Tratamento Quimioterápico

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TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO

“O tratamento quimioterápico antineoplásico é caracterizado pela utilização de substâncias


químicas, isoladas ou em combinação, as quais agem interferindo no processo de
crescimento e divisão celular, destruindo as células cancerígenas” (BONASSA, 2012)
Devido a vasta gama de tipos de protocolos de tratamento quimioterápicos, selecionamos o
protocolo AC-T Neoadjuvante em doença Her-2 negativa, que é bastante utilizado para
canceres de mama chamados de triplo negativo cujo o tumor não é hormônio-dependente:
Correspondente a 20% dos tumores de, possui caraterísticas agressivas e de grandes
chances de recidiva e altas taxas de mortalidade; afetando mulheres com idade menor que
50 anos (JEMAL et al 2009; TOKUNAG, 2006; Corrêa et al, 2010).

PROTOCOLO

AC-T Neoadjuvante

 Doxorrubicina: 60 mg/m² IV no D1.


 Ciclofosfamida: 600 mg/m² no D1.
 Repetir a cada 21 dias, no total de 4 ciclos.
Potencial Emetogênico: alto.
Seguido de:

 Paclitaxel: 100 mg/m² IV no D1.


 Repetir o ciclo a cada 21 dias, no total de 4 ciclos.
Potencial Emetogênico: baixo.
Seguido de cirurgia.
Bear H. D, et al. The effect on tumor response of adding sequential preoperative docetaxel
to preoperative doxorubicin and cyclophosphamide: preliminary results from national surgical
adjuvant breast and bowel project B-27. J Clin Oncol 2003;21:4165-4174.
FONTE: Guia De Protocolos e Medicamentos para Tratamento em Oncologia e
Hematologia Hospital israelita Albert Einstein, página 18.

MEDICAMENTO E REAÇÕES ADVERSAS

Paclitaxel

 De acordo com Pereira et al (2015), o paclitaxel provoca efeitos adversos, como o


aumento do risco de insuficiência cárdica, artralgia e mialgia, lacrimejamento
exagerado dos olhos, eritema, náuseas, vômitos, inflamação da mucosa oral, fadiga
e neuropatia periférica (DE SOUSA, 2020).
Doxorrubicina
 A Doxorrubicina é uma droga com potencial emetogênico moderado, com ação
vesicante (provoca irritação severa com destruição tecidual quando extravazada),
pode ocasionar náuseas e vômito, mucosite, neuropatia periférica, perda de apetite
e alopecia significativa em doses acima de 60mg/m2 (Bonassa, 2012).
Ciclofosfamida

 A Ciclofosfamida possui um severo potencial emetogênico, podendo ocasionar


náuseas e vômito consideráveis, perda de apetite, diarreia, cistite e alopecia grave.
Associada a Doxorrubicina pode intensificar a cardiotoxicidade (Nadalin, 2013).

Educação em saúde do paciente sujeito ao tratamento quimioterápico: Equipe


Fisioterapêutica.

`É de suma importância a orientação e educação em saúde do paciente para com os sinais


sintomas decorrentes dos efeitos adversos do tratamento quimioterápico, principalmente
quando se trata da primeira vez em que o mesmo é sujeito a esses fármacos. É
imprescindível explicar as possíveis disfunções que podem ocorrer a curto, médio e longo
prazo nos ciclos de quimioterapia, para que a(o) paciente fique atento aos sinais e sintomas
e o tratamento fisioterapêutico seja iniciado o mais precocemente possível. Conhecer as
características previas da paciente, a história da patologia, o tratamento realizado para o
câncer de mama e o surgimento dos sintomas ajuda a direcionar a avaliação (ZHU, 2014;
Martin, 1997; Martins, 2016).
Lesão nervosa periférica

 Um nervo, quando lesado, pode apresentar alterações de sensibilidade, como


parestesia, disestesia, hipoestesia e hiperestesia; pode apresentar alterações
motoras, como paresias e plegias; alterações de reflexos, além de dor neuropática
(Martin,1997). Compressas quentes, exercícios de mobilidade e atividade física
amenizam os sintomas de lesão nervosa.
 Orientações: Orientar o paciente a utilizar compressas quentes nas regiões
afetadas, evitar ambientes frios e pratica de atividade físicas são ações que
ajudaram nas lesões nervosas periféricas (Marx,2017)
Dores musculoesqueléticas

 De acordo com Graner (2010) e valente (2019) as Artralgias e mialgias são efeitos
comuns decorrentes do tratamento quimioterápico, a incidência é geralmente em
mulheres de 27 a 50. Cabe a esquipe multiprofissional e o fisioterapeuta explicar
esse feito colateral e cuidar dessa disfunção. Ainda que pequena, a amostra
comprova a realidade destes fenómenos na prática clínica. Os especialistas não
estão totalmente conscientes da diversidade de eventos reumatológicos associados
à quimioterapia, nem da sua gestão ou das suas implicações na vida dos doentes,
tornando estes fenómenos subdiagnosticados (Rezende, 2005).
 Orientações: Dores musculoesqueléticas diminuem a qualidade de vida de forma
significante, sendo importante orientar o paciente sobre como lidar com elas.
Exercícios de mobilidade, mobilizações neurais, compressas de água quente e
exercícios físicos fazem bastante diferença nessa questão (Marx, 2017)
Fadiga
 A fadiga relacionada ao câncer é bastante frequente, apesar de muitas vezes ser
subavaliada e ignorada por profissionais da saúde. É definida como um sintoma
persistente e desconfortável, que gera cansaço ou exaustão física, emocional e
cognitiva subjetivos, desproporcional à atividade recentemente realizada. Está
relacionada ao próprio câncer e ao seu tratamento, seja a quimioterapia ou a
radioterapia, e pode persistir mesmo após o termino do tratamento e a cura da
doença (Campos, 2011; Marx, 2017).
 Orientações: Orientar o paciente a manter-se ativo(a): Ler; realizar atividade físicas;
fazer atividades em grupos de acolhimento; massagem terapêutica (Marx, 2017)
Cardiotoxicidade

 A cardiotoxicidade é um sintoma considerado crônico e pode parecer até anos


depois do tratamento quimioterápico, sendo de suma importância explicar para o
paciente que existe essa possibilidade, principalmente se o mesmo possui alguma
cardiopatia ou histórico família (Martins, 2016).
 Orientações: Orientar o paciente a ficar atento em relação aos batimentos cardíacos,
pressão arterial, frequência respiratória e anginas (Martins, 2016)
Náuseas

1) Agudas: primeiras 24 horas após administração do quimioterápico.

2) Tardias: após 24 horas da administração do quimioterápico.

3) Antecipatórias: acontecem geralmente antes da realização de novo ciclo, pois a


paciente já vivenciou a êmese no ciclo anterior, ou ainda por medo de sentir os
sintomas.

4) De escape: quando não foi dado antiemético de forma profilática.

5) Refratárias: relacionadas à falha no esquema de profilaxia nos ciclos seguintes.


.
Orientações: Encaminhamento e enfatização do tratamento psicológico, sessão de massagem
relaxante e treinos de respiração profunda para alivio da tensão pré quimioterapia.

Marx, Angela. Fisioterapia no câncer de mama .1 ed. São Paulo: Atheneu, ano 2017.

Linfedema
 O linfedema é a mais temida complicação do tratamento do câncer de mama, por causar
alteração física, funcional e psicológica, reduzindo de forma impor- tante a qualidade de vida
das pacientes. O aspecto psicossocial é de extrema importância, pois é visível,
desconfortável, pode provocar fadiga e sempre relembrar à paciente que ela teve um câncer.
A incidência do linfedema relacionado ao câncer de mama é bastante variável na literatura,
principalmente pelas diferenças nas mensurações e falta na uniformização de critérios
diagnósticos, podendo variar de 0 a 73% (Göker,2015; Alcorso, 2016).
 Orientações: Manter os exercícios metabólicos indicados pelo profissional, cuidados com a
pele, usar de forma correta a bandagem compressiva, não carregar peso no membro
afetado durante um mês (Marx, 2017).
REFERÊNCIAS

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4. ed. São Paulo: Atheneu; 2012.

2. CORRÊA, Paula Brito et al. Câncer de mama triplo negativo e sua associação com
ancestralidade africana. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v. 9, p. 3-7,
2010.

3. JEMAL, A. et al. Cancer occurrence. Methods Mol. Biol., v.471,p.3-29, 2009.

4. TOKUNAGA, E. Akt is frequently activated in HER2/neu-positivebreast cancers and


associated with poor prognosis amonghormone-treated patients. Int. J. Cancer.
v.118, n.2, p.284–289,2006

5. Bear H. D, et al. The effect on tumor response of adding sequential preoperative docetaxel
to preoperative doxorubicin and cyclophosphamide: preliminary results from national
surgical adjuvant breast and bowel project B-27. J Clin Oncol 2003;21:4165-4174.

6. PEREIRA, L.C. et al.Adverse reactions to docetaxel: an active survey. Brazilian


Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 51, n. 3, p. 551-559, 2015

7. DE SOUSA, Jaqueline Pereira; DA SILVA LOPES, Luciano. QUIMIOTERAPIA NO TRATAMENTO


DO CÂNCER DE PRÓSTATA E SUAS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES: REVISÃO DE
LITERATURA. Uningá Journal, v. 57, n. 3, p. 95-106, 2020.

8. Nadalin M. Identificação e classificação das reações adversas relacionadas ao tratamento


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atendidas no Hospital Erasto Gaertner..

9. Martin LA, Hagen NA. Neuropathic pain in cancer patients: mechanisms, syndromes, and clinical
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