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Ergonomia e

Medicina do
Trabalho
Elaine Christine Pessoa Delgado
Marcos Rodolfo da Silva
Giselly Santos Mendes

Unidade 1

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autores
ELAINE CHRISTINE PESSOA DELGADO
MARCOS RODOLFO DA SILVA
GISELLY SANTOS MENDES
OS AUTORES
Elaine Christine Pessoa Delgado
Eu, Elaine, sou formada em Administração de Empresas pela
Universidade Federal de Campina Grande (2007), com uma experiência
técnico-profissional na área de gerência de empresas há mais de 10 anos.
Aline Pedro Feza

Marcos Rodolfo da Silva


Eu, Marcos Rodolfo da Silva, sou graduado em Enfermagem,
pós-graduado em Enfermagem do Trabalho, técnico em radiologia
e instrumentador cirúrgico pelo Centro Universitário da Fundação de
Ensino Octávio Bastos (UNIFEOB), 2010, 2012 e 2008, respectivamente.
Além disso, ao longo de minha carreira, participei de cursos na área de
urgência e emergência e atuei como enfermeiro supervisor no Pronto
Socorro Municipal Dr. Oscar Pirajá Martins; na cidade de São João da Boa
Vista, estado de São Paulo, no período de março de 2011 a janeiro de 2014.
Atualmente, sou acadêmico do 5° ano do curso de Medicina no Centro
Universitário das Faculdades Associadas de Ensino Unifae, São João da
Boa vista - SP. Além disso, desenvolvo materiais didáticos como professor
conteudista nas áreas de saúde pública, saúde do idoso, direito à saúde
e a elas correlatas.

Giselly Santos Mendes


Eu, Giselly, sou mestra em Qualidade Ambiental, tecnóloga em
polímeros, administradora e educadora com uma experiência técnico-
profissional na área de Processos Gerenciais e Educacionais de mais de
12 anos.

Somos apaixonados pelo que fazemos e gostamos de transmitir


nossas experiências de vidas àqueles que estão iniciando em suas
profissões. Por isso fomos convidados pela Editora Telesapiens a integrar
seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Histórico e significado social da ergonomia..................................... 12
Histórico da ergonomia............................................................................................................... 12

Significado social da ergonomia........................................................................................... 19

Conceito e princípios da ergonomia, o papel do ergonomista,


valor econômico e aplicações coletivas e individuais da
ergonomia....................................................................................................... 22
Conceito e princípios da ergonomia.................................................................................. 22

O papel do ergonomista.............................................................................................................26

Valor econômico .............................................................................................................................28

Aplicações coletivas e individuais da ergonomia................................................... 30

Ergonomia física, cognitiva e organizacional................................... 32


Ergonomia física................................................................................................................................32

Ergonomia cognitiva......................................................................................................................34

Ergonomia organizacional........................................................................................................ 38

Classificações e custo-benefício da ergonomia............................. 41


Classificações da ergonomia................................................................................................... 41

Custo-benefício da ergonomia..............................................................................................47
Ergonomia e Medicina do Trabalho 9

01
UNIDADE

LIVRO DIDÁTICO DIGITAL


10 Ergonomia e Medicina do Trabalho

INTRODUÇÃO
Você sabia que o homem das cavernas já se preocupava na
produção de elementos que fossem adequados às suas necessidades
e características? Que a ergonomia abrange inúmeras áreas de
conhecimento, não sendo adotada apenas no ambiente de trabalho, como
também em qualquer produto que o homem possa aproveitar? E que o
ergonomista precisa ter conhecimento avançado sobre múltiplos campos
de conhecimento em qualquer esfera que seja indispensável para o seu
exercício? A ergonomia estuda a adaptação do trabalho às características
dos indivíduos, oferecendo conforto, segurança e o bom desempenhos
das atividades laborais; possui três tipos, que são a ergonomia física, a
ergonomia cognitiva e a ergonomia individual; e possui classificações
de acordo com alguns autores. Nesta unidade compreenderemos como
começou a história da ergonomia, seus principais conceitos, valores e
aplicações, seus tipos e classificações e o custo-benefício apresentado
pela ergonomia.

Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste


universo!
Ergonomia e Medicina do Trabalho 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Enunciar o histórico e o significado social da ergonomia;

2. Identificar o conceito de ergonomia, esclarecer os princípios,


descrever o papel do ergonomista, discutir o valor econômico e as
aplicações coletivas e individuais da ergonomia;

3. Explicar a ergonomia física, cognitiva e organizacional;

4. Apontar a classificação e o custo-benefício da ergonomia.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
12 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Histórico e significado social da


ergonomia
INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como


surgiu a ergonomia, seus principais fatos históricos e qual o
significado social da ergonomia. E então? Motivado para
desenvolver essa competência? Então vamos lá. Avante!

Histórico da ergonomia
Antes de entendermos o que é a ergonomia, vamos compreender
como tudo começou?

Segundo Iida e Buarque (2018), a ergonomia possui uma data oficial


de nascimento que é 12 de julho de 1949, pois foi nessa data que, pela
primeira vez, um grupo de cientistas e pesquisadores se reuniram na
Inglaterra com o objetivo de debater e formalizar a existência desse novo
ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Contudo, Corrêa e Boletti
(2015) afirmam que os preceitos que hoje em dia conduzem a ergonomia
tiveram início nos primórdios da história da humanidade.

Presume-se que na pré-história o homem tenha ajustado a


pedra às suas necessidades, respeitando a anatomia da mão para que
o seu manuseio fosse mais seguro e eficaz, sendo essa suposição
fundamentada no formato dos utensílios daquela época, como as
ferramentas empregadas para caça e defesa pessoal, esclarecem Corrêa
e Boletti (2015).

Existem evidências de que o homem das cavernas já tinha a


preocupação de produzir artefatos cada vez mais adequados às suas
necessidades e características, destaca Abrahão et al. (2009).

A palavra ergonomia também foi utilizada no ano de 1857 no artigo


Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, apoiada nas leis objetivas da
Ergonomia e Medicina do Trabalho 13

ciência sobre a natureza, do polonês Wojciech Jastrzebowski, lembram


Iida e Buarque (2018).

O surgimento da ergonomia como uma disciplina científica, para


Corrêa e Boletti (2015), ocorreu nos anos de 1940, como resultado da
crescente complexidade dos equipamentos técnicos, assim, começou-se
a notar que as vantagens derivadas do emprego dos novos equipamentos
não estavam se concretizando, uma vez que as pessoas não conseguiam
entendê-los e utilizá-los.

Observe, então, que os primeiros passos sobre a ergonomia existem


desde os primórdios da civilização, porém ela, como disciplina científica,
só surgiu na década de 1940.

A ergonomia como ciência apresentou suas origens em estudos e


pesquisas no campo da Fisiologia do Trabalho, de forma mais específica
na fadiga (Figura 1) e no consumo energético causado pelo trabalho,
relata Oliveira (2015).
Figura 1: Fadiga

Fonte: Pixabay

De início, esses problemas eram mais notórios na esfera militar, em


que era exigido muito dos operadores, tanto física quanto cognitivamente,
pois, de acordo com a evolução tecnológica da Segunda Guerra
Mundial que era empregada no dia a dia, verificaram-se as dificuldades
encontradas nas pessoas de lidar com os equipamentos, gerando um
fraco desempenho e aumentando a possibilidade de erros humanos.
Essa preocupação levou acadêmicos e psicólogos militares a realizarem
14 Ergonomia e Medicina do Trabalho

pesquisas na área e, depois, investigações sobre a interação entre


pessoas, equipamentos e ambientes, informam Corrêa e Boletti (2015).

IMPORTANTE:

Ainda que o foco inicial tenha sido ambientes de trabalho,


a importância da ergonomia foi pouco a pouco se tornando
reconhecida em outras áreas, como, por exemplo, no projeto
de produtos para consumidores, como carros, computadores
etc. (CORRÊA; BOLETTI, 2015).

Dessa forma, pode-se dizer que nas origens da história da


ergonomia a preocupação se baseava em desenvolver pesquisas e
projetos orientados para a aplicação de conhecimentos já disponíveis em
fisiologia e psicologia, assim como para o estudo do dimensionamento
humano, custo energético, buscando a concepção e definição de
controles, painéis, arranjo do espaço físico e dos ambientes de trabalho,
afirma Abrahão et al. (2009).

Iida e Buarque (2018) ainda explicam que a ergonomia só ganhou


status de uma disciplina mais formalizada a partir do início da década de
1950, por causa do desempenho da Ergonomics Research Society (ERS),
que foi considerada a primeira sociedade mundial de ergonomia, assim,
vários pesquisadores ligados a essa sociedade começaram a espalhar
seus conhecimentos, buscando a sua aplicação industrial e não apenas
militar, como ocorria na década passada.

Com o passar dos anos, o emprego da expressão ‘ergonomia’


já estava presente nos principais países europeus em substituição a
designações passadas, como fisiologia e psicologia do trabalho. Nos
Estados Unidos utilizou-se a nomeação human factors (fatores humanos),
Ergonomia e Medicina do Trabalho 15

entretanto, a palavra ergonomia já é acolhida como seu sinônimo,


explicitam Iida e Buarque (2018).

Nos Estados Unidos foi fundada, em 1957, a Human Factors Society,


que, posteriormente, no ano de 1992, mudou o nome para Human Factors
and Ergonomics Society (IIDA e BUARQUE, 2018).

No Brasil, com o desenvolvimento dos movimentos sociais,


especificamente dos sindicatos dos trabalhadores, muitas demandas
em ergonomia buscavam respostas para os problemas associados às
más condições de trabalho (Figura 2) e à recusa da divisão das tarefas,
derivada da divisão do trabalho em excesso, tendo como apogeu desses
movimentos o final dos anos 1960 e os anos 1970, menciona Abrahão et
al. (2009).
Figura 2: Más condições do trabalho

Fonte: Freepik

Conforme Corrêa e Boletti (2015), as pesquisas brasileiras na área da


ergonomia são mais ou menos recentes, ainda que existam registros de
pesquisas efetivadas no século XIX, foi apenas a partir da década de 1970
que pesquisadores de várias universidades brasileiras iniciaram a inclusão
da ergonomia no escopo de várias áreas do conhecimento, sendo o
16 Ergonomia e Medicina do Trabalho

primeiro trabalho acadêmico no ano de 1973 intitulado de Ergonomia —


notas de classe, escrito por Itiro Iida e Henry A. J. Wierzbicki.

Essa década de 1970 foi caracterizada por uma expansão da


visão da ergonomia, pois múltiplos aspectos de projetos, que eram
solucionados apenas tecnicamente, foram reconhecidos como fontes de
problemas ergonômicos e, desse modo, deveriam fazer jus a análises mais
cuidadosas. Dessa forma, os estudos passaram a abranger as variáveis
do meio ambiente (iluminação, temperatura, ruído,) como elementos do
sistema humano–máquina–ambiente, elucidam Iida e Buarque (2018).

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar nesse tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: artigo: A
evolução histórica da ergonomia no mundo e seus pioneiros.
(SILVA e PASCHOARELLI) acessível pelo link https://bit.
ly/31gZ3K6 (Acesso em: 27/07/2020).

A partir da década de 1980, o bojo da relevância dos ergonomista


voltou-se para a investigação dos sistemas automáticos e informatizados
com destaque na natureza cognitiva do trabalho. Essa mudança aconteceu,
sobretudo, por causa dos insucessos na implantação desses sistemas
que eram organizados com uma lógica que não abrangia os processos
cognitivos compreendidos na ação e, desse modo, apresentavam muitas
dificuldades na operação do sistema, informa Abrahão et al. (2009).

Iida e Buarque (2018) lembram que, com a propagação da


informática, a partir da década de 1980, foram inseridos postos de trabalho
informatizados e máquinas programáveis (Figura 3) em todos os setores
de atividades humanas, ocasionando novos desafios à ergonomia.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 17

Figura 3: Máquinas programáveis

Fonte: Freepik

Esses processos de automação determinaram uma nova relação


do ser humano com o seu trabalho, assim, ele deixa de ser um cumpridor
direto e passa a desempenhar o papel de controlador do processo. Mesmo
com essa mudança, não existiu uma modificação de todas as situações
de trabalho, pois mesmo em situações nas quais existe um grau elevado
de automação, encontram-se tarefas altamente repetitivas e intensivas
no gesto de produção que convivem com essas ações de controle de
processo, ilustra Abrahão et al. (2009).

Com a introdução de novas máquinas informatizadas, foram


exigidas também muitas pesquisas na área da ergonomia, principalmente
sobre apresentação e percepção de informações, memória e tomada de
decisões, descrevem Iida e Buarque (2018).

Durante os anos de 1980, a ênfase do projeto industrial era a


otimização das interações entre o homem e seus ambientes imediatos
18 Ergonomia e Medicina do Trabalho

de atividade, assim, por sua finalidade restrita, a ação ergonômica era


chamada de microergonomia, explanam Corrêa e Boletti (2015).

Mas o que seria a microergonomia?

Corrêa e Boletti (2015, p. 8) explicam que

em uma conjuntura micro, a ergonomia se preocupa com os


meios peculiares a cada circunstância de trabalho, isto é, o
posto de trabalho em si, uma situação específica, como os
níveis de ruídos de determinado equipamento.

No ano de 1983 surgiu a Associação Brasileira de Ergonomia


(ABERGO), “uma entidade sem fins lucrativos, cujo objetivo é o estudo,
a prática e a divulgação das interações das pessoas com a tecnologia,
a organização e o ambiente, considerando as suas necessidades,
habilidades e limitações” (CORRÊA e BOLETTI, 2015, p. 7).

Com o passar dos anos, foi notável o aumento do reconhecimento


da importância da ergonomia dentro das empresas, assim, o seu propósito
foi ampliado de forma significativa, passando a abranger aspectos
organizacionais, como o trabalho em grupo e gerenciais do trabalho,
colaborando de forma constante e integral ao sistema produtivo.

Já na década de 1990, os especialistas começaram a trabalhar em


equipe, incorporando-se aos demais especialistas e contribuindo para a
criação e projeto de novos sistemas, desde a fase inicial, vindo, assim, a
influenciar na própria caracterização dos sistemas e na definição de sua
configuração total, afirmam Iida e Buarque (2018).

” A ergonomia passou a estudar o desenvolvimento e aplicação


da tecnologia da interface humano–máquina–ambiente em nível macro”
(IIDA e BUARQUE, 2018, p. 13).

Como assim?

Em uma organização macro, a ergonomia está associada aos


sistemas de produção universal (Figura 4), à união entre o ser humano e a
Ergonomia e Medicina do Trabalho 19

máquina, operando de maneira simultânea e indicando para um objetivo


comum, esclarece Corrêa e Boletti (2015).

Figura 4: Sistema de produção universal

Fonte: Freepik

Dessa forma, a ergonomia passou a cooperar com o projeto global


e gerência de organizações em nível estratégico, expandindo suas
colaborações e gerando resultados mais expressivos, menciona Iida e
Buarque (2018).

A ergonomia se tornou uma ferramenta que pode ser empregada


pelos mais diversos sujeitos, como “os profissionais diretamente ligados às
questões do trabalho, engenheiros, médicos, psicólogos, administradores,
sociólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, dentre
outros”, relata Abrahão et al. (2009, p. 24).

Significado social da ergonomia


Consoante Abrahão et al. (2009), da mesma forma que ocorreram
mudanças nas tecnologias e nas maneiras de ordenar o trabalho, verificou-
se, também, uma evolução expressiva do conceito de saúde e da luta para
que o mundo do trabalho não constitua fonte de sofrimento, doenças,
lesões e mortes.
20 Ergonomia e Medicina do Trabalho

A saúde deixa de ser um estado, uma obtenção, e passa a ser


encarada como um propósito, como um processo associado ao potencial
de vida, como uma composição individual e coletiva. (ABRAHÃO, 2009).

Para Dul e Weerdmeester (2012), a ergonomia pode colaborar para


resolver um grande número de problemas sociais pertinentes à saúde,
segurança, conforto e eficiência.

Muitos acidentes podem ser motivados por erros humanos, como,


por exemplo, acidentes com aviões, carros, guindastes, tarefas domésticas,
dentre outros; e avaliando-os pode-se concluir que são provocados
pelo contato indevido entre os operadores e suas tarefas, explica Dul e
Weerdmeester (2012). Assim, os autores afirmam que a possibilidade de
acontecimento dos acidentes pode ser diminuída quando se avaliam de
forma adequada as capacidades e limitações humanas e as características
do ambiente durante o projeto do trabalho.

Há também muitas situações de trabalho e da vida diária que


são lesivas à saúde, pois as doenças do sistema musculoesquelético
(sobretudo dores nas costas) e aquelas psicológicas (como o estresse)
estabelecem o mais importante motivo de absenteísmo e de incapacidade
para o trabalho. Esses acontecimentos podem ser concedidos ao projeto
ruim e ao uso incorreto de equipamentos, sistemas e tarefas, desse
modo, a ergonomia pode colaborar para diminuir esses problemas (DUL
e WEERDMEESTER, 2012).

A ergonomia pode colaborar para a prevenção de falhas,


aumentando o funcionamento.

A colaboração da ergonomia não se limita às indústrias, pois


atualmente os estudos ergonômicos são muito vastos, podendo cooperar
para aperfeiçoar as residências, a circulação de pedestres em locais
públicos, auxiliar pessoas idosas, crianças, pessoas com deficiência, e
assim por diante, lembra Iida e Buarque (2018).
Ergonomia e Medicina do Trabalho 21

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Neste capítulo você deve ter compreendido
que a ergonomia teve início nos primórdios da história da
humanidade, contudo, como disciplina científica ela surgiu
em 12 de julho de 1949 em um debate realizado entre
cientistas e pesquisadores no qual formalizaram esse novo
ramo de aplicação interdisciplinar. Viu que os problemas mais
notórios foram observados na esfera militar e com a evolução
tecnológica ocorrida com a Segunda Guerra Mundial e o
fraco desempenho diante dessas novas tecnologias, e que no
Brasil buscavam-se respostas para os problemas associados
às más condições de trabalho, além do reconhecimento de
fontes de problemas ergonômicos. Que a ação ergonômica
foi chamada de microergonomia, que se preocupava apenas
com o posto de trabalho em si, mas posteriormente passou
a ser em nível macro, sendo associada aos sistemas de
produção universal, à união entre o ser humano e a máquina,
operando de maneira simultânea e buscando um objetivo
comum. Por fim, você conheceu o significado social da
ergonomia, onde ela pode colaborar para resolver um grande
número de problemas sociais pertinentes à saúde, segurança,
conforto e eficiência.
22 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Conceito e princípios da ergonomia, o


papel do ergonomista, valor econômico
e aplicações coletivas e individuais da
ergonomia
INTRODUÇÃO:

Neste capítulo identificaremos o conceito de ergonomia,


esclareceremos os princípios, descreveremos o papel do
ergonomista e discutiremos o valor econômico e as aplicações
coletivas e individuais da ergonomia.

Conceito e princípios da ergonomia


Corrêa e Boletti (2015) explicam que conforme as circunstâncias em
que as tarefas são cumpridas e o tempo em que o homem se mantém
na mesma posição desempenhando determinadas atividades, podem
aparecer problemas como desconforto e fadiga.

Esforços feitos de forma recorrente e postura de maneira imprópria


acabam provocando danos, e, para que isso não aconteça, é preciso
avaliar a adaptação do trabalho ao homem. Essa avaliação tornou-se a
essência da origem da ergonomia, ciência que basicamente fazia parte da
biologia e da engenharia, mas que hoje em dia encontra-se de forma mais
ampla, abrangendo inúmeras áreas do conhecimento e sendo adotada
não apenas no ambiente de trabalho, mas em qualquer produto que o
homem possa aproveitar, esclarece Corrêa e Boletti (2015).

A ergonomia se fundamenta em informações de outras áreas, como a


antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, engenharia
mecânica, desenho industrial, eletrônica, informática e gerência industrial,
Ergonomia e Medicina do Trabalho 23

reunindo, separando e incorporando os conhecimentos pertinentes


dessas áreas (DUL e WEERDMEESTER, 2012).

Mas o que significa ergonomia?

Iida e Buarque (2018, p. 4) informam que encontram-se várias


definições de ergonomia onde se busca evidenciar a natureza
interdisciplinar e o seu objeto de estudo, que é “a interação entre o
ser humano e o trabalho no sistema humano–máquina–ambiente ou,
mais precisamente, as interfaces desse sistema”, onde acontecem
transferências de informações e de energias entre o ser humano, a
máquina e o ambiente, tendo como consequência a concretização do
trabalho.

O vocábulo ergonomia (Figura 5) é formado pelas palavras gregas


‘ergon’, que significa trabalho; e ‘nomos’, que significa regras, descreve
Abrahão et al. (2009).

Figura 5: Ergonomia

Fonte: Elaborado pela autora com informações de Abrahão et al. (2009).


24 Ergonomia e Medicina do Trabalho

A Associação Brasileira de Ergonomia adota a definição oficial


apresentada pela Associação Internacional de Ergonomia (IEA) na qual:

A ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica


que estuda as interações entre os seres humanos e outros
elementos do sistema de trabalho, aplicando os princípios
teóricos, dados e métodos, a fim de realizar projetos para
otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral desse
sistema. (Disponível em: https://bit.ly/3lYCFx7.).

Dul e Weerdmeester (2012, p. 13) resumem o significado da


ergonomia como sendo uma “ciência aplicada ao projeto de máquinas,
equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a
segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho”.

Moraes (2014) descreve a ergonomia como sendo o estudo da


adaptação do trabalho às características dos indivíduos de forma que lhes
ofereça o máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas
atividades no trabalho.

Ela analisa diversos pontos, conforme Dul e Weerdmeester (2012),


como:

• a postura e os movimentos corporais — que compreendem os


movimentos sentados, em pé, empurrando, puxando e levantando
cargas;

• fatores ambientais — dos quais fazem parte os ruídos, vibrações,


iluminação, clima, agentes químicos;

• informação — que inclui as informações capturadas pela visão,


audição e outros sentidos;

• relações entre mostradores e controles, assim como cargos e tarefas


— que abrangem as tarefas apropriadas, interessantes.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 25

A reunião apropriada desses fatores permite desenvolver ambientes


seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na
vida diária (DUL e WEERDMEESTER, 2012).

Os principais objetivos da ergonomia, segundo Corrêa e Boletti


(2015), são que as pessoas se sintam satisfeitas e confortáveis, assim
como existir a garantia de que a atividade no trabalho e o emprego do
equipamento ou produto não estejam acarretando problemas à saúde do
usuário. Para isso, não se limita a avaliar a interação entre o operador e o
produto ou equipamento, a atividade e o ambiente laboral, mas também
compreende o contexto organizacional, psicossocial e político de um
sistema, relata Corrêa e Boletti (2015).

Iida e Buarque (2018) afirmam que a ergonomia possui uma atuação


bastante extensa, compreendendo as atividades imprescindíveis para
que o trabalho possa alcançar os resultados almejados, tais como:

• planejamento e projeto, que acontecem antes do trabalho a ser


efetivado;

• monitoramento, avaliação e correção, que acontecem durante o


cumprimento desse trabalho;

• análises decorrentes das consequências do trabalho.

A ergonomia se preocupa em assegurar que o projeto, seja


do produto, do equipamento ou de qualquer outro que se deseja,
complemente as forças e habilidades do homem, reduzindo as
consequências de suas limitações, no lugar de forçá-lo a se adequar,
elucida Corrêa e Boletti (2015).

Iida e Buarque (2018) ainda esclarecem que o objetivo principal


da ergonomia não é a eficiência, pois esta, de forma isolada, poderia
justificar o cumprimento de práticas que induzam ao aumento dos riscos,
tornando-se inadmissível, já que a ergonomia propõe-se (Figura 6) a
resguardar a saúde e segurança, satisfação, eficiência e produtividade
dos trabalhadores.
26 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Figura 6: Ergonomia propõe

Fonte: Elaborado pela autora com informações de Iida e Buarque (2018).

A saúde e segurança do trabalhador são conservadas quando as


condições impostas do trabalho e do ambiente se encontrarem dentro
das capacidades e limitações do trabalhador; a satisfação é o resultado
do atendimento das necessidades e perspectivas do trabalhador, criando
uma sensação de bem-estar e conforto; e a eficiência e produtividade
verificam os resultados alcançados, em comparação com os recursos
aplicados e o uso do tempo, explicita Iida e Buarque (2018).

O papel do ergonomista
Para Corrêa e Boletti (2015), os ergonomistas colaboram para o
planejamento, o projeto e a avaliação de tarefas, os postos de trabalho,
os produtos, os ambientes e os sistemas para transformá-los, deixando-
os compatíveis com as necessidades, as habilidades e as limitações das
pessoas.

Esses profissionais fazem análises e avaliações (Figura 7) de tarefas,


trabalhos, produtos, organizações e ambientes, assim como desenvolvem
Ergonomia e Medicina do Trabalho 27

propostas e projetos para resolver os problemas descobertos e cooperam


para a sua concretização, explana Iida e Buarque (2018).

Figura 7: Análises e avaliações

Fonte: Freepik

Suas atividades podem se modificar de acordo com a área de


atuação, como saúde e segurança, transporte, ambiente de trabalho,
projeto de produtos etc. Contudo, as atividades terão sempre seu foco
na garantia de que um sistema ou produto se encontre de acordo com as
necessidades dos usuários, informa Corrêa e Boletti (2015).

Muitos ergonomistas operam em empresas trabalhando na área de


interação, de um lado, com projetistas e, de outro, com os operadores
ou usuários dos sistemas de produção, buscando guiar os projetistas,
compradores, gerentes e trabalhadores sobre os problemas ergonômicos,
28 Ergonomia e Medicina do Trabalho

adaptando os trabalhos relativos às características e limitações do ser


humano, menciona Dul e Weerdmeester (2012).

Você percebe a importância que o ergonomista possui?

Os profissionais da área de ergonomia devem dar prioridade à


compreensão de todo o domínio de ação da disciplina, tanto em seus
aspectos físicos e cognitivos quanto sociais, organizacionais, ambientais
etc. (CORRÊA e BOLETTI, 2015).

O ergonomista pode atuar em diferentes dimensões: as


condições ambientais, como iluminação, ventilação e
temperatura; a altura das prateleiras; os equipamentos; os
carrinhos utilizados para transporte de materiais. Da mesma
forma, pode analisar o sistema de estoque das mercadorias,
informatizado ou manual, de modo a minimizar o tempo e
o erro na procura de uma mercadoria. Pode identificar se a
organização do trabalho é compatível com as atividades
realizadas na loja; se a comunicação entre o vendedor e o
estoquista interfere no tempo de espera do cliente; se o rodízio
entre postos favorece a aquisição de novas competências e se
a realização de tarefas concorrentes contribui para aumentar
os erros no caixa (ABRAHÃO et al., 2009, p. 29).

Corrêa e Boletti (2015) ainda lembram que, para cumprir com as


suas atividades, o ergonomista deve possuir um aprendizado avançado
em múltiplos campos do conhecimento, como a antropometria e
biomecânica, anatomia e fisiologia humana, psicologia, engenharia e
qualquer outra esfera que seja indispensável ao seu exercício.

Valor econômico
Dul e Weerdmeester (2012) esclarecem que a ergonomia deve
acolher os objetivos sociais (o bem-estar) e econômicos (o desempenho).
No nível social, a ergonomia pode colaborar para a diminuição dos
Ergonomia e Medicina do Trabalho 29

custos, precavendo problemas de saúde, como, por exemplo, a redução


dos distúrbios musculoesqueléticos por causa do trabalho, pelo
aperfeiçoamento das situações laborais.

Nas empresas, a ergonomia pode colaborar para aprimorar a


competitividade, pois com uma boa adequação ergonômica (Figura 8)
dos postos de trabalho e dos sistemas, a atuação laboral poderá melhorar,
aumentando-se a qualidade e produtividade, tendo como consequência
a redução dos custos, relata Dul e Weerdmeester (2012).

Figura 8: Boa adaptação ergonômica

Fonte: Freepik

Segundo Oliveira (2017), todos são favorecidos com a ergonomia,


pois, sejam empresas ou trabalhadores, recebem como vantagens:

• Para a empresa: qualidade satisfatória dos produtos e forma


operacional; otimização do tempo; mais produção, mais lucro;
diminuição de absenteísmo (afastamento de trabalhadores por motivo
de dores, doenças, acidentes etc.).
30 Ergonomia e Medicina do Trabalho

• Para o trabalhador: coopera para melhores condições de trabalho;


maior proveito no trabalho; menor esforço efetivado; diminuição
de trabalhos repetitivos; redução da carga física e mental; menor
possibilidade de erro; menos acidentes e doenças.

Aplicações coletivas e individuais da


ergonomia
A ergonomia aconselha, conforme Dul e Weerdmeester (2012),
que os equipamentos, sistemas e trabalhos devem ser planejados para
a utilização de muitas pessoas, ou seja, coletivo, contudo, sabe-se que
encontram diferenças individuais em uma população, assim, os projetos,
em geral, devem responder a 95% da população, isso quer dizer que
existem 5% dos extremos dessa população (indivíduos muito gordos, muito
altos, muito baixos, mulheres grávidas, idosos ou deficientes físicos) para
os quais os projetos de uso coletivo não se adequam de forma satisfatória.

Nessas situações é preciso que se produzam concepções especiais


para essas pessoas.

Iida e Buarque (2018) afirmam que muitos dos grandes problemas


de produção, tanto na indústria quanto no setor de serviços, já estão
razoavelmente resolvidos para a maioria da população, pelo menos nos
países mais desenvolvidos. Diante disso, os pesquisadores em ergonomia
passaram a evidenciar seus estudos em certas minorias, como as pessoas
idosas, obesas e aquelas com deficiência.

Tudo isso acarreta uma necessidade de constituir novos


conhecimentos sobre essas minorias, que distinguem daqueles
conhecimentos tradicionais da ergonomia, pois esses novos
Ergonomia e Medicina do Trabalho 31

conhecimentos são fundamentais para se requerer projetos adaptados a


elas, elucida Iida e Buarque (2018).

RESUMINDO:

Agora, só para termos certeza de que você realmente


entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a ergonomia
é formada pelas palavras ‘ergon’, que quer dizer trabalho; e
‘nomos’, que significa regras, e é uma ciência aplicada ao
projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas,
objetivando melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência
no trabalho; que estuda a postura e os movimentos corporais,
fatores ambientais, informação e relações entre mostradores e
controles, tendo como objetivos a satisfação e o conforto das
pessoas e a garantia de que a prática laboral e o emprego do
equipamento ou produto não acarretem problemas à saúde
do usuário e propondo resguardar a saúde e segurança,
satisfação, eficiência e produtividade dos trabalhadores. Viu
também que o ergonomista tem o papel de analisar e avaliar as
tarefas, trabalhos, produtos, organizações e ambientes, como
também desenvolver propostas e projetos para resolver os
problemas descobertos, cooperando para sua concretização.
Por fim, você conheceu o valor econômico da ergonomia,
devendo acolher os objetivos sociais e econômicos, trazendo
benefícios para todos os envolvidos; e as aplicações coletivas
e individuais da ergonomia, demonstrando a necessidade de
observação dos conhecimentos sobre as minorias.
32 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Ergonomia física, cognitiva e


organizacional
INTRODUÇÃO:

Neste capítulo explicaremos a ergonomia física, cognitiva e


organizacional, destacando as principais características de
cada uma delas. Vamos juntos?

Ergonomia física
Corrêa e Boletti (2015) explicam que a ergonomia física versa sobre
a observação das características da anatomia, antropometria, fisiologia
e biomecânica humanas relacionadas com a atividade física, possuindo
como temas pertinentes o estudo da postura no ambiente de trabalho,
do manuseio de ferramentas, de movimentos repetitivos, de distúrbios
musculoesqueléticos que possuam relação com o trabalho, do projeto de
postos de trabalho e segurança e saúde dos usuários. https://bit.ly/2IIj9qk

É indispensável que o ergonomista possua entendimentos mínimos


sobre a estrutura do nosso organismo e como ele atua (CORRÊA e
BOLETTI, 2015).

Vejamos de uma forma mais prática.

Vidal (2010) aborda a ergonomia física com o foco voltado para


a ergonomia sobre os aspectos físicos de uma situação de trabalho,
demonstrando-os como reais, pois trabalhar envolve o corpo do
trabalhador, requisitando-o de várias maneiras no decorrer da jornada
de trabalho. Assim, a ergonomia física procura adaptar essas exigências
aos limites e capacidades do corpo, por meio do projeto de interfaces
apropriadas para o relacionamento físico homem–máquina: as interfaces
de informação (displays) as interfaces de acionamentos (controles).
Ergonomia e Medicina do Trabalho 33

Para isso, são imprescindíveis vários conhecimentos sobre o corpo e o


ambiente físico onde a atividade se desenvolve, explica o autor.

O sistema esquelético concede ao corpo suas dimensões


antropométricas (estatura, comprimento dos membros, capacidades de
movimentação limitadas, alcance mínimo e máximo), dessa forma, a falta
de adequação antropométrica origina desequilíbrio postural estático,
fator que causa a LER/DORT, como também lombalgias ciáticas e outros
problemas fisiátricos, ilustra Vidal (2010).

Um dos pontos mais importantes da ergonomia é que o posto


de trabalho, seus utensílios e elementos encontram-se conforme as
dimensões da pessoa que está ocupando esse posto de trabalho (VIDAL,
2010).

Para executar as suas atividades laborais, o indivíduo realiza trabalho


muscular (Figura 9), podendo ser estático, quando ele segura um peso
com o braço esticado; ou dinâmico, quando ele gira uma roda, assim,
um processo biológico essencial para a execução do trabalho muscular
é o consumo de nutrientes através de comidas e bebidas para que se
converta energia química em energia mecânica e calor, informa Corrêa
Boletti (2015).

Figura 9: Trabalho muscular

Fonte: Freepik
34 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Desse modo, as atividades laborais devem estar apropriadas às


capacidades e limitações esqueléticas e musculares do homem, como
também devem observar o metabolismo humano, pois solicitam liberação
de calor e energia mecânica, demonstrando, assim, a importância da
fisiologia humana para a ergonomia, complementa Corrêa e Boletti (2015).

Por fim, o organismo musculoesquelético, dotado de um sistema


de transformação de energia, exerce interação com o ambiente em que
se encontra, efetuando uma homeostase e esboçando reações diante
de temperaturas, ruídos e iluminações não apropriadas, estabelecendo,
assim, um domínio de conhecimento de ergonomia ambiental, também
chamada de ecologia humana, elucida Vidal (2010).

Com o propósito de promover uma postura corporal que cause


o menor desgaste musculoesquelético possível, frequentemente é
estudado sobre a possibilidade de se adquirirem melhorias nas posturas
mais usadas nos ambientes de trabalho, sendo uma das prioridades da
ergonomia a promoção do conforto do trabalho, expõe Corrêa e Boletti
(2015).

Nesse contexto, o conforto é visto como a sensação de bem-estar


físico, alívio e comodidade, explica Corrêa e Boletti (2015).

Vidal (2010) ainda explica que a utilidade da ergonomia física está


no apoio categórico que oferece a muitos problemas identificados nos
sistemas de trabalho, pois no âmbito dos postos de trabalho, problemas
antropométricos e posturais realmente são verificados numa grande
quantidade, sejam eles industriais, agrícolas ou de serviços.

Ergonomia cognitiva
Abrahão et al. (2009) definem a ergonomia cognitiva como sendo
aquela que se interessa pelos processos mentais, como a percepção,
memória, raciocínio e resposta motora, e seus efeitos nas interações entre
seres humanos e outros elementos de um sistema.

Os tópicos mais pertinentes possuem relação com o estudo


da “carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho
Ergonomia e Medicina do Trabalho 35

especializado, interação homem–computador, confiabilidade humana,


estresse profissional e a formação” quando conservem projetos que
envolvam seres humanos e sistemas, destaca Abrahão (2009, p. 30).

A ergonomia cognitiva é “uma disciplina científica que estuda


os aspectos de condutas e cognitivos da relação entre o homem e os
elementos físicos e sociais do ambiente, quando essa relação está
mediada pelo uso de artefatos” (CAÑAS & WAERNS, 2001, p. 4).

Com isso, instrui-se que os trabalhadores não são apenas


simples cumpridores de tarefas, são capazes de revelar sinais e indícios
importantes, são operadores competentes e são organizados entre si para
trabalhar, podendo até cometer falhas (VIDAL, 2010).

A ergonomia cognitiva tem como escopo compreender a


expressão da cognição do indivíduo no seu ambiente de trabalho, além
de desenvolver estudos que possibilitem criar novas metodologias de
análise e exemplos explicativos de atividade cognitiva (Figura 10) em
contexto laboral, menciona Abrahão et al. (2009).

Figura 10: Atividade cognitiva

Fonte: Freepik

Abrahão et al. (2009) ainda esclarecem que, nessa concepção,


em ergonomia estuda-se a cognição de forma situada e finalística,
associando-a a um referencial teórico e às características do trabalhador,
36 Ergonomia e Medicina do Trabalho

ou seja, centrada na atividade; com particularização de conhecimentos e


o conhecimento criado pela e para a ação.

Esse termo complicado explica a forma de aplicar nossos


processos mentais ao projeto de interface de um software.
A “ciência cognitiva” refere-se ao estudo de nossa atividade
mental: pensamento, aprendizado, compreensão, memória,
resolução de problemas, razão e criação… Assim, a ergonomia
cognitiva é um ramo especializado da ergonomia (ou da
ciência cognitiva, dependendo do ponto de vista) que se apoia
nas potencialidades das duas áreas para conseguir um projeto
melhor daqueles elementos do ambiente de trabalho que
interagem com nossas mentes, em vez de com nosso físico
(BAWA, 1997 p. 44).

O objetivo da ergonomia cognitiva, de acordo com Marmaras e


Kontogiannis (2001), é transformar as soluções tecnológicas compatíveis
às características e necessidades dos usuários.

A ergonomia cognitiva possui interdisciplinaridade com as ciências


cognitivas, contudo, não é o mesmo caso, pois o centro das ciências
cognitivas é o estudo da capacidade e processos de formação e produção
de conhecimento em sistemas em geral, já a ergonomia se sustenta de
estudos de inteligência natural e procura trazê-los para a tecnologia de
interfaces homem–máquina, descreve Vidal (2010).

SAIBA MAIS:

Aprofunde-se mais nesse tema lendo o artigo: Ergonomia,


cognição e trabalho informatizado (ABRAHÃO, SILVINO E
SARMET). Disponível em: https://bit.ly/3kmhMva (Acesso em:
30/07/2020).
Ergonomia e Medicina do Trabalho 37

Vidal (2010, p. 20) explica que “a ergonomia cognitiva tem como


assunto a mobilização operatória das capacidades mentais do ser humano
em situação e trabalho”, e possui como programa mínimo:

• Inovações nos equipamentos, especialmente no que se refere à


usabilidade das interfaces entre o operador e os equipamentos;

• Confiabilidade humana no comando de processos, evitando as


consequências dos erros humanos no controle de sistemas complexos
e perigosos;

• Otimização na operação de equipamentos informatizados e seus


softwares, evitando seu funcionamento inadequado ou bloqueios;

• A construção e desenvolvimento de novos empregados na introdução


de novas tecnologias e novos sistemas organizacionais;

• Estabelecimento e conservação de sistemas seguros, confiáveis e


eficientes de comunicação e colaboração.

Conforme Kroemer e Grandjean (2005), as atividades mentais


(Figura 10) que são importantes na ergonomia incluem a capacitação da
informação, a memória e manutenção do estado de alerta.

Figura 10: Atividades mentais

Fonte: Freepik
38 Ergonomia e Medicina do Trabalho

As atividades mentais precisam do fornecimento da informação e


emprego da memória de curta e longa duração para que as decisões
sejam tomadas, assim, o projeto ergonômico apropriado de sistemas de
trabalho impede sobrecargas mentais, assim como a perda ou a falsa
interpretação de sinais, e torna as ações mais fáceis, corretas e rápidas,
esclarece Corrêa e Boletti (2015).

Ergonomia organizacional
A ergonomia organizacional versa, consoante Corrêa e Boletti (2015),
sobre a otimização de sistemas sociais e técnicos, as políticas estratégicas
empresariais e os processos industriais seguidos nas organizações,
tratando da comunicação entre os profissionais da organização, dos
projetos de trabalho e da programação do trabalho em grupo, assim
como compreende o projeto participativo, o trabalho cooperativo (Figura
11), a cultura organizacional, a gestão da qualidade e as organizações em
rede.

Figura 11: Trabalho cooperativo

Fonte: Freepik

Esses elementos acabam gerando como resultado a garantia


da efetividade do sistema, abrangendo “os aspectos de produtividade,
qualidade, saúde e segurança do empregado, fatores psicossociais de
Ergonomia e Medicina do Trabalho 39

conforto, motivação intrínseca, compromisso e percepção da qualidade


de vida no trabalho” (HENDRICK e KLEINER, 2006, p. 49).

Vidal (2010) destaca que as aplicações que a ergonomia pode


oferecer para o plano organizacional se baseiam na conhecida
determinação da tecnologia física sobre a organização do trabalho e
as condições de trabalho, subsídios que constituirão a equação dos
resultados da empresa.

Refere-se à otimização dos sistemas sociotécnicos, compreendendo


suas estruturas organizacionais, regras e processos. (ABRAHÃO, 2009).

As maiores aplicações da ergonomia no âmbito organizacional, de


acordo com Vidal (2010), compreendem:

• Modelagem de processos para a construção de cenários e roteiros


para as mudanças organizacionais;

• Análise das condições de novas propostas organizacionais


relacionadas com a capacidades, limitações e demais características,
explicitando necessidades de treinamento e de novas competências;

• Construção de roteiros de implementação para impedir a


descapitalização ou desaproveitamento do capital de competência
(know-how) existente, principalmente no nível operacional;

• Perícia e prevenção de acidentes.

Corrêa e Boletti (2015) afirmam que um ponto principal da ergonomia


organizacional é identificar como os trabalhadores mensuram o seu
ambiente de trabalho, pois compreender, tratar e avaliar as representações
que os indivíduos fazem do seu ambiente de trabalho pode ser um
diferencial, em certa medida uma condição central para a implantação de
mudanças que busquem propiciar o bem-estar no trabalho, a eficiência e
a eficácia dos processos produtivos, assim como é uma forma eficaz de
40 Ergonomia e Medicina do Trabalho

entender a raiz de problemas ergonômicos, que muitas vezes possuem


relação com a cultura organizacional.

RESUMINDO:

Neste capítulo você deve ter compreendido que a


ergonomia física se refere à observação das características da
anatomia, antropometria, fisiologia e biomecânica humanas
relacionadas com a atividade física e que o ergonomista deve
possuir entendimentos mínimos sobre o nosso organismo
para compreender o funcionamento da ergonomia física.
Viu também que a ergonomia cognitiva se interessa pelos
processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio
e resposta motora, e seus efeitos nas interações entre seres
humanos e outros elementos de um sistema, possuindo
como escopo compreender a expressão da cognição do
indivíduo no seu ambiente de trabalho, além de desenvolver
estudos que possibilitem criar novas metodologias de análise
e exemplos explicativos de atividade cognitiva em contexto
laboral. Por fim, você conheceu a ergonomia organizacional,
que aborda a otimização de sistemas sociais e técnicos, as
políticas estratégicas empresariais e os processos industriais
seguidos nas organizações, tendo como ponto principal
diagnosticar como os trabalhadores avaliam o seu ambiente
de trabalho.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 41

Classificações e custo-benefício da
ergonomia
INTRODUÇÃO:

Neste capítulo conheceremos as classificações da ergonomia,


as subdivisões e as principais características de cada uma
delas, assim como o custo-benefício da ergonomia.

Classificações da ergonomia
A classificação da ergonomia difere segundo alguns autores, assim,
adotaremos as classificações propostas por Vidal (2010), Oliveira (2018) e
Corrêa e Boletti (2015).

Segundo Vidal (2010), devido ao escopo da ergonomia ser bastante


amplo, foram desenvolvidas várias maneiras de resolver os problemas que
surgem em sua vida profissional, assim, essas maneiras se diferenciam
quanto à abordagem, ou seja, a forma de atacar os problemas; quanto
às perspectivas, a forma de encaminhar soluções; e quanto à finalidade,
que é a forma de agir em uma realidade efetiva. Essa classificação ainda
possui uma subdivisão.

Vejamos como cada uma dessas classificações se subdivide:

Quanto à abordagem, essa se subdivide em ergonomia de produto


e ergonomia de produção.

A ergonomia do produto é a criação de um determinado objeto


baseado nas normas e especificações ergonômicas que já foram
42 Ergonomia e Medicina do Trabalho

definidas. Está direcionada para o projeto de produtos, utensílios, artefatos


etc., menciona Oliveira (2018).

Exemplo: No âmbito doméstico, pode-se observar a preocupação


específica que se tem com o design ergonômico da maioria dos
eletrodomésticos, exemplifica Vidal (2010).

Já a ergonomia de produção é direcionada para o entendimento


das condições reais da atividade de produção, ou seja, orientada para
o projeto dos sistemas de trabalho (Figura 12), descreve Vidal (2010).
Oliveira (2018) lembra que a ergonomia de produção se atenta com os
procedimentos e regulamentações cabíveis no ambiente de trabalho,
objetivando considerar as dificuldades e as facilidades no cumprimento
das atividades laborais nos postos de trabalho.

Figura 12: Postos de trabalho

Fonte: Freepik

• A subdivisão quanto à perspectiva se baseia em ergonomia de


concepção e ergonomia de intervenção.

A ergonomia de concepção, de acordo com Moraes (2014), é a


intervenção ergonômica na fase de planejamento e concepção dos
locais, postos ou instrumentos de trabalho, apresentando-se como uma
das melhores aplicações da ergonomia e é usada em situações não reais,
Ergonomia e Medicina do Trabalho 43

simuladas em computadores e modelos virtuais, isto é, em projetos,


dessa forma, exige maior conhecimento e experiência.

É a área da ergonomia que se ocupa da preparação de novos


produtos, processos, métodos de trabalho ou sistemas e tem como
essência a criação e uma nova concepção ou uma nova tecnologia,
disponibilizando alternativas para o cumprimento dos processos, explicita
Oliveira (2018).

Na ergonomia de concepção as decisões são baseadas em


situações hipotéticas sobre um sistema que ainda não existe, lembra Iida
e Buarque (2018).

A ergonomia de intervenção nada mais é que a resposta a uma


questão do cliente que deverá ser trabalhada e uma solução deverá
ser conduzida para implementação de uma situação que conservará
muitos aspectos comuns com a situação atual, esclarece Vidal (2010).
O autor ainda explica que os métodos de ergonomia de intervenção
são os procedimentos básicos da ergonomia: métodos e técnicas de
análise ergonômica do trabalho adequadamente combinados com as
listas de verificação, métodos alternativos e criativos para responder a
situações ou passagens inusitadas e com soluções que agrupem tanto as
recomendações do diagnóstico situado como as dos manuais de fatores
humanos.

Na ergonomia de intervenção devem-se tomar providências úteis,


práticas e aplicadas ao caso (VIDAL, 2010).

• Na finalidade, a subdivisão é mais ampla, sendo a ergonomia


de correção, ergonomia de enquadramento, ergonomia de
remanejamento e ergonomia de modernização.

A ergonomia de correção para Iida e Buarque (2018) é utilizada em


situações reais, ou seja, que já existem, para solucionar problemas que
representam na segurança, fadiga excessiva, doenças do trabalhador ou
quantidade e qualidade da produção. Corrêa e Boletti (2015) descrevem
como a promoção de mudança no ambiente ou produto de acordo com a
44 Ergonomia e Medicina do Trabalho

solicitação do usuário, realizada a partir de uma análise do problema, que


comumente deriva de algum erro de projeto ou execução.

Agir na correção é mais fácil do que na concepção, pois já se sabem


quais os problemas a se resolver (Figura 13), contudo a solução a ser
seguida não é totalmente satisfatória, pois pode demandar custo elevado
de implantação, explana Iida e Buarque (2018).

Figura 13: Problemas a se resolver

Fonte: Pixabay

Exemplo: Nas situações em que é necessário se fazer recall de


produtos defeituosos, que podem abranger custos elevados e prejuízos à
imagem da empresa, exemplifica Iida e Buarque (2018).

Na ergonomia de enquadramento existe a busca pelo acolhimento


a uma normatividade, um padrão a ser atendido, seja ele situado
internamente à empresa em situações, por exemplo, de um programa de
qualidade, reestruturação ou melhoria de processos; seja ele determinado
pelo nível estratégico, atribuído por alguma disposição legal ou pressão
de algum acordo com trabalhadores ou entidades representativas,
Ergonomia e Medicina do Trabalho 45

demonstra Vidal (2010). Enquadrar representa constituir um padrão de


trabalho a ser atendido, descreve Oliveira (2018).

Já na ergonomia de remanejamento, Vidal (2010) explica que


ocorre o aproveitamento de mudanças para corrigir defeitos antigos, ou
seja, são casos em que deverão ser realizadas mudanças (Figura 13) por
alguma razão, e aproveitam-se essas situações para consertar problemas
já existentes. Remanejar em ergonomia está vinculado às mudanças a
serem efetivadas para a correção de defeitos nos processos e nos postos
de trabalho, afirma Oliveira (2018).

Figura 13: Mudanças

Fonte: Freepik
46 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Exemplo: Em uma reforma, foi idealizada a construção de


um mezanino, contudo, lembrou-se de um problema existente de
manutenção de climatização, assim, junto ao mezanino foi acoplada uma
passarela para facilitar a passagem dos aparelhos, assim o defeito que
antes existia foi corrigido através dessa nova construção, exemplifica Vidal
(2010).

A ergonomia de modernização acontece quando o remanejamento


advém num contexto de mudança na base técnica do processo de
produção e se refere às mudanças muitas vezes suspensivas, como, por
exemplo, a troca de um software que admite gerenciar todo um processo
de produção por outro, elucida Corrêa e Boletti (2015).

• A ergonomia de modernização se importa com a adequação do


usuário à nova tecnologia (CORRÊA e BOLETTI, 2015).

Alguns autores ainda trazem outras duas classificações, que são a


ergonomia de conscientização e a ergonomia de participação.

Vejamos quem são elas:

A ergonomia de conscientização procura habilitar os próprios


trabalhadores para a identificação e a correção dos problemas cotidianos
ou até mesmo os emergenciais, descreve Iida e Buarque (2018).
Frequentemente os problemas ergonômicos não são resolvidos nem na
fase de concepção nem na de correção, assim como poderão aparecer
novos problemas a qualquer momento, como desgastes naturais das
máquinas e equipamentos, alterações inseridas pelos serviços de
manutenção, modificações de produtos e da programação de produção,
introdução de novos equipamentos, dentre outros; dessa forma, diante
desses inesperados, os trabalhadores devem estar capacitados para
encará-los, informa Iida e Buarque (2018).

Na ergonomia de conscientização os colaboradores são habilitados


através de treinamentos e reciclagem individual ou coletiva, a constatar
ou consertar os problemas laborais cotidianos (MORAES, 2014).

A ergonomia de participação, segundo Moraes (2014), procura


abranger o usuário do sistema na solução de problemas ergonômicos,
Ergonomia e Medicina do Trabalho 47

podendo esse usuário ser o trabalhador com correção do posto de


trabalho ou o próprio consumidor quando se refere a produto de consumo.

A ergonomia de participação é baseada na ideia de que os usuários


têm um conhecimento prático, no qual os detalhes podem passar
despercebidos ao analista ou projetista (IIDA e BUARQUE, 2018).

A ergonomia de conscientização busca fazer com que os


trabalhadores possuam as informações necessárias, a de participação
os abrange de maneira mais dinâmica, na procura de solução para o
problema, fazendo a “realimentação de informações para as fases de
conscientização, correção e concepção”, relata Iida e Buarque (2018, p. 19).

Custo-benefício da ergonomia
Conforme Iida e Buarque (2018), a ergonomia, para ser recepcionada,
deverá expressar que é economicamente viável, isto é, precisará apontar
uma relação custo-benefício pertinente, tal qual as atividades que
possuem relação com o setor produtivo.

A verificação do custo-benefício demonstra, de um lado, o


investimento ou custo, essencial para concretizar um projeto ou uma
recomendação ergonômica, constituído “pelos custos com os consultores,
custo de elaboração do projeto, aquisição de máquinas, materiais e
equipamentos, treinamento de pessoal e queda da produtividade durante
a implantação”, informa Iida e Buarque (2018, p. 23).

Do outro lado, são calculados os benefícios (Figura 14), isto é, quanto


vai se obter com os resultados do projeto, podendo serem compreendidos
elementos como economias de material, mão de obra e energia, redução
de acidentes, absenteísmo, rotatividade e custos jurídicos, aumento da
qualidade de produtos e processos e da produtividade, destaca Iida e
Buarque (2018).
48 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Figura 14: Benefícios

Fonte: Freepik

Iida e Buarque (2018) lembram que o projeto, para ser apontado


como economicamente viável, deverá apresentar custos inferiores
aos benefícios relacionados, não obstante, geralmente, os custos
normalmente incidem a curto prazo, ao passo que os benefícios, isto é, o
retorno do investimento, podem demorar bem mais.

• Aprofunde-se mais nesse tema lendo o artigo Metodologia de custeio


para a ergonomia (MAFRA). Disponível em: https://bit.ly/2FDGSqo
(Acesso em 31/07/2020).

Os projetos que possuem menor índice de custo-benefício e


retorno em menor prazo são classificados como mais interessantes pelas
empresas, explicita Iida e Buarque (2018).

RESUMINDO:

Neste capítulo você deve ter compreendido que a ergonomia


possui várias classificações, podendo ser quanto à abordagem,
que se subdivide em ergonomia de produto e ergonomia de
produção; quanto à perspectiva,
Ergonomia e Medicina do Trabalho 49

RESUMINDO (continuação):

que se baseia em ergonomia de concepção e ergonomia


de intervenção; e quanto à finalidade, que se subdivide em
ergonomia de correção, ergonomia de enquadramento,
ergonomia de remanejamento e ergonomia de modernização.
Viu também que existem, ainda, segundo alguns autores, a
ergonomia de conscientização e a ergonomia de participação.
Por fim, você entendeu que a ergonomia deverá comprovar
que é economicamente viável, demonstrando seu custo-
benefício e apresentando custos inferiores aos benefícios.
50 Ergonomia e Medicina do Trabalho

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Ergonomia e Medicina do
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Elaine Christine Pessoa Delgado


Marcos Rodolfo da Silva
Giselly Santos Mendes

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