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2019
PAULA KRACKER FRANCESCON
DESENVOLVIMENTO DE SABERES E
CAPACIDADES DOCENTES NA FORMAÇÃO
INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA:
EXPERIÊNCIA DE UMA SEQUÊNCIA DE FORMAÇÃO
Londrina
2019
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração
Automática do Sistema de Bibliotecas da UEL
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Orientadora: Profa. Dra. Vera Lúcia Lopes
Cristovão
Universidade Estadual de Londrina - UEL
___________________________________________________
Profa. Dra. Luísa Álvares Pereira
Universidade de Aveiro
___________________________________________________
Profa. Dra. Didiê Ana Ceni Denardi
Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR Pato Branco
___________________________________________________
Profa. Dra. Elvira Lopes Nascimento
Universidade Estadual de Londrina - UEL
___________________________________________________
Profa. Dra. Juliana Reichert Assunção Tonelli
Universidade Estadual de Londrina - UEL
RESUMO
ABSTRACT
This research, within the Applied Linguistics area, focused on the initial language teacher
education, has as its main objective to investigate the learning process and teaching
development indicators of pre-service English teachers participating in a Teacher Education
Sequence, which includes review, production and implementation of Didactic Sequences, as
well as a reflexive practice related to this process. In order to reach this objective, we
established three specific objectives: to identify the teaching knowledge and capacities
mobilized during the activities of planning and implementing the Didactic Sequences during
the Teacher Education Sequence; to identify the reflexivity dimensions mobilized during
selfconfrontation sessions; and to investigate the conflicts experienced by the participants and
how the reflexive practices related to these conflicts contribute to their learning process and
promote professional development indicators. This study is theoretically based on the Socio-
discursive Interactionism (SDI), with the concepts of development, reflexivity and teaching
knowledge and capacities (BRONCKART, 2005; 2006a; 2008; 2013; DENARDI, 2009;
HOFSTETTER; SCHNEUWLY, 2009; STUTZ, 2012), and on the Didactic of Languages,
with the concept of Teacher Education Sequence (SILVA, 2013; GRAÇA; PEREIRA; DOLZ,
2015; DOLZ; GAGNON, 2018), teaching through genre-based approach, using the Didactic
Sequence as a pedagogical tool and the notion of Language Capacities (DOLZ, 2016; DOLZ;
NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004). The research participants are six pre-service English
teachers and two teacher educators, including the researcher. The data set is composed by the
recordings of planning meetings, classes from one Didactic Sequence implemented by the
participants, and selfconfrontation sessions to promote reflexivity. To achieve the first specific
objective, we identified the themes addressed in the planning meetings using SOT and STT
procedure (BRONCKART, 2008; BULEA, 2010) and the actions developed during the classes
through the synopsis (STUTZ, 2012; SILVA, 2013), after, we related the themes and actions
identified to the teaching knowledge and capacities (STUTZ, 2012). It showed that the
activities proposed during the Teacher Education Sequence provided the participants with
opportunities to put their teaching knowledge and capacities into practice. To answer the
second specific objective, we identified the topics addressed during the selfconfrontation
sessions and associated them with the reflexivity dimensions (DENARDI, 2009). This
analysis revealed the prevalence of reflexive activities in topics related to the theoretical
framework, the teaching context and teaching practices, while the scarcity of reflexivity in
linguistic and axiological dimensions demonstrates the necessity of providing reflexive
practices related to the language use and to historical, cultural, social, economical and
political aspects of teaching. To reach the third specific objective, the data analyzed was the
selfconfrontation sessions, aiming at identifying and analyzing the conflicts experienced by
the participants during the Teacher Education Sequence and expressed by them in the
reflexive practice. It showed that the conflicts experienced by the pre-service teachers referred
mainly to the teaching through genre-based approach with the use of the Didactic Sequence as
a teaching tool, to specific elements of the implementation context and aspects of their
education as reflexive teachers. Some conflicts analyzed promote indicators of teaching
knowledge and capacities development, while others were not entirely discussed and solved.
Based on these results, we conclude that a Teacher Education Sequence is a didactic tool for
initial language teacher education which can promote teaching development indicators,
sinceit provides theoretical, practical and reflexive activities integrating the necessary
knowledge to teaching education.
SINAL OCORRÊNCIA
F1 Formadora 1
F2 Formadora 2
AP1 Aluno/a professor/a 1
AP2 Aluno/a professor/a 2
AP3 Aluno/a professor/a 3
AP4 Aluno/a professor/a 4
AP5 Aluno/a professor/a 5
AP6 Aluno/a professor/a 6
APX Vários AP concomitantemente
... Frases não complementadas e ou interrompidas
[...] Transcrição parcial ou eliminação
(+) Para cada segundo de pausa
{} Sobreposição de vozes
xxx Incompreensão de palavras e ou trechos
(( )) Comentário da pesquisadora ou dos/as transcritores/as
MAIÚSCULA Entonação enfática
/ Interrupção
@@@ Risos
<@@> Trecho falado com risos
: Prolongamento de vogais ou consoantes
[] Acréscimo de palavra ou trecho para explicação
Fonte: adaptado de Corrêa (2015).
LISTA DE FIGURAS
AC Autoconfrontação
ACC Autoconfrontação cruzada
ACS Autoconfrontação simples
AP Alunos professores
CA Capacidades de Ação
CD Capacidades Discursivas
CL Capacidades de Linguagem
CLD Capacidades Linguístico-discursivas
CS Capacidades de Significação
DA Dimensão Axiológica
DE Dimensão Epistemológica
DL Dimensão Linguística
DO Dimensão Ontológica
DP Dimensão Pedagógica
DR Dimensões de Reflexividade
EC Extensão ao coletivo
FI Formação Inicial
ISD Interacionismo Sociodiscursivo
LE Língua Estrangeira
LI Língua Inglesa
LM Língua Materna
LP Língua Portuguesa
OE Objeto de ensino
SD Sequência Didática
SF Sequência de Formação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 18
1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 22
1.2 O RELATO DA PESQUISA ............................................................................................... 23
3 METODOLOGIA ................................................................................... 63
3.1 NATUREZA DA PESQUISA ............................................................................................... 63
3.2 CONTEXTOS DA PESQUISA E PARTICIPANTES ............................................................... 64
3.3 GERAÇÃO DE DADOS...................................................................................................... 68
3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS............................................................ 73
3.5 ÉTICA NA PESQUISA ........................................................................................................ 78
1 INTRODUÇÃO
1 Concomitantemente à condução desta pesquisa, outras duas investigações doutorais desenvolvidas no Grupo de
Pesquisa Linguagem e Educação utilizam o conceito de SF na formação de professores de LE (MIQUELANTE,
2019; PONTARA, no prelo).
19
pessoal, visto que me possibilitou desenvolver minha primeira prática na formação de professores
sob a orientação de uma formadora experiente, mediando meu processo de construção de saberes e
capacidades como formadora.
Além disso, compreendo a constante necessidade de pesquisas que investiguem a formação
inicial de professores de línguas, referente aos indícios de desenvolvimento de saberes e
capacidades docentes dos futuros professores, no sentido de proporcionar práticas formativas que
atendam tanto às necessidades de aprendizagem dos objetos de ensino como em relação a questões
referentes ao ato de ensinar, principalmente, o ato de ensinar línguas. Gimenez (2005) trata dos
desafios da formação de professores e elenca a base de conhecimento profissional como um deles.
Segundo a autora, a formação não pode ser vista como somente a transmissão de conteúdos dos
campos de estudos linguísticos e literários, mas deve problematizar a centralidade do conteúdo, a
relação teoria e prática, questões políticas e sociais vinculadas ao uso da linguagem, entre outros.
Nesse sentido, Szundy e Cristovão (2008, p. 135) defendem projetos de formação de
professores, sendo a SF desenvolvida nesta pesquisa um exemplo, como propiciadores de “zonas
potenciais para a construção do conhecimento sobre a prática pedagógica”, uma vez que os
professores deixam de ser consumidores de materiais para se engajarem em sua produção e
posterior implementação. Reforçando tal entendimento, as autoras asseguram que
tópicos semelhantes, realizei uma pesquisa bibliográfica 2. Desta busca, resultaram 80 trabalhos.
Selecionei os trabalhos desenvolvidos em programas de pós-graduação em educação, em Letras e
Linguística, em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, em Linguística e em Estudos
Linguísticos, totalizando 14 pesquisas. A partir da leitura dos resumos, considerei quatro como
relacionados a esta pesquisa. No quadro 1, apresento o panorama desses estudos.
2 Esta pesquisa bibliográfica foi realizada por meio do site da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
(www.bdtd.ibict.br), utilizando a ferramenta de busca avançada com os termos “desenvolvimento docente”, “saberes
docentes”, e “formação inicial de professores de língua inglesa”.
3 A pesquisa de Lanferdini (2012) também se relaciona à presente pesquisa, pois aborda os agires docentes com foco na
atividade de planejamento de SD. Provavelmente, esse estudo não consta nos resultados desta pesquisa bibliográfica
porque utiliza o termo agir docente em vez de saberes e capacidades docentes, além de ter como participantes
professoras de LI e LP. Assim, expresso meu conhecimento sobre esta investigação e o entendimento que ela poderia
compor esse panorama.
21
1.1 OBJETIVOS
na SF;
3. Investigar os conflitos evidenciados nas sessões de AC e como as atividades reflexivas
referentes a esses conflitos contribuem para a aprendizagem e promovem indícios de
desenvolvimento da atividade docente.
Com os objetivos específicos estabelecidos, nosso intuito é investigar se as atividades
propostas pela SF possibilitaram a mobilização dos saberes e capacidades docentes necessários para
a formação de professores de línguas, condição necessária para o processo de aprendizagem e
desenvolvimento docente dos participantes. Com relação à análise das atividades reflexivas, a
identificação das dimensões de reflexividade e a análise dos conflitos vivenciados pelos AP,
investigando como as atividades reflexivas dos AP contribuem para seu processo de aprendizagem e
promovem indícios de desenvolvimento, se justifica pela compreensão de que o conflito pode
promover desenvolvimento, desde que proporcione um resultado positivo para o formando e que a
atividade reflexiva contribui para a tomada de consciência e debate sobre o conflito vivenciado.
Atingindo esses objetivos, podemos concluir se as atividades propostas pela SF contribuíram para o
aprendizado dos AP e promoveram indícios de desenvolvimento docente.
A partir das respostas encontradas para esses objetivos com base nas análises
desenvolvidas nesta pesquisa, defendemos a tese de que uma sequência de formação,
sistematicamente planejada pelo/a formador/a, composta por atividades teóricas, práticas e
reflexivas, promotora da mobilização e articulação dos saberes e capacidades docentes necessários à
formação de professores de LE, tem potencial de ser um dispositivo didático-formativo propiciador
de aprendizagens e de indícios de desenvolvimento profissional. Esta tese será retomada nas seções
de apresentação dos resultados e nas considerações finais deste estudo.
Este trabalho está constituído por cinco partes: introdução, referencial teórico,
metodologia, resultados e considerações finais. Na parte introdutória, apresento a pesquisa que será
relatada neste trabalho, descrevendo a justificativa e os objetivos. No referencial teórico, discuto os
pressupostos que embasam este trabalho, englobados em duas principais vertentes: o Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD) e a Didática das Línguas. Na metodologia, exponho a natureza da pesquisa,
descrevo os contextos e os participantes da investigação, assim como os dados e os procedimentos
de análise, além das considerações éticas tomadas. Na seção de resultados, apresento e discuto os
resultados das análises realizadas, buscando responder aos objetivos da pesquisa. Optei por
disponibilizar os resultados das análises no corpo da tese, e as análises detalhadas, aquelas que me
24
levaram aos resultados expostos, foram alocadas em apêndices (Apêndices A, B e C). Desse modo,
julgo que a leitura seja facilitada, ao mesmo tempo que as análises ficam à disposição para
consultas do leitor. As transcrições completas dos dados que compõem esta pesquisa estão
disponíveis no sítio https://drive.google.com/open?id=1XvsgF4WRvJDRzoRuSlqDZRfHrvOhIJsu.
Por fim, nas considerações finais, retomo e discuto os resultados alcançados, relacionando-os aos
objetivos desta investigação e refletindo sobre possíveis implicações e limitações.
A partir da próxima seção, utilizo a primeira pessoa do plural no relato desta pesquisa. Isso
porque o trabalho em grupo / trabalho colaborativo foi predominante durante esta investigação, nas
decisões tomadas tanto em relação às atividades da SF quanto referentes à tese. Assim, em vários
momentos do relato, senti muita dificuldade em escrever na primeira pessoa do singular, por sentir
que não refletia a realidade vivenciada por mim neste processo. Portanto, para padronização, decidi
utilizar a primeira pessoa do plural, não significando genericidade, mas sim coletividade.
25
2 REFERENCIAL TEÓRICO
autor).
Ao compreender o ISD como uma ciência do humano, Bronckart (2006b) reforça o papel
central e decisivo que a linguagem assume nessa teoria, pautando-se na tese defendida por Saussure
e Vygotski de que os signos linguísticos fundamentam a constituição do pensamento consciente e
que as práticas de linguagem situadas (os textos-discursos) são os instrumentos maiores do
desenvolvimento humano, não apenas pela apropriação de conhecimentos e saberes, mas
principalmente em relação às capacidades de agir e da identidade das pessoas que se constituem por
meio das práticas linguageiras. A partir disso, Matêncio (2007, p. 57) aponta que estudos pautados
nessa linha “concebem a ação de linguagem, a um só tempo, como reflexo da diversidade das ações
e atividades humanas e condição para sua existência”.
De acordo com a concepção de linguagem adotada pelo ISD, “as relações de significação
estabelecidas em uma língua não têm nenhum fundamento natural […], mas, sim, têm seu
fundamento apenas no sistema de interações sociais: o sistema da língua é dependente do sistema
social e é unicamente este que constitui o interpretante último de todas as relações que se atestam
no sistema da língua” (BRONCKART, 2006a, p. 134, grifos do autor). Desse modo, o pensamento
tem caráter semiótico e social, em virtude de depender das estruturas estabelecidas pelas relações de
signos, não podendo existir o pensamento puro, preexistente a essa ação estruturante. A significação
27
2.1.1 Desenvolvimento
Hila (2011, p. 43) aponta que “a apropriação dos mediadores culturais conduz a um aprendizado de
curto prazo, que a longo prazo converte-se em desenvolvimento”, destacando a necessidade de uma
compreensão gradativa do objeto, tornando a aprendizagem condição para o desenvolvimento.
Um conceito importante para essa concepção de desenvolvimento é o de conflito. A teoria
psicológica vygotskiniana compreende que o conflito pode ser propulsor de desenvolvimento,
funcionando como uma situação-problema que necessita de resolução, que pode ser conduzida a
partir da mediação de outro, e possivelmente levar à revisão de pensamentos e negociação de
significados, em um processo no qual o indivíduo possa construir e ou ressignificar conceitos
(BRONCKART, 2008; 2013; ZIRONDI, 2013). Fogaça (2010) define conflito como um confronto
de representações que pode gerar desenvolvimento caso as consequências desses conflitos sejam
positivas. Esse conflito de representações ocorre no processo de busca pela apropriação de
conceitos e construção de significações, e é parte constitutiva das práticas sociais, pois possibilita
que os indivíduos formem suas identidades e ressignifiquem suas representações sociais. Sendo o
conflito um possível desencadeador do processo de desenvolvimento, uma das análises propostas
nesta pesquisa visa a investigar os conflitos vivenciados pelos participantes em relação ao seu papel
no processo de desenvolvimento dos saberes e capacidades docentes dos AP.
Nessa perspectiva, pautamos essa discussão em Bronckart (2008), ao assinalar as etapas
necessárias para caracterizar o processo de desenvolvimento, ressaltando que a tomada de
consciência do conflito vivenciado pelo indivíduo, somente, não significa desenvolvimento; é
preciso que o formando busque a resolução desse conflito a partir do debate interpretativo em
relação ao seu trabalho e que este debate seja interiorizado, provocando uma reorganização
psíquica:
Fonte: a autora.
2.1.2 Reflexividade
tecnicista, que compreendia o professor como executor de tarefas e aplicador de técnicas, e cuja
formação era restrita ao treinamento de competências técnicas a serem aplicadas na prática docente.
O conceito de professor reflexivo compreende o professor como agente ativo na construção de
objetivos de sua prática docente, na implementação de novas pedagogias, isto é, leva em
consideração sua capacidade criativa e reflexiva em relação à resolução de situações problemáticas
que enfrenta em seu cotidiano docente, bem como atividades de (re)pensar, avaliar e reconfigurar
sua prática (ALMEIDA; GIMENEZ, 2010; FÁVERO; TONIETO; ROMAN, 2013). Nesse sentido,
Fávero, Tonieto e Roman (2013, p. 282) argumentam que “não podemos considerar a atividade
prática do professor como uma atividade exclusiva e prioritariamente técnica, mas sim uma
atividade reflexiva e artística”.
Gimenez, Arruda e Luvizari (2004, p. 1) compreendem o professor reflexivo como
“alguém que constrói e reconstrói conhecimento sobre a prática a partir de questionamentos”, sendo
que as formas utilizadas para reconstruir esse conhecimento são variadas. As autoras listam três
perspectivas pelas quais a reflexão pode ser entendida: a reflexão como ponderação sobre a ação,
levando a ações deliberadas e conscientes, normalmente a partir de aplicação de resultados de
pesquisas e teorias de educação, ou seja, a pesquisa direciona a prática do professor; reflexão como
deliberação e escolha entre versões de “bom ensino”, considerando o conhecimento de pesquisas
para informar a prática dos professores; e reflexão como reconstrutora da experiência, com objetivo
de identificar novas possibilidades de ação, podendo levar a novos entendimentos das situações, de
si mesmos como professores, do contexto educacional e dos pressupostos de ensino. Essa última
perspectiva é entendida como reflexão crítica, ao permitir “aos profissionais articularem uma
consciência madura sobre sua prática e se emanciparem das distorções sociais, políticas e culturais
que frustram e limitam seu entendimento” (GIMENEZ; ARRUDA, LUVIZARI, 2004, p. 2).
As autoras comparam alguns métodos empregados na formação reflexiva de professores
(diários reflexivos, diários introspectivos, questionários, sessões reflexivas, observação de aulas e
sessões de visionamento) e esclarecem que algumas práticas, como a observação de aulas, são
centradas na prática de sala de aula em uma perspectiva mais técnica, enquanto outros métodos, por
exemplo as sessões reflexivas, extrapolam o contexto institucional e se situam no papel da
educação. Expandindo essa comparação, Borghi et al. (2008) também apresentam as características
de métodos utilizados na formação de professores, enfatizando os tipos de reflexão que predominam
em cada procedimento, conforme detalhado no quadro 2.
32
Para Giddens, a reflexividade é composta por uma consciência prática, que se refere à
monitoração reflexiva da conduta, na qual o indivíduo presta atenção nos eventos que acontecem
em sua volta e os relaciona com suas atividades, e por uma consciência discursiva, que diz respeito
4 Corrêa e Coutinho (2009) enfatizam a diferença entre as noções de reflexividade e reflexão, apontando que a última
é considerada como inerente à condição humana e presente em todas as épocas, enquanto a primeira está vinculada
às noções de crítica e de modernidade, sendo desenvolvida por autores contemporâneos. Os autores reforçam que
essa distinção não significa que os indivíduos de outras épocas não eram reflexivos, mas que essa capacidade é
entendida como um atributo contemporâneo, uma vez que não se pode compreender as condutas dos indivíduos das
sociedades modernas sem a reflexividade. Por isso, ela ganha ênfase nas teorias sociológicas que tratam da
modernidade. No livro Modernização Reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna, Giddens,
Beck e Lash (1997) refletem sobre a sociedade moderna, enfatizando que esta promove o processo de individuação.
Assim, os autores relacionam o conceito de reflexividade à autoconfrontação, como a capacidade do indivíduo de
tomar a si mesmo como objeto e de se (re)configurar a partir da mediação de sistemas e conhecimentos
especializados apropriados pelo próprio sujeito; em oposição à concepção de reflexão, caracterizada por Beck como
pública, política e científica.
34
à capacidade do indivíduo de relatar suas atividades e as razões que motivaram suas ações. Desse
modo, o autor assegura que a consciência prática e a discursiva são “mecanismos psicológicos de
recordação”, entendendo recordação como o “meio de recapitular experiências passadas de modo a
focalizá-las na continuidade da ação” (GIDDENS, 2003, p. 56). Nessa perspectiva, a consciência
discursiva implica as recordações que o agente é capaz de expressar verbalmente, enquanto a
consciência prática envolve a recordação que o indivíduo tem acesso na duração da ação, sem
necessariamente ser capaz de expressá-la verbalmente. Para Bronckart (2005, p. 253), um processo
formativo “deve basear-se na consciência prática dos atores e ter por objetivo desenvolver sua
consciência ou competência discursiva, que é também uma competência reflexiva e criativa”,
objetivo este que é intencionado na proposta de AC.
Pereira (2011, p. 78-79), estudioso do conceito de reflexividade de Giddens, afirma que o
sociólogo inglês a concebe como
uma qualidade da ação humana em geral. A reflexividade pode, por isso, ser
entendida em termos ontológicos. O termo 'reflexividade', ao se referir à
capacidade cognoscitiva do agente, remete ao fato de que esse agente tem um
conhecimento considerável das condições e consequências das suas ações no
âmbito da vida cotidiana. O agente tem conhecimento de que ele próprio é o ponto
de partida da sua própria conduta, de tal sorte que formula interpretações acerca
das razões da mesma na esfera da racionalidade da ação. A reflexividade é um
mecanismo cognoscitivo que permite que o agente não somente reflita sobre as
regras internalizadas, mas, também, as ressignifique no âmbito subjetivo e, desse
modo, a longo prazo, provoque mudanças sociais através de suas práticas
cotidianas.
reflexão” e que “a reflexão ocorre por meio da linguagem”. Com base nessa percepção, a autora
relaciona a reflexividade à formação de professores, julgando que a capacidade reflexiva é
importante para que os professores possam desenvolver uma consciência prática. Em sua pesquisa,
a autora utiliza a escrita de gêneros para desenvolver a reflexividade com professores em formação
de LI. Com o propósito de analisar o processo de reflexividade dos participantes, Denardi (2009, p.
86-87) propõe dimensões para basear a reflexividade de professores. São elas:
Essas dimensões de reflexividade propostas por Denardi (2009) serão utilizadas como
categorias de análise nesta pesquisa, com o intuito de investigar as práticas reflexivas dos
participantes. As atividades reflexivas desenvolvidas na SF implementada nesta investigação foram
conduzidas a partir do método da autoconfrontação (AC)5 (CLOT; FAÏTA, 2000). Este
procedimento, advindo da Clínica da Atividade6 e da Ergonomia do Trabalho, tem o objetivo de
fazer da atividade vivida o objeto de outra experiência, ou a atividade presente, por meio da
linguagem, provocando o sujeito a pensar sobre sua atividade e ressignificá-la (CLOT et al., 2001).
Faïta (2002, p. 59) defende que, com o método, é possível criar
conhecimentos que o professor vai ensinar a seus alunos; e os saberes para ensinar, referentes aos
saberes que permitirão ao professor desenvolver suas atividades docentes, como conhecimentos
sobre práticas de ensino, seu contexto de ensino, entre outros.
Schneuwly (2017, p. 6) nota que os saberes para ensinar englobam dois componentes:
conhecimentos pedagógicos e da ciência da educação e conhecimentos didáticos referentes à
disciplina escolar, e que esses saberes não podem ser reduzidos a “uma forma simplificada de
conhecimento científico, mas é de certa maneira um produto original da escola e da profissão
docente”. Além disso, o autor enfatiza que o termo saberes utilizado por ele retoma um termo latino
que significa “coisas formadas pela mente, pela língua e pelas mãos” (p. 6), ou seja, que o saber se
constrói por meio do pensamento, da fala e da prática, enfatizando a necessidade da relação entre
teoria e prática na formação de professores.
Nesse sentido, Tognato e Dolz (2016, p. 61) apontam para a importância da articulação dos
saberes a ensinar e saberes para ensinar na formação docente, que deve acontecer nos seguintes
aspectos:
cinco categorias de saberes7: saberes em relação aos objetivos e os planos de estudo, saberes
disciplinar de referência dentro do domínio do ensino, saberes relacionados aos alunos e sua
aprendizagem, saberes sobre os dispositivos de ensino e os gestos do professor e saberes relativos à
experiência prática em sala de aula. Esses saberes necessários para a formação docente se
relacionam com aqueles definidos como categorias analíticas para esta investigação, que
retrataremos na sequência. Os autores representam esses saberes com a figura 2, ressaltando que os
saberes, localizados nos polos do pentágono, são articulados uns aos outros.
7 A pesquisa dirigida por Dolz e Gagnon (2018) se refere especificamente aos saberes docentes necessários para o
ensino de produção escrita. No entanto, é possível relacioná-los com outros objetos de ensino e com a formação
docente no geral.
8 Neste estudo, optamos pelos termos saberes e capacidades docentes. Bulea Bronckart (2017) usou o termo
competências. Para respeitar a opção feita pela pesquisadora, ao referenciar seu trabalho mantemos o termo
competências.
39
mediação: a mediação pela atividade “em virtude da qual as propriedades das atividades coletivas
participam 'do interior' à implementação e à reestruturação dos conhecimentos e das interações,
incluindo os verbais” e a mediação pela linguagem, em que “a atividade linguageira e suas
propriedades exercem permanentemente um papel (re)estruturando as atividades, conhecimentos e
competências profissionais ali contidos”. A partir disso, a autora conclui que as competências são
desenvolvidas em um processo praxio-semiótico engendradas no agir, a partir das mediações pela
atividade e pela linguagem (recursos internos e externos para o desenvolvimento). Esta concepção
apresentada por Bulea Bronckart (2017) condiz com a proposta de SF deste estudo, uma vez que o
processo de aprendizagem e desenvolvimento dos saberes e capacidades docentes é baseado em
atividades (teóricas, práticas e reflexivas), nas quais a linguagem tem papel fundamental, como, por
exemplo, ao considerar a importância da consciência discursiva na atividade de reflexividade.
Na perspectiva do ISD, pesquisas brasileiras com foco na formação de professores de
línguas (materna e estrangeira) utilizam os conceitos de saberes e capacidades docentes a fim de
compreender a realidade nacional, assim como propor expansão desses conceitos e apontar para a
necessidade de reflexão sobre esses saberes e capacidades na formação inicial e continuada docente.
Apresentamos algumas dessas pesquisas, que partem dos pressupostos teóricos e metodológicos do
ISD, na sequência.
Ao realizar um levantamento histórico de pesquisas sobre a base de conhecimento do
professor (de LI em específico), Quevedo-Camargo (2011) conclui que essa base de conhecimento é
composta principalmente por dois componentes: o socioprofissional e o linguístico-discursivo. O
primeiro engloba “os aspectos pedagógicos, contextuais, culturais, ético-políticos, crítico-reflexivos
e relativos à formação continuada e ao trabalho em equipe”, enquanto o segundo envolve “os
conhecimentos da e sobre a LI e aspectos ligados ao uso da língua” (QUEVEDO-CAMARGO,
2011, p. 95). Os componentes da base de conhecimento do professor apontados pela autora
corroboram os saberes docentes indicados por Hofstetter e Schneuwly (2009) descritos
anteriormente.
A partir da discussão sobre a base de conhecimento do professor, Quevedo-Camargo (2011,
p. 99) estende o conceito de capacidades de linguagem (de ação, discursiva e linguístico-discursiva,
que serão detalhadas nesse capítulo teórico) para a avaliação docente, propondo o conceito de
capacidades de linguagem docente, definindo-o como “o conjunto de operações dentro do âmbito da
formação e atuação do docente de LI que permitem a realização de ações de linguagem e funcionam
como um instrumento para mobilizar os conhecimentos docentes e operacionalizar a aprendizagem
para a docência de LI”. As capacidades de linguagem docentes apresentadas pela autora são quatro:
de ação, discursiva, linguístico-discursiva e de autogestão profissional, sendo essa última acrescida
40
pela pesquisadora.
As capacidades de ação docente referem-se às representações do professor sobre meio
físico de sua atuação, a interação com os participantes sociais envolvidos na sua ação de ensinar e
os conhecimentos que devem ser mobilizados pelo professor na sua atuação profissional. As
capacidades discursivas docente englobam os conhecimentos que o professor necessita para
escolher os gêneros textuais que produzirá (aulas, exposições, atividades, jogos, etc.), para
selecionar e elaborar conteúdos, sempre considerando seu contexto de atuação. As capacidades
linguístico-discursivas docente envolvem os conhecimentos linguísticos, como operadores de
textualização, mecanismos enunciativos, construção de enunciados, seleção lexical, entre outros.
Nesse aspecto, é importante ressaltar que o docente deve desenvolver consciência sobre seu papel
de usuário, analista e professor de língua em relação a essa capacidade. Por fim, as capacidades de
autogestão profissional abrangem ações docentes relacionadas ao autoaprimoramento e crescimento
profissional, sejam elas individuais ou coletivas.
Outra pesquisa é a de Stutz (2012), que considera as capacidades docentes como construto
para guiar a formação de professores, uma vez que trazem especificidades sobre os saberes
necessários à formação docente, constituindo “uma base sólida para que o futuro professor se
aproprie de capacidades de diversos saberes do métier do professor” (STUTZ, 2012, p. 79). Trata-se
das operações psíquicas que os alunos professores precisam desenvolver, tanto em seu agir
praxiológico quanto no linguageiro.
A autora utiliza o documento europeu para formação inicial de professores de línguas
(PEPELF – Portfolio européen pour les enseignants em langues em formation initiale) para
construir sua proposta de saberes e capacidades docentes, justificando que esse documento pode
apresentar especificações para guiar a formação inicial de professores de modo que aproxime a
teoria e a prática, diminuindo a distância entre as disciplinas da graduação e a prática didática. Com
isso, a proposta da pesquisadora é disposta em sete saberes docentes, a saber: do contexto, da
metodologia, dos recursos, da planificação de aulas, da regência de aulas, da aprendizagem
autônoma e da avaliação da aprendizagem, sendo estes compostos por capacidades docentes
detalhadas no quadro 39.
9 A autora utiliza o termo saber docente alinhando-se à base teórica da proposta de Hofstetter e Schneuwly (2009) e
capacidades docentes de acordo com o ISD e sua proposta de capacidades, em detrimento do conceito de
competências (DOLZ; PASQUIER; BRONCKART, 2017[1993]; BRONCKART, 2006a).
41
implementação de SD como meio para mobilizar os saberes e as capacidades docentes dos AP.
Para determinar as categorias de análise utilizadas nesta investigação, consideramos as
propostas de Quevedo-Camargo (2011) e de Stutz (2012) mais apropriadas, principalmente por se
referirem à formação de professores de LI. Stutz (2012, p. 81) assinala como uma diferença entre a
proposta dela e de Quevedo-Camargo (2011): “a do construto estar centrado nas atividades de
linguagem e ao qual em nossa pesquisa articulamos às atividades praxiológicas”. O construto
desenvolvido por Quevedo-Camargo (2011) se baseia em documentos e respostas de formadoras e
professoras a um questionário e tem foco na avaliação de professores, não contendo dados
provenientes de prática docente, pois tem como objetivo a avaliação docente. Enfim,
compreendemos que a proposta de saberes e capacidades docentes de Stutz (2012) é mais adequado
à análise dos dados desta pesquisa, que também provém da prática docente (planejamento, regência
e reflexão sobre a prática) em situação de formação inicial de professores de língua inglesa.
Ademais, julgamos que esta proposta se alinha com as proposições de Hofstetter e Schneuwly
(2009), Quevedo-Camargo (2011) e Dolz e Gagnon (2018), que serão consideradas para possíveis
expansões do quadro de saberes e capacidades docentes apresentado por Stutz (2012).
Em seguida, discorremos sobre a Didática das Línguas, concepção teórica que engloba as
noções de SF e de ensino por meio de gêneros textuais por meio de SD, norteadoras da proposta de
formação inicial conduzida neste estudo.
Dolz (2016) explica que a Engenharia Didática é composta por quatro fases: a) análise do
trabalho de concepção, que trata do conhecimento por parte do professor10 do objeto de ensino, das
capacidades e obstáculos (ou necessidades) dos alunos e das práticas comuns de ensino; b)
concepção de protótipo do dispositivo didático, elaborado a partir da análise prévia das tarefas a
serem realizadas; c) implementação do dispositivo didático, avaliando as atividades propostas; d)
análise posterior dos resultados, realizando balanço das vantagens e limites do dispositivo criado.
Julgamos que essas etapas propostas pela Engenharia Didática são contempladas pela SF conduzida
nesta investigação, apresentada na próxima seção.
Relacionados à Didática das Línguas, os conceitos utilizados nesta pesquisa são o de
Sequência de Formação (SF), dispositivo didático para a formação de professores, e referente ao
ensino de línguas por meio de gêneros textuais, que, sob a perspectiva sociointeracionista, usa a
Sequência Didática (SD) como ferramenta didática. Dolz e Abouzaid (2015) destacam que a
abordagem de ensino por meio de gêneros textuais se tornou inevitável para a didática das línguas,
principalmente nas últimas duas décadas. Por conseguinte, esses conceitos são discutidos nas
próximas seções.
10 Dolz (2016) utiliza o termo engenheiro para designar o trabalhador que desenvolve as inovações didáticas para o
ensino de línguas. Considerando a realidade em que estamos inseridos, optamos por utilizar o termo professor, ao
entender que é este profissional que realiza o trabalho designado ao engenheiro na Engenharia Didática. Também
compreendemos que, para desenvolver o trabalho de elaboração de dispositivos didáticos, implementação e
pesquisa, o professor deve ter condições para tal, como, por exemplo, fazer parte de grupos de estudo e pesquisa
nos quais encontra apoio teórico-metodológico para realização deste trabalho.
45
relação ao número de lições ou de aulas que constituem uma SF, pois cada sequência pode ser
desenvolvida de acordo com o tempo necessário para que o processo de ensino e aprendizagem de
um determinado objeto seja realizado.
Baseada na perspectiva sociointeracionista e com foco na formação de professores,
Francescon, Cristovão e Tognato (2018, p. 28) caracterizam a SF como o “conjunto de aulas
desenvolvido por um formador, contemplando atividades que possam articular não somente os
saberes a ensinar (conteúdos a serem estudados) como também os saberes para ensinar (aspectos
metodológicos ou didático-pedagógicos)”. Ainda, as autoras ressaltam que uma SF pode incluir uma
ou mais SD, sendo ela implementada com os formandos, e ou produzida e implementada pelos
formandos em um contexto de ensino. As atividades propostas em uma SF utilizam os recursos de
mediação (materiais e simbólicos) que contribuem para a construção de conhecimento na área.
Na publicação do Grupo FORENDIF já mencionada (DOLZ; GAGNON, 2018), cujo
objetivo é analisar as práticas de formação de professores para a produção escrita em francês, os
autores optaram pela SF como um dos dados analisados. Assim, a partir da análise de 28 SF
desenvolvidas em instituições de formação de professores na Suíça francófone, Dolz, Roa e Gagnon
(2018) listaram quatro tipos de SF:
1) Sequência temática: tem um tema particular, organizada em torno de dois ou três grupos
de atividades (sendo, normalmente, de curta duração).
2) Sequência clássica: envolve uma série de agrupamentos de atividades, segue um padrão
mais regular e clássico, é centrada em um projeto temático explícito que mobiliza as
sessões e termina quando o projeto é concluído, tem duração mais longa, podendo ter
atividade de prática docente em sala de aula.
3 e 4) Macrossequência: duração longa, compõe uma unidade completa de formação ou
articulação entre palestras, workshops e seminários práticos, comumente conduzida por
mais de um formador. São dois tipos de macrossequências, que se distinguem em relação
ao agrupamento de atividades: a macrossequência com conexões fortes, ocorre em
“episódios”, ligados por uma dimensão do objeto de ensino da formação, por um estudo
recursivo ou um tratamento da mesma temática em diferentes locais de formação, e a força
da conexão entre os episódios depende dos lembretes dos formadores sobre os objetos
apresentados, da presença de transições e momentos de encerramento de atividades, de um
instrumento unificador do conteúdo, por exemplo; e a macrossequência com conexões
fracas ocorre quando os formadores retomam os conteúdos, mas não há uma ferramenta
unificadora, como uma apresentação oral ou trabalho final.
O primeiro nível da SF proposta por Graça, Pereira e Dolz (2015) envolveu a negociação
do projeto a ser implementado com os participantes em relação a algumas questões que foram
discutidas e a proposta foi definida. No segundo momento, houve a problematização dos tipos e
gêneros nas diferentes disciplinas e os participantes construíram conhecimentos sobre tipos e
gêneros de textos, além de elencar os gêneros utilizados em suas disciplinas. Na terceira parte, o
dispositivo didático SD foi apresentado pelos formadores aos participantes, o que lhes possibilitou
conhecer o conceito, a organização, bem como analisar exemplos de SD. No quarto momento, os
participantes construíram conhecimento sobre o gênero 'resposta fundamentada', gênero esse
escolhido por eles no início do projeto de formação para ser trabalhado em sala de aula.
Na quinta parte da sequência, os professores participantes analisaram respostas
fundamentadas produzidas por seus alunos da Educação Básica, a fim de identificar suas
capacidades e dificuldades em relação à produção do gênero e poderem, com isso, elencar os
conteúdos a serem trabalhos em sala de aula. Em seguida, os participantes construíram SD para o
ensino do gênero em foco e as implementaram em suas aulas. Após essa etapa, os participantes
48
11 O termo tensão é utilizado pelos autores para se referirem aos obstáculos e resistências expressos pelos professores
durante os encontros da SF. Não o compreendemos como sinônimo do conceito de conflito presente neste estudo.
49
partir da obra de Bakhtin (2003[1979]), que apresenta as seguintes noções: gêneros são tipos
relativamente estáveis de enunciados utilizados nas esferas sociais, são caracterizados por seu
conteúdo temático, estilo e construção composicional e a escolha de um gênero é determinada pela
esfera, as necessidades do tema, os participantes e a vontade enunciativa do interlocutor. Para
Bronckart (2003), textos são produtos da atividade humana, articulados às necessidades, interesses e
condições de funcionamento das formações sociais em que são produzidos, havendo, portanto,
existência de diversos “modos de fazer textos”, ou espécies de textos (conjunto de textos que têm
características comuns). Desse modo, todo texto pertence a um gênero textual. Nessa perspectiva,
os gêneros textuais são artefatos simbólicos, produtos de configurações de escolhas que se
cristalizam e estabilizam pelo uso recorrente em um dado momento, que estão disponíveis
socialmente, servindo como referência para as práticas linguageiras dos usuários (BRONCKART,
2006a, CRISTOVÃO, 2010).
Os gêneros textuais são defendidos como objetos de ensino das aulas de línguas (materna e
estrangeira) em documentos orientadores do ensino, como os PCN (BRASIL, 1998) e as DCE
(PARANÁ, 2008), com o intuito de “enfocar, em sala de aula, o texto em seu funcionamento e em
seu contexto de produção/leitura, evidenciando as significações geradas mais do que as
propriedades formais que dão suporte a funcionamentos cognitivos” (ROJO; CORDEIRO, 2004, p.
10). Na mesma perspectiva, Marchuschi (2007) ressalta que os gêneros textuais são entidades
caracterizadas prioritariamente por seus aspectos sócio-histórico-discursivos, e não por seus
aspectos linguísticos. Assim, ao se tomar o gênero textual como objeto de ensino, todos os aspectos
referentes ao contexto macro e micro de produção e recepção dos textos devem ser considerados.
Com isso, entendemos que a noção de gêneros (textuais ou discursivos) é mais pertinente ao ensino
de línguas, favorecendo as práticas de compreensão e produção de textos escritos e orais.
Em relação ao uso de gêneros textuais no ensino, Schneuwly (2004) conceitua gênero
como megainstrumento, entendendo o gênero como mediador entre o sujeito e a situação de
comunicação, configurado a partir de vários sistemas semióticos (linguísticos e paralinguísticos),
servindo como ferramenta para o ensino e aprendizagem de línguas, uma vez que exige o domínio
de Capacidades de Linguagem (CL) para que sua mobilização seja possível. Nesse sentido,
compreendemos que o gênero textual pode ser tomado como objeto de ensino, referente à
apropriação do gênero, em sua compreensão e produção, para usá-lo em uma situação de
comunicação determinada, e como instrumento para o ensino de línguas, desenvolvendo as CL dos
alunos, relacionados a aspectos contextuais e linguísticos do texto.
Seguindo nessa mesma concepção, Cristovão (2009, p. 305) compreende os gêneros como
“artefatos simbólicos que se encontram à nossa disposição na sociedade, constituindo como práticas
51
sociais de referência para nosso agir”. No entanto, a autora alerta que eles só se tornam
instrumentos à medida que nos apropriamos deles, tornando-se úteis para nosso agir de linguagem.
Sendo assim, considerando os gêneros no ensino, os estudantes devem sentir necessidade de utilizar
um determinado gênero textual para seu agir, tornando sua apropriação mais fácil.
Nessa perspectiva, o procedimento didático proposto por Dolz; Noverraz e Schneuwly
(2004) com base no ISD é a Sequência Didática (SD), discutido na próxima seção.
fim de representar os movimentos internos de uma SD, com base na molécula de DNA do corpo
humano. Esse esquema, reconfigurado pelas autoras, evidencia a mobilidade e a plasticidade do
ensino e aprendizagem de línguas pelo movimento contínuo e articulado das capacidades de
linguagem, conforme Figura 4.
A primeira etapa, a apresentação da situação, tem como objetivo apresentar aos alunos o
projeto de classe a ser desenvolvido e que culmina na produção final do gênero trabalhado durante a
SD e sua circulação em uma determinada esfera social. Essa etapa é de extrema importância, uma
vez que deve-se expor o evento de comunicação pretendido, de forma clara e bem definida, no
sentido de despertar nos alunos interesse pela participação no projeto. O engajamento dos alunos na
atividade proposta é fundamental para o sucesso de seu aprendizado, por isso, nesse momento, o
professor pode oferecer atividades que mobilizem conhecimentos e representações sociais, relativas
a todas as capacidades de linguagem para que professor(a) e alunos possam avaliar sua
53
familiaridade com o gênero e/ou com a temática, mobilizar seus repertórios de conteúdo sobre o
tema, apreciar textos e visões sobre o tema, etc.
Na segunda etapa da SD, os alunos produzem uma primeira versão do texto, a partir da
situação apresentada pelo professor. A produção inicial tem um papel fundamental na construção da
SD, pois é por meio dela que se torna possível compreender a representação que os alunos têm da
atividade proposta, suas potencialidades e dificuldades, necessidades e/ou possíveis obstáculos de
aprendizagem em relação à produção de um texto do gênero a ser trabalhado. Com base nesse
trabalho, o professor pode desenvolver os módulos da SD com mais precisão, focando nas
necessidades específicas de seus alunos.
Os módulos têm como objetivo trabalhar os problemas apresentados pelos alunos na
produção inicial. Eles decompõem a atividade de produção textual e seus elementos são trabalhados
de um modo sistematizado com o intuito de facilitar a construção do conhecimento sobre a
atividade de produção textual, por parte do aluno. Esses elementos constitutivos da atividade de
produção inicial devem ser trabalhados tendo em vista atividades e exercícios variados para que os
alunos tenham oportunidade de desenvolver as CL propostas pelas atividades, bem como de
entender suas possíveis articulações. Essa etapa permite aos alunos revisarem e reescreverem sua
produção inicial, tomando por base uma lista de constatação em que aparecem os elementos
constitutivos do gênero a ser estudado no sentido de contribuir para que o aluno confira se suas
capacidades de linguagem estão sendo desenvolvidas a partir das finalidades das atividades
propostas, podendo se apropriar dos conhecimentos adquiridos durante as aulas.
Por fim, a produção final é a etapa na qual os alunos colocam em prática o que aprenderam
sobre o gênero em questão e produzem uma última versão textual que possa atender às condições da
situação de comunicação apresentada no início da SD. Nesse momento, o professor tem a
oportunidade de realizar uma avaliação somativa por meio de critérios pré-determinados e,
preferencialmente, construídos com os alunos no decorrer da SD em consonância com a esfera de
circulação social em que o gênero se insere. Nas reconfigurações propostas para o esquema de SD
(MAGALHÃES; CRISTOVÃO, 2018; MIQUELANTE; CRISTOVÃO; PONTARA, prelo), uma
etapa essencial é a circulação ou socialização da produção final dos alunos em contextos reais de
comunicação. Dessa maneira, a produção do aluno se aproxima o máximo possível de um texto
produzido para uma situação real de comunicação.
Cristovão (2009, p. 342) salienta que o ensino de LE em torno de gêneros e por meio do
procedimento da SD se justifica “pelo seu papel de portadores de valores culturais associados às
respectivas situações de linguagem em que são usados”, bem como estudos que demonstram a
relevância do uso da SD como procedimento didático para o ensino de LE. Dentre esses estudos,
54
Quadro 6 – Panorama de teses e dissertações do grupo Linguagem e Educação que utilizam a SD12
Autora / Título Objetivo(s) Uso da SD Resultado(s)
PETRECHE (2008) Investigar os resultados Duas SD elaboradas, Consonância entre as SD
A Sequência Didática nas alcançados com a analisadas e elaboradas e a
aulas de língua inglesa do aplicação de duas SD, implementadas pela fundamentação teórico-
ensino médio e o estudando possíveis professora pesquisadora metodológica para o
desenvolvimento de espaços que levem os na educação básica desenvolvimento das CL;
capacidades de alunos a desenvolverem atividades da SD
linguagem CL, bem como valores proporcionaram espaço
sociais. para desenvolvimento das
CL e de capacidades
reflexivas dos alunos
BEATO-CANATO Compreender o Duas SD produzidas e O desenvolvimento da
(2009) desenvolvimento implementadas pela escrita em LI com uso de
O desenvolvimento da longitudinal da escrita em professora pesquisadora SD contextualizadas em
escrita em língua inglesa LI de alunos de escola na educação básica um projeto pen pal é
com o uso de Sequências pública em um ensino possível e propicia
Didáticas organizado em SD contato com outra cultura
contextualizadas em um contextualizadas em um o agir linguageiro na LE,
projeto de troca de projeto de troca de embora exija um
correspondência correspondências planejamento cuidadoso e
imponha desafios
DENARDI (2009) Investigar em que SD produzida e Uma perspectiva de
Flying together towards aspectos e até que ponto implementada pela ensino de escrita baseada
EFL teacher development uma prática professora pesquisadora em gêneros textuais
as language learners and intervencionista em curso de formação através do procedimento
professionals throung relacionada ao ensino de continuada; SD de SD pode ser um
genre writing escrita pode contribuir no planejadas pelos mecanismo teórico,
desenvolvimento de professores participantes metodológico e reflexivo
professores de inglês adequado para o
como LE como desenvolvimento de
aprendizes e profissionais professores de inglês
como LE
FERRARINI (2009) Investigar a adequação da SD produzida e A maior parte das
O gênero textual conto de SD em torno do gênero implementada pela atividades propostas na
fadas didatizado para o conto de fadas e os professora pesquisadora SD se mostraram
ensino de produção resultados alcançados na na educação básica adequadas; a maioria das
escrita em língua inglesa produção escrita do produções finais
gênero analisadas tiveram
sucesso na ação de
linguagem objetivada
LANFERDINI (2012) Investigar o trabalho de SD produzida pela Identificação dos modos
O trabalho (agir) docente três professoras de professora pesquisadora de agir das professoras no
no processo coletivo de línguas e da pesquisadora coletivamente com três planejamento e
12 Anteriormente à criação do grupo, a dissertação e tese da coordenadora Vera Lúcia Lopes Cristovão (CRISTOVÃO,
2001; 1996) também utilizam a SD, além de muitas outras publicações, como artigos e livros, desenvolvidas pelos
membros do grupo.
55
relação entre diferentes semioses, de elementos verbais e não-verbais, como imagens, sons, vídeos,
entre outros.
Com base nessas quatro CL, Stutz e Cristovão (2011) apresentam as operações para o
desenvolvimento dessas capacidades, que são expandidas por Lenharo (2016), como consta no
quadro 7. As operações relacionadas às CL podem servir como critérios para a produção de
materiais didáticos e SD, contribuindo para que as atividades propostas englobem o
desenvolvimento de todas as CL, e também na avaliação desses materiais.
(3CLD) Dominar operações que colaboram para a coesão nominal de um texto (anáforas, por exemplo);
(4CLD) Dominar operações que cooperam para a coesão verbal de um texto (tempo verbal, por exemplo);
(5CLD) Expandir vocabulário que permita melhor compreensão e produção de textos;
(6CLD) Compreender e produzir unidades linguísticas adequadas à sintaxe, morfologia, fonética, fonologia
e semântica da língua;
(7CLD) Tomar consciência das (diferentes) vozes que constroem um texto;
(8CLD) Perceber as escolhas lexicais para tratar de determinado conteúdo temático;
(9CLD) Reconhecer a modalização (ou não) em um texto;
(10CLD) Identificar a relação entre os enunciados, as frases e os parágrafos de um texto, entre outras
muitas operações que poderiam ser citadas;
(11CLD) Identificar as características do texto que podem fazer o autor parecer mais distante ou mais
próximo do leitor.
5) Capacidades multissemióticas: compreendem as diferentes semioses que se materializam em todos os
elementos não-verbais
(1CMS) Compreender as relações de sentido entre elementos verbais e não-verbais do gênero;
(2CMS) Apreender os diferentes conhecimentos e sentidos que emergem de sons, vídeos e imagens;
(3CMS) Reconhecer a importância de elementos não-verbais para a construção de sentidos;
(4CMS) Relacionar elementos não-verbais com o contexto social macro que o cerca;
(5CMS) Compreender os elementos semióticos na constituição do gênero.
Fonte: Stutz; Cristovão, 2011, p. 576-577; Cristovão, Stutz, 2011, p. 20-23; Cristovão, 2013; Lenharo, 2016,
p. 32.
PESQUISA
Nosso intuito com essa seção é finalizar o capítulo teórico retomando as noções
apresentadas até este momento, reafirmando a importância que atribuímos às seguintes atividades
60
Apesar da atividade de pesquisa não ser foco de análise desta investigação, ela contribuiu
61
para o desenvolvimento do saber teórico dos participantes e embasou suas avaliações e reflexões
sobre as práticas desenvolvidas, o que pode ser percebido tanto durante as reuniões e,
principalmente, nas sessões de AC. Desse modo, entendemos a importância da pesquisa na prática
reflexiva dos futuros professores, como base para as compreensões e (res)significações de seu agir
docente.
As atividades reflexivas, desenvolvidas nesta investigação por meio das sessões de AC e
analisadas a partir do conceito de reflexividade, têm papel fundamental na formação inicial de
professores de línguas como momento propício para que os futuros professores analisem suas
práticas e se conscientizem dos conflitos que vivenciam em seu métier. O debate reflexivo
proporcionado por essa atividade pode contribuir na resolução desses conflitos e no processo de
aprendizagem e desenvolvimento de seus saberes docentes.
Ainda sobre as atividades formativas desenvolvidas em uma SF, Dolz, Silva-Hardmeyer e
Coppola (2018) analisam dois dispositivos interligados de formação: o primeiro inclui atividades
sobre o estudo do contexto escolar e dos alunos, planejamento de uma SD para o ensino de gêneros
orais e o retorno crítico e reflexivo para a formação em relação às capacidades profissionais
desenvolvidas durante as atividades formativas; o segundo é voltado à formação de professores
pesquisadores, e os professores em formação desenvolvem atividades de pesquisa voltada ao estudo
das suas práticas docentes. Em relação às atividades desenvolvidas na SF, os autores apontam que
“os trabalhos práticos permitem aos estudantes se situarem na atividade profissional, integrando
novos conhecimentos apreendidos nas outras formas de trabalhos”, enquanto o retorno reflexivo
permite que os professores em formação desenvolvam “a reflexividade sobre as práticas propostas”
(DOLZ; SILVA-HARDMEYER; COPPOLA, 2018, p. 242).
Assim, da mesma forma que Dolz e Gagnon (2018), entendemos a formação de
professores como um processo complexo e de caráter multidimensional, em virtude de integrar os
saberes a ensinar e para ensinar, além de envolver diferentes instituições (universidade e escola).
Ainda, a partir desses autores, ressaltamos a importância das pesquisas para basear práticas
formativas mais eficazes, considerando os saberes a ensinar e para ensinar integrados em uma
atividade docente contextualizada que desenvolva atividades teóricas, práticas, reflexivas e de
pesquisa de modo conectado.
Com base no exposto neste capítulo, justificamos nossas opções teóricas para coadunar
com nosso entendimento em relação à formação inicial de professores de línguas. Diante disso, o
conceito de desenvolvimento é compreendido como um processo contínuo, composto por diversas
etapas, incluindo as noções de conflito e reflexividade. O conflito é entendido como um confronto
de representações do formando, que pode ser potencializador de desenvolvimento, desde que seja
62
administrável pelo formando e tenha um resultado positivo, ou seja, que possa ser debatido,
refletido e, de alguma forma, solucionado. A reflexividade tem potencial de contribuir nesse
processo, uma vez que proporciona um momento de tomada de consciência dos conflitos
vivenciados, de debate e reflexão sobre esses conflitos, podendo resultar em ressignificações da
prática do (futuro) professor. Além disso, baseamos esse processo de desenvolvimento profissional
nos saberes necessários para o desempenho da profissão docente, como meio de mobilizar com os
AP as capacidades profissionais que precisam para sua formação. Os instrumentos mediadores
escolhidos para guiar esse processo de formação foram a SF e a SD, sendo a primeira implementada
pelas formadoras como ferramenta formativa proponente de atividades teóricas, práticas e reflexivas
voltadas à formação inicial dos participantes; e a segunda utilizada como ferramenta didática a ser
estudada e produzida pelos AP, contribuindo para sua formação prática de produção e
implementação de materiais didáticos.
63
3 METODOLOGIA
Em relação a sua natureza, esta pesquisa qualitativa caracteriza-se como estudo de caso
(COHEN; MANION; MORRISON, 2011) norteada por epistemologia construcionista social
(SCHWANDT, 2006).
A pesquisa qualitativa tem como principal característica o estudo de uma "atividade situada
que coloca o observador no mundo [...] [que] envolve uma abordagem interpretativa e naturalística
do mundo" (DENZIN; LINCOLN, 2006, p. 17). Isso significa que é essencial o posicionamento do
pesquisador no ambiente estudado, a fim de interpretar fenômenos, eventos e ações com base no
entendimento contextual dos sentidos atribuídos a eles. Denzin e Lincoln (2006, p. 17) também
afirmam que a pesquisa qualitativa “consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas
que dão visibilidade ao mundo. Essas práticas transformam o mundo em uma série de
representações”, sendo exemplos dessas representações notas de campo, entrevistas, gravações, etc.
Assim, a análise dessas representações proporciona a interpretação do fenômeno/atividade
investigada.
A epistemologia norteadora desta investigação é o construcionismo social. Tal postura
epistemológica “opõe-se a uma epistemologia empírica e realista ingênua que acredita que possa
haver algum tipo de entendimento direto, não-mediado, do mundo empírico, e que o conhecimento
(ou seja, a mente) simplesmente reflete ou espelha o que ´está lá fora´” (SCHWANDT, 2006, p.
201). Nesse sentido, entendemos que o conhecimento não é descoberto, mas sim construído ou
elaborado em um processo dialógico considerando o contexto histórico e sociocultural. Ou seja,
como Schwandt (2006, p. 201) assevera, “não construímos nossas interpretações isoladamente, mas
contra um pano de fundo de compreensões, de práticas, de linguagem, etc. que temos em comum”.
Desse modo, o construcionismo social busca compreender como indivíduos e grupos participam na
construção de sua percepção de realidade social, as maneiras como os fenômenos sociais são
criados, institucionalizados, conhecidos e transformados em tradição pelos humanos.
64
Além disso, esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso por tratar de uma
instância particular, uma unidade, nomeadamente o processo de aprendizagem e indícios de
desenvolvimento docente de alunos professores de língua inglesa durante atividades de uma SF.
Para Cohen, Manion e Morrison (2011), o estudo de caso investiga uma instância particular,
proporcionando exemplo da situação real e seus atores. Esse tipo de investigação tem limitações
contextuais (temporais, geográficas, organizacionais, institucionais, entre outras) e foca em um
indivíduo ou um grupo, a fim de entender a complexa “interação de eventos, as relações humanas e
outros fatores envolvidos em uma instância única” (COHEN; MANION; MORRISON, 2011, p.
181).
Entre os fatores arrolados pelos autores para caracterizar um estudo de caso, a presente
pesquisa busca proporcionar uma rica descrição dos eventos relevantes ao caso, com o intuito de
destacar aqueles que são mais importantes para a instância investigada, assim como promover a
análise desses eventos. Além disso, os autores apontam que o pesquisador deve estar totalmente
integrado ao caso estudado, como ocorre em nossa investigação pelo fato da pesquisadora também
ser uma participante do projeto no qual os dados foram gerados.
Por fim, por se tratar do estudo de um caso, de uma instância particular, alguns cuidados
devem ser tomados em relação à generalização dos resultados. Segundo Cohen, Manion e Morrison
(2011, p. 183-184), as possibilidades de generalização dos resultados de um estudo dessa natureza
são: “da instância particular para a classe de instâncias que ele representa [...]; de características do
caso único para a multiplicidade de classes com as mesmas características; de uma característica
única de parte do caso para caso como um todo”. Para esta pesquisa, consideramos que o primeiro
tipo de generalização seja possível, pois os resultados advindos do estudo deste caso em específico
podem ser utilizados em casos da instância que ele representa, ou seja, na formação inicial de
professores de LI.
Esse aporte epistemológico e metodológico coaduna com a pesquisa proposta, uma vez que
foi conduzida dentro de um grupo de trabalho que inclui formadoras, as quais também são
professoras em formação continuada, e professores em formação inicial, cujos sentidos para as
ações desenvolvidas são construídos pelo coletivo e mediados por esse contexto de formação, que
se caracteriza como uma instância singular.
de implementação e seus participantes é relevante, visto que ele influencia as ações realizadas
durante a SF.
O contexto de formação foi uma SF desenvolvida com alunos professores (AP) dos 1 o, 2o e
3o anos do curso de Letras - Inglês da Universidade Estadual de Londrina. Essa SF, já descrita na
seção de referencial teórico, incluiu reformulação, produção e implementação de SD em um curso
de LI, e atividade reflexiva sobre as ações realizadas no projeto. O grupo, formado por duas
formadoras (uma formadora experiente e uma formadora em formação) e seis AP, teve início com
uma chamada feita pelas formadoras e a participação voluntária dos AP. A partir da constituição do
grupo, quatro AP iniciaram pesquisa de iniciação científica sob orientação da formadora experiente,
uma AP optou por realizar seu estágio obrigatório no curso, com supervisão da formadora em
formação, e a outra AP participou como ministrante do curso de extensão. Mesmo com focos
diferentes dentro do projeto, todos os integrantes do grupo tinham as mesmas responsabilidades e
papéis a serem desenvolvidos, ou seja, todos participavam das reuniões de planejamento, da
preparação das aulas e da regência do curso. Para cada aula, dois AP eram designados como
responsáveis pela regência, porém todos os AP e as formadoras estavam presentes nas aulas e
auxiliavam na condução das atividades e na realização das tarefas pelos alunos.
Dos seis AP participantes, quatro (AP2, AP3, AP4 e AP6) se tornaram participantes
protagonistas por terem feito parte do projeto integralmente. Devido à greve realizada em 2016 na
universidade onde a pesquisa foi conduzida, a finalização do curso de LI e a atividade reflexiva da
SF ocorreram em 2017. Com isso, duas participantes não concluíram as atividades propostas pela
SF por terem assumido outros compromissos a partir do início do ano. Na sequência, descrevemos
os participantes da investigação13, adotando siglas alfanuméricas para designá-los (F para formadora
e AP para alunos professores). As descrições dos participantes protagonistas contêm mais
informações, pois eles são os participantes principais da pesquisa.
• F1, 51 anos, é professora da Universidade Estadual de Londrina, atuando como formadora
de professores de LI há 20 anos, também é pesquisadora na área de Linguística Aplicada e
orienta pesquisas de doutorado, mestrado e iniciação científica.
• F2, 29 anos, é professora de LI há 11 anos, atuando em diversos contextos educacionais. É
doutoranda em Estudos da Linguagem e pesquisadora responsável por esta investigação.
Durante a pesquisa, era professora colaboradora na Universidade Estadual de Londrina e a
atividade desenvolvida durante essa pesquisa foi sua primeira experiência como formadora.
• AP1, 20 anos, aluna do 1o ano do curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual de
Londrina, nunca teve experiência de docência. Iniciou pesquisa de Iniciação Científica no
13 As informações dos participantes referem-se à época em que a geração de dados da investigação ocorreu.
66
projeto, mas não a finalizou, assim como não concluiu as atividades da SF.
• AP2, 18 anos, aluno do 1o ano do curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual de
Londrina. Em função da graduação, mudou-se para Londrina, onde mora com a irmã mais
velha. Sempre estudou em escolas públicas e nunca frequentou aulas de LI em institutos de
idiomas. Não tinha experiência de docência antes de participar desta investigação. No
decorrer do projeto, começou a trabalhar como estagiário em um instituto de idiomas de
Londrina, atuando em aulas de reforço e reposição. Desenvolveu pesquisa de iniciação
científica durante sua participação neste estudo.
• AP3, 32 anos, aluna do 3o ano do curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual de
Londrina. É nascida em Londrina e reside na mesma cidade com os pais e a irmã. É formada
em Secretariado Executivo. Cursou disciplinas como estudante especial no curso de Letras-
Inglês, no qual ingressou como aluna regular em 2014. Participou de projeto no 1 o ano da
graduação, em que desempenhou atividades de preparação de aulas, docência de LI para
crianças e pesquisa de iniciação científica. Trabalhou como professora de LI em um
intercâmbio na Rússia por 3 meses e em um instituto de idiomas de Londrina por 4 meses.
Desenvolveu pesquisa de iniciação científica no decorrer deste projeto.
• AP4, 19 anos, aluno do 2o ano do curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual de
Londrina. Reside em Londrina com os pais e dois irmãos. Participou do PIBID por um ano e
meio, porém não considera esse período como efetivo no exercício da docência, uma vez
que suas tarefas eram aplicar atividades temáticas. Desenvolveu pesquisa de iniciação
científica no decorrer deste projeto.
• AP5, 20 anos, aluna do 3o ano do curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual de
Londrina. Nunca teve experiência docente e iniciou o estágio obrigatório do curso na mesma
época em que participou deste projeto. Participou do projeto como ministrante do curso de
LI e uma das SD implementadas é de sua autoria.
• AP6, 29 anos, aluna do 3o ano do curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual de
Londrina. É casada e reside em Londrina com o marido e o filho. Possui uma formação
anterior em outra área de conhecimento. Teve sua primeira experiência docente no 1 o ano do
curso, participando de um projeto que incluía atividades de preparação de aulas e docência
de LI para crianças. Sua segunda experiência de docência ocorreu neste projeto, no qual
desenvolveu seu estágio obrigatório. Ela não atua na área, mas pretende lecionar após
formada.
O contexto de implementação foi um curso de LI para membros da Escola de Circo de
Londrina-PR, projeto social que tem como objetivo oferecer formação profissional circense e
67
implicações diretas no planejamento e condução das aulas, uma vez que esse fator influenciou, por
exemplo, a participação dos alunos nas aulas de LI. Além disso, o fato de estarmos imersos em um
contexto muito específico (circo), no qual todos os alunos compartilham uma atividade em comum,
embasou as decisões de planejamento do grupo, principalmente na escolha dos objetos de ensino.
15 A disciplina Gêneros Textuais é ministrada no 2 o ano do curso de Letras – Inglês e sua ementa é: Conceito de
gêneros textuais. Questões epistemológicas e metodológicas. Objetivos e seleção de gêneros a serem ensinados.
Transposição didática: as práticas sociais de linguagem como objeto de ensino.
69
oral e escrito dos alunos com a finalidade de disponibilizá-lo no site da escola de circo ou em suas
páginas pessoais. Essa ideia surgiu com o preenchimento da ficha de inscrição do workshop,
produção final da SD anterior, a qual requisitava uma página pessoal do artista circense, mas que
nenhum dos nossos alunos tinha.
Essa SD foi longa e gêneros que não haviam sido previstos foram incorporados, como a
biodata e o CV. Essa inclusão aconteceu porque a maioria das páginas profissionais de artistas
circenses que encontramos apresentava esses gêneros. Além disso, três AP do grupo estavam
estudando esses gêneros na disciplina de Compreensão e Produção Escrita III16 na graduação.
Assim, elas traziam o material ao qual tinham acesso nas aulas para serem trabalhados dentro da
SD. Esses novos gêneros acabaram por alongar a SD e transformar seu foco inicial que era a
oralidade para a escrita. Ao final dessa SD, percebemos o cansaço e a falta de engajamento dos
alunos e decidimos propor uma conversa para que eles pudessem expressar suas insatisfações e
interesses. O pedido principal deles é que nós não tratássemos mais de assuntos do circo, pois eles
queriam falar sobre outros temas. Com base nessa conversa, os AP solicitaram trabalhar algumas
aulas temáticas, fora do dispositivo didático utilizado até então, a SD. As formadoras concordaram
com o pedido, acreditando que o grupo poderia comparar as metodologias posteriormente, o que
contribuiria para a formação docente dos AP. Com isso, três aulas foram desenvolvidas a partir dos
temas Daily routine e Description, temas também escolhidos pelos AP por julgarem relevantes aos
alunos de circo. Após essas aulas, conseguimos compreender que o insucesso da SD Profile ocorreu
pela maneira como a conduzimos, e não somente porque usamos a SD como dispositivo didático,
como os AP estavam considerando.
Na sequência, implementamos a SD Menu, produzida por AP5 e colegas para a disciplina
Gêneros Textuais da graduação. A SD tinha como objetivo desenvolver reflexões em relação à
comida e cultura de outros países, além de compreensão e produção escrita e oral relacionada ao
tema. Nessa SD, acrescentamos atividades de oralidade, por entender que esse era o maior interesse
de nossos alunos, assim como mantivemos o tema das aulas na esfera cotidiana, como pedido por
eles. Ao final da SD, realizamos um café da manhã com o menu produzido pelos alunos.
A última SD, intitulada Sports, foi produzida integralmente pelo grupo. A definição da SD
partiu da escolha do tema esportes, uma vez que era um tema de interesse dos alunos e o gênero
entrevista oral foi escolhido por julgarmos que ele contribui para que os alunos desenvolvam
capacidades orais de conversação (fazer perguntas, respondê-las, etc.). Segundo Hoffnagel (2010, p.
208), uma razão para a exploração do gênero entrevista em sala de aula é “descobrir as relações
16 A disciplina Compreensão e Produção Escrita III é ministrada no 3 o ano do curso de Letras – Inglês e sua ementa é
Desenvolvimento da compreensão e produção escrita de textos complexos, claros e detalhados sobre tópicos
concretos e abstratos, visando coesão, coerência, precisão e competência comunicativa e discursiva.
70
possíveis a serem estabelecidas através do uso de uma das trocas mais comuns na interação verbal –
pergunta e resposta”, possibilitando ao aluno de língua estrangeira estabelecer um diálogo, mesmo
que controlado. Para a produção final, os alunos fizeram uma entrevista com uma esportista da
cidade, que já jogou profissionalmente e que, à época do curso, coordenava um projeto social no
qual ofertava treinos de basquete para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
Dessa forma, entrevistada e entrevistadores compartilhavam a experiência de participação em
projeto social, fato que foi motivador de conversa entre os envolvidos.
No quadro 9, listamos as SD e os temas trabalhados durante o curso, as reuniões de
planejamento e as aulas. As reuniões e aulas destacadas referem-se àquelas que compõem o
conjunto de dados desta pesquisa. Durante a primeira SD, as reuniões e aulas não foram gravadas
porque o projeto de pesquisa ainda não havia sido aprovado pelo Comitê de Ética e, portanto, os
Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ainda não haviam sido assinados pelos
participantes. Depois dessa etapa ter sido concluída, começamos as gravações de áudio das reuniões
de planejamento. As gravações em áudio e vídeo das aulas ocorreram na última SD, que foi a única
totalmente produzida pelo grupo. As transcrições das reuniões e das aulas foram realizadas pela
pesquisadora e pelos AP que também utilizaram esses dados para suas pesquisas de iniciação
científica, de acordo com as normas seguidas por Corrêa (2015).
não em relação as suas práticas e às atividades da SF. Na sequência, a etapa da ACC teve como
participantes uma dupla de AP e as duas formadoras participantes da SF. Nessa fase, os AP leram e
ou assistiram os momentos selecionados pelo seu parceiro, descrevendo-os e comentando-os. Para a
EC, a pesquisadora selecionou trechos das etapas anteriores (ACS e ACC), agrupando-os em três
temas que se mostraram recorrentes nas sessões antecedentes: trabalho em grupo, abordagem de
ensino, dificuldades e aprendizado. O propósito dessa etapa era que as reflexões provenientes das
entrevistas anteriores pudessem ser compartilhadas e provocassem reações no coletivo. As sessões
de AC foram gravadas em áudio e vídeo e transcritas seguindo as mesmas normas das transcrições
das reuniões e das aulas.
Sendo os integrantes dessa etapa os quatro participantes protagonistas, conduzimos quatro
sessões de ACS, duas sessões de ACC e uma sessão de EC. A escolha das duplas para a realização
das sessões de ACC foi feita pelas formadoras. Como AP4 e AP6 foram os participantes que mais
efetivamente trabalharam durante a SD Sports, estando presentes em todas as reuniões de
planejamento e aulas referentes a essa SD, optamos por mantê-los juntos na ACC. Assim, a outra
dupla foi composta por AP2 e AP3. AP1 e AP5, que não participaram da produção e implementação
da última SD e das sessões de AC, foram convidadas para a extensão ao coletivo, visto que fizeram
parte do projeto e tinham conhecimento do coletivo de trabalho. Porém, elas não compareceram à
reunião.
No quadro 10, apresentamos um esquema das sessões de AC, com seus participantes e
datas em que foram realizadas.
Com esse conjunto de dados, traçamos o percurso percorrido para atingir o objetivo geral
desta pesquisa, incluindo as perguntas de pesquisa, os dados analisados para respondê-las e as
categorias e procedimentos analíticos, conforme demonstrado no quadro 11. Na sequência,
descrevemos os procedimentos de análise dos dados.
73
Ainda em relação à análise realizada por meio de SOT e STT, Bulea (2010) e Cristovão e
Fernandez (2014) enfatizam a importância de representar o movimento dinâmico da organização
temática de um texto, mostrando a sucessão e recorrência dos temas tratados. Bulea (2010) indica a
representação desse movimento por meio de quadro, enquanto Cristovão e Fernandez (2014)
propõem o uso de um gráfico para mostrar esse dinamismo do movimento dos temas em um texto.
Nossas análises estão apresentadas por meio de quadros. As reuniões realizadas durante a
SF conduzida nesta pesquisa totalizam 17, sendo numeradas por ordem cronológica. Assim, os SOT
e STT têm a numeração referente à reunião em que foram mobilizados (por exemplo, o SOT 1A é o
primeiro tema abordado na reunião 1, e seus STT são determinados pelo acréscimo de numeral
romano, sendo 1AI, 1AII, 1AIII, etc.). Se o SOT 1A é abordado novamente durante a mesma
reunião, ele apresenta o mesmo código. Dessa forma, entendemos ser possível visualizar o
75
17 Outro dispositivo metodológico utilizado pelos pesquisadores genebrinos em didática das línguas para agrupar e
ordenar as atividades escolares desenvolvidas em sequências de ensino é a macroestrutura. Esse procedimento
analítico é apresentado em uma estrutura em forma de árvore, possibilitando uma visão geral da sequência a partir
da panorâmica global das etapas das aulas (DOLZ, 2008; GRAÇA; PEREIRA, 2015; SILVA-HARDMEYER,
2017).
18 No original, provisional coding.
76
emerge na consciência discursiva e deveriam (ou poderiam) conter segmentos de construção verbal
de ações, sob seu ângulo interno, isto é, tais como elas são concebidas ou vividas por eles”
(BRONCKART, 2008, p. 133, grifos do autor). É importante ressaltar que, na concepção de
reflexividade utilizada pelo autor, com base em Giddens (2003), a construção da consciência
discursiva é parte do processo de reflexividade, sendo entendida como a capacidade do indivíduo de
colocar em palavras as atividades que desenvolve e as razões que o motivam. Com isso, a análise da
reflexividade mobilizada pelos AP durante as sessões de AC colabora para investigarmos o processo
de aprendizagem e os indícios de desenvolvimento dos AP durante a SF.
Com o intuito de alcançar o terceiro objetivo específico, identificamos os conflitos
vivenciados pelos AP durante a SF e verbalizados durante as sessões de AC. Para isso, utilizamos a
codificação de versos22, que busca “identificar em pares binários os indivíduos, grupos, sistemas
sociais, organizações, fenômenos, processos, conceitos, etc. em conflito direto” (SALDAÑA, 2009,
p. 94). Nesta investigação, em consonância com Fogaça (2010), conflito é entendido como
confronto de representações23, podendo gerar desenvolvimento, na medida em que o indivíduo
consiga processar os conflitos gerados pelas situações/atividades e que suas consequências sejam
positivas. As atividades sociais são conflituosas, “o conflito de representações (na busca pela
apropriação dos significados e construção de sentidos) é parte constitutiva das práticas sociais,
sendo um elemento desencadeador de desenvolvimento” (FOGAÇA, 2010, p. 58), levando os
indivíduos a formarem sua identidade e reverem suas representações sociais.
Machado e Bronckart (2009) compreendem o trabalho como atividade conflituosa. O
trabalho docente pode envolver conflitos com o outro, com o meio, com os artefatos, com as
prescrições, etc. Fogaça (2010, p. 62) acrescenta conflitos causados por “relações de poder; pela
escassez de recursos para satisfazer necessidades individuais e de grupo; por necessidades afetivas;
por diferentes visões de mundo; por confrontos de ordem cognitiva, e entre conceitos científicos e
espontâneos”. Baseados nesses possíveis tipos, os conflitos evidenciados nesta pesquisa são
representados por pares binários (advindos da codificação de versos, como por exemplo “professor
inexperiente X professor experiente”) com base no conteúdo das representações dos AP sobre as
suas práticas.
O tema da ética em pesquisa envolvendo seres humanos na área da linguística aplicada tem
apresentado crescente interesse e reflexão (CAMERON et al., 1992; TELLES, 2002; CELANI,
2005; PAIVA, 2005; GARCEZ, 2015). Além de privacidade e confidencialidade, alguns aspectos
apontados se referem a não (ou menor) interferência na instituição pesquisada, cuidados com
informação aos participantes, assim como não deixá-los em situações constrangedoras, refletir sobre
benefícios que a pesquisa também possa trazer a eles, e proporcionar o retorno de resultados aos
participantes, a fim de oportunizar inclusão de suas vozes no relato da investigação (TELLES,
2002; PAIVA, 2005; CELANI, 2005).
A principal preocupação em relação à ética na pesquisa envolvendo seres humanos é a
relação entre pesquisador e participantes e a necessidade de prevenir danos a estes, considerando as
posições assimétricas ocupadas por eles durante a investigação. Entre as medidas formais tomadas
para proporcionar proteção aos participantes, o projeto desta pesquisa foi submetido e aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de
Londrina, com número CAAE 61115116.6.0000.5231, e os participantes foram informados dos
objetivos e das ações previstas para a investigação, assim como seus direitos enquanto participantes,
contidos no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), tanto para os AP participantes
quanto para os alunos da Escola de Circo (APÊNDICES D e E).
Além desses aspectos formais, outros pontos que precisam ser considerados sobre a ética
na pesquisa são a relação entre pesquisador e participantes durante o andamento da investigação e
sobre o relato dos resultados. A participação dos AP ocorreu de forma voluntária a princípio, se
tornando contexto de estágio e de pesquisa para a maioria posteriormente, fatos que contribuem
para a dedicação ao projeto e ao andamento das atividades. A participação dos alunos e educadores
da Escola de Circo se efetivou por meio de um pedido do coordenador do projeto para a condução
de aulas de LI. Assim, apesar dos dois contextos desta pesquisa terem sido criados, os participantes
tiveram liberdade para iniciar, manter e se retirar do projeto. Em relação ao cuidado com o relato
dos resultados da pesquisa, esse é uma tarefa de responsabilidade majoritária do pesquisador. Por
isso, é importante ter zelo com as escolhas feitas pelo pesquisador no momento do relato da
pesquisa, a fim de evitar uma exposição desnecessária dos participantes (FINE et al., 2006).
Outro cuidado ético tomado nesta pesquisa é o retorno aos participantes. O retorno dos
resultados da pesquisa ao contexto e seus participantes traz várias contribuições para a investigação.
Uma delas é o compartilhamento do conhecimento produzido. Como Celani (2005, p. 11) assevera,
“se aceitarmos que vale a pena construir conhecimento, não podemos deixar de aceitar que vale a
79
pena partilhá-lo”. E principalmente partilhá-lo com aqueles que contribuíram para sua construção.
Ao retornar os resultados com os participantes, é possível validar as interpretações e corrigi-las se
necessário, evitando exposição de informações incorretas e ou constrangedoras (FINE et al., 2006).
Ainda, ao proporcionar o retorno, é importante incluir no relato da pesquisa as reações e análises
feitas pelos participantes sobre os resultados e a própria pesquisa. A incorporação das vozes deles na
investigação confere caráter ético-emancipatório à pesquisa (CAMERON et al., 1992), uma vez que
possibilita julgamento e reformulação analítica e incorpora as vozes dos participantes na pesquisa,
contribuindo para a legitimação do conhecimento construído. O retorno dos participantes realizado
neste estudo será apresentado no final do capítulo de análise de dados.
80
aulas em que são evidenciados (especificadas por meio dos números). Os saberes e ou capacidades
em destaque no quadro foram acrescentados por nós com base na análise dos dados. Na sequência
do quadro, comentamos os resultados da análise, evidenciando em negrito os saberes e as
capacidades docentes a que estamos nos referindo.
Com base no quadro de resultados das análises das reuniões de planejamento e das aulas,
identificamos que todos os saberes docentes foram mobilizados em algum momento da SF. Alguns
saberes, como de recursos e de planificação de aulas se relacionam com o planejamento, enquanto o
83
saber de regência de aulas, por exemplo, é mais acionado durante as aulas. Ainda assim, algumas
capacidades pertencentes a alguns saberes não foram identificadas explicitamente nos momentos
analisados, ou seja, não estão explícitas nas transcrições das reuniões e das aulas. Na sequência,
refletimos sobre cada saber docente em relação à sua mobilização durante a SF, trazendo excertos
das transcrições que exemplificam seu acionamento.
O saber de contexto foi majoritariamente identificado durante o planejamento, pois nesses
momentos o grupo necessitava refletir sobre seu contexto de ensino, as necessidades de seus alunos
e os recursos e restrições disponíveis para a realização das atividades que preparavam. Nos excertos
abaixo, temos exemplos da mobilização das capacidades de compreender as necessidades e
objetivos dos alunos, de avaliar o ensino de acordo com os princípios teóricos e de verificar os
recursos e restrições do contexto de ensino. Na concepção teórica e metodológica do ensino de
línguas com base em gêneros, o conhecimento do contexto de ensino e dos alunos é essencial para o
planejamento das SD, devido à importância de que a proposta de ação social esteja conectada à
realidade dos alunos, suas capacidades e necessidades de aprendizado. Nesse aspecto, Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2004) elencam três princípios para o trabalho didático, sendo um deles a
pertinência, que se refere às capacidades dos alunos, às finalidades e objetivos da escola e ao
processo de ensino e aprendizagem, destacando a importância desse saber para o agir pedagógico.
AP6: Eu / Eu posso falar uma coisa? que eu acho, que eu senti, assim, que foi a
primeira opção, que a gente viu uma coisa que eles não viram. Sabe?/
F1: Como assim?
AP6: Porque ... aquela primeira opção que você falou que, que porque eles não
estão engajados! Porque a gente vê oportunidades pra eles, que eles mesmo não
veem sabe?
AP3: Que pra eles parece que é muito distante /
AP6: É uma coisa assim tão distante que, porque assim ou talvez assim,
conhecendo um pouquinho ali eu já, eles têm histórias muito diferentes das nossas,
pra, e eles não enxergam, eles fora dali, sabe? Essa é a impressão que eu tenho, de
que eles não enxergam uma carreira internacional, eles não enxergam. Tanto
quando teve a oportunidade de se inscrever pro workshop lá, ninguém { } { } é,
eles tiveram receio, assim, um medo, algo que bloqueou, sabe? E eu percebo assim,
quantas vezes que o [nome de aluno suprimido] está falando da menina que foi pra
China, eles falam de um jeito como se essa menina tivesse algo, que eles não têm,
pra poder ta lá, sabe? Então eu acho que eles não, não sei, não tão enxergando a
utilidade de ter um CV, porque “Eu to aqui, aqui ...’’, tipo assim. (REUNIÃO 7)
AP4: Eu acho que aquela pausa na sequência didática serviu pra gente também, pra
dar uma renovada, porque a gente voltou aplicando a sequência didática de um
jeito diferente. Eu acho que um pouco mais dinâmico...
AP6: Acho que um pouco mais didático, assim
AP4: E didático
F1: Tipo, quero fazer duas perguntas. Tipo o que? E AP6 eu não entendi quando
você diz “sair do texto”, como assim?
84
AP6: Não, tipo assim, naquela sequência que ficou maçante, tudo a gente trazia
exemplo pra procurar no texto. Dessa vez a gente trouxe exemplo em forma de
imagem, é...
AP4: A gente usava outro tipo de texto também, não só o texto escrito. (REUNIÃO
15)
F2: Amanhã a gente vai tá no::: a gente vai tá no centro cultural então tem
alguns computadores que talvez dê pra usar
AP6: Mas tem que ver a internet, ele já falou que não tinha internet
AP1: Você não usou daquela vez?
AP6: Usei a internet do meu computador
{(xxx)}
F2: O wireless funciona. Mas se a gente leva amanhã, se são nove?
F1: Levar o que?
AP3: Mas tem que saber o que a gente vai fazer primeiro.
F2: Ué, pra eles procurarem os amigos amanhã
AP4: Já?
F1: Sim, tem que botar a situação, dizer qual é o objetivo, qual é a ação e dar
as opções de:::, isso não são eles que procuram, vocês que têm que dar pra
eles...
[…]
F1: Então, acho que tinha que colocar é:: os três numa página (xxx), por
exemplo, esse esse e um printscreen do que eles vão ouvir oralmente pra
depois vocês montarem ó, que que é isso né? Acho que tem que colocá-los
pra pensar sobre o que que é isso pra depois trabalhar com cada um
individualmente. (REUNIÃO 1)
24 À época desta pesquisa, a Base Curricular Comum Nacional estava em fase de elaboração. Portanto, consideramos
os PCN o documento nacional base do ensino.
85
O saber de metodologia foi mobilizado nos dois momentos analisados (nas reuniões de
planejamento e nas aulas). A capacidade de analisar/avaliar a produção oral e escrita dos alunos
foi identificada durante o planejamento, em momentos de reflexão sobre a correção e o feedback
das produções dos alunos, conforme exemplificado nos excertos a seguir:
F1: é... não, e porque eu acho assim, levando em consideração mesmo o que você
falou AP3, é... apesar de vocês terem... é... (+) abordado isso na aula, ele pode não
tomar aquilo pra ele, entendeu? {é então vamos supor, a [nome de aluna
suprimido]... a [nome de aluna suprimido] foi bastante objetiva, digamos assim, e
ela pode é... é... ter... t:er... hãn... feito esse texto objetivo por opção, OU por
restrição, porque ela não consegue ainda né, {adicionar} ainda outras informações
que ela é... gostaria, então (+) vocês poderiam até talvez criar um que todo mundo
vai escrev:er, todo mundo vai colocar isso... é... como feedback, que são as opções
de... é... de... conteúdo num perf:il e... de possibilidades de organização desse
conteúdo, e AÍ o seu feedback e:specífico, por exemplo, para a [nome de aluna
suprimido], olha [nome de aluna suprimido]... ó porque ela, parece que ela até
deixa aqui uma... uma deixa pra eu interpretar isso ó... these are some information
about my profile (xxx) tudo bem do... do erro gramatical, não é isso o problema,
mas… (++) ah eu queria dizer mais mas eu nao sei <@@> né?, parece que ela ta
falando isso <@@> né... mas é... o import/ o mais importante numa avaliação é
você poder... realmente... é, ir ao encontro da solicitação de vocês, a gente quer
saber o quê que a gente pode melhorar, então é dizer o quê que ela foi bem, o quê
que tá bom nesse perfil que pode ser melhorado...(+) é isso que na realidade um
aluno quer ouvir...
AP6: é, acho que a gente podia ver algumas... e tem as coisas que a gente coloca
pra todos né?.... (REUNIÃO 4)
AP4: so the first question “How many grandslams did she win?”
A5: esse aqui
A10: eu não entendi
AP2: how many grandslams did she win?
A3: o que que o texto fala/
A5: QUÊ?
AP4: remember that we saw that she is/ she won a lot of grandslams that is the
prize
(xxx)
A5: nossa!
A3: {o que que é prize}?
AP2: o que eram os grandslams?
A6: era aqueles prêmios que tem como/
AP2: como os prêmios que eles têm quatro por ano certo?
A3: saquei agora
A10: eu sabia! Isso eu sabia!
A5: ah mas/
AP2: “how many” quantos grandslams “did she win” ela venceu/ ela ganhou
A10: quatro não? trollei vish eu nem lembro vei, eles deram isso aqui na aula
semana passada
AP2: it’s the first word on the/ on the/ {é a primeira} it’s the first word in the text
A3: eigh! Eighteen! Nem vi ó nem vi, cabei de ver aqui ó (xxx)
A6: eisteen/ é eighteen!
A10: aqui ó! Eighteen grandslams. (AULA 2)
F2: Eu acho que a gente tem que incluir uma parte de comunicação mesmo, de
pedir etc, porque eu acho que eles vão se interessar /
AP4: Como pedir num restaurante?
AP1: Sim
F2: Como usar o menu, ler o menu e como pedir. (REUNIÃO 13)
F1: […] Aqui, deixa eu ver. ((Se referindo a um material sobre entrevista de um
livro didático)). Do you usually read or watch interviews? Where? In your opinion
are all interviews equal? Explain. Olha só, minha pergunta. Complete the sentences
with the words from the box, interviewee and interviewer. Read the interview
below. Where was it published? You will read an excerpt from an interview
published in a British newspaper's official website. The questions below were taken
from it. Read the text and write the questions in the correct space. Answer the
questions. Why is the sentence parara highlighted? Writing, depois no writing
movement eles não trabalham com interview...
F2: Ah, é normal isso né
F1. É.
F2: Tem outros aqui com interview, mas daí por exemplo tem uns que não tem nem
essa introdução
AP6: É, eu achei xxx
F1: Ahan, sim, que é mais guiado
AP6: Daí se a gente quiser por uma entrevista, a gente pode pegar uma também.
(REUNIÃO 16)
A capacidade de selecionar textos foi bem exigida dos AP, principalmente na adaptação e
produção das SD. O trecho apresentado na sequência demonstra que o grupo selecionou vários
exemplos de perfis de artistas circenses da internet para produzir atividades para a SD Profile. Os
AP experienciaram escolhas bem e malsucedidas de textos, sendo exemplo deste último caso a
entrevista com um atleta selecionada para a aula 3 da SD Sports. Essa escolha em particular será
retomada nas sessões de AC, uma vez que dois participantes optaram por esse momento para
reflexão, demonstrando sua relevância para o desenvolvimento desta capacidade docente.
suas atividades. Nos excertos a seguir, o grupo conversou sobre ideias para atividades que viriam a
ser produzidas para as aulas, considerando as necessidades e capacidades dos alunos. Em relação a
essa capacidade docente, um aspecto a ser considerado é a variedade das atividades propostas,
proporcionando “a cada aluno a possibilidade de ter acesso, por diferentes vias, às noções e aos
instrumentos, aumentando, desse modo, suas chances de sucesso” (DOLZ; NOVERRAZ;
SCHNEUWLY, 2004, p. 89). Além disso, as atividades propostas durante os módulos devem
propiciar aos alunos o desenvolvimento das CL necessárias para a realização da ação linguageira
apresentada no início da SD.
F2: Talvez a gente pode colocar assim: topics, expensive... Não? Expensive, cheap,
French, Italian, não sei, que mais que pode definir um restaurant?
AP1: Chinese.
{sobreposição de falas}
F2: Vamos colocar gente é vocabulário para eles. (REUNIÃO 12)
AP6: Não sei, tava pensando em fazer essa do Bernardinho e não sei. E::: daí a
gente podia, eles têm que montar as perguntas que eles querem perguntar né, pra
pessoa lá.
F2: A gente tem que fazer atividade de pergunta, lembra aquelas atividades que
você falou que dava pra fazer semana passada?
AP6: Ah, uma simulação né
F2: Não, uma atividade de perguntas e respostas. Não foi semana passada, foi na
outra ainda?
AP6: Ah::
AP4: Não, foi semana passada.
AP6: Pensei em dar as respostas pra eles pensarem nas perguntas
F2: Isso, coisa desse tipo
AP6: Ou de ligar sabe? Pergunta e resposta
F2: Se quiser fazer aquela do cartão do::: (REUNIÃO 17)
capacidade foi pouco acionada pelos participantes, ao considerá-la de extrema importância para os
encaminhamentos do curso e das aulas, sendo sempre necessário refletir sobre os objetivos de
aprendizagem ao determinar um objeto de ensino, ao planejar uma SD e ao preparar as atividades
para compor esse material didático. Nesse sentido, as formadoras poderiam ter possibilitado a
mobilização dessa capacidade mais recorrentemente, questionando os AP acerca dos objetivos das
atividades que estavam produzindo, por exemplo.
F1: Então a atividade solicitada pra vocês era pensar em uma e em outra,
meio que avaliar né, é::: avaliar uma e outra pra ver que tipo de, primeiro se
seria uma boa sequência, que daria continuidade a esse assunto de falar de si,
e perguntar sobre o outro pra depois responder né, que é a outra sequência
didática que ela também mandou que é como responder a carta a partir do
momento que você consegue um cyber pal, que é isso que a gente vai tentar
né, um cyber pal. (REUNIÃO 1)
F2: E depois eu acho que pode fechar com o que você perguntou. A não ser que
vocês queiram fazer alguma coisa específica. Porque eu acho que aí, o propósito
de:: dos diferentes contextos que determinam a xxx, acho que é esse o propósito
dessa atividade.
AP6: É porque, até porque assim, a gente, a pessoa que a gente vai levar, tá é uma
pessoa que pratica esporte mas é uma professora de inglês, qual que vai ser o foco
da entrevista? Na prática de esportes, não no ensino dela né. (REUNIÃO 17)
F1: Sim!
F2: Eu acho que sim
F1: E aí eles, vocês vão devolver com esse feedback e vão pedir pra eles refazer,
então vai ser a segunda versão, pra depois a gente ver então com base na segunda
versão o que que a gente ainda vai ter que melhorar, que provavelmente aí vai ser
aspecto muito mais:: porque agora ó vocês vão ter que entrar ainda em gramática,
vocabulário e pronúncia
AP6: Mas daí vai entrar depois da segunda versão?
F1: Depois da segunda versão. (REUNIÃO 3)
AP3: aí que que a gente pensou no sábado? Até a gente escreveu aqui, de ajudar
eles a fazer uma biodata, então por exemplo assim, porque a gente falou assim “ah
cê só vai jogar seu currículo lá: no site e acabou?” tem que ter uma breve
apresentação sua né?!e dos ví, e a gente mencionou um pouco vídeo também, que
eles perguntaram mas o vídeo?! ah é coisa de um minutinho só, só pra né? Mostrar
o que cê faz né, então daí é: a gente pensou de montar um modelo, pegar vá:rios
modelos de biodata de artistas e mostrar pra eles os diferentes tipos, o que que vai,
o que que não va:i, como que monta uma, é:, e daí a gente entrega primeiro a
versão que eles fizeram
[...]
F1: então, mas eu queria fazer uma pergunta pra eu entender, é, no fim:, o que é,
qual é o gênero mais importante, é:, nessa sequência: didática? é a apresentação
oral pelo vídeo? É o CV ou é a biodata?
AP3: ah não sei, acho que pra mim (xxx) um ligado no outro
F1: então, mas onde vai aparecer esse CV?
AP3: no site deles
F1: mas o vídeo {também}? Então ele vai ter as duas coisas lá, nas as três na
realidade
AP3: igual o que gente viu dos sites né, que a gente apresentou pra eles
F1: todos têm o CV?
AP3: todos têm. (REUNIÃO 5)
das aulas, como a de apresentar um conteúdo linguístico, estabelecer relações com conteúdos
locais/internacionais e estabelecer relações entre língua e cultura, interagir com os alunos,
gerenciar a classe e utilizar a língua alvo.
AP4: ok guys today, we're going to learn little more about sports
AP2: do you practice sports?
AP4: games, football, volleyball?
AP2: Mário said that he used to play basketball? right? But do you like sports?
(AULA 1)
AP4: Good morning class ... how are you today? You are fine
A5-A2-A6-A8-A9-A10: (fine)
AP4: do you remember our last class? What I told last class? Nossa última aula
I told about the breakfast, the table eat a lot….
A8:- yes
AP4 : what did you do in your holidays? Holidays? Férias.
A10: xxx
A8: se viajou a trabalho fala work ou job?
AP4: I travel working?
F2: for work. (AULA 1)
usando o exemplo de entrevista oral com um esportista (entrevista com Serena Williams) que já
havia sido trabalhado. Diante disso, os AP também puderam perceber a relevância de um módulo de
introdução do gênero textual como facilitador para a apresentação da situação de comunicação,
tópico retomado posteriormente em uma sessão de AC. Swiderski e Costa-Hübes (2009)
recomendam a inclusão de um módulo de reconhecimento do gênero como forma de proporcionar
conhecimento sobre o gênero aos aprendizes antes da produção inicial.
AP4: did you understand guys? What is said here? Okay, so now that we have work
with somethings/ agora que a gente já deu uma ideia do que a gente vai fazer, vocês
tem alguma ideia do quê que vocês vão trabalhar?
A10: sports!
AP6: Yes! Sports!
(xxx)
AP4: yeah! Sports! But are we teaching you how to play sports? A gente tá
ensinando vocês a jogar esportes?
A5: {não!}
AP4: what are we teaching you?
A3: inglês né
A10: jura? @@@
AP6: sim né
AP4: what kind of activities? What kind of activities we have/
AP6: we did?
AP4: yes! Que atividades que a gente já fez até agora?
A1: sei lá
A10: diálogo
A3: duas! Two!
AP6: duas!
A3: a primeira é essa não é?
AP6: e essa daqui é o quê? What is this activity?
A8: uma história de uma atleta/
A1: é uma interview/
AP6: interview! Yes! @@@ Interview, yes!
[…]
AP6: so we are going to {do an interview, you guys are going to do an interview
with someone}
A10: a gente vai ter que fazer uma interview entre a gente?
A6: eu imagino assim
A8: a gente vai fazer a nossa interview/
AP6: to someone/
A3: ai eu prefiro fazer esporte/
AP4: you are going to interview a person/
AP6: with questions
AP4: you will be the interviwer
AP6: you are going to interview an athlete. What is an athlete? Okay?
A10: bom eu não entendi esse final não! @@@ ah eu não entendi
AP4: look! I’m going to be the interviewer/
A10: a parte da gente eu entendi eu não entendo no finalzinho depois
AP4: an athlete/ athlete. What is an athlete?
A8: ela! Ela é uma atleta/
AP6: someone who pla:ys/
AP4: who plays a sport
94
Porém, a capacidade de utilizar o plano de aula e de curso não pôde ser identificada a
partir das transcrições das aulas. Por conseguinte, foi necessário realizar a descrição dos planos de
aula e compará-los com a sinopse das aulas da SD Sports para notar a capacidade dos AP de utilizar
e adaptar o plano de aula quando necessário (ver Apêndice A para a descrição dos planos de aula e a
sinopse das aulas). As adaptações do plano de aula aconteceram principalmente em razão de falta de
tempo nas aulas e da não realização das tarefas pelos alunos. Nesses casos, os AP optaram por
retomar as atividades não realizadas em casa durante as aulas, decisão normalmente baseada por
considerarem a atividade necessária para o processo de aprendizagem dos alunos. Esse tópico foi
debatido em sessões de AC, como veremos na próxima seção.
O saber de regência de aulas, por incluir as capacidades docentes necessárias para a
prática de sala de aula durante a implementação das SD, constitui um saber necessário à formação
inicial docente, já que é por meio dessa atividade prática que o futuro professor desenvolve suas
capacidades relacionadas à condução de suas aulas. Um elemento essencial acerca desse saber é
proporcionar aos AP uma formação integradora de conhecimentos teóricos e experiências práticas,
conscientizando-os da necessidade de o professor ser capaz de se voltar para a própria prática,
refletir e teorizar sobre ela, o que o torna um profissional crítico e reflexivo. Nesse sentido, Dolz e
Gagnon (2018) entendem a atividade prática e a posterior reflexão sobre ela como vetor de
profissionalismo docente, uma vez que as práticas profissionais são alimentadas tanto pela teoria
quanto pela análise da prática, corroborando nossa compreensão em relação à importância da
integração das atividades teóricas, práticas e reflexivas durante uma SF.
95
O saber de aprendizagem autônoma foi o menos mobilizado durante a SF. Por se referir
ao desenvolvimento de autonomia nos aprendizes em relação a seus estudos e à busca por
conhecimento, esse saber poderia ter sido mais explorado pelos AP, uma vez que é papel do
professor incentivar a aprendizagem autônoma dos alunos. Inserida nesse saber, uma das
capacidades acionadas foi de inserir tarefas de casa adequadas ao aprendizado dos alunos, que
pode ser vista explicitamente nos trechos exemplificados na sequência. Notamos que as tarefas
foram pedidas a partir de embasamento desenvolvido durante a aula (vocabulário e estrutura
ensinados em sala, no primeiro caso) e encaminhamentos para sua realização (estratégia para leitura
de texto em casa, no segundo caso), caracterizando tarefas de casa apropriadamente requisitadas
devido aos direcionamentos oferecidos em sala.
solicitaram que os alunos buscassem perfis virtuais de artistas circenses em casa para contribuir
com o desenvolvimento de seus próprios perfis. No entanto, uma dificuldade evidenciada durante o
curso foi o não cumprimento das tarefas pelos alunos.
No que concerne o saber de avaliação de aprendizagem, todas as capacidades foram
demandadas durante a SF. A capacidade de compreender artefatos de avaliação ficou
evidenciada quando os AP demonstraram seu entendimento sobre o conceito de avaliação
formativa, pressuposto do procedimento didático que estava sendo utilizado (SD). Conforme o que
já discutimos no saber de metodologia, o embasamento teórico-metodológico da abordagem
pedagógica por meio de gêneros textuais propõe uma avaliação relacionada a todo o processo de
aprendizagem do aluno, o qual é direcionado pela produção escrita ou oral proposta, culminando
com a avaliação da produção final. Sendo assim, os futuros professores precisam conhecer o
método e os artefatos de avaliação propostos pela teoria que embasa o ensino e aprendizagem de
LE.
AP3: É eles podem estar em grupos, mas vai cada um fazer o seu.
AP6: Ai tá proposto pra cada/
F2: Mas dai...
AP6: Eles precisam fazer um...
F2: Eu acho, o que você queria fazer?
AP1: Eu acho melhor fazer um porque dai dá pra ver a evolução deles.
[...]
AP3: Pelo menos a primeira produção e a última poderia cada um fazer a sua.
F2: Mas dai a última/
AP6: Ou pelo menos duas refacções...
AP3: É, porque dai vamos saber quem está aprendendo ou não né
AP6: É. (REUNIÃO 12)
A capacidade de reconhecer o desempenho dos alunos foi a mais acionada desse saber,
considerando que os AP recorrentemente refletiam sobre o engajamento e o aprendizado dos alunos,
como fica demonstrado nos excertos a seguir. Essa capacidade se relaciona com o saber de
metodologia, já que a análise do desempenho dos alunos é realizada em todas as aulas,
independentemente de ser uma atividade avaliativa ou não, remetendo novamente à noção de
avaliação processual.
AP3: É, deu pra perceber assim que quando a gente lia eles sabem traduzir,
eles sabem o que tá escrito, mas não sabem como responder
AP1: Acho que a maioria tem dificuldade na hora de falar, eles não
conseguem pronunciar muito, muito bem, mas eles sabem já o que que tá
perguntando, como que tem que responder. (REUNIÃO 1)
AP6: Animados?
F2: Animados, engajados?
AP4: Mas eu acho que foi mais por causa, pausa, porque, o formato de aula que a
gente deu também né?
F2: Uhum.
AP3: Eu acho que foi o formato e o assunto.
AP4: É, é verdade.
AP6: Tanto o quiz, como a...
AP3: Não era tanto texto...
AP6: Aquela atividade com as imagens do áudio, com os recursos visuais, achei
eles bem animados pra tentar ouvir, pra tentar entender. (REUNIÃO 10)
A capacidade de promover a autoavaliação dos alunos foi identificada uma vez, durante
a SD Profile, quando os AP sugerem criar listas de constatação para que os alunos pudessem avaliar
suas produções e as produções de seus colegas. Cristovão (2015) recomenda o uso de uma lista de
constatação (checklist), produzida a partir dos elementos do gênero trabalhados em sala, para que os
alunos e professores possam avaliar as principais características do gênero textual produzido e
auxiliar os alunos a atingirem seu objetivo e a responderem à situação de comunicação proposta.
Com isso, os alunos têm mais uma ferramenta para acompanhar e analisar seu desempenho,
construindo conhecimento em relação ao gênero textual que está sendo trabalhado.
AP3: até que a gente tem aula com a [nome de professora da graduação suprimido],
e a gente pensou de fazer algo mais ou menos assim, algo mais ou menos assim
que tem esse rubric for resume writing, a gente fazer um e entregar pra eles
também, {mais simples}
F1: certo! E aí eles podem também, deixa eu ver?!
AP3: tem esse, tem isso aqui que é um pouco mais complicado, ele é mais
[...]
AP3: daí faria um mais simplezinho pra eles que tiverem também, {tem nome?
Tem não sei o quê?}
F1: sim, sim
AP3: tem que ir de acordo né, com a/
F1: não, legal, muito bom, mas aí faria pros três ou só pros/
AP3: pode ser pros três, daí pode ser pros três de acordo com as (xxx). (REUNIÃO
5)
98
AP5: Nossa, mas na hora que eles começaram a falar que não sabia.
AP1: Meu deu muita raiva, porque dá a impressão de que ninguém ensinou eles.
F2: Mas é que assim, não fiquem pensando ... É que claro, a F1 estava lá eu
imagino, mas assim não fiquem pensando, vocês ensinaram eles, só que nem todos
estavam na aula, o [nome de aluno suprimido] não estava na aula.
AP5: Só porque a F1 estava lá, ele estava querendo mostrar serviço.
F2: É então não fiquem assim muitos chateados, eu sei que é chato, mas não
fiquem chateados ... nem tudo depende da gente, mas a gente tá vivendo um
momento que a gente está percebendo que eles não estão fazendo coisas, eles não
estão estudando, não estão se empenhando. (REUNIÃO 8)
Os dois últimos saberes apresentados no quadro 12 foram inseridos por nós com base na
análise dos dados. O saber teórico se refere às questões de teoria que baseiam o ensino e a
aprendizagem de LI. Esse conhecimento é necessário para que o professor possa planejar e conduzir
suas aulas de forma embasada, de acordo com os objetivos do ensino e das necessidades e interesses
de seus alunos. Englobadas nesse saber, identificamos três capacidades docentes explicitadas
durante as reuniões de planejamento, momentos propícios para que as reflexões teóricas ocorressem
uma vez que o saber teórico guia o planejamento do curso e a preparação das aulas. Uma das
capacidades identificadas é de conhecer teorias/abordagens de ensino de LE/LI. No excerto a
seguir, o grupo refletiu sobre as diferenças entre as metodologias de ensino de LI em diferentes
abordagens.
tinha muito mais drills [...] Repetição e drills são lá do áudio lingual onde
você aprendia o elemento organizador, era o elemento linguístico, então aqui
a gente tem a ideia de que a aprendizagem é linear e ascendente. E aqui que
foi determinado que a gente começa no to be “I AM, you are, it is”, por que?
Porque a língua é um sistema de estruturas. Eu vou começando, daí depois
do to be vai do e does, daí depois vai pro ing, depois enfim. […] O que que
muda quando a gente pensa em sequência didática em uma abordagem com
gêneros? […] a sequência didática é organizada em torno de um AGIR DA
LINGUAGEM, é de uma AGIR SOCIAL. Portanto, eu tenho que realizar
algo no mundo com a linguagem que eu uso, ou seja, ela é mais ampla.
(REUNIÃO 15)
F1: [...] Então o que eu gostaria de enfatizar é isso, que toda SD parte de
onde? Ou parte do quê? De qual premissa?
AP6: Uma (xxx).
F1: Oi?
AP6: Uma ação.
F1: Uma ação que será realizada, então vocês têm que propor a ação em
primeiríssimo lugar, quer dizer, claro, colocá-los numa situação de
comunicação que é mostrar a diferença de uma carta, de um e-mail, que
antigamente como é que, […]. (REUNIÃO 1)
F1: […] pra quem trabalha com sequência didática, que é o que a gente tá
tentando fazer, há algumas características, a sequência didática é uma forma
de organizar uma proposta didática partindo da prática social, que seria/ qual
é a prática social dessa sequência didática que nós estamos agora
implementando?
AP2: tipo, eles forem ao mercado/
F1: se apresentarem, exatamente, se apresentarem enquanto profissionais pro
mercado de trabalho no próprio site da escola em que eles trabalham, da
instituição que eles representam, exatamente, então sai da prática social, e aí
vocês estão buscando exemplares de textos de referência de onde, de outros
sites de outras instituições, ou seja, também de uma prática social, e aí a
gente faz todo um trabalho didático em torno das capacidades de linguagem,
que sã:o, eu não vou falar os nomes agora porque vocês ainda vão ler, é: AP3
e AP4 já sabem, capacidades de significação, discursivo e linguístico-
discursivo, mas sem entrar no mérito da definição de cada uma dessas
capacidades, o que que é a gente é: hã propor atividades pra que eles
consigam, primeiro tomar decisões em relação a imagem que ele quer passar
pro outro, quando ele toma essa decisão que conteúdo então vai representar
100
avaliação, metodologia, pesquisa em gêneros (por exemplo, língua, textos, capacidades dos alunos),
teorias, prática, letramento e procedimentos de ensino”. Além disso, a prática reflexiva também tem
papel fundamental nesse processo, ao propiciar momentos de reflexão sobre o trabalho docente com
base nas atividades teóricas e práticas, conforme analisaremos na seção seguinte.
O saber de conteúdo, ou saberes a ensinar como nomeado por Hofstetter e Schneuwly
(2009) ou o saber disciplinar como referenciado por Dolz e Gagnon (2018), se referem aos saberes
sobre o conteúdo, nesse caso sobre a LI, que o professor deve saber e saber ensinar. Esse saber foi
mobilizado durante a SF conforme houve necessidade de refletir sobre o conteúdo, tanto por causa
do contexto de ensino, como por exemplo a necessidade do grupo em pesquisar os léxicos
relacionados às atividades circenses (primeiro trecho abaixo), ou devido às necessidades
apresentadas pelos AP, como a dificuldade de explicar a ordenação dos grupos nominais na LI
(segundo trecho abaixo). Nesse saber, também englobamos a pesquisa e o conhecimento das
características referentes ao gênero textual a ser trabalhado em sala de aula, exemplificado no
terceiro excerto a seguir, pois esses aspectos são ensinados aos alunos e configura-se como saber a
ensinar. A partir da análise dos dados, identificamos as capacidades docentes de saber e ensinar
léxicos, sentidos para léxicos, pronúncia, regras gramaticais, o gênero textual e uso social da
LI. Sabemos que outras capacidades relacionadas aos saberes a ensinar são necessárias aos
professores, mas elas não foram mobilizadas durante a SF e, portanto, evidenciadas nos dados.
F1: isso pronto. Vocês vão ter que, já praticaram né como diz juggler,
AP4: já
F1: Acrobat, clown
F2: (xxx) todos os dias
AP6: Handstand, a menina esses dias minha especialidade é handstand
F1: Aquela que fica em cima dos...
AP6: Parada de mão
F1: Mas e aquela que fica em cima duns é:::
AP6: perna de pau?
F1: Nã::o! Um negócio cheio de, vamos dizer assim cabos, vamos dizer paus, mas
cheio, daí a pessoa fica de ponta cabeça com a mão e fica fazendo as acrobacias
mas em cima desse negócio
AP4: esse aí a gente não aprendeu ainda
[…]
AP4: Qual que é aquele que você tinha descoberto aquele dia?
F2: Eu descobri aquele que pula assim, não sei nem o nome em português,
APX: Teeterboard
F1: Que que é isso?
AP3: É aquelas gangorra que pula. (REUNIÃO 1)
AP6: gente eu não sei dar uma explicação porque: que o nome fica desse jeito, eu
tenho que fazer o nome, mas eu sei tipo assim que lógico que ó Londrina, a cidade
fica por último, mas assim, uma explicação gramatical, por que que a ordem do
nome fica desse jeito eu não sei:
102
F1: não, se quiser, por exemplo, nosso, o nosso no Brasil, o Lattes, que é o mais
comum pra nós né na, TEM que fazer, CV, é, o que antecede o CV é uma biodata,
nos exemplos que vocês deram também? Então eles vão ter que fazer, se: as duas,
se: se esses três gêneros forem compor o site, se eles estão de acordo, eles vão ter
que produzir os três sabendo das diferenças E recebendo feedback nos três
AP3: aham
F1: ou seja, sabendo que o CV é topicaliza:do e que é, eles inserem informações
bastante objetivas, dentro de cada tópico, que a biodata você fala em terceira
pessoa, F1 é professora, professora associada da Universidade Estadual de
Londrina, olha, é formal mas ainda objetivo, o que eles podem florear e falar que
né, eu sonho com um mundo colorido cor-de-rosa, é no texto oral, é na
apresentação oral, eu vim pro mundo do circo porque eu admirava a fulana sei lá,
enfim, que aí eles podem, claro, tem uma certa subjetividade né, que não é a
permitida na biodata e no CV, lembra lá do exemplo que eu tava dando na aula da
Miranda: whatever, Miranda who? Miranda/ (REUNIÃO 5)
AUTOCONFRONTAÇÃO
A análise apresentada a seguir visa a responder ao segundo objetivo desta investigação, que
é identificar as dimensões de reflexividade mobilizadas durante as sessões de AC realizadas na SF,
conduzidas com propósito de desenvolver práticas reflexivas em relação à experiência vivenciada
pelos AP e considerando a atividade reflexiva como parte constituinte e necessária de uma SF. A
análise detalhada das sessões de AC em relação às dimensões de reflexividade mobilizadas,
realizada inicialmente com a codificação descritiva para identificação dos tópicos 26 tratados pelos
AP e associação destes tópicos com as dimensões de reflexividade, encontra-se no Apêndice B. A
25 É importante ressaltar que a reflexividade não ocorreu apenas nas sessões de AC, mas também nas reuniões de
planejamento e nas aulas. Contudo, as sessões de AC são momentos que têm como foco a reflexividade.
26 Optamos pelo termo tópico, diferentemente da seção de análise anterior em que utilizamos SOT, porque o
procedimento de análise usado nesta etapa é a codificação descritiva (SALDAÑA, 2009) e não o procedimento de
identificação de SOT e STT conforme proposto pelo ISD (BRONCKART, 2008; BULEA, 2010).
104
síntese desta análise é exibida nos quadros 14, 15 e 16, em que constam os tópicos tratados pelos
AP nas sessões de AC referentes a cada dimensão de reflexividade. É importante ressaltar que as
dimensões de reflexividade se relacionam entre si, e que esta análise busca identificar a dimensão
mais evidente para cada tópico. Porém, alguns tópicos aparecem em mais de uma dimensão por
entendermos que eles se relacionam primariamente com ambas.
Além disso, entendemos ser possível estabelecer uma relação entre as dimensões de
reflexividade e os saberes docentes, conforme propostos por STUTZ (2012) e expandidos por esta
investigação na subseção analítica anteriormente apresentada, como demonstrado no quadro 13.
Com base nessa compreensão, podemos identificar os saberes docentes mobilizados também nesta
etapa da SF. Ainda, esta análise nos permite interpretar o processo de aprendizagem e indícios de
desenvolvimento a partir das atividades reflexivas desenvolvidas pelos AP, isso porque
consideramos a reflexividade como atividade que contribui para a tomada de consciência,
pressuposto para a aprendizagem e o desenvolvimento (BRONCKART, 2008).
Após os quadros 13, 14 e 15, o relato desta análise parte dos tópicos discutidos pelos AP
em cada dimensão de reflexividade, abordando os saberes docentes que cada dimensão engloba, e
refletindo sobre os tópicos que indicam aprendizagem e indícios de desenvolvimento.
105
Quadro 14 – Dimensões de reflexividade mobilizadas pelos AP4 e AP6 nas sessões de ACS e ACC
Tópicos abordados na ACS de Tópicos abordados na Tópicos abordados na ACC de
AP6 ACS de AP4 AP4 e AP6
DIMENSÃO EPISTEMOLÓGICA
Quadro 15 – Dimensões de reflexividade mobilizadas pelos AP2 e AP3 nas sessões de ACS e ACC
DR Tópicos abordados na ACS Tópicos abordados na ACS Tópicos abordados na ACC de
de AP2 de AP3 AP2 e AP3
DIMENSÃO EPISTEMOLÓGICA
- Importância de projetos na FI
- Papel de projetos na FI
- Obrigatoriedade da extensão da FI
- Status do ensino público de LI
- Condições para desempenho do trabalho docente
- Dificuldades de colocar teoria em prática
- Objetivos do ensino de LI na educação básica
- Não aprendizado de LI no ensino público
- Experiência de responsabilidade social
- Responsabilidade social com a educação pública
- Papel e responsabilidades do formador
Fonte: a autora.
amplamente em estudo de exemplares de textos referentes ao gênero alvo da SD, como pode ser
compreendido nos excertos a seguir. As participantes, que já haviam cursado a disciplina de
Gêneros Textuais e participado de outro projeto envolvendo produção e implementação de SD,
apontaram para a possibilidade de incluir atividades dinâmicas, diversificadas no desenvolvimento
de uma SD, constatando um aprendizado delas como professoras em formação durante sua
participação da SF e, portanto, um indício de desenvolvimento profissional.
AP6: […] Mas foi legal pra ver :::, abrir um pouco a visão, ampliar do que é
essa produção e o quanto mais a gente pode trazer pra enriquecer essa aula,
não ficar assim preso naquilo, porque eu enxergava muito engessada até
então, e agora...
F2: Você enxergava engessado o quê?
AP6: Tipo, tem que ser esse passo, esse passo, esse passo...
F2: A sequência didática?
AP6: A sequência didática. E agora a gente vê que pode abrir, diversificar,
trazer mais coisas mas pra chegar naquele objetivo
F2: Objetivo é o mesmo mas formas diferentes...
AP6: É, formas diferentes assim (+++)
F2: Eu também acho, eu percebi que durante o percurso é::: nossas visões
foram mudando de::: eu lembro que lá no começo que Ah mas é chata, mas
não é chata porque é, era chato porque a gente fez chato, na verdade, e aí a
gente aprendeu que não precisava fazer chato
AP6: é, mas foi um processo, pra ver que dava pra ser diferente. O problema
é que não deu tanto tempo de diversificar tanto, porque até aprender isso,
logo terminou, mas é o processo (ACS – AP6)
AP3: […] eu acho que assim, se você quiser trabalhar uma sequência
didática, acho que é possível também misturar uma dinâmica, uma atividade
mais viva por assim dizer, mas essa foi uma coisa que chamou atenção, que
quando a gente saiu dessa SD que tava totalmente voltada pra eles e
começamos a trabalhar algo que é importante também, que pode fazer parte
do contexto mas de forma diferente, eu vi que eles se animaram mais, então
eu acho que dá pra trabalhar as duas coisas sim. Já trabalhei anteriormente
com sequência didática e eu vi que dá pra fazer as duas coisas, que eu
trabalhei mais com dinâmica, também porque era com criança né, é
diferente, mas dá pra misturar as duas coisas, acho que não é impossível não
(ACS - AP3)
AP6: Ah, é muito bom, porque agora eu consigo entender muitas coisas que
são faladas
F1: Tipo o quê?
AP6: Tipo a prática social da língua, coisas que a gente vai caminhando
desde o primeiro ano e vai indo, vai indo e de repente a ficha cai Nossa
agora eu sei o que que é! Depois de passar um ano planejando não sei o que
e horas com dúvidas agora você consegue entender, você consegue enxergar
de um jeito diferente. E pra mim assim eu acho muito legal porque realmente
eu acredito em um ensino diferente assim, nessa outra visão, não só na
língua como estrutura. Então foi muito legal porque foi um ano que
realmente eu pude ver que o que tava aprendendo das aulas da graduação e a
prática tudo assim, nossa eu realmente aprendi alguma coisa @@@ Tipo eu
realmente tenho aprendido e aprendi algumas coisas, então foi:: pra mim tá...
(ACC – AP4 e AP6)
AP2: [...] uma coisa que, pelo menos eu vejo isso comigo, é que quando eu
entrei no projeto, eu não tinha a menor noção do que seria a sequência
didática, tipo a F1 falava tá a gente vai trabalhar com gêneros assim,
sequência didática, tipo tudo tem que se engajar socialmente de alguma
forma, tudo tem que ser verdadeiro, nada pode ser criado, eu ficava meio que
perdido tipo o que isso significa?
xxx
F2: O que você tá aprendendo? Você falou que quando você entrou no
projeto você não sabia nada de sequência...
AP2: Isso! Tipo eu não sabia nada, ai a gente tava lá na primeira aula, não a
gente mas eu acho que eu e a AP1 também, a gente tava meio perdido, a
gente não sabia diretamente com o que a gente tava lidando. E aí o
aprendizado sobre essa abordagem que a gente utilizou durante o projeto ele
foi acontecendo junto ao projeto, né não foi tipo eu sei teoricamente o que eu
vou dar, foi prática junto com a teoria, porque tipo assim a teoria a gente
discutia ah:: nas reuniões, essa questão ah a gente não pode pegar:: a gente
não pode abrir o word e escrever, a gente tem que pegar de um contexto real,
a gente tem que xxx de um vídeo que está no youtube, então tudo isso pode
ser considerado essa parte mais teórica da:: da abordagem de gêneros e a
prática a gente tava vivendo ali com eles né. (ACS - AP2)
AP3: Eu acho que uma coisa não existe sem a outra porque o que a gente
aprende por exemplo assim na graduação até o terceiro ano que seria
supostamente o estágio é tudo teórico, a gente nunca tinha colocado em
115
prática e quando você vai colocar aquilo que você aprendeu você vê como é
tão diferente que::: que é diferente porque você não estuda a realidade do
lugar, o tipo do aluno que você vai trabalhar, vamos supor escola pública
você já tem aquele pré conceito de que na escola pública os alunos são
terríveis você não consegue dar aula você não domina e tal, então como
colocar isso em prática, aquilo que eu aprendi na teoria? [...] então eu acho
que o que a gente desenvolveu aqui no projeto foi muito mais próximo dessa
realidade de teoria e prática do que a gente aprende assim durante a
graduação. Não que seja falha a graduação mas que não é tão realista
quanto:: a gente pôde entrar num contexto de vulnerabilidade ali do projeto,
ver a realidade deles, trazer então mas como é que a gente vai trabalhar?
Como é que a gente vai fazer? (EC)
a gente consegue aprender assim com os positivos dos outros pra melhorar, o
aspecto melhor que cada um tem pra lidar com::, mesmo na organização das
atividades nas reuniões, que era muito importante porque:::: eu sozinha não
conseguiria pensar em tudo e vem coisas bem diferentes de um e de outro,
que juntando dava uma aula bem legal, bem diversa assim e::: tinha
realmente atividades que eles montavam que eu ficava assim Nossa, eu não
pensaria nisso, nessa maneira de aplicar, talvez ficaria no mesmo, com o que
eu já tô acostumada. Então é muito legal, enriquece bastante (ACS – AP6)
AP3: Eu acho que essa questão de colaboração sempre teve né, desde o
início das aulas até mesmo quando era sei lá hoje vai ser o AP2 e o AP4 que
vão dar aula, ai quando vocês tavam lá na frente a gente ficava mais atrás, ai
quando a gente via que tinha alguma coisa a gente já entrava né, ah vocês
entenderam? Então tá vamos esclarecer aqui mais um pouquinho, é::: esse
dia foi quando eu e a AP6 a gente tava dando aula e assim, eu gosto também
porque é:: a única vez que eu trabalhei sozinha foi no meu estágio ano
passado e eu falava pra minha professora pode me interromper, falar, porque
assim às vezes EU acho que eu tô sendo clara e que EU tô ensinando de uma
forma correta que às vezes não tá tão certo assim, então acho interessante
outra pessoa vir, falar, esclarecer […] (ACC – AP2 e AP3)
AP4: É porque se a gente tava em grupo lá e tinha aulas que tinha mais
professor do que aluno, eu acho que é justamente pra ter essa interação, pra
um ajudar o outro com o que o outro não consegue trabalhar muito bem
F2: Ahan, e você lembra disso mais na sala de aula ali nesses momentos ou
em outros momentos também?
AP4: Ah, nas reuniões, porque nas reuniões, principalmente no começo nas
primeiras reuniões, eram só as meninas que na época tavam no terceiro ano
que faziam mais esse planejamento, as meninas:: o pessoal mais experiente,
até que teve uma reunião que elas pararam, elas pegaram e falaram Ó, não tá
certo isso, aí a gente teve aquele gelo que a gente começou a colaborar um
pouco mais. E eu acho que nas reuniões tinha muito isso, da experiência das
meninas e, e de vocês eu a AP1 e o AP2 que não tinha experiência nenhuma
de aula. (ACS – AP4)
AP3: […] E entra também a questão que eles falaram no começo ah vocês já
sabiam mais do que a gente então teve toda essa colaboração de quem não
tinha bagagem de quem já tinha bagagem do que a gente trazia já de teoria
de outros grupos do que a gente aprendeu pra estar colocando em prática
num contexto diferente, então eu acho que uma coisa complementa a outra,
de uma forma ou de outra assim::: não sei (EC)
117
F2: É, mas lembra no começo logo quando você entrou no projeto, você não
assumiu assim a regência da aula
AP2: Não, não, não, eu sempre evitava, tipo não vai ser o AP2? Ah não sei,
aí a gente movia as meninas
F2: Tá, daí teve uma hora que você:::
AP2: Isso
F2: Você quis ou você...?
AP2: Acho que foi um pouco de Ai eu quero agora, tipo let's give it a try
F2: Se sentia mais seguro?
AP2: Isso, porque a gente já tinha::: já sabia o que ia falar como que vou
falar então era isso, e também porque né todo mundo já tinha ido várias
vezes né então tipo eu tinha que ir também, tanto pelos outros quanto que eu
sentia que eu já estava de certa forma...
F2: Mais preparado?
AP2: Mais preparado, isso
F2: E com o andar você ministrou umas aulas, principalmente no final, é:::
você sentiu diferença?
AP2: Isso, ah:::
F2: Desde a sua primeira aula até a última e hoje?
AP2: Com certeza, existe uma evolução, não tô falando uma evolução
gigantesca, mas, né?
F2: Claro
AP2: Eu vou me sentindo mais à vontade, desenvolvendo ali o tópico da
aula, dando uma explicação, né? (ACS - AP2)
AP3: Eu mudaria talvez a abordagem como isso foi feito não sei, porque
como a intenção deles a princípio era que a gente queria que eles tivessem
ou um CV pra colocar na página deles né, pra mostrar que olha em inglês
xxx, talvez eu não sei se eles entenderam isso também, se era da vontade
deles de ter esse CV em inglês né? Porque vai que de repente alguém
estrangeiro olha e fala nossa vai conseguir entender. E a questão do vídeo
também porque pra fazer uma breve apresentação e isso quando a gente
falava a gente via que tinha uma certa resistência ah eu vou falar mas eu não
sei falar, vou escrever mas eu não sei escrever, como é que eu vou colocar
isso na minha página? (ACC – AP2 e AP3)
AP4: Nossa, acho que esse foi nosso maior desafio né?
AP6: Eles não fazerem tarefa?
AP4: A ausência, a falta, porque quando eles faltavam era um desafio pra nós
fazer com que eles não ficassem perdidos
AP6: Na aula de duas horas...
AP4: Uma hora era pra contextualizar
AP6: Era mesmo
AP4: Ai ficava chato pra quem tinha ido, e quem não tinha ido antes ficava
perdido do mesmo jeito
AP6: E que aconteceu desistências por esse motivo também, aulas que
tinham que se repetir, partes dela, aí o aluno ah já fiz, tá tudo igual, não vou
mais (ACC – AP4 e AP6).
Para finalizar esta análise em relação aos contextos envolvidos nesta investigação, na
última sessão de AC, a EC, o grupo refletiu sobre a complexidade dos papéis desempenhados pelos
participantes deste grupo, que envolveu a formação inicial docente de seis AP, o processo de
aprendizagem de LI dos alunos do projeto social, além de uma pesquisa de doutorado, quatro
pesquisas de iniciação científica e um estágio obrigatório. Essa complexidade é representada na fala
de F1, que novamente ressalta a importância da coletividade em um grupo de trabalho:
AP6: Eles deixaram bem claro o que que eles queriam, eles queriam apenas
saber palavras no idioma, eles não tavam preocupados em mandar um e-mail
pra alguém ou fazer alguma coisa, conversar com alguém fora do país, eles
só queriam saber como que é mesa, como que é cadeira, como que é o
negócio que, sei lá, eu olho aqui e sei a cor, essas coisas né. E a nossa visão
era outra, totalmente outra, a gente queria mostrar pra eles o inglês aqui e
agora mas agindo, fazendo alguma coisa, não só saber a cor da cadeira por
que o que que eu posso fazer com a cor da cadeira? Não, vamos aprender
alguma coisa que você pode usar ela. E pegou nisso assim, e quando a gente
fez essa proposta pra colocar no site pra poder abrir o leque deles, porque
como eles têm uma rede, uma ligação com uma rede internacional, com
certeza em alguns momentos, talvez não todos os dias, mas alguns
momentos pessoas é::: conectam no site deles pra saber quem são eles, a
gente tem uma ligação, e numa língua internacional que é o inglês eles
poderiam entender melhor, saber um pouquinho mais da história deles xxx,
mas ter ali algo que disponibilizasse informações mais rápidas pra eles e
mais completas assim, mas eles não tavam vendo isso né. Aí que foi esse
conflito muito grande que aconteceu durante esse tempo que foi a sequência
mais longa que a gente fez também. (ACS – AP6)
suprimido] fala pra gente e você também já falou pra gente que essa
abordagem em gêneros e o que se busca na educação pública é mais assim
no geral você aproveitar da língua inglesa pra tipo assim ampliar os seus
horizontes
F1: Então, ser essa pessoa crítica né, pra poder olhar pra uma mesma questão
com diferentes possibilidades de interpretação ou de visão né? A gente tava
dando o exemplo lá que a gente tava olhando pra sequência didática de
menu, por que que no Taiwan se come peixe no café da manhã? E a gente
come pão com manteiga, ou empadinha
@@@
F1: Bom, mas enfim, formar esse cidadão crítico é um objetivo na educação
básica para todas as áreas do conhecimento, ou seja, também pra língua
inglesa e a gente faz isso via linguagem. (EC)
Com isso, a compreensão da língua como prática social e o embasamento das aulas a partir
desta concepção demonstram a mobilização do saber de conteúdo durante as práticas reflexivas dos
AP, referente ao uso social da língua e a necessidade de proporcionar esse conhecimento aos
estudantes, a partir do desenvolvimento das CL e do estudo e reflexão crítica sobre a linguagem,
relacionando aspectos linguísticos, contextuais e socioculturais sobre o gênero estudado. Tais
objetivos de ensino e aprendizagem de LE seguem, por exemplo, as Orientações Curriculares para o
Ensino Médio (OCEM, BRASIL, 2006), ao asseverar que o propósito do ensino de LE nas escolas
não é somente linguístico, mas também social e cultural, uma vez que a língua não pode ser
dissociada de sua cultura. De acordo com o documento nacional, “busca-se a formação de
indivíduos, o que inclui o desenvolvimento de consciência social, criatividade, mente aberta para
conhecimentos novos, enfim, uma reforma na maneira de pensar e ver o mundo” (BRASIL, 2006, p.
90), processo no qual a linguagem tem papel fundamental.
Na DP, algumas práticas reflexivas dos AP relacionaram as atividades de planejamento e
implementação com aspectos teóricos que embasaram a preparação e as aulas, como os elementos
da SD, a escolha do gênero/objeto de ensino. Esses tópicos também remetem à DE e foram
comentados anteriormente na análise desta dimensão. Essa reflexividade demonstra a integração do
saber teórico com os saberes relacionados à DP (saberes de metodologia, de recursos, de
planificação de aulas), confirmando a importância da interação de atividades formativas que
englobem e integrem questões teóricas e práticas.
Outros tópicos englobados na DP remeteram ao planejamento e preparação das aulas,
como o embasamento para a preparação de atividades, critérios para escolha dos textos utilizados
em sala, correção e feedback das produções dos alunos, assim como em relação à prática em sala de
aula, como gerenciamento de sala, o uso de LI durante as aulas, decisões do professor em sala de
aula a partir de ocorrências inesperadas, como a não realização de tarefas pelos alunos. Tal
reflexividade indica o acionamento do saber de regência de aulas, referente às práticas de sala e dos
121
AP6: Que eu lembro que foi uma atividade que eu preparei, pra mim nossa ai
que fácil, essa é essa, tipo assim não enxerguei o quão difícil poderia ser pra
eles, porque eu acho que depois que você tem uma certa prática, um certo
conhecimento em determinada coisa, parece que não é tão difícil como
quando você começou, mas é. E eu não tive essa reflexão sobre, no preparar
né, e eu fui ter depois, quando a gente entregou a atividade pra eles, que eles
começaram a ver e eu vi que aquilo não saía, já caiu uma ficha depois
daquela aula assim
F1: Então o que você tirou disso?
AP6: Que eu tenho que me colocar no lugar do aluno pra poder preparar a
atividade pra ele (ACC – AP4 e AP6)
F2: Ahan, e você tem:: tem alguma ideia do que poderia ter sido feito? O que
a gente deveria ter feito nessa questão?
AP4: A gente trabalhava muito com grupos, só que os grupos eram eles que
definiam. Acho que teria sido muito interessante dar uma misturada nos
grupos quando a gente fosse fazer esse trabalho em grupo, tipo mudar as
duplas, acho que teria gerado uma interação muito diferente. E, na hora, por
exemplo a gente fazia muita pergunta aberta pros voluntários responderem,
acho que teria sido interessante também é::: apontar mais os alunos com
mais frequência, porque a gente só apontava quando ninguém falava mesmo
e a gente:: com o intuito de fazer a aula render, a gente apontava aqueles que
a gente sabia que iam responder. Então acho que olhando hoje teria sido
muito mais interessante a gente ter dado oportunidade pra esses alunos
quietos. (ACS - AP4)
Muitas das reflexões dos AP em relação a readequações em seu agir docente se referiram à
SD Profile, que tinha como proposta a produção de um perfil profissional em LI para os artistas do
circo e que teve pouca participação e engajamento dos alunos (apenas dois produziram o CV, por
exemplo). A experiência com essa SD proporcionou ressignificações teóricas, como a da concepção
de SD analisada anteriormente, e práticas. Nos excertos, os AP refletiram sobre possíveis
readequações no encaminhamento dessa SD, como o estabelecimento do objeto de ensino, as
escolhas de textos e atividades e a necessidade de engajar os alunos na proposta. Referente a isso,
Dolz e Gagnon (2018) ressaltam que as atividades da prática docentes e de retorno ao ambiente de
122
formação para feedbacks e reflexões em relação à prática são etapas necessárias para a constituição
do desenvolvimento docente, apresentando vários motivos para isso, entre eles: que a discussão
entre pares valoriza as aprendizagens e o compartilhamento de tensões e dúvidas advindas do
contexto de ensino; e que esse retorno também proporciona reflexão para formandos e formadores
em relação à SF, seus conteúdos e atividades propostas.
AP2: Mas tipo assim o foco se a gente fosse fazer isso de novo era
estabelecer um e ai trabalhar só com aquele sabe? Porque por exemplo eu
não sei mas eu acho que o que ficaria mais legal pra você colocar no site
tanto pela facilidade tanto pela::: pra eles produzirem seria acho que a
biodata porque dai sabe a gente colocaria a fotinha deles no site, a mesma
página com vários cada um em ordem alfabética tal, uma foto e aquela
biodata que além de ter tudo isso que é mais profissional acho que a biodata
também permite uma coisa mais:: um pouco mais descontraída não sei? Um
pouco mais pessoal (ACC – AP2 e AP3)
AP3: É, porque por exemplo o que eu falei que eu mudaria seria quando a
gente colocou aquele monte de textos que assim quando era na quarta-feira
ainda eu lembro que a gente projetava lá e explicando e a gente via que tava
uma coisa assim que tava pesado que não ia e assim porque era o que eles
precisavam saber, ou não de repente pra montar o currículo, e que nem eu
falei trabalharia nessa mesma abordagem mas talvez de um jeito diferente
que fosse mais interessante e talvez mais claro, então acho que isso assim
pesou muito na hora da gente escolher, a gente viu que não deu certo então
quer dizer né, não sei era uma coisa assim que eu mudaria, não sei como
mas...
AP6: trazer de maneiras diferentes mais imagens textos menores...
AP3: Uma coisa mais pontual de repente
AP6: É, procurar no texto o que realmente eles precisavam pra entender o
texto trabalhar esse vocabulário com imagens com algumas coisas que
tornasse mais leve isso né (EC)
AP3: […] a gente talvez pode não ter sido tão claro quanto essa ideia de
como é importante ter um currículo em inglês para que outras pessoas de
outras nacionalidades pudessem ver, mas né @@, ter trabalhado três gêneros
diferentes acho que, não que atrapalhou, mas acho que a gente foi muito::
talvez não tenha ficado tão claro, vamos trabalhar isso depois isso, ficou
tudo muito atropelado (ACS - AP3)
AP6: Não sei se é essa a resposta, mas eu tenho pensando a respeito dessas
reflexões que a gente tá fazendo sobre a prática do ano passado né, tem sido
assim significante, tem sido esse momento que eu tô parando, que eu tô
refletindo, que eu tô vendo quanto eu aprendi com esse ano que passou, e:::
então pra mim tá sendo muito legal, valioso de ter:: parar e realmente poder
refletir sobre aspectos positivos, aspectos negativos e poder fazer escolhas
daqui pra frente, aprimorando os positivos, vendo o que que pode ser
mudado nos negativos, porque ainda mais esse negativo é um que sempre me
vem à memória e que eu sempre me policio agora pra não
[...]
AP4: É, dai teve um dia que eu tava olhando assim, eu tava assistindo e eu
fixei bem em mim pra ver como que eu desenvolvia a aula, dai eu percebi
que tinha partes da aula que eu ficava tão perdido e eu acho que hoje, tendo
essa consciência de que eu fico perdido às vezes eu consigo meio que
imaginar, é:: tentar contornar isso, eu tenho essa consciência de que eu tenho
que contornar isso quando eu for:: aplicar né, quando eu for fazer a regência
de novo
F1: E você acha que essa atividade de se olhar, da autoconfrontação, do
transcrever o que você fez, é esse deflagrador de tomada de consciência?
AP4: Ah sim, acho que muda muito quando a gente consegue enx:: consegue
ver com nossos próprios olhos o que a GENTE tá fazendo, porque uma coisa
é você ouvir alguém falar, mas você conseguir ver depois de muito tempo
como que foi é muito impactante, porque a gente consegue ver o progresso
também. (ACC – AP4 e AP6)
AP2: Eu acho que uma questão muito importante que a gente adquire agora
na análise de dados total é que chega aqui e fala ah eu podia ter feito isso
podia não ter feito isso mas tudo isso é parte da nossa pesquisa é você provar
o que deu certo o que não deu certo
F1: E parte dessa formação, é parte dessa aprendizagem
AP2: Porque tipo, exatamente, tipo acho que nem teria tanta graça, nem teria
tanto propósito você fazer uma coisa que foi tipo sei lá perfeita de acordo
com os aportes tudo o que a abordagem com gêneros pede porque é isso né,
é você meio que problematizar o que deu errado, é você destacar o que deu
certo, não é só tipo apagar o que deu errado, tudo isso é dado e tudo isso é
importante pro resultado final (EC)
Nesse sentido, Fazion e Lousada (2016, p. 234), ao relatar a análise de uma entrevista de
ACS com uma professora de francês, apontam que a participante “toma consciência de seu modo de
agir, suas reações ao inesperado, sua postura corporal, as ações cristalizadas e repetidas, o que pode
permitir uma melhor compreensão de sua atividade” e, portanto, há a possibilidade de proporcionar
desenvolvimento por meio da apropriação de suas práticas. Assim, as autoras corroboram pesquisas
que atribuem ao procedimento da AC papel de possível motor para o processo de desenvolvimento,
uma vez que ele é capaz de propiciar uma ampliação das possibilidades de agir do docente (e.g.
BORGHI, 2006; FOGAÇA, 2010; STUTZ, 2012; DANTAS, 2014).
124
A DA foi mobilizada somente na última sessão de AC, a EC, não sendo abordada nas
sessões anteriores (ACS e ACC), o que pode indicar uma expansão na reflexividade dos AP. Porém,
a pouca atividade reflexiva em relação à DA também evidencia a falta de preocupação em relação a
aspectos do contexto macro da formação de professores, referentes a fatores históricos, políticos,
culturais, entre outros, que influenciam no trabalho docente. Essa evidência também fica aparente
ao percebemos que não há, entre aqueles apresentados por este estudo, saberes docentes que se
relacionem com essa DR, como demonstrado no quadro 12. Compreendemos que essa dimensão é
consonante com a CS, uma vez que ela propõe análise sobre as representações e conhecimentos das
esferas sociais que envolvem esferas da atividade, em diferentes planos da linguagem, e em
interação com as diversas experiências humanas (STUTZ; CRISTOVÃO, 2011), ou seja, se
referindo a aspectos do contexto macro para a construção de sentidos. Além disso, é possível
relacionar essa DR ao componente de autoavaliação, dentro da capacidade de autogestão
profissional do construto para avaliação da formação de professores de línguas proposto por
Quevedo-Camargo (2011). Neste elemento, a autora propõe que os professores investiguem sua
prática docente e reflitam sobre sua atuação profissional, seus conhecimentos, suas crenças e rotinas
profissionais.
Com base no exposto, propomos a inclusão do saber docente holístico, que englobe
capacidades de compreender os aspectos históricos, sociais, políticos e culturais que influenciam o
ensino de LE, as representações e conhecimentos envolvidos na esfera da educação de LE, em
consonância com as experiências humanas, de refletir sobre os valores e crenças que embasam a
atuação profissional do professor de LE. Com isso, objetivamos o reconhecimento da relevância
deste saber docente para a formação inicial (e continuada) de professores de línguas, assumindo a
falha de nossa SF em sua pouca inclusão nas atividades, e a consciência da necessidade de inclui-lo
nas próximas práticas formativas.
Em relação aos tópicos abordados na EC referentes à DA, o grupo debateu sobre o ensino
de LI na educação básica, envolvendo temas como seu status, objetivos, dificuldades e condições de
trabalho do professor. Nos excertos apresentados na sequência, os AP comentaram sobre as
restrições que o professor encontra em seu trabalho, tanto políticas e institucionais, como físicas e
psicológicas resultantes do excesso de horas de trabalho e poucas condições para desempenhar suas
atividades dentro e fora da sala de aula. Reflexões sobre o ensino de LE na escola pública são
relevantes durante a formação inicial, no sentido de proporcionar mais conhecimento e subsídios
acerca da realidade vivenciada no seu futuro campo de trabalho dos AP. Um dos elementos
apontados por Bohn (2005) em relação à formação identitária do professor de línguas é a
incompletude profissional, no que se refere ao sentimento de falta de preparo para enfrentar uma
125
sala de aula. Dentre outros motivos para esse sentimento, um pode ser a lacuna na formação inicial
referente à discussão e reflexão sobre a realidade do ensino de línguas nas escolas, o que pode
contribuir para a formação de um professor mais preparado para enfrentar os desafios da profissão.
AP6: E quando a gente vai pra escola a gente se depara com aquela relação
entre o trabalho planejado e o trabalho realizado né? Eles se encaixam
realmente? Efetivamente o trabalho realizado é o trabalho planejado? Porque
quando a gente chega numa escola as coisas já estão previamente escolhidas
pra nós, tem um livro tem o PCN pra seguir tem aquilo aquilo pra dar nas
aulas, provas, notas pra lançar e tudo mais, então vai de um confronto
mesmo com a teoria do fazer o aluno refletir, pensar criticamente e tudo
mais, então é complicado assim essa relação de teoria e prática a gente tem
que saber rebolar muito pra fazer do trabalho planejado o trabalho realizado
(EC)
Outro tema tratado nessa dimensão foi a participação dos graduandos em projetos
ofertados pelos docentes na graduação, principalmente de pesquisa e extensão, experiência que eles
vivenciaram nesta SF. As AP3 e AP6, alunas do 3 o ano da graduação e participantes de projeto de
extensão no 1o ano, refletiram sobre como essas atividades contribuíram para a formação inicial
delas, proporcionando experiências de planejamento, preparação e regência de aulas, assim como de
pesquisa em alguns casos. Nesse sentido, reiteramos a importância da participação de graduandos
recém-ingressos nesses projetos, que proporcionam vivências relevantes para sua formação docente
e desenvolvimento profissional, além de propiciar serviços à comunidade (RIBEIRO, 2011).
AP3: E quando a gente desde o começo que nem vocês que entraram desde o
início da graduação dentro de um projeto acho que isso ajuda MUITO o
desenvolvimento durante o resto dos anos tanto no estágio depois tanto
126
porque vai precisar montar aula ai você tem que aprender quais são os
objetivos, se vai funcionar ou não numa aula, porque que você quer trabalhar
com aquilo, que que você quer desenvolver no seu aluno que capacidade
você quer, então eu acho que::: vocês fizeram certo em entrar cedo (EC)
AP6: Mas desde o primeiro ano a gente participou de projeto de extensão né,
então é:: eu acho que é super importante porque é um momento que a gente
tem relacionamento com pessoas dos outros anos de curso e até pessoas que
estão no mestrado no doutorado então é uma troca de experiências muito
rica, porque eu lembro que eu cheguei no primeiro ano num projeto de
extensão assim ó não entendia nada que se falava na reunião, assim muito
cru, mas foi onde eu aprendi muita coisa que eu trouxe pra cá, trouxe pro::
levo pro meu estágio e essas coisas, então é um momento de:: não fica só
aluno de primeiro ano, só aluno de segundo ano...
F1: É, e eles vivenciam isso nas reuniões do grupo
AP3: É, a gente viu que é uma diferença gritante porque como é projeto
ofertado, vai quem quer, é do interesse do aluno ir buscar […] (EC)
AP2: É, eu lembro que a gente tava numa aula de leitura em língua inglesa esse e a
gente chegou nesse assunto de por exemplo a gente reconhecer a importância de a
gente estar numa faculdade pública e também é:::: tudo que uma faculdade pública te
possibilita que você não encontra em faculdades privadas, a extensão, esse tipo de
coisa de projetos que você não encontra e ai eu meio que::: com a professora [nome da
professora suprimido] discutindo isso eu me vejo como se fosse com uma dívida não
num sentido ruim, mas como se fosse...
F1: Responsabilidade social eu chamo
AP2: Uma responsabilidade social de tipo assim, provavelmente você não vai sair da
UEL, claro que é uma possibilidade não sei como vai ser meu futuro, mas tipo você sai
da UEL e dai você fica a vida inteira numa escola particular com uma abordagem,
como chama comunicativa?
F1: Comunicativa
AP2: E aí é isso ai entendeu? É::: eu agora me vejo no futuro buscando alguma forma
de trabalhar em educação pública pra ter realmente essa questão de...
F1: Assumir essa responsabilidade social
AP2: Assumir essa responsabilidade social e tipo transformar, e tipo assim você tentar
de alguma forma, talvez eu não consiga, mas tentar de alguma forma convencer esses
alunos que tem realmente um peso você saber inglês no meu caso que eu vou tá
ensinando inglês e é::: as possibilidades que simplesmente você ter noção sobre essa
127
língua (EC)
F1: […] Eu faço isso até hoje primeiro porque sou apaixonada pelo que faço, segundo
porque eu assumo verdadeiramente essa minha responsabilidade social, eu tomo para
mim, eu fiz UEL, eu fiz mestrado e doutorado em uma universidade particular mas
com bolsa, no mestrado o tempo todo, no doutorado em metade do doutorado, portanto
foi o sistema público que me ajudou a me formar, então sempre tomei pra mim como
uma responsabilidade (EC)
Com isso, os AP mobilizaram seu saber holístico, englobando reflexão sobre os valores
envolvidos no ensino, como a responsabilidade social universitária, e aspectos sociais, culturais,
políticos, entre outros, de sua profissão, ao debater sua formação e a importância dos componentes
da extensão e da pesquisa, assim como fatores que influenciam o trabalho docente, como as
prescrições e restrições institucionais e as condições de trabalho. Infelizmente, essa dimensão foi
pouco acionada, sendo abordada somente na última sessão de AC, o que nos alerta para a
necessidade de promover reflexões deste tipo mais recorrentemente na formação inicial docente,
com intuito de contribuir para uma melhor preparação e conhecimentos sobre seu trabalho e os
fatores que o envolvem para o futuro professor.
Mediante os resultados da análise referente às DR mobilizadas pelos AP durante as
atividades reflexivas propostas por meio das sessões de AC, podemos responder ao segundo
objetivo específico desta pesquisa. Os tópicos abordados pelos AP durante as práticas reflexivas
mobilizaram todas as DR, com predomínio das dimensões pedagógica, ontológica e epistemológica.
A DL foi acionada em todas as sessões de AC, porém com menção de poucos temas relacionados a
ela, enquanto que a DA foi mobilizada somente na sessão de EC, representando uma lacuna nas
atividades reflexivas conduzidas nesta SF. Além disso, ao identificar as DR acionadas pelos AP,
também conseguimos relacioná-las à mobilização dos saberes docentes necessários à formação
durante a prática reflexiva sobre as atividades desenvolvidas na SF. Dessa forma, concluímos que a
SF proposta nesta investigação proporcionou a mobilização dos saberes docentes durante todas suas
atividades, tanto no planejamento e preparação de aulas, englobando a adaptação e produção de SD,
na prática de sala de aula, por meio da implementação das SD adaptadas e produzida, quanto na
atividade reflexiva, promovida pelas sessões de AC.
Ainda, a análise permitiu identificar algumas contribuições das práticas reflexivas para a
aprendizagem e a promoção de indícios de desenvolvimento docente dos AP. Em alguns momentos
da atividade reflexiva, os tópicos abordados pelos AP demonstraram indícios em relação a seus
processos de aprendizagem e desenvolvimento, como os momentos em que os AP tomaram
consciência de dificuldades enfrentadas, refletiram sobre readequações que fariam em suas práticas
docentes e reelaboraram sua concepção teórica de SD. Na próxima subseção, apresentamos a
128
análise dos conflitos vivenciados pelos AP durante a SF identificados durante as sessões de AC, que
contribui para a investigação desse processo de aprendizagem e indícios de desenvolvimento dos
saberes e capacidades necessários para o métier docente.
A análise apresentada na sequência visa a responder a terceira pergunta desta pesquisa, que
é quais conflitos foram evidenciados nas AC e como as atividades reflexivas referente a esses
conflitos contribuem para a aprendizagem e desenvolvimento da atividade profissional docente?. De
acordo com a teoria vygotskiniana e sociointeracionista de desenvolvimento, os conflitos podem
proporcionar desenvolvimento, desde que este produza um efeito positivo no indivíduo. Bronckart
(2008; 2013) aponta que práticas reflexivas têm a potencialidade de servir como espaços de tomada
de consciência e verbalização de conflitos, e que há a necessidade de promover um debate
interpretativo sobre o conflito, a fim de proporcionar uma reorganização psíquica, caracterizando,
dessa forma, o desenvolvimento profissional, que será colocado em prática na atuação docente.
Para isso, o primeiro procedimento foi identificar os conflitos vivenciados pelos AP
durante as atividades desenvolvidas na SF, verbalizadas por eles/as nas sessões de AC, por meio da
codificação de versos, caracterizados por pares binários que expressam a relação contraditória
(SALDAÑA, 2009). Após a identificação dos conflitos, buscamos englobá-los em pares binários
mais amplos, que pudessem expressar as temáticas desses conflitos. Assim, no quadro 17,
apresentamos os pares globalizantes, que abarcam dois ou mais conflitos expressos pelos AP e, por
fim, o(s) participante(s) que relataram o conflito, trazendo-o para o debate. Na sequência do quadro,
no relato desta análise, discorremos sobre os pares globalizantes, evidenciando conflitos que os
compõem. A análise que contêm as transcrições dos momentos em que todos esses conflitos foram
identificados está no Apêndice C.
AP6: Eu acho que eles não tavam assim 100%, eles não estavam totalmente
preparados pra entrevista, pras respostas que viriam, porque fazer pergunta e
responder yes or no é uma coisa, mas a explicação que vinha, acho que talvez o
gênero, eles não estavam prontos pra esse gênero porque é bem complexo se for
ver, tem muitos ramos assim que ele pode ir, então...
F2: É muito inesperado o que vem depois, ainda mais quando a gente convida uma
pessoa que eles não conhecem, como foi o caso
AP6: Exatamente. Daí eles só ficavam assim ((faz cara de quem não está
entendendo)) @@@ deixa acontecer agora, tinha que ter trabalhado o ano inteiro
só pra fazer essa entrevista, assim pra eles terem toda a base do::
F2: da língua?
131
AP6: Ahan, porque isso é muito difícil, e é diferente quando eles já têm alguma
base, dá pra trabalhar muito melhor, mas eles não tinham base nenhuma, aí você
fica totalmente sem... tem que ensinar tudo, tudo, tudo, bem difícil.
F2: xxx de uma vez
AP6: É, a gente tava falando na sala outro dia que todo o ensino baseado em
gêneros todas essas coisas são importantes sim, eu acredito, mas a gente precisa, os
alunos precisam de uma base linguística pra chegar a produzir um texto, entender
xxx (ACS – AP6)
O segundo conflito deste tópico foi identificado por dois pares binários, pois consideramos
que um esteja ligado ao outro na fala da AP: expectativas dos alunos X expectativas dos
professores/visão de língua e aprendizagem dos alunos X visão de língua e aprendizagem dos
professores. Esse conflito foi exposto na sessão de ACS de AP6, enquanto comentávamos sobre a
falta de engajamento dos alunos em algumas das atividades propostas durante o curso. As aulas de
LI foram solicitadas pela coordenação da Escola de Circo com o objetivo de oportunizar
conhecimentos relacionados à esfera profissional. Dessa forma, no início do curso, propusemos
práticas sociais que envolviam o contexto circense, como a compreensão e resposta a um formulário
de inscrição para um workshop internacional de circo e a produção de seus perfis de artista em LI.
No entanto, essas práticas tiveram pouco engajamento dos alunos e, só então, após uma conversa
com a turma como um todo, tivemos o entendimento que a expectativa dos alunos era diferente,
como a AP relata na sequência.
AP6: Eles deixaram bem claro o que que eles queriam, eles queriam apenas saber
palavras no idioma, eles não tavam preocupados em mandar um e-mail pra alguém
ou fazer alguma coisa, conversar com alguém fora do país, eles só queriam saber
como que é mesa, como que é cadeira, como que é o negócio que, sei lá, eu olho
aqui e sei a cor, essas coisas né. E a nossa visão era outra, totalmente outra, a gente
queria mostrar pra eles o inglês aqui e agora mas agindo, fazendo alguma coisa,
não só saber a cor da cadeira por que o que que eu posso fazer com a cor da
cadeira? Não, vamos aprender alguma coisa que você pode usar ela. (ACS - AP6)
Outro conflito abordado neste tópico foi ensinar com abordagens tradicionais / a partir da
experiência como aluno X ensinar com abordagens de língua como prática social / a partir das
aprendizagens na graduação, abordado na sessão de EC por AP4 e AP6. Nesse momento,
representado no excerto abaixo, os AP refletiram sobre o embasamento na vivência como aluno em
seu trabalho docente e sobre o embasamento teórico-metodológico que aprendem durante sua
formação inicial. Para os futuros professores, é evidente a influência que as experiências como
aluno têm no trabalho como professor, mas eles acreditam que a formação inicial proporciona o
conhecimento necessário que os capacitem a romper com a tradição do ensino de LI baseado em
aspectos gramaticais da língua e para que possam embasar suas aulas em abordagens que concebam
132
a língua como prática social. Em relação a essa questão, Johnson (2009), partindo de uma
perspectiva sociocultural de formação de professores, aponta que os conhecimentos e crenças dos
professores são construídos baseados nas comunidades de prática de que fazem parte, tanto como
alunos como na função de professores e influencia na forma como os professores se identificam e
compreendem o processo de ensino e aprendizagem de uma LE.
AP4: Eu acho que tem um pouco dessa problematização, de tipo você aprendeu
assim mas e ai? Como você vai lidar a partir de agora e dai tem toda essa parte
teórica que a gente aprende na graduação, que a nossa graduação ela tenta mostrar
pra gente várias maneiras e daí no trabalho em grupo a gente consegue aplicar isso
e meio que desconstruir o que a gente já tinha no passado e tentar formar uma
nova::
AP6: Porque senão a gente vem muito pronto a reproduzir né? O que a gente
recebeu. E::: não sei se eu já comentei aqui mas eu entrei aqui pra restaurar o
relacionamento com o inglês porque pra mim foi muito torturante os anos que eu
tive aprendendo justamente pela maneira como era ensinado, que eu sempre pedia
pra parar e minha mãe me obrigou a ir até o final, só que quando eu terminei com
16 anos eu nunca mais peguei e eu vim pegar aqui de novo na graduação e:: e o
meu questionamento era esse será que só existe essa maneira de ensinar? Porque
pra outras pessoas não foi ruim mas pra mim foi e eu ainda encontro com pessoas
que também passam pela mesma situação que eu, hoje em dia com filhos de
amigos né, mas ele não gosta não quer ir, ah eu entendo mais ou menos assim. E eu
parei pra pensar agora nesse último ano assim justamente para refletir sobre se eu
encontrei as respostas que eu vim buscar né? E realmente é nessa questão eu
encontrei as respostas porque eu vi que não precisa se ensinar daquela maneira que
existe outros caminhos outras possibilidades e que nós podemos atender as
expectativas dos alunos de maneiras diferentes também, xx pra quebrar aquilo tem
que ser assim (EC)
Tais conflitos verbalizados por AP4 e AP6 demonstram sua crença de que o ensino de LI
deve ser realizado sob a perspectiva de língua como prática social, como a abordagem com base em
gêneros propõe, em detrimento a abordagens tradicionais, aqui compreendidas como aquelas cujo
foco é o ensino de estruturas gramaticais. Ainda assim, AP6 também apresentou entendimento de
que há a necessidade de uma base linguística por parte do aluno para que ele esteja apto a
desenvolver um trabalho com gêneros, demonstrando uma incoerência teórica. Talvez isso esteja
relacionado a uma dificuldade da AP de trabalhar gêneros com alunos de nível iniciante na língua
por entender que os estudantes só estarão aptos a compreender e produzir textos se já tiverem algum
nível de conhecimento de LI, ou ainda porque entende gêneros como textos escritos e complexos.
Com isso, consideramos que esse conflito não tenha sido discutido de maneira que a AP pudesse
construir um entendimento sobre essa questão relativa ao saber teórico, evidenciando a necessidade
de mais atividades teóricas, práticas e reflexivas a fim de proporcionar mais oportunidades de
debate e apropriação de conceitos para a construção da compreensão da AP.
No par globalizante concepção de SD inicial X modificações na concepção de SD, o
133
AP6: Mas foi legal pra ver :::, abrir um pouco a visão, ampliar do que é essa
produção e o quanto mais a gente pode trazer pra enriquecer essa aula, não ficar
assim preso naquilo, porque eu enxergava muito engessada até então, e agora...
F2: Você enxergava engessado o quê?
AP6: Tipo, tem que ser esse passo, esse passo, esse passo...
F2: A sequência didática?
AP6: A sequência didática. E agora a gente vê que pode abrir, diversificar, trazer
mais coisas mas pra chegar naquele objetivo. (ACS – AP6)
F2: Você diria que não pelos gêneros mas como foi feito?
AP3: É, talvez sim, porque a gente tava meio que perdido assim né, que que a
gente faz? Pode isso? Pode aquilo? E agora? Ah vamos com texto, não que a gente
tacou texto lá porque não sabia o que fazer, mas eu achei assim que, não sei, talvez
se a gente tivesse preparado mais, a gente poderia talvez ter::: não sei assim, menos
texto eu acho, sabe? Talvez algo mais prático, alguma coisa mais chamativa, uma
coisa mais...
F2: Dinâmica?
AP3: É, porque quando a gente fazia dinâmicas eles gostavam bastante, quando a
gente envolvia mais eles do que ficar só a gente ali na frente falando […] eu acho
que assim, se você quiser trabalhar uma sequência didática, acho que é possível
também misturar uma dinâmica, uma atividade mais viva por assim dizer (ACS -
AP3)
sendo possível estender esse entendimento ao grupo como um todo, e pode ser entendida como a
reorganização psíquica que ocorre após um debate interpretativo, apontadas por Bronckart (2008;
2013) como etapas para o processo de desenvolvimento. Desse modo, julgamos que as AP
apresentaram um indício de desenvolvimento, relacionado ao seu saber teórico, denotado pela
incorporação de novas possibilidades para sua concepção de SD, conceito de máxima relevância
para a abordagem de ensino por meio de gêneros.
F1: Então deixa eu, antes de ir ali... É, uma das coisas que vocês tinham trazido lá
atrás era de uma apatia deles em relação... Empatia, insatisfação, não se que
palavra usar, deles em relação a sequência didática, né? Mas eu acho que houve
tanto por parte deles quanto de vocês uma associação de que a sequência didática
trabalharia com o texto escrito
AP4: Sim
AP6: É
F1: Eu acho que foi até por isso que vocês adicionaram o CV naquela sequência
didática que digamos, que era pra ser assim
{F2: Que era pra ser oral}
F1: Que era pra ser oral. Porque era o oral profile, no máximo com o cotejamento
com a biodata e aí foi adicionado o CV porque eu acho que tinha essa impressão de
vocês de que porque é gênero de texto, texto é escrito. Uma associação de texto
com texto escrito, sendo que texto é texto escrito e texto oral, assim como texto é
texto verbal e não verbal. Tanto é que vocês estão quebrando esse, vou chamar de
“misundertanding”, tanto é que vocês tão se permitindo muito mais trabalhar com
vídeo, trabalhar com as imagens, vendo isso compondo o mundo quanto a
descrição de sentindo no mundo. E por isso fez a diferença. Porque fez a diferença
pra vocês, fez a diferença pra eles. (REUNIÃO 15)
F2: Mas você se sentiu mais apoiado pelo grupo ou mais::: {com medo?
AP3: Constrangido?}
AP2: Não, apoiado porque vocês sempre queriam que eu:: vocês queriam que eu
começasse antes muito antes do que eu comecei, ah então agora vai ser a aula do
AP2 e do AP4, a aula do AP2 e da AP1, entendeu? Então vocês tinham esse
incentivo mas pelo outro lado eu meio que evitava porque eu nunca tinha dado aula
foi minha primeira experiência real assim (ACC – AP2 e AP3)
F1: Na leitura você tá fazendo isso agora. Bom mas olha você leu sobre
participação periférica legítima e a participação central, em outras palavras o que
que você tava falando nesse seu depoimento?
AP4: Que elas eram a participação central por serem mais experientes e ter de
alguma forma guiado a gente que...
F1: Mas aconteceu a participação periférica legítima? Ou seja vocês saíram da
periferia para o centro?
AP4: Sim
F1: Como é que foi essa transição, esse movimento?
AP4: Foi depois dessa confrontação
@@@
AP4: Foi um momento forçado, vai
AP2: É igual aquele meu caso de ter DADO aula de verdade só mais no final né,
porque tipo assim vocês ficavam ah então essa próxima vai ser a AP1 e o AP2, dai
a gente tipo não, adia mais um pouquinho, a gente foi deixando mais pro final ah::::
igual eu tava falando no meu áudio porque meio que faltava coragem, faltava
confiança pra::
AP6: Segurança...
AP2: É, isso ai, segurança pra::
AP6: Mas dai não começou assim de cara, foi uma atividade né, o AP2 vai explicar
essa atividade e depois foi aumentando
[…]
AP6: Mas também a gente só falou um pouquinho sobre isso, que é aonde você é
capaz de chegar entendeu? Mas pra gente chegar lá a gente precisa de um auxílio,
que seria o par mais capaz, porque nesse caso a gente já tinha uma experiência
sobre preparação de aula e você tava ali pra aprender, pra chegar nesse lugar de
preparar aula (EC)
De modo geral, a colaboração entre os participantes do grupo foi apontada pelos AP como
positiva em seus processos de aprendizagem e desenvolvimento, evidenciando momentos que
ilustram a interação entre os membros do grupo: no primeiro trecho, AP4 relatou um momento em
136
sala de aula em que F2 o ajudou em sua explicação, contribuindo para o desenvolvimento de seu
saber de regência de aula; nos dois excertos seguintes, AP6, em sua sessão de ACS, e AP2 e AP4, na
sessão de EC, comentaram a colaboração tanto em sala como na preparação de aula, em que as
propostas de atividades de cada um se complementavam, resultando em aprendizagens de novas
formas de preparação e implementação das aulas, contribuindo para o desenvolvimento de seus
saberes de regência, de planificação de aulas e recursos, que inclui a capacidade de produzir
atividades.
AP4: É que quando eu tava lendo os:: as transcrições eu achei muito interessante
entre o experiente, que é você no caso, formada, mestrado, doutoranda, tem
experiência em sala de aula e eu no caso que tava começando, então ei gostei desse
vai e volta, que eu tava tentando explicar o que former player means, só que eu
tava tentando explicar em inglês porque eu tava batendo nessa tecla de que eu
queria que eles entendessem sem eu ter que traduzir, só que, quando eu tava
olhando a primeira explicação que eu dou é um vocabulário um pouco mais
avançado
F2: Mais difícil
AP4: Mais difícil, e dai quando você pega e fala, dá uma simplificada que eu acho
que fica mais entendível
F2: E os gestos?
AP4: É, eu acho, e dai com base no que você disse eu comecei a:::
F2: Reformular?
AP4:Reformular pra fazer com que eles entendessem. (ACS – AP4)
AP2: Eu também queria comentar que a gente fazia muito bem esse balanço de isso
não tá certo eu faria de outra forma e também elogio porque:: da mesma forma que
tipo assim a gente tava lá tentando dar uma explicação numa hora e tava tipo e a
gente via que a pessoa tava meu deus tá dando errado a gente mesmo chegava lá e
não acho que tipo assim sabe? Tipo a AP3 chegava lá e é que tem, entendeu?
Tentava dar uma outra explicação meio que complementando aquilo que não tava
indo muito bem e ao mesmo tempo por exemplo lembro de momentos que tipo eu
tinha acabado de dar uma explicação ai eu voltava lá pro lado sei lá porque as
meninas iam dar outra task, o AP4 chegava em mim e falava nossa esse foi muito
bom entendeu?
137
AP4: Ai, eu já tava acostumado pra ser bem sincero [a não realização da tarefa
pelos alunos], e era:: era uma das minhas frustrações, porque ninguém fazia e
inclusive a gente:: nas reuniões anteriores eu perguntava quando que a gente ia dar
bronca neles porque eu achava que tava precisando de uma bronca porque ninguém
fazia as tarefas e isso comprometia muito o rendimento das aulas porque a gente
chegava lá com a aula planejada e conseguia fazer metade porque a outra metade
era só resolvendo coisa de tarefa. (ACS - AP4)
AP4: Nossa, acho que esse foi nosso maior desafio né?
AP6: Eles não fazerem tarefa?
AP4: A ausência, a falta, porque quando eles faltavam era um desafio pra nós fazer
com que eles não ficassem perdidos
AP6: Na aula de duas horas...
AP4: Uma hora era pra contextualizar
AP6: Era mesmo
AP4: Ai ficava chato pra quem tinha ido, e quem não tinha ido antes ficava perdido
do mesmo jeito
AP6: E que aconteceu desistências por esse motivo também, aulas que tinham que
se repetir, partes dela, aí o aluno ah já fiz, tá tudo igual, não vou mais. Eu lembro
de uma aluna que quando a gente repetiu uma aula da quarta-feira no sábado, só
tinha uma, só tinha ido UMA aluna da quarta-feira no sábado, e todos que foram no
sábado não tinham ido na quarta dai a gente repetiu a aula que era uma aula
importante, aquela aluna nunca mais apareceu. (ACC - AP4 e AP6)
de regência, referente à utilização do plano de aula e, como ocorrido nesses casos, a sua adaptação
diante de acontecimentos não-planejados. Nesse sentido, os AP puderam refletir sobre o trabalho
real (CLOT, 2006), que engloba o trabalho realizado e as modificações realizadas a partir daquilo
que havia sido planejado, possibilitando uma compreensão de vários aspectos de seu métier.
Em relação ao par definição de conteúdo pelo interesse do aluno X definição de conteúdo
pela importância, os conflitos vivenciados pelos AP que foram mais relevantes nas atividades do
curso são interesse dos alunos X proposta das aulas e interesses dos alunos X conteúdos relevantes
para seu contexto. De modo geral, eles se referem à questão de definir os objetos de ensino somente
a partir dos interesses dos alunos, ou levar em consideração conteúdos importantes nas práticas
sociais de seu contexto. O tema foi debatido nas duas sessões de ACC, de AP4 e AP6 e de AP2 e
AP3, quando os AP debatiam o engajamento e interesse dos alunos nas atividades propostas. Como
já mencionado, a expectativa dos AP e das formadoras com o curso era trabalhar com práticas
relacionadas à esfera profissional dos alunos, e essa expectativa não foi correspondida pelo real
interesse dos estudantes, que não queriam tratar do assunto circense durante as aulas. A partir desse
entendimento, o foco das aulas foi mudado e as SD implementadas na segunda metade do curso não
abordaram o contexto profissional do circo. Nos excertos a seguir, AP3 comentou sobre o interesse
dos alunos do projeto social em ter uma página online com seu perfil de artista, o que pode ter
influenciado o engajamento deles à ação social proposta, e AP4 e AP6 atribuíram à mudança de
foco dos temas abordados nas SD um maior engajamento dos alunos nas atividades.
AP3: Eu mudaria talvez a abordagem como isso foi feito não sei, porque como a
intenção deles a princípio era que a gente queria que eles tivessem ou um CV pra
colocar na página deles né, pra mostrar que olha em inglês xxx, talvez eu não sei se
eles entenderam isso também, se era da vontade deles de ter esse CV em inglês né?
Porque vai que de repente alguém estrangeiro olha e fala nossa vai conseguir
entender. E a questão do vídeo também porque pra fazer uma breve apresentação e
isso quando a gente falava a gente via que tinha uma certa resistência ah eu vou
falar mas eu não sei falar, vou escrever mas eu não sei escrever, como é que eu vou
colocar isso na minha página? (ACC – AP2 e AP3)
Partindo da compreensão de AP4 e AP6 de que nosso objetivo como professores é atender
os interesses dos alunos, F2 os questionou se eles não definiriam como objetos de ensino práticas
sociais que considerassem importantes para os estudantes ao entender que esse acesso é papel da
educação, usando como exemplo a SD que propôs a produção do perfil online de artista. Esse
conflito não foi completamente solucionado pelos AP, como evidenciado no trecho apresentado na
sequência, mas constituiu um propulsor para a atividade reflexiva dos futuros professores, que pode
ser processado positivamente e resultar em aprendizagem e desenvolvimento relacionado aos
saberes de contexto e de planificação de aulas, referente à capacidade docente de organizar um
curso, definir os objetos de ensino, considerando seu contexto e estudantes para isso.
F2: Fiquei com uma coisa aqui na minha cabeça agora, é::: que eu fiquei pensando
assim, é:: vocês NÃO fariam por exemplo essa SD? Se vocês conhecessem eles
antes? Ou mesmo se a gente tivesse feito perguntas que ninguém colocasse o
contexto profissional, é::: vocês não fariam?
AP6: Não sei
AP4: Também não sei
AP6: Eu acho que se eu, se a gente tivesse bem claro...
AP4: O propósito né?
AP6: Qual eram os objetivos deles em relação a esse curso, porque eles tavam lá a
gente teria que buscar atender os objetivos deles, que até a gente tava lá pra isso,
pra suprir algo deles, mas que foi colocado pra nós como algo profissional, a gente
FOI com esse propósito de suprir algo deles, mas que a gente descobriu que isso
tava na ideia de uma só pessoa, ou no discurso, nem na ideia mas no discurso de
uma pessoa né? Então talvez até poderia ter feito mas depois de um outro trabalho,
de um momento que eles já enxergassem a língua de forma diferente, que a língua
fosse significativa pra eles e que eles pudessem abrir a visão e ver Olha realmente
além de ser significativo pro meu dia a dia abre o leque pra mim de oportunidades
sabe? Mas depois que eles enxergassem o eu, não o:: dai eles enxergassem o
profissional. (ACC - AP4 e AP6)
AP6: é no circo a gente tinha uma autonomia muito grande pra escolher o que
ensinar, a maneira como ensinar né
AP3: As atividades...
AP6: E quando a gente vai pra escola a gente se depara com aquela relação entre o
trabalho planejado e o trabalho realizado né? Eles se encaixam realmente?
Efetivamente o trabalho realizado é o trabalho planejado? Porque quando a gente
chega numa escola as coisas já estão previamente escolhidas pra nós, tem um livro
tem o PCN pra seguir tem aquilo aquilo pra dar nas aulas, provas, notas pra lançar
e tudo mais, então vai de um confronto mesmo com a teoria do fazer o aluno
refletir, pensar criticamente e tudo mais, então é complicado assim essa relação de
teoria e prática a gente tem que saber rebolar muito pra fazer do trabalho planejado
o trabalho realizado (EC)
Como os AP ainda estavam vivenciando este conflito no momento das sessões de AC, não
é possível apontar indícios de aprendizagem e desenvolvimento, mas essa experiência pode lhes ter
proporcionado subsídios para o desenvolvimento de seu saber contextual, principalmente
relacionado à compreensão das restrições nas instituições de ensino. Os impedimentos encontrados
pelos professores em seus contextos de atuação têm grande influência no seu trabalho, muitas vezes
delimitando suas práticas, sendo, portanto, uma capacidade docente que deve ser mobilizada pelos
futuros professores em sua formação, propiciando mais conhecimento sobre seu futuro contexto de
trabalho.
No par globalizante formação reflexiva de professor X formação de professor transmissor
de conhecimento, os AP refletiram sobre como a formação inicial e a participação na SF conduzida
nesta pesquisa contribuíram para uma formação docente reflexiva, possibilitando que eles se tornem
profissionais capazes de desenvolver práticas embasadas teoricamente pelas aprendizagens
construídas pela formação e pelas experiências vivenciadas, assim como refletir sobre seu trabalho.
Com base nisso, os futuros professores demonstraram capacidade de reflexividade em relação às
atividades que desenvolveram, evidenciando a relevância de práticas amparadas pela abordagem de
gêneros, como pode ser compreendido a partir dos excertos a seguir.
141
AP2: E por exemplo se a gente se forma e vai pra educação pública, não é isso que
eles exigem atualmente que você trabalhe com a abordagem de gêneros? E
aparentemente a forma como os professores fazem não é muito satisfatória, a gente
vai ter uma::: um background que vai possibilitar mais isso, que a gente consiga
fazer isso de uma forma mais, de uma experiência que a gente adquiriu nesse
projeto
AP6: É, esse curso todo te prepara a chegar na escola, não cair no sistema grudar
sua bunda na cadeira e ficar lá olhando... (EC)
AP4: Então ontem eu tava olhando meus dados e quando eu analiso a participação
dos alunos tem um dado específico que fala que os alunos têm que agir de forma
crítica na aula e tal e daí eu tava olhando as transcrições e ai eu percebi a gente não
fez isso, a abordagem de gêneros defende que os alunos têm que ser críticos em
sala de aula e tal, ai eu tava pensando a gente tinha essa noção da abordagem em
gêneros mas a gente esquece
F1: Como assim a gente esquece?
AP4: É porque na hora a gente fica tão focado tem que preparar essa aula que
enquanto a gente tava na aula a gente esquece que a gente tem que ter essa
interação com o aluno de querer saber o que ele...
[...]
AP6: De pôr a criticidade né. É que não é tão simples assim, exige bastante da
gente pra levantar um posicionamento crítico do seu aluno sobre determinado
assunto, determinado tema, e:: não é fácil mesmo
AP3: E acho também que por ter essa relação de você dar uma atividade ai por
exemplo você espera uma resposta do aluno e ele não te dá essa resposta, ai você
fica naquela e agora?
AP4: Mas acho que isso bate muito na questão da experiência que a gente tá
falando toda a hora porque é um processo todo esse aprender a ensinar então
quando a gente não tem essa malícia dentro da sala de aula a gente não consegue
desenvolver isso completamente então a gente tá aprendendo e::: tendo essa
consciência hoje de tudo o que aconteceu nas aulas, agora eu consigo imaginar tipo
ó agora eu tenho que fazer isso porque eu percebi isso entendeu? (EC)
Outra ponderação dos AP se relaciona ao processo reflexivo por qual estavam passando
durante as sessões de AC torna-se relevante por confirmar a relevância desse tipo de prática para a
formação de professores e sua necessidade dentro de uma SF. No excerto a seguir, AP4 comentou
sobre a diferença de uma tomada de consciência a partir do aconselhamento de outra pessoa ou a
partir de uma autoavaliação, despertada pelo fato do profissional se ver em situação de trabalho,
como é propiciado pela AC. Como a SF foi um projeto longo, AP4 salientou a importância de poder
constatar seu progresso enquanto professor, cuja primeira regência de aula aconteceu no curso
conduzido nesta investigação. Com isso, consideramos que há um indício de desenvolvimento do
saber de contexto, referente à capacidade de compreender o papel do professor, especificamente em
relação à autoavaliação de suas práticas docentes.
AP4: Ah sim, acho que muda muito quando a gente consegue enx:: consegue ver
com nossos próprios olhos o que a GENTE tá fazendo, porque uma coisa é você
ouvir alguém falar, mas você conseguir ver depois de muito tempo como que foi é
muito impactante, porque a gente consegue ver o progresso também (ACC - AP4 e
AP6)
Ainda no tópico referente à formação docente, ao final da sessão de EC, na qual todos os
participantes estavam reunidos, a prática das formadoras também foi debatida. Primeiramente, a
falta de experiência da formadora em formação (F2) foi abordada, revelando uma insegurança da
profissional em relação a alguns momentos da SF, como a preparação e regência de aulas. Nesse
sentido, reforçamos a importância do acompanhamento da formadora experiente nesse processo,
oportunizando orientação e aprendizagens à formadora em formação. Em relação a isso, a
formadora experiente (F1) refletiu sobre o papel de formador/a de professores, destacando a
necessidade da mediação no processo de formação, sendo função do/a formador/a proporcionar
ferramentas para que o formando prossiga em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento
profissional.
F2: […] porque como pra vocês sem experiência era muito difícil chegar lá e dar
aula, pra mim foi muito difícil chegar lá e falar ai será que eu ajudo, será que eu
entro agora, será que eu falo, será que eu não falo, eu tinha muita apreensão quanto
a isso. Mas eu acho que assim, talvez isso foi mais no começo né, porque depois
que a gente foi desenvolvendo o trabalho foi se conhecendo melhor.
[…]
AP6: No começo, eu e a AP3 tava até conversando que a gente ficava bem
insegura, porque a F2 não tinha reação
AP3: A não sei se eu tô fazendo isso certo
F2: Acho que eu não ia falar se tava certo ou tava errado entendeu?
AP6: Mas continua assim né, mas depois o relacionamento né
[...]
F1: [...]mas não é fácil, não é fácil porque você tem que respeitar o processo do
outro, então às vezes você tá lá né lá na frente pensando e o outro tá aqui né, só que
você não pode adiantar o processo do outro, você tem que aguardar, você tem que
proporcionar ferramentas pra ele chegar lá e você fica lá esperando @@@ e é claro
que isso causa ansiedade, causa::: e se ele não chegar, eu tenho que talvez prover
outras ferramentas, que é que eu tenho que fazer, enfim é um:::: assim como é
processo pra vocês, é processo no lado de cá […] (EC)
mesma temática. A partir dessa codificação, apresentamos um relato sobre os conflitos que foram
mais relevantes para as atividades da SF, analisando o processo de aprendizagem e indícios de
desenvolvimento de saberes e capacidades docentes que eles possibilitaram.
Diante disso, podemos concluir que houve conflitos com resultados positivos que geraram
indícios de desenvolvimento, tais como: a) o conflito relacionado à mudança na concepção de SD,
que contribuiu para o desenvolvimento do saber teórico dos AP; b) o conflito referente à
colaboração do grupo, que proporcionou indícios de desenvolvimento dos saberes de regência de
aulas, de planificação de aulas e de recursos, especialmente na preparação de atividades; e c) o
conflito sobre a atividade reflexiva na formação, que corrobora a relevância deste tipo de prática na
formação de professores e para o desenvolvimento da capacidade de autoavaliação do docente.
Ainda, o conflito entre retomar conteúdos ou seguir adiante com o conteúdo planejado, vivenciado
pelos AP devido às constantes faltas e não realização de tarefas dos alunos, aponta para a
possibilidade de desenvolvimento de seus saberes de contexto e de regência, no sentido de tomar
decisões que modifiquem seu planejamento a partir de situações de sala de aula. Porém, não foi
possível afirmar que os AP solucionaram esse conflito, uma vez que eles também ponderaram sobre
as consequências negativas de seguidas retomadas de conteúdo, como o prejuízo no andamento das
aulas e a desmotivação dos estudantes, não alcançando uma conclusão sobre seu agir docente em
relação a esse conflito.
No entanto, alguns conflitos não resultaram em uma solução positiva e, portanto, não
apresentam indícios de desenvolvimento, mas podem ainda ser retomados pelos AP a partir de
novas experiências docentes. Esses conflitos são: a) o conflito relacionado à necessidade de base
linguística aos alunos anterior ao trabalho com gêneros, representando que esta questão, referente
ao saber teórico, ainda precisa ser mais bem desenvolvida pela AP, uma vez que a abordagem de
ensino por meio de gêneros não pressupõe um trabalho linguístico anterior, entendido aqui como o
ensino das estruturas gramaticais da língua; b) o conflito em relação à definição dos objetos de
ensino serem realizadas somente considerando os interesses dos estudantes ou também o
entendimento do professor em relação à relevância de algumas práticas sociais, que não
completamente solucionado, já que os AP não concluíram se implementariam um SD com proposta
de prática social relevante aos alunos caso não fosse do interesse deles; e c) o conflito referente à
autonomia do professor e às restrições dos contextos de ensino, que estava sendo vivenciado pelos
AP no momento das sessões de AC em seus novos contextos de estágio, experiência essa que pode
contribuir no desenvolvimento de seu saber de contexto, sobre as restrições encontradas pelo
professor em sua prática docente.
É importante apontar que esses conflitos podem não ter resultado em uma solução positiva
144
AP6: Exatamente. Daí eles só ficavam assim ((faz cara de quem não está
entendendo)) @@@ deixa acontecer agora, tinha que ter trabalhado o ano inteiro
só pra fazer essa entrevista, assim pra eles terem toda a base do::
F2: da língua?
AP6: Ahan, porque isso é muito difícil, e é diferente quando eles já têm alguma
base, dá pra trabalhar muito melhor, mas eles não tinham base nenhuma, aí você
fica totalmente sem... tem que ensinar tudo, tudo, tudo, bem difícil.
F2: xxx de uma vez
AP6: É, a gente tava falando na sala outro dia que todo o ensino baseado em
gêneros todas essas coisas são importantes sim, eu acredito, mas a gente precisa, os
alunos precisam de uma base linguística pra chegar a produzir um texto, entender
xxx
F2: É, talvez a gente tenha se equivocado na progressão, na escolha
AP6: Sim, é
F2: Porque a escolha foi primeiro, essa última, você lembra como foi feita a
escolha?
AP6: Foi por, pra envolver o tema esporte, ai que chegou na entrevista né, poderia
ter chegado em outros, não sei qual agora, mas poderia ter chegado em outro
gênero xxx, foi algo que a gente teve que fazer mais rápido, por causa da questão
de fim de ano também. Mas deu, chegou, fizemos, mas realmente talvez um outro
gênero menos complexo para o momento deles, de aprendizado, eles poderiam ter
absorvido mais (ACS - AP6)
Dessa forma, concluímos que a análise das sessões de AC em relação aos conflitos
verbalizados por eles contribuiu para a resposta ao objetivo geral desta pesquisa, que é investigar o
processo de aprendizagem e indícios de desenvolvimento docente de alunos professores (AP) em
participação de sequência de formação (SF) que inclui revisão, produção, implementação de
sequências didáticas (SD) e atividade reflexiva sobre o processo, ao proporcionarem indícios de que
as atividades propostas durante a SF colaboraram para o processo de aprendizagem e
desenvolvimento dos saberes e capacidades docentes dos AP participantes. Nesse sentido,
ressaltamos o papel necessário das práticas reflexivas durante uma SF, pois ficou evidenciado que
esse momento contribui para a tomada de consciência, debate reflexivo e possível reorganização
psíquica dos formandos, elementos constitutivos do processo de aprendizagem e desenvolvimento
profissional, conforme defendemos na tese apresentada neste relato.
4.4 RETORNO AOS PARTICIPANTES
145
O retorno aos participantes desta investigação foi realizado por e-mail. Uma versão da
presente tese foi enviada aos AP, instruindo-os a reagirem às análises desenvolvidas com
comentários, concordância e ou discordância. Na figura 5, trazemos o e-mail enviado para os
participantes pedindo seu retorno.
Fonte: a autora.
Após o prazo determinado para a resposta, duas participantes protagonistas (AP3 e AP6)
enviaram seus retornos, também via e-mail. Nenhuma delas discordou com as descrições e análises
apresentadas neste estudo. AP6 corroborou o relato da pesquisa, principalmente em relação à sua
participação e às atividades desenvolvidas, como mostra sua resposta apresentada na figura 6. O
retorno de AP3, exemplificado na figura 7, demonstra que essa etapa da pesquisa também
proporcionou uma nova reflexão sobre suas práticas. A participante comentou sobre sua percepção
em relação à sua participação, relatando que a leitura do relato de pesquisa provocou
ressignificações de seu agir.
146
Fonte: a autora.
Fonte: a autora.
Apesar do baixo índice de retorno, as respostas das duas participantes contribuem com a
validade das interpretações apresentadas nesta pesquisa a partir da corroboração das AP. Também
compreendemos que os retornos realizados pelas participantes asseguram o caráter ético-
emancipatório da investigação (CAMERON et al., 1992), pois proporciona aos participantes mais
uma oportunidade de inserção de suas vozes no relato final da pesquisa, assim como garante que
este estudo tenha cumprido seu papel de reportar a investigação conduzida de maneira ética, sem
exposições negativas e desnecessárias em relação às práticas daqueles que contribuíram para seu
desenvolvimento. Além disso, notamos que esse foi mais um momento de reflexividade sobre a
prática docente dos AP, reforçando que as atividades reflexivas podem ocorrem em diversas etapas
147
da formação (inicial e continuada), sempre com potencial de reviver suas experiências profissionais
e (res)significá-las.
148
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
planejamento, das aulas da última SD implementada. Para uma análise global dos dados, os temas
abordados nas reuniões de planejamento foram identificados por meio do procedimento de SOT e
STT e as ações realizadas durante as aulas foram descritos em uma sinopse. Posteriormente, os
temas discutidos nas reuniões e as ações desenvolvidas em sala de aula foram relacionadas aos
saberes e capacidades docentes (STUTZ, 2012) mobilizados. Com esta análise, consideramos que
as atividades desenvolvidas na SF, especificamente de planejamento e implementação de SD,
tiveram o potencial de mobilizar todos os saberes e capacidades docentes elencados por Stutz
(2012), assim como identificar saberes não contemplados pela proposta da autora e incluídos por
este estudo, como o saber teórico e o saber de conteúdo, coadunando os saberes necessários à
formação docente defendidos pelos estudos apresentados nesta investigação: os saberes para ensinar
e os saberes para ensinar (HOFSTETTER; SCHNEUWLY, 2009) e os saberes necessários a
formação docente (DOLZ; GAGNON, 2018).
A fim de alcançar o segundo objetivo específico, os dados analisados foram as transcrições
das sessões de AC, meio pelo qual propomos práticas reflexivas dentro da SF. Para reconhecer as
dimensões de reflexividade mobilizadas pelos participantes, os tópicos discutidos nas sessões de AC
foram identificados a partir da codificação descritiva, e posteriormente relacionados às dimensões
de reflexividade (DENARDI, 2009). Ainda, foi possível associar as dimensões de reflexividade
acionadas aos saberes e capacidades docentes, a fim de assegurar que estes também foram
demandados durante a atividade reflexiva.
A partir dessa análise, pudemos constatar que os participantes desenvolveram sua
reflexividade predominantemente em relação às dimensões epistemológica, ontológica e
pedagógica, que se referem aos conceitos teóricos que subjazem o ensino, ao contexto e às práticas
docentes, como planejamento e implementação de aulas, respectivamente. A dimensão linguística,
que diz respeito ao uso da língua, foi acionada em todas as sessões de AC. Porém, são escassos os
tópicos referentes a ela, relacionados à concepção de língua como prática social, que embasa a
abordagem de ensino com base em gêneros textuais e aos objetivos do ensino de línguas nas
escolas, discutindo seu propósito social e cultural. Por fim, a dimensão axiológica, referente a
valores e aspectos contextuais mais amplos, como fatores históricos, sociais, culturais, políticos, etc.
que envolvem o ensino, foi mobilizada somente na última sessão de AC, revelando uma lacuna nas
sessões anteriores, nas quais práticas reflexivas relacionadas a essa dimensão não foram
estimuladas. Além disso, a constatação de que não havia, dentre aqueles apresentados nesta
investigação, saber docente relacionado a essa dimensão, julgamos pertinente incluir o saber
holístico neste rol, reconhecendo sua importância na formação inicial e continuada de professores
de línguas.
150
que possibilitaram a mobilização dos saberes e capacidades docentes dos AP. As análises
relacionadas ao segundo e terceiro objetivos específicos demonstraram indícios de aprendizagem e
desenvolvimento de saberes e capacidades docentes a partir das representações dos AP verbalizadas
nas sessões de AC. É importante salientar que desenvolvimento é “um processo ininterrupto de
automovimento”, conforme defende Vygotski (BRONCKART, 2013, p. 88), ou seja, deve ser
compreendido como um processo contínuo, que é e será seguido pelos participantes desta pesquisa
em suas próximas experiências docentes. Diante disso, entendemos que os conflitos que ainda não
resultaram em uma conclusão positiva por parte dos AP poderão ainda ser por eles retomados,
(re)experienciados, (re)configurados no caminhar de seu desenvolvimento docente.
Por fim, a investigação desenvolvida nos permite defender a tese de que uma sequência de
formação, sistematicamente planejada pelo/a formador/a, composta por atividades teóricas, práticas
e reflexivas, promotora da mobilização e articulação dos saberes e capacidades docentes necessários
à formação de professores de LE, tem potencial de ser um dispositivo didático-formativo
propiciador de aprendizagens e de indícios de desenvolvimento profissional. Em relação à tese
defendida, ressaltamos o ineditismo do uso da SF para a educação de professores de LI e seu
desenvolvimento relacionado aos saberes e capacidades docentes específicos para professores de
LE, visto que os estudos anteriores que embasam a construção teórica do conceito de SF usado
nesta pesquisa se referem à formação de professores de LM (no caso de Graça, Pereira e Dolz,
2015, à formação continuada de professores de LP como primeira língua; e na pesquisa de Dolz e
Gagnon, 2018, à formação inicial de professores de língua francesa como primeira língua).
Ademais, julgamos que, além de perceber na prática a noção de conflito como potencial
propiciador de desenvolvimento, conforme apresentado pela teoria sociointeracionista de Vygotski e
defendida pelo ISD (BRONCKART, 2008; 2013), nossa investigação permitiu evidenciar a
relevância da condução de atividades promotoras de reflexividade, realizadas por meio das sessões
de AC neste estudo, na formação docente, caracterizando-se como espaço de verbalização e tomada
de consciências das práticas profissionais, bem como a necessidade de promover mediação e apoio
promovido tanto pelo coletivo quanto pelas ações das formadoras, para que, nesse momento de
reflexão, o formando possa lidar com os conflitos enfrentados, resultando em seu desenvolvimento
docente.
Compreendemos que afirmar a existência de desenvolvimento docente dos AP não seja
possível com base nos dados que temos nesta pesquisa. Zirondi (2013) ressalta a complexidade de
se “medir” o desenvolvimento, e nós concordamos com a autora em sua afirmação que o
desenvolvimento não se resume somente à análise das atividades verbais dos participantes, mas
também de suas condutas em seus ambientes de atuação. Assim, como não tivemos acesso ao
152
acionamento desses saberes e capacidades pelos AP após sua participação na SF, julgamos
pertinente apontar em nossas análises indícios de desenvolvimento, considerando que seria
necessário analisar novas práticas dos participantes para confirmar sua aprendizagem e
desenvolvimento de saberes docentes.
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APÊNDICES
164
APÊNDICE A
Análise das reuniões de planejamento e das aulas em relação aos saberes e capacidades docentes
mobilizados nas atividades de planejamento e implementação de aulas da Sequência de Formação
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 1
A reunião do dia 28/06 se iniciou com os AP expondo um problema sobre os dias das aulas
e a frequência de alguns alunos, pois sua impossibilidade de frequentar uma aula por semana estava
trazendo dificuldades de aprendizagem. As formadoras e os AP discutiram sobre possibilidades de
resolver esse problema e uma tentativa de resolução ficou acordada. Nesse momento, o grupo já
havia iniciado as aulas e realizado uma SD de ID card, no qual os alunos tinham que completar um
formulário de inscrição para um workshop circense. Assim, o grupo avaliou a implementação dessa
primeira SD e discutiu sobre a progressão que seria realizada, a princípio, com uma SD de procurar
um e-pal e escrever e-mails para ele/a. Por causa de questões de segurança no ambiente virtual, o
grupo decidiu mudar a progressão e realizar uma SD em que os alunos fizessem seu perfil virtual,
composto por um vídeo em que eles se apresentam oralmente, incluindo vídeos de suas
performances, e um texto escrito de apresentação também.
Sobre o SOT 1A. Gerenciamento de sala de aula, mesmo não se referindo à regência, é
possível relacionar esse tema a esse saber quando se trata da capacidade de gerenciar a aula. Ainda,
esse tema pode se referir ao saber de contexto, em relação à capacidade de identificar problemas
pedagógicos e didáticos dos alunos e do ensino.
F2: Então amanhã vamos lembrar de tentar conversar pra ver se a gente pode
usar a sala.
F1: Bom, vocês terminaram a primeira e os objetivos foram alcançados na
opinião de vocês? Vocês acham que eles conseguem filling a form with the
English they learned so far?
AP3: Completo, completo, não.
AP3: É, deu pra perceber assim que quando a gente lia eles sabem traduzir,
eles sabem o que tá escrito, mas não sabem como responder
AP1: Acho que a maioria tem dificuldade na hora de falar, eles não
conseguem pronunciar muito, muito bem, mas eles sabem já o que que tá
perguntando, como que tem que responder
Então a atividade solicitada pra vocês era pensar em uma e em outra, meio
que avaliar né, é::: avaliar uma e outra pra ver que tipo de, primeiro se seria
uma boa sequência, que daria continuidade a esse assunto de falar de si, e
perguntar sobre o outro pra depois responder né, que é a outra sequência
didática que ela também mandou que é como responder a carta a partir do
momento que você consegue um cyber pal, que é isso que a gente vai tentar
né, um cyber pal,
F2: depois de escrever a carta de introdução
F1: Inicial é, você vai receber uma resposta e vai ter que responder, né, vai
ter que responder, desculpa, reagir a essa resposta. Ã::: então primeiro se
vocês acham que é adequado continuar nesse, nessa progressão, quem vai tá
olhando pra progressão, e segundo e aí, e essas sequências, uma tá bem
diferente da outra porque a da [nome de professora suprimido] tá cheia de
português, por quê? Porque era pra sétima série, 40 alunos numa sala,
tararatarara, e tudo em inglês, uso de present perfect nas perguntas, então é
pra gente ouvir vocês agora.
[...]
AP3: Eu acho assim, essa sequência didática que tá em português, seria bom
trabalhar com ela, principalmente porque ela tá em português, pra ficar clara
a ideia pra eles, pra eles realmente entenderem o que vai acontecer, porque
às vezes a gente fala em inglês tudo lá e fica entendeu? Aí eles ficam
olhando assim, às vezes entendem às vezes não, então pode ser que não fique
167
claro e depois entrar com a só em inglês dai, não sei se, dai não sei se
trabalharia as duas em sequência, tipo dessa e do [nome de aluno suprimido]
ou se escolheria só uma ou se misturaria as duas
AP4: Será que não dá pra mesclar?
AP1: Eu acho é melhor mesclar
F1: [...] Então o que eu gostaria de enfatizar é isso, que toda SD parte de
onde? Ou parte do quê? De qual premissa?
AP6: Uma (xxx).
F1: Oi?
AP6: Uma ação.
F1: Uma ação que será realizada, então vocês têm que propor a ação em
primeiríssimo lugar, quer dizer, claro, colocá-los numa situação de
comunicação que é mostrar a diferença de uma carta, de um e-mail, que
antigamente como é que, [...]
Os SOT 1E. Busca por léxicos específicos e 1G. Pronúncia se referem a saberes a ensinar,
à capacidade que o professor deve ter de conhecer o conteúdo a ser ensinado, que no caso ocorreu
pela busca de léxicos relacionados ao contexto de ensino (modalidades circenses) e da pronúncia de
uma palavra que seria essencial na SD (pal).
F1: isso pronto. Vocês vão ter que, já praticaram né como diz juggler,
AP4: já
F1: Acrobat, clown
F2: (xxx) todos os dias
AP6: Handstand, a menina esses dias minha especialidade é handstand
[…]
F1: This is something we have to make sure of, right? Because a doubt in
pronunciation and it's a key word we have to check. I think it's /pæl/, can you
check? E-pal, cyberpal
AP4: I'll check on (xxx)
Durante o SOT 1F. Planejamento da SD, o grupo discutiu sobre a progressão das atividades
na SD, referente ao saber de planificação de aulas, à capacidade de planificar os conteúdos das
aulas, assim como o saber contextual, em relação à capacidade de verificar os recursos e restrições
disponíveis na instituição de ensino.
F2: Amanhã a gente vai tá no::: a gente vai tá no centro cultural então tem
alguns computadores que talvez dê pra usar
AP6: Mas tem que ver a internet, ele já falou que não tinha internet
AP1: Você não usou daquela vez?
AP6: Usei a internet do meu computador
168
{(xxx)}
F2: O wireless funciona. Mas se a gente leva amanhã, se são nove?
F1: Levar o que?
AP3: Mas tem que saber o que a gente vai fazer primeiro.
F2: Ué, pra eles procurarem os amigos amanhã
AP4: Já?
F1: Sim, tem que botar a situação, dizer qual é o objetivo, qual é a ação e dar
as opções de:::, isso não são eles que procuram, vocês que têm que dar pra
eles...
[…]
F1: Então, acho que tinha que colocar é:: os três numa página (xxx), por
exemplo, esse esse e um printscreen do que eles vão ouvir oralmente pra
depois vocês montarem ó, que que é isso né? Acho que tem que colocá-los
pra pensar sobre o que que é isso pra depois trabalhar com cada um
individualmente.[...] Então, eu acho que tinha que dar exemplos, e aí,
é:::pergunta que que eles entendem que é aquilo, se eles interpre...gente, não
tô botando pra vocês ouvirem, não tô pedindo pra vocês lerem, só por isso
daí que que vocês acham que é isso, pra eles chegarem nessa ideia de que
eles vão construir um perfil e aí vocês vão dizer isso, que a ideia, daí colocar
isso no papel, que a ideia é eles construírem um perfil sim deles, um por
escrito um oral, pra colocar no site deles, ou seja, nós vamos adicionar uma
aba no site que será dos perfis dos artistas, né uma aba pros educadores outra
pros artistas em formação e que a ideia seria ter o site tanto em português
quanto em inglês e o que a gente vai construir é o perfil deles em inglês
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 2
No SOT 2A. Preparação da aula, o grupo preparou as atividades da aula, discutindo como
desenvolvê-las e como seria a sequência das atividades durante a aula. Assim, o grupo mobilizou o
saber de recursos, especificamente a capacidade de produzir atividades, assim como o saber de
planificação das aulas, em relação à capacidade de planificar os conteúdos da aula.
caso tangendo a capacidade de compreender conceitos da teoria que embasa o ensino, pois a dúvida
em relação ao nome do gênero a ser trabalhado proporcionou reflexão sobre o próprio conceito de
gênero textual. Ao estudar as características do gênero textual, o grupo também abordou o saber de
conteúdo sobre o objeto a ser ensinado.
No SOT 2C. Planejamento da SD, o grupo comentou a respeito da sequência da SD, que se
relaciona ao saber de planificação das aulas, à capacidade de planificar os conteúdos das aulas.
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 3
Na reunião do dia 07/07/16, os alunos já haviam produzido a primeira versão de seu perfil
oral. Com isso, o grupo refletiu sobre os aspectos a serem trabalhados na sequência. A partir da
busca de perfis eletrônicos de artistas circenses, o grupo optou por incluir um gênero escrito
(biodata, CV) para ser incluído na página de apresentação dos alunos, junto com o perfil oral.
AP1: Eu achei eles super animados pra gravar os vídeos, achei que eles iam ficar
mais...Na hora que a gente falou eles falaram ah não, mas depois eles foram super
empolgados pra gravar o vídeo, todo mundo gravando
AP6: Eles têm boas ideias e rapidinho eles formularam, personalizaram os vídeos
deles
AP1: A [nome de aluna suprimido] que eu gravei, ela não conseguiu fazer muita
coisa em inglês, ela fez tipo o vídeo quase 100% em português, mas o resto eu vi
que o pessoal tentou bastante mesmo, se esforçaram
AP4: E:: na mesa que eu tava ajudando, eu peguei e falei ah vocês não precisam
colocar tudo em inglês, ah mas eu quero colocar em inglês e não sei o que. E eles
queriam colocar várias informações diferentes
F1: […] essa dinâmica da colaboração é essencial, por isso que tem tanta gente lá.
[…], eu não quis é::: vocês duas que tavam lá na frente, como que vocês se
sentiram quando eu falei assim ah eu gosto de me meter e fui lá e já fui roubando a
cena, vocês se sentiram roubadas?
{AP3 e AP6: Não}
[...]
F1: Quer dizer, tem horas que a gente aqui mesmo pode fazer isso, mas outras é
mesmo na coisa do compartilhar, do colaborar, do ah eu acho que eu sei o que fazer
né, surgiu uma coisa que a gente não tinha pensado, uma dificuldade, uma falta de
participação deles, tal, ah pera aí que eu sei o que fazer.
173
F1: [...] na realidade o que a gente tava propondo era um perfil ORAL, mas a
gente, eles mesmos muito provavelmente, mesmo que vocês não tivessem pedido
pra escrever, escreveriam. Por quê? Porque é em inglês, como é que eu vou falar
isso? É ensaiar mesmo. É::: então essa relação fala e escrita, porque eles vão falar
num vídeo mas o texto tá escrito, então de alguma forma, é::: tem alguma coisa ali
pra gente explorar nesse sentido, porque isso também acontece quando você faz
uma apresentação oral em congresso
Por fim, instruções de como dar o feedback para as produções iniciais dos alunos foram
dadas, mobilizando o saber de metodologia e a capacidade de avaliar a produção oral e escrita dos
alunos.
F1: […] acho que tem que dar o feedback sim e o corrigir que você falou, eu acho
que pode ser, toda correção toda avaliação sempre é no formato de um outro texto,
ou seja, primeiro apreciando positivamente o que ele conseguiu fazer e aí dizendo o
que ele pode melhorar
AP4: Igual você faz com a gente
O SOT 3E. Objeto de ensino se refere à definição dos aspectos dos gêneros que poderiam
ser explorados durante a SD, construindo, portanto, o objeto de ensino. Os saberes mobilizados são
o de planificação das aulas, referente às capacidades de planificar os conteúdos das aulas e
organizar o curso e o de conteúdo, pelo estudo do gênero textual a ser ensinado.
F1: Então, da onde a gente vai partir agora? Porque tem tanto present perfect
quanto passado, que ó eu falei I joined the circus five years ago OU I have been at
the circus for five years, né? Porque todo mundo quis falar isso
[…]
F1: Eu sei que é difícil, NÃO, gente numa boa. Que você acha AP5? Possible or
no, it's a nightmare?
AP5: Não, eles pegam as coisas rapidinho lá
AP4: Eles tão bem interessados
No SOT 3F. Preparação de aula, o grupo conversou sobre as atividades a serem realizadas
na próxima aula e os textos a serem utilizados. Assim, os participantes utilizaram o saber de
recursos, referente às capacidades de selecionar textos e produzir atividades.
174
O SOT 3G. Léxico (résumé) está compreendido nos saberes a ensinar, pois faz parte do
conteúdo a ser ensinado aos alunos, referente à capacidade de buscar e conhecer léxicos em LI.
F1: Legal! Mas acho que résumé é uma palavra em francês usada em inglês, se eu
não me engano não tem dois es?
AP3: Sim
AP6: Mas nos sites não tem
AP1: xxx só aparece assim
AP3: xxx feminino
F1: É? Tá assim?
AP6: Tá tudo assim, por isso que eu não coloquei o acento, o acento eu sei que
tinha mas os dois es a gente não usa na aula da [nome de professora da graduação
suprimido]
AP3: Na regra gramatical de francês, se a palavra é feminina é dois es
AP6: Mas será que como foi passado pro inglês...
F1: É! Como as palavras em inglês que a gente já incorporou, né? Pode ser. Não é
mais uma palavra em francês usada em inglês, é uma palavra já...né, se tá assim
nos sites
F2: E daí como que fala né?
AP3: A gente vai falar résumé ou resume?
F1: Vocês já checaram no... AP4, você é o especialista naquele site, Forvo? Forgo?
F1: E aí eles, vocês vão devolver com esse feedback e vão pedir pra eles refazer,
então vai ser a segunda versão, pra depois a gente ver então com base na segunda
versão o que que a gente ainda vai ter que melhorar, que provavelmente aí vai ser
aspecto muito mais:: porque agora ó vocês vão ter que entrar ainda em gramática,
vocabulário e pronúncia
AP6: Mas daí vai entrar depois da segunda versão?
F1: Depois da segunda versão
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 4
Novamente, o SOT 4A Gerenciamento de sala de aula engloba a questão das faltas dos
alunos e a avaliação das atividades realizadas na aula anterior, referente ao saber de avaliação de
aprendizagem e à capacidade de reconhecer o desempenho dos alunos.
F2: a gente tava discutindo que se a gente pediu pra eles/ aí o AP4 enviou os links
que a gente usou, pra eles procurarem... eles entrarem {no real né?} (+) porque
como não tinha interne:t, não deu pra mostrar assim... tinha os prints só... pra eles
pesquisarem as informações e a gente já pediu pra eles pensarem o quê que eles
poderiam adicionar, aí não sei se a gente coloca por exemplo... é... Ah você poderia
adicionar tal coisa se eles já vão pesquisar... ou se eles já vão ter ideia... ou eles não
vão ter ideia!
F1: eu acho que vocês podem dar opções (+) por exemplo vocês podem mencionar
olha um perf:il... é... se vocês se lembram das diferenças? Vocês podiam olha
enquanto um perfil enfatiza tal e tal e tal, outro te dá a opção de...?
F1: é... não, e porque eu acho assim, levando em consideração mesmo o que você
falou AP3, é... apesar de vocês terem... é... (+) abordado isso na aula, ele pode não
tomar aquilo pra ele, entendeu? {é então vamos supor, a [nome de aluna
suprimido]... a [nome de aluna suprimido] foi bastante objetiva, digamos assim, e
ela pode é... é... ter... t:er... hãn... feito esse texto objetivo por opção, OU por
restrição, porque ela não consegue ainda né, {adicionar} ainda outras informações
que ela é... gostaria, então (+) vocês poderiam até talvez criar um que todo mundo
177
vai escrev:er, todo mundo vai colocar isso... é... como feedback, que são as opções
de... é... de... conteúdo num perf:il e... de possibilidades de organização desse
conteúdo, e AÍ o seu feedback e:specífico, por exemplo, para a [nome de aluna
suprimido], olha [nome de aluna suprimido]... ó porque ela, parece que ela até
deixa aqui uma... uma deixa pra eu interpretar isso ó... these are some information
about my profile (xxx) tudo bem do... do erro gramatical, não é isso o problema,
mas… (++) ah eu queria dizer mais mas eu nao sei <@@> né?, parece que ela ta
falando isso <@@> né... mas é... o import/ o mais importante numa avaliação é
você poder... realmente... é, ir ao encontro da solicitação de vocês, a gente quer
saber o quê que a gente pode melhorar, então é dizer o quê que ela foi bem, o quê
que tá bom nesse perfil que pode ser melhorado...(+) é isso que na realidade um
aluno quer ouvir...
AP6: é, acho que a gente podia ver algumas... e tem as coisas que a gente coloca
pra todos né?....
F1: tá, então cês vão começar, é: terminando lá o que vocês falaram que não
terminaram, os slides de:? CV and what? Profile?
AP6: não, o CV já foi
F1: o que que é?
AP6: agora é: (xxx) an artist CV and portfolio né? É, é isso, tem mais, aqui o que
tem que conter
F1: mas vocês vão entregar pra eles aí depois o que que cês vão fazer mais depois
de entregar pra eles?
AP6: ah, primeiro a gente passa aquilo né
F1: sim
AP6: aí a gente monta com eles o que, o que vai ter no deles né? Antes de entregar
isso né?
F1: tá
AP6: depois a gente entrega {isso}
F1: com base também no que eles assistiram nos links que vocês deram e nos que
vocês mostraram
F2: uhum
AP6: aí eles refazem
F1: daí devolvem isso, eles leem o feedback, e aí eles vão/
AP6: daí se a gente decidir, que eu acho que vai ser por tópicos, a gente já escreve
os tópicos, daí eles vão copiando os tópicos e fazendo a parte deles/
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 5
versão do CV de artista dos alunos. Algumas AP trouxeram a sugestão de incluir uma biodata como
apresentação para o CV. Assim, mais um gênero foi incluído na SD (perfil oral, CV e biodata). Com
isso, nessa reunião, o grupo discutiu a importância de esclarecer as diferenças entre os gêneros e,
para isso, buscaram referências para compreender os gêneros. A partir disso, também foram criadas
listas de constatação para os gêneros já trabalhados (perfil oral e CV), a fim de que os alunos
pudessem avaliar as produções de seus colegas e compreenderem as características de cada gênero.
AP3: aí que que a gente pensou no sábado? Até a gente escreveu aqui, de ajudar
eles a fazer uma biodata, então por exemplo assim, por que a gente falou assim “ah
cê só vai jogar seu currículo lá: no site e acabou?” tem que ter uma breve
apresentação sua né?!e dos ví, e a gente mencionou um pouco vídeo também, que
eles perguntaram mas o vídeo?! ah é coisa de um minutinho só, só pra né? Mostrar
o que cê faz né, então daí é: a gente pensou de montar um modelo, pegar vá:rios
modelos de biodata de artistas e mostrar pra eles os diferentes tipos, o que que vai,
o que que não va:i, como que monta uma, é:, e daí a gente entrega primeiro a
versão que eles fizeram
179
[...]
F1: então, mas eu queria fazer uma pergunta pra eu entender, é, no fim:, o que é,
qual é o gênero mais importante, é:, nessa sequência: didática? é a apresentação
oral pelo vídeo? É o CV ou é a biodata?
AP3: ah não sei, acho que pra mim (xxx) um ligado no outro
F1: então, mas onde vai aparecer esse CV?
AP3: no site deles
F1: mas o vídeo {também}? Então ele vai ter as duas coisas lá, nas as três na
realidade
AP3: igual o que gente viu dos sites né, que a gente apresentou pra eles
F1: todos tem o CV?
AP3: todos tem
O SOT 5B. Objeto de ensino promove os saberes teórico e de conteúdo, pois houve uma
reconfiguração no objeto de ensino baseada nos textos de referência pesquisados pelo grupo. Essa
reconfiguração levou a uma nova necessidade, a de pesquisa por referências teóricas para
compreender as características de cada gênero. Dessa forma, também mobilizamos o saber de
contexto, em relação à capacidade de compreender o suporte da pesquisa.
F1: não, se quiser, por exemplo, nosso, o nosso no Brasil, o Lattes, que é o mais
comum pra nós né na, TEM que fazer, CV, é, o que antecede o CV é uma biodata,
nos exemplos que vocês deram também? Então eles vão ter que fazer, se: as duas,
se: se esses três gêneros forem compor o site, se eles estão de acordo, eles vão ter
que produzir os três sabendo das diferenças E recebendo feedback nos três
AP3: aham
F1: ou seja, sabendo que o CV é topicaliza:do e que é, eles inserem informações
bastante objetivas, dentro de cada tópico, que a biodata você fala em terceira
pessoa, F1 é professora, professora associada da Universidade Estadual de
Londrina, olha, é formal mas ainda objetivo, o que eles podem florear e falar que
né, eu sonho com um mundo colorido cor-de-rosa, é no texto oral, é na
apresentação oral, eu vim pro mundo do circo porque eu admirava a fulana sei lá,
enfim, que aí eles podem, claro, tem uma certa subjetividade né, que não é a
permitida na biodata e no CV, lembra lá do exemplo que eu tava dando na aula da
Miranda: whatever, Miranda who? Miranda/
O SOT 5E. Preparação de aula engloba a preparação das atividades para a aula posterior,
tangendo o saber de recursos e a capacidade de produzir atividades. A atividade proposta pelos
professores em formação compreendeu uma lista de constatação para que os alunos avaliassem as
produções de seus colegas e as suas próprias, implicando no saber de avaliação da aprendizagem e a
capacidade de promover a autoavaliação dos alunos.
AP3: até que a gente tem aula com a [nome de professora da graduação suprimido],
e a gente pensou de fazer algo mais ou menos assim, algo mais ou menos assim
que tem esse rubric for resume writing, a gente fazer um e entregar pra eles
também, {mais simples}
F1: certo! E aí eles podem também, deixa eu ver?!
180
AP3: tem esse, tem isso aqui que é um pouco mais complicado, ele é mais
[...]
AP3: daí faria um mais simplezinho pra eles que tiverem também, {tem nome?
Tem não sei o quê?}
F1: sim, sim
AP3: tem que ir de acordo né, com a/
F1: não, legal, muito bom, mas aí faria pros três ou só pros/
AP3: pode ser pros três, daí pode ser pros três de acordo com as (xxx)
F1: […] pra quem trabalha com sequência didática, que é o que a gente tá tentando
fazer, há algumas características, a sequência didática é uma forma de organizar
uma proposta didática partindo da prática social, que seria/ qual é a prática social
dessa sequência didática que nós estamos agora implementando?
AP2: tipo, eles forem ao mercado/
F1: se apresentarem, exatamente, se apresentarem enquanto profissionais pro
mercado de trabalho no próprio site da escola em que eles trabalham, da instituição
que eles representam, exatamente, então sai da prática social, e aí vocês estão
buscando exemplares de textos de referência de onde, de outros sites de outras
instituições, ou seja, também de uma prática social, e aí a gente faz todo um
trabalho didático em torno das capacidades de linguagem, que sã:o, eu não vou
falar os nomes agora porque vocês ainda vão ler, é: AP3 e AP4 já sabem,
capacidades de significação, discursivo e linguístico-discursivo, mas sem entrar no
mérito da definição de cada uma dessas capacidades, o que que é a gente é: hã
propor atividades pra que eles consigam, primeiro tomar decisões em relação a
imagem que ele quer passar pro outro, quando ele toma essa decisão que conteúdo
então vai representar essa imagem? Como eu organizo conteúdo pra essa
representação que é agora onde a gente tá, como um CV organiza seu conteúdo,
como a biodata organiza, como a apresentação oral no vídeo organiza, pra depois
QUE recursos então linguageiros, lexica:is, gramatica:ais, fonético, fonológicos, eu
preciso para então é: produzir esse texto, tanto escrito quanto oral, essas quatro
dimensões são as capacidades de linguagem, então todo esse trabalho didático
antes de voltar pra prática social, que é quando estes textos estiverem online no
site, é o trabalho didático que se faz em torno dessas capacidades ou dimensões,
trabalhar com tudo isso, e saber que o que ele escolheu enquanto conteúdo pra
colocar lá, é a imagem que ele está veiculando dele mesmo enquanto um
profissional de arte circense, né então também por isso que é ideológico, é
linguístico, é tudo, e é com tudo isso que a gente trabalha né? é: hãn: então se
vocês tão priorizando a organização, sim acho que seria bastante interessante fazer
a rubrica quanto usar a rubrica pra dar o feedback, vocês podem dar a rubrica e
dizer vocês querem se autoavaliar primeiro? Avaliar os próprios textos que
produziram? e aí só que eles também vão querer um feedback né?
O SOT 5C. Gerenciamento de sala de aula se refere à discussão sobre as faltas dos alunos,
fato que interferiu no planejamento e na regência das aulas, levando os professores em formação a
mobilizar o saber de contexto e a capacidade de compreender as restrições do contexto de ensino.
181
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 6
A reunião do dia 26/07 ocorreu após a produção inicial do CV pelos alunos. As discussões
do grupo giraram em torno do feedback para as primeiras produções do perfil oral e do CV e, a
partir da correção dos CV dos alunos, a identificação de conteúdos a serem trabalhados. O conteúdo
a ser trabalhado na sequência era frases nominais, e o grupo refletiu durante a reunião sobre como
ensinar tal conteúdo aos alunos. No fim, o grupo definiu as atividades que serão desenvolvidas na
aula posterior.
6C. Gerenciamento de sala de aula 6CIII. Não cumprimento de tarefas pelos alunos
6A. Preparação de aula 6AIII. Progressão de atividades
6D. Questões teórico-metodológicos 6DIII. Uso de L1 para explicar L2
6DIV. Explicação de frase nominal
6DV. Busca pela regra de ordenação de frases nominais
6EVI. Adequação de explicação para contexto
6A. Preparação de aula 6AIII. Progressão de atividades
6AV. Correção das produções dos alunos
6AVI. Preparação de atividades a partir das dificuldades dos alunos
6AIII. Progressão de atividades
6C. Gerenciamento de sala de aula 6CIV. Frequência dos alunos
6CV. Andamento das aulas
6B. Objeto de ensino 6BVI. Retorno ao gênero perfil oral
6BVII. Aspectos léxico-gramaticais a serem desenvolvidos
6A. Preparação da aula 6AIII. Progressão de atividades
6AVII. Condução das atividades
6AI. Atividades para próxima aula
Fonte: a própria autora.
F1: tá, deixa eu fazer uma pergunta, cês viram que todos eles tiveram dificuldade
nisso né?
AP6: uhum
F1: então vocês vão comparar com o português, vão dá essa explicação toda em
inglês, como é que cês pensam em fazer?
AP6: é, eu acho que tem que fazer isso, no powerpoi:nt, explica:r, tipo item por
item, o que que é núcleo, os grupos de pala:vras
F2: Aero Circus Troupe? Ai ela colocou assim “dois mil e dezesseis Aero Circus
Troupe” daí eu coloquei assim “coloca que você participa, que é me:mbro, alguma
coisa pra especificar, desde quando começou até: agora” porque ela só colocou/
AP6: {ou a gente dá uma lista de vocabulário pra eles}
F1: então, essa lista não podia ser assim ó, com base né: olha:ndo isso aqui, você
faz em português e em inglês eles tem que match, aí quando ele reescrever ele vai
olhar lá
O SOT 6B. Objeto de ensino engloba a seleção de conteúdos a serem abordados na SD, no
caso os aspectos linguísticos que deveriam ser estudados para o gênero perfil oral. Nesse caso, o
saber de planificação de aulas foi utilizado, englobando as capacidades de planificar os conteúdos
das aulas e organizar a SD.
O SOT 6C. Gerenciamento de sala de aula evidencia as faltas dos alunos e seu não
cumprimento de tarefas de casa, o que causou uma reestruturação no plano de aula, demandando o
saber de contexto, em relação à capacidade de compreender as restrições do contexto de ensino,
assim como o saber de planificação de aulas, especificamente a capacidade de organizar (ou
reorganizar) a SD.
utilizar a regra de sintaxe, os professores em formação mostraram dificuldade para explicar a regra.
Dessa forma, o saber envolvido é o de conteúdo, referente à capacidade de explicar as regras de
ordenação de frases na língua inglesa.
AP6: gente eu não sei dar uma explicação porque: que o nome fica desse jeito, eu
tenho que fazer o nome, mas eu sei tipo assim que lógico que ó Londrina, a cidade
fica por último, mas assim, uma explicação gramatical, por que que a ordem do
nome fica desse jeito eu não sei:
Além disso, o grupo também discutiu sobre instruções para feedback das produções dos
alunos, mobilizando o saber de metodologia e a capacidade de avaliar a produção escrita e oral dos
alunos.
F1: [...] agora lembra que eu fale:i, todo mundo tem que começar fazendo o quê?
AP5: elogiando
F1: elogiando, então primeiro diz o que ela fez de bom/
AP5: aí tá vendo! Tem que colocar elogio antes
(xxx
F1: mas na realidade não é regra! Não é regra AP5! Não é regra!
F2: é bom assim!
AP6: ah eu coloquei umas coisas, não precisa ser um SUPER elogio assim! Mas
tem umas informações @@@ xxx você mencionou informações importantes e
completas para o seu vídeo!
F1: uhu:m
AP6: apenas faltou dizer as áreas de interesse (xxx) é:, interesses atuais e conclui,
escrevi só assim!
F1: podia começar, na minha opinião o CV, se vai ser o mesmo, se vai ser o outro
semelhante, tudo bem:! Faz umas perguntas/ faz umas perguntas de compreensão:
em inglê:s, pra ver se eles conseguem entende:r, não é?! Por exemplo, eu vou pegar
aqui, vamos supor que é seu: tá? Tem aqui esse texto, cês vão pedir, vamos ver se
isso faz sentido, eu quero trabalhar um pouquinho de compreensão:, mas pra depois
é: chamar atenção pra questão linguística, então, e a questão linguística aqui: é
grupo nominal, só?! não! números! Mas vocês já trabalharam números né?!
AP6: sim, já!
F1: então: é grupo nominal só!
AP5: é:
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 7
7D. Condução das aulas 7DI. Compreensão dos alunos das aulas em L2
7C. Preparação de aula 7CVI. Preparação de atividades
7CVII. Progressão de atividades
7CVI. Preparação de atividades
7CVII. Busca de texto representativo do gênero perfil
7CVIII. Procedimentos para gravação da produção final
7CIX. Feedback dos CV produzidos
7CVI. Preparação de atividades
Fonte: a própria autora.
No SOT 7A. Ação Social, o tema principal foi a falta de engajamento dos alunos na
proposta de prática social e a possível não percepção da relevância dessa prática para eles. Essa
(re)avaliação do objeto de ensino escolhido pelo grupo pode ser entendido como uso do saber
contextual, tangendo a capacidade de compreender os objetivos e necessidades dos alunos, ainda
que tenha ocorrido retroativamente.
AP6: Eu / Eu posso falar uma coisa ? que eu acho, que eu senti, assim, que foi a
primeira opção, que a gente viu uma coisa que eles não viram. Sabe ?/
F1: Como assim?
AP6: Porque ... aquela primeira opção que você falou que, que porque eles não
estão engajados ! Porque a gente vê oportunidades pra eles, que eles mesmo não
veem sabe ?
AP3: Que pra eles parece que é muito distante /
AP6: É uma coisa assim tão distante que, porque assim ou talvez assim,
conhecendo um pouquinho ali eu já, eles tem histórias muito diferentes das nossas,
pra, e eles não enxergam, eles fora dali, sabe ? Essa é a impressão que eu tenho, de
que eles não enxergam uma carreira internacional, eles não enxergam. Tanto
quando teve a oportunidade de se inscrever pro workshop lá, ninguém { } { } é,
eles tiveram receio, assim, um medo, algo que bloqueou, sabe ? E eu percebo
assim, quantas vezes que o [nome de aluno suprimido] está falando da menina que
foi pra China, eles falam de um jeito como se essa menina tivesse algo, que eles
não tem, pra poder ta lá, sabe ? Então eu acho que eles não, não sei, não tão
enxergando a utilidade de ter um CV, porque “Eu to aqui, aqui ...’’, tipo assim
F1: Então, que que poderia ser no sábado ? Porque eu tinha falado pra F2 na, na
minha última conversa com ela, que eu achava que a próxima vocês deviam passar
pra algo completamente diferente, até encontrei vocês no corredor né ?
AP6: Uhum
F1: Na sexta e falei, ‘Acho que devia ser de vocês mesma’, é de receita ? não é ?
187
Talvez, com uma ou outra inserção, é (+)(+) pra ter garantia eu acho que a coisa do
falar, todo aluno tem essa expectativa na coisa do falar, então eu acho que mesmo
uma SD, que de PRIORIZA a escrita, eu que quero dizer o texto escrito, você pode
ter texto oral, e na de vocês tem né? Porque eles escutavam uma receita, um vídeo /
F1: Então como é que a gente vai fazer no sábado? Que que tem que é, fazer ?
AP6: Tem que dar um jeito de amarrar esses perfis orais ai
AP4: É!
AP6: Porque assim, eu acho difícil eles trazerem gravado.
AP3: Eu também acho!
AP6: A gente vai ter que gravar. (xxx) Ou a gente vai ter que ensinando eles a ir
lendo com eles, ensinando a pronúncia pra gravar melhor, eu não sei, acho
importante terminar isso né?!
F1: Claro /
No SOT 7D. Condução das aulas, o grupo discutiu sobre as dificuldades de compreensão
dos alunos com a condução das aulas em LI. Dessa forma, a reflexão tange o saber de regência de
aulas, referente às capacidades de utilizar a língua alvo e interagir com os alunos.
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 8
A reunião do dia 01/09/16 antecedeu a aula em que a última versão do perfil oral seria
gravada. Optamos por dividir a turma em grupos de forma que os AP ficassem responsáveis pela
gravação de alguns alunos e a gravação seria mais rápida. O grupo também preparou atividades
extras de revisão dos conteúdos já trabalhados, julgando que a gravação não duraria a aula inteira.
Além disse, o grupo teve uma breve discussão sobre a progressão do conteúdo, avaliando opções de
SD para a continuidade das aulas.
O SOT 8A. Preparação de aula apresenta o planejamento da aula posterior, assim como a
preparação das atividades para essa aula. Dentre as atividades programadas estava o retorno da
produção final do CV dos alunos, assim algumas questões em relação à correção dessas produções
foram tratadas na reunião. Assim, os saberes e capacidades mobilizados foram o saber de recursos e
a capacidade de produzir atividades e o saber de planificação de aulas com a capacidade de
planificar os conteúdos da aula.
AP4: Dai a gente pensou, será que eles vão fazer de novo?
AP3: Entendeu ? por isso que a gente pensou/
AP4: Eu e a AP6 pensamos de só uma versão e a versão corrigida pra ver a
diferença.
AP6: E entrega pra eles ... mas dai vão analisar? Eu também não sei.
AP3: Mas pelo menos está ali pra analisar se quiser.
AP6: Porque a gente colocou comentários e aquele negócio ...
AP5: Nossa, mas na hora que eles começaram a falar que não sabia.
AP1: Meu deu muita raiva, porque dá a impressão de que ninguém ensinou eles.
F2: Mas é que assim, não fiquem pensando ... É que claro, a F1 estava lá eu
imagino, mas assim não fiquem pensando, vocês ensinaram eles, só que nem todos
estavam na aula, o [nome de aluno suprimido] não estava na aula.
AP5: Só porque a F1 estava lá, ele estava querendo mostrar serviço.
F2: É então não fiquem assim muitos chateados, eu sei que é chato, mas não
fiquem chateados ... nem tudo depende da gente, mas a gente tá vivendo um
momento que a gente esta percebendo que eles não estão fazendo coisas, eles não
estão estudando, não estão se empenhando.
O SOT 8E. Léxico específico apresenta a busca por um léxico utilizado por um aluno em
sua produção escrita. Dessa forma, o grupo utilizou o saber de conteúdo, com a capacidade de
buscar sentidos para léxicos.
AP6: Já fazer as correções e a gente já ... a palavra que a gente não sabia, tá em
amarelo.
F2: Deixa eu ver, e o que é pra ser aquilo ali?
AP6: Esse (xxx) é pra ser “Arraia” não é ?
AP5: Ele pesquisou no tradutor e colocou.
AP6: Dai a gente não sabia se deixava “arraiá” ou se deixava essa palavra .
F2: Vocês jogaram no Google? O que aparece ?
AP6: Arraia
AP4: Apareceu “Arraia” quando coloquei no tradutor mesmo.
AP1: Eu acho que é uma palavra brasileira, então não vai ter tradução pra isso
O SOT 8B. Curso de extensão engloba questões formais e práticas sobre a formalização do
curso, os procedimentos para os alunos se inscreverem e a necessidade de controle de frequência.
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 9
No SOT 9A. Progressão de conteúdo, o grupo discutiu o próximo objeto de ensino. A partir
da falta de engajamento dos alunos na SD anterior, os professores em formação propuseram uma
conversa com os alunos para compreender melhor suas expectativas. Os alunos pediram para
aprender “coisas do dia a dia”, não queriam mais aulas que abordassem o tema circo. Os professores
em formação sugeriram basear as aulas a partir de temas, o que foi acatado pelas formadoras como
meio do grupo vivenciar outra abordagem de ensino. Ainda assim, o tema proposto foi pensado por
se relacionar com uma SD que o grupo gostaria de implementar (e que acabou sendo implementada
posteriormente) sobre o gênero Menu. Assim, o saber de planificação de aulas, mais
especificamente a capacidade de organizar o curso, e o saber de contexto, referente à capacidade de
compreender os objetivos e necessidades dos alunos foram mobilizados.
O SOT 9B. Preparação de aula compreende a preparação das atividades para a aula,
192
F1: Ó AP6, porque depois, você podia fazer dele associar e ai eu acho que como ele
é meio devagar acho que isso só pra eles repetirem, ai você não precisa nem pausar.
AP6: É, eu tava pensando em repetir.
F1: Você corrige ai da, eles, ou será que a correção e a repetição podem ser juntos?
Porque ai quando você pedir pra eles fazerem o deles, pode ser que eles façam
coisas que a gente não contemplou ali, “Ride a bike”, “I get a bus to go home”e
eles querem falar isso por exemplo, vocês que vão ter que, eles vão ter que tentar
escrever isso e depois vocês vão colocando no quadro as que não foram
contempladas na atividade. “I don’t ride a bike but I go to the gym” … Essa é uma
atividade que depois você pode fazer, é tipo um quiz né.
AP6: Ou então ao invés de a gente, poderia fazer a atividade e ver mais ou menos
como eles foram se teve muitos erros, a gente corrige antes do slide.
F1: Tem slide?
AP6: Ai depois /
F1: Sim, concordo... ai depois que eles fizerem da rotina deles, ir pra um (xxx),
fechou? ... um podcast? QUE LEGAL!! Mas dai você trabalharia com o listening
ou transcrição? Que você acha?
F1: É você escuta isso aqui ((falando com o AP4)) ... Eu acho que depois eles
teriam que fazer mais alguma coisa, um ponto de compreensão, mais que
vocabulário, entendeu ? Do tipo, “Quem faz isso? O que você acha que ela faz da
vida?” “Quantos anos que ela tem?”, porque ela não deve falar isso, entendeu?
Pensar/
AP6: Ir um pouco além né?
F1: Um nível um pouco mais de cognição né.
AP6: Mais avançado.
F1: [...] deixa eu fazer uma pergunta pra vocês, qual que é a diferença conceitual de
trabalhar “morning routine” e trabalhar, por exemplo, com o que a gente estava
trabalhando? ... Ai já é a F1 dando aula, ta? Dando orientação.
[...]
AP2: Essa questão que a gente está querendo abordar agora é mais difícil de fazer o
gancho lá com a ação social, prática social.
F1: Porque ela é temática, ou talvez funcional, pensar numa função de, sei lá.
F1: Legal, então essas coisinhas. Por que pensar um pouquinho lembra que eu falei
do PPP? Presentation, practice and production? Então eu acho que toda aula,
principalmente uma escolha de unidade temática, vocês tem que ver o que eles
193
estão produzindo nessa aula, toda aula eles tem que sair, “A, fiz uma coisa em
inglês!’ mas o que eles fizeram, então essa aula, vai ser lá provavelmente a
produção da Daily Routine deles e se for, será que vai ficar naquele lugar mesmo
ou vai pro final? É uma decisão que a gente tem que tomar.
F1: Vocês dois que são responsáveis em sala ((se referindo aos AP4 e AP6))?
AP4: A gente não está fazendo mais assim
F1: Sobrando quem?
AP6: Sábado a gente divide.
AP4: A gente faz cada um uma parte.
F1: Como no dia que eu fui?
AP6; Só que é difícil aplicar uma atividade que você não produziu, é melhor quem
fez, porque você planejou, você esquematizou o negócio, dai ele lê lá e “Vamos
fazer”.
(xxx)
AP6: Quando a gente divide atividade eu prefiro fazer a que eu planejei.
AP4: Eu também ... então a gente produz essa e da (xxx)
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 10
A reunião de 14/09/16 ocorreu após uma aula conduzida a partir do tema daily routine,
sendo a primeira no curso que não seguiu o procedimento da SD. Por isso, o grupo fez uma
avaliação desta aula no início da reunião. Em seguida, passaram a preparar a próxima aula, partindo
da tarefa sobre o tema iniciado na aula anterior, assim como projetando o próximo tema a ser
tratado, que seria description, pois o grupo avaliou como sendo um tema que interessasse os alunos
por causa de sua profissão.
No SOT 10A. Avaliação da aula anterior, o grupo analisou a aula anterior, primeira que não
seguiu o procedimento da SD, em relação à abordagem de ensino e do desempenho dos alunos. Os
saberes acionados foram o de contexto, referente à capacidade de avaliar o ensino de acordo com os
princípios teóricos, e o de avaliação da aprendizagem, sobre a capacidade de reconhecer o
desempenho dos alunos.
O SOT 10B. Preparação de aula engloba a preparação das atividades, assim como
discussões da sequência em que seriam desenvolvidas na aula e como seriam conduzidas. Ainda,
houve a sugestão de conteúdos a serem trabalhados relacionados ao tema. Dessa forma, o saber de
recursos, em relação à capacidade de produzir atividades, e o saber de planificação de aula,
especificamente a capacidade de planificar os conteúdos da aula, foram mobilizados.
F2: Se a gente vai pedir para eles compararem, eles vão falar dele e do colega? Mas
isso eles vão falar, vão escrever, o que eles vão fazer? O que vocês pensam?
AP6: Então, dai a gente vai ter que ensinar she cleans …
AP4: E se a gente, antes de introduzir essa matéria a gente dá esse textinho pra
195
eles/
AP6: Esse daqui?
AP4: É, e falar pra eles tentarem identificar o simple past, o simple present dai eles
identificam e a gente tenta direcionar eles para o que eles acham que tem de
diferente na terceira pessoa ...
AP5: Tem o negócio do pm/am...
AP6: Mas dai AP4, não vai ficar muito ppp...
AP4: Há::::
AP6: A gente tem que apresentar a primeira, ai a practice, ai a production. Então eu
acho que a gente vai ter que apresentar primeiro, ai a gente...dai dá o negócio, pra
dai pausa tipo, apresenta primeiro essa terceira pessoa dai dá essa atividade, sabe?
AP4: Ah entendi.
AP6: Ai depois vai ter que ter uma produção ainda...
No SOT 10C. Objeto de ensino, o grupo sugeriu um novo tema para ser tratado nas aulas
(description), por considerar relevante aos alunos por conta de sua profissão, demandando o saber
de contexto, referente à capacidade de compreender os objetivos e necessidades dos alunos.
AP6: E dai também a gente ... que outro assunto a gente pode emendar com esse?
Porque acho que vai ficar um negócio muito chato, outra aula inteira só disso né?
AP3: Plural?
@@@
F2: O que?
AP3: Não sei @@@ Descrever pessoas? Características físicas?
AP6: Legal, partes do corpo...
AP3: É, parte do corpo...
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 11
A reunião de 22/09/16 ocorreu após duas aulas desenvolvidas a partir de temas (daily
routine e description). Os AP descreveram a aula anterior para F2, que não estava presente. Na
sequência, o grupo preparou a próxima aula, na qual finalizaram os temas iniciados nas aulas
anteriores. O grupo também definiu o próximo objeto de ensino, que foi uma SD sobre Menu,
produzida por uma integrante do grupo e colegas de graduação.
AP6: Só que tipo assim, a [nome de aluna suprimido], ela fez mas com a ajuda do
google, tá tudo bem, ela fez tudo no passado e não era esse o foco, ela descreveu o
dia dela. Aí eu não falei nada, disse que tudo bem que a gente ia corrigir. Ai ela leu,
todos leram, só a [nome de aluna suprimido] que não quis ler. Mas assim, eles
leram com bastante dificuldade, tipo a [nome de aluna suprimido], pra falar sabe?
197
F2: Mas você entendeu o foco? Pra colocar coisas que eles vão notar.
AP3: Eu ainda falei: AP2 usa de acordo com o que está aqui...
AP2: Mas eu estava sem internet.
AP3: Eu mandei no word...
F2: Não, tudo bem, a gente tem que pensar pro próximo.
AP1: No fim deu tudo certo
AP2: Deu certo
AP6: Você acha que a gente não errava no começo também?
F2: É, só porque provavelmente eles não vão precisar falar nunca isso: I have an
average body.
Os SOT 11C. Léxico e 11F. Questão linguística se referem aos saberes a ensinar, tangendo
o conteúdo linguístico, tanto na busca por um léxico que seria utilizado em sala de aula em LI
quanto na correção de aspectos linguísticos no material preparado pelos professores em formação.
Esses temas mobilizaram o saber de conteúdo, em relação às capacidades de buscar léxicos em LI e
conhecer as regras gramaticais da língua.
O SOT 11D. Avaliação de desempenho dos alunos abrange a avaliação por parte dos
professores em formação do desempenho e evolução dos alunos, o que demandou o saber de
avaliação da aprendizagem, em relação à capacidade de reconhecer o desempenho dos alunos.
O SOT 11E. Preparação de aula engloba a sugestão e preparação das atividades para a aula
posterior, assim como a sequência de implementação na aula e o modo como conduzi-las. Além
disso, o grupo conversou sobre conteúdos já ensinados ou não ensinados, o que influenciou na
preparação das atividades. Portanto, além do saber de recursos, com a capacidade de produzir
atividades, o saber de contexto, com a capacidade de compreender as necessidades dos alunos, foi
acionado.
F2: Como um todo ou você vai usar os verbos que a gente tá usando, é falando
sobre aparência ou não? Outra coisa que você pode fazer, é colocar Do you like
Mary? Ai coloca uma outra coluninha: Does she have... Does she work on tv? Dai
aqui você pode colocar Are you… ai a gente podia usar outra coisa, are you a
singer?
AP6: Tá mais assim, depois que eles tiverem essa frase, a gente vai voltar pro slide
pra depois de novo... Eu acho que a gente podia fazer assim, faz a revisão, passa
aquele handout, joga o cara a cara e as perguntas só com o cara a cara, dai a gente
vai pra essas perguntas pra ampliar. Vamos revisar as perguntas? A gente podia
revisar as perguntas que a gente já deu né no começo.
AP4: Então não precisa disso?
AP6: Pra mim não... Vamos entrar em how old are you. Porque a gente também fez
pra eles fazerem pergunta pra [nome de colaboradora suprimido] e saiu tudo
errado.
No SOT 11G. Novo objeto de ensino, o grupo refletiu sobre o próximo objeto de ensino, a
SD Menu, e sugeriu adaptações no material de acordo com o contexto específico. Com isso, os
199
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 12
AP3: Porque dai a gente pode... E dai sim dá pra fazer uma sequência mais extensa,
usar os vocabulários que eles pediram da outra vez, porque vai ser útil pra eles.
{sobreposição de falas}
AP6: Sim, mas eu acho que começar, a gente começa do jeito que ela tá...
AP3: Sim, do jeito que ela está, ai depois...
AP3: É eles podem estar em grupos, mas vai cada um fazer o seu.
AP6: Ai tá proposto pra cada/
F2: Mas dai...
AP6: Eles precisam fazer um...
F2: Eu acho, o que você queria fazer?
AP1: Eu acho melhor fazer um porque dai dá pra ver a evolução deles.
[...]
AP3: Pelo menos a primeira produção e a última poderia cada um fazer a sua.
F2: Mas dai a última/
AP6: Ou pelo menos duas refacções...
AP3: É, porque dai vamos saber quem está aprendendo ou não né
AP6: É.
Esse SOT também abrange questões não estritas ao procedimento didático em si, como a
necessidade de propor atividades diversificadas, tangendo a elaboração de atividades e perguntas,
recorrendo, assim, ao saber de recursos, especificamente à capacidade de produzir atividades.
F2: Talvez a gente pode colocar assim: topics, expensive... Não? Expensive, cheap,
French, Italian, não sei, que mais que pode definir um restaurant?
AP1: Chinese.
{sobreposição de falas}
F2: Vamos colocar gente é vocabulário para eles.
F2: Por isso que eu dei a ideia de dar... Por que vocês percebem que é tudo
pergunta igual né?! Não sei se a gente tem alguma ideia de diferencial, por isso que
eu dei a ideia de alternativas que mais?
AP6: Ah pra eles responderem... Pra isso/
F2: Entendeu, porque todas as perguntas têm o mesmo sentido, pergunta pra
responder, pergunta pra responder...
AP6: Ah tá entendi. Assim, aquele do vídeo vai ser projetado eles não vão receber
no handout né, só vai ser projetado dai podia ser daquele jeito mesmo, faz um
grupo todo mundo junto... Ai esse eles podiam receber o handout pra cada um fazer
dai podia ter alternativa, tem mais quantas perguntas... Só quatro! Ai podia acho
que bolar as alternativas...
AP6: Aqui ó, a gente não vai primeiro passar o vocabulário pra eles do que é o
que?
F2: Mas é só dos tipos de/
AP6: Só das respostas, das alternativas da questão, não é?
F2: Daqueles de lugar de onde comer? É aquele?
AP6: É.
F2: A gente perguntou no vídeo que tipo de restaurante que é?
AP6: Perguntou.
F2: E não dá pra por lá? Porque é só projetar não é? Ou vocês querem fazer uma
202
F2: A gente não terminou ainda: where can you find, tem mais algum lugar que a
gente pode colocar ai? Que a gente come? Onde que a gente come food truck ...
Bistrô não pode?
AP1: Não, eles não vão saber.
F2: Por isso gente, é pra gente conhecer coisas novas, eu tava pensando
delicatessen, já ouviram falar? Grossery store and restaurant/
AP3: E se a gente mostrar o que que é cada um desses lugares depois?
F2: É.
{sobreposição de falas}
((AP1 explica o que é bistrô e a diferença de um bistrô em Paris e no Brasil.))
AP3: Ai a gente explora cada um dos lugares e porque que não pode ser encontrado
aqui/
F2: E porque que um bistrô é um bistrô e não um restaurant?
AP1: Bistrô aqui no Brasil é mais gourmezinho, mais delicado, não é tipo um prato
feito como arroz e feijão...
AP6: Porque tem opções, um prato feito se você chegar no restaurante o prato feito
é a opção do dia e acabou...
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 13
A reunião do dia 05/10/16 aconteceu depois da primeira aula da SD Menu, na qual o tema
havia sido introduzido, mas a ação social final não, pois havia ainda uma indefinição no grupo sobre
como seria a condução dessa ação social. Essa questão foi decidida na reunião para que os AP
pudessem apresentar a situação de comunicação aos alunos na aula seguinte. Além disso, o grupo
preparou a aula seguinte, adaptando a SD original de acordo com as necessidades dos alunos,
baseado nas suas produções iniciais.
203
AP6: Tá, daí ali na sequência seria aquele menu brasileiro, né?
F2: Vai deixar aquele?
AP6: Não sei
AP1: Acho que é mais legal deixar o nosso porque o nosso tá mais completo
204
AP6: Então, uma parte muito importante da sequência didática é a produção final,
o projeto de classe que é porque que eles tão fazendo isso tudo, entendeu? E, é, tipo
assim, também é super importante a gente deixar bem claro no começo da
sequência e chego lá e nem a gente sabe isso direito, entendeu?
AP4: Não é o café da manhã?
AP6: Então, mas a gente tem que deixar isso claro pra eles porque eles não
entenderam porque que eles tiveram que escrever esse negócio aqui /
No SOT 13C. Planejamento da SD, o grupo discutiu o planejamento das próximas aulas da
SD, com o objetivo de estabelecer o dia da produção final e da ação social. Assim, o saber de
planificação de aulas e as capacidades de organizar a SD e planificar os conteúdos das aulas foram
demandados.
F2: É, o que que a gente vai fazer nessa próxima aula, pra ver o que que precisa ser
feito ainda, se a gente precisa de mais uma ou duas aulas.
AP6: Talvez duas dê, né? Eu acho que sim
F2: Porque daí no dia 22 eles vão produzir em sala? Juntos?
AP1: É melhor, porque se deixar pra casa eles não vão produzir
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 14
O SOT 14B. Preparação de aula engloba a preparação de atividades para a aula a partir da
SD, realizando adaptações nas atividades propostas pelo material. Assim, o saber de recursos,
referente às capacidades de analisar o material didático e produzir atividades, foi mobilizado.
AP4: É que a ideia do convidado foi mais pra ter essa coisa do social, sabe?
AP6: É...
AP4: Pra ter essa interação
AP6: Tem que ter, né? Tem que agir na sociedade@@@ E daí eles iam poder
apresentar os alimentos em inglês, daí eles apresentavam, não a gente
F2: Daí eles não gostaram dessa ideia
AP6: Não, disseram que ninguém vai entender nada, que não adianta a gente ficar
falando em inglês e eles não entender nada. Eu falei: “Como que eles não vão
entender se vai ta o negócio ali, tipo o mamão tá aqui na minha mão, PAPAYA, não
vai entender?”
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 15
AP4: Eu acho que aquela pausa na sequência didática serviu pra gente também, pra
dar uma renovada, porque a gente voltou aplicando a sequência didática de um
jeito diferente. Eu acho que um pouco mais dinâmico...
AP6: Acho que um pouco mais didático, assim
AP4: E didático
F1: Tipo, quero fazer duas perguntas. Tipo o que? E AP6 eu não entendi quando
você diz “sair do texto”, como assim?
AP6: Não, tipo assim, naquela sequência que ficou maçante, tudo a gente trazia
exemplo pra procurar no texto. Dessa vez a gente trouxe exemplo em forma de
imagem, é...
AP4: A gente usava outro tipo de texto também, não só o texto escrito
F1: Tá, eu quero saber... É, exatamente. Me diz porque, quais são as evidências
desse empenho?
AP4: Porque eu acho que durante todas as aulas tinha aquela participação e eles
não ficavam presos em só fazer a atividade, tinha aquele negócio, aquela interação
entre nós e a gente conseguia ver que eles conseguiam lembrar o conteúdo que a
gente já tinha ensinado pra eles. Eu acho que principalmente vocabulário, né?
Além disso, o grupo também refletiu sobre seu entendimento em relação ao procedimento
didático SD, e como esse entendimento foi modificado durante a SF, mobilizando o saber teórico,
com a capacidade de compreender conceitos da teoria que embasa o ensino.
209
F1: […] eu acho que houve tanto por parte deles quanto de vocês uma associação
de que a sequência didática trabalharia com o texto escrito
AP4: Sim
AP6: É
F1: Eu acho que foi até por isso que vocês adicionaram o CV naquela sequência
didática que digamos, que era pra ser assim
{F2: Que era pra ser oral}
No SOT 15C. Definição de novo objeto de ensino, o grupo refletiu sobre os interesses dos
alunos para definir um novo objeto de ensino, acionando, portanto, o saber docente de contexto, em
relação à capacidade de compreensão dos objetivos e necessidades dos alunos.
F1: Ou seja, eu vejo que eles têm muita motivação. E aí eu to sentindo motivação,
não no sentido mais ideológico de motivos para agir, mas na coisa da empatia com
oralidade
AP5: Uhum
[…]
AP4: Mas fazer o que?
F1: I’m thinking, I don’t know (++++) O que que você falou de interview? Deles
ouvirem a entrevista e, é... Esportista que eles gostam?
F2: É, fazer perguntas
F1: Aham
F2: Aquela vez do Bolt eles gostaram?
AP6: Sim. Tem alguns deles que praticam alguns esportes, eles gostam bastante. A
X faz Muay Thai e ela gosta muito, ela sempre fala pra mim
F1: Então, sports vocês podem falar de parts of the body different sports, different
verbs…
AP6: Então, eles gostam, entendeu? E talvez fazer uma entrevista… E se eles... A
gente, sei lá... E se eles fizessem uma entrevista com alguém...
F1: Não me parece que nós tivemos uma progressão por agir
AP6: Uhum
F1: A gente também foi indo meio pensando na complexidade da língua
F2: Lembra no começo?
F1: No começo o que?
F2: Quando a gente decidiu fazer profile
AP4: Eu acho que as duas primeiras foram por agir
F1: Então
F2: Que a gente achava que seria um agir necessário pra eles, que seria uma prática
pra eles...
F1: Ok, with an athlete. Então, o agir é esse. Theme: sports. Social action: interview
with an athlete. E aí tem os linguistic aspects que a gente vai ter que ensinar sports,
the sports themselves, parts of the body and the… how do we say? The tools used
for that sport? They are not tools… For example: To play volleyball you need a
volley ball, you need the net… Equipment? Sports equipment? Porque aí a gente
pode fazer tanto com os nomes, tanto com imagens, aí sim a gente faria o matching.
Eu continuo achando que a gente devia começar com o quiz e aí uma atividade de
vocabulário juntando todas essas coisas
AP6: Uhum
[…]
F1: Então, o texto que a gente faria com esses projetos sociais envolvendo esportes
e escutar uma entrevista com um athlete e aí você já vai propor o social action dele.
Tinha que dar tempo de tudo isso na primeira aula pra eles já saberem que eles vão
entrevistar uma pessoa. Você tem que botar essa situação de comunicação na
primeira aula. Então todas essas atividades antes seriam motivadoras e pra
proporcionar esse engajamento deles, a motivação deles, ver a familiaridade que
eles tem com o assunto, com o inglês pra isso, né? E aí depois propõe a entrevista, o
que vocês acham? E aí depois vão faltar três aulas. Nessas três aulas a gente teria
que trabalhar com entrevista e sempre...
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 16
Essa reunião ocorreu após a primeira aula da SD, na qual foi introduzido o tema esportes e
apresentado um exemplo de entrevista com uma atleta. Assim, nessa reunião, retomamos o que foi
feito nessa aula e planejamos a SD, especialmente refletindo e decidindo sobre a prática social que
proporíamos aos alunos e como desenvolver as atividades em relação ao gênero a fim de mobilizar
as capacidades de linguagem dos alunos. Decidimos convidar pessoas que praticam esportes para
que os alunos pudessem entrevistar no último dia de aula e discutimos que atividades desenvolver
para torná-los aptos a realizar essa entrevista.
F1: […] Aqui, deixa eu ver. ((Se referindo a um material sobre entrevista de um
212
livro didático)). Do you usually read or watch interviews? Where? In your opinion
are all interviews equal? Explain. Olha só, minha pergunta. Complete the sentences
with the words from the box, interviewee and interviewer. Read the interview
below. Where was it published?You will read an excerpt from an interview
published in a British newspaper's official website. The questions below were taken
from it. Read the text and write the questions in the correct space. Answer the
questions. Why is the sentence parara highlighted? Writing, depois no writing
movement eles não trabalham com interview...
F2: Ah, é normal isso né
F1. É.
F2: Tem outros aqui com interview, mas daí por exemplo tem uns que não tem nem
essa introdução
AP6: É, eu achei xxx
F1: Ahan, sim, que é mais guiado
AP6: Daí se a gente quiser por uma entrevista, a gente pode pegar uma também.
visual, se fica só na conversa e ele não vê nada, não tem que escrever nada, passou
longe...
AP6: Eu pensei em fazer uma assim, a gente , eles montar a entrevista sabe? Deixar
as perguntas numeradas e as respostas pra eles verem quais...
F1: Então, por isso tem que fazer essa atividade antes, deles preverem que tipo de
pergunta
AP6: É, mas a gente pode fazer junto com essa parte
F1: Pode.
AP6: Daí depois eles vão pra aquela, depois pra essa e ai a gente conversa sobre as
diferenças
F1: Então retoma, AP6. Que que você acha que vem, qual é a ordem das...
AP6: As informações do gênero, devem entrar os tipos de entrevista, as imagens,
pode ter pequenos vídeos e que vai ser apresentado os âncoras dos talk shows, as
pessoas que fazem as entrevistas, o propósito dessas entrevistas, em qual meio de
circulação, daí, aí que vem os entrevistadores famosos ao redor do mundo, daí se
eles já participaram de entrevistas, que tipo de pergunta foi feito pra eles, que tipo
de pergunta se inicia uma entrevista, se é preparado um roteiro pra entrevista ou a
pessoa chega lá e faz umas perguntas
F1: Ai vem isso, depois disso que vem aquilo ali então AP6?
AP6: É né, que daí vai ter handout
REUNIÃO DE PLANEJAMENTO 17
Nessa reunião, o grupo planejou a próxima aula, que seria a última aula antes da ação
social proposta para finalizar a SD, uma entrevista com um esportista. Assim, o foco da aula estava
em propiciar aos alunos exemplos de perguntas que poderiam ser feitas em entrevistas como a que
eles realizariam.
Durante o SOT 17A. Preparação de aula, o grupo mobilizou o saber de recursos, referente
215
AP6: Não sei, tava pensando em fazer essa do Bernardinho e não sei. E::: daí a
gente podia, eles têm que montar as perguntas que eles querem perguntar né, pra
pessoa lá.
F2: A gente tem que fazer atividade de pergunta, lembra aquelas atividades que
você falou que dava pra fazer semana passada?
AP6: Ah, uma simulação né
F2: Não, uma atividade de perguntas e respostas. Não foi semana passada, foi na
outra ainda?
AP6: Ah::
AP4: Não, foi semana passada.
AP6: Pensei em dar as respostas pra eles pensarem nas perguntas
F2: Isso, coisa desse tipo
AP6: Ou de ligar sabe? Pergunta e resposta
F2: Se quiser fazer aquela do cartão do:::
AP6: Então como a gente vai fazer esse handout? A gente vai escolher uma pessoa
ou a gente vai dar respostas aleatórias, não precisa ser uma pessoa só, pode ser
xxx?
F2: O que eu queria era achar uma entrevista dele feita já.
AP6: Tem os caras aqui do lado.
F2: Eita!
F2: E depois eu acho que pode fechar com o que você perguntou. A não ser que
vocês queiram fazer alguma coisa específica. Porque eu acho que aí, o propósito
de:: dos diferentes contextos que determinam a xxx, acho que é esse o propósito
dessa atividade.
AP6: É porque, até porque assim, a gente, a pessoa que a gente vai levar, tá é uma
pessoa que pratica esporte mas é uma professora de inglês, qual que vai ser o foco
da entrevista? Na prática de esportes, não no ensino dela né
AP6: Porque se a gente for ler a entrevista, eles vão querer que a gente
traduza ponto por ponto.
F2: Então, isso é uma coisa que a gente já conversou lá naquele outro dia
lembra? Que não é pra fazer isso. Então, vão pegando...
216
AP4: Das crianças lá, dos adolescentes o que mais presta atenção é o [nome
de aluno suprimido]. É o único que nunca falta
[...]
AP4: Fiquei tão bravo quando a gente chegou e ninguém tinha feito a tarefa
de novo.
quadro
4.3 Prática comunicativa
4.3.1 Alunos entrevistam uma esportista convidada Interação verbal
4.3.2 Alunos e convidada refletem sobre seus projetos sociais Interação verbal
*O plano de aula continha mais uma atividade que não pôde ser realizada devido à falta de tempo,
porque a correção da tarefa demorou mais tempo que o previsto uma vez que a maioria dos alunos
não tinham feito.
**A última atividade foi dada como tarefa por falta de tempo de realizá-la durante a aula.
Partindo das sinopses das aulas, é possível relacionar as ações realizadas em sala (cada
nível da sinopse representa uma ação ou conjunto de ações da aula) com os saberes e capacidades
docentes (STUTZ, 2012).
Na aula 1, a primeira ação (o nível 1.1) incluiu a saudação dos AP aos alunos, perguntando
sobre suas férias e relembrando a aula anterior. Nesse sentido, os PF mobilizaram o saber de
regência de aula, em relação à capacidade de interagir com os alunos.
AP4: Good morning class ... how are you today? You are fine
A5-A2-A6-A8-A9-A10: (fine)
AP4: do you remember our last class? What I told last class? Nossa última aula
I told about the breakfast, the table eat a lot….
A8:- yes
AP4 : what did you do in your holidays? Holidays? Férias.
A10: (( ))
A8: se viajou a trabalho fala work ou job?
AP4: I travel working?
F2: for work
A segunda ação da aula (nível 1.2) representa a introdução da temática sports, que
mobilizou o saber de regência de aulas em relação à capacidade de introduzir um conteúdo. Nos
trechos, os AP introduziram o tema relacionando-o com a realidade dos alunos e, em seguida, o quiz
sobre esportes e esportistas brasileiros/as trazia conhecimentos históricos do esporte, o que pode se
relacionar com a cultura brasileira.
AP4: ok guys today, we're going to learn little more about sports
AP2: do you practice sports?
AP4: games, football, volleyball?
AP2: Mário said that he used to play basketball? right? But do you like sports?
[…]
AP4: The first Brazilian woman to participate in the Olympic Games was... The
tennis player Maria Esther Bueno b Aída dos Santos, athletics c The swimmer
Maria Lenk
F2: Lenk
F2: ok the question
Yess
220
A6: mas quem fez educação física tinha que saber isso aí
A10: o loco isso é da idade das pedras
AP4: Now we´ll give a handout (to learn) vocabulary about sports, our purpose with
this handout
AP2: we read together for all understand ok?
AP2: the first one
AP2: do you have to find a sequence of sports and match ok?
(-)
AP2: você vão ter que achar a linha e colocar o número da linha de acordo com (-)
F2: we have four lines and five options ok?
[…]
AP2: pessoal repeat @@@ ok rhythmic gymnastics, swimming, tennis, football,
fencing, cycling, running, basketball
A última ação da primeira aula da SD (nível 1.4) englobou a introdução do gênero textual
entrevista oral. Para isso, os AP apresentaram uma entrevista com a tenista Serena Williams,
realizaram uma atividade de compreensão oral, assim como questões de interpretação do texto,
estas sendo requisitadas como tarefa de casa devido à falta de tempo. Com isso, os AP utilizaram o
saber de metodologia, referente à capacidade de analisar a compreensão oral e escrita dos alunos,
assim como o saber de aprendizagem autônoma, especificamente a capacidade de inserir tarefas de
casa adequadas ao aprendizado dos alunos. Mesmo que nesse caso, a tarefa tenha sido designada
por falta de tempo na aula, ela pode ser considerada adequada, pois os AP já haviam trabalhado com
a entrevista na sala, requisitando aos alunos que terminassem a atividade em casa.
221
Na segunda aula, a primeira ação (nível 2.1) foi um bingo de revisão do vocabulário
relacionado ao tema esportes aprendido na aula anterior. Desse modo, os AP acionaram o saber de
metodologia, tangendo a capacidade de analisar o vocabulário, uma vez que os léxicos utilizados no
bingo haviam sido ensinados na aula anterior.
AP4: next/
A10: next one significa próximo? A frase que você fala/ ah beleza!
AP2: competition
A segunda ação (nível 2.2) foi a correção da tarefa de casa designada na aula anterior.
Como os alunos não tinham feito a tarefa, os professores em formação decidiram fazê-la com os
alunos naquele momento da aula. Isso porque a entrevista com a Serena Williams serviria de
exemplo para a proposta de prática comunicativa. Essa decisão se relaciona à capacidade dos AP de
222
utilizar e adaptar o plano de aula, inserido no saber de regência de aula. Além disso, a atividade
contribui para a análise da compreensão escrita dos alunos, dentro do saber de metodologia.
AP4: so the first question “How many grandslams did she win?”
A5: esse aqui
A10: eu não entendi
AP2: how many grandslams did she win?
A3: o que que o texto fala/
A5: QUÊ?
AP4: remember that we saw that she is/ she won a lot of grandslams that is the
prize
(xxx)
A5: nossa!
A3: {o que que é prize}?
AP2: o que eram os grandslams?
A6: era aqueles prêmios que tem como/
AP2: como os prêmios que eles têm quatro por ano certo?
A3: saquei agora
A10: eu sabia! Isso eu sabia!
A5: ah mas/
AP2: “how many” quantos grandslams “did she win” ela venceu/ ela ganhou
A10: quatro não? trollei vish eu nem lembro vei, eles deram isso aqui na aula
semana passada
AP2: it’s the first word on the/ on the/ {é a primeira} it’s the first word in the text
A3: eigh! Eighteen! Nem vi ó nem vi, cabei de ver aqui ó (xxx)
A6: eisteen/ é eighteen!
A10: aqui ó! Eighteen grandslams
prática comunicativa ou ação social que o material objetiva) ao saber de regência de aulas proposto
por Stutz (2012).
AP4: did you understand guys? What is said here? Okay, so now that we have work
with somethings/ agora que a gente já deu uma ideia do que a gente vai fazer, vocês
tem alguma ideia do quê que vocês vão trabalhar?
A10: sports!
AP6: Yes! Sports!
(xxx)
AP4: yeah! Sports! But are we teaching you how to play sports? A gente tá
ensinando vocês a jogar esportes?
A5: {não!}
AP4: what are we teaching you?
A3: inglês né
A10: jura? @@@
AP6: sim né
AP4: what kind of activities? What kind of activities we have/
AP6: we did?
AP4: yes! Que atividades que a gente já fez até agora?
A1: sei lá
A10: diálogo
A3: duas! Two!
AP6: duas!
A3: a primeira é essa não é?
AP6: e essa daqui é o quê? What is this activity?
A8: uma história de uma atleta/
A1: é uma interview/
AP6: interview! Yes! @@@ Interview, yes!
[…]
AP6: so we are going to {do an interview, you guys are going to do an interview
with someone}
A10: a gente vai ter que fazer uma interview entre a gente?
A6: eu imagino assim
A8: a gente vai fazer a nossa interview/
AP6: to someone/
A3: ai eu prefiro fazer esporte/
AP4: you are going to interview a person/
AP6: with questions
AP4: you will be the interviwer
AP6: you are going to interview an athlete. What is an athlete? Okay?
A10: bom eu não entendi esse final não! @@@ ah eu não entendi
AP4: look! I’m going to be the interviewer/
A10: a parte da gente eu entendi eu não entendo no finalzinho depois
AP4: an athlete/ athlete. What is an athlete?
A8: ela! Ela é uma atleta/
AP6: someone who pla:ys/
AP4: who plays a sport
AP6: yes! Okay?
A10: agora eu entendi! Entendi!
AP6: we will bring someone who plays a sport here! At the last day of class
A3: tendeu/
AP4: and you will ask questions to this person!
AP6: okay?
AP2: it will be in English
224
A quarta ação (nível 2.4), após a apresentação da situação de comunicação, foi o estudo do
gênero textual enfocado, refletindo sobre seus tipos diversos, propósitos, papéis sociais, entre outras
características do gênero, principalmente relacionadas às capacidades de significação e de ação, o
que acionou o saber de conteúdo, em relação à capacidade de conhecer e ensinar o gênero textual.
Essa ação demandou o uso da capacidade de gerenciar o projeto de classe (a proposta da SD),
referente ao saber de aprendizagem autônoma, assim como a capacidade de estabelecer relações
entre local e o internacional e a língua e a cultura, pois os AP apresentaram programas de entrevista
e entrevistadores nacionais e internacionais e refletiram com os alunos sobre os diferentes tipos de
entrevista e seus propósitos.
AP4: So, today we are going to see two interviews that he did. Did you understand
what I say?
A5: Two interviews (repete a ponto de entender o que é two interviews)
F2: Remember interviews? Serena’s interview
A5: Entrevista.
AP4: Yes. This first one talks to (xxx). A website and can somebody read the
headline please?
AP4: What can you expect from this interview? The kind of questions the going to
do…
226
AP2: Just knowing the headline, he is going to talk about women’s volleyball.
A11: Basicamente a entrevista vai ser sobre o desenvolvimento das mulheres no
jogo? No treino?
AP4: Probably.
F2: What else?
AP4: Anything else?
A9: Não faço ideia @
AP4: So, what about this one? (xxx) This interview was in a website called center
for information.? Do you know what that means? Center for information, of what?
Centro de informação da saúde e do álcool.
F2: Health and alcohol.
AP4: So what do you think they will go to ask him in a website like this?
((Falas e risadas))
F2: So what do you expect in this interview? The other was easy, volleyball. And
this?
AP4: Ok, they will ask about health, saúde. But they will ask like they were asking
a doctor? Eles vão perguntar sobre saúde da mesma forma que eles perguntariam
para um médico?
Todos: Não.
AP4: Então direcionado a que eles falaram sobre isso?
A11: Em forma de alimentação deles vão explicar sobre saúde relacionado ao jogo,
treino a esporte.
F2: E esse health and alcohol...
(xxx)
F2: Why not?
A11: Eu não entendi a parte do álcool, tipo...
@@@
A11: Porque que perguntariam pra ele?
F2: Let’s make a relation: sport, health and alcohol
((Silêncio))
A5: Não tem nenhuma relação
A segunda ação da aula foi um trabalho com questões a partir de uma entrevista com um
esportista (nível 3.2). O objetivo era que os alunos tivessem exemplos de perguntas que pudessem
ser feitas para a convidada que seria entrevistada na aula posterior. Sendo assim, os AP acionaram o
saber de regência de aula, em relação à capacidade de apresentar um conteúdo linguístico (no caso,
perguntas), como também o saber de metodologia, no que tange às capacidades de analisar a
compreensão escrita (pois se tratava de uma entrevista autêntica) e de analisar a gramática (uma vez
que os alunos precisavam formular questões). A atividade foi iniciada na sala de aula, mas, por
questão de falta de tempo, uma parte foi designada como tarefa. Como veremos na análise da aula
posterior, os alunos não conseguiram realizar essa tarefa devido à inadequação do texto escolhido
como base para a atividade. Ainda assim, nesse momento da terceira aula, em que essa entrevista já
havia começado a ser trabalhada com os alunos, entendemos que os AP consideraram adequado
inserir essa tarefa de casa, correspondendo à mobilização do saber de aprendizagem autônoma.
AP2: In next exercise we’re going to give you the answers to you guys find out
227
AP5: Yes. Ok, so let’s do the next exercise. Here we have the questions and here
the answers. Ok? We have two files to match. You can look for words that you
know, that is similar to Portuguese and … having the questions and the answers
ok?
((As alunas fazem as atividades, os professores auxiliam no que for necessário.
Quando as alunas têm dúvidas quanto à gramática ou a forma de escrever, seja o
que já foi ensinado ou não, os professores indutivamente as fazem chegar à
resposta correta))
A última aula da SD começou com a correção da tarefa de casa (nível 4.1). Muitos alunos
tentaram realizar a atividade mas não conseguiram devido à dificuldade da entrevista escolhida para
compor o exercício. Com isso, os AP auxiliaram os alunos a compreender as perguntas e respostas
para realizar a atividade. Nesse sentido, os AP necessitaram do saber de contexto, referente à
capacidade de compreender as necessidades dos alunos.
F1: O A8 tá dizendo que tava muito difícil. O que que vocês acharam mais difícil,
as perguntas, o vocabulário das perguntas? O que que foi?
A5: Foi o vocabulário das perguntas e parecia que as respostas não tava... Parecia
que não tinha a ver com as perguntas, não era exatamente o que perguntava. Na
verdade era, mas a gente não...
A6: É que não tava tipo, algumas não tava... Aqui ta perguntando “Qual é a sua
maior conquista”, aí aqui na resposta não tava “A minha maior conquista”, tava
direto
AP4: É que vocês lembram que a gente tinha dito na aula passada que era pra vocês
verem que na hora que vocês fossem perguntar pra pessoa, ela não ia responder...
228
A segunda ação da aula (nível 4.2) foi a preparação das questões dos alunos para a
entrevista, prática comunicativa proposta pela SD. Desse modo, os alunos apresentaram as perguntas
que haviam preparado e os AP e as formadoras os auxiliaram a organizar a entrevista e revisaram a
estrutura de pergunta em LI. Em relação à revisão da estrutura de perguntas, o saber de conteúdo,
referente à capacidade de conhecer e ensinar as regras gramaticais da LI e o saber de metodologia,
no sentido de analisar a gramática, foram acionados. Sobre o conhecimento sobre o gênero, como o
modo de organização de uma entrevista, mobilizou o saber de conteúdo também, mas em relação à
capacidade de conhecer e ensinar o gênero textual e o uso social da LI, já que nesse caso os alunos
precisavam compreender o contexto de uso da língua.
AP4: Now the questions… Because you are going to be what today? Interviewer or
interviewee?
A8: What?
AP4: What are you going to be today? Interviewer or interviewee?
A9: Eu tô tentando traduzir @@@
AP4: Who is the interviewer?
A6: Interviewer é quem pergunta
AP4: Yes
A6: E interviewee...
A9: Então a gente é o interviewer
F2: You are going to be...
F1: Are you going to ask the questions or answer the questions?
A5: Não vamos fazer as perguntas…
AP6: Ask the questions
F1: In English
A5: Ask the questions
F1: Very good, A5! So you are going to ask the questions. Aham. What are the
questions?
F2: So, let’s see the questions? Your questions?
F1: Did you prepare questions?
F1: So, I think it’s important in an interview… We have to make the person
229
welcome… Yes? Then I think you could ask personal questions. Then move on to
professional. Né gente, pra não ficar…
F2: Indo e voltando
A5: Aaah
F1: Então gente, agrupem aí
((F1 pede para os alunos recapitularem as perguntas enquanto ela as escreve no
quadro organizando em Personal questions, Professional questions e closing
questions))
A última ação da aula e da SD foi a produção final: uma entrevista oral com uma esportista
local (nível 4.3). Essa esportista, além de praticante, também coordena um projeto social esportivo,
fato que a aproximou dos alunos, já que estes também fazem parte de um projeto social. Assim, após
os alunos realizarem a entrevista com a esportista, eles compartilharam suas experiências com os
projetos sociais. Nesse sentido, essa ação demandou a capacidade de gerenciar o projeto (ou a
prática comunicativa da SD) por parte dos AP, assim como o saber de regência de aula, em relação
às capacidades de gerenciar a sala e interagir com os alunos e com a convidada.
F1: Deixa ela se recompor. What do you want with your Project? O que que vocês
230
A partir da comparação da sinopse das aulas e da descrição dos planos de aula, houve
modificações do planejado para o realizado. As principais mudanças foram realizadas em função do
tempo: algumas atividades foram requisitadas como tarefa de casa, outras foram realizadas na aula
posterior, e ainda uma atividade não foi realizada. As adequações refletem a necessidade de tomada
de decisão por parte dos AP no momento da aula, ponderando sobre os objetivos das atividades e as
necessidades dos alunos. Considerando essas adequações como parte constitutiva do trabalho do
professor, julgamos que os AP mobilizaram o saber de regência de aula, especificamente a
capacidade de utilizar o plano de aula e o plano de curso (no caso, o plano da SD estabelecido na
reunião de planejamento 15).
Outra capacidade docente que não pôde ser identificada por meio das ações de sala de aula
apresentadas na sinopse é a de utilizar a língua alvo. Nesse sentido, buscamos trechos da transcrição
das aulas com as quais essa análise pudesse ser realizada. Na sequência, apresentamos três excertos
de aula em que é possível perceber a utilização da LI pelos AP em sala. Nos dois primeiros trechos
(referentes às aulas 1 e 2), os AP começam suas explicações e ou instruções para realização de
atividade em inglês. Porém, a partir da não compreensão dos alunos, os AP acabam recorrendo à
língua portuguesa para explicar as atividades. No terceiro trecho, o AP4 inicia sua explicação em
inglês e mantêm a língua alvo, mesmo com a dificuldade dos alunos de compreenderem o léxico.
232
AP4: Now we´ll give a handout (to learn) vocabulary about words, our purpose
with this handout
AP2: we read together for all understand ok?
AP2: the first one
AP2: do you have to find a sequence of sports and match ok?
(-)
AP2: você vão ter que achar a linha e colocar o número da linha de acordo com (-)
(AULA 1)
AP4: so the first question “How many grandslams did she win?”
A5: esse aqui
A10: eu não entendi
AP2: how many grandslams did she win?
A3: o que que o texto fala/
A5: QUÊ?
AP4: remember that we saw that she is/ she won a lot of grandslams that is the
prize
(xxx)
A5: nossa!
A3: {o que que é prize}?
AP2: o que eram os grandslams?
A6: era aqueles prêmios que tem como/
AP2: como os prêmios que eles têm quatro por ano certo?
A3: saquei agora
A10: eu sabia! Isso eu sabia!
A5: ah mas/
AP2: “how many” quantos grandslams “did she win” ela venceu/ ela ganhou
A10: quatro não? trollei vish eu nem lembro vei, eles deram isso aqui na aula
semana passada
AP2: it’s the first word on the/ on the/ {é a primeira} it’s the first word in the text
A3: eigh! Eighteen! Nem vi ó nem vi, cabei de ver aqui ó (xxx)
A6: eisteen/ é eighteen!
(AULA 2)
APÊNDICE B
Análise das sessões de autoconfrontação em relação às dimensões de reflexividade mobilizadas
pelos alunos professores
mais descontraído assim, eu acho que deu, acho que foi o que
precisava.
F2: Tá, então você gostou porque você foi fazendo perguntas e
eles foram...
AP6: Ahan. Eles chegaram no (++++)
F2: E isso também porque a gente fez uma entrevista antes né, a
Estrutura da SD: apresentação de DE
gente mostrou uma entrevista antes
AP6: Sim, mostramos, da Serena, verdade. Então não era tipo do exemplar do gênero antes da
nada, eles tinham uma base xxx apresentação da situação
F2: O que que você acha? Você já estudou, conhece a didática,
como que é a organização, e etc. É::: eu não lembro se em
alguma sequência a gente, a gente propôs sem apresentar um
antes, um:::exemplo antes. Nesse caso a gente apresentou um
exemplo do gênero e depois fez a proposta.
AP6: Sim. Acho que na primeira não, a gente não fez isso.
F2: Na primeira...do ID?
AP6: Do ID, é. (+++) Começou.... é porque daí a gente não tinha
o xxx pronto né. A gente foi buscando, mas...
F2: É porque o final daquela sequência foi:::
AP6: O formulário
F2: Imprevisto né.
AP6: É, tipo não tava pronto antes.
F2: Não tava previsto, ahan.
AP6: É. E::: a outra do breakfast?
F2: Do menu?
AP6: Do menu, a gente apresentou vários tipos de:: de:: imagens
né pra eles relacionarem o que que era o que.
F2: Com o gênero?
AP6: Com o gênero. Também foi apresentado antes. E outra vez
que eu apresentei também a gente sempre traz amostras do
gênero antes, mesmo misturado com outros gêneros, pra chegar
naquele que a gente quer né, afunilar até o que a gente quer.
F2: E aí o que que você acha que, de que jeito que você prefere?
AP6: Sem ou com as amostras?
F2: É
AP6: Eu prefiro com as amostras, pra não ficar muito vago,
dependendo do gênero que é né.
F2: Pra não sair do nada?
AP6: É, pra não sair do nada assim, porque daí pode sair
qualquer coisa assim @@@ até porque eles não::: eles não têm
essa, essa questão do gênero que a gente tem. Eles tão lá mas
eles não tão assim ah o gênero, características do gênero, não
tem esse foco, tá fazendo mas não tem essa::: que a gente tem.
Eles só vão fazendo, sem perceber assim certinho, realizar que
sei lá, que eles tão fazendo isso
F2: Que tá estudando um gênero
AP6: Um gênero, que são essas características...
F2: Com certeza
AP6: Só flui. xxx
F2: Muito bem. E o que mais, sobre a reação deles, a forma
como você apresentou e a reação deles, o que você achou?
AP6: Ah, a reação deles não é diferente do que é com todo aluno Reação negativa dos alunos à DO
né, sempre tem, sempre reclama, sempre tem aquela primeira Ah apresentação da situação de
não que qualquer estudante tem isso né. E::: mas depois eles
comunicação
fizeram, foram, tipo chegaram até o fim então acho que faz parte
235
hora que eu tava preparando que era tão simples @@@ nossa
tão fácil, não vai ter erro. E daí na hora que eu entreguei que eu
comecei a perceber que não:: não era simples assim e que ia ser
complicado. Ai...
F2: Por...Vamos pensar assim, na hora da preparação, por que
você achou que ia ser simples e na hora que a gente começou a
fazer a atividade, o que aconteceu que você falou Ih?
AP6: É, então, dai terminou, foi pra tarefa né, daí que eu fui
começar a pensar nisso, depois que acabou a aula. Aí eu
percebi:: eu acho que:: porque é:::: a gente já tem um
conhecimento maior sobre a língua, não é difícil, não seria
difícil pra mim fazer essa atividade, mas eu não consegui me
colocar no lugar deles, pra olhar a atividade com os olhos deles.
Então:: depois que acabou a aula que eu fui pensar nisso que eu
me toquei disso, que pra mim poderia parecer fácil mas pra eles
não e que seria difícil. Mas também eu já não sabia mais o que
fazer, já tava com eles a atividade, não tinha o que fazer
F2: Ah, depois da aula, que já tinha entregue né?
AP6: Já tinha entregue, ué e vamos ver o que vai acontecer na
próxima né. Aí chegou a hora de corrigir e eles cobrando que
eles queriam saber, que eles queriam saber, que tava difícil, que
tava difícil e daí só foi tipo assim reforçando isso que eu tinha
pensado, que realmente foi complicado. Só que eu também não::
não me preparei pra esse momento, entendeu? Readequação de seu agir docente DP
F2: Qual momento? (mudanças a partir da
AP6: É:: de corrigir assim, talvez ter pensado outras maneiras dificuldade dos alunos)
pra deixar isso mais claro pra eles, pra eles terem um
entendimento melhor do que aconteceu
F2: Nesse momento entre uma aula e a outra que você deu a
tarefa, já tinha percebido, até o momento da outra aula na
correção?
AP6: É, nesse momento mesmo. Sei lá, ou talvez ilustrar, ou
usar o data show como a gente tava usando pra ir clareando um
pouco
F2: Uhum
AP6: Outros recursos e não só a folha
F2: Então você diz que:: isso você diz a forma de corrigir?
AP6: É, a forma de corrigir, talvez ter utilizado outras maneiras
de corrigir pra poder ficar um pouco mais claro pra eles, pra eles
conseguirem entender um pouco melhor. Porque mesmo assim
eu percebi que ficou uma nuvem na atividade. Encerramos,
encerramos, ah vamos lá que tinha que fazer a entrevista, mas
ficou aquele negócio, não ficou totalmente claro, ficou...
F2: Mal resolvido
AP6: Mal resolvido
F2: E você lembra qual era o objetivo?
AP6: Era eles perceberem que as respostas nem sempre são Língua como prática social / uso DL
assim do jeito que a gente espera, teve um que falou assim, aqui, da língua em situação real
Ah mas não tava na resposta desse jeito, ó...Qual sua maior
conquista? A minha maior conquista... Porque geralmente
quando a gente tá conversando, mesmo numa entrevista, a
pessoa não repete parte da pergunta pra fazer a resposta né, ela
só vai direto ao assunto. Uso de textos autênticos DE
F2: Isso porque era uma entrevista:::
AP6: Era uma entrevista!
237
F2: De verdade
AP6: De verdade sim
F2: Não era uma entrevista fabricada
AP6: É, porque quando ela é fabricada, ela vem normalmente
desse jeito @@@ o que daí fica uma beleza né Língua como prática social / uso DL
F2: Fica facinho
da língua em situação real
AP6: É, e depois na vida real não é assim @@@ dai você
assiste entrevista na TV e não é desse jeito
F2: E você faria::: você não usaria essa entrevista de jeito Readequação da atividade DP
nenhum? Você faria alguma... usaria ela mas de forma diferente? (implementação)
O que que você pensa?
AP6: Até poderia usar ela, mas eu acho que não todas essas
perguntas, explorasse três, em outro momento outras, tipo assim
menor e clareando mais pra eles. Ou talvez uma outra com Língua como prática social / uso DL
respostas menores mas... o que::: o que aconteceu mesmo na da língua em situação real
entrevista foi isso, eles fizeram uma pergunta e ela explicou::
coisas até que não tinha nada a ver com a pergunta. Então isso, o
que tava ali na atividade realmente era o que ia acontecer com
eles, que aconteceu mesmo
F2: Aconteceu
AP6: Mas acho que talvez ir mais devagar Readequação da atividade DP
F2: Não colocar todas de uma vez... (implementação)
AP6: De uma vez, que era bastante, eram umas 14 ou 15, então
foi bastante coisa assim, deu um nózinho na cabeça deles. E
acho também muito importante de a gente se colocar no:: lugar Readequação de seu agir docente DP
deles pra poder ver, porque parece que é tão fácil, É tão fácil, (preparação de atividades)
olha aqui como que você não vê, mas a gente também já passou
por isso, momento de não ver isso, que a gente não:: não xxx
F2: E você acha que agora você co::, você já tá pensando mais...
Assim, depois dessa atividade, que que aconteceu você
preparando uma aula, mudou:: você conseguiu perceber que
mudou seu pensamento?
AP6: Ah, sim, eu percebi sim. Eu penso que a gente tem que
realmente se colocar no lugar e ver que não é fácil porque a
gente já internalizou então é fácil mas pra eles não, tem que
internalizar, o aluno tem que internalizar, então tem que ir mais
devagar, repetir mais vezes, trazer de outras formas, que
funciona mas...
F2: Mas tem que trabalhar
AP6: Tem que trabalhar
F2: Mais alguma coisa?
AP6: Não
F2: Falamos sobre a atividade e a forma da correção né, como
você escolheu
AP6: Ahan
F2: Tá bom, a gente aprende. Olha só, eu escolhi:: como você
escolheu dois momentos de aula, eu escolhi dois momentos de
reunião. Então não tem o vídeo porque a gente tem as reuniões
só gravadas em áudio, então a gente vai lê, tá?
AP6: Tá
((AP6 e F2 leem a parte da transcrição da reunião))
F2: Então eu queria que você falasse, porque eu acho que uma Trabalho em grupo / colaboração DO
característica forte foi esse grupo, todo mundo fazer tudo junto. entre participantes do grupo
Apesar de você ter, de você ser a única fazendo estágio, eram
objetivos diferentes né, a maioria tava fazendo IC, a F5 por
238
exemplo não tava fazendo nada disso né, era só pra horas, não
era nem IC nem estágio. É:::: que você comentasse sobre isso, o
que você sentiu, se isso colaborou pra você fazer o estágio ou
não?
AP6: Eu acho que colaborou bastante, porque assim se eu
estivesse lá sozinha, ia dar um nó @@@, ainda mais por ser um
contexto diferente, eles não tinham aula de inglês antes, nem um
professor, nada, começou ali, produzimos o curso pra ali, aquele Contexto informal de ensino DO
contexto e:: foi muito legal porque teve vários momentos que
um fazia uma coisa outro outra que não estavam previamente
planejadas. Eu lembro que teve uma aula que o AP4 falou assim Trabalho em grupo / colaboração DO
Ah vem cá que agora eu não sei o que eu faço, daí a gente foi lá, entre participantes do grupo
ajudou ele e eu lembro que teve momentos que eu falei assim Ai
AP4, faz essa parte que eu acho que você vai melhor e ele foi lá
e:: tomou a frente e::: é muito bom porque cada um tem um
jeito, uma maneira de xxx, e a gente vai aprendendo um com o
outro, de ver como que flui melhor se for por aquele lado, ou
pelo outro, então é isso, a gente consegue aprender assim com os
positivos dos outros pra melhorar, o aspecto melhor que cada um
tem pra lidar com::, mesmo na organização das atividades nas
reuniões, que era muito importante porque:::: eu sozinha não
conseguiria pensar em tudo e vem coisas bem diferentes de um e
de outro, que juntando dava uma aula bem legal, bem diversa
assim e::: tinha realmente atividades que eles montavam que eu
ficava assim Nossa, eu não pensaria nisso, nessa maneira de
aplicar, talvez ficaria no mesmo, com o que eu já tô acostumada.
Então é muito legal, enriquece bastante
F2: Outros pontos de vista, outras perspectivas. E::: em algum
momento você é::: é considerou que isso atrapalhou de alguma
forma, ou algum sentido negativo? Desse conjunto grande
assim? Hoje no estágio você tem um grupo grande?
AP6: Não um grupo grande que vai entrar na mesma sala, um
grupo grande assim pra discussão, nas reuniões. Mas pra sala
vão ser só dois
F2: Você não entrou ainda né?
AP6: Não, só pra observar. Não entrei então não sei como que é
F2: Não sei como estou me sentindo ainda
AP6: Não sei
F2: E quando você dava aula no projeto, você deu aula em um
projeto antes?
AP6: Dei, eram duas. Seria um grupo grande pra preparar
também
F2: Ah, então a dinâmica de preparação era..
AP6: Não era a mesma, seria mas não funcionava.
F2: Ah tá.
AP6: Como eram por duplas, no fim das contas acabava cada
dupla fazendo o seu e não havia tempo de compartilhar e trocar
as ideias, porque dai eram muitas duplas, os meus assim não
chegava, tinha outros que tavam mais cru, que precisavam mais.
Eu e minha dupla acabamos produzindo e aplicando
F2: Vocês duas sozinhas. E daí se você comparar essa
experiência com a do grupo maior que a gente teve no projeto?
AP6: Ah, eu gostei bastante, até porque foi do primeiro pro
terceiro ano, então já é uma mudança grande
F2: Da sua experiência?
239
visão era outra, totalmente outra, a gente queria mostrar pra eles
o inglês aqui e agora mas agindo, fazendo alguma coisa, não só
saber a cor da cadeira por que o que que eu posso fazer com a
cor da cadeira? Não, vamos aprender alguma coisa que você
pode usar ela. E pegou nisso assim, e quando a gente fez essa
proposta pra colocar no site pra poder abrir o leque deles, porque
como eles têm uma rede, uma ligação com uma rede
internacional, com certeza em alguns momentos, talvez não Uso da LI em contextos reais DL
todos os dias, mas alguns momentos pessoas é::: conectam no
site deles pra saber quem são eles, a gente tem uma ligação, e
numa língua internacional que é o inglês eles poderiam entender
melhor, saber um pouquinho mais da história deles xxx, mas ter
ali algo que disponibilizasse informações mais rápidas pra eles e
mais completas assim, mas eles não tavam vendo isso né. Aí que
foi esse conflito muito grande que aconteceu durante esse tempo
que foi a sequência mais longa que a gente fez também
F2: Você acha que isso teve algum peso também na falta de
motivação deles? Uma sequência longa?
AP6: Eu acho que teve, foram uma soma de fatores né. Essa
visão deles em relação à língua foi um:: acho que foi um fator Fatores de desmotivação dos DO
bem grande, é:: a longa é::: a duração da sequência e por causa alunos
que a gente ainda tava engessado, tava assim tipo isso isso isso e
isso, então a gente levou atividades muito iguais pra eles, que
não funciona tão bem quando uma turma assim com adultos,
funciona bem com crianças, que eles gostam das mesmas coisas,
mas adolescente e adulto não, a gente cansa muito rápido, foi
uma vez foi duas tá bom já, e o assunto, a gente bateu muito em
cima do circo, que depois a gente foi descobrir que eles não
tavam a fim de ficar falando de circo inclusive no sábado, como
eles já ficavam a semana toda no circo. Então foi uma soma né,
foi uma soma. A nossa, as nossas expectativas com as aulas não
foram de encontro com as expectativas deles e isso...
F2: Acredito que isso é bem o ponto...
AP6: Bem o ponto, e isso é::: acaba, resulta numa aula
frustrante, fracasso, tipo fracassa a aula, falha, então isso foi
bem:: eu acho que durante todo esse período a gente lidou com Diferentes expectativas com o DO
essas situações, nosso objetivo era um o deles era outro, nosso curso de professores e alunos
era um o deles era outro e::: não houve um:: um encontro
F2: Porque dai depois que a gente conversou, depois que acabou
essa SD, nós conversamos e vamos dizer assim mudamos de
estratégia...
AP6: Atendendo as necessidades deles, o que eles esperavam, as
expectativas deles
F2: E ai como você se sentiu diante das suas expectativas, não
sei assim, é::: vou falar de mim, eu tinha uma motivação com
essa SD por exemplo, porque eu estava sentindo que nós
poderíamos contribuir efetivamente pra eles, aí a partir dessa
mudança vamos dizer assim de foco, Ah, então vocês querem
falar sobre coisas do dia a dia, vamos falar sobre coisas do dia a
dia, VOCÊ, PROFESSORA, diante das suas expectativas do
começo, como que você se sentiu com essa mudança?
AP6: Bom, a gente tava atendendo as expectativas DELES né, Diferentes expectativas com o DO
só deles @@. Ah, ficou meio assim, não parei pra pensar nisso curso de professores e alunos
acho @@@ Ficou algo assim Ah tá bom, a gente prepara isso,
dá isso pra eles mas com qual objetivo? Isso que não tinha claro
241
sabe? Por que que eles vão aprender a daily routine, daí tipo
assim pra quê? Não tinha um foco, não tinha um uso, era só
aprender mais uma coisa que vai passar três, quatro, cinco meses
e eles não vão lembrar. Por quê? Porque não usou, não foi
significativo, não chegou a concretizar aquilo, não materializou,
então é:: esquece, passa. Assim, pra nós como professores tá era
muito mais fácil preparar as aulas assim, porque a gente não
tinha que pensar em todo esse::: todos esses subsídios da língua
pra poder colocar em uso tudo mais que é super complexo, é
super legal quando você vê fazendo e funcionando e agindo, é
super legal mas é, é trabalhoso, super trabalhoso. Mas você
também vê o::: o resultado disso tudo, então é bem mais legal,
bem mais significativo, agora ficou sem significado eu acho, era
só ensinar umas coisas e:::, pra mim eu não conseguia ver um
objetivo naquilo, pra aquilo, vamos fazer porque eles pediram,
era isso
F2: De certa forma, vamos dizer assim a nossa profissão é as
expectativas do::: vamos dizer atender às expectativas do aluno?
Mas fiz essa pergunta porque eu realmente me senti assim
AP6: É, atender as expectativas deles, mas PRA QUÊ, essas
expectativas deles é pra que, pra que fim?
F2: É que as minhas expectativas eram diferentes das deles né?
Quando eles convidaram, o projeto, pra mim era::: a minha
expectativa com o curso e acho que daí de todos do grupo
porque daí quando a gente se empenhou a fazer né, eu acho que
era diferente do que eles tavam:::
AP6: Pensando
F2: Esperando
AP6: Mas o que foi proposto pra nós, a maneira como nós
entendemos foi as nossas expectativas
F2: Foi as?
AP6: Foi as expectativas que nós colocamos pra eles
F2: Mas foi como nós entendemos
AP6: Foi como nós entendemos, da maneira como foi feito o
pedido, da maneira como foi exposto, porque eles precisam do
inglês, que eles falou que era porque eles têm oportunidades,
então a gente foi explorar essa fala, essa questão. Mas depois na
realidade era um pouco diferente. Na prática não eram bem essas
as expectativas, o discurso era bonito mas a prática era diferente
F2: Muito bem, mais alguma coisa?
AP6: Não, acho que é isso, passamos pelo ano todo
F2: É! Passamos né! Vários momentos!
Fonte: a autora.
pergunta, de matching
F2: Pergunta e resposta
AP4: É, pergunta e resposta.
F2: E o que que era esse texto?
AP4: Era:: (++++) era perguntas pra (++++) para um atleta,
acho, ele falava::: ah não lembro não
F2: Uma entrevista?
AP4: É, era uma entrevista de um atleta e ele falava sobre a
carreira olímpica dele, só que era um vocabulário muito
avançado, e eu lembro que quando a gente planejou essa aula, Avaliação sobre o texto da DP
que foi a aula anterior, a gente não sabia o que colocar, porque a atividade
gente tinha que::: o tamanho da aula era muito grande e a gente
não tava conseguindo achar atividade pra colocar em cima disso Falta de embasamento para DE/
F2: E qual que era o objetivo da atividade? preparação de atividade DP
AP4: Dessa atividade específica?
F2: É
AP4: @@ Encher linguiça @@@. A gente não sabia o que
fazer, é porque a gente não tinha...
F2: Vamos recapitular, essa atividade tinha que existir, talvez ela
deveria ter existido de maneira diferente, é::: a gente começou
falando de esportes, lembra? Por que que a gente escolheu::: Por
que a gente decidiu essa SD? Escolha do objeto de ensino DE/
AP4: Porque a gente ia trabalhar com o gênero entrevista, é DO/
isso? DP
F2: Mas a gente::: a primeira ideia era o gênero?
AP4: Ah não, a gente decidiu trabalhar com esporte porque era o
que tinha mais relação com a arte deles, é isso? A gente tava
tentando fazer um gancho mas sem ir totalmente pro circo,
porque a gente tinha ouvido alguém falar que praticava esporte,
alguma coisa assim
F2: Ahan, então a gente escolheu o tema. E aí:::, pra desenvolver
uma SD a gente precisava definir?
AP4: O gênero. E daí eu lembro que nessa reunião a gente ficou
batendo porque a gente não sabia o que fazer, a gente inclusive
pensou em outro gênero e daí chegou no meio da reunião a gente
descartou e::: e dai a gente começou a falar de entrevista
porque::: eu sugeri isso porque eu tava trabalhando com isso na
graduação, e eu inclusive ia entrevistar a F1, daí ela achou legal
a gente trabalhar com isso e a gente começou a tentar achar uma
conexão, ai nisso a gente começou a fazer um brainstorming de
atletas locais pra tentar criar essa relação. Foi isso? Não lembro.
E daí::no final dessa reunião ficou acordado que a gente ia tentar
encontrar esses artist:: esses atletas
F2: Tá, e dai você lembra mais ou menos o que nós trabalhamos
nas outras aulas pra chegar nessa atividade? Por que essa Descrição das atividades da
atividade? SD
AP4: Eu lembro que teve a entrevista com o Bernardinho. (++++
+++) Qual que foi a primeira?
F2: A gente trabalhou::: primeiro a gente trabalhou o tema, com
vocabulário, etc.
AP4: Ah, é verdade
F2: A gente teve a entrevista de Serena que foi uma entrevista
oral. Ai a gente teve as entrevistas do Bernardinho que eram
duas, pra comparar dois contextos difere::ntes. E qual que era a
ação final da sequência?
244
pensou nisso, de não deixar só::: porque era uma entrevista Elementos que embasaram DP
muito grande e a gente não queria que ficasse muito difícil, a preparação da atividade
gente tinha essa consciência de que era difícil mas a gente queria
dar uma simplificada que foi quando a gente tentou fazer essa
primeira parte de fazer a perguntado
F2: Essa primeira parte deles construírem a pergunta era
simplificada? Ou você acha que a segunda parte pra eles
relacionarem perguntas e respostas era a tentativa de Descrição da atividade
simplificar?
AP4: Acho que é verdade. A primeira parte era pra ter um
termômetro de compreensão
F2: Você lembra que tipo de perguntas eram nessa primeira
parte?
AP4: Era mais as que a gente tinha trabalhado anteriormente, de
nome né?
F2: Segunda parte então, vocês já consideraram que a segunda
parte era mais difícil por isso vocês fizeram o match ao invés de
pedirem para eles construírem as perguntas que seria muito
difícil, então a consciência de que era difícil já existia?
AP4: Sim
F2: Então, você pensa::: você pensa que:: apesar disso, vocês
acharam que relacionando eles conseguiriam?
AP4: Sim, por conta da explicação que a gente tinha dado antes, Expectativa com a atividade: DL
porque ah::: aqui inclusive eu pego e falo É que vocês lembram compreensão do uso da língua
o que a gente tinha dito na última aula pra vocês verem que na em situações reais
hora que vocês forem perguntar pra pessoa ela não ia responder,
a gente queria fazer essa contextualização, então a gente queria::
a gente queria que eles entendessem que não seria estruturado, a
gente queria essa percepção
F2: E por isso que foi escolhido uma entrevista de verdade, né?
Não uma:::
AP4: Fabricada, inclusive surgiu essa possibilidade de a gente Uso de texto autêntico DE
fazer uma entrevista nossa na hora da reunião, de que a gente ia
gravar uma entrevista nossa pra que fosse mais simplificada, e
dai a gente descartou porque não::: porque iria inutilizar a
abordagem
F2: Certo. Então tá, então o que você faria era mudar o texto?
AP4: Uhum, e talvez::: é mudar o texto, o texto foi o problema Readequação do agir docente DP
principal (preparação de atividade)
F2: A entrevista né?
AP4: É
F2: Ok. Então a terceira eu escolhi um trecho de reunião tá?
AP4: Uhum
F2: Reunião do dia 07/07, essa reunião ocorre após a produção
da primeira versão do perfil oral pelos alunos. Você lembra
como foi essa produção?
AP4: Ah::: foi a que a gente gravou eles?
F2: Isso, a primeira gravação...
AP4: Desde o começo?
F2: Não, só a primeira, a primeira gravação, lembra como que Descrição da produção inicial
foi a primeira produção? da SD Perfil
AP4: Não.
F2: Como que eles fizeram?
AP4: Eles escreveram e dai na hora de::: eles escreveram o perfil
deles e dai depois eles gravaram lendo
246
AP4: Ah, não sei, eu lembro que foi um caos, que eles queriam
escrever muita coisa, teve até o exemplo do [nome de aluno
suprimido] que escreveu o que não era pra escrever, que não
tinha essa...
F2: Mas você acha que era válido eles fazerem escrita pra depois
falar, ou você acha que isso foi pior pra eles?
AP4: Ah, eu acho que foi válido porque eles não tinham essa
fluidez no discurso então eles precisavam organizar tudo o que
eles queriam pra eles poderem interagir com a câmera, eu acho Uso da escrita para gênero oral DP
que foi super válido porque, porque senão eles iam saber falar
Hi My name is blá blá blá I am tanana years old. Eu acho que se
a gente não tivesse feito toda essa atividade de escrita,
organizando todos os pensamentos deles, a gente ia parar ai e
eles não iam saber desenvolver nada, tanto que até na hora de
escrever eles escreviam metade em inglês metade em português
e teve toda:: teve todo um processo pra eles, inclusive depois do
feedback, pra eles adaptarem algumas coisas e tal
F2: Certo, é que a gente tentou fazer com que eles meio que
adaptassem pra coisas que seriam possíveis né?
AP4: Porque a gente não queria dar a resposta, não era nosso Produção de texto a partir dos DP
texto, a gente queria que eles fizessem de acordo com as conhecimentos dos alunos
capacidades que a gente:: as capacidades deles naquele
momento, com tudo que eles tinham aprendido até aquele
momento
(++++++++++++++++)
F2: Ok, mais alguma coisa?
AP4: Não
F2: Então vamos ver a última
((AP4 e F2 assistem ao trecho da aula))
F2: Essa foi a segunda aula né?
AP4: Ahan
F2: É:: a gente fez um bingo, e você começou a corrigir a tarefa,
você lembra qual que era?
AP4: Não
F2: A primeira aula a gente terminou com a:: entrevista da
Serena e a gente ouviu a entrevista, conversou com eles sobre a
entrevista e tinha umas perguntas no final que era:: ficou pra eles
responderem
((Assistem ao trecho da aula))
F2: E aí, o que aconteceu?
AP4: Ninguém fez Não realização das tarefas DO
F2: E aí?
pelos alunos
AP4: Era normal né, a gente acostuma, ninguém fazia tarefa
F2: Como você se sentiu?
AP4: Ai, eu já tava acostumado pra ser bem sincero, e era:: era
uma das minhas frustrações, porque ninguém fazia e inclusive a
gente:: nas reuniões anteriores eu perguntava quando que a gente
ia dar bronca neles porque eu achava que tava precisando de
uma bronca porque ninguém fazia as tarefas e isso comprometia
muito o rendimento das aulas porque a gente chegava lá com a Readequação do planejamento DP
aula planejada e conseguia fazer metade porque a outra metade (não realização das tarefas)
era só resolvendo coisa de tarefa
F2: Tanto que aqui aí você fala assim ó
((Assistem novamente a um trecho da aula))
F2: Ai você decide fazê-la lá
248
AP4: É, que foi meio que Ok, ninguém fez, o que que eu faço
agora? No meu papel de professor, eu prossigo, dou todas as
respostas ou (+++++)
F2: Esquece e deixa pra lá?
AP4: Esqueço e deixo pra lá
F2: Ou faz?
AP4: É, e ai que professor eu vou ser agora? E ai foi onde eu
fui:: eu pensei em fazer naquela hora senão ia ficar sem nexo,
não ia conseguir prosseguir porque era uma das atividades
essenciais, era a primeira atividade relacionada ao gênero e tudo
mais
F2: E você lembra o que viria na sequência?
AP4: Não
F2: Ah::: porque a gente ainda não tinha apresentado qual que
era o projeto, qual era a ação. E ai? Como que a gente tinha
pensado essa aula? Fazer um bingo como warm up pra lembrar
vocabulário...?
AP4: Dai corrigir a tarefa pra (+++++)
F2: Pra retomar o gênero
AP4: E dai a gente ia apresentar o gênero
F2: E a ação que eles iam fazer né?
AP4: E ai depois trabalhar em cima disso
F2: Então a gente precisava né? Retomar essa atividade
AP4: É, principalmente porque essa era uma das aulas mais
cheias, acho que essa era a aula mais cheia dessa SD e dessa:: Importância da atividade na DE/
dessa galera que tá ai metade não tava na outra aula, então a SD DP
gente tinha que:: essa atividade era muito importante porque, pra
eles como um grupo terem noção do que era o gênero que a
gente ia trabalhar na SD, então foi onde eu pensei que a gente ia
ter que fazer senão não ia ter nexo o que a gente ia falar na
sequência
F2: Pra dar uma sequência, ahan. Agora, pra terminar, uma
pergunta, é:::: como você, esse contexto é o contexto que você
faz pesquisa também, sua IC, então você tá olhando pra::: pra
que dados você tá olhando mesmo?
AP4: Pras transcrições
F2: Todas?
AP4: Só dessa última
F2: Das aulas?
AP4: É
F2: E::: então olhando, voltando pra isso, analisando, o que você
pode dizer que você tá aprendendo? Revivendo? Refletindo?
AP4: Eu não tô olhando ainda @@@. A gente tá terminando a
referenciação teórica e eu li na semana passada um texto sobre a
participação periférica legítima e::: toda essa questão de Participação dos alunos DO
participação, de interação e participação na verdade, de que tem
essa interação que é teacher centered que o aluno só responde o
que o professor pergunta, tem uma interação que é mais o aluno
com o aluno que eles interagem que dai tem essa conexão com a
participação, que:: que na participação eles dizem que, que uma
das participações é tem:: tem um aluno central e os outros
alunos giram em torno dele. A gente pode ver:: a gente pode ver
nessa última::: nesse último trecho que a gente leu que quando
eu pergunto em inglês o [nome de aluno suprimido] fala em
português pra turma entender, então ele seria esse central e a
249
ela vai poder repetir ou ela vai interagir com o que você falou,
mas acho que você começa
AP4: O que que eu tenho que falar?
F1: O que você quiser
F2: O que você quiser, sobre como foi feita a apresentação do
projeto
F1: Ela escolheu esse trecho porque ela repetiria, ou seja, ela
acha que foi um procedimento bem-sucedido. E você, o que tem
a dizer?
AP4: Ah, eu também repetiria, mas eu acho que eu deixaria eles Readequação do agir docente DP
falarem mais porque acho que a gente tava tão ansioso porque a (promover participação)
gente já tinha sofrido tanta reprovação na hora de apresentar
essa versão final que:: a gente queria que eles soubessem logo. Reação negativa dos alunos à DO
AP6: É, a expectativa tava grande né? apresentação da situação de
AP4: É comunicação
F1: Vocês tinha sofrido reprovação no que? Nas outras
anteriores?
F2: Nos projetos?
AP4: Porque toda vez que a gente apresentava o que seria a
produção final, o que que a gente ia esperar deles no final da
sequência didática, eles pegavam e ficavam ah:: não sei, talvez
não, não sei o que. E como a gente já tava naquela expectativa Objetivo da apresentação da DP/
de vamos terminar, essa é a última sequência didática, a gente tá situação: engajamento dos DE
quase terminando o curso, a gente queria terminar com chave de alunos
ouro, então a gente queria:: alcançar esse objetivo
AP6: Prender eles né no::: ganhar eles, que eles interagissem
AP4: E eu acho que isso tá bem transparente na maneira que a
gente fala porque a gente pergunta e a gente mesmo responde
@@@
F1: Mas vocês acham que ganharam, que eles se engajaram, que
Engajamento dos alunos na DO
eles gostaram dessa...
AP4: Eu acho que sim prática comunicativa
F1: Atividade?
AP4: Eu acho que sim
AP6: Acho que sim, porque eles xxx, tipo os que chegaram até o
fim prepararam, foram...
F2: Vocês acham que eles estavam assim desde essa Importância da apresentação DE/
apresentação? do gênero no engajamento DP
AP4: Acho que o que causou essa familiaridade com o que eles
iam fazer era a atividade anterior da introdução do gênero, que
foi quando a gente fez aquela entrevista da Serena Williams
F2: A atividade anterior da apresentação do projeto?
AP4: É, que a gente mostrou a entrevista da Serena, foi uma
atividade que eles se engajaram de certa forma, eu acho
F1: E que nas outras não teve esse tipo de atividade? É isso que
você tá querendo dizer?
AP6: É::: a gente mostrou, tipo assim a gente deu uma versão do
gênero mas a gente não falou nada sobre né? Nós fomos falar
depois que apresentou, então pra eles era mais...
F1: Mas do perfil também né, do perfil oral vocês mostraram o
perfil da::: esqueci o nome dela
F2: Da Miranda
F1: Miranda Tempest
AP6: E depois a gente apresentou o projeto?
F1: E depois vocês falaram que eles iam fazer o perfil oral pra
252
ser colocado no site da escola de circo. E vocês acham que não Falta de engajamento dos DO
houve engajamento? alunos por causa do tema
AP6: Não sei se foi por causa do tema porque eles mesmo
falaram que eles não aguentavam mais o circo, que eles viam a
semana toda e no sábado também. Então talvez ali já veio algum
bloqueio em relação...
AP4: E a gente tava começando, não tinha...
AP6: E a gente só xxx circo, porque a gente teve todo o (In)Compreensão dos DO
entendimento anterior que passaram tudo que seria algo voltado interesses dos alunos
pro profissional. Mas dai al longo das semanas a gente descobriu
que eles não queriam nada relacionado ao tema
AP4: Eles deixaram bem claro
AP6: É, eles queriam relaxar e sei lá, e aprender sobre outras
coisas não relacionado ao profissional. Então acho que quando a
gente saiu totalmente daquilo do meio deles mesmo foi mais
legal, foi mais interessante, houve uma curiosidade maior deles
um engajamento
AP4: Concordo
F1: Dessas coisas que vocês, eu sei que vocês vão adiante, que
vocês escolheram que fariam e que não fariam, o que::: qual
conclusão de vocês sobre isso?
AP4: Tem como ser mais específica? Não entendi muito a
pergunta
F1: Ó, a instrução pra vocês é escolham trechos do vídeo, seja
das reuniões de planejamento seja da aula em si, de
procedimentos que vocês repetiriam portanto porque foram
bem-sucedidos, e de procedimentos que vocês NÃO repetiriam
que foi que vocês consideram um erro. Agora que vocês já
fizeram né essa reflexão sobre isso, qual a conclusão que vocês
tiram disso?
Aprendizagem com a prática DP
AP4: Enquanto eu tava vindo pra cá, eu tava pensando sobre
todo esse processo que foi, eu acho que::: essas aulas do circo
elas mostram o quanto eu era inexperiente, por causa de
experiências passadas e tal, e eu acho que foi uma evolução
porque eu consigo ver hoje olhando as transcrições eu consigo
ver os pontos que eu errei e que eu não repetiria, só que ao
mesmo tempo eu consigo ver que teve essa evolução, sabe? Que
eu tava tentando ser um professor
F1: E essa evolução depende do que?
AP4: Acho que da prática
F1: E pra você?
AP6: Eu concordo com o que o AP4 falou, e que dia a dia nas
aulas a gente encontrava erros e acertos, a gente nunca vai
deixar de errar, a gente pode diminuir os erros, então é uma
experiência de prática mesmo
F1: E como que essa experiência de prática com erros e acertos
impacta hoje? Na prática de vocês?
AP6: Nesse momento? Tipo agora no meu outro estágio?
F1: Isso
AP6: Ah, é muito bom, porque agora eu consigo entender muitas Compreensão da teoria na DE/
coisas que são faladas prática DP
F1: Tipo o quê?
AP6: Tipo a prática social da língua, coisas que a gente vai
caminhando desde o primeiro ano e vai indo, vai indo e de
repente a ficha cai Nossa agora eu sei o que que é! Depois de
253
AP4: Mas você não consegue enxergar que essa sua dupla do
estágio obrigatório é você um ano atrás?
AP6: Consigo
AP4: Porque é muito::: quando a gente começou a planejar a
gente ah vamos fazer isso, isso e isso, tá pronto né, dai chegava
na hora e aí? E como que a gente vai corrigir? Que que a gente
vai fazer a partir daqui?
AP6: É, é bem assim mesmo.
F1: E:: tá, você começou a dizer assim que você tava na situação
oposta né? Acho que foi essa a palavra que ele usou, na situação
oposta porque você não vai poder usar nada do que você
aprendeu, o que que você tem que usar? E como você se sente
em relação a isso? Usar um livro, fazer três páginas de um livro,
de que livro você tá falando?
F2: No estágio, o que você tem que fazer?
AP4: Ai, é Way to go eu acho, o livro não é ruim, só que é uma Realidade diferente da DO/
perspectiva de ensino (+++) que eu não tava preparado pra expectativa a partir do DE/
abordar, porque aqui na graduação a gente tem::: a gente
aprendizado na formação DP
aprende muito sobre o ensino de gêneros e a prática do ISD e tal,
só que dai chega no colégio já começa com unidade didática, inicial
texto fabricado, e dai o professor não dá a chance dos alunos
falarem, ele parece que não acredita no potencial dos alunos,
sabe? Então os alunos não exercem a língua. Eu tava::: a gente
assistiu um::: um trabalho oral, uma apresentação que os alunos
tinham que apresentar a biografia de um atleta, só que dai na
hora que eles foram:: o trabalho escrito era todo em inglês, o
trabalho era uma biografia e um perfil, só que dai na hora de
apresentar era tudo em português. Dai enquanto eu observa eu
ficava meio que pensando tá, como que isso se encaixa num
trabalho de inglês? Porque os alunos não estão usando a língua
em nada. Acho que tipo de 40 e:: quando 50 alunos que eu
assisti, uma pessoa falou em inglês a apresentação inteira. Então
qual que é o propósito desse tipo de trabalho se não vai usar a
língua pra nada?
(++++++)
F1: Perguntei demais né? Quer...
F2: Não, tá tudo certo
@@@
F2: É porque como a gente já conversou, eu já fiz perguntas,
você é um:::
F1: Um elemento diferente
F2: É interessante esse elemento diferente
F1: E nesse momento, é uma pergunta que não quer calar, do
momento que você se olhou seja planejando seja dando aula e
agora de você tá ouvindo a opinião um do outro, e você está se
confrontando, enfim o que que é isso pra vocês? O que que
representa isso?
AP6: Não sei se é essa a resposta, mas eu tenho pensando a
respeito dessas reflexões que a gente tá fazendo sobre a prática Importância da reflexão para DP
do ano passado né, tem sido assim significante, tem sido esse aprendizagem/
momento que eu tô parando, que eu tô refletindo, que eu tô desenvolvimento
vendo quanto eu aprendi com esse ano que passou, e::: então pra
mim tá sendo muito legal, valioso de ter:: parar e realmente
poder refletir sobre aspectos positivos, aspectos negativos e
poder fazer escolhas daqui pra frente, aprimorando os positivos,
255
vendo o que que pode ser mudado nos negativos, porque ainda
mais esse negativo é um que sempre me vem à memória e que
eu sempre me policio agora pra não
F1: Que é qual, desculpa?
F2: A gente vai chegar nele
@@@
F2: Porque os dois escolheram o mesmo
F1: O mesmo, olha que coisa
AP4: Repete a pergunta, desculpa
F1: O que isso, se olhar né, representa pra você? Ler o que você
fez, porque ler a transcrição é se olhar né? Ler a transcrição da
reunião, ler a transcrição da aula dada, o que que:: você já tinha
feito algo semelhante?
AP4: Não
F1: A gente se olha no espelho todo dia, mas todo dia a gente tá
diferente né? Eu não posso olhar no espelho e ver meu ontem e
isso é olhar o seu ontem
AP4: Quando eu tava fazendo a transcrição das aulas, tinha dias
Importância da reflexão para DP
que eu pegava e ia assistir os vídeos pra ver como que era e tal...
F2: Ver como que aquilo tinha acontecido aprendizagem/
AP4: É, dai teve um dia que eu tava olhando assim, eu tava desenvolvimento
assistindo e eu fixei bem em mim pra ver como que eu
desenvolvia a aula, dai eu percebi que tinha partes da aula que
eu ficava tão perdido e eu acho que hoje, tendo essa consciência
de que eu fico perdido às vezes eu consigo meio que imaginar,
é:: tentar contornar isso, eu tenho essa consciência de que eu
tenho que contornar isso quando eu for:: aplicar né, quando eu
for fazer a regência de novo
F1: E você acha que essa atividade de se olhar, da
autoconfrontação, do transcrever o que você fez, é esse
deflagrador de tomada de consciência?
AP4: Ah sim, acho que muda muito quando a gente consegue
enx:: consegue ver com nossos próprios olhos o que a GENTE
tá fazendo, porque uma coisa é você ouvir alguém falar, mas
você conseguir ver depois de muito tempo como que foi é muito
impactante, porque a gente consegue ver o progresso também
F2: Porque eu lembro que quando a gente saía do circo, eu e o
AP4 a gente ia junto sempre né, e ai a gente entrava no carro,
olhava um pro outro ai o AP4 falava assim Nossa, aquele dia do
penúltimo né, ele falou Nossa hoje foi...
AP4: foi difícil
F2: foi difícil, dai eu falei é verdade, dai a gente começava a
conversa, mas aquilo lá era um momento ali né, acho que depois
com o tempo é outra reflexão, você já pensa de uma maneira
totalmente diferente, você já se distanciou daquele momento e
etc., mas eu lembro que a gente já refletia
AP4: Tinha dias que a gente entrava no carro e falava nossa hoje
nós falhamos né.
F2: É, um dia o AP4 falou assim hoje nós falhamos né
@@@
F2: Mas tem um momento do AP4 que eu lembro muito, nos
primeiros dias de aula, um dia ele foi falar uma atividade, ele
foi::: dar uma instrução e ele pegou e leu como tava no plano de
aula, ele leu o plano de aula, ai ele olhou e tava todo mundo
olhando pra ele tipo não tô entendendo nada, então dai ele
256
F1: Isso
AP6: Que eu lembro que foi uma atividade que eu preparei, pra DP
mim nossa ai que fácil, essa é essa, tipo assim não enxerguei o Readequação do agir docente
quão difícil poderia ser pra eles, porque eu acho que depois que (preparação de atividade)
você tem uma certa prática, um certo conhecimento em
determinada coisa, parece que não é tão difícil como quando
você começou, mas é. E eu não tive essa reflexão sobre, no
preparar né, e eu fui ter depois, quando a gente entregou a
atividade pra eles, que eles começaram a ver e eu vi que aquilo
não saía, já caiu uma ficha depois daquela aula assim
F1: Então o que você tirou disso?
AP6: Que eu tenho que me colocar no lugar do aluno pra poder
preparar a atividade pra ele
AP4: Eu ia falar a mesma coisa
AP6: E enxergar com os olhos dele, no nível que ele tá, assim
colocando um input maior mas tão xxx
AP4: Mas acho que também isso tem muito a ver com o::: eu DO
lembro muito bem que na reunião que a gente tava preparando
Influências na preparação de
essa foi um dia que a gente tava muito cansado, muito cansado,
e ai nesse dia ficou só nós dois e a gente queria muito ir embora, aula
e a gente não sabia o que fazer, a gente tinha que terminar aquela
aula e a gente não sabia o que fazer, e dai a gente não sabia,
simplesmente não sabia, dai a gente achou aquele site...
AP6: E a gente procurando entrevistas, entrevistas, e tudo muito
mais difícil, essa ainda foi a mais simples
AP4: E dai a gente achou que dava e no fim não deu
AP6: E a gente não podia mudar as respostas pra deixar parecido
com as perguntas, porque ia sair do autêntico dai
F2: Mas a gente tinha um propósito...
AP6: Tinha
DL
AP4: O propósito era eles saber que quando eles fossem fazer a
entrevista a pessoa entrevistada não ia responder yes, I do, que a Língua como prática social
pessoa ia elaborar mais as respostas
AP6: Que ela nem sempre ia responder com parte da pergunta,
tipo What's your name? My name is..., tipo talvez ela não ia
buscar uma parte da pergunta pra fazer a resposta
F2: É, e eu acho que era pra dar também é::: exemplos de
perguntas que eles iam ter que fazer a entrevista depois, então a
gente escolheu uma entrevista com um atleta...
AP6: Sim, o propósito todo era só que também a gente tava num DP
tempo limitado. Depois pensando melhor sobre, uma outra vez, Readequação do agir docente
a gente deu a atividade, pronto já tava dada, a gente precisava
(estratégias para facilitar
chegar na outra aula e corrigir, dizer o que xxx, não houve esse
tempo de a gente pensar, ou de eu pensar sobre como corrigir compreensão dos alunos)
essa atividade, então destacar alguns vocabulários que fossem
importantes pra eles entenderem, com imagens, ou fazer uma
maneira diferente pra que houvesse uma compreensão melhor
disso, que também dá pra fazer
F1: Eu vou lançar duas perguntas, porque eu tenho que sair, eu
queria que vocês pensassem um pouquinho se possível, não sei
porque a gente ainda vai fazer a extensão né?
F2: Ahan, vai
F1: Então não sei se vocês querem falar hoje ou pensar um DE/
pouco sobre isso, sobre critério de seleção de texto, que não é
Critérios para escolha de DP
porque eu tô trabalhando com esportes que qualquer coisa serve,
258
F2: Porque daí a decisão do AP4 foi Ah só we are going to do it da não realização da tarefa
now.
AP6: Sim, fazer agora.
AP4: Você faria a mesma coisa?
AP6: Sim, principalmente assim nesse contexto, sim. Não sei
como seria em outros
F2: Por que nesse contexto sim?
AP6: Porque eram poucos alunos e:::
AP4: O tempo de aula era bem grande
AP6: Tempo de aula estendido, e acho que só apareceu um ou
dois alunos que não tinham ido na aula anterior, nessa aula ainda
dava tempo de abraçar eles e xxx
AP4: Nossa, acho que esse foi nosso maior desafio né?
AP6: Eles não fazerem tarefa? DO
AP4: A ausência, a falta, porque quando eles faltavam era um Causas e efeitos da
desafio pra nós fazer com que eles não ficassem perdidos desmotivação dos alunos
AP6: Na aula de duas horas...
AP4: Uma hora era pra contextualizar
AP6: Era mesmo
AP4: Ai ficava chato pra quem tinha ido, e quem não tinha ido
antes ficava perdido do mesmo jeito
AP6: E que aconteceu desistências por esse motivo também,
aulas que tinham que se repetir, partes dela, aí o aluno ah já fiz,
tá tudo igual, não vou mais. Eu lembro de uma aluna que quando
a gente repetiu uma aula da quarta-feira no sábado, só tinha uma,
só tinha ido UMA aluna da quarta-feira no sábado, e todos que
foram no sábado não tinham ido na quarta dai a gente repetiu a
aula que era uma aula importante, aquela aluna nunca mais
apareceu
AP4: Não lembro, quem era?
AP6: A [nome de aluna suprimido], a novinha
AP4: Ah, sumiu mesmo
AP6: E foi depois dessa aula
AP4: Ela ter sumido acabou com a minha pesquisa
@@@
F2: A culpa foi de repetir a aula
AP6: Mas não tinha como avançar...
F2: Então, era isso que eu ia perguntar, vocês mudariam, não
repetiriam?
AP6: Não sei o que xxx
AP4: Ai, acho que o problema tava:: que a gente tava querendo DP
abraçar tudo
Retomada de conteúdos para
AP6: E todos
AP4: E todos, e a gente tava::: é:: foi uma falha do curso, uma contextualizar alunos
falha de planejamento nosso, porque a gente queria cumprir tudo
que a gente tinha se proposto a fazer que era dar aula pra todo
mundo que tinha ido naquele primeiro momento e dai a gente
queria abraçar todo mundo, a falta de disponibilidade e tal e isso DO/
impactou depois, foram decisões erradas que a gente tomou e Gerenciamento de classe DP
impactaram no futuro do curso
F2: Tipo que decisões?
AP4: De dividir a turma e tal
F2: Mas a gente não chegou a dividir a turma...
AP6: Não, a gente dava aula de sábado e de quarta, talvez se a
gente não tivesse feito as aulas de quarta, só as de sábado a
260
AP4: Você consegue::: acho que você conseguiu se colocar um Conhecimento dos alunos e
pouco no lugar deles sabe? Essa sensibilidade que eu não tive, seus contextos
eu não tinha visto com esses olhos, eu tinha esquecido disso só
lembrei agora, essa sensibilidade de enxergar o aluno e o
contexto e unir os dois sabe? Eu consigo me colocar no seu
lugar, eu consigo imaginar as coisas que você passa e eu consigo
ver que você não consegue enxergar o seu futuro, e eu não tinha
tido isso, na minha opinião eles não tavam fazendo porque eles
não queriam, sendo que minha infância é de um contexto bem
parecido, só que eu acho que meus pais me proporcionaram
oportunidades que eles não têm, vendo hoje
F2: Como assim?
AP4: De tipo::: é que meus pais eles sempre:: (+++) apesar de eu
ter vivido num contexto muito parecido, meus pais sempre
pegaram muito no pé tipo olha tô trabalhando então:: porque eu
tô te dando a oportunidade pra estudar e eu quero que você
pense no seu futuro, então eu acho que é esse tipo de empurrão
que faz a diferença sabe? É tudo uma questão de oportunidade,
DO
que é uma oportunidade que eles não tiveram e que eles acham
que passou e que não vão ter mais Falta de compreensão da
AP6: E que eles não foram cobrados né? Ou ensinados, tipo sei importância das aulas pelos
lá de dentro de casa mesmo então chegou ali e::: é mas foi assim alunos
foi um falando uma coisa aqui, outro falando uma coisa lá, você
vê que aquilo não tinha significado pra eles, sabe? Agora que foi
xxx da aluna aqui, nossa eles falavam da menina assim como se
ela fosse mesmo de outro mundo pra poder ter ido pra China, e
eu fiquei prestando atenção na maneira como ele falava sabe?
Mas isso é legal, que você falou da sensibilidade, porque a gente
tende a olhar os alunos como aprendizes da língua e eles não são DP
APENAS aprendizes da língua, eles são pessoas com muitas
Consideração das identidades
outras coisas que são mais relevantes do que o aprendiz da
língua e::: se a gente tá aqui não apenas pra ensinar a língua mas dos alunos
também pra formar cidadãos, então a gente tem que prestar
atenção também no::: nesse outro lado sabe? Bem legal, e até
um negócio que eu comecei tipo que escrever uma essay pro
primeiro bimestre e eu fui procurar um tema que eu nunca
estudei na graduação e que eu encontrei a teoria de tudo o que a
gente ouve, e um dos pontos que o autor colocava era isso você
mostrar pro seu aluno que você não vê ele apenas como aprendiz
de língua mas você vê ele como cidadão, com vontades, com
objetivos. E realmente, agora que você falou isso da
sensibilidade eu consegui ligar com isso e realmente vi que é
uma questão que a gente tem que ficar atento e mostrar a
importância deles não só::: porque assim, dai a gente insistiu
nisso e durou um bom tempo ainda né? DP
F2: A SD né? Readequação do agir docente:
AP6: É, porque talvez se a gente tivesse encurta:: tido a encurtar SD
oportunidade de encurtar isso e começa algo mais rápido que
fosse mais relevante pra eles talvez eles se engajariam mais
F2: Fiquei com uma coisa aqui na minha cabeça agora, é::: que
eu fiquei pensando assim, é:: vocês NÃO fariam por exemplo
essa SD? Se vocês conhecessem eles antes? Ou mesmo se a DP
gente tivesse feito perguntas que ninguém colocasse o contexto Readequação do agir docente:
profissional, é::: vocês não fariam?
mudança no planejamento do
AP6: Não sei
262
foi dada uma aula em que eu não estava então vocês estavam
relatando como foi a aula pra mim. Aí é sobre explicar a
atividade que você preparou e que você implementou
AP2: Tá, será que eu lembro disso?
F2: Vamos lá?
AP2: Vamos lá
((Leem o trecho da reunião))
AP2: Foi um fracasso minha atividadezinha. Todos tipo against
me, mas tipo realmente não funcionou
F2: Tá, mas todo mundo falou, é porque eu lembro muito que foi
muito comentada essa atividade
@@@
AP2: Tipo já veio na sua cabeça qual que eu vou mudar do AP2
já veio isso
F2: Não, não, eu trouxe assim momentos que você foi
protagonista entendeu?
AP2: Sim, sim.
F2: E esse eu lembro que foi muito comentada essa atividade
então::: eu trouxe. Mas agora, assim, DEPOIS, eu queria sua
avaliação sobre a preparação da atividade, se você faria igual se
você faria diferente, como você faria diferente?
AP2: A tá, tipo uma avaliação sobre o que eu fiz e se eu faria
diferente?
F2: Isso, a sua avaliação
AP2: Tá, é tipo eu quis fazer uma coisa que fosse mais uniforme
F2: Uniforme? Defina uniforme Critérios para elaboração da DP
AP2: Uniforme no sentido de ter pegado personagens todos do atividade
mesmo desenho, que eu acho que seriam tipo chamativos, a
gente não tá lidando com criança mas acho, algumas crianças
mas eu achei que seria bacana colocar tipo esteticamente
uniformes, entendeu? Tipo todas as imagens eram de boa
qualidade sabe tipo não era xxx, tipo eu liguei pra isso no
momento, e ai eu coloquei todos eles porque eles são do mesmo
desenho pra ficar como se fosse esquematizado todos eles de um
mesmo contexto, no caso...
F2: Era um desenho?
AP2: Era um desenho.
F2: Mas que você não sabe se eles assistiam o desenho?
AP2: É, eu não sabia se eles assistiam o desenho, mas ai tá o
foco maior não era se eles sabiam o desenho, mas se eles sabiam
as características físicas e aí::: eu:::: eles são personagens muito
diferentes, tipo tem seres humanos e tem tipo animaizinhos, mas
ai é:: isso a gente já percebeu que é uma falha, poderia ter usado
só seres humanos pra gente falar sobre características físicas,
ma:::s eu achei que fosse bacana, que talvez fosse legal trazer
pra esse lado de não trabalhar somente com humanos, e também
com animaizinhos no caso. Dai tipo tá...
F2: Eu imaginei que você escolheu pra ser uma coisa assim
divertida...
AP2: Isso, pra ser divertido, porque eles são muito simpáticos os
personagens, são muito bonitinhos.
F2: Do desenho? Tá, continuando.
AP2: Tá, e ai tipo hoje em dia eu tendo passado por esse
julgamento e tipo por essa malhação, @@@ esse julgamento
pós essa atividade eu não faria isso mais
267
Fonte: a autora.
AP3: Não, eu acho que assim, se você quiser trabalhar uma Concepção de SD: inclusão de DE
sequência didática, acho que é possível também misturar uma atividades dinâmicas
dinâmica, uma atividade mais viva por assim dizer, mas essa foi
uma coisa que chamou atenção, que quando a gente saiu dessa
SD que tava totalmente voltada pra eles e começamos a
trabalhar algo que é importante também, que pode fazer parte do
contexto mas de forma diferente, eu vi que eles se animaram
mais, então eu acho que dá pra trabalhar as duas coisas sim. Já
trabalhei anteriormente com sequência didática e eu vi que dá
pra fazer as duas coisas, que eu trabalhei mais com dinâmica,
também porque era com criança né, é diferente, mas dá pra
misturar as duas coisas, acho que não é impossível não
F2: Acho que o::: vários fatores aquela SD né? As expectativas
diferentes, é:::e a forma lógico, a gente podia ter feito diferente
né?
AP3: É, até quando a gente fez aquele de mímicas da::: que era Engajamento dos alunos em DO
do dia a dia assim, é::: tomar café da manhã, acho que foi isso, atividades dinâmicas
eu vi que a gente colocou lá no quadro as figurinhas mesmo que
pequenas eles iam lá olhar pra ver se tava fazendo certo, ah não
lembro o que que é, aí eles iam lá olhar pra fazer a mímica na
frente, então é diferente né, em senti que foi diferente todas as
vezes que a gente trabalhava com mais dinâmica, com algo mais
vivo assim eles se interessavam mais
F2: Ahan, ok. Então agora o terceiro trecho...
((Leem o trecho selecionado))
F2: Então, primeiro acho que a gente:: queria que você
comentasse sobre essa definição do conteúdo, se você achou
adequado ou não, se você mudaria algum conteúdo escolhido, e
etc. Apropriação do objeto de ensino DP
AP3: O conteúdo acho que não, é:: porque como a gente tava
trabalhando o CV com eles e o objetivo era eles fazerem né um
CV escrito e um profile oral depois, eles tinham que ter alguma
base, eu acho que foi interessante porque a gente pensou na hora
assim, ah vamos colocar outras pessoas falando né, que são do
mesmo contexto, falando porque é pra eles terem uma noção, eu
não sei se eu mudaria esse conteúdo. Eu acho que, na verdade, Falta de conhecimento DL/
eles não tinha muito background em inglês, então pra gente já linguístico dos alunos para DO
jogar assim e falar vai, fala sobre o vídeo, a gente percebeu que desenvolver ação
eles tinham muita dificuldade, então esse negócio de passar pelo
passado, pelo presente, de usar present perfect, a gente não ia ter
tempo hábil pra isso e também talvez não é o que a gente
deveria, o que::: não que a gente não deveria mas não foi o que
foi pedido pra gente trabalhar, então eu acho que assim poderia
se manter esse conteúdo, mas eu acho que eu teria trabalhado
mais o vocabulário de repente, mais tempos verbais pra depois
colocar isso daqui, pra eles realmente saberem falar, ou pelo
menos entender o que que tá...
F2: Não sei se eu entendi...
@@@
AP3: A clareza da pessoa...
F2: Não, não sei se eu entendi assim, colocar:: você falou é:: eu
trabalharia primeiro os tempos, o vocabulário, daí eu pergunto
de que forma você trabalharia? E depois disso aqui o quê?
AP3: Ah, pra depois eles poderem fazer. Isso aqui era a primeira
produção?
277
eles tentando ler, não conseguia, fazia aquela cara de que que tá
escrito aí, não entendi o que eu mesmo escrevi, então ter um
vídeo mais natural deles falando sem dar a entender que eles tão
lendo mesmo, não sabem o que tão falando, não que eles não
soubessem
F2: Eles sabiam né?
AP3: É
F2: Mas tinham dificuldades
AP3: Ahan
F2: Ok?
AP3: Sim
F2: Então agora na verdade é um trecho que virou dois tá? Mas
é que eu achei que era mais ou menos sobre o mesmo assunto
que é o grupo
AP3: Tá
((Leem os trechos selecionados))
F2: Eu acho que uma característica essencial era a dinâmica do
grupo né? Então gostaria que você comentasse. A primeira está
falando de uma situação que você viveu, você tava comandando
a aula e a F1 entrou no meio da aula pra:: porque ela queria
relacionar uns textos lá, então ela entrou pra essa colaboração.
É::: e o outro é que eu queria que você falasse sobre o seu papel,
como você se sentia no grupo. DO
AP3: É::: a questão assim de alguém entrar quando eu estou Colaboração dos AP em sala de
dando aula, eu não me importo, até mesmo porque no estágio, aula
quando eu fiz o projeto com a [nome de professora da
universidade suprimido] a gente trabalhava em dupla, sempre
em dupla, então assim às vezes a gente combinava ó então eu
vou até aqui e você segue até onde? Mas isso nunca impediu de
falar assim ah se você ver que eu tô falando alguma:: pode entrar
e me corrigir, eu não me importo né, tanto é que no estágio
também foi assim, se você ver que os alunos não estão
entendendo, entra não tem problema, porque a gente não sabe,
que nem a AP6 falou a gente tá aprendendo. Então assim, não
me importo, realmente ela entrou, falou, eu falei beleza, tirou as
dúvidas e tal, isso pra mim não interferiu em nada, eu não acho
ruim, talvez outra pessoa acharia mas eu:: eu até prefiro às vezes
porque assim eu posso me corrigir também, falar assim ah legal
essa abordagem que ela fez, o jeito que ela falou pode ser
interessante, posso tá me espelhando mais pra frente e tudo né,
então sinceramente pra mim não foi nada além. Meu papel
dentro do grupo? Do que? De eu ser grossa assim? @@ Tô
brincando.
F2: Não, não achei nada disso. Só pra você falar como que foi a
experiência, que você já tinha mais experiência que os outros
né? Então assim pra você comentar, o que você achou que
funcionou por ser um grupo grande né? E coisas que não
funcionaram, por ser um grupo grande também
AP3: É, até eu já tinha trabalhado, que nem eu falei pra AP6 Experiência anterior com ensino DE/
outro dia, a gente trabalhava com a SD mas eu não sei, dessa vez por meio de SD DP
foi diferente eu não sei porquê, realmente tiveram umas coisas
que não funcionaram, como tiveram outras que funcionaram
também. Então assim, quando eu comecei também, que eu
comecei trabalhando, eu já não entrei numa sala, então quando
eu comecei dentro de um projeto, eu entrei ajudando a fazer
279
né. Na vida inteira era sempre vermelho, dai recebia tudo::: daí
me vem com marca texto, até o fato de escrever com a régua né,
então acho que não sei, talvez assim de repente::: achei que foi
ótimo assim eles entrarem e ir pegando o jeito, o
desenvolvimento do AP2 porque a AP1 também depois saiu né,
mas o desenvolvimento do AP2 foi bem legal, também não sei
se foi porque ele começou a trabalhar e ai começou a pegar uma
turma
F2: Ele não tem turma né, no trabalho, ele é de apoio
AP3: A tá, mas talvez caiu aquela coisa assim de opa pera ai eu
sou professor também né, não somente mais um aqui dentro que
ah vai lá e explica, então achei que foi bem legal esse
desenvolvimento deles né, agora quanto ao meu, acho que:: sei
lá @@
F2: Pode falar
AP3: Não, acho que assim:: não sei acho que:: pra falar bem a Desengajamento da AP com DO
verdade eu dei uma bela desanimada no decorrer não sei porque, projeto
comecei ai gente vou ter que ir pro circo de novo, não que eu
achasse ruim assim mas eu não sei acho que por causa disso, que
eu achava que era muita gente pra pouco aluno então falava
assim vou lá pra fazer o quê?
F2: Que às vezes eu poderia ficar lá assim sem fazer nada
AP3: É, porque por exemplo assim, às vezes falava assim ah
quem vai dar aula? Por exemplo, ah eu não sei isso, acontecia Colaboração entre os AP DO
isso, que nem a F1 de entrar no meio da gente pra explicar, a
gente também fazia isso um com o outro, às vezes o AP4 falava
assim ah eu não sei isso, então pera ai vamos lá pesquisar, então
às vezes a gente entrava ó pessoal todo mundo presta atenção
aqui no que a gente vai falar e depois deixava a pessoa
comandar do jeito que era, então acho que talvez assim, pra o
Desenvolvimento dos AP: DO
desenvolvimento pessoal de cada um, talvez teria sido melhor
essa ideia de dividir mesmo, ó então sábado vai três no outro vai prejuízo pelo número de AP
três, ou dois, pra todo mundo ter essa:: experimentar o que é dar
aula dentro do contexto de vulnerabilidade que é totalmente
diferente do que a gente...
F2: Acho que todos tiveram momentos né, de dar aula, acho que
ninguém ficou sem::: sem comandar assim. É::: eu acho que
depois no::: no começo a gente tinha pensado em duplas
AP3: Era, foi em duplas
F2: E::: funcionou?
AP3: É, era a mesma coisa, funcionou que ninguém falava mais, Falta de iniciativa para DO
ficava todo mundo lá assim, eu acho que o que eu percebi assim,
colaboração entre os AP
nosso xxx era eu e a AP6 lá, principalmente quando ainda era de
quarta-feira, que a gente ia lá na frente e ficava todo mundo ao
redor se olhando, ai falava assim vamos entregar as atividades e
eles ficavam lá parados sabe? Eu assim gente ajuda a entregar as
atividades, ah tá, vou ajudar então, então faltava um pouquinho
de ah eu tô aqui como apoio também, mas se ela tá dando aula o
que que eu posso fazer tá ajudando, num feedback de repente ou
alguma coisa assim, então acho que faltou um pouco dessa:::
desse senso de quer que eu entregue a atividade? Quer que eu
faço? Ó não ficou claro isso, explica de novo né, fulano não
entendeu...
F2: De colaboração?
AP3: É, de colaboração.
281
@@@
F2: Obrigada, AP3!
AP3: De nada.
Fonte: a autora.
F2: Faz parte né, se a gente pegar que estamos trabalhando com
língua como prática social, o con::: o que você fala de concreto Relação do ensino com a prática DP
que ocorre de verdade tem que existir né, e::: o fato de a gente social
querer saber dele o que ele sabe também faz parte, que a gente
sempre parte do que::: do envolvimento deles com o:: com a
prática
AP2: Sim
AP3: E o bom também de ter o aluno participando é que você Importância da interação com e DP
sabe até onde ele tá entendendo ou não e onde você quer chegar entre alunos
AP2: Aqui:: aqui não foi exatamente essa coisa que:: a gente tá
falando com um propósito a ser seguido, aqui foi mais eu e a
AP6 falando, dando exemplos e eles não falaram tipo tô
entendendo, não teve alguma concordância tipo eu conheço e tal
já ouvi, mas não foi exatamente isso que a gente pode perguntar
e eles falarem ah sim já ouvi e tal, eu lembro de tal coisa e tal,
mas foi meio que...
F2: Na sessão da AP6 e do AP4 a gente comentou um trecho que
eles escolheram também que ai o AP4 falou::: era a apresentação
do projeto da entrevista, ai um perguntava e o outro respondia
AP2: Ah, entendi
F2: Eles não davam tempo pros alunos responderem
AP2: Entendi
F2: Ai o AP4 falou que ele acha que era ansiedade porque eles
queriam apresentar pra ver qual que era a reação, é::: talvez seja
não sei o que vocês acham, ansiedade de fazer a aula andar, ou
é::: o fato de a gente sempre estar em muita gente, muito
professor
AP2: Ou então talvez seja um pouco é::: receio do silêncio sabe? Uso da LI e da LP em sala de DP/
Tipo né gente? Ai eles tipo (+++) porque isso acontecia pra aula: (in)compreensão dos DL
caramba né? Por exemplo olha aqui, nessa aqui eu começo For
alunos
example, let me tanana, dai do nada já começo Por exemplo eles
chamam pessoas famosas, porque a gente percebia muito isso a
gente começava a falar inglês achando que eles tavam
compreendendo mas eles começavam tipo (+++) que que tá
acontecendo? A gente ia pro português né porque a gente
percebia que eles iam se desmotivando tipo o que que ele tá
falando ali? Não tô entendendo nada, né? A gente sempre meio
que acabava falando português
F2: E o que você pensa sobre?
AP2: Não, acho que::: já que era uma necessidade... a gente
tentava simplificar também o que a gente podia e quando a gente
via que não ia rolar a gente falava em português, né? Por
exemplo eu lembro que pra eles chegarem a entender que
interview era entrevista foi tipo muito trabalhoso, eles não tavam
conseguindo associar ai eu acho que a gente realmente tipo
entrevista, entendeu?
F2: Eu não lembro se a gente falou, mas tá, entendi o seu ponto
de vista
AP3: Eu acho que esse negócio de medo do silêncio, antes de eu Estratégias para compreensão da DP
começar estágio essas coisas eu também tinha medo, ai a gente LI pelos alunos
acaba aprendendo né, as pessoas não respondem você começa a
jogar outras coisas, fazer outras perguntas né, tipo...
AP2: Talvez a pergunta que eu acabei de fazer foi muito
complexa
AP3: É, vamos mudar
287
falou assim não, vai lá e aplica né porque a gente pediu pra ele
explicar aquele dia na aula e a gente viu assim que conforme ele
ia explicando o pessoal realmente não tava::: deu muita
confusão por essas características no desenho serem semelhantes
e não era a que ele tava pedindo. Então::: mas é com a prática
que a gente aprende né? Né AP2?
AP2: Eu vou comentar aquilo que a gente que eu já falei com
você
F2: Pode comentar, o que você aprendeu, o que você sente agora
olhando DP
AP2: Acho que se eu fosse é:: me pedissem pra fazer uma Readequação do agir:
atividade nesse sentido de novo eu tentaria trazer todos seres preparação de atividade
humanos por exemplo pra começar e trazer:: é:: adjetivos mais
básicos tipo assim tall, sei lá
AP3: Então porque assim a gente já tava trabalhando os
adjetivos né, então já tinha determinado quais seriam usados
AP2: Ahan, seria um vocabulário mais específico
AP3: Sim mais específico, {então era pra fazer a atividade
mediante aquilo
Ap2: Pra relembrar}
AP3: pra realmente não sair e dar essa confusão, ah isso aqui a
gente não ensinou, isso aqui ele não vão saber
AP2: Então seria tipo tanto trazer ah::: figura, já que é um
matching, de trazer figuras que fossem mais uniformes assim
que você olha e você sabe, tipo se minha vó olhar pra aquela
pessoinha ela vai saber que sei lá a característica mais forte ali é
que ela é mais velhinha do que a outra que é mais alta do que::
entendeu? E o vocabulário mais simples que a gente tava
trabalhando né
F2: Você lembra qual foi o seu propósito assim? Ah vou escolher
essas figurinhas porque...
AP2: Porque eu achava que ia ficar legal, porque que ia ficar
bonitinho com eles todos do mesmo desenho assim, entendeu?
F1: Essa reflexão de que você faria diferente, você:: você teve já
no momento da aplicação, logo após
{F2: Na reunião?
F1: Na hora} que você tava fazendo a transcrição, ou agora?
F2: Na hora da reunião que ele tava relatando pra mim?
F1: Isso, na hora da reunião, ou agora que você tá passando por
esse:: por essa autoconfrontação? DO
AP2: Não, não, eu acho que foi na aplicação mesmo lá na aula, Percepção da inadequação da
que tipo nossa não tá certo aqui meus bichinhos do Hora de
atividade
Aventura, tipo...
F2: A atividade não...
AP2: É não tá rolando assim
F2: Não desenvolveu como você esperava né?
AP2: É, eu pensei que fosse ser:: tipo que fosse ser mais óbvio
não sei DP/
AP3: É que às vezes o que é óbvio pra você não é óbvio pro Critérios para escolha de textos/ DO
aluno, por exemplo como a gente falou mas é um desenho que imagens para atividade
você conhece né, então às vezes nem todo mundo tá
familiarizado né com essas características, acho que não é errado
escolher um desenho mas desde que realmente tenha uma
característica marcante né daquilo que você quer falar
AP2: Ou seja todos seres humanos tal
292
AP3: Não
F2: Não sei se a questão é essa, acho que a questão era que
não::: não era do contexto deles talvez
AP2: É
F2: Você nem pensou que eles não poderiam conhecer
AP2: Mas não era questão de conhecer os bichinhos, você ia
bater o olho e tipo na minha concepção né naquele momento
você ia perceber sabe de acordo com os adjetivos mas os
adjetivos não eram os mesmos que a gente tinha trabalhado
então não foi uma questão só das figuras, questão também do::
dos adjetivos
AP3: È que nas figuras, que nem quando a gente te mostrou não
sei se você lembra, que realmente por exemplo não lembro se o
elefante era velho ou...
AP2: Era, era
F2: Mas era esse o caso acho que só sabia que o elefante era
velho quem assistiu o...
AP2: Não, porque ela tem ruga
AP3: Porque tinha ruga, mas por exemplo tinha um que tinha o
nariz...
AP2: Que era pointed nose
AP3: Mas tinha um velho de cabelo branco até aqui embaixo
AP2: É, é verdade
AP3: E tinha um que era gordinho e narigudo, ai você falava
mas o que que eu relaciono esse? Sabe? Então ficou uma coisa
meio...
AP2: É DO
F2: Tinha várias opções, tinha várias figuras pra uma opção só
AP2: Eu lembro que xxx era um ursinho, tinha um ursinho assim
com uma roupa
Percepção da inadequação da
AP3: Dai a gente até tinha pedido pra ele explicar na aula
porque a gente também ficou na dúvida, então assim AP2 você atividade
explica porque né... a gente não tinha entendido, ai quando ele
começou a explicar né pros alunos assim, ai tá explicou
entenderam? Ficou aquela coisa meio né, ai eles começaram a
fazer ai eles começaram a chamar, mas esse é o quê? Não sei,
AP2 o que que é o que que você selecionou aqui, que a gente
viu que realmente não tava tão claro assim
(++++)
F2: Podemos passar pro próximo?
AP2: Podemos
F2: Então a última é da reunião do dia 07/07, ocorrida no início
da SD do perfil no trecho::: eu trouxe dois trechos na verdade
tá? A F1 suscita reflexão sobre a colaboração dentro do grupo,
porque essas duas partes têm a ver com essa:: é::: esse grupo
((Leem a transcrição do primeiro trecho selecionado))
F2: Vocês já querem ler a outra ou querem comentar sobre esse?
F1: Acho que podia ler né na sequência
F2: Tá, a outra é da reunião do dia 22, a gente tava planejando
aula e tinha uma atividade pra ser corrigida
((Leem a transcrição do segundo trecho selecionado))
F1: Tá, são duas coisas diferentes. Primeiro é essa coisa da DO
colaboração, do::: ou não colaboração, como vocês se sentiram?
F2: Dentro dessa dinâmica desse grupo
F1: Né, de colaboração, de ensino em time, seja qual for o termo
293
AP2: Eu gostava muito quando você ia pro circo por exemplo Colaboração entre professores
porque você realmente fazia isso de::: tipo a gente tava dando em sala de aula
uma explicação ai você ia lá e dava uma complementada, ou
então acho que você iniciava a aula quando você tava lá, não
lembro muito bem
F2: Acho que não, começar não
AP2: Mas era sempre legal, tipo você ir lá e ajudar a gente a
explicar um exercício, introduzir algum tópico que a gente ia
começar a falar com eles
F1: Tá, o que que você quer dizer com legal?
@@@
AP2: Ah, porque tipo era bacana entendeu? A gente:: a gente por
mais que a gente estivesse lá ah somos professores estamos aqui,
acho que a gente continua com uma certa insegurança, e você
passava uma certa segurança pra gente lá, quando você tava lá
sabe? Mesmo observando a gente tal, acho que a gente podia
esclarecer dúvida com você por exemplo, acho que isso era legal
AP3: Eu acho que essa questão de colaboração sempre teve né,
desde o início das aulas até mesmo quando era sei lá hoje vai ser
o AP2 e o AP4 que vão dar aula, ai quando vocês tavam lá na
frente a gente ficava mais atrás, ai quando a gente via que tinha
alguma coisa a gente já entrava né, ah vocês entenderam? Então
tá vamos esclarecer aqui mais um pouquinho, é::: esse dia foi
quando eu e a AP6 a gente tava dando aula e assim, eu gosto
também porque é:: a única vez que eu trabalhei sozinha foi no
meu estágio ano passado e eu falava pra minha professora pode
me interromper, falar, porque assim às vezes EU acho que eu tô
sendo clara e que EU tô ensinando de uma forma correta que às
vezes não tá tão certo assim, então acho interessante outra
pessoa vir, falar, esclarecer, porque às vezes eu tô vendo assim e
outra pessoa tá vendo que os alunos tão com dúvida, mas eu não
tô vendo, então vem, ajuda, colabora, pra mim não tem
problema nenhum isso, eu até prefiro também que venha, ajude,
colabore, até acho que foi na última aula se eu não me engano eu
não lembro qual era que tava você e o AP4 e dai tava eu e a AP6
e ele tava em dúvida quanto a uma palavra, ai uma hora o AP4
olhou assim e dai a hora que eu vi que ele olhou com uma cara e
falou eu não sei explicar isso aqui, não peraí então vamos
explicar, vai então vamos escrever no quadro, quer dizer
enquanto os alunos estavam fazendo atividade tava eu e o AP4 DO
lá escrevendo no quadro esquematizando como é que ia ser feito,
ah então tá gente presta atenção, ah vocês entenderam isso
daqui? Não, dai vem outro que de repente ó vamos fazer uma
outra explicação que talvez mais clara ou didática diferente,
então por mim...
AP2: Eu acho que eles enquanto alunos também se acostumaram Composição heterogênea do
a essa nossa dinâmica, a gente tava lá mas peraí tá certo isso grupo de professores
aqui do jeito que eu falei? Porque a gente tinha muito isso, eles
sabiam que nós somos alunos da graduação, estamos aqui
professores em formação, então acho que nem eles esperavam
isso da gente chegar lá e dar tipo uma super aula confiante, sem
precisar olhar pro lado e confirmar se eu falei certo tal palavra, DO
eu acho que tanto a gente se acostumou com isso, a ter esse
suporte tipo F2 tá certo isso daqui? Tipo expliquei da forma
certa? Quanto eles entenderem a situação que a gente tava, tipo a
294
era muito mais pelo pessoal daqui do projeto mesmo do que mais experientes
pelos alunos em si entendeu? Porque eles iam ter um olhar mais
crítico a respeito do que eu tava falando, se eu tava falado
alguma coisa muito errada entendeu? Os alunos não iam
perceber isso, acredito eu, mas::: entendeu? Tipo assim não que
eu temesse que eles fossem me julgar não, porque eles super
DO
incentivavam ah AP2 dá essa aula então e eu falava não deixa
pra mais tarde entendeu? Ai acho que é legal isso::: essa reflexão
que eu tive agora, eu não me sentia oprimido por vocês em
momento algum mas era isso que eu falei pra vocês eu me sentia
meio inseguro em relação acho que mais a dar aula com vocês
ali presentes principalmente a F1 por exemplo lá e eu tendo que
falar em inglês tal do que dos alunos em si
F1: E você? DO
AP3: Ah eu assim...
AP2: Você desde o começo dava aula né?
AP3: Sim, mas quando eu comecei desde o primeiro ano a Papel de projetos na formação
participar de projetos realmente quebra né aquele impacto de
você estar falando pra um monte de gente, tudo bem que eu
ensinava criança né, criança e adulto é totalmente diferente, mas
realmente até hoje a gente sente assim essa ah será que eu
falando certo? Será que eu tô desenvolvendo meu papel bem?
Como será que vai ser? Tô desempenhando? Não tô? Tão
entendendo não tão? Como é que eu tô me saindo como
professora? Então assim questão de se sentir assim todo mundo Colaboração/ Apoio entre
sentiu assim viu AP2, fica tranquilo que alguns por::: que nem a participantes
AP5 também era uma das primeiras vezes que ela tava indo dar
aula, então assim a gente tava ali pra dar apoio e não pra julgar
né, o que a gente podia fazer era dar um feedback, olha AP2
quando você fez isso, evita fazer isso de repente, como a gente
falava com todo mundo, ó isso que você fez não foi legal, tenta
mudar
AP2: A gente dava esses conselhos tanto ali na hora da aula no
cantinho assim quanto na reunião né?
AP3: É, pra ajudar a melhorar mesmo não pra falar ó você não DO/
sabe dar aula, vai embora daqui DP
(++++)
F2: Mais alguma coisa?
F1: Mais alguma coisa que vocês queiram falar?
AP2: Acho que não
F1: Nós vamos ter mais uma né, que é com os quatro juntos e
nós duas que eu acho que dai é mais uma chance de a gente
poder é:: partilhar mesmo, partilhar reflexões é:: colocar
questionamentos então
AP2: Por mais que eu não tenha sei lá dado tantas aulas tenha
participado tanto lá na frente como professor eu:: sim acredito Aprendizado com o projeto DO
que contribuiu muito pra é::: por exemplo eu conseguir fazer o
que eu tô fazendo agora, claro que é pra um aluno um aluno na
minha frente nós dois na sala de aula é muito menos intimidador
pra mim que uma sala inteira, do que eu vou enfrentar por
exemplo no ano que vem entendeu? Mas sim aos poucos você
vai meio que se preparando tal né, eu tenho realmente essa
questão de ficar muito inseguro pra falar, por exemplo na aula da
disciplina oral, eu fico muito muito intimidado, eu fico vermelho
assim sabe, não consigo organizar as palavras, não sei
297
contribui pra somar com o que a gente vai fazer daqui pra frente Incorporação do aprendizado da DE/
porque por exemplo tá eu tô lá na escola onde eu tô com estágio abordagem de gêneros no DP/
com uma diferente metodologia e abordagem claro que eu não contexto atual de trabalho DO
vou transportar tudo isso que eu tenho de gêneros tipo acho que
nem funciona fazer isso com o material que lá eu tenho um livro
didático que eu acho que é isso que a AP6 criticou, essa questão
de tipo você odiava isso o livro didático essas...
AP6: Sim! Tinha um professor que não levantava a bunda da
cadeira pra nada
AP2: Exatamente, ai por exemplo lá eu me vejo com essa aula
que vou ter que dar que eu vou ter que passar aquelas duas
folhas ali durante 50 minutos e cumprir aquela lição, mas o que
que eu posso trazer de interessante disso que eu vivi com
gêneros sei lá de tentar dar um exemplo abrir um vídeo no
youtube que eu possa sabe mostrar algo mais real relacionado a
aquilo, eu acho que já é uma possibilidade que eu encontro de
meio que fazer um balanço fazer uma relação entre esses dois
tipos de coisa né? Aparentemente são coisas bem diferentes é:::
acho que o que eu faço lá é meio o que o interacionismo a
abordagem de gêneros meio que critica que vai meio que contra
né, mas eu acho que dá pra fazer essa meio que relação também
e isso é meio um legado que fica de tudo isso que eu vivi e tô
vivendo agora lendo e trabalhando pra quem sabe chegar, não eu
vou chegar né ao final do meu artigo publicar e tal, entendeu? Aprendizado com o projeto DO
Acho que isso vai ficar tipo pra sempre comigo, com a gente no
sentido geral
AP4: O AP2 vai criar uma nova abordagem em gêneros
AP2: Vou
@@@
F1: AP3, acho que não falou ainda né em relação a isso
AP3: Ah, concordo com todo mundo @@@ tô brincando. Eu
acho que assim quando eu entrei na graduação era bem perdida
né, e hoje...
((Há um barulho e o grupo conversa sobre isso))
AP3: E quando a gente desde o começo que nem vocês que
entraram desde o início da graduação dentro de um projeto acho
que isso ajuda MUITO o desenvolvimento durante o resto dos Importância de projetos na FI DA
anos tanto no estágio depois tanto porque vai precisar montar
aula ai você tem que aprender quais são os objetivos, se vai
funcionar ou não numa aula, porque que você quer trabalhar
com aquilo, que que você quer desenvolver no seu aluno que
capacidade você quer, então eu acho que::: vocês fizeram certo
em entrar cedo @@@ e esse trabalho em grupo também né
porque às vezes o que era minha dúvida não poderia ser a da
AP6 e um ia ajudando o outro ajudando mesmo né assim
trabalhando em equipe, ai quando mandava as atividades igual a Colaboração entre os DO
AP6 falou ah essa eu não faria que nem a do AP2 @@@ tô participantes
brincando, mas a gente aprende, não foi um aprendizado pra
você? Precisou colocar em prática pra saber que aquilo não daria
certo na perspectiva dele ia mas lá não deu então...
AP2: Eu também queria comentar que a gente fazia muito bem
esse balanço de isso não tá certo eu faria de outra forma e
também elogio porque:: da mesma forma que tipo assim a gente
tava lá tentando dar uma explicação numa hora e tava tipo e a
gente via que a pessoa tava meu deus tá dando errado a gente
301
mesmo chegava lá e não acho que tipo assim sabe? Tipo a AP3
chegava lá e é que tem, entendeu? Tentava dar uma outra
explicação meio que complementando aquilo que não tava indo
muito bem e ao mesmo tempo por exemplo lembro de
momentos que tipo eu tinha acabado de dar uma explicação ai eu
voltava lá pro lado sei lá porque as meninas iam dar outra task, o
AP4 chegava em mim e falava nossa esse foi muito bom
entendeu?
F1: A avaliação ocorria na ação, já não só depois?
AP2: É
F1: É, porque a gente fazia um feedback aqui né do que tinha
acontecido na aula do sábado pra inclusive saber de onde ia Reflexão durante e após a aula DO/
partir. Mas lá na hora já acontecia essa..? DP
AP4: Eu acho que acontecia isso também porque:: por causa da
quantidade de professores que acontecia isso, por causa desse
revezamento chegava uma hora:: na hora do outro descansar a
gente chegava lá e ó, foi legal enquanto os outros...
AP3: Ou senão perguntar o que que você achou né? Porque às
vezes assim não sei se eu consegui explicar, não foi bom deu pra
entender, ah então tá bom se eu consegui passar a informação
AP6: É, porque não é fácil, transmitir de uma maneira que o
outro entenda @@
AP3: Ainda mais quando você olha pros seus alunos e eles estão
com aquela cara de ponto de interrogação, vocês entenderam?
Dai ninguém se manifesta né, você fica...
F1: Então, essa ideia::: eu acho que tentando relacionar com o
que vocês estão falando aí, é::: esse é um projeto de pesquisa
que a gente ofertou um curso de extensão, mas ele poderia ser
um projeto de extensão ou um projeto integrado né, extensão Papel de projetos na FI DA
ensino etc. que na universidade é possível, existe esse projeto
integrado mesmo, esse é o título. É::: e essa é uma das
orientações ou sugestões do plano nacional de educação para a
década 2014-2024, que a extensão seja de uma certa forma
acolhida é::: incluída na graduação mas é:: na própria grade né?
F2: Não ser algo assim opcional
F1: Opcional, que ela seja:: que ela tenha um papel ali, então eu
diria uma obrigatoriedade, ou seja, então por exemplo as
diretrizes curriculares de 2015 que estão obrigando os cursos de
licenciatura a fazerem suas reformulações curriculares, uma das
questões é o aumento de carga horária de 2800 pra 3200 essas
400 horas SEM concurso público, sem a nomeação de novos
professores, ou seja, sem a expansão do corpo docente, como
que você aumenta em 400 horas um curso? Uma possibilidade
que algumas instituições estão vendo é com essa mesma
obrigatoriedade de outra regulamentação que é o PNE é a
extensão ocupando pelo menos parte dessa carga horária. E
vocês estão dizendo ai né vocês falaram um pouco desse papel,
que que vocês diriam sobre isso?
(++++++++)
AP3: Por que eu?
AP4: Eu não sei...
AP2: Eu também não
F1: Porque olha, teoricamente, o estágio começa na segunda
metade do curso, ou seja, no terceiro ano, quem vai pra escola
antes disso é ou quem faz PIBID ou quem faz extensão. Vocês
302
obrigatoriedade, porque se deixar como opção são poucos que Obrigatoriedade da extensão da DA
procuram né FI
AP6: São mesmo
AP3: Bem poucos né
AP2: É por exemplo eu só::: eu precisava da bolsa na época tipo
preciso ainda @@ mas eu precisava da bolsa na época e eu só
Experiências com projetos e DP/
fui atrás da IC porque eu não consegui o PIBID e pelo que eu
vejo o pessoal da minha sala falando que eles não ficam tão programas na FI DO
satisfeitos com o PIBID, eu fico feliz de não ter dado certo o
PIBID inicialmente porque dai eu fui pra IC entendeu? Acho que
acabou sendo uma experiência bem mais rica, bem mais
complementar pra o que eu sei hoje do que teria sido com o
PIBID
AP3: E você também já aprendeu duas coisas, escrever artigo e
dar aula
AP2: Escrever artigo e dar aula, lá eu só ia dar aula
AP4: Eu não aprendi a dar aula no PIBID
F1: Você ficou quanto tempo no PIBID?
AP4: Um ano e meio, eu aprendi a comprar doce pra dar pros
alunos, porque era isso que a professora fazia xxx
F2: Os colegas do AP2 na turma também relatam isso
AP2: É, eles relatam que tipo::: é que por exemplo o [nome de
graduando suprimido] e a [nome de graduanda suprimido] eles
fazem com a [nome de professora da graduação suprimido], e a
[nome de professora da graduação suprimido] eles falaram:: ah
tipo ninguém nunca tá satisfeito, porque eles falam:: eu admiro
muito a [nome de professora da graduação suprimido] e eles
falaram que ela realmente possibilita que eles façam as coisas
tipo dar aula real, implementar atividade, mas o outro pessoal da
minha sala quando fazia ou que faz PIBID agora super reclama
tipo o orientador dá uma coisa pra você fazer de um dia pro
outro quando eles vão ter reunião, enfim eu não sei porque eu
não fiz PIBID mas só por essa impressão que eu tenho pelo o
que o pessoal fala eu me sinto muito agradecido por não ter dado
certo de fazer PIBID porque dai eu fui atrás de IC e gostei muito
da experiência
AP4: E é uma experiência muito diferente esse ensino que eles
propõem no PIBID pelo menos no PIBID da UEL, eu sei que é Comparação/ Avaliação PIBID e DO
um PIBID meio falho... projeto
AP2: Será que da UEL geralzão ou tipo Letras Inglês?
AP6: O espaço é diferente né
AP4: Então acho que essa da UEL porque eu já conversei com
pessoas do PIBID de outras universidades e era completamente
diferente, era muito parecido com o que a gente fez no nosso
projeto da IC, porque o da UEL parece meio jogadão. Então é
diferente porque querendo ou não aqui a gente tinha um pouco::
a gente tinha uma autonomia sabe? É a gente que vai preparar
porque a aula é nossa e não tipo a orientadora vai impor o que
você quer fazer, o que ela quer que você faça baseado nas coisas
que ela acredita e você não tem essa voz dentro do::: dentro da
sala de aula sabe? Porque dai você tem que lidar com a
burocracia da universidade a burocracia do colégio porque tem a
professora supervisora dentro da sala de aula e você não tem
autonomia nenhuma
AP6: Então é nessa questão que eu falo do espaço mesmo, você
304
por exemplo?
AP4: Ah, acho que sim
@@@
F1: Eu podia ter te dado a resposta? Sendo que eu sabia né,
poderia não saber também né
AP2: Eu acho que uma questão muito importante que a gente
adquire agora na análise de dados total é que chega aqui e fala
ah eu podia ter feito isso podia não ter feito isso mas tudo isso é
parte da nossa pesquisa é você provar o que deu certo o que não Reflexão sobre o agir docente a DE/
deu certo partir da pesquisa DP
F1: E parte dessa formação, é parte dessa aprendizagem
AP2: Porque tipo, exatamente, tipo acho que nem teria tanta
graça, nem teria tanto propósito você fazer uma coisa que foi
tipo sei lá perfeita de acordo com os aportes tudo o que a
abordagem com gêneros pede porque é isso né, é você meio que Aprendizado com reflexão sobre DE/
problematizar o que deu errado, é você destacar o que deu certo, “erros” DP
não é só tipo apagar o que deu errado, tudo isso é dado e tudo
isso é importante pro resultado final
(++++++)
F1: Fala AP4
AP4: Então ontem eu tava olhando meus dados e quando eu
analiso a participação dos alunos tem um dado específico que
fala que os alunos têm que agir de forma crítica na aula e tal e
daí eu tava olhando as transcrições e ai eu percebi a gente não
fez isso, a abordagem de gêneros defende que os alunos têm que
ser críticos em sala de aula e tal, ai eu tava pensando a gente
tinha essa noção da abordagem em gêneros mas a gente esquece
F1: Como assim a gente esquece?
AP4: É porque na hora a gente fica tão focado tem que preparar
essa aula que enquanto a gente tava na aula a gente esquece que
a gente tem que ter essa interação com o aluno de querer saber o
que ele...Pode falar
AP2: Só que queria falar que mudaria completamente se nós
fossemos pessoas sei lá sem relação com nenhum outro tipo de
função tipo uma graduação e vocês tipo dando aula porque a
gente tava aqui durante a reunião muitas vezes super cansados Condições para desempenho do DA
porque vocês tinham acabado de sair da aula e eu e a AP1 sei lá trabalho docente
tinha acabado de sair do estágio, a gente tava aqui e ai depois a
gente ia pra aula, então a gente não tava aquela coisa nossa tô
super tranquilo, super descansado aqui pra discutir o que que a
gente vai dar na próxima aula, acho que tudo isso também
influencia de alguma forma no resultado que a gente vai ter na
hora de preparar as atividades que a gente vai implementar, acho
que tudo isso tem relação também
AP6: Bem vindo à vida real
AP2: @@@ Exatamente!
F1: E o professor que dá 60 horas em sala de aula? Vocês estão
no estágio, tem algum professor que dá menos que 40 horas?
AP6: Acho que não
F1: E aí? Que horas ele prepara tudo aquilo? Corrige tudo
aquilo? Preenche aquele monte de pauta?
AP6: Com as horas-atividade cortadas
(++++++)
F1: Quer terminar?
AP2: É, eu te cortei
306
colocar aquilo que você aprendeu você vê como é tão diferente Distância teoria e prática na FI DE/
que::: que é diferente porque você não estuda a realidade do DP
lugar, o tipo do aluno que você vai trabalhar, vamos supor escola
pública você já tem aquele pré conceito de que na escola pública
os alunos são terríveis você não consegue dar aula você não
domina e tal, então como colocar isso em prática, aquilo que eu
aprendi na teoria? E no circo assim eu pude perceber que era
bem diferente porque pra começar já eram pessoas que estavam
interessadas em aprender inglês, então a gente já poderia ver
assim que teria um interesse maior né, a gente estaria ali pra
ensinar. É:::: teve o problema das idades, como lidar com isso? Especificidades do contexto de DO
Porque a gente não sabia, ao mesmo tempo também que alguns implementação
já sabiam muita coisa e outros nem tanto, então eu acho que o
que a gente desenvolveu aqui no projeto foi muito mais próximo
dessa realidade de teoria e prática do que a gente aprende assim
durante a graduação. Não que seja falha a graduação mas que
não é tão realista quanto:: a gente pôde entrar num contexto de Relação teoria e prática no DE/
vulnerabilidade ali do projeto, ver a realidade deles, trazer então
projeto DP
mas como é que a gente vai trabalhar? Como é que a gente vai
fazer? E entra também a questão que eles falaram no começo ah
vocês já sabiam mais do que a gente então teve toda essa
colaboração de quem não tinha bagagem de quem já tinha
bagagem do que a gente trazia já de teoria de outros grupos do
que a gente aprendeu pra estar colocando em prática num Aprendizado com colaboração DO
contexto diferente, então eu acho que uma coisa complementa a entre participantes do projeto
outra, de uma forma ou de outra assim::: não sei
AP6: é no circo a gente tinha uma autonomia muito grande pra
escolher o que ensinar, a maneira como ensinar né
AP3: As atividades... Autonomia dos AP no projeto DO
AP6: E quando a gente vai pra escola a gente se depara com
aquela relação entre o trabalho planejado e o trabalho realizado
né? Eles se encaixam realmente? Efetivamente o trabalho
realizado é o trabalho planejado? Porque quando a gente chega Dificuldades de colocar teoria DA
numa escola as coisas já estão previamente escolhidas pra nós, em prática
tem um livro tem o PCN pra seguir tem aquilo aquilo pra dar nas
aulas, provas, notas pra lançar e tudo mais, então vai de um
confronto mesmo com a teoria do fazer o aluno refletir, pensar
criticamente e tudo mais, então é complicado assim essa relação
de teoria e prática a gente tem que saber rebolar muito pra fazer
do trabalho planejado o trabalho realizado
AP3: É, porque por exemplo o que eu falei que eu mudaria seria
quando a gente colocou aquele monte de textos que assim
DP
quando era na quarta-feira ainda eu lembro que a gente projetava
lá e explicando e a gente via que tava uma coisa assim que tava Readequação do agir:
pesado que não ia e assim porque era o que eles precisavam planejamento e implementação
saber, ou não de repente pra montar o currículo, e que nem eu de SD
falei trabalharia nessa mesma abordagem mas talvez de um jeito
diferente que fosse mais interessante e talvez mais claro, então
acho que isso assim pesou muito na hora da gente escolher, a
gente viu que não deu certo então quer dizer né, não sei era uma
coisa assim que eu mudaria, não sei como mas...
AP6: trazer de maneiras diferentes mais imagens textos
menores...
AP3: Uma coisa mais pontual de repente
AP6: É, procurar no texto o que realmente eles precisavam pra
308
com uma dívida não num sentido ruim, mas como se fosse...
F1: Responsabilidade social eu chamo
AP2: Uma responsabilidade social de tipo assim, provavelmente
você não vai sair da UEL, claro que é uma possibilidade não sei
como vai ser meu futuro, mas tipo você sai da UEL e dai você
fica a vida inteira numa escola particular com uma abordagem,
como chama comunicativa?
F1: Comunicativa
AP2: E aí é isso ai entendeu? É::: eu agora me vejo no futuro
buscando alguma forma de trabalhar em educação pública pra
ter realmente essa questão de...
F1: Assumir essa responsabilidade social
AP2: Assumir essa responsabilidade social e tipo transformar, e
tipo assim você tentar de alguma forma, talvez eu não consiga,
mas tentar de alguma forma convencer esses alunos que tem
realmente um peso você saber inglês no meu caso que eu vou tá
ensinando inglês e é::: as possibilidades que simplesmente você
ter noção sobre essa língua porque por exemplo a gente não
busca proficiência na escola pública né? Tipo isso não vai
acontecer
F1: Por que não? Objetivos do ensino de LI na DA/
AP4: Isso é pessimista educação básica DL
AP2: É porque a gente fala isso na aula
AP4: É o professor que xxx
AP2: É que por exemplo a [nome de professora da graduação
suprimido] fala pra gente e você também já falou pra gente que
essa abordagem em gêneros e o que se busca na educação
pública é mais assim no geral você aproveitar da língua inglesa
pra tipo assim ampliar os seus horizontes
F1: Então, ser essa pessoa crítica né, pra poder olhar pra uma
mesma questão com diferentes possibilidades de interpretação
ou de visão né? A gente tava dando o exemplo lá que a gente
tava olhando pra sequência didática de menu, por que que no
Taiwan se come peixe no café da manhã? E a gente come pão
com manteiga, ou empadinha
@@@
F1: Bom, mas enfim, formar esse cidadão crítico é um objetivo
na educação básica para todas as áreas do conhecimento, ou
seja, também pra língua inglesa e a gente faz isso via linguagem.
Agora se você::, eu só falei porque não porque se você pensar:::
essa semana mesmo estavam me falando que numa escola X não
precisa dizer o nome mas comparando uma escola particular
com uma escola pública tá? É::: você tá no ensino médio? Na
escola pública?
AP4: Eu tô
F1: No ensino médio, quantos alunos tem e não fala o nome da
escola
AP4: 25
F1: 25, olha...
AP3: Só?
F1: Olha só, no ensino médio 25, e me falaram de uma escola X
particular aqui de Londrina no ensino médio com NO MÍNIMO
45 alunos em sala, e por que que o aluno da escola particular Não aprendizado de LI no DA
fala inglês e o aluno da escola pública não? Então um pouco
ensino público
disso, disso que a AP6 tava questionando, que NÃO quer ser o
310
Como que foi essa relação? O que ficou? O que mudaria? O que
repetiria?
@@@
AP2: Vocês gostam da gente mesmo?
@@@
AP3: Foi a primeira vez que trabalhou com estágio, você com
essa relação do projeto com a gente que uns sabiam outros não?
F2: É, eu falei no último dia de aula lá no circo que era pra
mim::: acho que vou chorar de novo
F1: Olha só pra lembrar uma coisa que eu não perdoo que vocês
desligaram a câmera naquela hora, não me conformo. Quando
teve todo o desabafo da [nome de convidada para entrevista
suprimido], do [nome do coordenador do circo e aluno do
projeto suprimido], o seu desabafo, o meu, ele desligou a câmera
AP3: Ê AP4!
AP4: A F2 não queria exposição::: foi na hora da despedida
F2: Mas até quando a [nome de convidada para entrevista
suprimido] tava lá e eles tavam falando dos projetos?
F1: É, ele desligou
AP3: Vixi
@@@
F2: Mas então né, que foi a primeira vez que eu trabalhei com a
formação e que eu era responsável, eu era muito responsável,
porque eu tinha uma pesquisa, mas ao mesmo tempo eu tinha os
alunos professores né, uma estagiária e vocês e os alunos de lá, Aprendizado da formadora em DO
porque não podíamos esquecer que a gente tava lá por um formação
propósito. Então às vezes eu pensava ai gente acho que eu não
vou dar conta, mas enfim eu tive o backup da F1 graças a deus
né, porque como pra vocês sem experiência era muito difícil
chegar lá e dar aula, pra mim foi muito difícil chegar lá e falar ai
será que eu ajudo, será que eu entro agora, será que eu falo, será
que eu não falo, eu tinha muita apreensão quanto a isso. Mas eu
acho que assim, talvez isso foi mais no começo né, porque
depois que a gente foi desenvolvendo o trabalho foi se
conhecendo melhor. Aprendi muito com vocês, várias
atividades...
AP4: Dá exemplo F2, a gente quer exemplo
@@@
AP3: Foi impactante né?
F2: Foi, e continua sendo
AP4: E aí a gente tem um paralelo né que é a F1 que já trabalhou
com vários projetos, como que foi?
F2: Olha ele tá...
F1: É, tão querendo me colocar contra a parede
F2: Porque pra mim, eu não tenho comparação, foi minha
primeira experiência
AP6: No começo, eu e a AP3 tava até conversando que a gente
ficava bem insegura, porque a F2 não tinha reação Insegurança inicial da formadora DO
AP3: A não sei se eu tô fazendo isso certo em formação
F2: Acho que eu não ia falar se tava certo ou tava errado
entendeu?
AP6: Mas continua assim né, mas depois o relacionamento né
AP3: É, o relacionamento
@@@
F1: Eu acho, pra mim foi extremamente importante até porque
312
APÊNDICE C
Análise das sessões de autoconfrontação em relação aos conflitos vivenciados pelos participantes
durante a Sequência de Formação
AP4 e AP6)
F1: E:: tá, você começou a dizer assim que você Teoria aprendida na Formação reflexiva de
tava na situação oposta né? Acho que foi essa a formação professor
palavra que ele usou, na situação oposta porque X X
você não vai poder usar nada do que você aprendeu, realidade do ensino Formação de professor
o que que você tem que usar? E como você se sente transmissor de
em relação a isso? Usar um livro, fazer três páginas conhecimento
de um livro, de que livro você tá falando?
F2: No estágio, o que você tem que fazer?
AP4: Ai, é Way to go eu acho, o livro não é ruim, só
que é uma perspectiva de ensino (+++) que eu não
tava preparado pra abordar, porque aqui na
graduação a gente tem::: a gente aprende muito
sobre o ensino de gêneros e a prática do ISD e tal,
só que dai chega no colégio já começa com unidade
didática, texto fabricado, e dai o professor não dá a
chance dos alunos falarem, ele parece que não
acredita no potencial dos alunos, sabe? Então os
alunos não exercem a língua. Eu tava::: a gente
assistiu um::: um trabalho oral, uma apresentação
que os alunos tinham que apresentar a biografia de
um atleta, só que dai na hora que eles foram:: o
trabalho escrito era todo em inglês, o trabalho era
uma biografia e um perfil, só que dai na hora de
apresentar era tudo em português. Dai enquanto eu
observa eu ficava meio que pensando tá, como que
isso se encaixa num trabalho de inglês? Porque os
alunos não estão usando a língua em nada. Acho que
tipo de 40 e:: quando 50 alunos que eu assisti, uma
pessoa falou em inglês a apresentação inteira. Então
qual que é o propósito desse tipo de trabalho se não
vai usar a língua pra nada? (ACC AP4 e AP6)
F1: E você acha que essa atividade de se olhar, da Aprimoramento por Formação reflexiva de
autoconfrontação, do transcrever o que você fez, é prática (auto)reflexiva professor
esse deflagrador de tomada de consciência? X X
AP4: Ah sim, acho que muda muito quando a gente aprimoramento por Formação de professor
consegue enx:: consegue ver com nossos próprios sugestão/avaliação de transmissor de
olhos o que a GENTE tá fazendo, porque uma coisa outros conhecimento
é você ouvir alguém falar, mas você conseguir ver
depois de muito tempo como que foi é muito
impactante, porque a gente consegue ver o
progresso também (ACC AP4 e AP6)
AP4: Nossa, acho que esse foi nosso maior desafio Revisão para Consideração com as
né? contextualizar alunos necessidades e
AP6: Eles não fazerem tarefa? X dificuldades dos alunos
AP4: A ausência, a falta, porque quando eles Progressão/Continuação X
faltavam era um desafio pra nós fazer com que eles do conteúdo Transmissão de conteúdo
não ficassem perdidos
AP6: Na aula de duas horas...
AP4: Uma hora era pra contextualizar
AP6: Era mesmo
AP4: Ai ficava chato pra quem tinha ido, e quem
não tinha ido antes ficava perdido do mesmo jeito
320
AP2: […] a gente percebia muito isso a gente Uso de LI na aula Autonomia do professor
começava a falar inglês achando que eles tavam X X
compreendendo mas eles começavam tipo (+++) Uso de LP na aula condições do contexto
que que tá acontecendo? A gente ia pro português né
porque a gente percebia que eles iam se
desmotivando tipo o que que ele tá falando ali? Não
tô entendendo nada, né? A gente sempre meio que
acabava falando português
F2: E o que você pensa sobre?
AP2: Não, acho que::: já que era uma necessidade...
a gente tentava simplificar também o que a gente
podia e quando a gente via que não ia rolar a gente
falava em português, né? (ACC – AP2 e AP3)
AP3: Eu mudaria talvez a abordagem como isso foi Interesses dos alunos X Definição de conteúdo
feito não sei, porque como a intenção deles a conteúdos relevantes para pelo interesse do aluno
princípio era que a gente queria que eles tivessem seu contexto X
ou um CV pra colocar na página deles né, pra Definição de conteúdo
mostrar que olha em inglês xxx, talvez eu não sei se pela importância
eles entenderam isso também, se era da vontade
deles de ter esse CV em inglês né? Porque vai que
de repente alguém estrangeiro olha e fala nossa vai
conseguir entender. E a questão do vídeo também
porque pra fazer uma breve apresentação e isso
quando a gente falava a gente via que tinha uma
certa resistência ah eu vou falar mas eu não sei falar,
vou escrever mas eu não sei escrever, como é que eu
vou colocar isso na minha página? (ACC – AP2 e
AP3)
AP3: Acho que assim como da primeira vez você já Professor experiente X Colaboração no trabalho
tinha recebido um feedback claro que a gente via professor inexperiente docente
assim que tava inseguro na correção né mas isso é X
com todo mundo, ai eu percebi que a AP1 falava Falta de parceria entre
assim não deixa que eu faço, não deixa ele fazer né, professores
tipo deixa ele corrigir e dai a gente falou ah mas
como é que eu... não faz a lápis, traz na reunião ai a
gente olha junto e fala ah tá beleza, muda isso muda
aquilo, pra já não passar caneta e depois ficar
rabiscando o feedback do aluno né? Então a gente
falou assim faz a lápis, apaga arruma agora tá
pronto, pode passar caneta e dar o feedback (ACC –
AP2 e AP3)
F2: Mas você se sentiu mais apoiado pelo grupo ou Professor experiente X Colaboração no trabalho
mais::: {com medo? professor inexperiente docente
AP3: Constrangido?} X
AP2: Não, apoiado porque vocês sempre queriam Falta de parceria entre
que eu:: vocês queriam que eu começasse antes professores
muito antes do que eu comecei, ah então agora vai
ser a aula do AP2 e do AP4, a aula do AP2 e da AP1,
entendeu? Então vocês tinham esse incentivo mas
pelo outro lado eu meio que evitava porque eu
nunca tinha dado aula foi minha primeira
experiência real assim (ACC – AP2 e AP3)
F1: Na leitura você tá fazendo isso agora. Bom mas Professor experiente X Colaboração no trabalho
324
olha você leu sobre participação periférica legítima professor inexperiente docente
e a participação central, em outras palavras o que X
que você tava falando nesse seu depoimento? Falta de parceria entre
AP4: Que elas eram a participação central por serem professores
mais experientes e ter de alguma forma guiado a
gente que...
F1: Mas aconteceu a participação periférica
legítima? Ou seja vocês saíram da periferia para o
centro?
AP4: Sim
F1: Como é que foi essa transição, esse movimento?
AP4: Foi depois dessa confrontação
@@@
AP4: Foi um momento forçado, vai
AP2: É igual aquele meu caso de ter DADO aula de
verdade só mais no final né, porque tipo assim vocês
ficavam ah então essa próxima vai ser a AP1 e o
AP2, dai a gente tipo não, adia mais um pouquinho,
a gente foi deixando mais pro final ah:::: igual eu
tava falando no meu áudio porque meio que faltava
coragem, faltava confiança pra::
AP6: Segurança...
AP2: É, isso ai, segurança pra::
AP6: Mas dai não começou assim de cara, foi uma
atividade né, o AP2 vai explicar essa atividade e
depois foi aumentando
[…]
AP6: Mas também a gente só falou um pouquinho
sobre isso, que é aonde você é capaz de chegar
entendeu? Mas pra gente chegar lá a gente precisa
de um auxílio, que seria o par mais capaz, porque
nesse caso a gente já tinha uma experiência sobre
preparação de aula e você tava ali pra aprender, pra
chegar nesse lugar de preparar aula (EC)
AP6: Então, foi um processo que você aprendeu Trabalho em grupo/em Colaboração no trabalho
com nós, você chegou lá e NÓS aprendemos com colaboração X isolamento docente
você porque você tinha depois::: preparar uma do professor X
atividade diferente de maneiras que eu não pensaria, Falta de parceria entre
eu lembro de uma vez que você me mandou vê se professores
isso tá bom? Ai eu olhei e pensei nossa nunca ia
pensar em fazer desse jeito
[...]
AP4: Mas acho que é interessante isso que a AP6
falou dessa visão diferente, é uma coisa que a gente
nota muito no trabalho em grupo, são visões
diferentes de como seria a aula, eu acho que a gente
como professor traz muito do nosso passado como
aluno de como a gente já viu uma pessoa dar aula,
então quando a gente junta tanta gente pra dar uma
aula, chega na hora de planejar a aula tem esses
conflitos de tipo eu aprendi assim quero ensinar
assim, então na hora de preparar as atividades a
gente vê muito disso que é o professor transmitindo
aquilo que ele já teve no passado pras atividades e
325
APÊNDICE D
Termo de consentimento livre e esclarecido dos alunos professores
Prezado/a Senhor/a:
Pesquisadora Responsável
RG: 7565870-2
APÊNDICE E
Termo de consentimento livre e esclarecido alunos do curso de LI
Prezado/a Senhor/a: