Avaliação N1-1 - Lucas Siqueira Cheim

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Avaliação N1-1 Aluno: Lucas Siqueira Cheim

Responda discursivamente às seguintes questões:

1. Explique o método fenomenológico, usado por Edith Stein na obra Estrutura da pessoa
humana. (1,0 ponto)
O método fenomenológico, utilizado por Edith Stein em sua obra Estrutura da Pessoa
Humana, é uma abordagem filosófica que visa compreender a essência das coisas, focando na
experiência direta e na intuição. Desenvolvido inicialmente por Edmund Husserl, esse método
é caracterizado por alguns princípios, explicitados a seguir.
Primeiramente, a fenomenologia enfatiza a necessidade de retornar às “coisas
mesmas”, ou seja, focar nas experiências tal como elas se apresentam à consciência, sem
interferências teóricas ou preconceitos. Para tanto, deve-se realizar a suspensão de
julgamentos (époche), em que o pesquisador deixa de lado todas as suposições e teorias pré-
concebidas sobre o objeto de estudo, de forma a permitir uma observação pura e direta da
essência do fenômeno. Então, utilizando a intuição da essência, busca-se não somente
perceber os aspectos particulares de um fenômeno, mas captar a sua essência universal.
Então, a partir da descrição fenomenológica, descrevemos detalhadamente o fenômeno, tal
como são vividos na experiência direta.

2. Em relação ao estudo sobre a pessoa humana, qual o nosso acesso a este ‘objeto’ de estudo, a
pessoa humana? (1,0 ponto)
Nosso acesso ao objeto de estudo, a pessoa humana, segundo Edith Stein, se dá
através da experiência direta e da empatia. A fenomenologia enfatiza a importância de se
aproximar da pessoa humana de maneira imediata e sem preconceitos, observando suas
manifestações na própria experiência de vida. Isso envolve perceber as ações, reações e
interações das pessoas no cotidiano, permitindo uma visão mais autêntica e genuína da
essência humana.
Além da experiência direta, Edith Stein argumenta que a empatia nos permite
entender a vivência interna do outro, colocando-nos em seu lugar e compreendendo seus
sentimentos e estados de espírito. Dessa forma, a empatia amplia nosso entendimento,
proporcionando um acesso mais profundo e integral à pessoa humana. Portanto, o método
fenomenológico oferece um caminho para captar tanto as experiências individuais quanto as
universais do ser humano, indispensável para uma análise completa da natureza humana.

Explique as teses de Edith Stein, e os argumentos que sustentam as teses, sobre os seguintes
temas estudados a partir da obra Estrutura da pessoa humana de Edith Stein
3. Quais são as características essenciais dos corpos, e em especial do corpo humano, segundo a
descrição fenomenológica de Edith Stein? (1,0 ponto)
Tese: Individualidade do corpo humano
Edith Stein argumenta que o corpo humano, ao contrário de pedaços de massa ou
cristais, possui uma forma definida, completa e indivisível, uma característica chamada
"individualidade". Ao comparar o corpo humano com substâncias menos complexas, ela
observa que, enquanto pedaços de massa podem ser divididos ou unidos sem perder sua
essência, o corpo humano não pode ser fragmentado ou combinado sem perder sua identidade
essencial. Isso significa que cada corpo humano é um exemplar único da espécie, possuindo
uma estrutura individual que não pode ser fragmentada sem comprometer sua totalidade.
Tese: Estruturação rigorosa e simétrica
Stein descreve o corpo humano como rigorosamente estruturado e simétrico, com
uma conformidade interna a leis naturais. A estruturação dos membros é organizada de
maneira complexa e variada, refletindo uma simetria que é essencial tanto para humanos
quanto para animais superiores. Esta estrutura se manifesta na postura ereta característica dos
humanos, na exposição da forma básica através da nudez, e na visibilidade relativa da
estrutura interna do corpo na superfície. A comparação com organismos do reino vegetal e
animal reforça a especificidade da estrutura humana em termos de complexidade e simetria.
Tese: Multiplicidade de componentes materiais
O corpo humano é constituído por uma multiplicidade de componentes materiais,
cada um desempenhando um papel distinto na construção da figura humana. Esses
componentes se manifestam na forma da superfície e são organizados em membros e órgãos.
A anatomia estuda esses componentes em termos de composição química, enquanto a
fisiologia aborda o funcionamento das partes do corpo.
Tese: Movimento e leis internas e externas
O movimento do corpo humano é regido por leis internas e externas. Movimentos
naturais, como caminhar, seguem leis internas do corpo, enquanto movimentos interrompidos,
como tropeçar, são influenciados por fatores externos. Stein destaca que essa dualidade de leis
é evidente na forma como o corpo tenta manter seu movimento interno mesmo quando
confrontado com obstáculos externos.

Tese: Manifestações acústicas e lei interna


As manifestações acústicas do corpo humano, como falar, cantar e rir, também
seguem leis internas e externas. Stein argumenta que, diferentemente dos ruídos produzidos
por objetos inanimados, os sons humanos frequentemente têm origem interna e estão
relacionados à totalidade do ser humano. Ela observa que esses sons podem ser analisados
tanto por sua qualidade sensorial quanto por seu significado mais profundo, refletindo a
natureza material e espiritual do corpo humano.

4. Quais são as características essenciais dos organismos vivos, segundo a descrição


fenomenológica de Edith Stein? (1,0 ponto)
Tese: Configuração interna e alma vital
Stein argumenta que os organismos vivos possuem uma configuração interna que os
torna únicos e os diferencia das coisas materiais inanimadas. Esta configuração é determinada
por uma "forma interna" ou "alma vital", que Aristóteles chamou de entelequia. Esta forma
interna é responsável por dar ao organismo sua figura e estrutura específica, além de atuar
continuamente para manter e desenvolver essa configuração ao longo do tempo. Esta alma
vital, ou anima vegetativa, é o princípio de vida que organiza a matéria e permite que o
organismo cresça, se desenvolva e se mantenha.
Tese: Movimento orgânico e lei interna
Os organismos vivos estão em constante movimento, tanto interno quanto externo,
seguindo leis próprias. O movimento orgânico é uma expressão da atividade vital que se
origina de centros internos e se manifesta de acordo com a forma interna do organismo. Esta
atividade contínua e autossustentada distingue os organismos vivos dos objetos inanimados,
que só se movem quando impulsionados por forças externas. Stein enfatiza que o movimento
dos organismos vivos é regulado por uma lei interna que coordena a atuação conjunta dos
materiais estruturais e a geração de novos indivíduos da mesma espécie.
Tese: Processo vital e finidade da força vital
O processo vital dos organismos vivos é caracterizado pela capacidade de se auto-
organizar e se manter ao longo do tempo. A força vital, embora finita, atua sobre a matéria já
informada para construir e formar o organismo progressivamente. Este processo continua até
que o organismo atinja seu desenvolvimento pleno (Zênite), após o qual a força vital começa
a decair, levando à degeneração e eventual cessação da vida. Esta finitude da força vital
reflete a natureza limitada e transitória dos organismos vivos, em contraste com a
permanência das formas inanimadas.
Tese: Natureza hierárquica e continuidade dos seres vivos
Stein segue a cosmologia de Tomás de Aquino e Aristóteles, que propõe uma
hierarquia de seres vivos, onde cada nível preserva características do nível imediatamente
inferior, mas introduz algo novo. Nesta visão, as plantas, animais e humanos são distintos,
mas interconectados por uma continuidade de formas. A capacidade de sentir e se mover
livremente no espaço distingue os animais das plantas, enquanto a racionalidade distingue os
humanos dos animais.
5. Quais são as características essenciais do ser animal, segundo a descrição fenomenológica de
Edith Stein? (1,0 ponto)
Tese: Movimento livre e caráter instintivo
Stein argumenta que uma das características essenciais dos animais é a capacidade de
movimento livre no espaço, diferentemente das plantas que estão fixas a um local. Este
movimento não é imposto externamente de maneira mecânica, como ocorre com objetos
inanimados, mas surge de “dentro” do próprio animal. Este movimento interno é instintivo e
regido por leis internas, o que distingue o movimento animal do movimento humano que pode
ser voluntário. A liberdade de movimento é, portanto, uma expressão da vida interna do
animal e de sua capacidade de reagir de forma instintiva aos estímulos externos.
Tese: sensibilidade e interioridade
Os animais possuem a capacidade de sentir e perceber o que lhes acontece, indicando
a presença de um centro interno de sensibilidade. Esta sensibilidade interna permite aos
animais experimentar o mundo de maneira subjetiva, estabelecendo uma distinção clara entre
o interior (o que é sentido) e o exterior (o que é percebido). A capacidade sensitiva é
acompanhada por uma vida afetiva, na qual emoções e instintos desempenham um papel
importante na resposta aos estímulos ambientais.
Tese: Vida afetiva e caráter
A vida afetiva dos animais é uma manifestação de sua interioridade. Stein destaca que
os animais não apenas percebem o mundo externo, mas também reagem emocionalmente a
ele. Esta vida afetiva inclui instintos, emoções e comportamentos característicos que definem
o caráter de cada animal. A interação entre a sensibilidade e a vida afetiva constitui uma parte
fundamental da experiência animal, moldando seu comportamento e sua resposta ao
ambiente.
Tese: Alma animal e corpo
Segundo Stein, a alma animal é a forma interna que dá vida ao corpo do animal,
similar à entelequia aristotélica. Esta alma vital organiza e mantém a estrutura do corpo
animal, permitindo que ele funcione como um todo integrado. A relação entre alma e corpo
nos animais é complexa, envolvendo uma interação contínua entre a forma interna (alma) e a
matéria (corpo), onde a alma animal orienta o desenvolvimento, o movimento e as funções
vitais do corpo.
Tese: Diferença entre espécie e individualidade

Stein explora a distinção entre espécie e individualidade tanto nos animais quanto nos
humanos. Nos animais, a forma interna é específica para cada espécie, mas também permite
variações individuais. Esta dualidade reflete a capacidade dos animais de se desenvolverem
como exemplares de sua espécie, ao mesmo tempo que exibem características únicas.

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