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Apostila BS - Baterias Aplicadas A Sistemas Híbridos - Vol 02

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Design de SFCR - Microgeração

Unidade Didática 02:

Douglas Farias www.bluesol.com.br


Baterias Aplicadas a Sistemas Híbridos - Apostila

Página em branco - Formato impressão frente e verso

Iberê Carneiro de Oliveira www.bluesol.com.br


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Baterias Aplicadas a Sistemas Híbridos - Apostila

SUMÁRIO

1 Objetivo ................................................................................................................ 4
2 Armazenadores de energia ................................................................................... 4
3 Baterias de íon-lítio ............................................................................................... 7
3.1 História da bateria de íon-lítio ....................................................................... 7
3.2 Tipos de Baterias de Íons-Lítio ....................................................................... 7
3.2.1 Óxido de lítio cobalto (LiCoO2) – LCO ....................................................... 8
3.2.2 Óxido Lítio Manganês (LiMn2O4) – LMO .................................................. 8
3.2.3 Óxido de Lítio Níquel Manganês Cobalto (LiNiMnCoO2) – NMC................ 9
3.2.4 Fosfato de Lítio Ferro (LiFePO4) – LFP .................................................... 10
3.2.5 Óxido de Lítio Níquel Cobalto Alumínio (LiNiCoAlO2) – NCA ................... 11
3.2.6 Titanato de Lítio (Li4Ti5O12) – LTO ........................................................ 12
3.2.7 Comparação entre os tipos de bateria.................................................... 13
3.3 Cuidados com as baterias de íon-lítio........................................................... 13
3.4 Datasheet de baterias .................................................................................. 16
3.4.1 Bateria LFP Dyness ................................................................................. 16
3.4.2 Bateria LFP BYD ..................................................................................... 17
3.4.3 Bateria NMC Victronenergy ................................................................... 17
3.4.4 Bateria NMC MG Energy System ............................................................ 18
3.5 Associação de baterias ................................................................................. 18
3.5.1 Associação em série ............................................................................... 18
3.5.2 Associação em paralelo.......................................................................... 19
3.5.3 Associação série/paralelo ...................................................................... 20
3.5.4 Cuidados ao se associar baterias ............................................................ 20
4 Instalação ............................................................................................................ 20
4.1 Formas de instalação.................................................................................... 21
4.1.1 Acoplamento em inversores separados .................................................. 21
4.1.2 Acoplamento em inversor híbrido .......................................................... 23
5 Analisador de carga ............................................................................................. 24

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1 OBJETIVO
Nesta unidade didática serão estudados os principais equipamentos que
compõem o sistema híbrido e as arquiteturas mais utilizadas para esses sistemas.

2 ARMAZENADORES DE ENERGIA
Sistemas de armazenamento são sistemas que mantêm a energia guardada de uma
forma que podem ser convertidas para a elétrica quando necessário. Esses sistemas
podem ser divididos em três categorias:

 Elétrico (capacitores e supercondutores);


 Mecânicos (ar comprimido, acumuladores hídricos, volantes de inércia).
 Eletroquímicos (pilhas e baterias)
Neste curso serão abordados os sistemas armazenadores em baterias, mais
especificamente as chamadas baterias de íons de lítio. Porém primeiramente é
importante definir alguns conceitos que são abordados quando nos referimos a baterias:
Energia: Capacidade de trabalhar. Em sistemas de armazenamento elétrico, o termo
muitas vezes expressa a capacidade do sistema de armazenamento, bem como a
quantidade de energia carregada ou descarregada dele em kWh.
Capacidade utilizável: A quantidade de energia elétrica em kWh que pode ser
descarregada de um sistema de armazenamento de acordo com as especificações do
fabricante, embora às vezes também se refira a ela como uma proporção da capacidade
útil para a capacidade instalada.
Capacidade instalada: alguns sistemas de armazenamento são
superdimensionados para reduzir o envelhecimento durante a operação. Assim, a
capacidade instalada dos sistemas de armazenamento é sempre igual ou maior que sua
capacidade utilizável.
Razão energia e potência (relação E / P): Relação entre capacidade de energia e
capacidade de potência em uma determinada aplicação. As unidades comuns são
quilowatt-hora dividido por quilowatts (kWh / kW).
Ciclo completo: Após a descarga tem-se o carregamento completo de um sistema
de armazenamento.
Ciclo completo equivalente: A relação entre a produção total de energia (kWh) e a
capacidade utilizável (kWh).
Estado de carga: A relação entre a energia armazenada em um sistema de
armazenamento (kWh) e sua capacidade utilizável (kWh).

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Profundidade de descarga: A relação entre a energia descarregada (kWh) e a


capacidade utilizável (kWh).
Eficiência de ida e volta (η): A relação entre a produção de energia (kWh) e a
entrada de energia (kWh) de um sistema de armazenamento durante um ciclo. Para
tecnologias de bateria, referem-se como eficiência DC / DC, enquanto que para sistemas
mecânicos são expressas em termos AC / AC.
Densidade de energia: A energia nominal da bateria por unidade de volume
(quilowatt-hora por litro, kWh / L). Às vezes referida como densidade de energia
volumétrica.
Densidade de potência: A potência máxima disponível por unidade de volume
(kW/L).
Custos de instalação de energia: O custo por kWh instalado de capacidade de
armazenamento.
Célula da bateria: A menor subparte de um sistema de bateria.
Pack: Módulos de células são normalmente construídos em “pacotes” conectando
os módulos. O termo é mais frequentemente usado para aplicações automotivas,
enquanto em aplicações estacionárias esse nível de agregação pode ser referido como
“bandeja”.
Custo do serviço (aplicações de energia): O custo nivelado de fornecer serviços de
armazenamento durante a vida útil do sistema expressa em (USD / kWh).
Potência: A taxa de transferência de energia. Frequentemente expresso em
quilowatts (kW).
Tempo de implantação: Tempo que leva para planejar, instalar e iniciar um sistema
de armazenamento do zero.
Fim da vida útil: Normalmente, é considerado quando há uma queda da capacidade
utilizável para 60-80% de seu valor inicial em sistemas estacionários de armazenamento
ou uma duplicação da resistência interna em aplicativos móveis.
Vida útil calculada: A vida útil de um sistema de bateria funcionando em
determinadas condições, expressa em anos.
Ciclo de vida: O número de ciclos completos (equivalentes) que podem ser
entregues por um sistema de armazenamento até o fim da vida, em determinadas
condições.
Autodescarga: A perda contínua de energia armazenada como resultado de
processos internos (baterias), atrito (volantes de inércia) ou vazamentos
(hidroeletricidade bombeada, energia de ar comprimido armazenamento). A taxa de
autodescarga é frequentemente medida em porcentagem de energia perdida por dia.

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Tempo de resposta: o tempo que leva para um sistema de armazenamento atingir


a potência nominal após um período de espera.
Dinâmica de potência: A capacidade de alterar a potência de saída dentro de um
determinado tempo. Frequentemente expresso em termos de tempo (em segundos)
para atingir a potência nominal (segundos para a potência nominal).
Energia específica: a energia nominal da bateria por unidade de massa (quilowatt-
hora por quilograma, kWh / kg), às vezes referida como densidade de energia
gravimétrica.
Potência específica: A potência máxima disponível por unidade de massa (kW/kg).

Custos de instalação de potência: Os custos por kW de capacidade instalada.


Módulo: Consiste em várias células conectadas.
Rack: uma estrutura que contém as bandejas do sistema de armazenamento.
Neste contexto, as baterias de íon-lítio têm ganhando bastante mercado em
detrimento às outras tecnologias, tanto para aplicação automotiva quanto para
aplicação estacionária, grande parte por seu custo estar diminuindo de forma
significativa, alavancado pela produção de carros elétricos, quanto pelo fato de ter um
excelente balanço entre densidade de energia e densidade de potência como pode ser
visto na figura 1:
Figura 1 Densidade de potência e densidade de energia em sistemas de armazenamento

Fonte 1 – IRENA

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3 BATERIAS DE ÍON-LÍTIO

3.1 HISTÓRIA DA BATERIA DE ÍON-LÍTIO


O histórico das baterias de íon-lítio remonta a 1912 quando o físico-químico
estadunidense Gilbert Newton Lewis realizou suas primeiras pesquisas com baterias de
Metal de Lítio, porém apenas em 1970 as primeiras baterias de íon-lítio foram vendidas.
Já na década de 1980, o físico estadunidense John Bannister Goodenough, (figura
2) liderando uma equipe de pesquisa da Sony Corporation, desenvolveu uma versão
mais estável da bateria de lítio recarregável e juntamente com Michael Stanley
Whittingham e Akira Yoshino recebeu em 2019 o prémio Nobel de Química. À época
com 97 anos, tornou-se a personalidade mais velha a ser laureada com um Nobel.
Figura 2 - John Bannister Goodenough

3.2 TIPOS DE BATERIAS DE ÍONS-LÍTIO


O íon de lítio é nomeado por seus materiais ativos; as palavras são escritas por
extenso ou abreviadas por seus símbolos químicos. Uma série de letras e números
agrupados pode ser difícil de lembrar e ainda mais difícil de pronunciar, e as químicas
das baterias também são identificadas em letras abreviadas.
Por exemplo, óxido de lítio-cobalto, um dos íons de lítio mais comuns, tem os
símbolos químicos LiCoO2 e a abreviatura LCO. Por razões de simplicidade, a forma
abreviada de Li-cobalto também pode ser usada para esta bateria. O cobalto é o
principal material ativo que dá caráter a essa bateria. Outras químicas de íon-lítio
recebem nomes de forma abreviada semelhantes. Esta seção lista seis dos íons de lítio
mais comuns. Todas as leituras são estimativas médias no momento da escrita.
Em relação a outras tecnologias elas apresentam as seguintes características:

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 Vantagens
o Alta energia específica e alta capacidade de carga com células de energia
o Ciclo longo e vida útil prolongada; livre de manutenção.
o Alta capacidade, baixa resistência interna,
o Algoritmo de carga simples e tempos de carga razoavelmente curtos
o Baixa autodescarga (menos da metade daquela de NiCd e NiMH).
 Desvantagens
o Requer circuito de proteção para evitar fuga térmica em caso de estresse
o Degrada em alta temperatura e quando armazenada em alta tensão
o Nenhuma carga rápida é possível em temperaturas de congelamento (<0 ° C)
o Regulamentações de transporte exigidas ao enviar em grandes quantidades

3.2.1 Óxido de lítio cobalto (LiCoO2) – LCO


Essas baterias possuem alta energia especifica, o que as tornam uma escolha
natural para eletroportáteis. A bateria é composta por um catodo de óxido de lítio e um
anodo de grafite e as principais desvantagens dessa tecnologia são a vida útil
relativamente curta, baixa estabilidade térmica e capacidade de carga limitada.
As principais características são:
 Óxido de lítio cobalto:
 Catodo LiCoO2 e anodo de grafite
 Abreviatura: LCO ou li-cobalto.
 Tensão Nominal: 3,60V
 Faixa de operação típica: 3,0 a 4,2V/célula
 Energia específica (capacidade): 150-200Wh/kg. As células especiais proporcionam até
240Wh/kg.
 Carga: 0,7 a 1C até 4,20V. Uma corrente de carga acima de 1C reduz a duração da bateria.
 Tempo de carga típico: 3 horas.
 Descarga: 1C até 2,50V. Corrente de descarga acima de 1C reduz a duração da bateria.
 Vida útil: 500-1000 ciclos, dependendo da profundidade de descarga, carga e temperatura.
 Fuga térmica: 150°C
 Aplicações: Telefones celulares, tabletes, notebooks e câmeras.

3.2.2 Óxido Lítio Manganês (LiMn2O4) – LMO


Em 1996, a Moli Energy comercializou uma célula de Íon-lítio com óxido de lítio
manganês como material catódico, essa estrutura melhorou o fluxo de íons no eletrodo,
o que diminuiu a resistência interna e aumentou a capacidade de corrente.
Outro avanço dessa tecnologia é uma elevada estabilidade térmica e segurança,
porém apresenta uma durabilidade limitada.
A baixa resistência das células permite um carregamento rápido e também alta
corrente de descarga.

As principais características são:

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 Óxido de lítio manganês:


 Catodo LiMn2O4 e anodo de grafite
 Abreviatura: LMO ou Li-manganês
 Tensão Nominal: 3,70V (3,80V)
 Faixa de operação típica 3,0 a 4,2V/célula
 Energia específica (capacidade): 100-150Wh/kg
 Carga: 0,7 a 1C típico, 3C máximo até 4,20V
 Descarga: contínua de 1C a 10C, pulsada até 30C (5s) para uma tensão de corte de 2,50V
 Vida útil: 300 a 700 ciclos, dependendo da profundidade de descarga e temperatura.
 Fuga Térmica: 250°C típica. Alta carga promove fuga térmica
 Aplicações: Ferramentas elétricas, dispositivos médicos.

3.2.3 Óxido de Lítio Níquel Manganês Cobalto (LiNiMnCoO2) – NMC


Um dos sistemas de íons de lítio mais bem-sucedidos é uma combinação catódica
de níquel-manganês-cobalto (NMC). Semelhante ao Li-manganês, esses sistemas podem
ser adaptados para servirem como células de energia. Por exemplo, NMC em uma célula
18650 para condição de carga moderada tem uma capacidade de cerca de 2.800 mAh e
pode fornecer 4A a 5A; O NMC na mesma célula otimizado para potência específica tem
uma capacidade de apenas cerca de 2.000mAh, mas fornece uma corrente de descarga
contínua de 20A. Um ânodo baseado em silício irá para 4.000mAh e mais, mas com
capacidade de carga reduzida e ciclo de vida mais curto. O silício adicionado ao grafite
tem a desvantagem de que o ânodo cresce e encolhe com carga e descarga, tornando a
célula mecanicamente instável.
O segredo do NMC está na combinação de níquel e manganês. Uma analogia disso
é o sal de mesa em que os ingredientes principais, sódio e cloreto, são tóxicos por si
próprios, mas misturá-los serve como sal tempero e conservante alimentar. O níquel é
conhecido por sua alta energia específica, mas baixa estabilidade; o manganês tem o
benefício de formar uma estrutura espinélica para atingir baixa resistência interna, mas
oferece uma baixa energia específica. Combinar os metais aumenta as forças uns dos
outros.
NMC é a bateria de escolha, para ferramentas elétricas, bicicleta elétrica e
também para outros veículos elétricos. A combinação do cátodo é normalmente um
terço de níquel, um terço de manganês e um terço de cobalto, também conhecido como
1-1-1. Isso oferece uma mistura única que também reduz o custo da matéria-prima
devido ao conteúdo reduzido de cobalto. Outra combinação de sucesso é NCM com 5
partes de níquel, 3 partes de cobalto e 2 partes de manganês (5-3-2). Outras
combinações usando várias quantidades de materiais catódicos são possíveis.
Os fabricantes de baterias mudam os sistemas de cobalto para os cátodos de
níquel devido ao alto custo do cobalto. Os sistemas à base de níquel têm densidade de
energia mais alta, menor custo e ciclo de vida mais longo do que as células à base de
cobalto, mas têm uma voltagem ligeiramente mais baixa.

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Novos eletrólitos e aditivos permitem carregar até 4,4 V / célula para aumentar
sua capacidade.
NMC tem bom desempenho geral e se destaca em energia específica. Essa bateria
é a candidata preferida para o veículo elétrico e tem a taxa de autoaquecimento mais
baixa.
Há uma tendência para íons de lítio combinados com NMC, pois o sistema pode
ser construído de maneira econômica e atinge um bom desempenho. Os três materiais
ativos de níquel, manganês e cobalto podem ser facilmente misturados para se
adequarem a uma ampla gama de aplicações para automóveis e sistemas de
armazenamento de energia (EES) que precisam de ciclos frequentes.
As principais características são:
 Óxido de lítio níquel manganês cobalto:
 Catodo de LiNiMnCoO2 e anodo de grafite
 Abreviatura: NMC
 Tensão Nominal: 3,60V (3,70V)
 Faixa de operação típica 3,0-4,2V/célula, ou superior.
 Energia específica (capacidade): 150-220Wh/kg
 Carga: 0,7-1C até 4,20V, algumas baterias atingem 4,30V; tempo típico de carga 3 horas. A
corrente de carga acima de 1C reduz a duração da bateria.
 Descarga: 1C; 2C é possível em algumas células; tensão de corte de 2,50V.
 Vida útil 1000 a 2000 ciclos (relacionado à profundidade de descarga, temperatura)
 Fuga térmica típica 210°C. Alta carga promove fuga térmica
 Aplicações e-bikes, dispositivos médicos, veículos elétricos, industrial.

3.2.4 Fosfato de Lítio Ferro (LiFePO4) – LFP


Em 1996, a Universidade do Texas (e outros colaboradores) descobriram o fosfato
como material catódico para baterias de lítio recarregáveis. A bateria de li-fosfato
oferece bom desempenho eletroquímico com baixa resistência. Isto é possível com o
material de catodo de fosfato de nano escala.
Os principais benefícios são alta corrente nominal e longa vida útil, além de boa
estabilidade térmica, maior segurança e tolerância se abusada. A bateria de li-fosfato é
mais tolerante às condições de carga total e é menos estressada do que outros sistemas
de íon-lítio se mantidas em alta tensão por um tempo prolongado.
Em contrapartida, sua menor tensão nominal de 3,2V/célula reduz a energia
específica abaixo da de íon-lítio à base de cobalto. Com a maioria das baterias, a
temperatura fria reduz o desempenho e a temperatura elevada do armazenamento
encurta a vida de serviço, e a bateria li-fosfato não é nenhuma exceção.
A bateria de li-fosfato tem uma autodescarga maior que outras baterias íon-lítio,
o que pode causar problemas de equilíbrio com o envelhecimento. A bateria de li-
fosfato é usada frequentemente para substituir a bateria de chumbo-ácido usada em

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automóveis. Quatro células em série produzem 12,80V, uma tensão semelhante a seis
células de chumbo-ácido em série que produzem 12V.
Os veículos carregam as baterias de chumbo-ácido até 14,40V (2,40V/célula). Com
quatro células de li-fosfato em série, cada célula com tensão máxima de carga em 3,60V,
tem-se a mesma tensão máxima de carga das baterias de chumbo-ácido que é de
14,40V.
A bateria de li-fosfato é tolerante a alguma sobrecarga; entretanto, manter a
tensão em 14,40V por um tempo prolongado, como a maioria de veículos faz em uma
movimentação longa, poderia forçar a bateria. O arranque em temperatura a frio
também pode ser um problema com o li-fosfato como uma bateria de arranque.
A bateria de li-fosfato tem excelente segurança e longa vida, mas moderada
energia específica e autodescarga elevada.
As principais características são:
 Fosfato de lítio ferro:
 Catodo LiFePO4 e anodo de grafite.
 Abreviatura: LFP ou li-fosfato.
 Tensão Nominal: 3,20V (3,30V)
 Faixa de operação típica: 2,5-3,65V/célula
 Energia específica (capacidade): 90-120Wh/kg
 Carga: 1C típico até 3,65V
 Tempo de carga típico: 3 horas
 Descarga: 1C típica, 25C em algumas células; pulsada 40A (2s) com tensão de corte de 2,50V
(menor que 2V causa danos).
 Vida útil: 1000-2000 ciclos (relacionado à profundidade de descarga, temperatura).
 Fuga térmica 270°C. Bateria muito segura, mesmo que totalmente carregada. Um dos
sistemas íon-lítio mais seguros.
 Autodescarga elevada.

3.2.5 Óxido de Lítio Níquel Cobalto Alumínio (LiNiCoAlO2) – NCA


A bateria de óxido de lítio níquel cobalto alumínio ou NCA existe desde 1999 para
aplicações especiais. Ela compartilha semelhanças com NMC, oferecendo alta energia
específica, boa potência específica e uma longa vida útil.
Menos vantajosos em relação a outros tipos de baterias íon-lítio são a segurança
e o custo.
Alta energia e densidades de potência, bem como boa vida útil, fazem da bateria
NCA uma candidata para aplicações em veículos elétricos. Alto custo e segurança são
desvantagens.
As principais características são:
 Óxido de lítio níquel cobalto alumínio:

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 Catodo LiNiCoAlO2 (aproximadamente 9% Co) e anodo de grafite


 Abreviatura: NCA ou li-alumínio. Desde 1999
 Tensão Nominal: 3,60V
 Faixa de operação típica: 3,0-4,2V/célula
 Energia específica (capacidade): 200-260Wh/kg; 300Wh/kg previsível
 Carga: 0,7C até 4,20V
 Tempo de carga típico: 3h
 Descarga: 1C típica com 3V de tensão de corte. Alta taxa de descarga encurta a vida da
bateria.
 Vida útil: 500 ciclos (relacionado à profundidade de descarga, temperatura).
 Fuga térmica: 150°C típica. Carga elevada promove fuga térmica.
 Aplicações Dispositivos médicos, industriais, veículo (Tesla).

3.2.6 Titanato de Lítio (Li4Ti5O12) – LTO


As baterias com ânodos de titanato de lítio são conhecidas desde a década de
1980. O titanato de lítio substitui a grafite no ânodo de uma bateria típica de íons de
lítio e o material se forma em uma estrutura espinélica. O cátodo pode ser óxido de lítio-
manganês ou NMC. O titanato de lítio tem uma tensão nominal de célula de 2,40 V, pode
ser carregado rapidamente e fornece uma alta corrente de descarga de 10 ° C, ou 10
vezes a capacidade nominal. A contagem do ciclo é considerada mais alta do que a de
um íon de lítio regular. O titanato de lítio é seguro, tem excelentes características de
descarga em baixa temperatura e obtém uma capacidade de 80 por cento a –30 ° C.
LTO (comumente Li4Ti5O12) tem vantagens sobre o íon de lítio combinado de
cobalto convencional com ânodo de grafite ao atingir propriedade de deformação zero,
sem formação de filme SEI e sem revestimento de lítio quando carregamento rápido e
carregamento em baixa temperatura. A estabilidade térmica sob alta temperatura
também é melhor do que outros sistemas de íons de lítio; no entanto, a bateria é cara.
Com apenas 65Wh / kg, a energia específica é baixa, rivalizando com a do NiCd. O
titanato de lítio carrega até 2,80 V / célula e o final da descarga é 1,80 V / célula. A Figura
13 ilustra as características da bateria de titanato de lítio. Os usos típicos são trens de
força, UPS e iluminação pública movida à energia solar.
As principais características são:
 Titânio de lítio:
 Catodo pode ser óxido de lítio manganês ou NMC e o anodo Li4Ti5O12 (titanato)
 Abreviatura: LTO ou li-titanato. Comercialmente disponível desde aproximadamente 2008.
 Tensão Nominal: 2,40V
 Intervalo de operação típico: 1,8-2,85V/célula
 Energia específica (capacidade): 70-80Wh/kg
 Carga: 1C típica; 5C máxima até 2,85V.
 Descarga: 10C possível, pulsada até 30C (5s) com tensão de corte de 1,80V
 Vida útil: 3.000-7.000 ciclos
 Fuga térmica: Uma das baterias íon-lítio mais seguras
 Aplicações: Nobreaks, veículos elétricos (Mitsubishi i-MiEV, Fit EV da Honda), iluminação
pública com energia solar.

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 Longa vida, carga rápida, ampla faixa de temperatura, mas baixa energia específica e cara.
Está entre as baterias íon-lítio mais seguras.

3.2.7 Comparação entre os tipos de bateria


A figura 3 apresenta um resumo qualitativo das características das baterias de
íons-lítio apresentadas. Para aplicação estudada nesse curso, a tecnologia LFP é
provavelmente a mais utilizada, porém isso pode mudar a partir de outras tecnologias
emergentes como a bateria de fluxo e a célula combustível.
Figura 3- Comparação qualitativa das baterias de íon-lítio

LCO LMO NMC LFP NCA LTO

Energia Específica Potência Específica Segurança


Performance Durabilidade Custo

Fonte 2 Elaborado a partir de batteryuniversity

3.3 CUIDADOS COM AS BATERIAS DE ÍON-LÍTIO


A bateria de íon de lítio funciona no movimento de íons entre os eletrodos positivo
e negativo. Em teoria, esse mecanismo deveria funcionar para sempre, mas ciclismo,
temperatura elevada e envelhecimento diminuem o desempenho com o tempo. Os
fabricantes adotam uma abordagem conservadora e especificam a vida útil do íon de
lítio na maioria dos produtos de consumo entre 300 e 500 ciclos de descarga / carga.
Avaliar a vida útil da bateria em ciclos de contagem não é conclusivo porque uma
descarga pode variar em profundidade e não há padrões claramente definidos do que
constitui um ciclo. Em vez da contagem do ciclo, alguns fabricantes de dispositivos
sugerem a substituição da bateria com um carimbo de data, mas esse método não leva
o uso em consideração. Uma bateria pode falhar dentro do tempo alocado devido ao
uso intenso ou condições de temperatura desfavoráveis; entretanto, a maioria dos
pacotes duram consideravelmente mais do que o selo indica.
O desempenho de uma bateria é medido em capacidade, um indicador importante
de saúde. A resistência interna e a autodescarga também desempenham funções, mas
são menos significativas na previsão do fim da vida útil da bateria com os modernos íons
de lítio.
Semelhante a um dispositivo mecânico que se desgasta mais rápido com o uso
intenso, a profundidade da descarga determina a contagem do ciclo da bateria. Quanto

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menor for a descarga, mais tempo durará a bateria. Se possível, evite descargas
completas e carregue a bateria com mais frequência entre os usos. Descarga parcial no
íon-lítio está bem. Não há efeito memória e a bateria não precisa de ciclos de descarga
completos periódicos para prolongar a vida. As tabelas 1 e 2 mostram as tendências
gerais de envelhecimentos de algumas baterias de íon-lítio.
Tabela 1 – Ciclos de vida em função de profundidade de descarga

Ciclos de Descarga
Profundidade de Descarga
NMC LFP
100% ~300 ~600
80% ~400 ~900
60% ~600 ~1500
40% ~1000 ~3000
20% ~2000 ~9000
10% ~6000 ~15000
Fonte 3 https://batteryuniversity.com/index.php/learn/article/how_to_prolong_lithium_based_batteries

Baterias de íon-lítio sofrem de estresse quando expostas a altas temperaturas, e


também quando mantêm a célula em alta tensão de carga. Temperaturas da bateria
acima de 30°C são consideradas temperaturas elevadas e, para a maioria dos íons de
lítio, uma tensão acima de 4,10 V / célula é considerada alta tensão. Expor a bateria a
altas temperaturas e permanecer com carga total por um longo período pode ser mais
estressante do que os ciclos de carga.
Tabela 2 Estimativa de recuperação da capacidade quando armazenada a bateria de íon-lítio por 1 ano em varais
temperaturas

Temperatura 40% de Carga 100% de Carga


0°C 98% após 1 ano 94% após 1 ano
25°C 96% após 1 ano 80% após 1 ano
40°C 85% após 1 ano 65% após 1 ano
60°C 75% após 1 ano 60% após 3 meses
Fonte 4 https://batteryuniversity.com/index.php/learn/article/how_to_prolong_lithium_based_batteries

A maioria dos íons de lítio carrega até 4,20 V / célula, e cada redução na tensão de
carga de pico de 0,10 V / célula é considerada como o dobro do ciclo de vida. Por
exemplo, uma célula de íon-lítio carregada a 4,20 V / célula normalmente fornece 300–
500 ciclos. Se carregado com apenas 4,10 V / célula, a vida útil pode ser prolongada para
600–1.000 ciclos; 4,0 V / célula deve fornecer 1.200–2.000 e 3,90 V / célula deve
fornecer 2.400–4.000 ciclos.
Do lado negativo, um pico de tensão de carga mais baixo reduz a capacidade
armazenada pela bateria. Como orientação simples, cada redução de 70mV na tensão
de carga reduz a capacidade geral em 10%. Aplicar a tensão de pico de carga em uma
carga subsequente restaurará a capacidade total.

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Em termos de longevidade, a tensão de carga ideal é 3,92 V / célula. Os especialistas


em bateria acreditam que esse limite elimina todos os esforços relacionados à tensão;
ir mais baixo pode não trazer benefícios adicionais, mas pode induzir a outros sintomas.
A figura 4 ilustra essa dualidade do nível de carga: para valores de tensão inferiores a
3,9V/Célula, o aumento no número de ciclos não justifica a perda da energia especifica.
Figura 4 Tensão de carregamento x ciclos de vida x energia disponível

3000 120%
110% 105% 2400
2500 100% 100%
90% 85%
2000 80% 80%
70%
1500 1200 60% 60%
1000 850 40%
600
300 400
500 150 200 20%
0 0%
4,3 4,25 4,2 4,15 4,1 4,05 4 3,9

Ciclos de Descarga Energia Disponível

Fonte 5 Adaptado de https://batteryuniversity.com/

Em resumo podem-se listar os cuidados com baterias de íon-lítio para garantir


segurança e longevidade:
Melhor forma de carregar: carga parcial e aleatória pode ser realizada; não precisa
de carga completa; limite de tensão inferior é mais indicado; mantenha a bateria fria.
Método de carregamento: tensão constante até 4,20V / célula; sem carga lenta; a
bateria pode permanecer no carregador.
Carga rápida = 3h
Carga Veloz = 1h
Descarregamento: evite ciclos completos, aplique alguma carga após uma descarga
completa para manter o circuito de proteção ativo.
Como prolongar a vida útil da bateria: operar estado de carga médio de 30–80%.
Impedir carregamento ultrarrápido e cargas altas.
Transporte: células soltas devem ser transportadas com 30% de carga.
Armazenamento: armazene com carga de 40% em local fresco. Não vá abaixo de
2,0 V / célula.

Descarte: baixa toxicidade. Pode ser descartado em baixo volume. Melhor reciclar.

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Ao desenvolver um projeto de aplicação de baterias de íon-lítio, deve se atentar aos


cuidados com a vida útil das mesmas, pois essa questão tem relação direta com a
viabilidade econômica do empreendimento. Para isso, deve se calcular também a queda
no armazenamento máximo sofrida a cada ano, de acordo com as condições em que a
bateria é submetida.

3.4 DATASHEET DE BATERIAS


É possivel ter uma visão geral sobre qual bateria usar em seu projeto analisando a
folha de dados (datasheet) de uma bateria. Segue exemplo de algumas baterias
encontradas no mercado.

3.4.1 Bateria LFP Dyness


Figura 5 Datasheet bateria LFP

Fonte 6 Fabricante Dyness

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3.4.2 Bateria LFP BYD


Figura 6 Datasheet bateria LFP

Fonte 7 Fabricante BYD

3.4.3 Bateria NMC Victron Energy


Figura 7- Datasheet bateria NMC

Fonte 8 Fabricante VIctronenergy

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3.4.4 Bateria NMC MG Energy System


Figura 8 Datasheet bateria NMC

Fonte 9 Fabricante MG Energy System

3.5 ASSOCIAÇÃO DE BATERIAS


Em geral, é possível obter um sistema adequado ao seu dimensionamento em um
rack fechado pelo fabricante, porém alguns dimensionamentos requerem energias
maiores nas quais há a necessidade de associar algumas baterias para que se obtenham
a tensão adequada e a energia em kWh.

3.5.1 Associação em série


Ao associar baterias em série, a tensão é somada bem como a energia de cada
módulo, porém o limite de corrente de cada bateria se mantém, o que apresenta um
obstáculo ao número de associações em série que pode ser realizada para determinada
bateria. Em geral, são associadas baterias em série até alcançarem a tensão de trabalho
desejada.
Baterias de alta tensão requerem combinação cuidadosa de células, especialmente
ao desenhar cargas pesadas ou ao operar em temperaturas frias. Com várias células
conectadas em uma string, a possibilidade de uma célula falhar é real e isso causaria
uma falha. Para evitar que isso aconteça, uma chave de estado sólido em alguns pacotes

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grandes contorna a célula com falha para permitir o fluxo contínuo de corrente, embora
em uma tensão de cadeia mais baixa.
A figura 10 apresenta o esquema de duas baterias da Victron Energy de 24V no qual
se obteve 48V de saída.
Figura 9 Associação bateria em série

Fonte 10 Adaptado pelo autor

3.5.2 Associação em paralelo


Se forem necessárias correntes mais altas e as células maiores não estiverem
disponíveis ou não se enquadrarem na restrição do projeto, uma ou mais células podem
ser conectadas em paralelo.
Uma célula que desenvolve alta resistência ou abre é menos crítica em um circuito
paralelo do que em uma configuração em série, mas uma célula com falha reduzirá a
capacidade de carga total. É como um motor funcionando apenas com três cilindros em
vez de todos os quatro. Um curto-circuito, por outro lado, é mais sério porque a célula
defeituosa drena energia das outras células, causando um risco de incêndio. A maioria
dos chamados curtos elétricos é leve e se manifestam como uma autodescarga elevada.
A maioria das químicas de bateria permite configurações paralelas com poucos
efeitos colaterais. A figura 10 apresenta a ligação das duas baterias do exemplo anterior
ligadas em paralelo.
Figura 10 Associação bateria em paralelo

Fonte 11 Adaptado pelo Autor

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3.5.3 Associação série/paralelo


A configuração em série / paralelo mostrada na Figura 6 permite flexibilidade de projeto
e atinge as classificações de tensão e corrente desejadas com um tamanho de célula
padrão. A figura 11 representa a associação de 4 baterias série/paralelo, considerando
que cada bateria tinha energia nominal de 5kWh, com o esquema é possível se chegar
a 20kWh.
Figura 11 Associação de baterias série/paralelo

Fonte 12 Adaptado pelo Autor

3.5.4 Cuidados ao se associar baterias


 Mantenha os contatos da bateria limpos. Uma configuração de quatro células tem oito
contatos e cada contato adiciona resistência.
 Nunca misture baterias; substitua todas as células quando fracas. O desempenho geral é tão
bom quanto o elo mais fraco da cadeia.
 Observe a polaridade. Uma célula invertida subtrai em vez de aumentar a voltagem da célula.

4 INSTALAÇÃO
A instalação de inversores híbridos em aplicações com a rede elétrica pode ser feita
de diversas formas. Vários fabricantes apresentaram diversas soluções com níveis
diferentes de segurança, flexibilidade e controlabilidade.
Os inversores iterativos convencionais dependem de uma rede que possa ser
monitorada para garantir que a tecnologia PWM gere uma forma de onda que possa ser
injetada na mesma sem que ocorram grandes problemas, garantindo nível de tensão,
forma de onda senoidal, sequência de fase, baixo nível de harmônicos e etc.

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Em sistemas isolados todas essas premissas de qualidade de energia eram geradas


pelo inversor off grid, o que impede essa tecnologia de ser aplicada em sistemas on grid,
pois poderia gerar danos ao sistema elétrico uma vez que esses inversores não
monitoram a rede.
Com o pensamento nessa lacuna de mercado, a indústria de eletrônica de potência
desenvolveu algumas soluções aplicadas a objetivos distintos. É muito importante
verificar a real necessidade do sistema de armazenamento em baterias para escolher a
tecnologia que melhor integra esse sistema ao sistema de geração solar e à rede elétrica.
Objetivos mais comuns são atendimento de carga crítica, back-up da rede,
aproveitamento pleno da energia solar entre outros semelhantes. Atualmente tem
surgido mercado para aproveitamentos mais complexos do sistema de armazenamento,
como diminuição de pico de demanda (chamado peak shaving), arbitragem de energia
ou diminuição do consumo no horário de ponta e venda de serviços ancilares. É bom
estar ciente de que nem todas as tecnologias possuem essas funções entregues em seus
sistemas.
Até o presente momento não existe regulação especifica para uso de baterias com
injeção na rede, nem existe certificação específica para inversores híbridos (aqueles que
podem funcionar on grid e off grid). Porém a ABNT está desenvolvendo normas para
certificação desses inversores, o que trará mais segurança para os instaladores e
consumidores. A ampliação e padronização das regulações que envolvem as aplicações
de armazenamento são essenciais para o desenvolvimento desse mercado.
Outra possibilidade desses sistemas é utilizar a tecnologia emergente dos carros
elétricos para desfrutar dos benefícios das baterias conectadas à rede, utilizando dos
ganhos elétricos e econômicos supracitados com a tecnologia e sustentabilidade dos
carros elétricos.

4.1 FORMAS DE INSTALAÇÃO


Como citado anteriormente existem diversas formas de integrar o sistema de
armazenamento ao solar e à rede elétrica. Serão apresentadas duas formas com
equipamentos que podem ser encontrados no mercado.

4.1.1 Acoplamento em inversores separados


Nesta solução pode se usar o mesmo inversor iterativo para conectar os painéis
solares, porém é necessário mais um inversor para acoplar as baterias. Um esquema de
ligação possível pode ser visualizado na figura 12: o esquema apresentado é baseado na
solução da Victron Energy, o Color Control é o sistema de controle e monitoramento da
mesma; a folha de dados do inversor da bateria pode ser vista na figura 13, no exemplo,
é utilizado um inversor Fronius. Outra utilização desse esquema é separar as cargas
críticas, que seriam atendidas exclusivamente nos horários de falta.

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Figura 12 Acoplamento em Inversores Separados

Fonte 13 Elaborado pelo autor

Figura 13 - Inversor Carregador de Baterias

Fonte 14 Fabricante Victron Energy

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4.1.2 Acoplamento em inversor único


Nesta solução o inversor acumula a função de inversor solar, controlador de carga,
carregador de bateria, monitorador de energia entre outras. Essa solução é
provavelmente mais simples e mais barata, porém nem todos os inversores híbridos têm
todas as funções de controle que podem tornar a instalação mais economicamente
viável, como peak shaving e arbitragem. Neste sentido é importante observar a real
necessidade da instalação do sistema antes de optar pela tecnologia. A figura 14
apresenta um esquema de ligação da solução hibrida.
Figura 14 Acoplamento em Inversor Híbrido

Fonte 15 Autor

Os esquemas nos dois inversores são apresentados de forma simplificada


excluindo-se proteções, quadros de distribuição e outros dispositivos periféricos. Na
figura 15 é apresentada a folha de dados de um inversor híbrido da MPP:
Figura 15 Inversores Híbridos

Fonte 16 Fabricante MPP

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5 ANALISADOR DE CARGA
Para muitas aplicações de sistemas de armazenamentos em baterias, é
imprescindível o conhecimento prévio do comportamento elétrico da unidade analisada
em relação à demanda horária. Esse conhecimento vai te possibilitar dimensionar um
sistema que seja adequado àquela unidade. Um sistema superdimensionado terá um
custo de implantação maior que não será convertido em benefícios; por sua vez um
projeto subdimensionado não será otimizado para a determinada aplicação.
Todavia, os comportamentos dos consumidores podem variar bastante de
residência para residência, comércio para comércio e indústria para indústria. Nesse
sentido aliado ao tipo de consumo da unidade, fazer uma análise horária da carga torna-
se uma ferramenta útil. Analisadores de carga como o vestem na figura 16 fabricada
pela Sultech, entre outras similares, é um aliado a esse objetivo.
Figura 16 Analisador de carga

Fonte 17 Fornecido pelo fabricante

Com essa ferramenta é possível analisar o consumo elétrico em dias, semanas


ou meses, reconhecendo horários de picos, consumo em horário de ponta e fora de
ponta, consumo diário e assim traçar a estratégia adequada no que tange à economia e
técnica utilizada.

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