PREVIDENCIÁRIO Amostra
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Manual de Direito
Previdenciário
para Concursos
3ª
Edição
revista
atualizada
ampliada
2024
(Provisório)
CAPÍTULO 7
BENEFÍCIOS E SERVIÇOS
PREVIDENCIÁRIOS E ASSISTENCIAIS
EM ESPÉCIE
Aposentadoria especial
Salário-família
Salário-maternidade
Auxílio-acidente
Auxílio-reclusão
De seu turno, vários benefícios previstos na Lei 8.213/91 foram posteriormente extintos,
como o auxílio-natalidade, o auxílio-funeral, o pecúlio, do abono de permanência em serviço
520 MANUAL DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado
Art. 25. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, expressas em
benefícios e serviços:
I – quanto ao segurado:
a) aposentadoria por incapacidade permanente; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
b) aposentadoria programada; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
c) aposentadoria por idade do trabalhador rural; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
d) aposentadoria especial;
e) auxílio por incapacidade temporária; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
f) salário-família;
g) salário-maternidade; e
h) auxílio-acidente;
II – quanto ao dependente:
a) pensão por morte; e
b) auxílio-reclusão; e
III – quanto ao segurado e dependente: reabilitação profissional.
Por um lapso, faltou a inserção do serviço social, que voltou a ser um serviço previdenciário após
a revogação da MP 905/2019.
A aposentadoria por tempo de contribuição sem idade mínima foi extinta pela EC 103/2019,
respeitado o direito adquirido formado até 13/11/2019. Por sua vez, para quem era segurado
do RGPS em 13/11/2019, a EC 103/2019 constituiu quatro regras de transição, nos termos da
Portaria INSS 450/2020:
A aposentadoria por idade, que apenas exigia idade mínima e período de carência, foi
substituída pela aposentadoria programada, que exige idade mínima (65 anos para os homens
e 62 anos para as mulheres em regra permanente, ressalvado o regramento de transição),
tempo de contribuição e período de carência, que se subdivide em comum e do professor do
ensino básico.
Nesse sentido, a Portaria INSS 450/2020:
“Seção I Da aposentadoria programada (art. 201 da Constituição Federal)
Art. 6º A aposentadoria programada é devida aos segurados filiados ao RGPS a partir de 13 de
novembro de 2019, ou, se mais vantajosa, aos demais.
Art. 7º São requisitos para concessão da aposentadoria programada, cumulativamente:
I – 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos, se homem;
II – 15 (quinze) anos de tempo de contribuição, se mulher, e 20 (vinte) anos, se homem; e
III – 180 (cento e oitenta) contribuições mensais de carência. (Redação do inciso dada pela Portaria
INSS Nº 528 DE 22/04/2020).
Seção II Das Regras de Transição da Aposentadoria por Idade e da aposentadoria por tempo de
contribuição
Subseção I Aposentadoria por idade (art. 18 da EC nº 103, de 2019)
Art. 8º Para a concessão da aposentadoria por idade, conforme regra de transição fixada pela EC
nº 103, de 2019, exige-se, cumulativamente:
I – 60 (sessenta) anos de idade da mulher e 65 (sessenta e cinco) do homem;
II – 15 (quinze) anos de tempo de contribuição; e
III – 180 (cento e oitenta) meses de carência”.
1. Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insuscetível de recuperação para sua atividade habitual, deverá
submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. (Redação dada pela Lei
nº 13.457, de 2017)
522 MANUAL DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado
Ficou uma confusão danada. A nosso ver, excluídas as regras de transição, as regras perma-
nentes contemplam os seguintes benefícios previdenciários:
Ao final, ainda serão vistos brevemente os benefícios especiais do Regime Geral, instituídos para
situações pontuais por normas extravagantes, bem como serão citados os benefícios extintos do plano.
De logo, vale registrar que a concessão de aposentadoria espontânea nas estatais não
tinha o condão de extinguir o contrato de trabalho, não mais prevalecendo a redação do
artigo 453, da CLT, conforme entendimento pacificado pela Suprema Corte, desde o julgamento
da ADI/MC 1.721, em 19.12.1997, que se mantém até a atualidade:
“Previdência social: aposentadoria espontânea não implica, por si só, extinção do contrato de
trabalho. 1. Despedida arbitrária ou sem justa causa (CF, art. 7º, I): viola a garantia cons-
titucional o acórdão que, partindo de premissa derivada de interpretação conferida ao art.
453, caput, da CLT (redação alterada pela L. 6.204/75), decide que a aposentadoria espon-
tânea extingue o contrato de trabalho, mesmo quando o empregado continua a trabalhar na
empresa após a concessão do benefício previdenciário. 2. A aposentadoria espontânea pode ou
não ser acompanhada do afastamento do empregado de seu trabalho: só há readmissão quando
o trabalhador aposentado tiver encerrado a relação de trabalho e posteriormente iniciado outra;
caso haja continuidade do trabalho, mesmo após a aposentadoria espontânea, não se pode falar em
extinção do contrato de trabalho e, portanto, em readmissão. 3. Precedentes ADIn 1.721-MC, Ilmar
Galvão, RTJ 186/3; ADIn 1.770, Moreira Alves, RTJ 168/128” (RE 449.420, de 16.08.2005).
2. Art. 51. A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o segurado empregado tenha
cumprido o período de carência e completado 70 (setenta) anos de idade, se do sexo masculino, ou 65 (sessenta
e cinco) anos, se do sexo feminino, sendo compulsória, caso em que será garantida ao empregado a indenização
prevista na legislação trabalhista, considerada como data da rescisão do contrato de trabalho a imediatamente
anterior à do início da aposentadoria.
Cap. 7 • BENEFÍCIOS E SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS E ASSISTENCIAIS EM ESPÉCIE 523
3. § 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar no exercício
de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta Lei.
4. Art. 39. Extinguir-se-á a delegação a notário ou a oficial de registro por:
I – morte;
II – aposentadoria facultativa;
III – invalidez.
524 MANUAL DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado
Trata-se de regra infeliz, que utilizou como recorte intertemporal a data da concessão da
aposentadoria pelo RGPS, e não a data do implemento dos requisitos da aposentadoria.
Daí que, se aplicável na literalidade, os segurados que requereram o benefício antes da
promulgação da reforma constitucional serão prejudicados, acaso o INSS demore na concessão
administrativa e só o faça após vigente o novo regime jurídico.
Entende-se que o dispositivo deve ser interpretado conforme a Constituição, que deve ser
uma unidade normativa, de modo que o direito adquirido se forma pela implementação dos
requisitos a uma aposentadoria, e não no momento da concessão administrativa.
Ao menos deve ser considerada a data do requerimento administrativo como divisor do
regime jurídico, e não a data da concessão da aposentadoria.
O posicionamento esposado nessa obra foi seguido pelo Decreto 10.410/2020, que inseriu
o artigo 153-A no Decreto 3.048/99:
“Art. 153-A. A concessão de aposentadoria requerida a partir de 14 de novembro de 2019 com
utilização de tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública acarretará
o rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, após a consolidação da aposentadoria, nos termos
do disposto no art. 181-B, o INSS notificará a empresa responsável sobre a aposentadoria do
segurado e constarão da notificação as datas de concessão e de início do benefício. (Incluído
pelo Decreto nº 10.410, de 2020)”.
Prevaleceu o voto do Ministro Dias Toffoli, que afastou a competência da Justiça do Trabalho
por não envolver no mérito a rediscussão do contrato de trabalho na ação judicial de reintegração.
No mérito, referendou a regra do artigo 37, §14, da Constituição, exceto na situação de
transição do artigo 6º da Emenda 103/2019:
• “Tenho, de início, ser relevante a consideração da divergência quanto ao art. 37, II, § 14
(incluído pela EC nº 103/19), dado que, após sua inserção, de modo expresso, a Constituição
Federal definiu que a aposentadoria faz cessar o vínculo ao cargo, emprego ou função pública
cujo tempo de contribuição houver embasado a passagem do servidor/empregado público
Cap. 7 • BENEFÍCIOS E SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS E ASSISTENCIAIS EM ESPÉCIE 525
para a inatividade, inclusive quando feita sob o Regime Geral de Previdência Social. Não
obstante, tenho que o entendimento defendido pelo Ministro Marco Aurélio, apesar de se
basear em precedentes firmados anteriormente à entrada em vigor da EC nº 103/19, deve
prevalecer no caso concreto.
• Isso porque é preciso considerar o conjunto normativo da EC nº 103/19, que, em seu art. 6º,
determinou: “Art. 6º O disposto no § 14 do art. 37 da Constituição Federal não se aplica a
aposentadorias concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em
vigor desta Emenda Constitucional.” A norma em tela eximiu, portanto, da observância ao
§ 14 do art. 37 da Constituição Federal as aposentadorias que já houvessem sido concedidas
pelo Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor da Emenda. O
caso dos autos se refere a aposentadorias concedidas pelo RGPS antes da entrada em vigor
da referida Emenda Constitucional. Sendo assim, com base no art. 6º da EC nº 103/19,
inviável a aplicação da regra contida no art. 37, § 14 da CF/88 a este caso específico”.
A nova regra constitucional busca a redistribuição de riquezas, pois é socialmente melhor que
duas pessoas tenham uma renda cada do que uma pessoa acumular salário com aposentadoria
e continuar na ativa e não reabrir a contratação de um novo empregado público concursado.
Uma dica importante de estudo é a similitude de direitos entre o segurado empregado e o
trabalhador avulso, que normalmente são os mesmos. Na verdade, a Lei 8.213/91 nada mais fez
do que concretizar a Constituição Federal, que prevê no artigo 7º, inciso XXXIV, a igualdade
de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Uma questão não tratada expressamente na normatização dada pela Lei 8.213/91 é saber
se o segurado que se mutilou intencionalmente com o objetivo de obter a cobertura do seguro
social terá direito a um benefício previdenciário, especialmente o auxílio-doença, o auxílio-
-acidente ou a pensão por morte.
A princípio, entende-se que não, pois ninguém poderá se locupletar da própria torpeza,
socializando os custos de um benefício previdenciário. Contudo, se o segurado estiver privado
do uso da razão, não tendo consciência da natureza dos seus atos, deverá ser concedida a pres-
tação previdenciária.
Vale frisar que o Código Penal tipifica a conduta como estelionato por equiparação daquele
que destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde,
ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de
seguro (artigo 171, § 2º, inciso V).
Regulamentação básica: artigos 42/47, da Lei 8.213/91; artigos 43/50, do RPS (Decreto
3.048/99).
Códigos de concessão: 92 – Aposentadoria por incapacidade permanente por acidente
do trabalho e 32 – Aposentadoria por incapacidade permanente invalidez previdenciária (não
decorrente de acidente de trabalho).
Este benefício passou a se chamar aposentadoria por incapacidade permanente, nos
termos da Emenda 103/2019, a exemplo da citação feita no seu artigo 26 “aposentadoria por
incapacidade permanente aos segurados do Regime Geral de Previdência Social”.
526 MANUAL DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado
HOMENS
COEFICIENTE
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
21 anos 62%
22 anos 64%
23 anos 66%
24 anos 68%
25 anos 70%
26 anos 72%
27 anos 74%
28 anos 76%
29 anos 78%
30 anos 80%
31 anos 82%
32 anos 84%
33 anos 86%
34 anos 88%
35 anos 90%
36 anos 92%
37 anos 94%
38 anos 96%
39 anos 98%
40 anos 100%
Assim, se um segurado (homem) do RGPS ficar incapacitado de modo permanente com até
20 anos de tempo de contribuição, o valor da aposentadoria por incapacidade permanente será
Cap. 7 • BENEFÍCIOS E SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS E ASSISTENCIAIS EM ESPÉCIE 527
de 60% da média de todas as remunerações desde julho de 1994, observada a renda mínima
de um salário mínimo.
Curioso notar que, intencionalmente, o artigo 26 da Emenda 103/2019 não limita a média
de todos os salários de contribuição do segurado a 100%, de modo que o segurado incapacitado
de modo permanente que possuir mais de 40 anos de tempo de contribuição poderá fazer jus a
uma aposentadoria por incapacidade que ultrapasse a 100% da média de salários de contribuição
desde o Plano Real (competência 7/1994), a exemplo:
HOMENS
COEFICIENTE
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
41 Anos 102%
42 Anos 104%
43 Anos 106%
44 Anos 108%
45 Anos 110%
Para a aposentadoria por incapacidade da mulher existe uma regra especial de cálculo
da renda mensal no artigo 26, § 5º, da Emenda 103/2019, que prevê a progressão a contar de
15 anos, e não de 20 anos de contribuição:
MULHERES
COEFICIENTE
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
15 anos 60%
16 anos 62%
17 anos 64%
18 anos 66%
19 anos 68%
20 anos 70%
21 anos 72%
22 anos 74%
23 anos 76%
24 anos 78%
25 anos 80%
26 anos 82%
27 anos 84%
28 anos 86%
29 anos 88%
30 anos 90%
528 MANUAL DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado
MULHERES
COEFICIENTE
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
31 anos 92%
32 anos 94%
33 anos 96%
34 anos 98%
35 anos 100%
Suponha-se que uma mulher segurada no RGPS ficou incapacitada com 21 anos de tempo
de contribuição. Neste caso, a renda do benefício será de 72% da média de todos os salários
de contribuição desde o Plano Real, somente chegando a 100% se a segurada tiver 35 anos de
tempo de contribuição.
Dessa forma, o coeficiente mínimo será de 60% e o máximo não está limitado pela legis-
lação constitucional transitória.
Como se trata de benefício não programado e que exige carência (salvo casos de dispensa),
não se aplica a regra de destarte de que trata o artigo 26 da EC 103/2019, que se limita às
aposentadorias programadas.
Veja-se, a respeito, a Portaria INSS 450/2020:
“Art. 37. Na apuração do SB das aposentadorias programáveis poderão ser excluídas quaisquer
contribuições que resultem em redução do valor do benefício, desde que mantida a quantidade de
contribuições equivalentes ao período de carência e observado o tempo mínimo de contribuição
exigidos”.
Assim, NÃO poderão ser excluídas da média as contribuições que resultem em redução
do valor do benefício, desde que mantido o tempo mínimo de contribuição exigido, vedada
a utilização do tempo excluído para qualquer finalidade, para a averbação em outro regime
previdenciário ou para a obtenção dos proventos de inatividade dos militares.
No mesmo sentido o artigo 32, § 24, do Regulamento:
“§ 24. Para fins do cálculo das aposentadorias programadas para as quais seja exigido tempo
mínimo de contribuição, poderão ser excluídas do cálculo da média dos salários de contribuição
e das remunerações adotadas como base para contribuições a regime próprio de previdência social
ou como base para contribuições decorrentes das atividades militares de que tratam os art. 42 e
art. 142 da Constituição, utilizado para definição do salário de benefício, as contribuições que
resultem em redução do valor do benefício, observado o disposto nos § 25 e § 26. (Redação dada
pelo Decreto nº 10.410, de 2020)”.
Vale registrar que este novo regramento somente será aplicável para a DII (data de início
da incapacidade) a partir da publicação da Emenda 103/2019 (tempus regit actum), devendo ser
aplicado o artigo 44 da Lei 8.213/91 nos casos antigos.
Forçoso concluir que o artigo 44 da Lei 8.213/91 não foi recebido pela Emenda para as
novas incapacidades:
Cap. 7 • BENEFÍCIOS E SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS E ASSISTENCIAIS EM ESPÉCIE 529
Art. 44. A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de acidente do trabalho, consistirá
numa renda mensal correspondente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, observado
o disposto na Seção III, especialmente no art. 33 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032,
de 1995)
Achei ruim esta alteração, pois se trata de um benefício não programado, podendo ter
uma perda de até 40% de coeficiente (era sempre de 100% e pode cair para até 60%) em uma
situação de infortúnio. Ninguém em sã consciência pretende ficar inválido (agora chamada de
incapacidade permanente).
Ademais, há também perda de valor na base de cálculo, pois não mais teremos a exclusão
dos 20% menores salários de contribuição quando for feita a média aritmética simples desde
o Plano Real.
Uma situação esdrúxula é que a Emenda 103/2019 não alterou a renda do auxílio-doença,
que continua sendo de 91% do salário de benefício, limitado à média dos 12 últimos salários
de contribuição, nos termos dos artigos 61 e 29, § 10, da Lei 8.213/91.
Isso porque o artigo 26, caput, da Emenda 103/2019 somente se aplica aos benefícios com
regulação constitucional de requisitos enquanto não há lei de regulamentação (“até que lei
discipline o cálculo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social”), o que não ocorre
com o auxílio-doença, não regulado pela reforma constitucional.
Ademais, o parágrafo segundo do artigo 26 da Emenda 103/2019 somente se refere às
aposentadorias (“o valor do benefício de aposentadoria corresponderá a sessenta por cento da
média aritmética”), não abarcando o auxílio-doença.
Dessa forma, será comum ver a renda do auxílio-doença superior à renda da aposentadoria
por incapacidade permanente dos segurados que não possuírem largo tempo de contribuição, o
que é um contrassenso, até que haja uma possível alteração na Lei 8.213/91.
Para fatos geradores até 13/11/2019, a renda da aposentadoria por incapacidade permanente
deverá ser de 100% do salário de benefício, correspondendo este à média aritmética simples dos
80% maiores salários de contribuição a contar de Julho de 1994.
De outro giro, quando a incapacidade permanente omni profissional for fixada a contar
de 14/11/2019, a renda da aposentadoria por incapacidade permanente deve ser calculada com
lastro no artigo 26 da EC 103/2019.
O fato gerador da aposentadoria por incapacidade permanente (incapacidade total e
permanente para o labor sem possibilidade de reabilitação) é distinto da hipótese de concessão
do auxílio-doença/auxílio por incapacidade temporária (incapacidade temporária para o labor
habitual por mais de 15 dias consecutivos OU incapacidade permanente com possibilidade de
reabilitação profissional).
Dessa forma, mesmo com a mesma DII, na hipótese de conversão de auxílio-doença em
aposentadoria por incapacidade permanente em decorrência do agravamento da doença ou
lesão, é necessário estimar a data em que a incapacidade se tornou total e permanente
sem a possibilidade de uma reabilitação profissional para a fixação da data do direito à
aposentadoria incapacidade permanente a fim de identificar a lei aplicável ao benefício,
que não será necessariamente a mesma legislação do auxílio-doença.
Nesta hipótese, se o fato gerador do auxílio-doença for até 13/11/2019, mas o fato gerador
da aposentadoria por incapacidade permanente fruto de conversão for a contar de 14/11/2019, a
renda mensal da aposentadoria por incapacidade permanente deverá observar o novo regramento
do artigo 26 da EC 103/2019, tanto em relação ao cálculo do salário de benefício (média de
100% a partir de 7/1994) quanto ao coeficiente, em que pese o direito ao auxílio-doença ter se
formado na vigência da legislação anterior.
Há previsão de concessão da aposentadoria por incapacidade permanente a todas as classes
de segurados do RGPS, uma vez realizados os requisitos legais.
5. AC 2001.38.0.2001443-7, de 10.11.2008.
532 MANUAL DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado
Súmula 77 –“O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando
não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.
6. http://www.cjf.jus.br/cjf/noticias-do-cjf/2014/setembro/tnu-aprova-sumula-78.
Cap. 7 • BENEFÍCIOS E SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS E ASSISTENCIAIS EM ESPÉCIE 533
É possível a concessão de aposentadoria por invalidez, após análise das condições so-
ciais, pessoais, econômicas e culturais, existindo incapacidade parcial e permanente,
no caso de outras doenças, que não se relacionem com o vírus HIV, mas, que sejam
Tese firmada
estigmatizantes e impactem significativa e negativamente na funcionalidade social do
segurado, entendida esta como o potencial de acesso e permanência no mercado de
trabalho.
O caso concreto versou sobre o lupus eritromatoso. Não obstante isso, no voto vencedor
da lavra do Juiz Federal Luís Eduardo Cerqueira, foram citadas decisões que reconheceram
as seguintes doenças com possibilidade de estigma social: hanseníase, doença psiquiátrica,
Síndrome de Marfan e ceratose actínica.
A incapacidade permanente pode ser definida como a incapacidade laborativa total, indefi-
nida e multiprofissional, insuscetível de recuperação ou reabilitação profissional, que corresponde
à incapacidade geral de ganho, em consequência de doença ou acidente.
534 MANUAL DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado
De acordo com o artigo 151, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 13.135/2015, “até
que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência
a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por incapacidade permanente ao segurado que,
após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase,
alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espon-diloartrose anquilosante,
nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte defor-mante), síndrome da deficiência
imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina
especializada”, tendo a novidade sido a inserção de esclerose múltipla.7
Registre-se que desde a vigência da Portaria Interministerial MTP/MS 22, em vigor
desde 03/10/2022, o rol de doenças graves que dispensam a carência foi ampliado com a
inserção do acidente vascular encefálico agudo e do abdome agudo cirúrgico. Por outro lado,
para que haha dispensa de carência para DII desde 03/10/2022, o transtorno mental grave exige
que esteja cursando com alienação mental:
“Art. 1º A concessão dos benefícios auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria por inca-
pacidade permanente aos segurados do Regime Geral de Previdência Social - RGPS será isenta de
carência quando a incapacidade laborativa for determinada pelas doenças e afecções listadas nesta Portaria.
7. De acordo com a Portaria MPAS 2.998/2001, dispensam a carência às seguintes enfermidades: a) tuberculose
ativa; b) hanseníase; c) alienação mental; d) neoplasia maligna; e) cegueira; f) paralisia irreversível e incapa-
citante; g) cardiopatia grave; h) doença de Parkinson; i) espondiloartrose anquilosante; j) nefropatia grave; l)
estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante); m) Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS;
n) contaminação por radiação com base em conclusão da medicina especializada; ou o) hepatopatia grave.