presente do potencial de serviço
remanescente do ativo é o custo estimado de restauro deduzido do custo de substituição
depreciado do ativo antes da imparidade. O custo de restauro é o custo de restaurar o
potencial de serviço do ativo para o seu nível antes da imparidade.
- Abordagem pelas unidades de serviço – o valor presente do potencial de serviço
remanescente do ativo é o custo corrente do potencial de serviço do ativo reduzido para
estar conforme a quantidade de unidades de serviço esperadas no estado de imparidade.
• Uma reversão de uma perda por imparidade reflete o aumento na quantia recuperável de
serviço estimado de um ativo desde a data em que uma entidade reconheceu pela última
vez uma perda por imparidade relativa a esse ativo. As alterações nas estimativas que
causaram o aumento na quantia recuperável de serviço devem ser identificadas e
divulgadas.
• Grande parte dos ativos detidos pelo setor público são ativos não geradores de caixa.
Porém, há entidades que detêm ativos geradores de caixa e, também pode haver entidades
que detêm ativos que são simultaneamente geradores de caixa e não geradores de caixa.
Os princípios gerais para a determinação da perda por imparidade de um ativo gerador de
caixa são idênticos aos de um ativo não gerador de caixa. Para efeitos de mensuração da
quantia recuperável, porém, existem diferenças. Desde logo porque a quantia recuperável
do ativo é determinada para o ativo que gera fluxos de caixa independentes. Porém, nem
sempre um ativo gera fluxos de caixa independentes por estar integrado num conjunto de
ativos e, nestes casos, é necessário definir qual o mais pequeno grupo de ativos onde se
integra esse ativo que gera fluxos de caixa independentes. A esse grupo chama-se Unidade
Geradora de Caixa (UGC).
• Apenas quando a quantia recuperável de um ativo for inferior à sua quantia escriturada é
que esta deve ser reduzida para a quantia recuperável. Essa redução é uma perda por
imparidade. Uma perda por imparidade deve ser reconhecida imediatamente nos
resultados.
• Uma entidade deve avaliar em cada data de relato se existe qualquer indício de que uma
perda por imparidade reconhecida em períodos anteriores relativamente a um ativo possa

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ter diminuído ou deixado de existir. Se tal indício existir, a entidade deve estimar a quantia
recuperável desse ativo. Um aumento da quantia escriturada de um ativo atribuível a uma
reversão de uma perda por imparidade não deve exceder a quantia escriturada que teria
sido determinada (líquida de amortização ou depreciação) se nenhuma perda por
imparidade tivesse sido reconhecida no ativo em períodos anteriores.
• Uma reversão de uma perda por imparidade de uma unidade geradora de caixa deve ser
imputada aos ativos da unidade numa base pro rata em relação às quantias registadas
desses ativos.

# NCP 19 – Benefícios dos Empregados

• Os benefícios dos empregados para efeitos desta Norma são todas as formas de retribuição
que uma entidade faz aos seus empregados como contrapartida dos serviços que estes lhe
prestam durante um determinado período de tempo. O termo “empregados” abrange:
- Todos as pessoas com vínculo laboral independentemente da função que exerçam
(incluindo, assim, os que exercem cargos dirigentes e de gestão), e do tempo em que o
exercem (que pode ser tempo integral, parcial, permanente, temporário ou eventual);
- Todas as pessoas com direito a usufruir desses benefícios para além dos empregados
propriamente ditos como, por exemplo, cônjuges, filhos e outros dependentes.
• Esta norma classifica os empregados em quatro categorias:
- Benefícios de curto prazo;
- Benefícios pós-emprego;
- Outros benefícios de longo prazo; e
- Benefícios pela cessação de emprego.
• Benefícios à curto prazo: Estes benefícios incluem benefícios em dinheiro tais como
ordenados e salários (incluindo férias e subsídio de férias), baixas médicas e gratificações
de desempenho, e benefícios em espécie tais como cuidados médicos, alojamento,
automóvel e telemóvel. Além disso, estes benefícios são liquidados de imediato após a
prestação do serviço ou no prazo de um ano após a data de relato. Assim, o reconhecimento
destas responsabilidades da entidade é relativamente simples pois o seu apuramento é
linear e é feito por quantias nominais.
• Benefícios pós-emprego: Estes benefícios incluem, por exemplo, pensões, seguros de vida
pós-emprego e cuidados médicos pós-emprego. As responsabilidades que derivam destes
benefícios estão geralmente associadas a acordos entre a entidade e o empregado que
podem revestir a forma de um plano de contribuição definida ou de um plano de benefícios
definidos.
• Características dos benefícios pós-emprego:
1) Contribuição definida: A obrigação da entidade é limitada à quantia que acordou
contribuir. A quantia dos benefícios a receber pelo empregado é a quantia das
contribuições pagas pela entidade (e pelo empregado quando aplicável). Neste caso, o
risco atuarial e de investimento são assumidos pelo empregado. As responsabilidades
relativas a um plano de contribuição definida são reconhecidas pela entidade como um
gasto e um passivo no período em que o empregado prestou os serviços e são
mensuradas pela quantia da contribuição acordada pagar. Um plano de contribuição

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definida tem geralmente um fundo (entidade independente) com ativos afetos a partir
dos quais se pagarão os benefícios. Tais pagamentos dependem da situação financeira
e do desempenho do fundo e da vontade de a entidade cobrir eventuais défices.
2) Benefício definido: A obrigação da entidade é a de proporcionar os benefícios
acordados aos atuais e ex-empregados não dependendo, assim, das contribuições
efetuadas. Neste caso, o risco atuarial e de investimento são assumidos pela entidade.
Num plano de benefícios definidos a responsabilidade da entidade é a de proporcionar
os benefícios que acordou e não depende das contribuições efetuadas. A contabilização
deste tipo de plano é mais complexa, devendo ter em alguns elementos (entre vários
outros):
➢ Os benefícios atribuídos aos empregados pela prestação do serviço, no período
corrente e em períodos anteriores, tendo em conta variáveis demográficas, tais
como a taxa de mortalidade, a taxa de rotação dos empregados, a taxa de
invalidez ou incapacidade permanente e o número de dependentes dos
benefícios, e variáveis financeiras;
➢ O valor presente da obrigação e o descontando a quantia dos benefícios custo
dos serviços correntes e passados, usando um método específico: Método da
Unidade de Crédito Projetada;
➢ O justo valor e o retorno dos ativos do plano;
➢ Os ganhos e perdas atuariais; etc.
- A contabilização por uma entidade de planos de benefícios definidos envolve os seguintes
passos:
a) Determinar o défice ou o excedente;
b) Determinar a quantia do passivo (ativo) líquido de benefícios definidos;
c) Determinar as quantias a reconhecer nos resultados;
d) Determinar a remensuração do passivo (ativo) líquido de benefícios definidos.

- O reconhecimento daqueles elementos principais faz-se da seguinte forma:

a) O défice ou excedente do plano, que corresponde à diferença entre o valor presente da


obrigação e o justo valor dos ativos do plano, deve ser reconhecido no balanço como passivo
ou ativo, respetivamente;

b) O custo dos serviços correntes e o custo dos serviços passados devem ser reconhecidos
nos resultados do período;

c) O retorno dos ativos do plano e os ganhos e perdas atuariais, que são consideradas
remensurações do passivo (ativo) líquido de benefícios definidos, devem ser reconhecidos
no património líquido.

- O Método da Unidade de Crédito Projetada vê cada período de serviço como dando origem
a uma unidade adicional de direito ao benefício e mensura cada unidade separadamente
para construir a obrigação final.

• Outros Benefícios a Longo Prazo: Os outros benefícios de longo prazo incluem licenças
sabáticas e outras ausências de longo prazo remuneradas, benefícios por jubilação e
benefícios por incapacidade de longo prazo. Incluem também gratificações de desempenho

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se tais obrigações forem pagas para além de um ano após a data de relato. Este tipo de
benefícios de longo prazo não têm o mesmo grau de incerteza dos benefícios pós-emprego,
pelo que a mensuração das obrigações deles decorrentes são mais fáceis de calcular dada a
sua natureza. Quanto ao reconhecimento, porém, e dada a menor incerteza dos benefícios,
as remensurações do passivo (ativo) líquido de benefícios são todos reconhecidos nos
resultados e não no património líquido.
• Benefícios de cessação pós-emprego:
- Uma entidade tem uma obrigação relativa a benefícios de cessação de emprego e deve
reconhecer e mensurar o correspondente passivo e gasto quando:
➢ Faz uma oferta a um ou vários empregados para cessar o emprego antes da
data normal da reforma e já não a pode retirar;
➢ Faz uma reestruturação das suas atividades.

- A obrigação decorrente de uma oferta a um ou vários empregados para cessar o emprego,


constitui-se quando a entidade comunica aos empregados um plano de cessação com as
medidas necessárias para o executar sem alterações significativas e que cumpra ainda os
seguintes requisitos:

➢ Identifica o número de empregados abrangidos, as suas funções e localização e


a data prevista de execução;
➢ Detalha a natureza e quantia dos benefícios que os empregados irão receber.
• A regra geral de reconhecimento dos custos de benefícios dos empregados é nos resultados.
Porém, podem existir circunstâncias em que outras NCP exijam ou permitam que os custos
de benefícios de curto prazo, de benefícios pós-emprego e de outros benefícios de longo
prazo sejam incluídos em ativos. Nessas circunstâncias, esses custos são incorporados no
custo dos ativos nos termos das respetivas normas.

# Ativos e Passivos Financeiros – não sei se sai

• Por ativos financeiros compreende as receitas provenientes da venda e amortização de


títulos de crédito, designadamente obrigações e ações ou outras formas de participação,
assim como as resultantes do reembolso, de empréstimos ou subsídios concedidos.
• Por passivos financeiros compreende as operações financeiras que envolvam pagamentos
decorrentes quer da amortização de empréstimos, titulados ou não, quer da regularização
de adiantamentos ou de subsídios reembolsáveis, quer, ainda, da execução de avales ou
garantias.
• Desta forma, a receita efetiva não inclui:
- Passivos financeiros receita – empréstimos contraídos pelas Administrações Públicas;
- Ativos financeiros receita – reembolso de empréstimos concedidos.
• Por seu lado, a despesa efetiva não inclui:
- Passivos financeiros despesa – reembolso de empréstimos contraídos pelas
Administrações Públicas;
- Ativos financeiros despesa – despesas com a concessão de empréstimos.

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