http://dx.doi.org/10.

30681/252610105378 ARTIGO ORIGINAL

Ventosaterapia no alívio da dor cervical em costureiras do sul catarinense

Cupping therapy in the relief of cervical pain in seamstresses from southern Santa
Catarina

Terapia con ventosa para aliviar el dolor cervical en costureras del sur de Santa
Catarina

Izabela da Silveira1, Luana Ugioni do Livramento2, Luiza Caroline Netto Zanette3,

Luanna dos Santos Galvão4, Paula Thiesen Schuelter5, Kristian Madeira6,
Lee GiFan Althoff7

RESUMO
Objetivo: identificar os efeitos do método de ventosaterapia no alívio da dor cervical
em costureiras de uma confecção do segmento vestuário jeans, na região carbonífera do
sul catarinense. Método: trata-se de um estudo quantitativo e longitudinal, realizado no
segundo semestre de 2019, com a utilização da ventosaterapia durante oito semanas
consecutivas em costureiras de uma empresa da linha têxtil no ramo do jeans, entre 40
e 50 anos, que apresentam cervicalgia. Foi utilizado a escala visual analógica para
avaliação da dor. Resultados: a amostra foi composta por mulheres com média de 44,75
± 3,58 anos, que 100% relataram dores antes da ventosaterapia, sendo 75% na cervical e
37,5% sentia essas dores diariamente. Após ventosaterapia, 50% não apresentou dores,
87,5% relatou não atrapalhar nas atividades diárias. Conclusão: foi observado a redução
significativa na dor das costureiras, após utilização de terapia com ventosas.
Descritores: Cervicalgia; Sucção; Terapias Complementares.

1Acadêmica de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Criciúma, Santa Catarina, Brasil. E-mail:
izabelasilveiraa@gmail.com ORCID ID: http://orcid.org/0000-0003-3791-2639
2Acadêmica de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Criciúma, Santa Catarina, Brasil. E-mail:

luanaugioni@gmail.com ORCID ID: http://orcid.org/0000-0002-4993-6331

3Acadêmica de Medicina da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Criciúma, Santa Catarina, Brasil. E-mail:

luizacnettozanette@gmail.com ORCID ID: https://orcid.org/0000-0003-0927-7017 Autor para correspondência - Av.

Universitária, 1105. Bairro Universitário. CEP: 88806-000 - Criciuma, SC – Brasil. Telefone: (48) 4312-652.
4Acadêmica de Medicina da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Criciúma, Santa Catarina, Brasil. E-mail:

luannagalvao@unesc.net ORCID ID: http://orcid.org/0000-0001-7069-603X

5Acadêmica de Medicina da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Criciúma, Santa Catarina, Brasil. E-mail:

schuelterpaula@gmail.com ORCID ID: http://orcid.org/0000-0003-2865-296X

6Graduação em Ciências e Matemática pela Extremo Sul Catarinense (UNESC), Criciúma, SC, Brasil. Doutor em Ciências da Saúde.

Professor de Bioestatística da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Criciúma, Santa Catarina, Brasil. E-mail:
kristian@unesc.net ORCID ID: http://orcid.org/0000-0002-0929-9403
7Graduado em Fisioterapia pela Associação Catarinense de Ensino. Mestre em Educação pela Universidade do Extremo Sul

Catarinense. Professor do curso de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Criciúma, Santa Catarina,
Brasil. E-mail: lgf@unesc.net ORCID ID: http://orcid.org/0000-0001-5465-2555

Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição
4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer
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Journal Health NPEPS. 2021 jan-jun; 6(1):289-301. ISSN 2526-1010 289

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ABSCTRACT
Objective: to identify the effects of the cupping therapy method in the relief of
cervical pain in seamstresses of a clothing industry in the jeans industry, in the
carboniferous region of southern Santa Catarina. Method: a quantitative and
longitudinal study, carried out in the second semester of 2019, with the use of cupping
therapy for eight consecutive weeks in seamstresses of a textile company in the jeans
industry, between 40 and 50 years old, who have neck pain. The visual analogue scale
was used to assess pain. Results: the sample consisted of women with an average of
44.75 ± 3.58 years, of which 100% reported pain before cupping therapy, 75% in the
cervical and 37.5% experienced these pains daily. After cupping therapy, 50% had no
pain, 87.5% reported no disturbance on their daily activities. Conclusion: a significant
reduction in the pain of the seamstresses was observed, after the use of cupping
therapy.
Descriptors: Cervical Pain; Suction; Complementary Therapies.

RESUMEN
Objetivo: Identificar los efectos de la terapia com ventosa en el alivio del dolor de
cuello en costureras de una confección en el segmento de ropa de mezclilla, en la
región carbonífera del sur de Santa Catarina. Método: se trata de un estudio
cuantitativo y longitudinal, realizado en el segundo semestre de 2019, con el uso de la
eólica durante ocho semanas consecutivas en costureras de una empresa de línea textil
de la industria del jeans, de entre 40 y 50 años, que presentan dolor de cuello. La
escala analógica visual se utilizó para evaluar el dolor. Resultados: la muestra estuvo
conformada por mujeres con un promedio de 44,75 ± 3,58 años, que el 100% refirió
dolor antes de la eólica, el 75% en la cervical y el 37,5% sintió estos dolores
diariamente. Después de la terapia de viento, el 50% no tuvo dolor, el 87,5% informó
que no le molestaban las actividades diarias. Conclusión: se observó una reducción
significativa del dolor de las costureras, luego del uso de la terapia con ventosa.
Descriptores: Cervicalgia; Succión; Terapias Complementarias.

INTRODUÇÃO custos de seguro3 e ônus extras para o

Sistema Único de Saúde (SUS)4.
A cervicalgia é um sintoma No Brasil, cerca de 15% da
comum definida como dor localizada na população adulta apresenta dores
região cervical, com ou sem irradiação cervicais, sendo o sexo feminino o mais
para a cabeça, tronco e membros acometido, junto a causas etiológicas.
superiores1, o qual pode gerar limitação Ainda, a idade superior a 40 anos, dor
da amplitude de movimento (ADM), crônica de cervical, esportes, má
rigidez e cefaleia2. Tem prevalência postura, riscos ergonômicos, e quadro
média mundial de 23% e ocupa o quarto psicológico podem acarretar a
lugar em termos de deficiência geral. patologia1,5.
Essa condição clínica leva à redução da Outro fator de risco para as
produtividade no trabalho, aumento dos dores cervicais é a sobrecarga do
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trabalhador. Se o ambiente de trabalho cupping seco e úmido os dois tipos

não for bem ajustado ergonomicamente, principais8.
poderá gerar problemas de saúde físicos O mecanismo com a ventosa
e psicológicos, com diminuição do consiste em uma terapia de eliminação
rendimento no desempenho das funções de toxinas, aumentando o aporte
laborais, e consequentemente com piora sanguíneo com a estimulação do
na qualidade de vida do trabalhador 4,5. segmento onde é aplicada. A sucção
De exemplo, tem-se a profissão de causa a liberação de sangue e de líquido
costureira, por ser uma atividade manual no tecido subcutâneo, favorecendo a
que adota frequentemente a posição eliminação de metabólitos, com ativação
sentada, com repetições de movimentos, do sistema imune. Este processo é
postura inadequada e, em alguns casos, efetivo no tratamento de tensão
repouso insuficiente e condições muscular, pontos gatilhos, liberação
precarizadas de vida no contexto miofascial, alívio dos sintomas locais e
biopsicossocial, aspectos que aumentam capacidade de regular funções nervosas.
as chances de manifestação de Quando aplicada nos pontos dos
cervicalgia6. meridianos, aumenta a resistência do
Entre os métodos que podem agir corpo a doenças, causa remoção de
de forma preventiva no início ou radicais livres (colesterol) e diminuição
progressão desta patologia, destacam-se de nódulos gordurosos (celulite). No
as orientações referentes à ergonomia entanto, quando a técnica é aplicada de
no posto de trabalho, hábitos de vida, forma inadequada pode ocorrer efeitos
exercícios físicos, ginástica laboral e colaterais como hemorragia cutânea,
terapias complementares7. Uma dessas hematomas e bolhas9.
terapias é a ventosaterapia, que consiste Essa técnica ainda é pouco
na produção de uma pressão negativa utilizada no Brasil, mas é muito comum
sobre a pele, através de um recipiente em clínicas francesas por médicos,
de vidro, bambu, borracha ou acrílico, fisioterapeutas e cirurgiões plásticos
com diversas formas de aplicação: desde o seu desenvolvimento. É indicada
ventosa completa (com sangramento), a nos tratamentos de diversas patologias,
seco (sem sangramento), com ervas, com atuando com caráter terapêutico em
água, com fogo, com agulha distúrbios reumatológicos, neurológicos,
(acupuntura), moxabustão, sendo o vasculares e dermatológicos, também

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abrangendo tratamentos pós-operatórios 40 e 50 anos, que atuavam na função de

diversos e tratamentos estéticos10. costureira há, pelo menos 12 meses, e
Diante disso, o presente trabalho que apresentassem queixas de
tem como objetivo identificar os efeitos cervicalgia. Foram excluídas mulheres
do método de ventosaterapia no alivio que estivessem realizando qualquer
da dor cervical em costureiras de uma outro tipo de tratamento para
confecção do segmento vestuário jeans, cervicalgia, inclusive medicamentoso;
na região carbonífera do sul catarinense. que apresentou falta de informações no
questionário; pacientes que não
MÉTODO compareceram à todas as sessões de
ventosaterapia e/ou houve desistência
Esta pesquisa foi aprovada pelo do tratamento; mulheres com trombose,
Comitê de Ética em Pesquisa e Humanos quadro de febre, fratura no local,
da Universidade do Extremo Sul pacientes oncológicos e com distúrbios
Catarinense (UNESC) a partir do nº de hemorrágicos. Foram incluídos todos os
protocolo 067702/2019, com base na colaboradores caracterizados na
Resolução nº 466/2012 do Conselho população alvo, considerando-se o
Nacional de Saúde, e número CAAE: procedimento como coleta censitária e
15148819.3.0000.0119. Todas as sendo estimada uma amostra de 21
participantes assinaram o Termo de pesquisadas. Ao apresentar o projeto às
Consentimento Livre e Esclarecido costureiras, apenas oito se interessaram
(TCLE). e aceitaram participar do estudo,
O estudo é do tipo quantitativo e formando a população amostral
longitudinal. As aplicações ocorreram em trabalhada. Todas as participantes foram
uma empresa da linha têxtil no ramo do orientadas a não utilizarem analgésicos
jeans na região carbonífera do sul durante o tratamento com a
catarinense, no segundo semestre de ventosaterapia.
2019. O local de estudo foi escolhido Para o estudo, foi estabelecido
com base no fácil acesso pelos um protocolo de tratamento para
pesquisadores, boa colaboração de cervicalgia por meio da ventosaterapia,
funcionários e donos da empresa. com aplicação da ventosa por seis
O público alvo avaliado foi minutos, uma vez por semana durante
composto por mulheres com idade entre oito semanas, em uma sala

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disponibilizada dentro da empresa. As Os pontos selecionados para as

voluntárias responderam de forma aplicações foram: Ponto B-11 (Dashu) -
individual e sem ajuda, um questionário Localização: uma polegada e meia ao
elaborado pelos próprios pesquisadores. processo espinhoso da 1ª vértebra
Esse instrumento de coleta foi elaborado torácica. Indicações: resfriados, febre
com base na literatura estudada, sem sem sudorese, sensação de calor em
pré-teste. O questionário continha todo o corpo, afecções pulmonares e
caracterização da região e frequência da pleurais, escapulalgia, parestesia das
dor (vezes na semana), período do dia de mãos e dos pés, bronquite, pneumonia,
maior desconforto e se interferia ou não cervicalgia, atrites, tuberculose óssea,
nas atividades diárias e rendimento de convulsões, epilepsia e cefaleia. Ponto
trabalho. Além disso, foi utilizado a TA-15 (Tianliao) - Localização: quatro
Escala Visual Analógica (EVA) para que as polegadas da linha mediana posterior da
participantes pudessem ter um coluna, na linha horizontal traçada pelo
parâmetro que possibilitasse a ponto abaixo do processo espinhoso da
quantificação da dor cervical no início e 1ª vértebra torácica. Indicações:
no final do protocolo de tratamento. escapulalgia, braquialgia, cervicalgia e
A EVA consiste em escore de dores no pescoço. Ponto VB-21 (Jianjing)
aferição da intensidade de dor pelo - Localização: transição entre pescoço e
paciente. Foi questionado as pacientes ombro, a meia distância entre o espaço
qual a numeração pessoal, mostrando a de C7 e T1 e o acrômio. Indicações:
EVA, em que zero significa ausência total dores no ombro e no dorso, dor e
e 10 o nível de dor máxima suportável contratura do pescoço e, impotência dos
pelo paciente. membros superiores. Ponto VB-20
Logo após, foram posicionadas (Fengchi) - Localização: depressão óssea
confortavelmente em uma maca, em localizada entre o músculo
decúbito ventral e receberam aplicações esternocleidomastóideo e a inserção
com as ventosas a seco nos pontos superior do músculo trapézio, ou na
específicos, com pressão de intensidade reentrância óssea localizada entre a
dois ou três, conforme a tolerância das protuberância occipital externa e o
pacientes, onde permaneceram por seis processo mastoideo. Indicações:
minutos. Hemicrania, nevralgias da cabeça,
torcicolo, disartria e insônia. Ponto VG-

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14 (Dazhui) - Localização: transição antes e depois da ventosaterapia, foi

entre pescoço e tórax, entre os realizada por meio da aplicação do teste
processos espinhosos da 7ª vértebra de McNemar. A comparação das variáveis
cervical e da 1ª vértebra torácica. quantitativas e ordinais, antes e depois
Indicações: contratura muscular da da ventosaterapia, foi realizada por
coluna cervical e ombro. meio da aplicação do teste T de
Após a aplicação, as ventosas Wilcoxon.
foram removidas e as participantes
orientadas quanto à data e horário da RESULTADOS
próxima sessão e ao completar as oito
semanas de tratamento, foi aplicado A amostra foi composta por oito
novamente o questionário para mulheres com idades média de 44,75 ±
comparação da cervicalgia. 3,58 anos. Quanto ao tempo de atuação
Os dados coletados foram na função, três participantes relataram
organizados em planilhas e exercer este trabalho no período de um
posteriormente importados para o a cinco anos, quatro realizam a atividade
software IBM Statistical Package for the em um período entre 16 a 20 anos e uma
Social Sciences (SPSS) versão 21.0 e participante atua há mais de 26 anos
analisados. As variáveis qualitativas (Tabela 1).
foram expressas em frequência e Com o auxílio da EVA,
porcentagem, e as quantitativas por inicialmente a média de dor foi de 6,38 ±
média e desvio padrão, sendo as análises 1,06, o que representa dor moderada. Ao
inferenciais realizadas com nível de final dos atendimentos, o resultado foi
significância de 5%, ou seja, intervalo de de 2,38 ± 1,06, e estatisticamente
confiança (IC) de 95%. A investigação da significativo (p=0,011) (Tabela 2).
distribuição das variáveis quantitativas
quanto à normalidade foi realizada pela
aplicação do teste de Shapiro-Wilk e a
comparação das variáveis qualitativas,

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Tabela 1. Caracterização epidemiológicas das costureiras. Outubro a novembro de 2019. Criciúma

(SC), Brasil.
n (%), Média ± DP (n=8)
Idade 44,75 ± 3,58
Tempo
De 1-5 3 (37,5)
De 16-20 4 (50,0)
De 26-30 1 (12,5)
IMC: Índice de Massa Corporal.

Tabela 2 - Caracterização dos sintomas clínicos da cervicalgia em costureiras. Outubro a novembro de

2019. Criciúma (SC), Brasil.
Média ± DP, n (%)
Antes Depois
Valor-p
(n=8) (n=8)

EVA 6,38 ± 1,06 2,38 ± 1,06 0,011†

Apresenta dor
Sim 8 (100,0) 4 (50,0) 0,125††
Não - 4 (50,0)

Região da dor
Nenhuma - 4 (50,0) -
Cervical 6 (75,0) 2 (25,0)
Torácica 2 (25,0) 1 (12,5)
Outro - 1 (12,5)

Frequência da dor
Nenhuma - 4 (50,0) 0,016†
1x por semana 2 (25,0) 3 (37,5)
3x por semana 3 (37,5) 1 (12,5)
Diariamente 3 (37,5) 0 (0,0)

Horário da dor
Nenhuma - 4 (50,0) -
Manhã 2 (25,0) 1 (12,5)
Tarde 4 (50,0) 2(25,0)
Noite 2 (25,0) -
Sem horário específico - 1 (12,5)

Atrapalha nas AVD’S

Sim 6 (75,0) 1 (12,5) 0,063††
Não 2 (25,0) 7 (87,5)

Atrapalha no RT
Sim 3 (37,5) - 0,250††
Não 5 (62,5) 8 (100,0)
DP: Desvio Padrão. EVA: Escala Visual Analógica. AVD’s: Atividades diárias. RT: Rendimento do
Trabalho. †Valor obtido após aplicação do teste T de Wilcoxon. ††Valor obtido após aplicação do teste
de McNemar.

Conforme a Tabela 2, no início apresentavam pelo menos uma vez por

do tratamento, todas as participantes semana, 37,5% três vezes por semana e
relatavam dor, sendo que 25,0% 37,5% afirmaram sentir dor diariamente.
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Após as aplicações de ventosaterapia, O atual estudo foi desenvolvido

50,0% das participantes relataram não com costureiras mulheres com idade
sentir mais nenhuma dor, 37,5% citaram média de 44,75 ± 3,58 anos. Comparando
a presença de dor uma vez por semana e com um estudo no Sudeste baiano11,
12,5% três vezes por semana. Em relação diverge da média de idade encontrada
à localização, ao início do tratamento (com 24,67 ± 3,35 anos). Entretanto, vai
75,0% das participantes referiram dor ao encontro a uma análise na Suécia que
cervical e 25,0% dor na região da coluna. teve média de idade de 44 anos12.
Ao final das aplicações da terapia com Acredita-se que esse achado seja
ventosas, 25,0% apresentou dor cervical justificado pela prevalência de dor
e 12,5% em coluna. cervical no sexo feminino no Brasil, com
Antes da utilização das ventosas, idade superior a 40 anos e realização de
25,0% apresentavam a dor pela manhã, atividades de maneira repetitiva e
50,0% a tarde e 25,0% a noite. Após a crônica nessa área de trabalho1,5.
terapêutica empregada, 12,5% tinham o Em relação à prevalência de
desconforto pela manhã e 25,0% no pacientes com cervicalgia, outro estudo
período da tarde (Tabela 2). Apenas encontrou em 63,3%11, aproximando-se
12,5% relatou não ter período do dia dos resultados encontrados, em que a
específico da dor. totalidade de costureiras apresentaram
Quando questionadas sobre dores, com frequência prevalente de
interferência da dor nas atividades três vezes por semana ou diariamente e
diárias, 75,0% relatou atrapalhar e, após intensidade considerada moderada (6,38
o tratamento com as ventosas, 87,5% ± 1,06).
afirmaram não interferir nas atividades Estudo realizado no Piauí (BR)13
cotidianas. Em relação ao rendimento no demonstrou um resultado de 19,3% da
trabalho, antes da realização de amostra com dores cervicais, divergindo
ventosaterapia, 37,5% afirmavam do presente estudo. No entanto, com
atrapalhar no rendimento, já após, não frequência de duas a três vezes na
houve manifestações. semana e com intensidade moderada,
semelhante a atual pesquisa. Esses
DISCUSSÃO achados eram esperados pelo fato das
participantes ficarem grande parte do
tempo de trabalho em uma mesma

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posição, sem movimentações de favor da terapia de ventosa para as

alongamento ou relaxamento13. escalas de dor corporal, vitalidade,
No presente estudo, 75,0% função social e saúde mental, bem como
referiam dor cervical e 25,0% em região para o resumo do componente mental17.
de coluna torácica antes da terapia com Ainda, 25,0% apresentaram dores
ventosas, concordando com estudo na cervical e 12,5% na região da coluna
anterior13, e corrobora com a análise torácica, após a utilização de ventosa,
realizada com costureiras de empresas com predomínio do período da tarde
têxteis de Pernambuco (BR), onde a (25%). Isso está de acordo com pesquisa
maioria das dores foram na região realizada na Nigéria, que verificou a
cervical, lombar e ombros14. Tais diminuição das dores na cervical e
achados também concordam com um ombro em outros perfis profissionais,
estudo de revisão de caráter global15 que como trabalhadores de escritório18,
além de ressaltar as regiões de maior assim como em um estudo de revisão
risco, reforça as características do sistemática recente, na qual conclui que
trabalho dessas trabalhadoras com o a ventosaterapia é um método efetivo de
surgimento de lesões16. analgesia em cervicalgias1.
Após o uso da ventosaterapia, A melhora da dor pela
50,0% das pacientes não sentiram mais ventosaterapia observada no presente
dores e todas relataram não atrapalhar estudo se relaciona ao aumento do
mais o rendimento do trabalho. Esse aporte sanguíneo, oxigenação e
achado é superior a um estudo alemão metabolismo celular do local, com
que apresentou, após 18 dias de redução do processo inflamatório19,20, o
ventosaterapia, redução de 30% da dor17. que tende a reduzir a intensidade da dor
Algumas participantes (12,5%) e nos períodos de ocorrência.
apresentaram persistência na dor com Estudo paranaense21 junto a
danos negativos às atividades diárias, costureiras também identificou alta
porém 87,5% relataram não ter prevalência de dor em alguma parte do
alterações na rotina. E, a média de dor corpo, ou seja, esse cenário não é
na EVA entre as participantes do estudo isolado em uma localidade e empresa.
reduziu para 2,3±1,06 após o Essa amplitude e magnitude de
tratamento. Achados semelhantes de ocorrência, alerta para a premissa que,
outro estudo apresentou diferenças a quando essas dores não são tratadas,

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tendem a se tornar crônicas, aumentar como a pequena amostra. Outro fator

as taxas de absenteísmo e o limitante foi a ausência de grupo
adoecimento progressivo dessas controle.
trabalhadoras. Têm-se ainda, como fator
agravante, a possível relação entre a CONCLUSÃO
realização de atividade física regular e a
presença de dor, já que grande parte das O estudo investigou a dor
costureiras são sedentárias, possuem cervical de costureiras, antes e após a
pouco tempo para lazer e as empresas utilização da ventosaterapia, observando
não possuem atividades de ginástica que essa prática integrativa apresentou
laboral e/ou de natureza semelhante resultados importantes no grupo
para atenuar essa problemática22. estudado, com redução da dor em
Essa constatação reforça a relação ao local, frequência e horário de
necessidade de inclusão dessa prática intensificação.
integrativa na política de saúde do O estudo aponta uma alternativa
trabalhador dessas empresas, assim terapêutica para mulheres com dores
como nas atividades de promoção à musculares crônicas ou agudas. Pode ser
saúde que visam a qualidade de vida no realizado como um tratamento precoce,
trabalho, a partir da redução de fatores não invasivo e com boa tolerância,
estressantes e ergonômicos prejudiciais, evitando o agravamento ou manifestação
inferindo em aspectos atitudinais, da patologia. Para estudos futuros, a
motivacionais e de desempenho laboral. inclusão de costureiras de setores
Ademais, a ventosaterapia quando diferentes da empresa e avaliadas por
combinada com outras práticas grupos etários poderá facilitar a
integrativas potencializa ainda mais os identificação de fatores determinantes
efeitos positivos, tanto na redução de para a cervicalgia e outros desconfortos
dor física quanto emocional23. dolorosos.
O estudo apresentou algumas
limitações, destacando a falta de REFERÊNCIAS
instrumento oficial para análise de
rendimento de trabalho das 1. Sprung CL, Silvério-Lopes S.
participantes, utilizando apenas o relato Utilização de Técnicas da Medicina
pessoal para estudo e comparação, assim Tradicional Chinesa (MTC) para

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Financiamento: Os autores declaram que não houve financiamento.

Conflito de interesses: Os autores declaram não haver conflito de

interesses.

Participação dos autores:

 Concepção: Silveira I, Livramento LU, Zanette LCN, Galvão LS,
Schuelter PT, Madeira K, Althoff LG.
 Desenvolvimento: Silveira I, Livramento LU, Zanette LCN, Galvão LS,
Schuelter PT, Madeira K, Althoff LG.
 Redação e revisão: Silveira I, Livramento LU, Zanette LCN, Galvão LS,
Schuelter PT, Madeira K, Althoff LG.

Como citar este artigo: Silveira I, Livramento LU, Zanette LCN,

Galvão LS, Schuelter PT, Madeira K, et al. Ventosaterapia no alívio da dor
cervical em costureiras do sul catarinense. J Health NPEPS. 2021; 6(1):289-
301.

Submissão: 28/03/2021
Aceito: 30/05/2021
Publicado: 01/06/2021

Journal Health NPEPS. 2021 jan-jun; 6(1):289-301. 301