Pla Namacurra

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ABREATURAS ....................................................................... Errore. Il segnalibro non è definito.
0. ESTRUTURA DO PLANO LOCAL DE ADAPTAÇÃO (PLA) DE NAMACURRA ........ 1
Calídia Esperança Fernando
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 2
2. METODOLOGIA ...................................................................................................................
______/_______/2015 4
3. PERFIL DO DISTRITO ........................................................................................................ 6
3.1 Localização Geográfica do Distrito ............................................................................ 6
3.2 Demografia .................................................................................................................... 6
3.3 História e Cultura .......................................................................................................... 7
3.4 Serviços e Equipamentos Sociais .............................................................................. 7
3.4.1 Educação ............................................................................................................... 7
3.4.2 Saúde ....................................................................................................................... 8
3.4.3 Redes de acessibilidade e Infra-estruturas.............................................................. 8
3.5 Fontes de abastecimento de Agua .................................................................................. 9
3.6 Sistema de Saneamento ................................................................................................ 10
3.7 Abastecimento de Energia ............................................................................................ 10
3.8 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
Uso e ocupação do Solo ................................................................................................ 11
3.9 Agricultura ..................................................................................................................... 11
PROVÍNCIA DA ZAMBÉZIA
3.10 Pecuária ......................................................................................................................... 12
3.11 Pesca .............................................................................................................................. 12
Distrito de Namacurra
3.12 Exploração florestal ....................................................................................................... 13
3.13 Indicadores de bem-estar .......................................................................................... 13
3.14 Vulnerabilidade climática e capacidade de adaptação ......................................... 14
3.14.1 Contexto actual ................................................................................................... 14
3.14.2 Projecções climáticas ......................................................................................... 14
3.15 Perfil da Localidade de Furquia ..................................................................................... 15
3.15.1 Localização Geográfica e Demografia.................................................................... 15
3.15.2 História e Cultura ................................................................................................... 16
3.15.3 Potencialidades da Localidade de Furquia ............................................................ 16
PLANO LOCAL DE ADAPTAÇÃO
3.15.4 Economia e Serviços .............................................................................................. 16
3.16 Perfil da Localidade de Malei ........................................................................................ 18
3.16.1 Localização Geográfica e Demografia.................................................................... 18
3.16.2 História e Cultura ................................................................................................... 18
3.16.3 Potencialidades da Localidade de Malei ............................................................... 18
4. MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DESENVOLVIMENTO DO DISTRITO........................ 32
4.1 Visão ............................................................................................................................. 32
4.2 Objectivos Estratégicos (OE) .................................................................................... 32
4.3 Acções propostas por objectivo estratégico ........................................................... 33
4.4 Teoria de Mudança Namacurra, Dezembro de 2015
(TdM) ......................................................................................... 34
5. PLANO DE ACÇÃO....................................................... Errore. Il segnalibro non è definito.
6. SISTEMA DE MONITORIA E AVALIAÇÃO .................................................................... 47
7. OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTOS CLIMÁTICOS NO DISTRITO .................. 52
8. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 55
i
FICHA TÉCNICA

DIRECÇÃO GERAL

EQUIPE TÉCNICA DISTRITAL

José Elias Lobo Inácio Lino - SD

Quimo Taunde Amundulai - SD

Castro Júlio Joaquim - SD

Jaime José Gado - SDAE

Giltone Ernesto José - SDAE

Sara da Graça Victorino Baptista – SDSMAS

Casimiro Sodré Moniz - SDSMAS

Amorim Sebastião Navela - SDEJT

Faiaze Castro Da Silva – SDEJT

Belito Issa Manuel - SDEJT

Lusério Moisês Mancie - SDPI

Jaime M.V. Mucavela – SDPI

Beicar Fakir Vanimal - SDPI

Rofino Vasco António - Rádio Comunitária

ii
EQUIPE TÉCNICA PROVINCIAL

Mussa Carlos Nambera - Técnico DPTADER

Dulcídio Namucua - Técnico DPTADER

EQUIPE TÉCNICA NACIONAL

Anselmo Gaspar - MITADER

Buque Hermínia - MITADER

iii
ABREATURAS

CVCA Climate Vulnerability Capacity Analyses (Análise de Capacidades da


Vulnerabilidade Climática)

CVM Cruz Vermelha de Moçambique

DPTADER Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

PLA Plano Local de Adaptação

PESOD Plano Estratégico de Desenvolvimento do Distrito

TdD Teoria de Mudanças

CCD Conselho Consultivo Distrital

ENAMMC Estratégia Nacional de Adaptações Mitigação de Mudanças Climáticas

ETPLA Equipe Técnica do Plano Local de Adaptação

MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

SDAE Serviço Distrital de Actividades Económicas

SDPI Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas

SDSMA Serviço Distrital de Saúde Mulher e Acção Social

TdR Termos de Referência

PESOD Plano Económico e Social do Distrito

SDEJT Serviço Distrital de Educação Juventude e Tecnologia

iv
PEDD Plano Estratégico de Desenvolvimento Distrital

INE Instituto Nacional de Estatísticas

FGH Friends Global Health

ADPP Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo

COSACA Consorcio de ONG (Save the Childen, ActionAid, OXFAM, CARE, CVM)

INGC Instituto Nacional de Gestão de Calamidades

OE Objectivos Estatísticos

M&A Monitoria e Avaliação

TARV Tratamento Anti-Retro-Viral

v
0
ESTRUTURA DO PLANO LOCAL DE ADAPTAÇÃO (PLA) DE NAMACURRA

O presente PLA do distrito de Namacurra é constituído por oito (7) capítulos a saber:

 Capítulo 1 – Introdução, onde se faz o mini-histórico da ENAMMC e dos


PLAs;

 Capítulo 2 - Metodologia, versa sobre a metodologia usada para a


elaboração do plano e menciona com particular destaque o exercício
participativo, junto das comunidades no levantamento de vulnerabilidades e
capacidades (CVCA) e o desenvolvimento da Teoria de Mudanças (TdM), bem
como, a constituição da equipe de trabalho;

 Capítulo 3 – Perfil do Distrito, aborda o perfil do distrito com destaque para


as componentes físico-geográfica, socio-económica e de vulnerabilidade
climática;

 Capítulo 4 – Mudanças Climáticas e desenvolvimento do Distrito,


descreve a visão, os pilares estratégicos e as actividades definidas para tornar
o distrito resiliente às mudanças climáticas;

 Capítulo 5 – Plano de Acção, onde se faz, usando a matriz do PESOD, a


calendarização e orçamentação das actividades ao longo dos 05 anos da
vigência do plano;

 Capítulo 6 - Monitoria e Avaliação (M&A), onde são apresentados os


principais indicadores, assim como, os respectivos dados de base;

 Capítulo 7, onde se abordam as oportunidades de investimento para um


desenvolvimento resiliente no distrito; e

 Capítulo 8 - Bibliografia, onde se alistam os documentos consultados para a


produção do PLA.

1
1. INTRODUÇÃO

As mudanças climáticas definem-se como uma variação estatisticamente significante


em um parâmetro climático médio (incluindo sua variabilidade natural), que persiste
num período extenso (tipicamente décadas ou por mais tempo). As mudanças
climáticas podem ser causada por processos naturais e actividades humanas.

As Mudanças Climáticas são uma realidade inegável e resultam, sobretudo, das acções
antropológicas. Estas mudanças colocam em serio perigo a saúde humana e de outros
seres vivos existentes no planeta terra. As manifestações dessas mudanças ocorrem em
múltiplos sectores e aos diferentes níveis. Elas incluem a ocorrência de distúrbios
psicossociais em consequência dos eventos climáticos extremos (seca, cheias, ciclones,
etc.). Alguns dos efeitos das mudanças climáticas já se fazem sentir em Moçambique,
incluindo a ocorrência de eventos climáticos, como vagas de calor, frio, seca e cheias.
Apesar de Moçambique não ser grande tributário das mudanças climáticas globais, tem
corroborado em iniciativas e esforços internacionais de forma activa.

Em Novembro de 2012, o Governo de Moçambique aprovou a Estratégia Nacional de


Adaptações Mitigação de Mudanças Climáticas (ENAMMC 2013-2025). Esta estratégia
expressa o compromisso do Governo em reduzir a vulnerabilidade de pessoas, bens e
ecossistemas às mudanças climáticas ao mesmo tempo que procura explorar as
oportunidades que o fenómeno mudanças climáticas trás para o país.

O plano de implementação da estratégia determina que, no período 2013-2014, o país


devia ter envidado esforços visando reduzir riscos climáticos ao nível local
desenvolvendo para isso, instrumentos e intervenções práticas, alinhadas à estratégia
nacional, que permitam o desenvolvimento à médio e longo prazos da capacidade
adaptativa das comunidades locais.

É neste âmbito que o distrito de Namacurra elaborou o presente Plano Local de


Adaptação (PLA). O distrito de Namacurra é um exemplo de como eventos extremos
como cheias/inundações, secas e ventos fortes sistemáticas tem ofuscado os seus

2
esforços de desenvolvimento. As cheias, seca e ciclones dos primórdios dos anos 2000
provocaram danos incalculáveis que incluíram a destruição de infra-estruturas e
serviços sociais básicos e destruição de culturas e áreas florestais.

É no âmbito da operacionalização desta directriz da estratégia que o Extinto Ministério


para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) iniciou, em parceria com os
governos provinciais, distritais e parceiros de cooperação, um processo de
desenvolvimento de Planos Locais de Adaptação (PLA). O presente PLA delineia as
áreas estratégicas e acções prioritárias, visando tornar o distrito resiliente às mudanças
climáticas. Ele é considerado um instrumento de apoio ao Plano Estratégico de
Desenvolvimento Distrital (PEDD). A curto prazo será considerado como um
documento anexo aos PEDDs, sendo, o seu conteúdo integrado ao longo do tempo no
PEDD e no Plano Económico e Social do Distrito (PESOD). Assim, espera-se que,
aquando da revisão do PEDD do distrito, as acções aqui apresentadas sejam
integradas no novo PEDD e o distrito tenha apenas um único instrumento orientador do
seu desenvolvimento compatível com o clima.

A elaboração do presente plano foi liderada pela administradora do distrito e contou


com a participação da Equipa Técnica do Plano Local de Adaptação constituido por
parceiros do governo, nomeadamente, do Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural (MITADER) e a Direcção Provincial da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural (DPTADER) que providenciaram o suporte técnico. As acções
aqui apresentadas resultam de discussões com comunidades e com a equipe técnica
do distrito e levaram em consideração a questão de projecções climáticas da região a
que o distrito se enquadra. Com o presente plano, orçado em cerca de 1.5 milhões de
dólares americanos ou é visão do distrito que Namacurra seja “Namacurra, Rumo ao
Desenvolvimento Sustentável e Resiliente a Mudanças Climáticas”.

3
2. METODOLOGIA

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos e os instrumentos usados


para a elaboração do PLA do distrito de Namacurra. A elaboração do presente plano foi
baseada no guião metodológico para os PLAs produzido pelo Ex-MICOA. Este guião
apresenta um conjunto de etapas, que vão desde a preparação do trabalho de campo
até a avaliação final do PLA. Para o presente PLA foram desenvolvidas as seguintes
actividades:

O guião metodológico sugere que, a fase de preparação do trabalho de campo, deve


incluir a constituição da equipe de trabalho e o levantamento de dados secundários
sobre o distrito onde será desenvolvido o PLA. Assim, para o distrito de Namacurra foi
constituído uma equipe multissectorial liderada pelo Director Distrital de Planeamento e
Infra-estrutura, em representação do Exma. Senhora Administradora e integrava ainda
02 técnicos da DPTADER, 02 técnicos do Serviço Distrital de Actividades Económicas
(SDAE), 03 técnicos do Serviço Distrital de Educação, Cultura, Juventude, Ciência e
Tecnologia (SDEJT), 02 técnicos da Secretaria Distrital, 02 técnicos de Serviço Distrital
de Planeamento e Infra-estruturas (SDPI), 02 técnico do Serviço Distrital de Saúde
Mulher e Acção Social (SDSMA) e 01 técnico da Rádio Comunitária.

A primeira actividade desta equipe foi a recolha de dados secundários (uma revisão da
literatura) sobre o perfil do distrito, com enfoque para os aspectos físico-geográficos,
socio-económicos e de projecções climáticas, cuja análise permitiu identificar a
vulnerabilidade climática, assim como, as oportunidades de investimento e
desenvolvimento local com vista a criar resiliência das comunidades às mudanças
climáticas. Grande parte desta informação foi encontrada em documentos estratégicos
e de planificação do distrito, como o PEDD, o Perfil Ambiental e Mapeamento do Uso
Actual da Terra nos Distritos das Zonas Costeiras de Moçambique, o PESOD e seus
respectivos relatórios de balanço. Outros documentos importantes consultados
incluíram o PQG, Balanço do Governo local, Estatísticas distritais do Instituto Nacional
de Estatísticas (INE) e o Perfil Distrital elaborado pelo MAE em 2005.

4
Em seguida, decorreu o trabalho de campo para a elaboração do PLA a nível do distrito
de Namacurra. Este foi dividido em 2 momentos. O primeiro foi o levantamento de
dados ao nível da sede do distrito e nas comunidades. O levantamento na sede do
distrito que se reporta nesta secção contou com a equipe descrita na etapa 1 e
consistiu no uso de duas ferramentas - Análise de Capacidades de Vulnerabilidade
Climática (CVCA) e a Teoria de Mudanças (TdM). Para o CVCA foram usadas cinco
ferramentas nomeadamente, a Matriz de vulnerabilidade, o Perfil histórico, o Calendário
sazonal, a Análise institucional/Diagrama de Venn e o Mapeamento de recursos e de
riscos. A medida que a capacitação era feita, fazia-se também um exercício prático de
recolha de dados usando as ferramentas do CVCA para o nível distrital e sobre a TdM.

Depois foram previamente seleccionadas as comunidades de Furquia e Malei, tendo


em conta a vulnerabilidade das mesmas às ameaças climáticas, sendo que Furquia é
mais propensa a inundações e Malei a seca. Assim, do levantamento foi possível obter
informação sobre impactos das mudanças climáticas relacionadas a inundações, assim
como, seca.

Em seguida, trabalhou-se com as ferramentas do CVCA, e dividiu-se os participantes


das comunidades em quatro grupos: Idosos e Lideres comunitários, Homens, Mulheres
e Jovens. Todos os grupos trabalharam com a Matriz de Vulnerabilidade.
Especificamente, o grupo de líderes e idosos trabalhou também com o perfil histórico,
os Homens com o diagrama de Venn, as Mulheres com o calendário sazonal e os
Jovens com o mapeamento de recursos e riscos. No final, todos os grupos focais
apresentaram em plenário os resultados dos levantamentos efectuados e todos os
participantes tiveram a oportunidade de criticar e de sugerir acréscimos para a
validação da informação apresentada. Seguidamente, os grupos desenvolveram com
as comunidades a Teoria de Mudança, usando as principais actividades de sustento
sugeridas no dia anterior (nomeadamente agricultura, pesca, pecuária, comercio e
exploração florestal). De referir que, essas actividades foram citadas como sendo as
principais fontes de sustento, tanto nas duas comunidades, assim como, no
levantamento preliminar na sede distrital.

5
3. PERFIL DO DISTRITO

3.1 Localização Geográfica do Distrito

O Distrito de
Namacurra situa-se na
Costa Oriental de
Moçambique na
Malei

Furquia
Província da Zambézia,
com uma superfície de
1.798 km². A Norte
limita-se pelos Distritos
de Mocuba, através da
Localidade de Munhiba
e Maganja da Costa,
Fonte: GDN através do rio Licungo,
ao Sul pelo Distrito de Nicoadala, a Este é banhado pelo Oceano Indico e Oeste pelo
Distrito de Nicoadala.

3.2 Demografia

Segundo as projecções do INE, actualmente vivem no Distrito um total de 269.529


habitantes, sendo 125.433 homens e 144,096 mulheres.

Prevê-se para 2016 e segundo a projecção do INE que o Distrito de Namacurra


possuirá 287.089 de habitantes, sendo 133.678 homens e 153.411 mulheres,
correspondente a uma média a 5,8% do total da Província. A população rural passará
para 257.491 habitantes com 137.595 mulheres, enquanto a população urbana será de
29.597 habitantes com 15.816 mulheres.

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3.3 História e Cultura

Historicamente o nome Namacurra resulta de um facto de caça de elefante que depois


de abatido e no processo de esquartejamento, os caçadores terão comentado em
língua local o seguinte: NHAMA EDGE KZXO MAKURA, que significa a carne do
animal era bastante gordurosa/oleosa. Um grupo de investigadores portugueses que
por ali passava, tendo ouvido essa expressão, logo adoptaram para designar aquele
local, que na forma aportuguesada passou a ser pronunciado Namacurra.

3.4 Serviços e Equipamentos Sociais

3.4.1 Educação

Não existem dados acerca da taxa de analfabetismo no Distrito de Namacurra, que se


possam comparar com a taxa de analfabetismo de toda a Província da Zambézia e do
Pais, que são 62,5 e 50, 3% respectivamente.

Embora não tenham sido disponibilizados dados ilustrativos desta situação, estima se
que, a semelhança do Pais e da Província da Zambézia uma parte significativa da
população analfabeta deste distrito e representada por mulheres.

A rede escolar do distrito e actualmente constituído por 148 estabelecimentos de


ensino, sendo a maior parte do nível primário. Das escolas que leccionam o nível
secundário apenas uma delas lecciona ate a 12ª classe, sendo a escola secundária
Geral de Namacurra localizada na vila – Sede.

De salientar que, no âmbito do programa de Alfabetização e Educação de Adultos,


foram criadas 159 centros o que representa um aumento relativamente a 2009 de
8.9%. no entanto tem-se registado um decréscimo na aderência da população devido a
procura de terras férteis para agricultura que passou de 10.340 alfabetizados em 2009
para 9.590 em 2010.

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3.4.2 Saúde

O Distrito de Namacurra está provido de dois centros de saúde rural do tipo I situados
nas sedes dos Postos Administrativos de Namacurra e Macuse e de quatro centros de
saúde rural do tipo II, distribuídos por localidades de Mugubia, Muibele, Mbawa e
Mexixine.

O distrito dispõe ainda de quatro postos de saúde localizados nas localidades de Malei,
Furquia, Naciaia e Mutange.

De salientar que 90% da população reside dentro do raio de 8 km das unidades


sanitárias disponíveis nos distritos, segundo as autoridades distritais a população
residente fora do raio de 08 km chega a percorrer ate 17 km de distância para a
unidade sanitária mais próxima.

Quanto as epidemias, mesmo com acções de prevenção (distribuição de redes


mosquiteiras e pulverização intra-domiciliária) e uma redução de 39% de casos
notificados, a malária e uma doença que mais afecta o distrito de Namacurra,
representado 53,5% do total de casos notificados nas unidades sanitárias em 2010.

3.4.3 Redes de acessibilidade e Infra-estruturas

Rede de Estradas

A rede viária do Distrito de Namacurra e constituída por 135,3 de estradas todas


classificadas. Desta rede apenas 61,1 km são pavimentados, correspondendo a
estrada Nacional n.1.

O distrito e atravessado por troco da Estrada Nacional n.1 que garante o acesso as
estradas de Quelimane e Mocuba bem como a outros distritos. Alguns troços das
estradas terciárias recebam manutenção periódicos efectuados.

Estas estradas, são importantes na comercialização e escoamento da produção


agrícola e garantem a comunicação com diferentes localidades. Mesmo assim, a rede

8
de estradas do distrito ainda se mostra insuficiente para as suas necessidades como e
o caso da zona Este do Posto Administrativo de Namacurra que não possui vias de
acesso.

Transporte marítimo

Segundo as autoridades distritais, o distrito de Namacurra dispõe de um porto terciário


que se localiza na região sudoeste, no posto Administrativo de Macuse. O porto de
Macuse situa se na boca do rio Macuse, aproximadamente a 77Km a norte de
Quelimane e a cerca de 8 km do mar, sendo as suas águas muito superficiais com
aproximadamente 1metro de profundidade, não possuindo condições para ser escalado
por navios grandes. Actualmente este porto encontra se inoperacional e em ruínas
devido a erosão e degradação que tomaram conta de uma parte das infra-estruturas.

Transporte Rodoviário

O Distrito de Namacurra foi no passado atravessado por uma via-férrea de 150 km de


extensão que atravessava os distritos de Quelimane, Nicoadala e Mocuba, que se
encontra actualmente desactivada e em estado de abandono, tendo os Caminhos de
Ferro de Moçambique optado pela sua remoção. De referir que naquela altura esta
linha férrea contribuía para o escoamento da produção agrícola de algumas zonas da
Província da Zambézia, como e o caso do sisal e do algodão, assim como para
transporte de passageiros.

3.5 Fontes de abastecimento de Agua

Desde 2010 o distrito realizou várias actividades de modo a aumentar a cobertura de


abastecimento da água do distrito, nomeadamente a construção e reabilitação de
algumas fontes de água, a formação e capacitação de comités de gestão da água, e a
construção de algumas cisternas e caleira.

Com estas actividades realizadas, foi possível aumentar a taxa de cobertura de água
rural para 51, 2%beneficiando 95000 habitante sem 2011.deste modo o distrito conta

9
com 234 fontes de água (poços, furos e nascentes). Das quais 191 operacionais e 43
não operacionais.

3.6 Sistema de Saneamento

O saneamento representa um desafio para o distrito. Dados do Censo 2007 indicam


que grande parte dos agregados familiares (91%) não possuía latrina o que indica não
só uma situação pior relativamente ao cenário provincial (79%) e nacional (53%) como
também que o fecalismo a céu aberto constitui uma prática comum.

De modo a melhorar a esta situação o governo distrital procedeu a construção de 725


latrinas familiares em 2010, numero que foi acrescido com a construção de mais 200
latrinas em 2011.

3.7 Abastecimento de Energia

O distrito de Namacurra beneficia desde 2005 da rede de energia electiva de Cahora


Bassa através de uma linha de distribuição de energia de 33KW, embora o número de
consumidores ainda seja reduzido quando comparado com o total de habitantes do
distrito.

Em 2010, a rede de distribuição abrangia apenas alguns bairros da Vila-Sede, num


total de 1.380 ligações domesticas, 970 das quais na zona urbana e 410 na zona rural.

Mesmo com este crescimento do nível de cobertura, o fornecimento continua


insuficiente visto que ainda grande parte do distrito recorre as fontes alternativas de
energia como por exemplo, combustível lenhoso e derivados de petróleo.

Existem ainda grupo de pessoas cujo abastecimento de energia e proveniente de


geradores e painéis solares distribuídos por todas localidades do distrito. Assim, foram
registados no ano 2010 cerca de 98 singulares que beneficiam se de geradores e 46 de
painéis solares.

10
3.8 Uso e ocupação do Solo

O Distrito de Namacurra estende-se por uma área de 2.028 km, da qual 628,8 km
correspondem a ocupação humana. Desde a área 626,7 km são ocupados por áreas
de cultivo e apenas 2,1Km2 e ocupada por aglomerados populacionais. A restante área
(1.399,2Km) e ocupada por diferentes coberturas do solo.

As áreas de cultivo encontram-se maioritariamente concentradas nas proximidades dos


principais cursos de água e terras húmidas ao longo da costa e mais para o interior do
distrito.

Destaca-se uma forte concentração na linha costeira, em volta da sede do posto


administrativo de Macuse, na área nordeste e em volta da sede do posto Administrativo
de Namacurra. Estas áreas cultivadas surgem, normalmente, em redor dos
aglomerados populacionais ou referem-se as áreas ocupadas por palmares.

Os aglomerados populacionais são na sua maioria constituídos por pequenas aldeias


rurais, situadas ao longo da faixas costeira do distrito em redor das sedes do distrito e
do Posto Administrativo de Macuse. Estes aglomerados situam se maioritariamente
pêro das vias de acesso que constituem corredores de ligação com outros distritos da
Província

3.9 Agricultura

A agricultura é uma actividade económica predominante no distrito de Namacurra, e


praticada em regime itinerante e de corte e queimada, orientada para a subsistência e
acompanhando a tendência nacional.

Restringe se a produção de culturas alimentares destas culturas as que se apresentam


em maiores níveis de produção são a mandioca que se representa em 60,9 % em 2009
e 48,3% em 2010 produção total do distrito. Esta crescente produção da cultura da
mandioca deve-se ao facto desta ser uma cultura resistente a seca e ser também uma
das principais fontes de alimentação da população.

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O arroz por seu turno e uma cultura com maior destaque em termos de crescimento do
volume de produção verificando-se um aumento nas quantidades produzidas desta
cultura. Olhando para segurança alimentar, o distrito não regista bolsas de fome uma
vez que, mesmo com a seca que assolou parte do distrito, o recurso a culturas
resistentes garantiu a produção agrícola.

3.10 Pecuária

A actividade pecuária no distrito de Namacurra e realizada não só pelo sector familiar


como também por sector privado. As espécies criadas no distrito, para alem de
constituírem meio de subsistência, são também fontes de rendimento para os
agregados familiares.

Com a implementação de programas de fomento pecuário no distrito por várias


associações tem-se verificado um crescimento na produção animal de ano para ano. A
espécie animal que apresenta não só maior efectivo como também maior tendência de
crescimento e as aves e a segunda espécie e o gado caprino que e considerado pela
população como sendo de fácil maneio e tendo preço acessível de compra.

3.11 Pesca

No distrito de Namacurra, a pesca e uma das actividades primárias mais praticada pela
população desenvolvida principalmente nas comunidades que residem ao longo da
costa.

Esta actividade tem sido praticada por pescadores artesanais organizados em


associações. O distrito possui 352 pescadores artesanais que praticam esta actividade,
existindo 12 redes de arrasto e 19 redes de emalhar. O distrito tem 9 centros de pesca
distribuídos ao longo da costa.

As espécies de pesca mais abundantes no distrito são o camarão, a carapau, a tilápia,


a corvina, o peixe- pedra, o peixe- serra, o peixe- gato.

12
3.12 Exploração florestal

O distrito de Namacurra e constituído por um conjunto de árvores de grande valor


económico como pau-ferro, umbila, muroto, jambirre, mondzo e chanfuta.

Os produtos florestais mais usados pela população são a lenha, (para iluminação e
confeccao de alimentos) e árvores para produção de carvão vegetal e de madeira para
construção e produção de mobiliário.

Em 2010, foram licenciados nas áreas de Muodho (Localidade de Malei) e Mutalatala


(Localidade de Muebele) três explorações de carvão vegetal e que foram realizadas
visitas de fiscalização da produção de carvão pois e actividade que e efectuada em
grande escala.

3.13 Indicadores de bem-estar

O desenvolvimento socio-económico do distrito de Namacurra tem registado avanços


significativos, de certa forma graças ao envolvimento do governo distrital e seus parceiros.

Segundo o levantamento efectuado nas comunidades locais, em relação a segurança


alimentar, apesar das inundações registadas na campanha agraria finda, o distrito não
registou bolsas de fome, devido a prática de culturas de ciclo curto. O distrito produziu
20.000 toneladas de alimentos diversos que garantiram alimentação a um universo de
255.783 habitantes.

Numa visão geral, o estado de saúde das comunidades locais melhorou. O distrito conta
com 12 Unidades Sanitária com maternidade e 02 Postos de Saúde; foram distribuídas
cerca de 13.072 redes mosquiteiras na consulta pré-natal para as mulheres gravidas dos
12.789 planificados, o que significou uma execução de 102.2%, contra os 10.585
distribuídos no ano 2013, registando-se um crescimento de 23%.

No que diz respeito a educação, regista-se um desenvolvimento em infraestruturas; existem


mais escolas construídas com material convencional; regista-se um crescimento no número
de centros de alfabetização e educação de adultos; comparativamente aos anos anteriores,
o nr. Desistência tende a decrescer, principalmente para alunos do sexo feminino.

13
Na formação de professores, verifica-se um aumento de quadros com nível superior
comparativamente aos anos anteriores.

3.14 Vulnerabilidade climática e capacidade de adaptação

3.14.1 Contexto actual

O clima do distrito é predominante do tipo tropical chuvoso de savana, com duas


estacões distintas, a chuvosa e a seca. A maior queda fluviométrica ocorria sobretudo
nos meses de Novembro de um ano e Abril do sequente, actual regista-se de
Novembro de ano a Fevereiro do seguinte, variando significantemente na quantidade e
distribuição quer durante o ano, quer de ano para ano e a temperatura média está na
ordem de 27º C.

Geomorfologicamente, o distrito é repartido em duas unidades principais:

A bacia sedimentar que compreende os sedimentos recentes do quaternário


constituído pelas dunas costeiras consorciadas as areias hidromóficas, sedimentos
fluvio-marinhos (mangais) e as aluviões mais ainda a plataforma dos manangas que
constituem sedimentos do terciário.

Ao norte o distrito é complementado pelo relevo declivoso derivado das rochas


metamórficas e eruptivas do Pré-câmbrico, conhecido também por complexo Gnaisso-
granitico de Moçambique Belt, de onde derivam solos residuais com texturas que
desde arenosa a argilosa e solos de profundidade rasa a solos muito profundos.

Os resultados dos levantamentos feitos através do CVCA nas localidades de Furquia e


Malei mostram, através do perfil histórico que as secas e cheias são eventos extremos
que mais afectam o distrito.

3.14.2 Projecções climáticas

As projecções de alterações climáticas geradas pelo Instituto Nacional de Gestão de


Calamidades (INGC) permitam que seja feita uma previsão sobre o risco de

14
calamidades naturais para Moçambique, ainda não se encontram disponíveis estudos
que permitam prever detalhadamente o que poderá ocorrer na costa Moçambicana, e
em, particular no Distrito de Namacurra.

Assim, prevê-se um aumento da temperatura no período entre 2046-2065, de 2.5°C e


3.0°C. A evaporação seguirá a tendência da temperatura, aumentando em todas as
regiões do País. Esse aumento poderá ser superior ao da pluviosidade, durante a
estação seca (Junho a Novembro), sugerindo que esta estação pode tornar-se mais
seca em todo o País. Por sua vez, a média anual de precipitação em todo o País
mostra uma ligeira subida da mesma (em cerca de 10-25%) comparada com a média
anual dos últimos 40 anos. Relativamente à ocorrência de ciclones, as tendências
sugerem que as mudanças climáticas poderão afectar as características dos mesmos
no sudoeste do Oceano Índico até cerca de 2030. No Distrito de Namacurra, caso se
confirmem as previsões de aumento de temperatura e subsequente aumento do nível
das águas do mar, as cotas do terreno inferiores a 5 m (zonas mais próximas à linha de
costa) poderão ficar submersas, o que corresponde a cerca de 10% da área total do
distrito. Por outro lado, a subida do nível médio do mar poderá ainda agravar o
fenómeno de intrusão salina, quer nos rios quer nos aquíferos. Relativamente ao
Distrito de Namacurra, a deterioração da qualidade da água de alguns aquíferos junto à
costa do distrito poderá ser problemática visto, actualmente, existir uma percentagem
ainda elevada de população que recorre aos mesmos como principal fonte de
abastecimento de água. Com relação ao risco de cheias, no Distrito de Namacurra é
moderado. No Distrito de Namacurra o risco de queimadas descontroladas é, em geral,
muito elevado (tendo em conta apenas a precipitação e a evapotranspiração).

3.15 Perfil da Localidade de Furquia

3.15.1 Localização Geográfica e Demografia

A localidade de Furquia localiza-se geograficamente na parte Este do Distrito de


Namacurra. A Norte limita-se pelas localidades de Mueibele, a Este pelo Distrito da

15
Maganja da Costa, através do rio Licungo, ao Sul pela Localidade Pida e Oeste pela
Localidade Mbaua.

Segundo as projecções do INE, actualmente vivem na Localidade de Furquia um total


de 24.355 habitantes, sendo 11.124 homens e 13.231 mulheres.

3.15.2 História e Cultura

Primeiramente a localidade de Furquia era denominada MPOTHA, nome de uma mata


onde se extraia estacas de construção de habitação, que conscientemente o formato
das estacas era denominado furquilha que aportuguesado passou a ser pronunciado
por Furquia.

A comunidade de Furquia professa na sua maioria a religião muçulmana e a língua


mais falada é Chuabo.

3.15.3 Potencialidades da Localidade de Furquia

Furquia é uma localidade com um grande potencial nas áreas de agricultura, comércio
e pesca. Apesar deste potencial económico, a localidade nos últimos anos tem vindo a
registar cenários cíclicos como é o caso das cheias/inundações que se verificam na
zona baixa e vendavais que comprometem drasticamente estas actividades
económicas, causando fome, miséria e migração sazonal.

3.15.4 Economia e Serviços

A agricultura é a actividade de extrema relevância envolvendo quase toda a


comunidade da localidade. Porém, verifica-se uma agricultura de regime familiar, com a
técnica de consorciação de culturas com base em variedades de espécies locais.

16
A característica do clima e do relevo da localidade que favorece a actividade agrícola,
nem sempre é bem-sucedida devido a ocorrência de inundações que
consequentemente condicionam a perda de culturas, devido a corrente das águas.

Furquia é dominada pelo sistema de produção baseado na cultura da cana-de-açúcar,


mandioca, arroz, leguminosas (feijão nhemba e amendoim) e citrinos. Há ainda a referir
a importância do coqueiro e do cajueiro no sistema de produção da zona costeira, quer
como um produto que garante a segurança alimentar ou como fonte de rendimento
para as famílias rurais.

A pesca é uma outra actividade de grande importância nesta comunidade, visto que a
localidade é atravessada pelo rio Licungo e uma lagoa denominada Durumue. A
comunidade tem usado vários equipamentos de captura de pescado como, rede de
cerco, arrasto simples ou duplo, armadilhas, anzol e zagaia.

Apesar das intempéries pós cheia, as comunidades regressam as zonas de cultivo


porque o potencial em termos de produção é maior, como também a pratica da pesca
artesanal.

Operam nesta localidade várias organizações não-governamentais, tais como FGH,


ADPP, WaterAid, COSACA, PLAN, Cruz Vermelha de Moçambique e Caritas.

17
3.16 Perfil da Localidade de Malei

3.16.1 Localização Geográfica e Demografia

A localidade de Malei localiza-se geograficamente na parte norte do Distrito de


Namacurra. A Norte limita-se pelos Distritos de Mocuba, através da Localidade de
Munhiba, a Este pelo Distrito da Maganja da Costa, através do rio Licungo, ao Sul pela
Localidade Sede Namacurra e Oeste pelo Distrito de Nicoadala.

Segundo as projecções do INE, actualmente vivem na Localidade de Malei um total de


18.595 habitantes, sendo 8.681 homens e 9.914 mulheres.

3.16.2 História e Cultura

Historicamente o nome Malei resulta do nome de um riacho que passa nas artérias da
localidade de Malei e pela sua contribuição económica em particular a prática de pesca
artesanal e nas suas margens propiciavam a prática de agricultura, consequentemente
foi atribuído a localidade o nome de Malei.

No que diz respeito a religião, a comunidade de Malei professa maioritariamente a


religião Católica e do Sétimo dia. Na sua maior parte, esta comunidade usa a língua
Chuabo como o meio de comunicação.

3.16.3 Potencialidades da Localidade de Malei

A Localidade de Malei tem um potencial económico nas áreas de agropecuária,


florestal (extracção de carvão vegetal, apicultura), comércio, mineração, pesca o qual
condiciona para o autosustento das famílias. Apesar deste potencial económico, a
localidade nos últimos anos tem vindo a registar cenários cíclicos como é o caso de
secas, queimadas descontroladas e cheias que se verificam na zona baixa próximas do
rio Licungo.

Em termos de produção, a região possui condições agroecológicas favoráveis a prática


de diversas culturas alimentares como o milho, tubérculos (mandioca, batata doce e

18
inhame), leguminosas (amendoim, feijão manteiga, feijão nhemba, feijão boer e feijão
jugo).

Porém, dada a existência de áreas de pastagem, a localidade de Malei possui


condições para o desenvolvimento da pecuária em particular para as espécies de gado
caprino, suíno e aves (galinhas e patos). Todavia regista-se um fracasso no
desenvolvimento desta actividade, devido a fraca capacidade de apoio financeiro,
assistência ao fomento pecuário e de falta de infra-estruturas (tanques bebedores).

No que diz respeito a exploração florestal a localidade tem um potencial na extracção


de carvão vegetal e exploração da madeira sobretudo de Jambire, Umbila e Chanfuta.
O volume de madeira explorado entre os anos de 2011 e 2013 foi de 375m³.
Actualmente verifica-se um decréscimo tanto na extracção de carvão vegetal assim
como a exploração de madeira na ordem de 23% e 67%, respectivamente.

19
FERRAMENTAS DE CVCA
Tabela 1: Perfil histórico de Namacurra

ANO DE ACONTECIMENTO/EVENTO IMPACTO


REFERÊNCIA CLIMÁTICO
1952 Cheias (Bomane, que Perda de vidas humanas, destruição
significa água que arrasta de infra-estruturas e de campos
tudo que encontra pela agrícolas. Nesta era possível encontrar
frente) casas com pessoas mortas e os
sobreviventes viviam por cima de
árvores e casas.
1958 Cheias e inundações nas Morte de muitas pessoas, perda de
zonas de Furquia e Macusse campos agrícolas, perda de bens,
destruição de habitações, machambas
e algumas infra-estruturas sociais
como escolas e estradas.
1968 Naufrágio do Batelão no Danos no batelão que provocou
regulado de Cocorico na vítimas humanas e surgimento do
zona de Mulamba cemitério Mbugaga
1972 Primeira vacinação contra Redução de morte por sarampo
sarampo
1974 Cheias (pela sua violência foi Aumento de surto de cólera, perda de
comparado com a operação vidas humanas, destruição de infra-
que os soldados do colono estruturas e de campos agrícolas
chamados forças do GE
efectuaram durante a
operação Nogórdio)
1975 Independência nacional Liberdade do povo
1976 Vacinação contra tétano, Redução de mortes por doenças
sarampo e bilharziose
1977 Nacionalizações Criação de lojas do povo, empresas
estatais, cooperativas de consumo e
abandono da manutenção do dique
principal de protecção das zonas
propensas as inundações
1978 Inundações e cheias. As cheias e inundações ocorridas
neste ano foram as mais devastadas
na história do distrito e província,
provocando vítimas humanas, muita
fome, perda de bens, surgimento dos

20
primeiros centros de reassentamento e
construção de casas elevadas. Foram
as cheias com maior duração de
tempo (4 meses) não só devido a
queda fluviométrica mas também
devido a abertura das comportas da
Cahora Bassa que inundaram toda a
região baixa da província atravessada
pelo Rio Licungo.
1979-1982 Retorno as zonas de origem Muita fome e consumo de nhagombo
das famílias reassentadas (uma planta aquática)
devido a seca
1980-1982 Intensificação da guerra civil Destruição das infra-estruturas e
serviços sociais básicos, de
machambas estatais e perda de vidas
humanas
1984 Criação de gabinetes de Minimizar a fome
abastecimento (Delegações
Provinciais de Combate as
Calamidades Naturais)
1985 A pátria chama por nós Defesa da soberania nacional
(Serviço Militar Obrigatório)
1986 Morte do primeiro presidente Tristeza do povo no solo pátrio e na
da república de Moçambique, diáspora
Samora Machel
1987 Migração massiva da Registo de maior número de
população devido a guerra refugiados nos países vizinhos
1992 Assinatura do Acordo Geral Fim da guerra civil
de Paz
1993 Início de regresso da Abertura de machambas na zona baixa
população as zonas de e a não valorização do dique de
origem protecção que culminou com a sua
destruição
1994 Primeiras eleições gerais Escolha dum governo
democraticamente eleito
1996 Cheias e ciclone Bonita Destruição das infra-estruturas e de
campos agrícolas
1997 Censo populacional Melhorar a planificação do governo
central
2000 e 2001 Cheias e ciclone Hudah Destruição das infra-estruturas e
serviços sociais básicos, danificação

21
de culturas, áreas florestais e criação
de Bairros de reassentamento
2003 Seca e ciclone Hudah Desaparecimento e perda de muito
peixe nos rios, morte de animais e
muita fome
2007 Cheias Famílias reassentadas e fome
2008 Cheias, estiagem e ciclone Registo de vítimas humanas, animais e
Fávio devastação de culturas
2009 Seca e ciclone Fome, destruição de casas e campos
agrícolas
2010 Seca Fome
2011 e 2012 Cheias e inundações Fraca produção
2013-2014 Seca Falta de água nos furos abertos,
animais com baixo peso e fraca
produção

Esta tabela faz uma resenha histórica da ocorrência dos principais eventos climáticos
de 1952 a 2014 e indica os respectivos impactos. Neste historial destacam-se as
cheias/inundações e seca/ciclones.

22
Tabela 2: Matriz de Vulnerabilidade.

EVENTOS/AMEAÇAS
Actividades Cheias/ Secas Ventos Queimadas Pragas Erosão
Inundações fortes
Agricultura 3 3 3 2 1 2
Pesca 1 2 2 0 0 0
Pecuária 2 2 1 2 0 0
Comércio 2 2 1 0 0 1
Exploração 1 1 1 3 0 1
florestal
Total 9 10 8 7 1 4

Tendências

Nota: pontuação máxima=3 significando que o evento afecta bastante a actividade e


mínima =0, sem nenhum impacto. As actividades de sustento estão em ordem de
importância.

Actualmente tem se registado com frequência um aumento crescente das cheias e


inundações, prejudicando a produção de hortícolas e de culturas da segunda época.
Verifica-se igualmente, chuvas erráticas que caem de forma intensa.

A semelhança das cheias e inundações nos últimos anos vem se registando aumentos
significativos de secas, afectando sobretudo a zona alta do distrito, o que coloca parte
do distrito com deficiência alimentar.

23
Tabela 3: Matriz de Capacidades e Medidas de Adaptação

Actividades Acções de Limitações das Medidas de


adaptação em acções em adaptações
curso curso sugeridas
Cheias/ Agricultura Machambas em Indisponibilidade Massificação e
Inundações zonas altas e de áreas de intensificação do
cultivo de arroz cultivo e cultivo de hortícolas
escassez de e arroz
insumos
agrícolas
Pesca Pesca nas Dificuldade de Abertura de tanques
margens dos rios acesso ao leito piscícolas;
dos rios; Disponibilidades de
Limitação no barcos de pesca
uso das artes de
pesca
Pecuária Construção de Falta de áreas Construção de
copas em árvores de pastagem e currais/capoeiras em
de grande porte de zonas altas
(currais/capoeiras abeberamento
elevadas); dos animais.
evacuação
atempada dos
animais para
zonas altas
Comércio Escoamento dos Deficientes vias Melhoramento das
produtos para de acesso para vias de acesso;
zonas seguras o escoamento instalação de
dos produtos; mercadas em zonas
Fraca oferta dos seguras
produtos
Seca Agricultura Uso de culturas Escassez de Instalações de
tolerantes à seca água; sistemas de
irrigação;
machambas em
zonas baixas
Pesca Pesca no interior Escassez de Disponibilidades de
do leito dos rios pescado; barcos de pesca
aumento de instalação de
conflito homem- sistemas de
animal; captação de água

24
escassez de para alimentar água
água nos tanques
piscícolas.
Pecuária Movimentação de Escassez de Produção e
animais para pasto e agua conservação de
varias zonas de para pasto para uso no
pastagem e abeberramento período de seca;
abeberramento; de animais instalação de
sistemas de
captação de água
para bebedouros de
animais
Exploração Exploração Escassez de Instalação de
florestal selectiva/restrita árvores; viveiros para
de árvores; escassez de produção de mudas;
sementes para reflorestamento de
produção de áreas devastadas
viveiros
Ventos fortes Agricultura Instalação de Indisponibilidade Instalação de
quebra-ventos de árvores para viveiros comunitários
(barreiras de quebra-ventos para produção de
arvores) em redor mudas
das machambas
Pesca Interdição de Deficiente Divulgação
pesca divulgação atempada da
informação
Pecuária Reforço dos Insuficiência de Construção de
currais/capoeiras meios materiais currais/capoeiras
e financeiros resistentes aos
ventos
Exploração Interdição da Deficiente Divulgação
florestal actividade divulgação atempada da
informação

Em relação as medidas de adaptação que tem sido levadas a cabo pelas comunidades,
principalmente para a prática de agricultura, pecuária e pesca para fazer face aos
eventos extremos, elas praticam agricultura em zonas altas e cultivam arroz na época
de cheias e inundações e na de seca introduzem culturas tolerantes à seca. No caso
da pecuária, no período de cheias constroem copas em árvores de grande porte
(currais/capoeiras elevadas); evacuam atempadamente os animais para zonas altas;

25
no período seco movimentam os animais para várias zonas de pastagem e
abeberamento e com relação a pesca, no período de cheias praticam esta actividade
nas margens dos rios e no período de seca fazem-no no leito dos rios. As soluções
propostas pelas comunidades perante estes cenários sugerem que se deve massificar
o cultivo de hortícolas e de arroz na época de cheias e instalação de sistemas de
irrigação; fazer machambas em zonas baixas; na pecuária deve se construir
currais/capoeiras em zonas altas no período de cheias e produção e conservação de
pasto para o uso no período seco, instalação de sistemas de captação de água para
bebedouros de animais; na pesca, no período de cheias propõe-se abertura de tanques
piscícolas e no período seco disponibilidade de barcos de pesca para se fazerem ao
leito dos rios e instalação de sistemas de captação de água para os tanques piscícolas.

26
Tabela 4: Calendário sazonal

PERÍODO
ACTIVIDADES
Jan Fev Mar Abr Ma Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Agricultura Colheita Lavoura Sementeira Sementeira
Pesca
Pecuária
Agrícola
Comércio

Geral

Exploração Florestal
Devastação do mangal
EVENTOS Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Seca
Cheias/inundações
Ventos fortes
Pragas
Caça e abertura de
Queimadas
machambas
Legenda:
- A actividade não é realizada ou o evento não ocorre
- A actividade é realizada ou o evento ocorre, com fraca intensidade
- A actividade é realizada ou o evento ocorre, com alguma intensidade
- A actividade é realizada ou o evento ocorre, com forte intensidade

27
Segundo as comunidades inqueridas no local, a actividade agrícola é a principal,
ocorrendo quase durante todo ano. A pesca é praticada ao longo de todo ano, com
mais incidência entre os meses Abril a Setembro. A pecuária também é praticada
durante todo ano, com maior enfoque de Maio a Julho. A actividade comercial, no geral
ocorre durante todo ano, com maior destaque entre os meses de Abril ate Novembro.
Em especial a comercialização agrícola é mais praticada de Abril a Agosto. A
exploração florestal ocorre na 2ª metade do ano, principalmente nos meses de
Novembro e Dezembro. Entretanto, com relação ao corte de mangal regista-se
ocorrência com fraca intensidade durante todo ano, com excepção de Janeiro,
Fevereiro e Junho.

Quanto aos eventos climáticos, a seca severa ocorre de Maio a Setembro. As


cheias/inundações e ventos forte coincidem-se nos meses de Janeiro, Fevereiro, Março
e Dezembro. Outras ameaças como pragas ocorrem durante 05 meses: Janeiro,
Fevereiro e Março (com grande intensidade) e com fraca intensidade nos Novembro e
Dezembro. As queimadas, sobretudo para fins de caça e abertura de machambas se
fazem sentir de Agosto a Outubro.

Figura 3: Levantamento de CVCA nas comunidades de Furquia e Malei

28
Figura 1. Diagrama de Venn

ADPP
Visão
Congreg.
Mundial
Religiosas

Caritas

PLAN Governo
Distrital
Right to
Play

COSA
CA

FGH

WaterAi CVM
d

29
ORGANIZAÇÃO SECTOR DE ACÇÃO LOCAL IMPACTO
1 Governo Distrital Todos Nas 02 3
localidades
2 Congregações religiosas Social Nas 02 2
localidades
3 Cruz Vermelha de Promove capacitações Nas 02 2
Moçambique de activistas e localidades
mobilização da
comunidade no âmbito
de saneamento do meio
4 Friends Global Health Saúde (TARV) Nas 02 2
localidades
5 Visão Mundial Saúde, educação, água e Furquia 2
saneamento
6 Consorcio de ONG Água e saneamento - Nas 02 1
Save the Children, Emergência localidades
Action aid, Care,CVM
7 Ajuda de Educação, Saúde e Nas 02 1
Desenvolvimento de Agricultura localidades
Povo para Povo (ADPP)
8 Caritas Água e saneamento Nas 02 1
localidades
9 WaterAid Água e saneamento Furquia 1
10 PLAN Educação Furquia 1
11 Right to Play Educação Nas 02 1
localidades

Após o exercício de análise dos principais actores que actuam no distrito com relação
às mudanças climáticas, foi feito um diagrama de venn, onde o governo distrital é a
entidade central na gestão de riscos e promoção de medidas de adaptação, seguida da
Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), Congregações Religiosas, Visão Mundial e
Friends Global Heath. Com menor impacto, também actuam a COSACA, ADPP,
Caritas, WaterAid, Right to Play e PLAN.

30
Figura 2: Mapeamento de Recursos e Riscos

Furquia Malei

31
4. MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DESENVOLVIMENTO DO DISTRITO

Da análise feita a secção de Vulnerabilidade Climática e Capacidade de Adaptação do


distrito, concluiu-se as mudanças climáticas tem impacto no desenvolvimento do distrito
e poderão evoluir, tendo em conta os cenários climáticos apresentados. Esta tendência
crescente poderá afectar os seus objectivos de desenvolvimento de médio e longo
prazos. Neste contexto, o distrito definiu a seguinte visão face a adaptação às
mudanças climáticas:

4.1 Visão

"Namacurra, Rumo ao Desenvolvimento Sustentável e Resiliente a Mudanças


Climáticas".

4.2 Objectivos Estratégicos (OE)

OE 1: Melhorar a capacidade institucional para assegurar o desenvolvimento


sustentável

OE 2: Melhorar as vias de acesso

OE 3: Incentivar o reflorestamento

OE 4: Assegurar a abertura de sistemas de captação de água.

OE 5: Fomentar a actividade agro-pecuária

32
4.3 Acções propostas por objectivo estratégico

OE1: Melhorar a capacidade institucional OE2: Melhorar as vias de acesso


para assegurar o desenvolvimento
sustentável.
 Formar a equipe técnica distrital em  Reabilitar vias de acesso
matéria de monitoria e avaliação  Fazer manutenções de rotina das vias
 Criar e legalizar de associações de acesso
 Criar comités de gestão de recursos  Ampliar e sinalizar as vias de acesso
naturais e fornecimento de  Construir drifts
equipamento de trabalho;  Construir aquedutos
 Instalar centros de demonstração de  Construir pontecas
tecnologias.
OE3: Incentivar o reflorestamento OE4: Assegurar a abertura de sistemas de
captação de água.
 Criar e reactivar comités de gestão  Adquirir e montar de moto-bombas
de recursos naturais; para irrigação;
 Criar viveiro comunitário e aquisição  Instalar pequenos sistemas de
de mudas abastecimento de água usando
 Fiscalizar a exploração dos recursos painéis solares
florestais  Construir diques de protecção das
 Combater a prática de queimadas águas
OE5: Fomentar a actividade agro-pecuária
 Adquirir semente (gergelim, hortícolas e cereais);
 Adquirir animais (caprino e suínos);
 Adquirir alvinos;
 Fomentar cooperativa de venda de equipamento pesqueiro.
 Abrir tanques piscícolas.
 Criar cooperativas de fornecimento de insumos agrícolas e transferência de
tecnologias de produção
 Assegurar a práticas de culturas tolerantes a seca
 Construir celeiros melhorados (Modelo Gorongosa)

33
4.4 Teoria de Mudança (TdM) V
i
s
ã
Namacurra, Rumo ao Desenvolvimento Sustentável e Resiliente a Mudanças Climáticas
o

I
m
p
Redução da Aumento de renda e Melhorada a segurança Melhoria de R
a
vulnerabilidade comercialização alimentar e excedente saúde pública
c e
comercial
t s
o u
l
Aumento de Aumento de facilidade Aumento da produção Melhoria do t
conhecimentos para fazer de escoamento de e produtividade saneamento do meio
a
face as mudanças produção
climáticas d
o
P
r
o
Aumento de Livre circulação Aumento da Disponibilidade Disponibilidade produtos
biodiversidade d
capacidade de de pessoas e de água agro-pecuários
adopção local bens u
t
o

O
Melhorar a capacidade Melhorar as vias Incentivar o Assegurar a abertura Fomentar actividade .
institucional para de acesso reflorestamento de sistemas de agro-pecuária E
assegurar o captação de água
desenvolvimento .
sustentável
34
Melhorar a capacidade institucional para assegurar o desenvolvimento sustentável

Na visão do distrito, com o melhoramento da capacidade institucional, irá aumentar a capacidade de adaptação local face as
mudanças climáticas; os técnicos estarão dotados de conhecimentos que irão introduzir iniciativas de adaptação a serem
implementadas pelo governo local e seus parceiros, resultando na redução da vulnerabilidade, nomeadamente, perda de culturas,
animais domésticos, entre outros bens; por último, irá contribuir na segurança alimentar e na capacidade de resposta e de
resiliência.

Melhorar as vias de acesso

Na visão do distrito, com o melhoramento das vias de acesso, a livre circulação de pessoas e bens será garantido, o que irá facilitar
o escoamento de produção e renda, bem assim, aumentar significativamente o comércio.

Incentivar o reflorestamento

Estimulando reflorestamento,o distrito irá aumentar a biodiversidade, isto é, o distrito aumentará as áreas florestais, e assim, a
produção florestal e faunística irá aumentar; o que incrementará a comercialização, a renda e o poder de compra de bens duráveis
das comunidades, isto é, o haverá melhoria das condições de vida e a riqueza, tornando-os resilientes em caso de ocorrência de
eventos extremos.

Assegurar a abertura de sistemas de captação de água.

Com a instalação de sistema de capitação de água, o distrito espera minimizar os problemas de carência de água nas
comunidades, o que irá ajudar no abastecimento de água, possibilitando maior disponibilidade de água que permitirá o aumento de
produção e produtividade; irá melhorar a saúde e higiene individual e colectiva; irá reduzir a distância percorrida para a busca do

35
precioso líquido; irá aumentar as áreas/produção de hortícolas, tanques de abeberamento de animais; e em última instância, a
qualidade de vida das comunidades estará assegurada.

Fomentar a actividade agro-pecuária

Com este objectivo estratégico, o distrito terá disponibilidade de produtos agro-pecuários, que irão aumentar a produção e a
produtividade agrícola, para além de melhorar a dieta alimentar e a comercialização agro-pecuária.

36
5. PLANO DE ACÇÃO

O Plano Local de Adaptação as Mudanças Climáticas do Distrito de Namacurra tem um horizonte temporário de 5 anos.

O plano de acção do mesmo segue as matrizes actualmente em uso para o desenho e implementação do PESOD distrital. E a filosofia
do PLA que ao longo do tempo, as acções aqui apresentadas sejam incorporadas no PESOD e reflectidos no PEDD.

Como referido na introdução, pretende-se que o PLA seja um instrumento de apoio e não um instrumento de planificação definitivo. O
distrito assume o PEDD e o PESOD como sendo os seus instrumentos de planificação sendo que, os restantes são apenas
instrumentos de apoio a estes dois.

As matrizes que se seguem apresentam o plano de acção da implementação do PLA no distrito de Namacurra, porem, e preciso frisar
que a implementação de cada uma das actividades será precedida por uma análise mais minuciosa da sua viabilidade técnica, social,
económica e ambiental. O Orçamento Global do PLA do Distrito de Namacurra é estima em Quarenta e oito milhões, duzentos e
cinquenta e cinco mil meticais (48.255.000,00Mts) como vem apresentado na tabela a baixo:

Tabela 07: Resumo do orçamento dos objectivos estrategicos

Ordem Objectivo Estratégico Orçamento (Mts)

1 Melhorar a Capacidade Institucional para assegurar o 905.000,00


desenvolvimento.

2 Melhorar as Vias de Acesso. 38,000,000.00

37
3 Incentivar o Reflorestamento. 1,100,000.00

4 Assegurar a abertura de sistemas de Captação de Agua. 4,650,000,00

5 Fomentar a actividade de Agro-pecuária. 3,600,000,00

Total 48,255,000.00

38
Matriz de acção do OE1: Melhorar a capacidade institucional para assegurar o
desenvolvimento
Actividad
Realização/An Fonte
Indicador e
N Meta o Beneficiári Orçamento por de Respons
r
Acção do Localização Provenie
Física os Actividade Finan .
produto nte do
I II I c.
I V PEDD?
I I V

Formar a equipe
Nr de Governo
técnica distrital em Namacurra/ DANID
1 capacitaçõ 5 1 1 1 1 1 16 340,000.00 do NAO
matéria de monitoria Quelimane A
es Distrito
e avaliação

Nr de
Criar e legalizar de associaçõe Furquia / DANID
2 6 2 2 2 População 15,000.00 SDAE SIM
associações s Malei A
legalizadas

Criar comités de Nr de
Furquia / DANID SDPI/SD
gestão de recursos comités 4 2 2 População 100,000.00 SIM
Malei A AE
naturais e criados
3
fornecimento de
equipamento de
trabalho
Nr de kits Furquia / DANID
4 2 2 População 150,000.00 SDPI NAO
fornecidos Malei A

39
Instalar centros de Nr de
Furquia / DANID
4 demonstração de centros 5 1 1 1 1 1 População 300,000.00 SDAE SIM
Malei A
tecnologias instalados

905,000.00

40
Matriz de acção do OE2: Melhorar as vias de acesso
Met Font Activida
Indicad Realização/Ano Orçamento de
N a Localiza Beneficiár e de Respo
r
Acção or do por ns.
Provenie
Físi ção ios Finan nte do
produto Actividade
ca I II III IV V c. PEDD?
KM de
estrada 4 3 3 2 2 Malei - Danid GD -
1 Reabilitar vias de acesso 150 População 4,000,000.00 Sim
reabilitad 0 0 0 5 5 Furquia a SDPI
os

Nr de
vias por
Fazer manutenções de rotina das Malei - Danid GD -
2 fazer a 6 1 2 2 1 0 População 10,000,000.00 SIM
vias de acesso Furquia a SDPI
manutenç
ão.

Nr de
trocos por Malei - Danid GD -
3 Ampliar e sinalizar as vias de acesso 10 2 2 2 2 2 População 4,000,000.00 Não
ampliar e Furquia a SDPI
sinalizar

Nr de
drifts Malei - Danid GD -
4 Construir drifts 4 2 1 1 0 0 População 2,000,000.00 Não
construíd Furquia a SDPI
os

Nr de
aqueduto
Malei - Danid
5 Construir aquedutos s 4 1 2 1 0 0
Furquia
População 2,000,000.00
a
GD - Sim
construíd
os

Nr de
pontecas Malei - Danid GD -
6 Construir pontecas
construíd
4 1 2 1 0 0
Furquia
População 16,000,000.00
a SDPI
Sim
os

38,000,000.00

41
Matriz de acção do OE3: Incentivar o reflorestamento
Re
ali Actividad
Orçament Fonte
za e
Localizaç Beneficiári o por de
Indicado çã Respons. Provenien
N Meta ão os Actividad Finan te do
r
Acção r do o/
Física e c. PEDD?
produto An
o
I II I
I V
I I V

Nr de
comités
Criar e reactivar comités de gestão de recursos Furquia/ 200,000. DANI
1 criados e 4 1 1 1 1 População INGC SIM
naturais; Malei 00 DA
reactivad
os

Nr de
Furquia/ 600,000. DANI
2 Criar viveiro comunitário e aquisição de mudas viveiros 2 1 1 População SDAE SIM
Malei 00 DA
criados

Nr de
Furquia/ 100,000. DANI SDAE/S
3 Fiscalizar a exploração dos recursos florestais fiscalizaç 10 2 2 2 2 2 População SIM
Malei 00 DA DPI
ões

42
Nr de
sensibiliz
ação de
Furquia/ 200,000. DANI SDAE/S
4 Combater a prática de queimadas contra a 10 2 2 2 2 2
Malei
População
00 DA DPI
pratica de
queimada
s
1,100,00
0.00

43
Matriz de acção do OE4: Assegurar a abertura de sistemas de captação
de água
Orçamento Actividad
Fonte de
Realização/Ano Localização Beneficiários por e
Indicador do Meta Financ. Respons
Nr Acção Actividade Provenien
produto Física .
te do
I II III IV V PEDD?
Adquirir e montar Nr de moto-
Furquia /
1 moto-bombas para bombas 2 2 População 150,000.00 DANIDA SDAE SIM
Malei
irrigação; adquiridas
Instalar pequenos
Nr de pequenos
sistemas de
sistemas de Furquia /
2 abastecimento de 2 1 1 População 2,500,000.00 DANIDA SDPI SIM
abastecimento Malei
água usando
instalados
painéis solares
Construir diques de
Nr de diques
3 protecção das 1 1 Malei População 2,000,000.00 DANIDA SDPI NAO
construídos
águas
4,650,000.00

44
Matriz de acção do OE5: Fomentar a actividade agro-pecuária
Activi
Realização/Ano Fon dade
Orçame
Indicador Meta te Prove
N Localiz Benefi nto por Resp
Acção do Físic de niente
r ação ciários Activida ons.
produto a II Fina do
I II IV V de
I nc. PEDD
?

Quantidad
10
e de Furquia Popula 1,000,00 DAN
1 Adquirir semente (gergelim, hortícolas e cereais); Tone 2 2 2 2 2 SDAE SIM
semente / Malei ção 0.00 IDA
ladas
adquiridos

Nr de
2 1 1 Furquia Popula 200,000. DAN
2 Adquirir animais (caprino e suínos); animais 60 10 10 SDAE SIM
0 0 0 / Malei ção 00 IDA
adquiridos

Nr de
10 10 Furquia Popula 200,000. DAN
3 Adquirir alvinos alvinos 2000 SDAE SIM
00 00 / Malei ção 00 IDA
adquiridos

Nr de
cooperativ
Fomentar cooperativa de venda de equipamento Popula 500,000. DAN
4 as 1 1 Furquia SDAE NAO
pesqueiro. ção 00 IDA
fomentad
as

Nr de
Furquia Popula 600,000. DAN
5 Abrir tanques piscícolas. tanques 2 1 1 SDAE SIM
/ Malei ção 00 IDA
abertos

45
Nr de
Criar cooperativas de fornecimento de insumos Furquia Popula 600,000.
6 cooperativ 2 1 1 DAN SDAE NAO
agrícolas e transferência de tecnologias de produção / Malei ção 00
as criadas IDA

Nr de
práticas de
Furquia Populaç 300,000. DANI
7 Assegurar a práticas de culturas tolerantes a seca culturas 3 1 1 1 SDAE SIM
/ Malei ão 00 DA
assegurada
s

Nr de
celeiros Furquia Populaç 200,000. DANI SDAE
8 Construir celeiros melhorados (Modelo Gorongosa) 20 4 4 4 4 4 NAO
melhorado / Malei ão 00 DA / SDPI
s

3,600,0
00.00

TO 48,255,
TAL 000.00

46
6. SISTEMA DE MONITORIA E AVALIAÇÃO

A monitoria e avaliação (M&E) do presente plano de adaptação será guiada pelos


procedimentos em curso para a avaliação da implementação do PES. Isto ira
permitir que não haja sobrecarga nos recursos humanos, materiais e financeiros do
distrito. Enquanto a monitoria será um processo continuo, espera se uma avaliação
de meio-termo no final do segundo ano e, uma avaliação final, após o 5 ano de
implementação. Um plano mais detalhada de monitoria e avaliação será desenhado
aquando da implementação das actividades no campo os seguintes indicadores
deverão alimentar o sistema de M&E ao longo da vigência do PLA.

TABELA DE INDICADORES
A. NIVEL DE PROCESSO

OE1: MELHORAR A CAPACIDADE OE2: MELHORAR AS VIAS DE


INSTITUCIONAL SUSTENTÁVEL ACESSO
Indicador Dados de base e Indicador Dados de base e
ano de referência ano de referência
Nr de capacitações (1) 2015 Km de estradas (8) 2015
dadas a equipe reabilitadas
tecnica distrital
Nr de associaçoes (8) 2010 Nr de vias de (0) 2015
legalizadas acessos por fazer a
manutençao
Nr de comites (4) 2013 Nr de troços por (0) 2015
criados ampliar e sinalizar
Nr de kits (0) 2015 Nr de drifts (0) 2015
fornecidos aos construidos
comites
Nr de centros de (0) 2015 Nr de aquedutos (0) 2015
demonstracao de construidos
tecnologias
instalados
Nr de pontecas (0) 2015
construidas

OE3: INCENTIVAR O OE4: ASSEGURAR A ABERTURA DE


REFLORESTAMENTO SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA.
Indicador Dados de base e Indicador Dados de base e
ano de referência ano de referência

47
Nr de comites (3) 2011 Nr de motobombas (0) 2015
criados e adiquiridas
reactivados
Nr de viveiros (0) 2015 Nr de pequenos (0) 2015
criados sistemas de
abastecimento de
água instalados
Nr de fiscalizações (2) 2012 Nr de diques (0)2015
florestais construidos
realizadas
Nr de (3) 2011 Nr de sistemas de (0) 2015
sensibilizações irrigaçao instalados
contra a prática de
queimadas
realizadas
Nr de capacitações A (2)2014
para os líderes
comunitários sobre
uso racioanal de
recursos florestais

OE 5: FOMENTAR A ACTIVIDADE AGRO-PECUÁRIA


Indicador Dados de base e ano de referência
Quantidades de sementes adquiridas (1ton) 2015
Nr de animais adquiridas (0) 2015
Nr de alvinos adquiridos (0) 2015
Nr de cooperativas de pescas (0) 2015
fomentadas
Nr de tanques piscicolas abertos (1) 2014
Nr de cooperativas de fornecimentos de (0) 2015
insumos agricolas criados
Nr de culturas tolerantes a seca (0) 2015
fomentadas
Nr de celeiros melhorados construidos (0) 2015

48
B : NÍVEL DE PRODUTO, RESULTADOS E IMPACTO

Indicador Dados de base e ano de referência

Número de associações legalizadas (1ton) 2015 21

Nr de Número de comités criados (1) 2015

Número de espécies florestais e faunísticos (1) 2015

Número de explorações florestais e (3)2015


faunísticos.

Número de hectares 0
reflorestados/desflorestados

Nr: de culturas tolerantes a seca (7) 2015


fomentadas

Nr: de celeiros melhorados construídos (1) 2015

Tempo medio que se percorre ate a fonte 500 m


de água

Quantidade de produtos comercializados 86.000 (2015)

Número de agregado familiar com 271.000 (2015)


diversidade de dieta

Número de agricultores praticando 36 (2015)


agricultura irrigada.

Acesso a informação antecipada referente Rádios, Telemóveis, emails, Data


a ocorrência de eventos climáticos. winner.

49
Aumento de rendimento (toneladas por 2 há.
hectares)

Maior fluxo de mercadorias 0

Número de doenças/pragas reportadas 4

Número de doenças de origem hídrica 2014 – 3962; 2015 - 3487


reportadas

Número de organizações baseadas na 0


comunidade

Número de pessoas afetadas pela fome 0

Número % da desnutrição 2014 – 69; 2015 - 89

% de pobreza 0

Esperança de vida no distrito 0

Número de agregado familiar com acesso a 124.380 (2015)


água potável

Número de famílias afetadas pelas 1.628 (2015)


calamidades

50
51
7. OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTOS CLIMÁTICOS NO
DISTRITO
As tabelas e textos abaixo apresentam as diferentes oportunidades de investimento
que o distrito oferece e que, uma vez concretizadas, poderão ajudar a aumentar a
auto- suficiência e resiliência do distrito.

1. Agricultura

Em relação a agricultura, este distrito conta com muita terra fértil disponível
(120.000 há) boa rede hidrográfica para a irrigação, evidenciada pelo rio Namacurra,
condições naturais adequadas para represamento de água, e com condições
climáticas e topográficas para a prática de agricultura (todas as Localidades).

2. Pecuária
Situação actual Oportunidades de
negócios
 Existem  Potencial para
actualmente 58.805 atingir 300.000,00
espécies de animais espécies.
diversos.  100.000 Há sendo
 Existe. 10.000 Há sob aproveitadas
onde pastam para pastagens.
animais
actualmente.

52
3. Pesca

Situação actual Potencialidade e sua Oportunidades de


cadeia de valor negócios
Produção actual 676 Produção pontencial4.474 Aumentar a produção do
T/Ano. Toneladas/ Ano. pescado em 3.798
Toneladas/Ano.
Apenas trabalham 500 Pescadores necessários – Criar incentivos de
pescadores, 3300. financiamento de 2800
Pescadores.
Existem 200 barcos P0ntencial de 1.320 Construir 1.120 Barcos.
Barcos.

4. Exploração florestal

Situação actual Potencialidade e sua Oportunidades de


cadeia de valor negócios
Actualmente existem Promover as plantações Massificar as plantações
poucas espécies. florestais. florestais.

Actualmente explora-se Preservar as espécies em Explorar as espécies


todas as espécies. vias de extinção. abundantes.

53
5. Comércio

Situação actual Potencialidade e sua Oportunidades de


cadeia de valor negócios
Preços de vanda Programa de divulgação Massificar a divulgação de
flutuantes ex: de preços justos de preço de castanha.
17MT/quilograma de castanhas.
castanha.
Preço de arroz flutuante Programas de divulgação Massificar a divulgação de
ronda a 11MT/kg (casca) de preços. preços, conservação e
venda em tempo de
escassez.

54
BIBLIOGRAFIA

 INE - Instituto Nacional de Estatística. (2010-2013). Estatísticas do Distrito de


Namacurra. Moçambique;

 Governo do Distrito de Morrumbala. (2015). Relatório Balanço do PES III


Trimestre;

 INGC - Instituto Nacional de Gestão de Calamidades. (2009). Estudo sobre o


impacto das alterações climáticas no risco de calamidades em Moçambique
Relatório Síntese. Segunda Versão. Moçambique;

 Instituto Nacional de Gestão de Calamidades. (2012). Respondendo as


Mudanças Climáticas em Moçambique-Tema 5-Água. Moçambique;

 INGC - Instituto Nacional de Gestão de Calamidades; INAM; FEWS NET


(2011). Atlas for Disaster Preparedness and Response in the Zambezi Basin;

 MAE - Ministério da Administração Estatal. (2005). Perfil do distrito de


Morrumbala província de Zambézia. Edição 2005. Moçambique;

55

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